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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CAMPUS PAULISTA BACHAREL EM FARMÁCIA - NOTURNO EXTRAÇÃO DE DNA DE UM TOMATE Disciplina: Bioquímica Professor Responsável: Doutor Adriano Sartori Integrantes do Grupo (RGM) Dérick Carneiro Ribeiro (2184285-5) Giovanna Regiane Martins (2061230-3) Thais Dutine Vieira (2087368-9) São Paulo 2020 Resumo Atualmente, diversas técnicas de biologia molecular envolvem a extração do DNA a partir de diferentes amostras. Nesse relatório, discutem-se os aspectos e procedimentos para extração do DNA de um tomate. A partir dessa realização, será possível verificar alguns aspectos do DNA, observar que o mesmo pode ser encontrado em diversos tipos de células, debater e aprofundar questões científicas relacionadas à genética, e, também, elucidar sumariamente o que deve ser considerado ao elaborar-se um protocolo de extração de DNA. Introdução O DNA é conhecido como “molécula da vida” pois é a molécula que codifica as informações da maioria dos seres vivos, além de alguns vírus. A descoberta de sua estrutura e função é relativamente nova na história da ciência (feita a 65 anos, aproximadamente) mas já possibilitou uma grande revolução na área genética. Esta molécula é constituída por nucleotídeos, e cada nucleotídeo é formado por uma molécula de desoxirribose, uma molécula de fosfato e uma base nitrogenada que pode ser púrica ou pirimídica. As bases púricas encontradas no DNA são adenina e guanina; e as bases pirimídicas são citosina e timina, sendo que, para a formação da dupla fita, a adenina se liga à timina e a guanina liga-se à citosina através de pontes de hidrogênio. Essa composição será pormenorizada posteriormente Objetivos Espera-se testar e compreender uma técnica aplicada para a extração de DNA de partes do fruto do tomate, buscando-se entender como pode ser feita a separação de ácidos nucléicos com base nas suas características e verificar o comportamento de diferentes grupos de biomoléculas em diferentes soluções que são importantes nesse procedimento. 1 Materiais ● Solução Lise: ○ 50 ml de detergente líquido neutro incolor, ○ duas colheres de sal, ○ 900 ml de água mineral; ● Recipiente com capacidade volumétrica de 1 L; ● Saco plástico (tipo Ziploc); ● Um Tomate; ● Dois copos com a boca estreita (copo tipo americano); ● Palito de madeira (um hashi, por exemplo); ● Aparato de filtragem: ○ Funil, ○ Filtro de café; ● Álcool 70% gelado (mantido no congelador durante 3h antes da experiência); ● Haste metálica (Clips aberto); ● Azul de metileno (opcional). Procedimentos (Método) No recipiente com capacidade volumétrica de 1 L, dissolveu-se duas colheres de sal nos 900 mL de água, adicionou-se 50 mL de detergente de cozinha e agitou-se a mistura suavemente para homogeneizá-la, evitando a formação de bolhas e espuma. Essa mistura é o que denomina-se solução lise. Um tomate foi colocado no saco plástico e foi amassado ao máximo possível, em seguida, o produto desse processo foi transferido para um copo americano. 2 Adicionou-se suavemente a esse copo (contendo o tomate macerado), a solução lise, até que o volume da mistura fosse aproximadamente o dobro do ocupado pelo tomate amassado. O conteúdo foi agitado com o mínimo de vigor e periodicidade durante 30 minutos, a seguir, a mistura foi coada no aparato de filtragem devidamente montado, sendo transferida ao outro copo americano. Com a filtração concluída, o filtrado foi homogeneizado através de movimentos circulares e sutis do copo. Transferiu-se à mistura no copo, um volume de etanol gelado correspondente a aproximadamente ao dobro do volume de filtrado. Essa nova mistura foi deixada em repouso por 15 minutos. Próximo a área onde a camada de filtrado e a de etanol se encontram (interface), houve a formação de uma camada esbranquiçada e levemente avermelhada na região da fase alcoólica, esta foi facilmente removida da solução com o auxílio da haste metálica. Antes da remoção, é possível corar a esta mistura com o azul de metileno. Resultados e Discussão I. Importância de cada etapa do procedimento A solução de lise é assim denominada devido a sua função de rompimento da membrana plasmática e outras membranas, desestruturando a organização das moléculas de lipídios presentes nas membranas celulares provocada pelo detergente, promovendo o rompimento celular (lise). O processo de desnaturação se dá devido à presença de um componente do detergente, o dodecilsulfato de sódio (SDS, um tensoativo). O sal (NaCl) proporciona o ambiente favorável para a extração de DNA, neutralizando a carga negativa dos grupos fosfatos dessa molécula, estabilizando as fitas simples de DNA. Quanto mais amassado estiver o material, maior será sua superfície de contato com a solução de lise e melhor será a ação dela sobre as células. Isto permitirá a liberação de uma maior quantidade de moléculas de DNA e, portanto, um melhor rendimento. O álcool gelado diminui a solubilidade do DNA com a ajuda do sal adicionado inicialmente (pela saturação da mistura). O DNA, menos solúvel em álcool, forma um aglomerado que precipita 3 junto com outras moléculas. Adicionar o álcool gelado em velocidade lenta auxilia na eficiência de precipitação do DNA. O álcool também desidrata as moléculas de DNA, fazendo com que elas se aglutinem formando um aglomerado visível. A constante agitação tem como função a separação das organelas membranosas de acordo com sua concentração na célula. Ao final do experimento, nota-se a formação de distintas fases: ao fundo do copo, um semi-sólido gelatinoso e esbranquiçado, levemente avermelhado, que pode ser as sobras do tomate usado; um líquido translúcido na parte superior, que provavelmente é o etanol; na transição dessas fases, há um formado semi-sólido, menos denso que o anterior, também de aspecto gelatinoso, com aspecto leitoso, mas quase incolor - este é o DNA. É possível adicionar o corante básico azul de metileno, e a fase superior seria corada devido à presença de moléculas ácidas, como os cromossomos e cloroplastos. O DNA submerso não seria corado. Este procedimento, muitas vezes é feito com cebola ao invés de tomate devido às dimensões de suas células (maiores, em geral), que quando picadas e/ou amassadas, rompem-se facilmente. Algumas fases do procedimento podem ser visualizadas na montagem fotográfica 1. Montagem Fotográfica 1: Fases do procedimento de extração realizado. Fonte própria. 4 II. Informações sobre a molécula de DNA e outros métodos para sua extração Atualmente, o DNA (sigla para ácido desoxirribonucleico, em inglês) é amplamente conhecido, científica e popularmente. Esta é a molécula por trás, por exemplo, dos exames de paternidade e das investigações criminais, em que a partir de um teste de DNA se identifica o infrator. No entanto, o entendimento da “molécula da vida” é relativamente recente na história da ciência. Em 1865, Gregor Mendel publicou seus dados obtidos pelo cruzamento de ervilhas, que deram subsídio para a proposição das teorias de hereditariedade e segregação de fatores.Hoje, refere-se a estas como “leis de Mendel”, base da genética moderna (BORGES-OSÓRIO & ROBINSON, 2013). Essas teorias, entretanto, ficaram esquecidas até meados do século XX, quando os cientistas da época retomaram os trabalhos de Mendel e concluíram que o DNA realmente estava relacionado à codificação de informações vitais. A partir de então, a busca pelo entendimento da molécula do DNA se intensificou e chegou ao ápice em 1953, quando Watson e Crick determinaram que a estrutura do DNA era uma “escada contorcida”, sendo os degraus formados pelas ligações entre purinas e pirimidinas (as bases nitrogenedas), inserindo o conceito de complementaridade, e as laterais constituídas de cadeias compostas por um grupo fosfato e um açúcar (desoxirribose) (NUSSBAUM et al., 2002). Assim, pode-se observar na Figura 1 a estrutura do DNA tal como se conhece atualmente: duas fitas poliméricas de nucleotídeos estão ligadas, por meio de pontes de hidrogênio, de forma complementar, ou seja, uma purina (adenina ou guanina) se liga a uma pirimidina (timina ou citosina). Estas fitas possuem uma sequência específica de nucleotídeos, maneira pela qual se codificam as informações. Para a replicação do DNA, as fitas se separam e, dada sua complementaridade, o resultado é de duas duplas hélices idênticas à original. Por meio dos genes, que são sequências específicas de nucleotídeos, são transmitidas as informações genéticas a cada divisão celular e, ainda, codificam-se todas as proteínas do organismo (NELSON & COX, 2002). Existem, ainda, sequências não codificadoras, que podem regular a expressão gênica. 