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EFEITO DO TREINAMENTO DE FORÇA NA PERFORMANCE MOTORA DE

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ARTIGO ORIGINAL
ISSN: 2178-7514
Vol. 7 | Nº. 2| Ano 2015
EFEITO DO TREINAMENTO DE FORÇA NA PERFORMANCE MOTORA DE 
ATLETAS DE TRIATHLON AO LONGO DA TEMPORADA ESPORTIVA
Luiz Antonio Domingues Filho1; Charles Ricardo Lopes1,2,4 ;Alexandre Lopes Evangelista5; 
Gustavo Ribeiro da Mota3; Willy Andrade Gomes1; Paulo Henrique Marchetti1; Ídico Luis Pelegrinotti1.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar a influência de um programa de treinamento com pesos na performance 
motora. Quatorze atletas, do sexo masculino, participantes de competições nacionais de triathlon. O 
treinamento foi desenvolvido em 24 sessões de treinamento de força durante 12 semanas, sendo que a fase 
de adaptação (FA) teve duração de 8 sessões, utilizando carga de 60% a 65% de uma repetição máxima 
(1RM). A fase especifica, constou de 16 sessões e utilizou carga de 65% a 80% de 1RM. A intervenção se 
deu subdividindo-se os sujeitos em grupo experimental e grupo controle, onde o grupo experimental realizou 
treinamentos com pesos e o grupo controle não realizou treinamentos de força. Foram realizadas avaliações 
de performance em três momentos distintos: 1. antes de iniciar o treinamento com pesos, 2. após quatro 
semanas de treinamento e 3. após doze semanas de treinamento. Foi utilizada uma ANOVA (2x3) medidas 
repetidas para o % de gordura, massa corporal magra, teste de natação de 400 metros, consumo máximo de 
oxigênio, potência máxima, potência média, índice de fadiga e post hoc de Sidak, com significância 5%. 
Conclui-se que o treinamento de força influenciou positivamente o tempo de nado de 400m, a potência 
máxima e a potência média nos triatletas após um programa de treinamento periodizado de 12 semanas. 
Palavras-chave: performance, exercício físico, esporte, metabolismo.
Autor de correspondência: 
Ídico Luis Pelegrinotti
Universidade Metodista de Piracicaba 
Rodovia do Açúcar Km 156, Bloco 7, Sala 32, Taquaral 
13400-911 - Piracicaba, SP – Brasil 
E-mail: ilpelleg@unimep.br
1Programa de Mestrado e Doutrado em Ciências do Movimento Humano/UNIMEP. 2Laboratório de 
Instrumentação para Biomecânica (LIB), Faculdade de Educação Física. 3Departamento de Ciências 
do Esporte, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, UFTM, Uberaba, MG, Brasil. 4Faculdade 
Adventista de Hortolândia (UNASP). Hortolândia. SP. Brasil. 5Universidade Nove de Julho, SP.
Effect of strength training on the motor performance of the triathlon 
athletes during the season
ABSTRACT
The objective of this study was to investigate the influence of a strength training program on physical 
performance. Fourteen athletes, male, participants from national competitions of triathlon. The training 
was developed in 24 sessions of resistance training for 12 weeks, and adaptation phase lasted 08 sessions, 
using 60% to 65% of one repetition maximum. The specific phase consisted of 16 sessions using 65% to 
80% of 1RM. Subjects were subdivided in the experimental group and control group, where experimental 
group has conducted strength training and the control group did not. Performance evaluations were carried 
out in three different moments: 1. before starting the strength training, 2. after four weeks of strength 
training and 3. after 12 weeks of resistance training. We used a repeated measures ANOVA (2 x) to the 
% Fat, lean body mass, swimming test of 400m, maximum oxygen consumption, maximum power, mean 
power, index of fatigue with Sidak’s post hoc, and 5% of significance. We concluded that the strength 
training influenced positively the time of 400 m of the swimming, the maximum power and the average of 
the power in triathletes after a periodized training program for 12 weeks.
