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Prof. Vinícius Albuquerque História Social da Arte UNIDADE I Estrutura da disciplina: Livro-texto com três unidades Unidade I – Arte: definições e conceitos Conceito de arte; Origem e função da arte Arte e História Percepção estética e mudanças históricas ao longo do tempo A imagem como documento histórico Por que História Social da Arte? História Social da Arte Estudos da arte: comunicação e expressão artística dos homens; discutir os conceitos de Arte e História; perceber mudanças históricas que produziram manifestações artísticas; discutir a análise estética de uma obra de arte e suas implicações sociais; a historicidade da produção; examinar as principais correntes da história da arte. Objetos dos Estudos sobre Arte: a historicidade da produção Arte como documento histórico: como fazer para que o historiador enfoque essa fonte com a mesma perícia apresentada ao ler um documento escrito? O que é Arte? Existe arte sem um artista e um observador? A obra de arte, antes de tudo, se relaciona com o ser humano de uma forma representativa e simbólica. Um artista dialoga com sua época e sua obra é produto de angústias e inquietações pessoais, sofrendo a influência de sua visão do mundo. Arte como documento histórico Teixeira Coelho: “a arte fora de um contexto histórico é arte sem memória”. Dificuldades em definir um conceito de arte: cada período histórico possui diferentes formas de expressão artística e cultural. Ao analisar uma obra é possível buscar compreender seu momento histórico e o ponto de vista do artista que a produziu, e vice-versa, pois a arte de um momento será igualmente fundamental para analisar sua história. Pareyson: existência de três momentos fundamentais no processo artístico: o fazer, o conhecer, o exprimir. Arte: Definições e Conceitos O que podemos entender como arte? Qual sua melhor definição? Existiria um único conceito suficientemente exaustivo e abrangente? “[...] desde que conservemos em mente que tal palavra pode significar coisas muito diferentes, em tempos e lugares diferentes”. Gombrich (1998, p. 15). No dicionário, a palavra “arte” está ligada à forma ou à maneira de se fazer algo, maneira concebida por meio de regras definidas. A palavra ainda pode estar associada à ideia de êxito ou de habilidade, travando correlação direta com o ideal de beleza. Conceitos sobre Arte Em latim, a palavra arte, formada a partir do radical ars, tem o significado de técnica ou habilidade. A palavra latina ars ou artis corresponde ao termo grego tékne, relacionando-se à experiência, ao saber fazer, ou seja, à produção. Mais do que à beleza, o termo está associado à destreza e à especialização em determinado ofício. A visão de arte ligada à inclinação racional para a produção faz parte da tradição aristotélica. Arte: Ars e Tékne Faz parte dessa forma de interpretação de arte concebê-la como um devir, um fazer, “um conjunto de atos pelos quais se muda a forma e se transforma a matéria oferecida pela natureza e pela cultura. Nesse sentido, qualquer atividade humana, desde que conduzida regularmente a um fim, pode chamar-se artística” (BOSI, 1985, p. 13). Ainda segundo Alfredo Bosi, a atividade artística envolve tanto o fazer (techné) como a criação (poiesis), possuindo um caráter técnico, racional e, ao mesmo tempo, outro mais subjetivo, relacionado ao prazer estético. Dessa forma, a arte é uma construção embasada na criatividade e no trabalho técnico. Sobre a Arte: Ars e Tékne (techné) Segundo Pareyson, “o fazer do artista é tal que, enquanto opera, inventa o que deve fazer e o modo de fazê-lo”. Dessa forma, uma práxis estética envolve potências lúdicas, críticas e experiências, além do modo único de ser de cada pessoa. Ars: a palavra latina, matriz do português “arte”, está na raiz do verbo “articular”, que denota a ação de fazer junturas entre as partes e o todo. Diante disso, a Arte também aparece como conhecimento. A relação do conhecimento com a arte está ligada à representação, ou seja, à mímesis. Esse termo tem amplo significado e pode se referir à imitação ou à reprodução Sobre a Arte: potências lúdicas, críticas e experiências Podemos