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1 RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS A responsabilidade civil por danos ambientais possui expressa previsão constitucional, pois as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratos, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados, na forma do artigo 225, § 3º, da Constituição Federal: § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. É competência concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal legislar sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente, conforme artigo 24, inciso VIII, cabendo aos Municípios editar normas suplemetando as federais e estaduais, de acordo com o interesse local. Conceito Legal de Poluidor Artigo 3º, inciso IV, da PNMA: “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, diretamente ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”. Já a degração ambiental possui acepção mais ampla que poluição, pois é qualquer alteração adversa das características do meio ambiente. Na definição de poluição também se enquadra a emissão de sons e ruídos em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (poluição sonora), conforme já reconhecido pelo STJ (Resp 1.051.306). A poluição poderá ser lícita ou ilícita, pois, se for amparada por regular licenciamento ambiento, haverá uma poluição lícita, o que excluí qualquer responsabilidade administrativa ou criminal do poluidor. Contudo, mesmo a poluição licenciada não exclui a responsabilidade civil do poluidor, na hipótese de geração de danos ambientais, pois esta não é sancionatória, e sim reparatória. Mesmo as pessoas jurídicas de direito público poderão ser consideradas poluidoras, por atos comissivos ou omissivos. Assim, quando explora diretamente atividade econômica, a exemplo da atividade petrolífera, por meio de empresa estatal, a Administração Pública poderpa se enquadrar como poluidora direta. Outrossim, a concessão de uma licença ambiental irregular por um órgão ambiental que culmine em degração ambiental colocará o Poder Público na condição de poluidor indireto. Os últimos precedentes do STJ, declararam a responsabilidade objetiva do Estado por danos ambientais, mesmo em se tratando de omissão na fiscalização ambiental. Será objetiva a responsabilidade estatal quando a omissão de cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou agravamento do dano causado pelo seu causador direto (AgRg no Resp 1.001.780). Mesmo que o Estado se enquadre como poluidor indireto por sua inércia em evitar o dano ambiental, após a reparação deverá regressar contra o poluidor direto. Contudo, apesar de ser solidária, a atual jurisprudência dominante no STJ (1ª e 2ª Turmas) é no sentido de que a responsabilidade civil do Poder Publico é de execução subsidiária, na hipótese de omissão de cumprimento adequado no seu dever de fiscalizar que foi determinante para a concretização ou o agravamento do dano causado pelo seu causador direto. 2 “(...) trata-se, todavia, de responsabilidade subsidiária, cuja execução poderá ser promovida caso o degradador direto não cumprir a obrigação, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, por qualquer razão, inclusive ténica, de cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurando, sempre, o direito de regresso (art. 934 do CC), com a desconsideração da personalidade jurídica, confrome preceitua o art. 50 do CC (REsp 1.071.741)”. Dessa forma, apenas se a execução não puder alcançar o patrimônio do poluidor direto, a exemplo da insolvência, é que o processo executivo será direcionado ao Poder Público. Logo, é possível a responsabilização tanto do poluidor direito e do poluidor indireto. Visando a celeridade processual e a prática viabilidade da reparação, há forte entendimento vedando a denunciação da lide ou o chamamento ao processo nos processos de reparação por danos ambientais, sendo necessário o ajuizamento de ação própria contra os codevedores ou responsáveis subsidiários: “STJ: 4. Direito de regresso, se decorrente do fenômeno de violação ao meio ambiente, deve ser discutido em ação própria (Resp 232.187). (...) 