Keywords: performance, physical exercise, sport, metabolism.
Efeito do treinamento de força na performance motora de atletas de triathlon ao longo da temporada esportiva
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INTRODUÇÃO
 O triathlon é um esporte que 
compreende natação, ciclismo e corrida, sendo 
uma atividade com predomínio aeróbio (1). O 
treinamento de força pode auxiliar na melhora 
da performance do triathlon pois influencia as 
adaptações fisiológicas e mecânicas (2). 
 A melhora da capacidade de um 
triatleta em tolerar a demanda física do 
treinamento e dacompetição é adquirida 
por meio de adaptações provenientes de 
agentes estressores aplicados no programa de 
treinamento físico. Portanto, dentro do processo 
global de treinamento, torna-se necessário a 
preocupação com o controle de três períodos 
que regem a forma físico-desportiva de um 
triatleta: o período preparatório (aquisição 
da forma desportiva), período competitivo 
(manutenção da forma desportiva) e o período 
de transição (diminuição da forma desportiva). 
A busca por melhores resultados nas 
competições de triathlon passa por aspectos 
ligados à preparação física e a elaboração 
estratégica que de acordo com Hausswirth e 
Brisswalter (3) é um fator importante associado 
ao desempenho durante a competição. 
A preparação física desta modalidade é 
complexa pela sua natureza, devido as suas 
diferenças metodológicas de preparação 
quando comparado a outros esportes por suas 
necessidade de sincronização da performance 
em três provas distintas: natação, ciclismo e 
corrida. 
 O desafio de melhorar o rendimento 
e a organização metodológica exigida no 
triathlon, aumenta a demanda por técnicas 
e estratégias capazes de elevar ao máximo a 
performance. O treinamento de força (TF) 
como forma de potencializar a força e potência 
no esporte tem sido usado de forma positiva 
nas modalidades como natação (4, 5), em 
ciclistas (6, 7), e corredores (8, 9). Entretanto, este 
tipo de treinamento específico em força para 
triatletas ainda é controverso e envolvido em 
discussões sobre sua utilidade. Em estudo de 
revisão Lopes et al. (10) analisaram os efeitos 
do TF no desempenho de endurance em 
sujeitos treinados. Foram analisados diferentes 
fatores fisiológicos como o consumo máximo 
de oxigênio (VO2máx), limiar anaeróbio 
(LAn) e a economia de movimento (EM). 
Os resultados mostram que tanto o VO2máx. 
como o LAn são responsivos ao modelo 
tradicional de treinamento de endurance, no 
entanto, essas variáveis são pouco sensíveis ao 
TF em pessoas treinadas. Porém, a EM parece 
ser aperfeiçoada com o TF. Assim, concluiu-
se que o TF pode melhorar a performance na 
endurance através da EM, corroborando como 
os achados do estudo de revisão de Jung (11) 
que analisou os efeitos do treinamento de força 
na performance de corredores e os diferentes 
protocolos de treinamento de força mostrando 
que em indivíduos aerobiamente treinados, o 
VO2máx e Lan tendem a não melhorar com o 
treinamento de força, não apresentando efeitos 
deletérios ao VO2máx ou a performance da 
corrida e sem diminuir o LAn. 
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Além disso, foi observado melhora na 
economia de corrida, além do aumento da força 
muscular e tempo para a ocorrência da fadiga 
em indivíduos aerobiamente treinados. Quando 
comparado os modelos de treinamento de força, 
parece existir uma variedade de modelos que 
contribuem para melhoria da performance de 
corredores de longas distâncias. Contudo, os 
efeitos de programas de treinamento de força 
durante a preparação de triatletas ainda não 
é bem estabelecido. Nesse sentido pesquisar 
a inclusão do programa de treinamento com 
pesos pode beneficiar a performance, bem como 
entender a contribuição do treinamento de força 
na periodização de triatletas. Assim, o presente 
estudo investigou os efeitos do programa de 
treinamento de força com duração de 12 semanas 
na performance dos atletas por meio de testes 
específicos da modalidade.MATERIAL E MÉTODOS
Amostra
A amostra foi composta por catorze 
(14) triatletas amadores do sexo masculino, 
participantes de competições de nível estadual 
e nacional de triathlon. Os sujeitos treinavam 
seis vezes por semana, com dois períodos 
de treinamento por dia, perfazendo um total 
de 18 horas semanais, distribuídas entre 
natação, ciclismo e corrida. Os sujeitos foram 
aleatoriamente divididos em dois grupos: 
experimental (GE, n=7, idade: 26±5 anos, 
estatura: 175±3 cm), e controle (GC, n=7, idade: 
29±5 anos, estatura: 177±7 cm). O GE realizou 
o treinamento específico do triathlon com 
sobrecarga e treinamento de força e o GC realizou 
apenas o treinamento específico do triathlon. 