diferenciar as percepções estética e científica. O artista vive o seu tempo, com visões de mundo, com o espírito da época, ideologias de classe e de grupo e com valores que se fazem presentes na hora da criação artística, demonstrando a ideia de que a arte também é conhecimento. A ideia de expressão está intimamente ligada a um nexo que se pressupõe existir entre uma fonte de energia e um signo que a veicula ou a encerra. Uma força que se exprime e uma forma que a exprime (BOSI, 1985, p. 50). Arte e Expressão Na expressão há força e forma: diferença entre livre expressão e a expressão que vai além do simples grito de dor para chegar à escultura. A expressão pode ser: emocional, simbólica ou alegórica. A expressão é mais do que um impulso, é um trabalho. Se Arte é expressão, neste sentido, é também construção e conhecimento. Arte e Expressão O conceito de arte pode ser problematizado e expandido, desmistificar a ideia de uma arte ligada exclusivamente aos museus e a espaços pré-concebidos, ressignificar a produção artística, inserindo-a em nosso dia a dia. É possível dizer, então que arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia (COLI,1995, p. 8). A arte e sua produção A Arte é uma das primeiras manifestações do ser humano, de sua presença e deixou seus registros para a posteridade. Reconstrução simbólica que o homem faz do universo ao seu redor, sua forma de ver o mundo – sentimentos, emoções, ideias transmitidas e reinterpretadas à luz do criador do objeto artístico. Arte é um processo, discurso. “Alma”: representação egípcia da alma do morto sob a forma de ave. Arte como construção simbólica Fonte: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_893/010.jpg As noções sobre beleza variam no tempo: além do caráter pessoal, existe também o aspecto cultural. Podemos considerar o homem um inventor de símbolos. Imaginação criadora, transmite suas ideias de múltiplas e variadas formas. Recria o ambiente ao seu redor e a si mesmo em um processo carregado de símbolos de múltiplas e variadas interpretações. Quando sonhamos, e todos nós sonhamos, estamos, através da imaginação, formando imagens, estórias, representações em nossas mentes. O homem é capaz tanto de imaginar quanto de fazer relatos daquilo que imaginou. Arte, a ideia de Beleza e a invenção de símbolos Ao estudarmos as relações entre as imagens e seus usos para o ensino de história, podemos considerar que: a) É possível criar um método para analisar todas as imagens. b) O principal ganho é obter as ilustrações para as aulas. c) Apesar do interesse crescente, existe pouca produção crítica sobre arte. d) Cada período histórico possui diferentes formas de expressão artística e cultural. e) O fato de cada período histórico possuir especificidades inviabiliza o estudo que aproxime história e imagens. Interatividade Ao estudarmos as relações entre as imagens e seus usos para o ensino de história, podemos considerar que: a) É possível criar um método para analisar todas as imagens. b) O principal ganho é obter as ilustrações para as aulas. c) Apesar do interesse crescente, existe pouca produção crítica sobre arte. d) Cada período histórico possui diferentes formas de expressão artística e cultural. e) O fato de cada período histórico possuir especificidades inviabiliza o estudo que aproxime história e imagens. Resposta Quando surgem as primeiras obras de arte? Qual a origemda Arte? Para haver arte, são necessários a obra e o artista. Processo de codependência: um não existe sem o outro. Pelas mãos do artista, a matéria-prima torna-se obra de arte. Origens da arte Origens da arte: a matéria-prima torna-se obra de arte Atlas, Michelângelo Pietá, Michelangelo Fonte: http://www.objetivo. br/conteudoonline /imagens/conteudo _652/A_3_3.jpg Fonte: http://www.objetivo. br/conteudoonline/ imagens/conteudo_ 652/A_3_1.jpg A conexão (artista/obra) nos remete a uma tríade composta por: formação de uma imagem na mente do artista; a comunicação dessa imagem por meio do objeto feito pelo artista; o observador, que olha tanto a obra como o seu produtor. É a conjuntura, entendida como um conjunto de circunstâncias ou acontecimentos em um determinado momento, que dá