5 Figura 1. Estrutura do DNA. Duas fitas formadas por pentoses e fosfatos, ligados a uma base nitrogenada, formam a dupla hélice. As bases nitrogenadas estão representadas de acordo com sua letra inicial (C: citosina, G: guanina, T: timina, A: adenina). As pontes de hidrogênio estão representadas por traços verticais azuis. Na figura, ilustra-se a replicação do DNA, em que cada fita dá origem a uma nova dupla hélice, idêntica à original. Extraído de NELSON & COX, 2002. Figura 2: Bases nitrogenadas. Fonte: adaptação de Khan Academy, 2020. 6 Em organismos eucariotos, o DNA encontra-se frequentemente no núcleo e na forma de cromatina, ou seja, associado a proteínas como as histonas, que funcionam como uma matriz na qual o DNA se enrola, diminuindo seu tamanho e permitindo que ele caiba no núcleo. As histonas também podem regular os genes ao sofrer modificações pós-traducionais, como metilação, fosforilação ou acetilação. Todas essas informações, no entanto, precisaram ser testadas em organismos que continham material genético e os organismos vivos compartilham algumas características biológicas e químicas, como a estrutura celular e os tipos de macromoléculas, seu estudo pode ser realizado de uma maneira mais simples. Por exemplo, uma vez que as células vegetais possuem uma organização relativamente parecida com as células animais, pode-se estudar métodos de extração de DNA em frutas e, com os devidos cuidados, adequá-los para células animais. A extração de DNA pode ser realizada para diferentes fins, como na biologia molecular e análises forenses, e a partir de diferentes amostras, como sangue, tecido, solo, vegetais etc. Assim, deve-se escolher o método de extração que mais se adequa à amostra, ao procedimento e ao objetivo do experimento. De maneira geral, os primeiros passos desta extração dizem respeito ao acesso à molécula de DNA, isto é, deve ocorrer a lise celular. Se for uma célula animal, essa lise pode ser facilmente obtida com o uso de um detergente, como o SDS; se a amostra for de células vegetais, deve haver a lise mecânica da parede celular, além do uso do detergente. Além disso, o detergente é útil para a remoção dos lipídios da amostra, o que também pode ser feito por centrifugação. Atualmente, existem diversos kits para extração de DNA que diferem-se entre si pelo método usado. No método de extração orgânica utilizam-se solventes orgânicos, como fenol e clorofórmio, para a precipitação e remoção de proteínas. Em seguida, realiza-se uma centrifugação para sua separação dos polinucleotídeos e o DNA pode ser obtido com o uso de etanol, uma vez que esse precipita em meio alcoólico, o que não ocorre com as pequenas cadeias de RNA. A desvantagem desse método é a utilização de reagentes perigosos que podem, além disso, estar presentes como resíduos no DNA extraído, prejudicando experimentos futuros com a amostra (DHALIWAL, 2013). 7 Outra tecnologia utilizada atualmente é a baseada em sílica. Com uma solução de determinados sais no pH adequado, o DNA adsorve-se nas partículas de sílica. As impurezas são removidas por lavagens e este método é bem mais simples que o anterior. Um método semelhante a esse é o de separação magnética, em que as moléculas de DNA se ligam reversivelmente a partículas magnéticas. Após a purificação, o DNA é precipitado em etanol. Existe também o método de troca iônica, que é baseado na interação entre os grupos fosfato, que são carregados negativamente, e moléculas carregadas positivamente. Esta técnica é mais utilizada para o isolamento de plasmídeos (DHALIWAL, 2013). Conforme mencionado, o método a ser utilizado depende de vários aspectos, como origem e processamento da amostra bem como o objetivo da extração. Nota-se também, que a natureza e as propriedades físico-químicas da molécula de DNA (carga, local em que localiza-se na célula estudada, entre outros) são fatores chave para sua extração. III. RNA e a síntese de proteínas Assim como o DNA, o RNA (sigla para ácido ribonucleico, em inglês) também é uma molécula muito importante para a manutenção da vida de praticamente todos seres vivos, porém, sua função é diferente. Enquanto o DNA incube-se de armazenar informações, o RNA tem um papel mais importante na expressão dessas informações. O RNA também é composto de uma pentose (no seu caso, a ribose) uma base nitrogenada (Adenina, Uracila – pirimídica –, Guanina ou Citosina) e um grupo fosfato. É encontrado em fitas simples na células e existem