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Nesta webaula, vamos estudar as fases do aconselhamento. Descoberta inicial: o vínculo e a compreensão da queixa O processo de aconselhamento possui determinadas etapas nas quais algumas tarefas estão presentes e contribuem para uma intervenção bem-sucedida. Em um primeiro momento, na etapa inicial, o foco está na identi�cação e análise inicial de problemas especí�cos, da queixa, trazida pelo cliente. Nesse momento, ocorrerá também o processo de criação de um vínculo na relação conselheiro (terapeuta) – cliente. Nesse momento o cliente terá a difícil tarefa de trazer à tona a questão que o levou para o aconselhamento. Enquanto ao conselheiro cabe estar atento aos temas importantes que serão trazidos e estabelecer as condições que gerem con�ança no cliente, que contribuirá para o desenvolvimento do vínculo com o conselheiro. Fonte: Shutterstock. Condições interiores necessárias à fase da descoberta inicial O trabalho da descoberta inicial, a primeira fase do processo do aconselhamento, onde se revelam a queixa bem como se desenvolve o processo de vinculação entre o cliente e o conselheiro, se dá através de quatro condições necessárias para que esse processo �ua com qualidade. A ausência de uma delas pode di�cultar seriamente o trabalho de descoberta. As condições interiores necessárias à fase da descoberta inicial são: empatia consideração positiva Aconselhamento e Orientação em Psicologia Fases do aconselhamento Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! Vamos compreender melhor cada uma dessas condições. Empatia A empatia envolve duas habilidades principais: perceber e comunicar. Perceber diz respeito à atenção aos temas e questões recorrentes trazidas pelo cliente. À medida que o cliente revela informações sobre si, alguns temas formam-se rapidamente no primeiro plano de percepção do conselheiro, enquanto outros permanecem no segundo plano. É o processo de tomar contato com os temas que são evidentes aos dois participantes do processo de aconselhamento. ç p autenticidade concreção Com relação à comunicação, a empatia primária envolve a capacidade do conselheiro de fazer que o cliente perceba que um tema signi�cativo foi entendido. Isso pode ser feito tanto de maneira verbal quanto não verbal. Do ponto de vista não verbal isso pode ser entendido através de posturas, como cruzar os braços, posição das pernas, ou expressões, como franzir a testa. Com relação às comunicações verbais as respostas devem ser permutáveis, ou seja, a�rmações que apreendem os temas essenciais de uma declaração do cliente, mas não vão além do material evidente. Consideração positiva O interesse é expresso pelo entusiasmo que uma pessoa exprime por estar na presença de outra e pela quantidade de tempo e energia que está disposta a dedicar ao bem-estar da outra. A experiência de ter o interesse de outro ajuda desenvolver ou restaurar um senso de cuidado por si mesmo, produz energia e encoraja a responder às demandas da vida. O interesse do conselheiro pode aumentar o entusiasmo do cliente pelo trabalho e pelo crescimento. Autenticidade Rogers (1942) inicialmente de�niu autenticidade como a característica da transparência, da veracidade, da honestidade ou da autenticidade. Para ele, isso signi�ca uma disposição para compartilhar o próprio eu interior e apresentar pensamentos e sentimentos ao cliente, de modo a não manipulá-lo ou controlá-lo. Autenticidade signi�ca apresentar-se honestamente ao cliente, sem defesas, objetivos ocultos ou uma imagem cuidadosamente manipulada. São sinônimos de autenticidade: sinceridade, imparcialidade e consistência. Concreção O trabalho do aconselhamento visa ajudar os clientes a passarem de uma situação de confusão para um estado de maior clareza sobre os problemas com os quais estão se deparando. Esse processo requer que cliente e conselheiro se comuniquem clara e especi�camente um com o outro. Para tanto, é necessário que esse processo de comunicação seja concreto, claro, evitando expressões imprecisas, obscuras e abstratas que possam interferir no trabalho de esclarecimento com o cliente. O