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Conceitos em Biodiversidade

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Conceitos em Biodiversidade
Tópicos da política da biodiversidade:
1 – Conhecimento da biodiversidade;
2 – Conservação da biodiversidade;
3 – Utilização sustentável dos componentes da biodiversidade;
4 – Monitoramento, Avaliação e prevenção e migração de impactos sobre a biodiversidade;
5 – Acesso aos recursos genéticos e aos conhecimentos tradicionais associados e repartição de benefícios;
6 – Educação, sensibilização publica, informação e divulgação sobre biodiversidade; 
7 – Fortalecimento jurídico e institucional para a gestão da biodiversidade;
A violação dos direitos ambientais é considerada CRIME AMBIENTAL.
Exemplos de crimes AMBIENTAIS: 
· Matar animais, exceto para saciar a fome do agente ou de sua família;
· Maus tratos, experiencias dolorosas ou cruéis a animais;
· Desmatamento não autorizado;
· Fabricação, venda e transporte ou soltura de balões;
 Penas: Aplicação de multas ate a ser preso. 
Biodiversidade: Um Panorama
O termo “Biodiversidade” é muito popular na atualidade, amplamente utilizado na mídia, no meio científico e nos livros didáticos utilizados em sala de aula. Entretanto, observa-se que a sua definição não é clara e geralmente é utilizada como sinônimo de riqueza de espécies.
Esta unidade revisita, em termos gerais, alguns dos temas principais a serem encontrados no campo da Diversidade Biológica, como o seu surgimento e conceito. O objetivo é fornecer um panorama sobre esse tema na atualidade e de que forma ele pode ser trabalhado em sala de aula
O que é Biodiversidade?
A palavra “Biodiversidade” é uma contração de Diversidade Biológica. Esse termo foi utilizado pela primeira vez na comunidade científica por Thomas Lovejoy em 1980, no prefácio do livro Conservation Biology, enquanto que a palavra Biodiversidade foi idealizada por Walter G. Rosen em 1985, durante o planejamento do Fórum Americano sobre a Diversidade Biológica (em Washington) e apareceu pela primeira vez em uma publicação em 1988, quando o entomologista Edward O. Wilson usou-o no relatório desse mesmo fórum (BARBIERI, 2010; WILSON, 1997; World Conservation Monitoring Centre, 1992).
O termo Biodiversidade é comumente usado para descrever a quantidade, a variedade e a variabilidade dos organismos vivos. Esse uso muito amplo, abrangendo muitos parâmetros diferentes, é essencialmente sinônimo da vida na Terra, entretanto é preciso ter cuidado com o seu uso para não cair no senso comum. A Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro, na ECO 92, assim definiu o significado de Diversidade Biológica:
Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas (BRASIL, 2000, p. 9).
Como não existe um consenso na comunidade científica, tornou-se uma prática generalizada de unir a biodiversidade em termos de genes, espécies e ecossistemas, que correspondem aos três níveis fundamentais e hierarquicamente relacionados de organização biológica (BARBIERI, 2010; MARTINS & SANO, 2009). Vamos discutir esses três níveis de diversidade?
Diversidade Genética
Representa a variação hereditária dentro e entre as populações de organismos. Podemos analisar também as variações na sequência de DNA dos quatro pares de bases, que, como componentes de ácidos nucleicos, constituem o código genético (World Conservation Monitoring Centre, 1992). A diversidade genética é o material bruto sobre o qual a seleção natural atua provocando mudanças evolutivas adaptativas (FRANKHAM et al., 2008). Uma nova variação genética em indivíduos surge por mutações de genes e cromossomos, e em organismos com reprodução sexuada que pode ser transmitida através da população por recombinação. Outros tipos de diversidade genética podem ser identificados em todos os níveis de organização, incluindo a quantidade de DNA por célula, estrutura e número dos cromossomos. Todos os genes do mundo não fazem uma contribuição idêntica à diversidade genética total. Os genes que controlam processos bioquímicos fundamentais são fortemente conservados entre diferentes táxons e geralmente mostram uma variação pequena; o inverso é verdadeiro para outros genes. 
Uma grande parte do DNA não é expresso e acaba acumulando muito mais polimorfismos em comparação às regiões mais conservadas do DNA.
A diversidade genética pode ser utilizada para estudos de identificação de espécies, fluxo gênico, conservação, relações filogenéticas entre outros.
O Código genético é a relação entre as sequências de bases do DNA, 
as trincas do RNA mensageiro e os aminoácidos correspondentes na 
proteína a ser sintetizada. Não confundir com Genoma, que compre-
ende toda informação genética de uma espécie, sendo único para 
cada espécie, e Material Genético, que corresponde às sequências de 
nucleotídeos que cada indivíduo possui (SILVEIRA, 2014)
Diversidade de Espécies
A Biodiversidade é muito comumente utilizada como sinônimo de diversidade 
de espécies, em particular de “riqueza de espécies”, que corresponde ao 
número de espécies em um sítio ou habitat. Mas qual o significado de espécie? 