alguns grupos de RNA diferentes entre si com atuações diferentes, alguns exemplos são: RNA mensageiro (RNAm); RNA ribossômico (RNAr); e RNAt transportador (RNAt). No início da síntese proteica, o gene codificador da proteína será ativado, isto é, uma enzima RNA polimerase fará uma cópia de uma fita de DNA em uma de RNA, este é processo denominado de transcrição do gene. A cópia carrega a mesma informação da sequência de DNA proveniente, no entanto, na molécula de RNA, a base Timina é substituída por Uracila. Essa fita produzida nesta etapa é o RNAm. O RNAm é produzido será associado a um ribossomo, que irá montar a proteína a partir da informação deste primeiro, fazendo a leitura de seus códons (sequências de três aminoácidos). Parte 8 dos ribossomos são formados por RNAr, estes podem atuar também como enzimas em outros processos.O RNAt também está envolvido na síntese proteica e age como carregador, transita com os aminoácidos ao ribossomo, assegurando que os que serão adicionados à cadeia em formação são os especificados pelo RNAm. O RNAt consiste em uma fita única de RNA específica e complementar para cada códon, formando uma região de fita dupla com os aminoácidos que irá carrear. Resumidamente, o RNAm é uma cópia de gene do DNA, que se conectará ao ribossomos, formados por RNAr, para a montagem de proteínas, o que leva os aminoácidos aos ribossomos é RNAt, que tem o “encaixe complementar” para as trincas de nucleotídeos requisitados pelo RNAm. Desta forma, o RNA está envolvido na síntese protéica e regulação gênica (KhanAcademy, 2020). IV. Carboidratos Interferentes – Amido, Celulose e Pectina Segundo Nelson & Cox (2002), carboidratos são moléculas biológicas feitas de carbono, hidrogênio e oxigênio em uma proporção de aproximadamente um átomo de um carbono para cada molécula de água. Essa composição dá aos carboidratos o seu nome. As cadeias de carboidrato podem variar de tamanho, e, os biologicamente importantes pertencem, geralmente, a três categorias: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Os mesmo autores explicam que monossacarídeos (mono = “um”; sacarídeo = “doce”) são açúcares simples e, normalmente, contêm de três a sete átomos de carbono, o mais comum é a glicose, contendo seis carbonos. Na maioria dos átomos de carbono dos monossacarídeos são encontrados grupos hidroxila, exceto em um deles em cada molécula, que conterá um grupo aldeído ou cetona, desta forma, os eles são classificados em aldoses (com um grupo aldeído) ou cetoses (com grupo cetônico). Muitos açúcares de cinco ou seis carbonos podem existir tanto em cadeia linear quanto em forma de anel, essas formas existem em equilíbrio umas com as outras, mas o equilíbrio favorece fortemente as formas cíclica. Na formação cíclica dessas moléculas o átomo de oxigênio da carbonila pode assumir diferentes posições, o que decorrerá nas formas alfa ou beta dos monossacarídeos, como evidencia-se na figura 3. 9 Figura 3: Glicose, formas linear e cíclica (alfa e beta). Fonte: adaptação de Khan Academy, 2020. É possível que ocorra uma reação de condensação ou síntese por desidratação entre dois monossacarídeos, em que o grupo hidroxila de um monossacarídeo combina-se com o hidrogênio de outro, liberando uma molécula de água e formando uma ligação covalente conhecida como ligação glicosídica, formando um dissacarídeo (di = “dois”). Nesta mesma lógica, com sucessivas ligações glicosídicas, podem formar-se os polissacarídeos (poli = “vários”) e a cadeia pode ser ramificada ou não-ramificada, podendo, também conter diferentes tipos de monossacarídeos, e, cada qual com sua função biológica. Amido, glicogênio, celulose e quitina são exemplos de polissacarídeos (NELSON & COX, 2002). O amido é uma mistura de dois polissacarídeos: amilose e amilopectina. A primeira é constituída de resíduos de D-glicopiranose, ligadas por pontes glicosídicas α-1,4, que conferem à molécula uma estrutura helicoidal, e a segunda é menos hidrossolúvel e constituí-se de resíduos de α-glicose ligadas por pontes glicosídicas α-1,4, ocorrendo também ligações α-1,6, compõe 80% dos polissacarídeos existentes no grão de amido (por isso ele é pouco solúvele em água) e é formada por moléculas de glicose. As plantas são capazes de sintetizar amido como reserva energética, armazenando a glicose não usada para geração de energia imediata a partir da fotossíntese. As estruturas de ambos compostos do amido visualizam-se na figura 4 (NELSON & COX, 2002). 