pro�ssional deve atentar para que suas possíveis falas que não venham a facilitar esse processo. Essas falas podem ter origem relativa a uma di�culdade de compreensão do cliente e de sua queixa. Nesse sentido, pedir-lhe esclarecimentos pode ajudar. Falas complicadas com o intuito de impressionar o cliente, necessidade de controle ou medo de ferir o cliente devem ser evitados e suas causas trabalhadas. Atenção à comunicação! Algumas posturas podem bloquear a comunicação com o cliente, como dar conselhos (o cliente �ca em uma situação defensiva e cria barreiras na relação), dar aula (o cliente pode ver o conselheiro nesse contexto como uma �gura autoritária), fazer questionamentos excessivos (é importante tentar alternativas à utilização excessiva de perguntas), contar histórias pessoais. Exploração dos problemas: profundidade e insights Na fase de exploração dos problemas, a queixa e os temas levantados na primeira fase serão trabalhados em profundidade. Cliente O trabalho do cliente implica tomar contato mais profundo com temas e problemas apresentados na primeira fase. Envolve classi�car os objetivos resultantes do aconselhamento e desenvolver novas descobertas e insights, a eles relacionados, sobre o próprio eu e sobre os outros. Conselheiro Para o conselheiro, o trabalho implica ajudar o cliente a desenvolver novas compreensões através da empatia e do uso técnicas e intervenções estruturadas, se necessário. Um objetivo decisivo da experiência do aconselhamento é que o cliente passe a ter insights. Tal processo é um dos principais objetivos na segunda fase do processo de aconselhamento (exploração de problemas). Isso se justi�ca através da premissa de que a tomada de consciência leva a ao crescimento. Fonte: Shutterstock. Desenvolvimento de insights Os insights se desenvolvem através do processo de exploração de temas, padrões, preocupações e problemas signi�cativos. Durante a primeira fase, alguns desses aspectos são identi�cados. Na segunda, tornam-se o foco da atenção e são explorados em profundidade. À medida que o cliente explora e o conselheiro apresenta um feedback, elementos dos pensamentos do cliente que estavam no fundo emergem ao primeiro plano. Durante esse processo, pressupostos, convicções, motivações, inconsistências e contradições tornam-se mais claras para o cliente. Os insights mais profundos e mais difíceis de serem assimilados são aqueles que se referem ao “eu”. Eles dizem respeitos a emoções vividas, objetivos pessoais, sentimentos relacionados a si próprio etc. Contribuir para que o cliente desenvolva insights sobre o eu leva tempo e pode gerar resistência. Nesse sentido, cabe ao conselheiro controlar o tempo para que o cliente receba novas informações, de forma que ele consiga assimilá-las. Princípios de feedback O feedback pode ser entendido como informação sobre os efeitos das ações ou declarações de uma pessoa. Os feedbacks podem ser categorizados em alguns princípios, que estão descritos a seguir. 1. É difícil receber feedback Todo feedback, mesmo quando de aprovação, encontra alguma resistência. Muitas vezes, ao recebermos feedback de aprovação, experimentamos emoções mistas: apreciamos e, ao mesmo tempo, sentimo-nos incomodados. O feedback crítico tipicamente encontra resistência. Se oferecido num contexto de atenção e apoio, podemos ser capazes de acolher algo dele. 2. O feedback pode não ser condizente com a autoimagem de quem o recebe O feedback que não se ajusta à imagem que a pessoa faz de si mesma será ainda mais difícil de ser aceito do que o feedback compatível com a autoimagem. Se um cliente me diz que aprecia meus insightse sensibilidade, posso aceitar esse feedback; ele se ajusta e é compatível com o modo como percebo a mim mesmo. Porém, se um cliente diz que eu não compreendi a profundidade de suas preocupações, minha reação tende a ser defensiva: muito provavelmente reagirei de modo que impede o feedback de chegar além da superfície; o feedback não se ajusta à imagem que faço de mim mesmo, e aceitá-lo é uma experiência dolorosa. O feedback aprobativo que não se ajusta às percepções que tenho de mim mesmo também será bloqueado. 