Levando em consideração somente a morfologia das borboletas é 
justificável classificá-las em uma única espécie: Astraptes fulgerator. Essa 
espécie de borboleta neotropical é comum na Costa Rica e foi descrita 
pela primeira vez em 1775. Porém, estudos atuais de morfologia, ecologia 
e genética revelaram que A. fulgerator é um complexo com pelo menos 
10 espécies nesta região, que apresentam distintas lagartas cada qual com preferência por determinada planta na alimentação e ecossistemas diferenciados (HEBERT et al., 2004). 
Esse é um exemplo de “espécies crípticas”, espécies que são morfologicamente idênticas ou muito parecidas, mas que constituem um 
complexo de espécies. 
As borboletas representam um exemplo oposto ao que observamos em Astraptes fulgerator. Apesar de apresentarem muitos padrões de cores de asas, elas são consideradas subespécies de Heliconiuserato, uma borboleta que se distribui do Uruguai até a América Central (SHEPPARD et al., 1985). Espécies que possuem várias formas alternativas são conhecidas como “espécies politípicas”.
Esses exemplos revelam algumas das principais dificuldades em definir 
espécies. Existem pelo menos 22 definições de espécies. Apresentamos 
dois conceitos mais utilizados e aceitos no meio científico: 
· Conceito Morfológico de Espécie – indivíduos de uma espécie 
são morfologicamente mais parecidos entre si, do que com outros 
grupos de indivíduos de outra espécie;
· Conceito Biológico de Espécie – uma população ou grupos de populações naturais intercruzantes ou potencialmente intercruzantes, que produzem descendentes férteis, estando isolado reprodutivamente de outros grupos;
Exercitando
Existem muitos outros conceitos de espécies que levam em consideração aspectos da ecologia, biologia, relações filogenéticas, evolução e outros. Pesquise e discuta sobre esses conceitos, quais as vantagens e desvantagens que cada um apresenta.
Quantas espécies existem no mundo?
Dados na literatura descrevem cerca de 1,7 milhões de espécies até o momento, porém, as estimativas para o número total de espécies existentes na Terra atualmente estão entre 8,7 milhões e 13 milhões, segundo um estudo produzido pelo Censo da Vida Marinha, uma rede de pesquisadores de mais de 80 países. Estas estão distribuídas em 64  los, 146 classes, 869 ordens e cerca de 7.000 famílias, sendo que a grande maioria de espécies na Terra é de insetos e micro-organismos (MARTINS & SANO, 2009; MORA et al., 2011).
O nível de espécie é geralmente considerado como o mais natural no qual se pode considerar toda a diversidade de organismos. Espécies também são o foco principal dos mecanismos evolutivos, principalmente em relação a origeme extinção de espécies. Entretanto, o conceito de espécie é um ponto de grande discussão na comunidade científica, como observado nos exemplos das borboletas Astraptes fulgerator e Heliconius erato. Além disso, a simples contagem do número de espécies só fornece uma indicação parcial da diversidade biológica.
A importância ecológica de uma espécie pode ter um efeito direto sobre a estrutura da comunidade, e, portanto, sobre a diversidade biológica global. Por exemplo, uma espécie de árvore de floresta tropical que suporta uma fauna endêmica de invertebrados de uma centena de espécies, evidentemente, faz uma contribuição maior para a manutenção da diversidade biológica global do que uma planta que pode ter nenhuma outra espécie totalmente dependente dela.
Diversidade Ecológica
Essa dimensão da Biodiversidade engloba diferenças ecológicas das espécies a níveis de ecossistemas, habitats, comunidades, biomas e até em domínios biogeográficos. A Diversidade Ecológica apresenta aspectos da Biodiversidade que não são facilmente percebidos pela Diversidade Genética e de Espécies, contribuindo muito para o entendimento da distribuição da biodiversidade pelo nosso planeta, relações e evolução ao longo do tempo. 
Apesar de ser tão importante, essa diversidade apresenta alguns problemas. Mesmo sendo possível cunhar um conceito para as regiões biogeográficas, ecossistemas e biomas, ainda é muito difícil delimitar onde começa e termina determinada região ecológica, o que se observa são características de transição entre os ecossistemas. Esse fato torna difícil na prática avaliar a diversidade de comunidades ecológicas. Outra problemática quando se utiliza diversidade ecológica é que se leva em consideração tanto os componentes bióticos e abióticos (que são compostos pelo material de solo e clima, entre outros), quando em seu conceito diversidade biológica é a diversidade da vida.
Biomas Brasileiros
O nosso país é considerado megabiodiverso devido à grande quantidade de espécies (fauna e ora) e ecossistemas encontrados nele (Ministério do Meio Ambiente, 2014). São mais de 100 mil espécies de invertebrados e aproximadamente 8.200 espécies de vertebrados (713 mamíferos, 1826 aves, 721 répteis, 875 anfíbios, 2.800 peixes continentais e 1.300 peixes marinhos), das quais 627 estão listadas como ameaçadas de extinção, distribuídos em 7 biomas: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampas, Pantanal, Zona Costeira e Marinha
· Amazônia
A Amazônia corresponde a 49,29% do território brasileiro, considerado como o maior bioma do Brasil, possuindo: 4.196.943 milhões de km² (IBGE, 2014), 2.500 espécies de árvores (ou 1/3 de toda a madeira tropical do mundo) e 30 mil espécies de plantas (das 100 mil da América do Sul) (Figura 7) (Ministério do Meio Ambiente, 2014). 
