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RESUMO ART 121 - HOMICÍDIO

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Título I – Dos crimes contra a vida
· Fundamento Constitucional: Art. 5º, caput, art. 227 e art. 230 CF “direito a vida”
· Direito supraestatal: inerente a todos homens.
· Direito fundamental em duplo sentido:
 Formal= protegido por normas com valor constitucional (Canotilho, 2003, p. 403)
 Material= conteúdo se refere a estrutura do Estado.
· Caráter relativo: possibilidade lógica de restrições a direitos fundamentais, art. 5º, XLVII, “a” (Robert Alexy, 2008, p. 276, ss)
· Relatividade dos direitos fundamentais: não tem caráter absoluto (MS 23.452/RJ, Min Celso de Mello). 
 art. 25 CP: legitima defesa art. 128: aborto permitido (sacrifício de uma vida pela outra)
CRIMES CONTRA A VIDA: ESPECIE, COMPETÊNCIA E AÇÃO PENAL
· Código penal arrola quatro crimes contra a vida:
 1- homicídio
 2- induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio 
 3- infanticídio; e
 4- aborto
· Homicídio culposo (art. 121, § 3º) juízo comum, demais Plenário do Júri, (Art. 5º, XXXVIII, “d” CF).
· Ação penal incondicionada pública, ou pela inércia do MP, pode utilizar ação penal privada subsidiária da pública (art. 5º LIX CF).
Art. 121: matar alguém
Pena: reclusão de seis a vinte anos 
Elementos normativos: núcleo “matar” – objetivo “alguém”.
Conceito: supressão da vida extrauterina, se for intrauterina “aborto”
Se já iniciado o trabalho de parto: homicídio ou infanticídio Art. 123 CP, (estado puerperal)
Homicídio simples: em regra não é hediondo, só se praticado por grupo de extermínio (Lei 8.072/90, art. 1º, I, 1ª parte). A atividade de grupo de extermínio sempre se qualifica pelo motivo torpe (art. 121, §2º, I, CP)
Se o agente matar em atividade típica de grupo de extermínio, sem integrá-lo, com relevante valor social homicídio privilegiado (art. 121, § 1º CP)
· Objeto jurídico: vida humana exterior ao útero – inicia processo respiratório autônomo – fato pode ser demonstrado por prova pericial: docimasias respiratórias. Irrelevante a viabilidade da vida, ou deformação, personalidade (art. 2º CC).
· Objeto material: a vítima.
· Núcleo do tipo: qualquer meio de execução. Ação ou omissão (art. 13, § 2º CP. Médico nega atendimento)
a) relações sexuais ou atos libidinosos: Aids, portador consciente da doença mantém relações sexuais, matando-a (consumado). Se a vítima não falecer (tentado).
b) uso de seringa infectada: consumado ou tentado, entendimento contrário lesão corporal gravíssima em face de doença incurável (art. 129, § 2º II CP), (Tavares, 2000, p. 289-290).
· Meios de execução: materiais (arma de fogo, faca) morais (trauma psíquico na vitima) ex: depressão uso excessivo medicamentos. Caracteriza uma qualificadora (veneno, fogo, explosivo (art. 121, § 2º III CP)
· Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa. Xifópagos, deformidade não impede a imputação criminal (Silveira, 1959, p. 44-45)
· Sujeito passivo: qualquer pessoa após nascimento, viva. 
a) Xifópagos (duplo homicídio) dolo direto, matar ambos, concurso formal imperfeito (art. 70, caput, 2ª parte CP). Matar apenas um, ambos morrem, consequência lógica natural, dolo direto para um e dolo de segundo grau ou de consequências necessárias. (Masson, 2009. p. 254-255). Se um for salvo, concurso formal imperfeito, consumado e tentado.
b) pessoa morta: crime impossível (art. 17 CP).
· Sujeito passivo: sai do CP para leis extravagantes, decorrência das características da vítima.
a) Presidente da República, Senado, Câmara do deputados ou do STF – (art. 29 Lei 7.170/1983) Crimes Contra a Segurança Nacional
b) Destruir todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, matar membros do grupo – genocídio (art. 1ª, “a” Lei 2.889/1956) Crimes contra a Humanidade. 
· Elemento subjetivo: Dolo, animus necandi ou animus occidendi
Admite-se o dolo eventual, assume o risco. Ex: racha, crime autônomo (art. 308 Lei 9.503/1997) CTB. Embriaguez do condutor.
· Consumação: morte (crime material) cessação da atividade encefálica: estado irreversível de todo encéfalo e funções neurais (Santos, 1998, p. 39) , art. 3º caput, Lei 9.434/1997. Transplante de órgãos.
· Crime instantâneo: Se finda em tempo determinado, não delonga.
· TENTATIVA DE HOMICÍDIO
É possível c/c art. 14 CP: tentativa branca ou incruenda – tentativa vermelha ou cruenda.
· CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DO HOMICÍDIO:
a) crime simples: atinge único bem jurídico (vida);
b) crime comum: praticado por qualquer pessoa;
c) crime material: tipo contém a conduta, morte, consumação;
d) crime de dano: lesão bem jurídico (vida);
e) crime de forma livre: qualquer meio de execução;
f) crime comissivo: Impróprio, espúrio ou comissivo por omissão (médico)
g) crime instantâneo de efeitos permanentes, unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual: praticado por um agente, mas admite concurso;
h) crime plurissubsistente: pode ser fracionado em diversos atos;
i) crime progressivo: passa pela lesão corporal “crime de ação de passagem”.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
Art. 121, § 1º CP: 
· Natureza jurídica: denominação da doutrina, mas se trata apenas em causa de diminuição de pena e, abstrato de 1/6 a 1/3.
· Incomunicabilidade: caráter subjetivo, não se aplica aos coautores ou participes. (art. 30 CP)
· Diminuição da pena: “pode”?? Deve diminuir a pena, sua discricionariedade se limita ao quantum que deve ser fundamentado.
· Não é crime hediondo: ausência de amparo legal, a Lei 8.072/90 prevê as formas simples e qualificadas.
· Circunstancias do reconhecimento:
a) motivo de relevante valor social;
b) motivo de relevante valor moral;
c) domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vitima.
· Direito penal é ético, deve-se entender o motivo do crime:
É o antecedente psíquico da ação, a força que põe em movimento o querer e o transforma em ato: uma representação que impele a ação. (Maggiore. 1948, p. 494).
· Atenuante: crimes comuns, relevante valor social ou moral art. 65, III, “a” CP.
· Diminuição: homicídio eleva-se a categoria de diminuição da pena
 Diferença: atenuante x diminuição: atenuante- é suficiente seja o crime por motivo relevante valor (...); diminuição do privilégio- agente atua impelido por motivo relevante valor (...)
· Valor social: pertinente a um interesse da coletividade.
· Valor moral: pertinente a um interesse particular. Ex: “a compaixão ante o irremediável sofrimento da vítima (caso homicídio eutanásico)”
Homicídio privilegiado: tratamento jurídico-penal da eutanásia
· A eutanásia é fracionada em duas espécies. Que tipificam homicídio privilegiado: OBS: a vida é um direito indisponível, razão pela qual não se admite a construção de causa supralegal de exclusão da ilicitude no consentimento do ofendido.
a) eutanásia no sentido estrito: modo comissivo de abreviar a vida de pessoa portadora de doença grave, em estado terminal e sem previsão de cura ou de recuperação pela ciência medica. É também chamada de homicídio piedoso, compassivo, medico, caritativo ou consensual.
b) Ortotanásia: é a eutanásia por omissão, chamada de omissiva, eutanásia moral ou eutanásia terapêutica. Ex: o médico deixa de adotar as providências necessárias para prolongar a vida do doente terminal incurável.
 Art. 41 Código Ética Médica Resolução 1.931/2009 CFM, “proíbe expressamente a abreviação da vida do enfermo, mesmo que a pedido”
· Distanásia: conhecida como obstinação terapêutica, é a morte vagarosa e sofrida do ser humano, prologada pelos recursos oferecidos pela medicina. Não é crime, por se tratar de meio capaz de arrastar a existência da vida humana, ainda que com sofrimento, ate seu fim natural.
· Mistanásia: morte precoce e miserável de alguém, provocada pelo descaso e pela maldade de determinados seres humanos.
 a) doentes que por motivos públicos, sociais ou econômicos falecem em razão de atendimento adequado pelo sistema de saúde; (culposo)
 b) enfermos que, nada obstante o ingresso no sistema de saúde, morrem por erro médico; (culposo)
 c) doente que entram na rede de saúde com real expectativa de vida, mas morrem por consequência de atos de má-fé, Ex: retirada de órgãos ou partes docorpo para doação. (doloso)
Domínio de violenta emoção
· “sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima”.
· Concepção subjetivista: leva em conta o aspecto psicológico do agente que, dominado pela violenta emoção não se controla. Sua culpabilidade é reduzida, refletindo a diminuição da pena.
· Emoção: “um estado de animo ou de consciência caracterizado por uma viva excitação de sentimento. É uma forte e transitória perturbação da efetividade, a que estão ligadas certas variações somáticas ou modificações particulares da vida orgânica”(Hungria, 1953, p.128)
· Domínio de violenta emoção:
· Injusta provocação:
· Reação imediata:
· Domínio de violenta emoção e erro na execução: privilegio é compatível com a aberratio ictus. Ex: agente depois de provocado, efetua disparos de arma de fogo contra o provocador, mas atinge terceira pessoa, mantém privilegiado. (art. 73 CP)
· Domínio de violenta emoção e premeditação: é incompatível com o privilégio. A tarefa de arquitetar minuciosamente a execução do crime não se coaduna com o domínio da violenta emoção, tem q ser imediato a injusta provocação da vítima.