10 Figura 4: Amilose e Amilopectina. Fonte: adaptação de Khan Academy, 2020. Diferentemente do amido, que é um polissacarídeo de armazenamento (reserva energética), a celulose é um polissacarídeo de estrutura, ou seja, confere forma e textura aos complexos de células vegetais. Conforme supracitado, células vegetais possuem, além da membrana plasmática, uma parede celular envolvendo as células, característica crucial para fornecer estrutura aos corpos vegetais. A Celulose, por exemplo, é um dos componentes principais nas paredes celulares das plantas, que são estruturas rígidas que rodeiam as células, ela é composta por cadeias não-ramificadas de monômeros de glicose unidos por ligações glicosídicas. Diferente da amilose, a celulose é composta de monômeros de glicose em sua forma β, o que lhe proporciona propriedades muito diferentes, como sua maior rigidez, conforme demonstrado na figura 5 (KhanAcademy, 2020). 11 Figura 5: Fibras e estrutura de celulose. Fonte: adaptação de Khan Academy, 2020. As pectinas apresentam-se como polissacarídeos complexos e de elevado peso molecular (figura 6). São formadas por cadeias de 150 a 500 unidades de ácidos galacturônicos que passaram por uma esterificação (figura 7). Segundo Bobbio (2002), há entre 5 a 10% de galactose, glicose, xilose e arabinose ligados à cadeia principal. Figura 6. Estrutura geral da pectina. Fonte: BOBBIO (2002). 12 Figura 7. Estruturas de unidades do ácido galacturônicos (a) e ácido galacturônico esterificado (b). Fonte: BOBBIO (2002). Estando presente em vários vegetais e em suas diferentes partes, as pectinas muitas vezes encontram-se próximas a celulose, preenchendo os espaços intercelulares e lamelas centrais dos tecidos vegetais e atuando como material estrutural das paredes celulares por meio de ligações covalentes. Em tecidos vegetais mais novos, principalmente em frutos, as pectinas se concentram em grande quantidade. De acordo com Canteri (2012), as razões que explicam a deposição de pectina na formação da parede celular ainda não foram elucidadas, mas sabe-se que estes polissacarídeos são necessários no controle da porosidade da parede, para a aderência das células subjacentes e no controle das trocas iônicas da estrutura. Para as experiências em que se necessita adquirir DNA sem resíduos desses polissacarídeos e outros contaminantes, como polifenóis (que escurecem a amostra), é possível utilizar técnicas de purificação. A necessidade de remoção das pectinas, amido e celulose, por exemplo, é importante para evitar a excessiva viscosidade que pode interferir em estudos eletroforéticos. Os detergentes do tipo CTAB também podem ser usados com essa finalidade, já que os polissacarídeos e os ácidos nucléicos têm solubilidade diferenciada. Esse é o método mais utilizado, pois solubilizam-se as membranas, formando com o DNA um complexo que facilita uma posterior precipitação. Além disso, estes polissacarídeos também podem ser removidos utilizando-se um gradiente de cloreto de césio (CsCl) ou por precipitação associado a acetato de amônio. Embora esta técnica seja mais rápida, é pouco aconselhável porque o DNA purificado é de pouca qualidade (ROMANO, 1999). O tomate possui pouca quantidade de pectina e celulose se comparado a outros vegetais (CANTERI et al, 1992; MAZZA et al, 2000), desta forma, a extração de DNA desse espécime tem 13menos interferentes do que outros alimentos, a visualização da molécula que se procura ao fim do processo é facilitada. V. Membrana Plasmática – Colesterol e Lipídeos A membrana plasmática é conjunto que delimita o conteúdo celular, o modelo que explica sua estrutura aceito atualmente é chamado de “mosaico fluido”, proposto pela primeira vez em 1972, passou por diversas modificações mas ainda é bem aceito para descrições básicas sobre estrutura e comportamento das membranas em muitas células. Os componentes deste mosaico são principalmente de fosfolipídios, colesterol e proteínas. Esta composição confere a característica da permeabilidade seletiva deste envoltório celular (Khan Academy, 2020). Um fosfolipídio é um lipídio composto por glicerol, duas extremidades de ácido graxo e uma ponta com um grupo de cadeias de fosfato, formando o desenho da letra “R”. São compostos anfifílicos, ou seja, eles têm regiões hidrofílicas e hidrofóbicas - figura 8. A parte hidrofílica, carregada negativamente com o grupo fosfato, fica voltada para a parte externa da membrana (para o meio extra e intracelular) e a parte hidrofóbica, com ácidos graxos, consiste na porção interna da membrana (Khan Academy, 2020). Figura 8: Fosfolipídeo. Fonte: adaptação de Khan Academy, 2020. 