É constituída por ecossistemas de floresta úmida de terra firme, diferentes tipos de matas, campos abertos e até espécies de cerrado. Abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso (IBGE, 2014).
A região abriga a maior bacia hidrográfica do mundo, a maior reserva de madeira tropical, enormes estoques de borracha, castanha, peixe e minérios, além de uma grande riqueza cultural, incluindo o conhecimento tradicional sobre os usos e a forma de explorar esses recursos naturais sem esgotá-los nem destruir o habitat natural (ICMBio, 2014; Ministério do Meio Ambiente, 2014).
· Caatinga
Ecossistema predominante do nordeste brasileiro, com vegetação típica seca e espinhosa. Ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional, sendo o único bioma exclusivamente brasileiro (BRASIL, 2014).
O nome é de origem indígena e significa “mata branca”. Engloba os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e Minas Gerais. Abrigando 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 de abelhas (EMBRAPA, 2005; Ministério do Meio Ambiente, 2014). A região apresenta a maior biodiversidade de plantas no Brasil, sendo considerada uma das mais importantes áreas secas tropicais do planeta (Figura 8) (ICMBio, 2014).
· Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e ocupa cerca de 23,9% do território Nacional (Figura 9). Apresenta vegetação que pode variar de campos abertos até formações de florestas que podem atingir 30 m de altura. O território abriga aproximadamente 200 espécies de mamíferos, 800 espécies de aves, 180 de répteis, 150 de anfíbios e 1200 espécies de peixes. É nele que se encontra as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata (EMBRAPA, 2005; ICMBio, 2014; Ministério do Meio Ambiente, 2014).
· Mata Atlântica
A Mata Atlântica compreende um conjunto de florestas (Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e Ombrófila Aberta), restingas, manguezais e campos de altitudes, que cobriam originalmente uma área de 1.300.000 quilômetro quadrados em 17 estados brasileiros. Apresenta-se hoje muito fragmentada e reduzida, com cerca de 22% de sua cobertura original (ICMBio, 2014; Ministério do Meio Ambiente, 2014). 
Esse ecossistema apresenta grande biodiversidade, com cerca de 20.000 espécies vegetais (cerca de 35% das espécies existentes no Brasil), 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes (Figura 10) (Ministério do Meio Ambiente, 2014).
· Pampas
É um bioma caracterizado por terras baixas, serras, planícies, morros e coxilhas (suaves colinas). É um ecossistema restrito ao Rio Grande do Sul, compreendendo um área de 176.496 quilômetros quadrados (BRASIL, 2014).
O Pampa, também conhecido como Campos Sulinos, é uma das áreas de campos temperados mais importantes do mundo, caracterizado por possuir fauna e flora próprios que ainda não foram totalmente descritos (Figura 11). Compreende cerca de 3.000 espécies de plantas, 102 espécies de mamíferos, 476 de aves e 50 espécies de peixes (ICMBio, 2014; Ministério do Meio Ambiente, 2014)
· Pantanal
É o menor dos biomas brasileiros, com aproximadamente 150.355 quilômetros quadrados, cerca de 1,76% do território nacional. Caracteriza-se pela baixa altitude, pouca declividade e inundações periódicas que comandam os processos ecológicos na região (Embrapa, 2005; Ministério do Meio Ambiente, 2014). 
É uma das maiores regiões úmidas contínuas do mundo, apresentando boa parte de sua cobertura vegetal nativa (cerca de 86,77%). Esse bioma se destaca pela diversidade de espécies, são cerca de 3.500 espécies de plantas, 124 espécies de mamíferos, 463 espécies de aves, e 325 espécies de peixes. Algumas dessas espécies estão ameaçadas em outras regiões do Brasil, mas apresentam um tamanho considerável de sua população no pantanal, como é o caso do tuiuiú (Jabiru mycteria) Figura 12 (Embrapa, 2005; ICMBio, 2014; Ministério do Meio Ambiente, 2014).
· Zona Costeira e Marinho
O bioma Marinho Costeiro é caracterizado como a região de transição entre ecossistemas continentais e marinhos, estendendo-se por uma área de 4,5 milhões de quilômetros quadrados na costa brasileira, ou seja, 52% do território continental, e vem sendo chamado de “Amazônia Azul” (ICMBio, 2014). É caracterizado por manguezais, estuários, restinga, praias e recifes de coral, abrigando uma rica diversidade de espécies animais e vegetais (Figura 13).
Áreas prioritárias para conservação
Geralmente, a biodiversidade segue um gradiente latitudinal, sendo mais rico nos trópicos. Entretanto, algumas áreas são excepcionalmente mais ricas em espécies, possuem uma vegetação diferenciada, espécies endêmicas e com um alto grau de ameaça de extinção. Essas áreas foram denominadas de “hotspots de diversidade” pelo conservacionista Norman Myers em 1988 (MARTINS & SANO, 2009).