sentido a esse mundo. Expressão humana por excelência, é por meio da arte que o homem exprime sua visão de mundo e proclama suas ideias e sentimentos. Conexão entre Artista e Obra Observe as imagens: Existem semelhanças entre elas? Podemos dizer que uma se inspira na outra, ou seja, é uma releitura? Você acha que as duas obras foram feitas pelo mesmo motivo? Conexão entre Artista e Obra Monalisa, Roy Lichtenstein (EUA, 1923-1997) Monalisa, Leonardo da Vinci Fonte: http://www.objetivo.br/c onteudoonline/imagens /conteudo_25/01.jpg Fonte: http://www.objetivo.br/con teudoonline/imagens/cont eudo_10159/05.jpg A Arte, quanto à sua função, seria apenas para admiração? Por meio da arte podemos ter a percepção, a sensibilidade, a cognição do mundo, além de sua visão individual de trabalhar o próprio eu. É uma forma de interpretar simbolicamente o mundo dentro da concepção do indivíduo. Representa uma linguagem que ultrapassa o processo de comunicação. É uma forma simbólica de transmitir ideias e sentido ao que nos cerca. (PROENÇA, 2011). Função da arte Para Graça Proença existem três funções primordiais da Arte: a pragmática, a naturalista e a formalista. Função pragmática: caráter utilitário, finalidade em si mesma, não a artística; pode ser utilitária, pedagógica, religiosa, política ou cultural. Função naturalista: ressalta-se a representação da realidade; ser o mais natural e o mais próximo do real possível. Função formalista: a concepção estética ganha destaque. Transmitem-se ideias e emoções, minimizando os aspectos pragmático e naturalista. As três funções primordiais da Arte Qual é a relação entre a Arte e a História? A Arte tem História? História da Arte é uma disciplina independente ou deve ser analisada concomitantemente com outras áreas do conhecimento? Como o historiador analisa a Arte? Exemplo de pensamento histórico sobre a Arte: A arte bizantina demonstrava a autoridade absoluta e sagrada do imperador. Imagens sacras ou “ícones” dos russos ainda refletem essas grandes criações dos artistas bizantinos. (GOMBRICH, 1998, p.93) A Arte tem história? A arte bizantina e a egípcia apresentam convenções como a frontalidade. A representação de uma figura com postura rígida permite ao observador uma atitude de respeito e veneração. A reprodução frontal das personagens por parte do artista mostraria o respeito pelo observador. Importância do lugar ocupado por cada figura na composição e dos gestos. Representações e convenções Mosaico da Igreja de São Vital, em Ravena Fonte: http://www2.objetivo. br/conteudoonline/ imagens/conteudo_ 3238/02.jpg História, como ciência, analisa a imagem de diversas formas e como construção humana. A imagem nos informa muito sobre a sociedade que a produziu. Alguns historiadores analisam grandes épocas estilísticas, por exemplo, o Renascimento e o Barroco. Outros, o artista ou o movimento artístico. Para Dana Arnold, o problema é que as análises enfocadas no estilo e no próprio artista deixariam de lado aspectos importantes, como a temática e a função da obra de arte. A imagem na sociedade que a produziu A história social da Arte já está aberta para a problemática não só da produção, circulação (comercialização e outras mediações institucionais) e representação de seus objetos, como também de sua apropriação e consumo – ainda que, sobretudo, por via da teoria literária da recepção. Porém, de muito mais amplas consequências para nossos objetivos do que as teorias da recepção são as propostas que começaram a surgir há quase duas décadas, de incluir a materialidade das representações visuais no horizonte dessas preocupações e entender as imagens como coisas que participam das relações sociais e, mais que isso, como práticas materiais. Ulpiano Bezerra de Meneses (2003, p. 14). A imagem na sociedade que a produziu Dana Arnold (2008, p. 41): a História da Arte Não consiste apenas em descrever imagens que representam o mundo que julgamos ver [...]