· Domínio de violenta emoção e dolo eventual: é compatível com o dolo eventual. Quando depois de ser injustamente provocado pela vítima, e sobre domínio de violenta emoção, decide agredir apenas, mas acaba matando. Dolo eventual assume o risco pela morte.
HOMICÍDIO QUALIFICADO – art. 121, § 2º
· São circunstâncias que elevam em abstrato a pena do homicídio.
a) Homicídio simples: pena de reclusão de 06 a 20 anos;
b) homicídio qualificado: pena de reclusão de 12 a 30 anos.
· É crime considerado hediondo, qualquer qualificadora (art. 1º, I, in fine Lei 8.072/1990).
ESPÉCIES DE QUALIFICADORAS: o § 2º possui 07 incisos portanto são 07 qualificadoras:
 a) os incisos I e II: relacionam-se aos motivos do crime;
 b) os incisos III e IV: dizem respeito aos meios e modos de execução;
 c) o incisos V: refere-se a uma conexão, caracterizada por uma especial finalidade almejada pelo agente.
 d) o incido VI: feminicídio, refere ao “sexo” da vítima e o motivo “razoes da condição do sexo feminino”
 e) o inciso VII: delito cometido contra integrantes dos órgãos de segurança ou familiares.
QUALIFICADORES E CONCURSO DE PESSOAS
As qualificadoras previstas nos incisos I, II, III, V, VI e VII e também a traição IV, são de índole subjetiva, dizem respeito ao agente e não ao fato. Em caso de concurso de pessoas, não se comunicam aos demais coautores ou partícipes. (art. 30 CP)
As qualificadoras descritas nos inciso III e IV (meios e modos de execução) com exceção da traição são de natureza objetiva, por serem atinentes ao fato praticado e não ao agente. Comunicam-se desde que ingressados na esfera de conhecimento de todos envolvidos.
· OBS: as qualificadores de natureza objetiva devem integrar o dolo do agente
Inciso I: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.
· Paga e promessa: caracteriza o homicídio mercenário ou por mandado remunerado
 a) na paga: o recebimento é prévio o executor recebe a vantagem antes e depois pratica o crime, incide também a qualificadora se receber uma parte da vantagem.
 b) na promessa: o pagamento é convencionado para o momento posterior à execução do crime, 
· Crime plurissubjetivo, plurilateral ou de concurso de pessoas
 c) Motivo Torpe: Trata-se de qualificadora subjetiva, pois diz respeito aos motivos que levaram o agente à prática do crime. Torpe é o motivo moralmente reprovável, abjeto, desprezível, vil, que demonstra a depravação espiritual do sujeito e suscita a aversão ou repugnância geral.
· Segue uma formulação genérica (ou qualquer outro motivo torpe), que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriormente elencados. Assim, qualquer outro motivo que se encaixe dentro do conceito de motivo torpe será enquadrado neste inciso como qualificadora do homicídio.
· São motivações torpes, pela repugnância que causam à coletividade;
Exemplo: o homicídio da esposa pelo fato de negar-se à reconciliação; matar a namorada ao saber que ela não era virgem; a recusa em fazer sexo; assassinar alguém para receber herança.
· A vingança, por sua vez, nem sempre constituirá motivo torpe, pois, apesar de ser um sentimento por si só reprovável, geralmente a vingança é a retribuição a um malefício causado anteriormente ao homicida ou a qualquer pessoa ligada a ele; nem sempre, porém, causará repugnância a ponto de ser considerada motivo torpe. 
· É o que vem sendo decidido pelos nossos tribunais em reiterados julgados. Não contrasta com a moralidade média, não causa repugnância social a conduta do filho que ceifa a vida do assassino de seu pai. Comete, na realidade, um crime merecedor de reprovação, mas que não pode ser considerado ignóbil, abjeto, repugnante.
· Assim, a vingança, dependendo do que a provocou, não poderá constituir motivo torpe. 
· O ciúme, por si só, também não vem sendo considerado motivo torpe pelos tribunais . Entende-se que o ciúme contrapõe-se ao motivo torpe na medida em que ele é gerado pelo amor , e, ademais, influiria intensamente no controle emocional do agente, e as ações a que dá causa poderiam ser consideradas injustas, mas não comportariam a qualificação de fúteis ou torpes.
· Observe-se que o motivo torpe não se confunde com o motivo fútil, que é a causa insignificante, desproporcional para a prática da conduta delituosa
· Inciso II: 
 Motivo fútil: Se trata de qualificadora subjetiva, pois diz respeito aos motivos. Fútil significa frívolo, mesquinho, desproporcional, insignificante, é aquele que, por sua mínima importância, não é causa suficiente para o crime insignificante, desproporcional entre a causa e o crime perpetrado. O motivo é considerado fútil quando notadamente desproporcionado ou inadequado, do ponto de vista do homo medius e em relação ao crime de que se trata.
