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Língua Portuguesa – Estrutura Básica Curso de Direito Aula 6 – Hipertexto e Habilidades de Leitura: identificação das marcas linguísticas e relações sintático-semânticas na leitura. Habilidades de Leitura Marcas linguísticas e relações sintático-semântica abril de 2020 Habilidades de Leitura Identificação das marcas linguísticas e relações sintático-semânticas. A apropriação da habilidade para ler e compreender um texto se configura como um importante elemento de libertação humana na medida em que amplia os seus horizontes de todas as formas. É o processo pelo qual o aluno deverá perceber por essa habilidade a pluralidade de sentidos que um texto pode oferecer. Sendo assim, para que se obtenha a habilidade de leitura, ou seja, da total compreensão de um texto e sua multiplicidade semântica é preciso compreender alguns conceitos. Então temos: Marcas Linguísticas Trata-se das palavras ou expressões utilizadas em um texto, propositadamente por parte do autor, para proporcionar ao leitor a diversificação de significações em seu conteúdo. São recursos que fazem da leitura a grande aliada do conhecimento que é. São os recursos que permitem ao leitor identificar variações linguísticas e as diversas significações possíveis. Exemplo: Leia o poema de Drummond “Faço e alguém me responde esta perguntinha à-toa: Como pode o peixe vivo morrer dentro da Lagoa?” (In Amar Se Aprende Amando Record, 1985) Seria incoerente se não fosse poesia, pois todos sabemos que o peixe não morre na água. Temos aqui algumas marcas que nos permitem uma interpretação muito rica. A expressão à-toa tem a função de minimizar uma questão que ninguém responde. E a expressão “Como pode?”: Até onde leva o poder de interpretação do leitor? O que levaria um peixe a morrer na água? E porque a expressão Lagoa está em maiúscula? Bem, levando em conta que o autor era mineiro de raiz e que em Minas Gerais não tem mar, esse peixe é de lagoa. A maiúscula é uma marca linguística que denuncia o nome do estado do Brasil. Observe que se trata de um poema curto de poucas palavras, porém, muito profundo em significação. Relações sintático-semânticas Primeiramente vamos relembrar alguns conceitos que vão determinar essas relações: Sintaxe: (do grego súntaksis,eós: organização, composição; tratado; construção gramatical) A sintaxe é uma parte essencial da gramática que faz o estudo das palavras dentro das frases e também das orações, e como essas palavras se relacionam entre si. Diz respeito à função, ou seja, qual o papel que os elementos representam em uma sentença. Semântica: (do grego sémantikós,ê,ón : que indica, que significa.) A Semântica é o estudo do sentido das palavras; sua tarefa é penetrar no domínio do significado das palavras que apresentam um sentido de base, um sentido contextual, um valor sociocontextual e ainda um valor expressivo. Vistos assim esses conceitos são claramente relevantes para a total compreensão de um texto. A organização das palavras dentro de uma oração e suas relações de significação são indissociáveis. Há alguns elementos dentro do texto que tem o poder e a função de mudar seu sentido. Abaixo apresentamos o quadro com os principais elementos: Classificação da relação e seus principais elementos articuladores Adição: E, nem, também, ainda, não só, mas também, além disso Ex: Não comi bolo nem torta. Ela pinta e borda. Oposição/concessão: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, embora, apesar de, mesmo que. Ex: Embora fizesse calor, levei agasalho. Eles precisam ter dinheiro, porém não estão trabalhando. Explicação/causalidade: porque, pois, visto que, uma vez que, já que Ex: Vou ao supermercado porque não temos mais frutas. Não fomos à festa visto que estava chovendo muito. Comparação: tal qual, mais que, menos que, como, tanto quanto. EX: Paula é estudiosa tanto quanto seu irmão. Condição: se, caso, desde que, quando EX: Se fizesse ginástica, emagreceria. Você será aprovado, desde que estude. Classificação da relação e seus principais elementos articuladores Alternância ou disjunção: ou...ou, ora...ora, seja...seja, quer...quer... EX: Ora pega na bochecha, ora na orelha. Quer esteja com fome, quer não esteja, você vai comer agora. Temporalidade/proporção: no momento em que, à medida que, quando, enquanto, quanto mais...mais, à proporção que. EX: Quando ouço esta música, penso em você. Ele melhorava sua forma física à medida que treinava. Finalidade: a fim de, para que, que,… EX: A aluna estudou durante muitas horas a fim de que não reprovasse. Conformidade: segundo, conforme, de acordo com, consoante. EX: O campeonato será disputado consoante as regras estabelecidas pelo comitê. Conclusão: portanto, assim, logo, então, assim, de modo que, por conseguinte. EX: Eu e minha família vamos mudar de cidade, portanto terei de sair do colégio. Para que fique claro: Quando substituímos dentro de uma frase ou oração alguns de seus componentes organizados para um determinado fim, seu sentido pode mudar. Isso é o que ocorre nas famosas questões de concursos que pedem que você aponte uma opção cujo conteúdo pode substituir um determinado texto, sem alterar o seu sentido. Ou seja, trocar um elemento por outro desde que se mantenha o mesmo sentido. Essa é a grande e fundamental importância dessas relações. Uma única palavra ou colocação pode modificar totalmente o sentido primeiro da mensagem a ser enviada ao leitor. HIPERTEXTO Entender o conceito de hipertexto é fundamental. O hipertexto é, em sua definição, uma forma de escrita e leitura não linear, com blocos de informação ligados a palavras, partes de um texto ou, por exemplo, imagens. Os textos, ao longo da história da humanidade, apresentam-se, em sua maioria, como narrativas retóricas e lineares, ou seja, a narrativa segue uma temporalidade linear, com acontecimentos subsequentes. Mas nem sempre foi assim, e hoje em dia também não é mais só assim... Antes de ter a forma que conhecemos atualmente, o livro já foi de tábuas de argila, de rolos de papiro, de folhas de papel costuradas. Nos últimos tempos, ganhou formato digital e abandonou as páginas de papel. No mundo contemporâneo, com o excesso de informações, a narrativa ganha uma estrutura hipertextual, com forma de organização em rede, facilitando a interatividade entre textos necessária para a busca da informação com mais rapidez. CONCEITO O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson, na década de 1960, para denominar a forma de escrita e de leitura não linear na informática. O hipertexto se assemelha à forma como o cérebro humano processa o conhecimento: fazendo relações, acessando informações diversas, construindo ligações entre fatos, imagens, sons, enfim, produzindo uma teia de conhecimentos. No hipertexto, o leitor passa a ter uma participação mais ativa, pois ele pode seguir caminhos variados dentro do texto, selecionando pontos que o levam a outros textos ou outras mídias para complementar o sentido de sua leitura. O leitor torna-se, assim, um coautor do texto, pois constrói tramas paralelas de acordo com seu interesse. Estrutura do hipertexto No entanto, o hipertexto não está somente na internet. Um livro de formato tradicional também pode ter sua estrutura interna em forma de hipertexto. Um livro de contos, por exemplo, pode ser lido sem seguir a ordem em que os contos foram organizados. As enciclopédias e os dicionários também apresentam estrutura hipertextual, já que indicam outros verbetes que complementam a consulta do leitor. E ainda há livros em que o autor coloca nas margens informações complementares ao texto principal, buscando o formato hipertextual. Estamos rodeados por hipertextos dentro e fora da internet. O hipertexto permite a interatividade e a livre escolha para começar a leitura por qualquer um dos textos que compõem a teia. O leitor é quem decide por quais passará, percebendo novos caminhos, ampliando os limites da leitura.