Todos os sujeitos foram avaliados no início da 
segunda temporada competitiva e estavam isentos 
de qualquer doença aguda ou crônica, conforme 
anamnese e breve exame clínico realizado por 
um médico. Os sujeitos foram informados dos 
procedimentos experimentais e assinaram o termo 
de consentimento livre e esclarecido aprovado 
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade. 
Procedimentos
Todas as análises foram realizadas antes 
da segunda temporada de preparação física para 
as competições organizadas pela Confederação 
Brasileira de Triathlon (CBTri). Foram realizados 
testes e coleta de dados em três momentos distintos 
durante período preparatório como segue: (AV1) 
antes de iniciar o treinamento com pesos; (AV2) 
após quatro semanas de treinamento com pesos; 
(AV3) após doze semanas de treinamento com 
pesos. 
Composição corporal (%G e MCM): 
A composição corporal foi obtida pelo método 
duplamente indireto, através da mensuração da 
espessura de dobras cutâneas. Para o cálculo da 
densidade corporal foram utilizadas as equações 
de Pollock e Jackson (12, 13) e para estimativa do 
percentual de gordura corporal a fórmula de Siri 
(14). Todas as medidas de foram repetidas três 
vezes em cada ponto em ordem rotacional, e 
apenas no hemicorpo direito dos avaliados.
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Corrida de 2.400 metros (C2400): O teste consis-
tiu no deslocamento do triatleta em sua velocidade 
máxima em um percurso de 2.400 metros procuran-
do completar a distância no menor tempo possível. 
Com os resultados, foi calculado o VO2 max, de cada 
sujeito pela fórmula proposta pelo American College 
Sport Medicine (15).
Teste de Wingate: O teste de Wingate foi realizado 
em uma bicicleta de frenagem mecânica, (marca Bio-
tec 2100®), conforme descrito por Bar-Or (1987), foi 
utilizada uma carga de 0,75 g/Kg durante 30 segun-
dos e a potência de pico (PP) e potência média (PM) 
foi determinada a cada 5 segundos. Todos os dados 
foram registrados utilizando o softwer Ergometric 
6.0 Cefise. Todos os voluntários foram encorajados 
verbalmente a pedalar o mais rápido possível durante 
todo o teste. Prévio ao teste, os mesmos realizaram 
aquecimento no cicloergômetro durante 5 minutos, 
com tiros de 3 segundos a cada minuto completado. 
Após 5 minutos de pausa o teste foi realizado.
400 metros de natação (TN400): Este teste visou 
medir o tempo total gasto no percurso de 400 metros 
em uma piscina de 25 metros. O teste iniciou com a 
saída do sujeito de dentro da piscina e se deslocando 
na máxima velocidade possível no estilo crawl.
Protocolo Experimental 
O GE realizou um planejamento de 12 semanas, com 
frequência semanal de 2 vezes por semana submeti-
dos ao treinamento de força (24 sessões) e descanso 
de 48 horas entre as sessões. O GC realizou apenas o 
treinamento específico da modalidade durante a mes-
ma quantidade de semanas preconizadas para o GE. 