Myers identificou inicialmente 10 hotspots, entretanto não estabeleceu nenhum critério para a de nição de um hotspot. Em 1996,com a colaboração da Conservação Internacional adotou-se um conceito para o reconhecimento de uma área com hotspot: a região deve abrigar no mínimo 1.500 espécies de plantas vasculares endêmicas e ter 30% ou menos da sua vegetação original mantida (MITTERMEIER et al., 2004).
Seguindo esse conceito foram reconhecidos 34 pontos de hotspots de biodiversidade em todo o mundo (Figura 14). Juntando toda a superfície da terra ocupada pelos hotspots, ela corresponderia a 2,3% de toda superfície terrestre do mundo, entretanto essas áreas contêm 50% das espécies terrestres ameaçadas de extinção de todo o mundo. Por possuírem uma biodiversidade tão alta, essas áreas são prioridade mundial de conservação. No Brasil, esses pontos são o Cerrado e a Floresta Atlântica.
O valor da Biodiversidade
Segundo FARBER et al., (2002), “valor” é a capacidade que determinada ação, bem ou serviço pode contribuir para uma pessoa alcançar seu objetivo ou satisfação. É um processo, pelo qual são pesados os prós e os contras que determinada escolha pode gerar em benefício do indivíduo.
Neste contexto, o ser humano atribui valor para a biodiversidade baseado nos benefícios que esta lhe concede tais como a manutenção da vida no planeta, da sociedade humana e na sustentação das diferentes formas de vida que o homem possui.
A Convenção da Diversidade Biológica reconhece o valor intrínseco da diversidade biológica e dos valores ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e estéticos da diversidade biológica e de seus componentes.
Os valores que o homem atribuiu à biodiversidade podem ser agrupadas em três diferentes tipos: valores intrínsecos, valores de uso e valores de não-uso.
Os valores intrínsecos correspondem ao valor que os ecossistemas possuem por si só e independe da satisfação do homem. Esses valores não podem ser absorvidos pelo sistema monetário, eles são baseados em valores teológicos ou éticos. Os valores de não-uso são os valores atribuídos pelo homem para a existência e sobrevivência da biodiversidade. Por exemplo, o quanto uma pessoa está disposta a pagar para que uma espécie seja protegida em seu habitat natural, mesmo que nunca veja pessoalmente a espécie. Os valores de uso podem ser divididos em três: uso direto, indireto e de opção.
Os valores de uso direto são aqueles que usufruirmos diretamente dos ecossistemas, como a extração de madeira, alimento e etc. Os valores de uso indireto são os benefícios que a biodiversidade nos fornece de forma indireta como o sequestro de carbono, ciclagem de nutrientes, polinização etc., os valores de opção estão relacionados ao valor que futuramente a biodiversidade pode fornecer, por exemplo, um princípio ativo de um determinado medicamento que ainda não foi descoberto, mas está disponível no ecossistema para um uso futuro (Tabela 1) (BARBIERI, 2010; MOTOKONE et al., 2010; GUEDES & SEEHUSEN, 2011).
Para uma boa parte dos benefícios produzidos pela biodiversidade, como os de uso indireto, não existia um valor econômico atribuído a ele, ou seja, é como se não nos custasse nada. Você já pensou se tivesse que pagar pelo m3 do ar que respira? Ou se toda verdura e fruta que você comprasse na feira tivesse no valor de compra a polinização realizada pelos insetos? Utilizamos esses benefícios com a percepção de que é “de graça”, como se fosse obrigação da biodiversidade nos fornecer.
Vamos ilustrar com um exemplo hipotético trazido por Azevedo (2008), onde dois irmãos herdariam uma terra com aproximadamente 10.000 hectares. O primeiro decide preservar a área de floresta herdada, sem alterar o ecossistema nela existente. O segundo irmão decide obter o maior lucro possível para si, explorando ao máximo o ecossistema. Dessa forma, ele vende as árvores para uma madeireira, vende os direitos de uso do solo e subsolo para exploração mineral. Esgotados esses recursos, ele utiliza a área para depósito de dejetos de produção de empresas. Esgotada também essa possibilidade, ele constrói na área um grande complexo industrial e comercial.
Do ponto de vista da sociedade capitalista em que vivemos, o primeiro irmão é visto como um sonhador e lunático, e o segundo irmão é visto como exemplo a ser seguido, gerando riqueza e empregos. O que não se percebe, são os custos ecológicos que essa produção gerou, geralmente (melhor dizendo, quase sempre) eles não entram na conta do proprietário nos lucros, esses custos ambientais são externalizados, sendo pago por toda sociedade, incluindo as gerações futuras.