 Exemplos: simples incidente de trânsito; rompimento de namoro; pequenas discussões entre familiares; o fato de a vítima ter rido do homicida; porque a vítima estava “olhando feio”.
· Não se deve confundir o motivo fútil com o motivo injusto, pois este, “embora desconforme com a ética ou com o direito, pode não ser desproporcionado como antecedente lógico do crime” 
· Há na jurisprudência alguns exemplos em que a futilidade da motivação poderá ou não estar presente. Assim é que a jurisprudência tem decidido no sentido de que a discussão antes do evento criminoso faz desaparecer o motivo fútil.
· Na embriaguez, a jurisprudência diverge quanto à compatibilidade entre esse estado e o motivo fútil. Há várias posições: 
 1ª) a embriaguez exclui a futilidade do crime; 
 2ª) a embriaguez é incompatível com o motivo fútil quando comprometa inteiramente a capacidade de discernimento do agente, não tendo este, ante a perturbação produzida pela substância alcoólica, condições de realizar um juízo de proporção entre o motivo e a sua ação; portanto, para esta corrente, só a embriaguez que inteiramente comprometa o estado psíquico do agente afastaria a futilidade da motivação; 
 3ª) a embriaguez, mesmo incompleta, afastaria o motivo fútil, pois também não permite a realização pelo agente do juízo de proporção entre o motivo e a ação pelo agente; 
 4ª) o princípio da actio libera in causa deve ser aceito em relação às circunstâncias qualificadoras ou agravantes, não sendo afastadas ante o reconhecimento da embriaguez voluntária do agente.
· Só a embriaguez completa decorrente de caso fortuito ou força maior tem relevância no Direito Penal. Se voluntária ou culposa, a embriaguez não excluirá nem o crime nem a qualificadora, por influxo da teoria da actio libera in causa.
· No ciúme, a jurisprudência tem-se manifestado no sentido de que ele não caracteriza o motivo fútil por constituir fonte da paixão e forte motivo para o cometimento de um crime, não constituindo antecedente psicológico desproporcionado 
· Não é proporcional tirar a vida de alguém apenas por ter experimentado o egoístico sentimento de posse provocado pelo ciúme.
·Discute-se se a ausência de motivo pode ser equiparada ao motivo fútil. Celso Delmanto compartilha do entendimento de que a ausência de motivos não pode equivaler à futilidade do motivo. Esse é também o posicionamento de Damásio E. de Jesus, para quem, se o agente pratica o delito de homicídio sem razão alguma, não responderá pela qualificadora do motivo fútil, mas nada impede que responda por outra, como o motivo torpe 
· Foi publicada ontem (10/03/2015), a Lei nº 13.104/2015, que: prevê o FEMINICÍDIO como qualificadora do crime de homicídio; e
inclui no rol dos crimes hediondos.
O que é feminicídio? homicídio doloso praticado contra a mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja, desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino.
· Feminicídio X femicídio
· Existe diferença entre feminicídio e femicídio?
· Femicídio significa praticar homicídio contra mulher (matar mulher);
· Feminicídio significa praticar homicídio contra mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero).
A nova Lei trata sobre FEMINICÍDIO, ou seja, pune mais gravemente aquele que mata mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima ser mulher.
· Como era a punição do feminicídio?
Antes da Lei n° 13.104/2015, não havia nenhuma punição especial pelo fato de o homicídio ser praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. Em outras palavras, o feminicídio era punido, de forma genérica, como sendo homicídio (art. 121 do CP). 
A depender do caso concreto, o feminicídio (mesmo sem ter ainda este nome) poderia ser enquadrado como sendo homicídio qualificado por motivo torpe (inciso I do § 2º do art. 121) ou fútil (inciso II) ou, ainda, em virtude de dificuldade da vítima de se defender (inciso IV). No entanto, o certo é que não existia a previsão de uma pena maior para o fato de o crime ser cometido contra a mulher por razões de gênero.
· A Lei n° 13.104/2015 veio alterar esse panorama e previu, expressamente, que o feminicídio, deve agora ser punido como homicídio qualificado.
· A Lei Maria da Penha já não punia isso?
NÃO. A Lei Maria da Penha não traz um rol de crimes em seu texto. Esse não foi seu objetivo. A Lei n° 11.340/2006 trouxe regras processuais instituídas para proteger a mulher vítima de violência doméstica, mas sem tipificar novas condutas, salvo uma pequena alteração feita no art. 129 do CP.
Desse modo, o chamado feminicídio não era previsto na Lei n° 11.340/2006, apesar de a Sra. Maria da Penha Maia Fernandes, que deu nome à Lei, ter sido vítima de feminicídio duas vezes (tentado).
· Vale ressaltar que as medidas protetivas da Lei Maria da Penha poderão ser aplicadas à vítima do feminicídio (obviamente, desde que na modalidade tentada).