. É um meio de examinar a cultura e a sociedade de diferentes épocas e perceber como pensamos sobre esses períodos e como os pontos de vista mudaram ao longo do tempo [sendo possível] pensar questões em relação a temas como vida pública e privada, práticas religiosas e seculares, ativismo político e dominação cultural. A arte tem sido considerada por muitos como um diálogo visual e diálogo pressupõe a participação ativa do interlocutor. Arte como diálogo visual Para Fayga Ostrower (2001, p. 9): o ato de criar é “poder dar forma a algo novo”, e abrange “a capacidade de compreender, e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar”. Nós os orientamos de acordo com expectativas, desejos, medos, e sobretudo de acordo com uma atitude de nosso ser mais íntimo, uma ordenação interior. Em cada ato nosso, no exercê-lo, no compreendê-lo e no compreender-nos dentro dele, transparece a projeção de nossa ordem interior. (OSTROWER, 2001, p. 9) “a cultura serve de referência a tudo o que o individuo é, faz, comunica, à elaboração de novas atitudes e novos comportamentos e, naturalmente, a toda possível criação” (OSTROWER, 2001 p. 10). Percepção estética e mudanças ao longo do tempo A relação que temos com os objetos, independentemente de sua produção, refere-se ao universo estético e, ao contrário do que ocorre com as obras artísticas da atualidade, os homens nem sempre mantiveram as mesmas relações estéticas: Nossa percepção delimita o que somos capazes de sentir e compreender, corresponde a uma ordenação seletiva dos estímulos e cria uma barreira entre o que percebemos e o que não percebemos. Articula o mundo que nos atinge, o mundo que chegamos a conhecer e dentro do qual nós nos conhecemos. (OSTROWER, 2001, p. 13). Percepção estética e mudanças ao longo do tempo Fonte: http://www2.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_3363/100.jpg PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: Ática, 1995. p. 29 Sagrada Família, Gaudí Catedral gótica de Chartres Um dos principais motivos para o uso da arte no ensino de história é que: a) Por meio da arte podemos descobrir o que é belo e valioso. b) Por meio da arte conseguimos capturar todos os aspectos de uma sociedade. c) Atrai o interesse dos alunos por não precisar copiar o conteúdo exposto. d) Por meio da arte podemos admirar a genialidade presente em outras épocas. e) Por meio da arte podemos ter a percepção, a sensibilidade, a cognição do mundo, além de sua visão individual de trabalhar o próprio eu. Interatividade Um dos principais motivos para o uso da arte no ensino de história é que: a) Por meio da arte podemos descobrir o que é belo e valioso. b) Por meio da arte conseguimos capturar todos os aspectos de uma sociedade. c) Atrai o interesse dos alunos por não precisar copiar o conteúdo exposto. d) Por meio da arte podemos admirar a genialidade presente em outras épocas. e) Por meio da arte podemos ter a percepção, a sensibilidade, a cogniçãodo mundo, além de sua visão individual de trabalhar o próprio eu. Resposta Ainda a pergunta, como e quando surgiu a arte? Foi o Homo sapiens ou o Homo sapiens sapiens que a criou? Quem foi o primeiro hominídeo a produzir arte? Os primeiros pesquisadores acreditavam que o chamado homem primitivo não possuía a capacidade artística e intelectual do homem moderno. Ainda a pergunta, como e quando surgiu a arte? Fonte: http://www.objetivo.br/co nteudoonline/i magens/conteudo_3401 /mapa_08_pequeno.jpg (adaptado) A capacidade de um pensamento abstrato de criar símbolos diferenciaria o ser humano de outras espécies, e a arte rupestre seria uma forma de utilizar símbolos como forma de comunicação. Argan e Fagiolo (1994) afirmam que a arte é um processo envolvendo as relações entre a atividade mental e a atividade operacional e que é possível associar a produção artística dos povos anteriores ao aparecimento da escrita. A ordenação do mundo por meio de imagens, da criação de símbolos, não pode ser considerada obra do acaso, deve ser admitida como representação do comportamento simbólico e social dos grupos que a produziram. A arte rupestre como representação Uma imagem é composta de uma sintaxe própria, uma gramática visual que organiza a sua existência e conduz a sua compreensão. Para que esta se estabeleça, então, são agrupados elementos tais como o ponto, que exerce uma visível e grande atração sobre o olhar, raramente apresentado isoladamente, considerado