No esforço de mudar essa lógica de pensamento e demonstrar que a biodiversidade é fornecedora de recursos e serviços insubstituíveis e vitais, surgiu uma corrente de pensamento econômico que vem ganhando força cada dia mais: Economia Ecológica. Também conhecida como economia verde, essa corrente estabelece que os avanços científicos e tecnológicos são importantes para a sociedade, mas não devem ultrapassar os limites dos ecossistemas. Está baseada na relação entre economia, sociedade e manutenção do meio ambiente de forma sustentável (Figura 1).
Na visão da Economia Ecológica, os custos e as estimativas de perdas irreversíveis da biodiversidade e de seus recursos relacionados devem ser computados. Foi nessa perspectiva, que em 2007 iniciou-se um projeto para a valoração da diversidade biológica e dos ecossistemas – o estudo “Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade”, conhecido como Relatório Teeb (The Economics of Ecosystems and Biodiversity). Este trabalho reuniu pesquisadores das áreas de Ciência, Economia e Política, conduzido pelas Nações Unidas. O relatório de 2009 calculou que o valor total da biodiversidade e de seus serviços é de US$ 33 trilhões por ano, o dobro do valor da economia mundial. 
O que são Serviços Ambientais?
Os serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos são bens e serviços providos pelo ambiente que contribuem direta ou indiretamente para o bem estar humano. Segundo o Millennium Ecosystem Assessment (MA) – Avaliação Ecossistêmica do Milênio, os serviços ambientais estão divididos em quatro categorias:
1. Serviços de Provisão – são aqueles bens e serviços que suprem as necessidades básicas da vida, como alimento (frutos, pescado, caça), energia (lenha, carvão),  bras (madeira), água etc;
2. Serviços de Regulação – são os benefícios obtidos pelos processos naturais que regulam as condições ambientais que sustentam a vida, como a puri cação do ar e regulação do clima;
3. Serviços de Suporte – são os processos naturais que dão suporte para outros serviços ecossistêmicos, como a polinização, a ciclagem de nutrientes e a formação do solo;
4. Serviços Culturais – são os benefícios não materiais fornecidos para as pessoas relacionadas com lazer, espiritualidade, educação etc.
Pagamentos por Serviços Ambientais
Você já ouviu falar em Pagamentos por Serviços Ambientais? Também conhecido como PSA, pode ser definido como:
[...] uma transação voluntária, na qual um serviço ambiental bem definido, ou um uso da terra que possa assegurar este serviço, é adquirido por, pelo menos, um comprador de no mínimo, um provedor, sob a condição de que ele garanta a provisão do serviço (condicionalidade) (Wunder, 2005, p. 3).
PSA é um instrumento econômico gerado com a finalidade de incentivar ações de proteção, manejo e uso sustentável dos recursos naturais. A ideia é recompensar, com dinheiro, aqueles que preservam os recursos naturais ou incentivar outros a fazerem o mesmo, que sem o incentivo não participariam (Figura 3). Podem receber o incentivo, o poder público, empresas, ou o próprio cidadão que cede os direitos da área preservada. Devido ser baseado em um sistema de recompensa, esse instrumento é muito discutido na sociedade atual (GUEDES & SEEHUSEN, 2011).
Os PSA podem ser divididos em duas categorias: pagamento e compensação. A primeira categoria envolve moradores locais, que recebem o pagamento para atuarem como Agentes Ambientais Voluntários, para um serviço de manutenção, sensibilização e fiscalização dos recursos naturais da regiãoonde vivem. A segunda categoria, refere-se a uma compensação pela perda de remuneração em decorrência ao respeito às regras de manejo e/ou de proteção dentro da Unidade de Conservação.
Exemplos de PSA:
·  Sequestro de carbono – uma indústria que não consegue diminuir a sua emissão de carbono, pode pagar para uma comunidade manter sua área florestal preservada (Figura 4);
·  Proteção da Biodiversidade – o governo pode pagar para os agricultores que mantiverem determinada porcentagem de sua propriedade com mata nativa ou em regeneração, sem desmatar;
·  Manutenção da Paisagem – uma empresa de turismo pode pagar para uma comunidade preservar determinada área utilizada para turismo, evitando a caça, queimada e poluição.
· Perda da Biodiversidade
· A perda da biodiversidade pode assumir muitas formas, mas, na sua mais fundamental e irreversível é a que envolve a extinção de espécies. Ao longo do tempo geológico, a extinção de espécies vem ocorrendo, portanto, é um processo natural que ocorre sem a intervenção do homem. No entanto, é inquestionável que as extinções causadas direta ou indiretamente pelo homem estão ocorrendo a um ritmo que excede quaisquer estimativas razoáveis de taxas de extinção. Por isso tem sido chamada de “a sexta extinção” em comparação ás outras cinco extinções em massa reveladas pelos registros geológicos (Figura 5) (FRANKHAM et al., 2008).
As causas indiretas da perda de biodiversidade incluem o crescimento da população e o desenvolvimento econômico. As causas diretas são a perda do hábitat por degradação e fragmentação, alterações climáticas como o aquecimento do mar, espécies exóticas invasoras que competem com espécies nativas, sobre-exploração e poluição. A exploração da biodiversidade pelo homem não é algo que ocorre apenas recentemente. Observe a Figura 6, ela é uma pintura que retrata a derrubada de árvores da Mata Atlântica no período do Brasil Colonial, que atualmente possui menos que 8% de sua área original.