· Foi acrescentado o inciso VI ao § 2º do art. 121 do CP
· O rol de qualificadoras do homicídio encontra-se previsto no § 2º do art. 121 do CP.
· A Lei n.° 13.104/2015 acrescentou um sexto inciso ao rol do § 2º para tratar do feminicídio. 
· Homicídio qualificado
 § 2° Se o homicídio é cometido:
 (...)
 Feminicídio
 VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
· Sujeito ativo
Pode ser qualquer pessoa (trata-se de crime comum).
O sujeito ativo do feminicídio normalmente é um homem, mas também pode ser mulher.
· Sujeito passivo
Obrigatoriamente deve ser uma pessoa do sexo feminino (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino).
Mulher que mata sua companheira homoafetiva: pode haver feminicídio se o crime foi por razões da condição de sexo feminino.
· Homem que mata seu companheiro homoafetivo: não haverá feminicídio porque a vítima deve ser do sexo feminino. Esse fato continua sendo, obviamente, homicídio.
· Transexual, homossexual e travesti. Diferenças
Transexual é o indivíduo que possui características físicas sexuais distintas das características psíquicas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a transexualiade é um transtorno de identidade de gênero. A identidade de gênero é o gênero como a pessoa se enxerga (como homem ou mulher). Assim, em simples palavras, o transexual tem uma identidade de gênero (sexo psicológico) diferente do sexo físico, o que lhe causa intenso sofrimento.
Existem algumas formas de acompanhamento médico oferecidas ao transexual, dentre elas a cirurgia de redesignação sexual (transgenitalização), que pode ocorrer tanto para redesignação do sexo masculino em feminino, como o inverso. 
A cirurgia para a transformação do sexo masculino em feminino é chamada de “neocolpovulvoplastia” e consiste, na maioria dos casos, na retirada dos testículos e a construção de uma vagina (neovagina), utilizando-se a pele do pênis ou de parte da mucosa do intestino grosso.
O Conselho Federal de Medicina editou a Resolução 1652/2002-CFM regulamentando os requisitos e protocolos médicos necessários para a realização da cirurgia de transgenitalização.
Importante, ainda, esclarecer que transexual não é o mesmo que homossexual ou travesti. A definição de cada uma dessas terminologias ainda está em construção, sendo ponto polêmico, mas em simples palavras, a homossexualidade (não se fala homossexualismo) está ligada à orientação sexual, ou seja, a pessoa tem atração emocional, afetiva ou sexual por pessoas do mesmo gênero. O homossexual não possui nenhuma incongruência de identidade de gênero. A travesti (sempre utiliza-se o artigo no feminino), por sua vez, possui identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, mas, diferentemente dos transexuais, não deseja realizar a cirurgia de redesignação sexual.
· Vítima homossexual (sexo biológico masculino): não haverá feminicídio, considerando que o sexo físico continua sendo masculino.
· Vítima travesti (sexo biológico masculino): não haverá feminicídio, considerando que o sexo físico continua sendo masculino.
· Transexual que realizou cirurgia de transgenitalização (neovagina) pode ser vítima de feminicídio se já obteve a alteração do registro civil, passando a ser considerada mulher para todos os fins de direito?
· NÃO. A transexual, sob o ponto de vista estritamente genético, continua sendo pessoa do sexo masculino, mesmo após a cirurgia.
· Não se discute que a ela devem ser assegurados todos os direitos como mulher, eis que esta é a expressão de sua personalidade. É assim que ela se sente e, por isso, tem direito, inclusive de alterar seu nome e documentos, considerando que sua identidade sexual é feminina. Trata-se de um direito seu, fundamental e inquestionável.
· No entanto, tão fundamental como o direito à expressão de sua própria sexualidade, é o direito à liberdade e às garantias contra o poder punitivo do Estado.
· O legislador tinha a opção de, legitimamente, equiparar a transexual à vítima do sexo feminino, até porque são plenamente equiparáveis. Porém, não o fez. Não pode o intérprete, a pretexto de respeitar a livre expressão sexual do transexual, valer-se de analogia para punir o agente.
· Enfim, a transexual que realizou a cirurgia e passou a ter identidade sexual feminina é equiparada à mulher para todos os fins de direito, menos para agravar a situação do réu. Isso porque, em direito penal, somente se admitem equiparações que sejam feitas pela lei, em obediência ao princípio da estrita legalidade.
· Deve-se salientar, contudo, que, em sentido contrário, a Prof. Alice Bianchini, maior especialista do Brasil sobre o tema, defende, em palestra disponível no Youtube, que a transexual que realizou a cirurgia pode sim ser vítima de feminicídio.
· Razões de condição de sexo feminino
· “Razões de gênero” foi substituída no Congresso
· A expressão escolhida é péssima. A redação é confusa, truncada e não explica nada.