O programa de treinamento para o GE foi dividido 
em fase de adaptação (FA) com duração de 4 sema-
nas (08 sessões) e a fase especifica (FE) com du-
ração de 08 semanas (16 sessões). Foram utilizados 
os seguintes exercícios durante a temporada: supino 
com barra, agachamento com barra, desenvolvimento 
de ombros frontal com barra, extensão dos joelhos no 
aparelho e remada superior sentado com cabo. O teste 
de uma repetição máxima (1RM) de Brow e Weir (16) 
foi adotado para avaliar a força muscular máxima dos 
indivíduos visando o ajuste das cargas de treinamento 
ao longo da temporada esportiva.
Na FA o trabalho foi direcionado para resistência 
muscular através da adaptação aos exercícios com 
pesos. Para a FA, durante as duas primeiras semanas 
foram realizadas 2 séries para membros inferiores 
(mmii) e 3 séries para membros superiores (mmss) 
de 10 repetições com sobrecargas de 60% de 1RM, 
sendo que para a terceira e quarta semanas as sobre-
cargas foram ajustadas para 65% de 1RM. 
 Na FE o treinamento foi conduzido no sen-
tido de priorizar o trabalho de força geral para os 
membros superiores e inferiores. Durante todas as se-
manas foram realizadas 3 séries para mmii e 4 séries 
para mmss, entretanto as cargas foram alteradas como 
segue: semana 1: 10 repetições com 65% de 1RM; 
semana 2: 8 repetições com 70% de 1RM; semana 
3: 8 repetições com 75% de 1RM; semanas 4 e 5: 
8 repetições com 80% de 1RM. O intervalo de des-
canso entre séries e entre exercícios foi de 1 minuto e 
30 segundos. Durante este período do treinamento de 
força específica também foram aplicadas diferentes
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tipos de resistência ao treinamento, que 
consistiu em adicionar resistência à natação 
através da utilização de nadadeiras, palmares e 
camiseta; ao ciclismo com aclives usando uma 
relação entre cadências (rpm) pesada e baixa e 
na corrida, areia fofa, aclives e extensores.
 
Análise Estatística
 A análise estatística descritiva envolveu 
medidas de tendência central e variabilidade. 
Todos os dados foram reportados através 
da média e desvio padrão (DP) da média. A 
normalidade e homogeniedade das variâncias 
foram verificadas utilizando o teste de Shapiro-
Wilk e de Levene, respectivamente. Uma 
ANOVA (2x3) foi utilizada para o %G, MCM, 
TN400m, VO2max, PMax, PMed, IF, tendo 
como fator grupo (GE E GC) e os momentos 
de avaliação (AV1, AV2 e AV3), sendo a 
última medidas repetidas. Post hoc de Sidak foi 
utilizado. Uma significância de 5% foi utilizada 
para todos os testes estatísticos.
RESULTADOS
 A tabela 1 apresenta os valores médios 
e desvio padrão do peso corporal (PC), 
percentual de gordura (%G), massa corporal 
magra (MCM) de ambos os grupos durante a 
temporada esportiva. 
 Ao compararmos os efeitos do 
treinamento com sobrecarga em relação ao 
peso corporal, durante todos os momentos 
da avaliação, percebeu-se que o GE não 
apresentou diferença quando comparado ao 
GC nas variáveis PC, %G e MCM.
Grupo Experimental Grupo Controle
Variáveis AV1 AV2 AV3 AV1 AV2 AV3
PC (Kg) 72,4 ±10,7 72,3 ±10,3 71,9±9,3 71,9±12,7 71,9±12,5 72,0±12,5
% G 9,58±3,2 9,41±2,8 8,26±2,3 8,75±2,6 8,48±2,7 8,25±2,6
MCM (Kg) 65,3±8,6 65,4±8,1 65,9±9,0 65,4±10 65,6±9,7 65,8±9,8
Tabela 1. Média e desvio padrão do peso corporal (PC), porcentual de gordura (%G) e massa corporal 
magra (MCM) de ambos os grupos durante a temporada.