Diante desse quadro, esforços são necessários para impedir a destruição da diversidade biológica. A Biologia da Conservação surgiu como uma disciplina que reúne pessoas e conhecimento de várias áreas para combater a crise da Biodiversidade. Mas quais seriam os principais objetivos da biologia da conservação? Segundo Primack & Rodrigues (2001), ela possui dois principais: “[...] primeiro, entender os efeitos da atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas, e, segundo, desenvolver abordagens práticas para prevenir a extinção de espécies e se possível, reintegrar as espécies ameaçadas ao seu ecossistema funcional.”
A Biologia da Conservação tem suas bases em disciplinas como taxonomia, ecologia, zoologia, botânica e genética, buscando fornecer soluções práticas para a crise da biodiversidade, considerando sempre em suas decisões, em primeiro lugar, a preservação e conservação das comunidades biológicas e, em segundo lugar, fatores econômicos (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). Vamos discutir mais sobre as contribuições da Biologia da Conservação e alternativas sustentáveis na próxima unidade.
Conceitos importantes em Biologia da Conservação
Os conceitos apresentados a seguir são de extrema importância para a biologia de conservação. 
PRESERVAÇÃO: proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, em seu estado natural, sem interferência humana, independente de seu valor utilitário ou econômico (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000);
CONSERVAÇÃO: proteção dos recursos naturais, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, de forma sustentável, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer às necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000);
RESTAURAÇÃO: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000);
RECUPERAÇÃO: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original (BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000);
ESPÉCIES BANDEIRAS: são espécies escolhidas como ícone ou símbolo de conservação de um ecossistema ou de sua própria espécie. São exemplos de espécies bandeiras no Brasil o Mico-Leão Dourado (Leontopithecus rosalia), o Muriqui-do-Sul (Brachyteles arachnoides) e a Onça-pintada (Panthera onca), que representa a conservação do bioma Mata Atlântica
ESPÉCIES GUARDA-CHUVA: são espécies que precisam de extensas áreas preservadas para sobreviver e se reproduzir, e conservando ela e seu habitat, indiretamente preserva-se outras espécies que convivem no mesmo ecossistema. A onça-pintada é um exemplo de espécie guarda-chuva, pois a sua preservação e de seu habitat natural, protege outras espécies;
ESPÉCIES CARISMÁTICAS: são aquelas espécies que tem um apelo emocional no público em geral, que olhamos e dizemos que “fofinho” ou “bonitinho”. Geralmente, as espécies-bandeiras são espécies carismáticas, que chamam a atenção do público para alguma causa ambiental. Um exemplo de espécie carismática é o panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca), que de tão carismática foi escolhido como marca da WWF (World Wide Fund for Nature)
Lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção
Como sabemos que uma espécie está ameaçada de extinção?
Utilizamos o método de classificação de grau de ameaça criado pela ONG suíça IUCN (sigla inglesa para União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais), em 1963. Esse método desenvolvido pela IUCN é utilizado internacionalmente e é a base para a elaboração do chamado “Livro Vermelho” das espécies ameaçadas de extinção, aqui no Brasil essa listagem é feita pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio, conforme Figura 4, a seguir: (FRANKHAM et al., 2008).
As espécies são classificadas em sete graus de ameaça: extinta, extinta na natureza, criticamente em perigo, vulnerável, quase ameaçada e pouco preocupante. Espécies criticamente em perigo são aquelas que apresentam, por exemplo, redução do tamanho populacional em ≥ 80% nos últimos 10 anos ou três gerações, ou uma área de ocupação ≤ 100 quilômetros quadrados, ou uma população estável ≤ 250 adultos, ou uma probabilidade de extinção ≥ 50% nos próximos 10 nos ou três gerações, ou alguma dessas características combinadas. Por exemplo, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie brasileira de ave que possui atualmente 92 indivíduos vivos em cativeiro, sendo considerada pela IUCN como criticamente em perigo, apesar de o governo brasileiro já ter declarado que essa espécie está extinta da natureza desde 2000 (FRANKHAM et al., 2008).
A listagem das espécies no Livro Vermelho em categorias de ameaça fornece uma ferramenta importante para a conservação da biodiversidade, sendo utilizada como base de muitas políticas e leis para proteção de espécies e hábitats.
 Espécies Exóticas Invasoras
Uma espécie “exótica”, “introduzida” ou “naturalizada”, pode ser definida como uma espécie que se encontra fora da área de sua distribuição natural, introduzida por ações humanas. Quando essa espécie se estabelece no novo hábitat, expande a sua distribuição e começa a ameaçar outras espécies nativas, hábitats e ecossistemas onde foi introduzida, passando a ser considerada uma espécie exótica invasora (PIMENTEL et al., 2001; LEÃO et al., 2011).