· No projeto de lei, a locução prevista para o tipo era: se o homicídio é praticado “contra a mulher por razões de gênero”. Ocorre que, durante os debates, a bancada de parlamentares evangélicos pressionou para que a “gênero”da proposta inicial fosse substituída por “sexo feminino”, com objetivo de afastar a possibilidade de que transexuais fossem abarcados pela lei. A bancada feminina acabou aceitando a mudança para viabilizar a aprovação do projeto.
· Melhor seria se tivesse sido mantida a redação original, que, aliás, é utilizada na Lei Maria da Penha: “configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero” (art. 5º) e nas legislações internacionais.
· Mas, afinal, o que são “razões de condição de sexo feminino”?
· O legislador previu, no § 2º-A do art. 121, uma norma penal interpretativa, ou seja, um dispositivo para esclarecer o significado dessa expressão.
· § 2º-A Considera-se que há “razões de condição de sexo feminino” quando o crime envolve:
 I - violência doméstica e familiar;
 II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
· Violência doméstica e familiar (inciso I)
Haverá feminicídio quando o homicídio for praticado contra a mulher em situação de violência doméstica e familiar.
· Ao afirmar isso, o legislador ampliou bastante o conceito de feminicídio, já que, pela redação literal do inciso I não seria necessário discutir os motivos que levaram o autor a cometer o crime. Pela interpretação literal, não seria indispensável que o delito tivesse relação direta com razões de gênero. Tendo sido praticado homicídio (consumado ou tentado) contra pessoa do sexo feminino envolvendo violência doméstica, haveria feminicídio.
· Ocorre que a interpretação literal e isolada do inciso I não me parece a melhor. É preciso contextualizar o tema e buscar a interpretação sistemática, socorrendo-se da definição de “violência doméstica e familiar” encontrada no art. 5º da Lei n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que assim a conceitua:
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
· Desse modo, conclui-se que, mesmo no caso do feminicídio baseado no inciso I do § 2º-A do art. 121, será indispensável que o crime envolva motivação baseada no gênero (“razões de condição de sexo feminino”).
· Ex.1: marido que mata a mulher porque acha que ela não tem “direito” de se separar dele;
· Ex.2: companheiro que mata sua companheira porque quando ele chegou em casa o jantar não estava pronto.
· Por outro lado, ainda que a violência aconteça no ambiente doméstico ou familiar e mesmo que tenha a mulher como vítima, não haverá feminicídio se não existir, no caso concreto, uma motivação baseada no gênero (“razões de condição de sexo feminino”). 
· Ex: duas irmãs, que vivem na mesma casa, disputam a herança do pai falecido; determinado dia, uma delas invade o quarto da outra e a mata para ficar com a totalidade dos bens para si; esse crime foi praticado com violência doméstica, já que envolveu duas pessoas que tinha relação íntima de afeto, mas não será feminicídio porque não foi um homicídio baseado no gênero (não houve violência de gênero, menosprezo à condição de mulher), tendo a motivação do delito sido meramente patrimonial.
· Menosprezo ou discriminação à condição de mulher (inciso II)
· Para ser enquadrado neste inciso, é necessário que, além de a vítima ser mulher, fique caracterizado que o crime foi motivado ou está relacionado com o menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
· Ex: funcionário de uma empresa que mata sua colega de trabalho em virtude de ela ter conseguido a promoção em detrimento dele, já que, em sua visão, ela, por ser mulher, não estaria capacitada para a função.
· Tentado ou consumado
 O feminicídio pode ser tentado ou consumado.
· Tipo subjetivo
 O feminicídio pode ser praticado com dolo direto ou eventual.
· Natureza da qualificadora
A qualificadora do feminicídio é de natureza subjetiva, ou seja, está relacionada com a esfera interna do agente (“razões de condição de sexo feminino”). Ademais, não se trata de qualificadora objetiva porque nada tem a ver com o meio ou modo de execução.
· Por ser qualificadora subjetiva, em caso de concurso de pessoas, essa qualificadora não se comunica aos demais coautores ou partícipes, salvo se eles também tiverem a mesma motivação. 
· Ex: João deseja matar sua esposa (Maria) e, para tanto, contrata o pistoleiro profissional Pedro, que não se importa com os motivos do mandante, já que seu intuito é apenas lucrar com a execução; João responderá por feminicídio (art. 121, § 2º, VI) e Pedro por homicídio qualificado mediante paga (art. 121, § 2º, I); a qualificadora do feminicídio não se estende ao executor, por força do art. 30 do CP:
· Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
· Impossibilidade de feminicídio privilegiado
· O § 1º do art. 121 do CP prevê a figura do homicídio privilegiado nos seguintes termos:
· § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
· É possível aplicar o privilégio do § 1º ao feminicídio? É possível que exista feminicídio privilegiado?