3. O feedback demora para ser internalizado Resiste-se à grande parte do feedback. Ele nunca é plenamente incorporado no momento em que é recebido: grande parte disso, particularmente aquilo que não se ajusta às percepções que temos de nós mesmos, é rejeitada ou não é levada em conta. Outras partes são reconsideradas várias vezes, antes de serem aceitas. Incorporar ou fazer que o feedback se ajuste é um processo lento; mesmo quando desejamos isso, resistimos. Fonte: Shutterstock. 4. O feedback é recebido de forma mais produtiva quando a fonte é con�ável e o contexto é favorável O feedback é mais fácil de ser aceito se vem de uma fonte con�ável e em um contexto favorável. Uma fonte con�ável é uma pessoa cujos juízos, percepções, bem como em um contexto favorável, de calma e acolhimento, contribuem para que o feedback seja recebido de maneira produtiva. O feedback é mais fácil de ser aceito quando transmitido em linguagem direta ao invés de defensiva ou obscura. Uma fala clara requer linguagem direta e concreta. A linguagem vaga obscurece as mensagens e torna difícil sua compreensão para o receptor. Técnicas: estruturação e condução As técnicas de aconselhamento podem se dividir em: Estruturadoras As declarações estruturadoras têm por �m auxiliar o cliente a compreender o caráter do processo de aconselhamento e suas funções. Condutoras As respostas condutivas têm por �m fazer que o cliente examine suas próprias declarações. As técnicas de estruturação ajudam a manter a conversa no sentido da sua intenção inicial. Alguns clientes chegam para o aconselhamento sem terem ideia do que esperar do processo, enquanto outros podem perder a vontade ou a referência durante o processo. Nesses momentos, a volta à estruturação para que o cliente se lembre das funções de cada participante e para mudar o foco à medida que o progresso no processo de aconselhamento acontece. Além das a�rmações que visam estruturar o processo de aconselhamento, existe um conjunto mais amplo de respostas que lidam diretamente com o conteúdo e o sentimento envolvidos na fala do cliente. O conselheiro tem várias respostas possíveis a qualquer declaração feita: Pode parafrasear a a�rmação do cliente. Pode interpretá-la como tendo um signi�cado psicodinâmico particular. Pode descartá-la, introduzindo uma nova linha de pensamento. O conselheiro atua apoiando a ação do cliente, ajudando-o a ter consciência do processo e dos possíveis resultados de sua ação. Quando o cliente não consegue ter uma ação, ainda que ela tenha sido discutida e planejada anteriormente, o conselheiro pode atuar ajudando o cliente a aumentar ao máximo a consciência e a previsão de resultados positivos, a minimizar o medo de resultados negativos e a exercitar habilidades concretas para implementar um modo de ação. O processo não é de encorajamento cego, mas de um cuidadoso planejamento das contingências e de uma mobilização da capacidade do cliente para lidar com uma multiplicidade de resultados. Se o conselheiro considera que o cliente vai se bene�ciar re�etindo mais profundamente sobre o que acabou de falar, então ele parafraseia a fala do cliente. Se percebe que o cliente está pronto para ter um novo insight a partir de uma interpretação e não será ameaçado de forma excessiva pelo conteúdo da interpretação, pode elaborar uma interpretação. Se acredita que a conversa passou a apresentar um conteúdo de menor importância e que o cliente está disposto a trabalhar sobre material mais signi�cativo, o tema da conversa pode ser mudado. Preparação para a ação Na etapa �nal do processo de aconselhamento, o cliente já deverá apresentar mudanças como maior autoconhecimento, con�ança e maturidade, sentindo-se mais capaz para lidar com os seus desa�os e questões. Quando o processo de aconselhamento chega à sua terceira fase, é possível que nenhum modo de ação claro tenha emergido dos processos de primeira e segunda fases. Quando o conselheiro começa a sentir que a descoberta e a exploração estão chegando ao �m (pouca perspectiva nova está sendo acrescentada), passa a estruturar o aconselhamento para levar o cliente a considerar as ações possíveis. Uma das formas de se realizar essa ação é através do método cientí�co de solução de problemas. Através dele, são examinados os recursos disponíveis para a tomada de decisão. Os passos desse processo são os seguintes: 1. Determine o problema claramente. 