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Problemas do Sistema Penal

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Direito Penal Subterrâneo: SUBTERRÂNEO: andar de baixo, na própria estrutura, são ilegalidades cometidas pelos próprios agentes estatais diante da constatação de que o sistema de justiça como existe não resolve o problema. Ex. estuprador reiteradamente é solto e policiais o matam. ocorre quando as instituições oficiais atuam com poder punitivo ilegal, acarretando abuso de poder. Ex.: desaparecimentos de indivíduos pela polícia. – Teoria desenvolvia por Zaffaroni
Etiquetamento: Conforme destaca Bitencourt (2006, p. 8-9): “A estigmatização e o etiquetamento que sofre o delinqüente com seu encarceramento tornam muito pouco provável sua reabilitação. [...] O sistema penal desintegra os socialmente frágeis e os marginalizados. Entre os delinqüentes e a sociedade, levanta-se um muro que impede uma concreta solidariedade com os delinqüentes ou inclusive entre estes mesmos. A separação entre honestos e desonestos, que ocasiona o processo de criminalização, é uma das funções simbólicas do castigo e um fator que impossibilita a realização do objetivo ressocializador. O sistema penal conduz à marginalização do delinqüente; os efeitos diretos e indiretos da condenação produzem, em geral, a marginalização do indivíduo. Esta marginalização se aprofunda ainda mais durante a execução da pena. Nessas condições, é utópico pretender ressocializar o delinqüente. É impossível pretender a reincorporação do interno à sociedade por meio da pena privativa de liberdade, quando, na realidade, existe uma relação de exclusão entre a prisão e a sociedade.”
Depreende-se, portanto, que no contexto vigente apenas tem-se imputado às prisões a condição de verdadeiro depósito humano, por meio de uma seletividade criminal e pessoal, lançando um estigma sobre a classe pobre, como se fossem previamente vocacionados para a criminalidade, sempre representando um grupo de risco aos bens materiais das demais classes. 
Seletividade: A prisão sempre se constituiu como forma de controle e dominação social por parte dos detentores do poder, por meio de atos de constante sujeição de forças dos menos favorecidos, reiteradamente desrespeitando os valores mínimos de humanidade.
Assim, o sistema penal é encarregado do controle social, militarizado e verticalizado, com alcance repressivo na maioria da população como um poder configurador sobre os demais setores. 
A periculosidade como forma de rotular o delinquente como “inimigo” que muitas vezes é objeto fabricado pelo Estado por compor os requisitos do estereotipo anteriormente estipulado como inimigo. Trazendo para se a ação das agências judiciais que compõem arbitrariamente as punibilidades previstas e julgadas necessárias.
Guerra às drogas e Tolerância Zero: Nos Estados Unidos, por exemplo, como resultado de sua política criminal de normas rígidas, policiamento intensivo, penas mais longas, incentivo à mitologia da criminalidade negra e, principalmente, com o fenômeno da chamada guerra às drogas, foi desencadeado um processo de encarceramento em massa a partir de 1980. No documentário “A 13ª Emenda”, que apresenta um panorama crítico do sistema penitenciário norte-americano, foi divulgado que os Estados Unidos possuem apenas 5% da população mundial, mas concentram, atualmente, 25% dos detentos de todo o mundo. 
A referida guerra às drogas, que inicialmente surgiu como proposta eficaz, traduziu-se em verdadeiro combate às comunidades de cor, negras e latinas. Por isso, hoje, a maioria dos grupos norte-americanos deseja trilhar o caminho de uma reforma criminal. Tem sido insustentável, tanto na perspectiva social quanto econômica, a manutenção da cultura do encarceramento em massa. O otimismo sustentado na certeza de que a privação de liberdade seria meio apto para alcançar os pretendidos intentos da pena, como ressocialização e prevenção, não têm vingado, haja vista que o cenário fático é predominantemente marcado por um processo de crueldade, de desumanização e de produção de uma sociedade acentuadamente punitivista.
Teoria das Janelas Quebradas: No final da década de 60, psicólogos americanos resolveram dar início a uma curiosa experiência. Deixaram dois automóveis idênticos abandonados em bairros diferentes do Estado de Nova York, um em bairro nobre e outro na periferia. O resultado não poderia ser diferente. O carro que estava na periferia foi rapidamente depredado, roubado e as peças que não serviam para venda foram destruídas. O carro que estava na área nobre da cidade permaneceu intacto. Mas isso os pesquisadores já poderiam prever. O que eles queriam mesmo comprovar era um outro fenômeno. Com isso, prosseguiram quebrando as janelas do carro que estava abandonado em um bairro rico e o resultado foi o mesmo que aconteceu na periferia: o carro passou a ser objeto de furto e destruição. Com isso, chegaram os pesquisadores, precipitadamente (talvez intencionalmente), a conclusão de que o problema da criminalidade não estava na pobreza e sim no desenvolvimento das relações sociais e na natureza humana. 
As bases teóricas dessa constatação veio com a Teoria das Janelas Quebradas, desenvolvida na escola de Chicago por James Q. Wilson e George Kelling. Explica que se uma janela de um edifício for quebrada e não for reparada a tendência é que vândalos passem a arremessar pedras nas outras janelas e posteriormente passem a ocupar o edifício e destruí-lo. O que quer dizer que a desordem gera desordem, que um comportamento anti-social pode dar origem a vários delitos. Por isso, qualquer ato desordeiro, por mais que pareça insignificante, deve ser reprimido. Do contrário, pode ser difusor de inúmeros outros crimes mais graves. Serve as bases daquilo que a sociedade e a alguns setores da mídia hoje defendem: a tolerância zero, que por coincidência também é o nome atribuído a uma teoria desenvolvida tempos atrás pelos mesmos estudiosos da Escola de Chicago.
Essas teorias foram construídas naquela época para serem utilizadas pelo prefeito de Nova York como forma de empregar uma política repressiva e autoritária no combate a criminalidade, como fundamento para combater qualquer comportamento que fuja dos padrões sociais. Essas medidas foram aplicadas junto a um conjunto de fatores que direcionaram para o desenvolvimento social e a limpeza nas ruas de modo que foi capaz de produzir resultados favoráveis.
Na verdade, a tal teoria parece interessante e bastante convincente. Pois, de fato, a desordem gera desordem. Só não se sustenta porque tal construção visa atacar um conflito apontando como solução um problema maior ainda. Visa penalizar com a prisão aqueles que foram gratuitamente sancionados com a falta de estrutura física e social

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