NÃO. A jurisprudência até admite a existência de homicídio privilegiado-qualificado. No entanto, para isso, é necessário que a qualificadora seja de natureza objetiva. No caso do feminicídio, a qualificadora é subjetiva. Logo, não é possível que haja feminicídio privilegiado.
Causas de aumento de pena
· A Lei n.° 13.104/2015 previu também três causas de aumento de pena exclusivas para o feminicídio. Veja: 
 § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
 I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
 II – contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
 III – na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
· Aumento: de 1/3 até a 1/2.
 Inciso I: 
 A pena imposta ao feminicídio será aumentada se, no momento do crime, a vítima (mulher) estava grávida ou havia apenas 3 meses que ela tinha tido filho(a).
 A razão de ser dessa causa de aumento está no fato de que, durante a gravidez ou logo após o parto, a mulher encontra-se em um estado físico e psicológico de maior fragilidade e sensibilidade, revelando-se, assim, mais reprovável a conduta.
· Inciso II:
 A pena imposta ao feminicídio será aumentada se, no momento do crime, a mulher (vítima) tinha menos de 14 anos, era idosa ou deficiente. 
 A vítima, nesses três casos, apresenta uma fragilidade (debilidade) maior, de forma que a conduta do agente se revela com alto grau de covardia.
 Como o tipo utiliza a expressão “com deficiência”, devemos entendê-la em sentido amplo, de forma que incidirá a causa de aumento em qualquer das modalidades de deficiência (física, auditiva, visual, mental ou múltipla).
· O conceito de deficiência está previsto no Decreto n° 3.298/99, sendo definida como “toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano” (art. 3º, I). No art. 4º são conceituadas as diversas categorias de deficiência (física, auditiva, visual, mental e múltipla).
· Inciso III:
 A pena imposta ao feminicídio será aumentada se o delito foi praticado na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
 Aqui a razãodo aumento está no intenso sofrimento que o autor provocou aos descendentes ou ascendentes da vítima que presenciaram o crime, fato que irá gerar graves transtornos psicológicos.
· Importante esclarecer algo muito importante: semanticamente, quando se fala que foi praticado “na presença de alguém”, isso não significa, necessariamente, que a pessoa que presenciou estava fisicamente no local. Assim, o tipo não exige a presença física do ascendente ou descendente. Poderá haver esta causa de aumento mesmo que o ascendente ou descendente não esteja fisicamente no mesmo ambiente onde ocorre o homicídio. É o caso, por exemplo, em que o filho da vítima presencia, por meio de webcam, o agente matar sua mãe; ele terá presenciado o crime, mesmo sem estar fisicamente no local do homicídio.
· Ascendente: é o pai, mãe, avô, avó, bisavô, bisavó e assim por diante.
· Descendente: é o filho(a), neto(a), bisneto(a) etc.
Obs: não haverá a causa de aumento se o crime é praticado na presença de colateral (ex: irmão, tio) ou na presença do cônjuge da vítima.
· Dolo: para que incidam tais causas de aumento, o agente deve ter ciência das situações expostas nos incisos, ou seja, ele precisa saber que a vítima estava grávida, que ela era menor que 14 anos, que tinha deficiência etc.
· Agravantes genéricas e bis in idem:
· Algumas dessas causas de aumento especiais são também previstas como agravantes genéricas no art. 61, II, do CP. No caso de feminicídio, o magistrado deverá aplicar apenas as causas de aumento, não podendo fazer incidir as agravantes que tenham o mesmo fundamento sob pena de incorrer em bis in idem. Ex: se o feminicídio é praticado contra mulher idosa, o agente responderá pelo art. 121, § 2º, VI com a causa de aumento do inciso II do § 7º; não haverá, contudo, a incidência da agravante do at. 61, II, “h”.
· Competência 
· Se o feminicídio ocorre com base no inciso I do § 2º-A do art. 121, ou seja, se envolveu violência doméstica, a competência para processar este crime será da vara do Tribunal do Júri ou do Juizado Especial de Violência Doméstica (“Vara Maria da Penha”)? Dependerá da Lei estadual de Organização Judiciária.
· Situação 1: existem alguns Estados que, em sua Lei de Organização Judiciária preveem que, em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica, a Vara de Violência Doméstica será competente para instruir o feito até a fase de pronúncia. A partir daí, o processo será redistribuído para a Vara do Tribunal do Júri.
· Situação 2: se a lei de organização judiciária não prever expressamente essa competência da Vara de Violência Doméstica para a 1ª fase do procedimento do Júri, aplica-se a regra geral e todo o processo tramitará na Vara do Tribunal do Júri.
· Crime hediondo
· A Lei n.° 13.104/2015 alterou o art. 1º da Lei n.° 8.072/90 e passou a prever que o feminicídio é crime hediondo.
· O que muda no fato de o feminicídio tornar-se crime hediondo? Quais são as diferenças entre o crime comum e o crime hediondo?
· Constitucionalidade
· A qualificadora do feminicídio é inconstitucional por violar o princípio da igualdade?