2. Reúna as informações necessárias. 3. Desenvolva e avalie as alternativas. 4. Escolha e implemente um modo de ação. 5. Avalie os resultados. 6. Esclareça quaisquer problemas que restem, e, se necessário, repita o processo. Porém, os clientes frequentemente podem apresentar di�culdades em tomadas de decisão, mudanças de comportamento e ação. Essas di�culdades, ainda que o cliente tenha sido protagonista na decisão da mudança de comportamento ou tomada de decisão, podem ocorrer principalmente pelos seguintes motivos: Qualquer novo modo de ação, por ser desconhecido, inclui o risco do fracasso, não importa quão logicamente tenha se originado. Antigos comportamentos têm suas grati�cações próprias, ao lado da angústia que provocam. Ainda que a mudança possa reduzir a angústia, ela também pode reduzir as grati�cações. Atuação do conselheiro na �nalização do processo De forma geral, é interessante programar uma ou duas sessões a mais ao trabalho de acompanhamento e ao auxílio ao cliente para aplicar o que aprendeu. Assim, na última sessão, o cliente e o conselheiro já estarão preparados. Em algumas situações, o encaminhamento se faz necessário durante a realização de um aconselhamento psicológico. As di�culdades do cliente podem estar acima das habilidades do conselheiro ou também o caso pode exigir intervenções especiais. Esperamos que você tenha compreendido as fases do aconselhamento. Continue pesquisando sobre esse tema para aprofundar seus conhecimentos. Situação-problema Conforme vimos, a �nalização do processo de aconselhamento ocorre quando o cliente já apresenta mudanças como maior autoconhecimento, con�ança e maturidade, sentindo-se mais capaz para lidar com os seus desa�os e questões. Para muitos clientes, o processo de descrever suas preocupações para o conselheiro reduz a tensão e os liberta para pensar sob diferentes perspectivas sobre suas vidas. No entanto, a �nalização do processo de aconselhamento pode vir acompanhada de possíveis resistências do cliente e ações a serem realizadas. Pode haver um modo de ação que pareça adequado para aliviar as preocupações do cliente, mas que lhe seria muito exaustivo levar a cabo. Pode ser que as causas da di�culdade do cliente não estejam sob seu controle. Nesse caso, o cliente pode ser ajudado a conviver mais satisfeito com uma situação desfavorável ou, dentro das possibilidades, o conselheiro pode atuar modi�cando o meio, contatando professores, pais, companheiros, caso a intervenção seja plausível no caso. Em algumas situações, o encaminhamento se faz necessário durante a realização de um aconselhamento psicológico. As di�culdades do cliente podem estar acima das habilidades do conselheiro, ou também o caso pode exigir intervenções especiais. Considere que você esteja realizando há um tempo um processo de aconselhamento e que as coisas não saíram como imaginado. O caso se tornou demasiado complexo para um processo de aconselhamento, com o cliente apresentando excessiva resistência, além de problemas que exigem o acompanhamento de pro�ssionais de outras áreas. Como lidarcom uma situação em que um encaminhamento seja necessário e como realizá-lo? Resolução da situação-problema Ajudar os clientes a trabalharem a resistência é, muitas vezes, uma tarefa importante no processo de encaminhamento. A maioria das pessoas não aceita sua necessidade de ajuda especial e, mesmo que concorde com a ideia de tratamento especial, ainda pode resistir. Ao optar pelo encaminhamento, o conselheiro deve contar, pelo menos, com uma sessão inteira para trabalhar as resistências do cliente. Algumas técnicas úteis de aconselhamento incluem: Apoio ao cliente. Apresentação gradual da ideia de encaminhamento. Reconhecimento empático dos temas que emergem em reposta à ideia. Disposição para dar informações ou acompanhar o cliente.
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