As características mais comuns das espécies exóticas invasoras são a rápida reprodução e crescimento, alta capacidade de dispersão, plasticidade fenotípica, e capacidade de sobreviver com vários tipos de alimentos e em uma ampla gama de condições ambientais.
Espécies exóticas invasoras têm invadido e afetado ecossistemas em todo o planeta, decorrente das alterações ambientais e interferência humana, além da agressividade e capacidade de excluir espécies nativas.
Já foramregistradas no Brasil a ocorrência de 386 espécies exóticas invasoras, sendo a maior parte introduzidas intencionalmente por motivos econômicos (LEÃO et al., 2011). São exemplos de espécies exóticas invasoras no Brasil:
· Caracol-gigante-africano (Achatina fulica) (Figura 5), nativo no leste-nordeste da África, foi introduzido no Brasil em 1988, visando o cultivo e comercialização do escargot. A comercialização fracassou, os criadores foram abandonados e os caracóis foram soltos no ambiente, hoje já são encontrados em 23 dos 26 estados brasileiros (PAIVA, 2004);
· Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) (Figura 6), originário da Ásia, foi introduzido em 1991 através de água de lastro de navios mercantes na Argentina. O seu primeiro registro no Brasil foi em 2001 no rio Paraná, hoje já pode ser encontrado no pantanal matogrossense. A sua população pode chegar a uma densidade populacional de 150 mil indivíduos por metro quadrado, o que tem gerado incrustações massivas e obstrução de encanamentos e filtros de água de estações de tratamento, fábricas e usinas hidrelétricas, causando graves perdas econômicas (MANSUR et al., 1999; GISP, 2005);
· Camarão-da-malásia (Macrobrachium rosenbergii) conforme Figura 7, espécie de camarão de água doce originária da região da Ásia, introduzido no Brasil para cultivo, representa uma grave ameaça às espécies nativas devido ser um carnívoro voraz, como também gera um grande impacto no ambiente por ser portador do vírus da mancha branca. No Maranhão, essa espécie já pode ser encontrada em toda costa e Baixada Maranhense (LEÃO et al., 2011).
Fragmentação de Habitats
A Fragmentação de Habitats é um processo de degradação de uma região nativa e homogênea que resulta em remanescentes menores e separados entre si (os fragmentos) conforme Figura 9. Essa modificação altera as condições presentes na área inicial, modificando aspectos da ocupação, reprodução, alimentação e até a sobrevivência de uma espécie em particular (FRANKLIN et al., 2002).
As causas da fragmentação podem ser naturais, como desastres ambientais, ou , ou seja, causadas pelo homem como a agricultura, pastagens e expansão das cidades, sendo esta a principal causa de fragmentação de habitats.
Os impactos são percebidos principalmente nas espécies que precisam de maiores áreas para sobreviver, essas espécies são conhecidas como espécies de interior e geralmente desaparecem em fragmentos pequenos e/ou muito impactados. Enquanto isso, outras espécies de borda ou região de ecótono permanecem e até aumentam sua população.
Projetos Conservacionistas
Projeto Ararinha na Natureza
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie ameaçada de extinção da fauna brasileira (Figura 14). A sua categoria é de extinta na natureza desde o ano 2000. Originária da região de caatinga da Bahia, a ararinha-azul teve a sua população quase toda devastada, principalmente devido ao tráfico de animais silvestres e a degradação do hábitat onde viviam. Hoje existem somente 92 espécimes em cativeiro, sendo que somente 11 estão no Brasil. Por serem tão poucos indivíduos, todas as instituições que possuem em cativeiros esses espécimes, trabalham de forma coordenada e lidam com os espécimes como uma população única (ICMBio, 2014).
Projeto TAMAR
O Projeto TAMAR surgiu com o objetivo de proteger as tartarugas-marinhas no Brasil, que estão ameaçadas de extinção. O projeto foi criado em 1980 pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, atualmente o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. O nome do projeto surgiu da contração do nome tartaruga marinha necessária no início do projeto devido ao pouco espaço que as placas de metal utilizadas para a identificação das tartarugas possuíam. Hoje, o nome TAMAR é utilizado para designar o Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas, executado pelo ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, protegendo 1.100km do litoral brasileiro, em 25 localidades que servem como áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso desses animais, no litoral e ilhas oceânicas, em nove estados brasileiros como veremos a seguir na Figura 19.
O projeto é exemplo mundial de projeto de conservação marinha, atuando na pesquisa aplicada, inclusão social e educação ambiental. O projeto procura apoio das comunidades costeiras para conservação das tartarugas-marinhas, e para tanto, oferece alternativas econômicas que ajudam na economia da própria comunidade. Em troca da conservação dos ecossistemas marinho e costeiro, a estratégia de conservação é conhecida como espécie-bandeira ou espécie-guarda-chuva.