· NÃO. O STF enfrentou diversos questionamentos nesse sentido ao julgar a ADC 19/DF proposta em relação à Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) e na oportunidade decidiu que é possível que haja uma proteção penal maior para o caso de crimes cometidos contra a mulher por razões de gênero (STF. Plenário. ADC 19/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9/2/2012).
· Assim, não há violação do princípio constitucional da igualdade pelo fato de haver uma punição maior no caso de vítima mulher.
· Na visão da Corte, a Lei Maria da Penha e, agora, a Lei do Feminicídio, são instrumentos que promovem a igualdade em seu sentido material. Isso porque, sob o aspecto físico, a mulher é mais vulnerável que o homem, além de, no contexto histórico, ter sido vítima de submissões, discriminações e sofrimentos por questões relacionadas ao gênero.
· Trata-se, dessa forma, de uma ação afirmativa (discriminação positiva) em favor da mulher.
· Ademais, a criminalização especial e mais gravosa do feminicídio é uma tendência mundial, adotada em diversos países do mundo. 
Vigência e irretroatividade
· A Lei nº 13.104/2015 entrou em vigor no dia 10/03/2015, de forma que se a pessoa, a partir desta data, praticou o crime de homicídio contra mulher por razões da condição de sexo feminino responderá por feminicídio, ou seja, homicídio qualificado, nos termos do art. 121, § 2º, VI, do CP.
· A Lei nº 13.104/2015 é mais gravosa e, por isso, não tem efeitos retroativos, de sorte que, quem cometeu homicídio contra mulher por razões da condição de sexo feminino até 09/03/2015, não responderá por feminicídio (art. 121, § 2º, VI).
AUMENTO DE PENA 
§ 4º - A primeira parte do § 4.º do artigo 121 do Código Penal prevê que será aumentada a pena do homicídio culposo quando o autor viola regra técnica de profissão, arte ou ofício. Noutros termos, se, além da imprudência, imperícia ou negligência, a conduta do autor denotar violação de norma técnica relativa profissão, arte ou ofício, incidirá o aumento de 1/3 (um terço) da pena.
· Contudo, deve se compreender a regra técnica violada como particularmente oponível ao autor (ex: sendo engenheiro de segurança, orientar empregados de empresa a fim de que laborem sem utilização do equipamento de proteção individual exigido).
· A negativa de socorro à vítima ou a fuga do local para evitar a prisão em flagrante também autorizam o aumento da pena. Mas quando justificadas a omissão do socorro ou a fuga, o aumento por tais fundamentos não deve incidir. A fuga, por seu turno deve ter o fim especial de evitar a prisão em flagrante.
· A segunda parte do § 4º do artigo 121 do Código Penal é criticada pela doutrina em razão da posição em que colocada dentro da norma, já que deslocada da apreciação do homicídio doloso.
· Seu objetivo, contudo, é o de impor maior proteção o menor de 14 anos e ao maior de 60, que, pelas reduzidas aptidões físicas, presume-se não conseguirem opor resistência às agressões que lhes são dirigidas.
§ 3º Se o homicídio é culposo:
 pena: detenção de 01 a 03 anos 
 em face da pena mínima cominada ao delito de 01 ano, o homicídio culposo comporta o benefício da suspensão condicional do processo, desde que presentes os demais requisitos previstos no art. 89 da Lei 9.099/1995.
§ 5º - Perdão Judicial – A disciplina do § 5.º do Código Penal contempla a hipótese de perdão judicial para o crime de homicídio culposo, pelo qual se confere ao Juiz a possibilidade de deixar de aplicar a pena, se as consequências do crime se revelarem tão severas que, por si só já implicam em punição.
· Um exemplo possível disso é o homicídio culposo em que o pai desastroso mata o próprio filho, por certo que sua a “culpa”, entendida aqui como a agrura de seu sofrimento emocional, já é punição suficientemente capaz de dispensá-lo da imposição de uma pena privativa de liberdade, pelo que a lei confere ao Juiz a faculdade de deixar de aplicar a pena. Também o acidente em que o próprio autor restou mutilado pode constituir hipótese a ensejar o perdão judicial.
§ 6º - Aumento de pena na hipótese da prática de crime por milícia privada ou grupo de extermínio – A causa especial de aumento do artigo 121 do código penal prevista aqui, recentemente acrescentada pela Lei n.º 12.720/12, autoriza o aumento da pena de 1/3 (um terço) até metade, se o homicídio foi promovido por milícia privada, que atuou motivada pela prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
· A rigor, quando da atuação de milícia privada, extrai-se a exigência de um dolo específico para a incidência do aumento, que é justamente o homicídio quando da realização de serviço de segurança.
· Quando a prática do crime decorrer da atuação de grupo de extermínio, contudo, não se exige essa motivação especial.
· Entretanto, o assunto é novo e, por sua relevância, passível de importante debate.

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