o “átomo” de toda expressão pictórica, a linha, que constrói as formas e determina sua complexidade, e ainda o plano, a cor, a textura e o movimento, os quais podem inscrever-se sobre os mais variados suportes. Todas as imagens, da pintura à imagética virtual, são constituídas e dependem da articulação destes conceitos (SOUZA, 2009, p. 428). A imagem e a produção de sentidos Vialou (2007) indica quatro categorias metodológicas para pensarmos a arte pré-histórica. A primeira dessas categorias é a universalidade antrópica da arte pré-histórica e envolve a pesquisa antropológica a partir da evolução cerebral alcançada pelo homem moderno, disperso por todos os continentes. É a partir desse momento que surgem os primeiros sistemas de representações rupestres. A segunda categoria é a ubiquidade natural, que pressupõe a existência da arte pré-histórica em todos os continentes habitados pelo homem – e, de fato, as pinturas rupestres são encontradas em todos os continentes. Pensar a Pré-História Vialou (2007) indica quatro categorias metodológicas para pensarmos a arte pré-histórica. A terceira é a unidade das expressões, que parte do pressuposto de que a arte apresenta formas limitadas, com a indicação de sinais (formas geométricas) ou as imagens figurativas (formas de seres vivos). A quarta e última categoria é a heterogeneidade cultural da arte pré-histórica e refere-se à grande diversidade de culturas existentes no mundo do homem moderno. Pensar a Pré-História O “artista” do Paleolítico e do Neolítico: [...] que retratou nas rochas os fatos mais relevantes da sua existência, tinha, indubitavelmente, um conceito estético de seu mundo e da sua circunstância. A intenção prática da sua pintura podia ser diversificada, variando desde a magia ao desejo de historiar a vida de seu grupo, porém, de qualquer forma, o pintor certamente desejava que o desenho fosse “belo” segundo seus próprios padrões estéticos. Ao realizar sua obra, estava criando arte (MARTIN, 1996, p. 235). Hipótese interpretativa: considera que a arte rupestre possuía uma função mágica. O homem teria a única intenção de matar com a sua arte ou também buscaria criar animais? Pensar a Pré-História: arte no Paleolítico e no Neolítico Naturalismo das imagens e a capacidade do homem do Paleolítico de recriar a natureza que o cerca. Geralmente, os bisões são expostos com traços que denotam força e movimento, mas “nas imagens que exibem renas e cavalos, os traços revelam leveza e fragilidade” (PROENÇA, 1995, p. 12). Das cores: monocromia e policromia. Empregavam o preto, que extraíam do carvão vegetal, e cores como o amarelo e o vermelho, que obtinham de óxidos minerais. Esses pigmentos naturais eram mesclados com gordura animal. Pensar a Pré-História: arte no Paleolítico A pintura do Neolítico é marcada por representações estilizadas ou simbólicas, ao contrário do naturalismo do Paleolítico. A figura humana aparece mais amiúde e é retratada em cenas de caça e de dança. Essas pinturas são predominantemente monocromáticas, com ascensão do vermelho, mas também há algumas em preto e branco. No início, faziam o contorno do desenho e depois o preenchiam por completo. Outra característica é que essas pinturas foram realizadas ao ar livre, em abrigos rochosos, ao contrário das pinturas e gravuras do Paleolítico. Começaram as representações da vida coletiva. Pensar a Pré-História: arte no Neolítico Bisão ferido por flechas, Niaux, sul da França Ideia de movimento por meio da imagem fixa Fonte: http://www.objetivo.br/con teudoonline/imagens/cont eudo_9591/009b.jpg Fonte: http://www.objetivo.br/cont eudoonline/imagens/conte udo_9803/177.png Após a 2ª Guerra Mundial, os historiadores passaram a refletir sobre a sua prática, o seu campo de saber e sobre a sua própria história. A Escola dos Annales teve um papel fundamental: Baseada nas críticas formuladas desde a aurora do século XX, o movimento dos Annales vem com o objetivo de revolucionar o trabalho e o universo científico do historiador. Será dessas críticas que a escola dos Annales extrairá seu caráter inovador, da história-problema à promoção de pesquisas coletivas (DOSSE, 2003, p. 48). A arte e a história: a imagem