As tartarugas-marinhas protegidas são como mostra a Figura 20:
Tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta
Tartaruga-de-pente, Eretmochelys imbricata
Tartaruga-de-couro, Dermochelys coriácea
Tartaruga-verde, Chelonia mydas
Tartaruga-oliva, Lepidochelys olivácea
Revelando a Biodiversidade escondida
Revelando a Biodiversidade escondida
Na unidade 1, discutimos os vários problemas que os cientistas enfrentam na identificação de espécies, tais como a existência de espécies crípticas e politípicas. A maioria das espécies é descrita a partir de caracteres morfológicos, o que é bastante dificultada nos grupos que apresentam espécies crípticas, como por exemplo, os veados-muntjac da China (Muntiacus reevesi, Figura 1) e da Índia (Muntiacus muntjak, Figura 2) que são morfologicamente similares, mas constituem duas espécies diferentes, pois, o primeiro possui um conjunto de 46 cromossomos e o último apresenta 6 cromossomos nos machos e 7 nas fêmeas (FRANKHAM et al., 2008).
Nesses casos, o emprego de ferramentas moleculares tem ajudado aos taxonomistas na delimitação de espécies, identificação de híbridos e subespécies. Por exemplo, um caso de identificação de espécies crípticas em golfinhos do gênero Sotalia que ocorrem no Brasil. Acreditava-se que a espécie Sotalia fluviatilis (Figura 3) possuía dois “ecótipos”: um marinho e outro fluvial. Mas estudos com dois marcadores do DNA mitocondrial revelaram que os dois ecótipos são, de fato, duas espécies diferentes com separação entre as duas datadas do Plioceno (Figura 4).
Com esses dados, o ecótipo marinho, conhecido como boto-cinza, foi denominado de Sotalia guianensis (Figura 5), enquanto o fluvial, conhecido como tucuxi, reteve o binômio Sotalia fluviatilis. Esses resultados foram importantes pra a conservação das duas espécies, pois cada uma delas precisa de um plano de manejo separado já que possuem habitats completamente diferentes (CUNHA et al., 2005).
Identificação forense para conservação
A aplicação da genética estende-se para identificação de produtos de animais e plantas ameaçadas de extinção comercializadas de forma ilegal. Alguns tentam enganar a lei, comercializando produtos de espécies próximas cujo comércio é legalizado ou oriundas de cultivo, mas a utilização de marcadores moleculares permite a identificação a partir material já industrializado e pode fornecer o local de origem do indivíduo. Por exemplo, kits de análise baseados em Polimorfismos no Comprimento de Fragmentos de Restrição Terminal (T-RFLP) de genes mitocondriais e nucleares já estão disponíveis para a identificação e controle da pesca ilegal de peixes brasileiros, como o mero (Epinephelus itajara), cuja carne, vendida em postas e  lé, é comercializada como se fosse garoupa (Epinephelus marginatus). Esses kits são importantes instrumentos para os órgãos de  fiscalização ambiental e fornecem provas concretas para condenação dos infratores (FRANKHAM et al., 2008).
Bio inovações
Dados de Biologia Molecular e genética podem ser utilizados também para acompanhar o processo de bioinvasão e para propor medidas que minimizem os impactos causados por espécies exóticas invasoras. Um exemplo bem sucedido de utilização de dados genéticos foi o estudo realizado com dados de microssatélites para o controle de populações invasoras de porcos ferais (Sus scrofa) na Austrália. Esses animais são prejudiciais a conservação de espécies nativas, pois apresentam um comportamentocompetitivo e predatório, além de disseminarem doenças.
Como medida de controle das populações de porcos ferais eram realizadas periodicamente abatimento desses animais. Entretanto, o tamanho de algumas populações não diminuíam com o abate. O estudo com microssatélites revelou que as populações que não diminuíam eram geneticamente similares a outras populações, sendo que essas serviam como fonte de imigrantes. Como alternativa, propôs-se a divisão das populações em Unidades de Erradicação, que uniria as populações que serviam de fonte (nesse trabalho foram identificados 5 Unidades de Erradicação), e os abates seriam realizados concomitantemente em todas as Unidades de Erradicação (Figura 8). Dessa forma, os abates passaram a ser mais eficientes e as populações de porcos ferais diminuíram (COWLED et al., 2008).
Sexagem
Algumas vezes, a sexagem morfológica de animais é dicultada, devido à mostra de estudo não apresentar genitálias (como é o caso de amostras degradadas, carcaças etc.), e for de difícil visualização ou a espécie não apresentar dimorsmo sexual visível (como ocorre em cerca de 50% das aves). Nesses casos, marcadores moleculares podem ser usados para a determinação do sexo de forma não invasiva (GRIFFITHS et al., 1998).
Um exemplo dessa aplicação é o uso de marcadores do cromossomo Y, como o fator de diferenciação testicular (SRY), ou regiões pseudohomólogas do cromossomo X e Y, que é o caso dos genes da proteína zinc nger (ZFX e ZFY). O marcador molecular SRY produz uma banda em machos (referente a presença do fragmento do Y) e em fêmeas não apresenta nenhuma banda (devido a ausência do Y). Já o marcador molecular ZFX e ZFY baseia-se na amplificação simultânea de fragmentos presentes no cromossomo X e Y: machos produzem duas bandas, enquanto as fêmeas produzem só uma banda (referente a presença só do cromossomo X)

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