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Falência O Direito Concursal abrange a Recuperação Judicial, instituto voltado para o reerguimento do devedor empresário, a Falência, que é forma de dissolução de sociedade e de realização do ativo do devedor, a Liquidação Extrajudicial, que é um procedimento voltado ao afastamento do devedor submetido a órgãos governamentais, e a Insolvência Civil, que é o procedimento voltado a instaurar a execução coletiva de pessoas físicas e pessoas jurídicas não empresárias, tais como sociedade simples, associação, entre outras. Este presente trabalho visa analisar o instituto de Falência e demonstrar suas características e consequências, pois é uma forma de dissolução de sociedade e de realização do ativo do devedor. A Falência consiste em situação legal derivada de uma decisão judicial em que se instaura uma decisão judicial em que se instaura uma execução concursal do devedor empresário, na qual são praticados atos jurídicos, sob supervisão judicial, destinados a identificação dos credores , apuração, avaliação e alienação de ativos, bem como para disciplinar quanto aos bens, contratos, obrigações e a condição de empresário do devedor. A Lei 11.101/2005, regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Essa legislação prevê desde a classificação dos créditos e o procedimento para a decretação da falência, até as consequências do processo. O capitulo IV da lei especificamente em seus artigos 73 e 74 trata da convolação da recuperação judicial em falência, e prevê as condições em que a falência pode ser decretada pelo juiz. São elas: • Por deliberação da assemblei-geral dos credores; • Pela não apresentação, pelo devedor, d plano de recuperação no prazo estipulado pela lei; • Quando for rejeitado o plano de recuperação; • Por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação. A presente lei visa garantir a isonomia entre os credores para a liquidação dos ativos da empresa. Uma empresa que não arca com seus compromissos financeiros pode quebrar consequentemente será decretada sua falência. Para evitar que ocorra uma lesão no mercado onde pode até mesmo acarretar a falência de outras empresas a Lei 11.101/2005 vem dispor sobre a Falência que visa garantir uma segurança jurídica e econômica para os credores. A presente lei prescreve em seu artigo 75 que “a Falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recurso produtivos, inclusive os intangíveis da empresa”. Para tanto deverá seguir o princípio da celeridade e da economia processual. Esses princípios devem ser obedecidos para que preservem os bens e as atividades, pois a delonga neste processo pode acarretar a deterioração dos ativos da empresa. Ao ser instaurado um processo de Falência surge um princípio essencial, que é o da condição de paridade entre os credores, ou a condicio creditorum, que consiste no princípio do direito concursal, no qual devem ser assegurados a todos os credores igualdade de tratamento e de direitos na execução concursal, considerando as suas condições e tipos de créditos, para evitar que alguns credores que estejam dentro de uma mesma categoria de crédito seja beneficiado em detrimento do outro. Fases da Falência a luz da Lei 11.101/2005: 1- Decretação de Falência (art. 94 a 101) 2- Arrecadação e custodia de bens (art. 108 a 114) 3- Habilitação e verificação de créditos (art. 7º a 20) 4- Execução dos contratos da massa (art. 115 a 128) 5- Ineficácia e revogação dos atos (art. 129 a 138) 6- Realização dos ativos (art. 139 a 148) 7- Pagamento aos credores (art. 149 a 153) 8- Encerramento da Falência (art. 154 a 160). O processo falimentar se inicia-se com a sentença que decreta a Falência. Até então estamos diante da fase pré-falimentar (sentença declaratória de falência). A Lei 11.101/2005 prevê que essa fase tem o objetivo de conhecimento, devendo constar ou não o estado de falimentar do devedor. A fase pré-falimentar instaura-se com a petição inicial, de iniciativa de um dos credores ou do próprio devedor. A legitimidade ativa está prevista no art. 97, e tem uma observação importante a ser destacada no §1º, caso o credor seja considerado empresário para que ele requeira a falência de seu devedor ele deverá estar devidamente registrado no órgão competente. O inciso I do art. 97 refere-se à autofalência, onde o próprio devedor requer sua falência, já no inciso II, trata do cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante, no inciso III, dispõem dos cotistas e acionistas em próprio nome além do inciso IV, que prevê que qualquer credor pode requerer a falência. No caso de decretação de autofalência, onde o próprio devedor considera que não tem condições de recuperar a empresa e nem de cumprir com seus compromissos, adimplindo com seus devedores e nem tendo mais ativos que passivos, ele próprio faz o pedido da autofalência, porem deve seguir os ditames dos arts. 105 a 107 desta lei para que ele possa requerer a falência. Para que seja decretada a falência deve cumprir alguns pressupostos, sendo eles a impontualidade, execução frustrada e atos ruinosos. No caso do pedido de falência baseado na impontualidade do credor está previsto no art. 94 da lei 11.101/2005 em seu inciso I que a falência pode ser decretada quando quando, sem relevante razão de direito, o devedor não paga, no vencimento, obrigações liquidas representadas em títulos executivos judiciais ou extrajudiciais, devidamente protestados, cuja quantia seja superior a 40 salários mínimos na data do pedido da falência. No caso do pedido da Falência com base na Execução Frustrada, dispõe o art. 94, inciso II da mesma lei que o credor que possua um título executivo (judicial ou extrajudicial) a receber do devedor pode pedir a Falência quando demonstrar que, em execução por qualquer quantia liquida, não paga, não deposita e não