como documento histórico A micro-história: Trata-se, essencialmente, de um deslocamento de foco da objetiva, que aumenta o número e o tipo de dados possíveis, de fazer emergir outras configurações onde aparecem, em toda a sua complexidade, concretamente, as relações sociais e as estratégias individuais e coletivas: considerar as condutas pessoais e os destinos familiares permite, melhor que agregados estatísticos, compreenderem-se as racionalidades específicas que informam os comportamentos de tal ou tal categoria social, muitas vezes nos interstícios de sistemas normativos cuja coerência inexiste (BOUTIER; JULIA, 1998, p. 47-8). Carlo Ginzburg: O Queijo e os Vermes. A micro-história Jacques Le Goff (1990, p. 541), em seu livro História e Memória, afirma que existe uma verdadeira revolução documental, pois o interesse da memória coletiva e da história já não se cristaliza exclusivamente sobre os grandes homens, os acontecimentos, a história que avança depressa, a história política, diplomática, militar. Interessa-se por todos os homens, suscita uma nova hierarquia mais ou menos implícita dos documentos. São dois os obstáculos mais comuns que o historiador deve enfrentar ao trabalhar com uma imagem: o criador pode estar vivo ou não, além disso, os artistas não fazem suas obras para que possam ser testemunhas oculares do passado. Le Goff – História e Memória É importante que o pesquisador tenha a clareza de que, como todas as pessoas, os artistas também possuem um ponto de vista sobre o mundo em que vivem e trabalham. Não podemos esquecer que as imagens herdam de seus criadores sentidos e significados. Eduardo França Paiva (História e Imagem) ressalta: os problemas de se trabalhar com fontes visuais criadas por pessoas que, além da técnica, possuem inspirações e anseios, condutas e ideologias. Eduardo França Paiva: História e Imagem A iconografia é uma fonte rica, que traz embutidas as escolhas do produtor e todo o contexto [...] (PAIVA, 2002, p. 17). A imagens não são simples “ilustrações”, “figuras”, “gravuras”e “desenhos”, que servem para deixar o texto mais colorido, menos pesado e mais chamativo. A iconografia é registro histórico, realizado por meio de ícones, de imagens pintadas, desenhadas, impressas ou imaginadas e, ainda, esculpidas, modeladas, talhadas, gravadas em material fotográfico e cinematográfico. São registros com os quais os historiadores e os professores de História devem estabelecer um diálogo contínuo. É preciso saber indagá-los e deles escutar as respostas (PAIVA, 2002, p. 17). Eduardo França Paiva: História e Imagem Sobre os usos da arte na História, podemos afirmar que: a) A ordenação do mundo não se relaciona com a produção de imagens. b) A criação de símbolos não pode ser considerada obra do acaso e é representação do comportamento simbólico e social dos grupos produtores. c) A criação aleatória revela mais do que a criação artística. d) A criação dos símbolos, sempre ao acaso, dificulta os estudos de arte. e) A criação de símbolos, mesmo não sendo acaso, é menos representativa das relações nas sociedades do que os escritos e textos nela construídos. Interatividade Sobre os usos da arte na História, podemos afirmar que: a) A ordenação do mundo não se relaciona com a produção de imagens. b) A criação de símbolos não pode ser considerada obra do acaso e é representação do comportamento simbólico e social dos grupos produtores. c) A criação aleatória revela mais do que a criação artística. d) A criação dos símbolos, sempre ao acaso, dificulta os estudos de arte. e) A criação de símbolos, mesmo não sendo acaso, é menos representativa das relações nas sociedades do que os escritos e textos nela construídos. Resposta Para Barthes, as imagens são portadoras: de uma dupla mensagem: uma codificada (conotação), que remete a um determinado saber cultural e seus significados, e outra não codificada (denotação), cujo caráter analógico pressupõe a capacidade da imagem de reproduzir o real. Como uma imagem é capaz de provocar uma cadeia flutuante de significados entre a linguagem literal denotada e a linguagem simbólica conotada, o conteúdo relativo desses dois elementos varia conforme o tipo de