 A tabela 2 apresenta valores médios 
e desvio padrão do tempo de nado em 400 
metros de crawl (TN400), consumo máximo 
de oxigênio (VO2max.), potência máxima 
(PMax), potência média (PMed) e índice de 
fadiga (IF).
 Tabela 2. Média e desvio padrão 
do tempo de nado em 400 metros de crawl 
(TN 400), consumo máximo de oxigênio 
(VO2max.), potência máxima (PMax), 
potência média (PMed) e índice de fadiga (IF) 
de ambos os grupos (experimental e controle) 
durantea temporada esportiva.
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Grupo Experimental Grupo Controle
Variáveis AV1 AV2 AV3 AV1 AV2 AV3
TN400 (min) 5,6±1,1* 5,6±0,9* 5,3±0,9* 6,4±0,8 6,4±0,7 6,3±0,8
VO2máx (ml.Kg.min-1) 58,1±7,8 56,0±5,3 60,8±5,3 55,4±6,2 55,5±4,7 57,0±4,6
P.Max (W.kg -1) 9,5±0,9 9,5±0,9 10,2±0,6* 9,4±1,0 9,2±1,0 9,4±0,9
P.Med (W.kg -1) 7,9±0,6 7,6±0,6 8,2±0,4* 7,2±0,6 7,2±0,6 7,3±0,7
IF (%) 0,4±0,07 0,4±0,05 0,4±0,03 0,4±0,08 0,4±0,05 0,4±0,03
 Ao compararmos os valores obtidos na 
distância de 400m de natação do GE comparado 
ao GC, após 12 semanas de treinamento de 
força realizado com pesos, os resultados 
mostraram diferenças significativas entre os 
grupos (P< 0,05) para todos os momentos 
(AV1, AV2 e AV3). 
Com relação ao consumo máximo de 
oxigênio não foram encontradas diferenças 
significativas em nenhum dos momentos em 
ambos os grupos.
Nas variáveis potência máxima e potência 
média, foi observado diferença significativa 
(P<0,05) na ultima avaliação (AV3), entre GE 
e GC. 
DISCUSSÃO
 O presente estudo investigou os 
efeitos do programa de treinamento de força 
com duração de 12 semanas na performance 
dos atletas por meio de testes específicos da 
modalidade. Os principais achados demonstram 
melhoras significativas em TN 400m, PMax e 
PMed após o programa de treinamento com 
pesos no GE. No entanto, não foram obervadas 
alterações na composição corporal, VO2máx 
e IF em ambos os grupos em nenhum dos 
momentos avaliados. 
 A melhora significativa no TN 400m 
pode estar associada à economia de energia 
do atleta através de exercícios educativos e 
específicos para a modalidade, combinado 
com um treinamento de força com pesos de 
forma progressiva, corroborando com o estudo 
de Lopes et al. (10) que verificou economia 
de energia após atividade de endurance, 
possivelmente esses fatores favoreceram para 
a melhora no tempo total da natação em três 
momentos distintos do período preparatório 
(FA e FE), após 12 semanas. 
* Diferenças significativas entre grupos, (P< 0,05); ± Diferenças significativas entre AV1 e AV2, 
(P< 0,05); # Diferenças significativas entre AV1 e AV3, (P< 0,05); ± Diferenças significativas entre AV2 e 
AV3, (P< 0,05).
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 O desempenho físico do triatleta está 
associado à capacidade do seu organismo em 
absorver, transportar e utilizar o oxigênio assim 
como a disponibilidade de substratos energéti-
cos, para gerar trabalho mecânico. Consequente-
mente, um VO2máx. relativamente alto se torna 
necessário para o sucesso do triathlon. (17-28).