2. Pacífico o entendimento desta Corte Superior a respeito da impossibilidade de denunciação à lide quando a relação processual entre o autor e o denunciante é fundada em caus ade pedir diversa da relação passível de instauração entre o denunciante e o denunciado, à luz dos princípios da economia e celeridade processuais. Precedentes. (...)” Nesse sentido, a jurisprudência do STJ é firme quanto a não ser obrigatória a formação de litisconsórcio, visto que a responsabilidade de reparação integral do dano ambiental é sólidaria (permite demandar qualquer um ou todos eles). Em razão, disso, entende-se que é possível que o poluidor indireto que tenha indenizado entre com ação regressiva, em processo próprio, contra o poluidor direto, pois a responsabilidade deste é principal. No entanto, o próprio STJ aponta uma exceção ao seu entendimento, sendo “como única forma de garantir plena utilidade e eficácia à prestação jurisdicional, impõe-se o litisconsórcio necessário entre o loteador e o adquirente se este, por mão própria, altera a situação física ou realiza obras no lote que, ao fnal, precisão ser demolidas ou removidas” (STJ Edcl no Resp 843.978). Um caso de poluidor indireto expressamente previsto na lei é o caso do art. 2º, § 4º da Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança), em que os financiadores de atividades que envolvam organismos modificados devem exigir dos executores Certificado de Qualidade em Biossegurança, “sob pena de se tornarem corresponsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Leiou de sua regulamentação.” No mesmo sentido, o art. 12 da Lei 6.938/1981, exige que as entidades e órgãos oficiais de crédito condiconem a sua concessão ao prévio licenciamento ambiental das suas atividades, mediante a aprovação dos respectivos projetos. Um exemplo é a Caixa Econômica Federal que exige a comprovação da origem lícita da extração de madeira utilizada na construção de imóveis, mediante licencia ambiental, pois s enão exigesse poderia estar cometendo poluição indireta. A conduta do poluidor poderá ser comissiva ou omissiva, sendo que enste último caso, que também dispensa a análise de culpa (negligência), é preciso que o agente tenha o dever de atuar para evitar o dano ambiental, em decorrência de previsão legal, contratual ou por um comportamente aterior que tenha criado ou majorado um risco ambiental. 3 O STJ admite a inversão do ônus da provas nas ações de reparação de danos ambientais, com base no interesse público e no Princípio da Precaução, entendimento consolidado na Súmula 618: Súmula 618: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental. Além do fundamento material, mormento no Princípio da Precaução (in dubio pro natura ou salute), a inversão do ônus da prova em matéria de repação de dano ambiental também encontra fundamento processual no art. 6º do CDC, que possui aplicação em defesa de todos os direitos coletivos e difusos. Outro instrumento importante para garantir a reparação de danos ambientais é a desconsideração da personalidade jurídica, que na esfera ambiental é informada pela Teoria Menor, pois não se exige o abuso de personalidade jurídica para a sua concretização. Art. 4º, Lei 9.605/1998: poderá ser desconsiderada a personalidade jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. A Teoria Menor da desconsideração, acolhida em nossoordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confussão patrimonial (STJ Resp 279.273). Nexo de Causalidade O nexo de causalidade é o vinculo que une a conduta e o resultado lesivo, variando a sua determinação de acordo com a teoria que se adote. Teoria da Equivalência das Condições Causais – Conditio Sine Qua Non: toda codição será considera causa do delito, mesmo que não seja por si só apta a consumar o crime, uma vez que todos os que concorrem para o mesmo incidem na spenas cominadas, na medida de sua culpabilidade.. Para evitar absurdos, foram criados filtros, como a exigência de dolo ou culpa e concausas que rompe o nexo. Também se aplica a Teoria da Imputação Objetiva para a quebra do vínculo, quando juridicamente o resultado não puder ser atribuído ao agente, apesar de naturalisticamente sim, se este não criou ou aumento o risco socialmente permitido. Teoria da Causalidade Adequada: causa é o antecedente não só necessário, mas, também, adequado à produção do resultado. Logo, nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for a mais apropriada a produzir o evento. Teoria dos Danos Diretos e Imediatos: apenas será responsável pela reparação o autor da última causa, excluindo-se as causas anteriores. O STF entende que o Código Civil adotou em seu art. 403 a Teoria dos Danos Diretos e Imediatos. Em termos de responsabilidade civil por danos ambientais, entendeu-se