iconografia que estamos analisando. Na obra de arte [...] o valor simbólico é sempre o mais forte, uma vez que não há pintura ou desenho sem um estilo próprio do autor (BARTHES apud FELDMAN- BIANCO, 1998, p. 78). Roland Barthes e as imagens É preciso “levar em conta a historicidade de cada pintura (seus múltiplos vínculos com um universo de experiências sociais, incluindo a intervenção ativa da pintura nesse contexto como experiência específica)” (SILVA, 2000, p. 253). Hobsbawm, em sua obra Sobre História (1998, p. 8), destaca: Defendo vigorosamente a opinião de que aquilo que os historiadores investigam é real. O ponto do qual os historiadores devem partir, por mais longe dele que possam chegar, é a distinção fundamental e, para eles, absolutamente central, entre fato comprovável e ficção, entre declarações históricas baseadas em evidências e sujeitas à evidenciação e aquelas que não o são. A historicidade da imagem O real e a busca pela compreensão dos fatos podem trazer o passado para os nossos dias, trazer os ecos de uma vida que passou. Segundo uma das teses sobre a História escrita por Walter Benjamin; a verdadeira imagem do passado perpassa, veloz. O passado só se deixa fixar, como imagem que relampeja irreversivelmente, no momento em que é reconhecido. “A verdade nunca nos escapará” – essa frase de Gottfried Keller caracteriza o ponto exato em que o historicismo se separa do materialismo histórico. Pois irrecuperável é cada imagem do presente que se dirige ao presente, sem que esse presente se sinta visado por ela (BENJAMIN, 1994, p. 224). História é diferente de historicismo. A historicidade da imagem: Walter Benjamin Angelus Novus, Paul Klee. Fonte: http://periodicos.pucminas.br/index.php/ horizonte/article/view/427/837 Para Walter Benjamin o passado só se faz presente como imagem, e a imagem, como inferimos, é portadora de várias mensagens e de várias influências. Assim como ela, o passado se projeta aos nossos dias com diversas interpretações possíveis, e é por meio dessa imagem do que já passou que vamos buscar descobrir a realidade vivida. Peter Burke no seu livro Testemunha Ocular: História e Imagem, discute a possibilidade e as alternativas do uso de imagens na pesquisa histórica, apresentando algumas formas de estabelecer uma conversa com as fontes visuais: uma delas é o chamado método iconográfico ou iconológico. A historicidade da imagem: Walter Benjamin Para Burke (2004 p. 44-5): o método iconográfico surgiu em Hamburgo, antes da ascensão de Hitler. Esse método está dividido em três níveis. 1º: descrição pré-iconográfica, voltada para o “significado natural”, consistindo na identificação de objetos. 2º: a análise iconográfica no sentido estrito, voltado para o “significado convencional”. 3º: o da interpretação iconológica. Voltar-se para o “significado intrínseco”, para os princípios subjacentes. A historicidade da imagem: Peter Burke e o método iconográfico Contemporaneidade: enfoque feminista e teoria da recepção; diferentemente do método iconográfico, do psicanalítico e dos estruturalistas, ressalta a ação do contexto social sobre o homem e a mulher. Burke, por fim, argumenta o seguinte: quando as imagens são empregadas na pesquisa histórica, enriquecem e acrescentam muito à análise dos estudos do passado. A historicidade da imagem e a contemporaneidade 1. As imagens dão acesso não ao mundo social diretamente, mas sim a visões contemporâneas daquele mundo. [...] Os historiadores não podem dar-se ao luxo de esquecer as tendências opostas dos produtores de imagens para idealizar e satirizar o mundo que representam. Eles são confrontados com o problema de distinguir entre representações do típico e imagens do excêntrico. 2. O testemunho das imagens necessita ser colocado no “contexto” [...], incluindo as convenções artísticas para representar as crenças (por exemplo), em um determinado lugar e tempo, bem como os interesses do artista e do patrocinador original ou do cliente e a pretendida função da imagem. A historicidade da imagem e seus usos: Peter Burke 3. Uma série de imagens oferece testemunho mais confiável do que imagens individuais. 