nomeia bens suficientes dentro do prazo legal. A falência com base no pressuposto da Execução Frustrada baseia-se na premissa de que a ausência de pagamento ou garantia de bens penhoráveis em quaisquer espécies de execução confirma que os seus ativos são insuficientes para honrar o passivo, confirmando, assim, a necessidade de declaração de sua falência. Quanto aos atos ruinosos, a lei disciplina condutas do devedor que, independentemente da apuração de ser o seu ativo menor que o passivo, já inclinam o juiz a declarar a sua falência. São sistemas determinantes da insolvência: a) estado patrimonial deficitário (insuficiência do ativo do empresário para saudar seu passivo), b) cessação de pagamento (presunção de insolvabilidade), c)impontualidade (não pagamento injustificado de determinada obrigação líquida no seu vencimento), d) enumeração legal (pratica de atos de falência). A falência não será decretada se o requerente comprovar os requisitos previstos no art. 95. Já no caso de citação do devedor ele terá um prazo para contestar que será de 10 dias, como prevê o art. 98, contudo seu parágrafo único aduz ser possível o depósito que evita a falência, devendo abranger o principal, juros, correção monetária, custas processuais e honorários advocatícios. Caso seja decretada a falência, caberá Agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação. Na fase falimentar o juiz e o maior protagonista pois será ele o responsável pela prolação das decisões sobre as habilitações de créditos e impugnações, sobre a continuação ou não das atividades desempenhadas na empresa, sobre vendas de ativos para evitar deterioração, se aceita os pedidos de restituições e embargos de terceiros, sobre prisão do administrador da empresa entre outras decisões. Existem três figuras importantes no processo falimentar: o administradorjudicial, comitê de credores e assembleia de credores. O administrador judicial e nomeado pelo juiz para conduzir o processo falimentar, com competência para praticar os atos de ofício, somente som supervisão do juiz e dos credores. O comitê de credores tem a finalidade supervisionar o administrador judicial, sendo um órgão facultativo e, na sua ausência, a sua função será desempenhada pelo juiz e pelos credores. E a assembleia de credores tem duas funções: eleger os membros do comitê de credores e decidir sobre a forma de alienação especial dos bens na falência. Consequências ocasionadas pela falência: a) Em relação a pessoa do devedor: • Falência dos sócios de responsabilidade limitada; • Apuração de eventual responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada (ação prescreve em 2 anos); • Inabilitação empresarial; • Perda do direito de administração dos seus bens e da disponibilidade sobre eles (formação de massa falida objetiva); • Não pode ausentar-se do lugar da falência sem autorização do juiz; • Comparecimento em todos os atos da falência; • Suspenção do direito ao sigilo à correspondência e ao livre exercício da profissão; • Dever de colaboração com a administração da falência. b) Em relação aos bens do devedor: • Formação de massa falida objetiva (arrecadação de todos os bens do devedor, exceto os absolutamente impenhoráveis). c) Em relação as obrigações do devedor: • Suspenção do direito de retenção (sobre os bens sujeitos à arrecadação), de retirada ou recebimento do valor de quotas ou ações por parte dos sócios da sociedade falida; • Vencimento antecipado das dividas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis (com abatimento proporcional dos juros e conversão de todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do país); • Limitação a compensação de dividas do devedor até o dia da decretação da falência; • Inexigibilidade de juros vencidos, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados; • Continuidade dos contratos que puderem ser cumpridos e que possam reduzir ou evitar o aumento do passivo. d) Em relação aos credores do falido: • Formação da massa falida subjetiva (procedimento de verificação e habilitação dos créditos). e) Em relação aos atos do falido: • Fixação do termo legal da falência (ineficácia dos atos). Ato continuo à fase de habilitação de créditos e definições do quadro geral dos credores, procede-se à arrecadação, avaliação e venda dos ativos. A arrecadação, prevista no art. 108, da lei 11.101/05, é o procedimento pelo qual o administrador apreende bens, livros e documentos, com o objetivo de resguardar os interesses da massa falida e evitar a dilapidação do patrimônio ou da sua venda pelo devedor. Efetuada a arrecadação, passa-se à fase de avaliação, e posterior venda dos ativos, seguindo as formas previstas no art. 140 da referida lei. Os bens objeto de alienação estão livres de quaisquer ônus que estejam gravando o bem, e o arrematante não está sujeito a qualquer obrigação do falido, salvo quando os arrematantes se enquadrem entre aqueles previstos no art. 141, parágrafo primeiro, da LRF, no caso as pessoas ligadas ao devedor falido. Para venda dos bens eles seguem três procedimentos previstos no art. 142, sendo eles; a) leilão, por laces orais, b) propostas fechadas e c) pregão. Ao efetuar as vendas dos bens arrecadados, aos moldes do art. 154, o administrador judicial terá um prazo de 30 dias para apresentar sua prestação de contas final. Posteriormente, o juiz deve analisar a prestação de contas e emitir sua decisão se favorável ou não. Dessa decisão, o administrador judicial terá um prazo de 10 dias para apresentar seu relatório final, nos moldes do art. 155, da LRF. Logo em seguida o juiz deverá prolatar uma sentença de encerramento do processo falimentar. Essa sentença não finaliza totalmente as obrigações do devedor, apenas coloca fim à etapa de arrecadação e venda dos ativos, chamada fase falimentar.
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