 Para Ballesteros (29) um triatleta com um 
consumo de oxigênio inferior a 50 ml/kg/min-1, 
dificilmente poderá se destacar neste esporte. No 
presente estudo observamos que na média du-
rante os três testes (VO2máx.: GE = 58,1±7,8; 
56,0±5,3; 60,8±5,3 e GC= 55,4±6,2; 55,5±4,7; 
57,0±4,6) os voluntários possuíam um valor 
bem acima do citado por este autor. Ao obser-
varmos os resultados obtidos (VO2máx.: GE = 
58,1±7,8; 56,0±5,3; 60,8±5,3 e GC = 55,4±6,2; 
55,5±4,7; 57,0±4,6), e ao compararmos as três 
avaliações, percebemos que estes dados não 
apóiam diferenças estatisticamente significa-
tivas (P<0,05) entre grupos, para o consumo 
máximo de oxigênio, corroborando com os estu-
dos de Jung (11) e Lopes, Sindorf et al. (10). Dena-
dai (22) cita que o consumo máximo de oxigênio 
nem sempre se modifica com o treinamento em 
sujeitos altamente treinados, mas pode haver 
melhoras na performance. Esta melhora pode 
estar associada entre outros, com a economia do 
movimento (10, 11). A capacidade anaeróbia é um 
componente essencial para algumas modalidades 
esportivas. No caso do triathlon olímpico, em de-
terminados momentos da competição, (etapas de 
ciclismo e corrida), há grande contribuição da via 
glicolítica para obtenção de ATP (30). Para isso, a 
ressíntese muscular de ATP deve ser realizada 
rapidamente para prevenir a fadiga e manter a 
contração muscular colaborando para o desem-
penho do triatleta (31). 
 Os resultados obtidos durante o es-
tudo (PMax (W.kg -1) GE = 9,5±0,9; 9,5±0,9; 
10,2±0,6* e GC = 9,4±1,0; 9,2±1,0; 9,4±0,9 e 
para PMed (W.kg-1) GE = 7,9±0,6; 7,6±0,6; 
8,2±0,4* e GC = 7,2±0,6; 7,2±0,6; 7,3±0,7), e 
depois comparados, apóiam diferenças P<0,05 
apenas na terceira avaliação (AV3 para PMax 
(W.kg-1) com P = 0,048 e PMed (W.kg-1) com 
P = 0,041) entre os grupos GE e GC nestes 
parâmetros avaliados. A potência máxima parece 
ser influenciada apenas por um treinamento es-
pecífico e tanto o treinamento aeróbio como an-
aeróbio podem modificar a potência média. (32). 
Com relação ao índice de fadiga não observa-
mos alterações significativas neste parâmetro. 
 Desta forma, o modelo de treinamento 
de força proposto em nosso estudo contribuiu 
significativamente na performance dos triatle-
tas no que tange às variáveis: tempo de nado 
400 m, potência máxima e potência média. 
Tal fato é extremamente importante, já que a 
natação é a primeira parte do triathlon. Sendo 
assim, a melhora nesta modalidade favorece a 
obtenção de posições mais privilegiadas dentro 
da água, contribuindo para a primeira transição 
(natação/ciclismo). Isto em função de serem 
capazes de sustentar a atividade por mecanis-
mos anaeróbios durante maior tempo, em de-
terminados momentos onde a prova exige um 
esforço maior. 
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 Com isso, estes resultados se tornam 
relevantes por se tratar de triatletas de nível 
nacional, onde aumentar o condicionamento 
físico do atleta pode definir a distância entre 
o campeão e os demais colocados. Quanto às 
outras variáveis, parece-nos que as duas sessões 
por semana podem ter sido insuficientes para 
modificar o desempenho aeróbio, ou os testes 
aplicados podem não ter sido sensíveis para as 
mudanças ocorridas nesse período. 
 Consideramos que o presente estudo 
apresenta limitações quanto ao modelo de 
treino, ao tempo de exposição ao treino e aos 
tipos de análises realizadas (avaliações de 
campo), entretanto na prática esportiva tais 
testes possuem maior aplicabilidade auxiliando 
e orientando tanto técnicos quanto preparadores 
físicos desta modalidade. 
CONCLUSÃO
Conclui-se que o treinamento de força 
influenciou positivamente o tempo de nado de 
400m, a potência máxima e a potência média 
nos triatletas após um programa de treinamento 
periodizado de 12 semanas.
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