14 O colesterol, outro lipídio - figura 9 -, é encontrado ao lado dos fosfolipídios no núcleo da membrana e ajuda a minimizar os efeitos da temperatura na fluidez da mesma. Em temperaturas baixas, evita a aglomeração dos fosfolipídios, em altas temperaturas, ele reduz a fluidez. Desta forma, o colesterol aumenta a amplitude de temperaturas em que uma membrana mantém sua função fluida (Khan Academy, 2020). Figura 9: Molécula de colesterol. Fonte: BorisTM (domínio público). As proteínas das membranas podem se estender parcialmente pela membrana estão anexados a proteínas, formando glicoproteínas, ou a lipídios, formando glicolipídios. São “portas de entrada e saída” da célula, pois é por estas que a circulação de diversas substâncias é mediada (NELSON & COX, 2002). Segundo outrora citado, o componente SDS do detergente é capaz de interpelar essas ligações descritas, desfazendo a estrutura membranar, Isso ocorre pois este é um composto tensoativo - compostos que também porções solúveis em água e outras que não o são, possibilitando a quebra da tensão superficial de diversos compostos, neste caso, dos fosfolipídeos. O SDS é constantemente usado em laboratórios de biologia celular no processo de lise celular por conta dessa característica. 15 Conclusão Foi possível verificar a importância de cada etapa do procedimento: preparação e ação da solução lise, trituração da amostra, adição de etanol, etc., e como cada conceito de cada estágio pode ser adaptado para outro tipo de amostras ou objetivos. Demonstrou-se as características da molécula de DNA e RNA – como se estruturam e algumas de suas propriedade físico-químicas relevantes ao processo de extração das mesmas das em alguns tipos de células, pormenorizando e mostrando o que os nucleotídeos e os tipos de ligações químicas que sustentam fitas formadas. Também descreveu-se a síntese proteica, processo no qual a molécula de RNA e de suma importância, discorrendo-se sobre os papéis dos RNAm, RNAr e RNAt. Algumas outras biomoléculas também precisaram ser exploradas, pois interferem diretamente no resultado do procedimento, foi o caso do amido, celulose e pectinas, que são polissacarídeos de reserva energética, base e completo de estruturação das células vegetais, respectivamente. A membrana celular foi destrinchada ao se descrever sua formação por lipídios, colesterol e algumas proteínas. Portanto, foi possível testar e compreender a extração de DNA do tomate, como se pode adaptar os conceitos cá utilizados em outras extrações e quais outros tipos de substâncias devem ser consideradas ao se realizar este procedimento. 16 Referências BOBBIO, P. A.; BOBBIO F. O. Química do Processamento de Alimentos. 2 ed. São Paulo: Livraria Varela, 151p, 1992. BORGES-OSÓRIO M. R.; ROBINSON W. M. Genética humana [Recurso eletrônico]. 3 ed . Dados eletrônicos. Porto Alegre – Artmed, 2013. CANTERI, M. H. G.; MORENO, L.; WOSIACKI, G.; SCHEER, A. de P. Pectina: da matéria-prima ao produto final. Revista Polímeros, v.22, n.02. São Carlos, 2012. CARDOZO, D. M.; GUELSIN, G. A.; CLEMENTINO, S.; MELO, F. C. de; BRAGAI, M. A.; SOUZA, C. de; MOLITERNO, R. A.; VISENTAINER, J. E. L. DNA extraction from coagulated human blood for application in genotyping techniques for human leukocyte antigen and immunoglobulin- like receptors. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.42 no.6 Uberaba Dec. 2009. COELHO, M. T. Pectina: características e aplicações em alimentos. Departamento de Ciências dos Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2008. DHALIWAL A. Extraction and Purification of DNA. Material and Methods; 3: 191, 2003. KHAN ACADEMY. Artigos de bioquímica: macromoléculas biológicas. Disponível em: https://pt.khanacademy.org/science/biology/macromolecules . Acesso em 10 de abril de 2020. MAZZA, M. C. M.; BITTENCOURT, J. V. M. Extração de DNA em tecidos vegetais. Bol. Pesq. Fl., Colombo, n. 41, jul./dez. 2000. NELSON D.L, COX M.M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 7 ed. 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