4. No caso de imagens, como no caso dos textos, o historiador necessita ler nas entrelinhas, observando os detalhes pequenos, mas significativos – incluindo ausências significativas –, usando-os como pistas para informações que os produtores de imagens não sabiam que eles sabiam ou para suposições que eles não estavam conscientes de possuir (BURKE, 2004, p. 44). A historicidade da imagem e seus usos: Peter Burke Paulo Knauss: a importância que as imagens tiveram no desenvolvimento histórico da humanidade, como o surgimento da escrita e dos primeiros vestígios da civilização que chegam até a atualidade por meio da arqueologia e dos desenhos feitos pelas civilizações antigas nas cavernas. “A visão vem antes das palavras”, por isso as imagens nos transmitem muito mais informações do que os textos escritos, demonstrando, com isso, o seu poder inerente. É fundamental para a História entender o processo histórico por meio da aplicação das imagens numa perspectiva chamada de cultura visual. A historicidade da imagem e seus usos: Paulo Knauss É preciso, portanto, considerar duas perspectivas gerais na definição de cultura visual: [...] a primeira entende a cultura visual de modo restrito, na medida em que ela corresponde à cultura ocidental, marcada pela hegemonia do pensamento científico [...] ou na medida em que a cultura visual traduz, especificamente, a cultura dos tempos recentes, marcados pela imagem virtual e digital, sob o domínio datecnologia [...]; a segunda perspectiva, que abarca diversos autores, considera que a cultura visual serve para pensar diferentes experiências visuais ao longo da história em diversos tempos e sociedades (KNAUSS, 2006, p. 110). A historicidade da imagem e seus usos: Paulo Knauss A dificuldade em dar conta da especificidade visual da imagem faz com que, muitas vezes, ela seja convertida em tema e tratada como fornecedora de informação redutível a um conteúdo verbal. Ou então considerada como ponte inerte entre as mentes de seus produtores e os observadores, ou mesmo, no geral, entre práticas e representações (MENESES, 2005, p. 40). “A análise por si só não justifica, tampouco tem interesse. Deve servir a um projeto, é este que vai dar a sua orientação, assim como permitirá elaborar a sua metodologia” (JOLY, 1996, p. 49). A historicidade da imagem e seus usos: especificidades e dificuldades Ao investigarmos indícios do real, além de nos preocuparmos com o “ponto de vista”, é preciso avaliar a técnica empregada e os símbolos que vagam entre o que vemos e entendemos e o que não distinguimos entre real e simbólico. Maria Sylvia Porto Alegre (1998, p. 75) utiliza na epígrafe de seu artigo a seguinte citação de Roland Barthes: “Graças ao que, na imagem, é puramente imagem (e que, na verdade, é muito pouca coisa), podemos passar sem as palavras e continuarmos a nos entender”. É possível afirmar que as imagens, além de serem compostas do real, possuem um conjunto de práticas culturais, simbólicas que possibilitam o entendimento do implícito. A historicidade da imagem e seus usos: especificidades e dificuldades Sobre a utilidade da noção de História Social da Arte, podemos considerar que: a) As imagens são uma chave de acesso direto ao mundo social. b) Deve-se separar a análise das opiniões de sua época. c) As imagens, na maioria das vezes, confundem muito mais do que esclarecem. d) As imagens dão acesso, não ao mundo social diretamente, mas sim a visões contemporâneas daquele mundo. e) Um erro comum no uso das imagens é sempre interpretá-las, uma vez que isso escapa às intenções originais dos produtores e artistas. Interatividade Sobre a utilidade da noção de História Social da Arte, podemos considerar que: a) As imagens são uma chave de acesso direto ao mundo social. b) Deve-se separar a análise das opiniões de sua época. c) As imagens, na maioria das vezes, confundem muito mais do que esclarecem. d) As imagens dão acesso, não ao mundo social diretamente, mas sim a visões contemporâneas daquele mundo. e) Um erro comum no uso das imagens é sempre interpretá-las, uma vez que isso escapa às intenções originais dos produtores e artistas. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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