que a Teoria da Causalidade Adequada ou mesmo a Teoria dos Danos Diretos e Imediatos são incompatíveis com o conceito legal de poluidor indireto, pois ele dificilmente teria sua conduta enquadrada como aquela que, por si só, georu o dano ambiental ou será considerada a causadora direta e imediata da lesão do bem jurídico ambiental. Destarte, é possível adotar-se teorias diversas para a delimitação do nexo causal do poluidor direto e indireto: O Poluidor Direto poder-se-à analisar a sua conduta pela Teoria dos Danos Direto e Imediatos; Enquanto o Indireto a que melhor se adapta é a Teoria da Equivalência das Condições Causais, limitadapela Teoria da Imputação Objetiva. 4 Há precedente no STJ que expressamente admitiu excepcionalmente a responsabilidade civil ambiental independente de nexo de causalidade: Para fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa de fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que façam, e quem se benefícia quando outros fazem (Resp 650.728). Natureza Objetiva Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Da análise da referida norma, concluí-se que inexiste bis in idem na aplicação das sanções penais e administrativas juntamente com a indenização, uma vez que a regra é a indepedência de instâncias. A indenização apenas visa recompor o bem jurídico lesado, não tendo normalmente caráter sancionatório e pedagógico, não sendo um regime jurídico adequado à proteção ambiental, pois não atende ao Princípio da Prevenção. A Constituição Federal não prevê literalmente a responsabilidade civil objetiva do poluidor por danos ambientais (exceto danos nucleares, previsto no art. 21, XXIII, d), mas diversos doutrinadores entendem- na presente implicitamente. A posição amplamente prevalecente é que a responsabilidade civil ambiental no Brasil é objetiva por força no art. 14, § 1º da Lei 6.938/1981 (PNMA): § 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. STF manifestou pela recepção do referido dispositivo, o qual se traduz na responsabilidade civil objetiva norteada pela Teoria do Risco Integral, pela qual não se quebra o vínculo de causalidade pelo fato de terceiro, caso fortuito ou força maior. STJ: A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 681 e 707, letra a). Se um invasor ou o antigo proprietário desmataram a reserva legal de um prédio rústico e o atual dono é acionado em sede de ação civil pública ou ação popular, não será acolhida a tese do fato de terceiro como causa excludente de responsabilidade. STJ: Causa inequívoco dano ecológico quem desmata, ocupa, explora ou impede a regeneração de Área de Preservação Permanente - APP, fazendo emergir a obrigação propter rem de restaurar plenamente e de indenizar o meio ambiente degradado e terceiros afetados, sob o regime de responsabilidade civil objetiva. De acordo com o Codigo Florestal, em seu art. 2º, § 2º as obrigações previstas nesta Lei têm naurezal real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posso do imóvel rural. 5 O proprietário será obrigado a reflorestar a àrea, poderm, no máximo, indentificar o poluidor direto e intentar ação regressiva. Mesmo com adoção da Teoria do Risco Integral são indispensáveis para a responsabilidade civil ambiental o dano, a conduta e o nexo cauxal entre todos. Dano + Conduta + Nexo Causal = Responsabilidade Civil Ambiental . A peculiaridade é que poderá ser considerada conduta o simples desenvolvimento do empreendimento poluidor, não sendo necessária a poluição direta. Já o nexo causal poderá se configura pela simples propriedade ou posse do bem afetado ambientalmente. Apemas será excluída a obrigação de indenizar se o empreendedor demosntrar que inexiste dano ambiental ou se o mesmo não decorreu direta ou indiretamente da atividade desenvolvida. Importante – A pretensão reparatória ambiental imaterial é PERPÉTUA, porquanto não sujeita a prazo prescricional, conforme decidiu o STJ. O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é: Inalienavél; Intransferível; Imprescritível. Art. 935 do CC: a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o autor, quando estas questões se acharem dedicicas no juízo criminal. Ou seja, a sentença penal absolutária fundamentada em inexistência de fato ou de autoria vinculará o juízo cível. Danos Ambientais “Não sendo possível a reparação natural, como instrumento subsidiário de reparação, deve-se cogitar da utilização da compensação ecológica”. Uma vez impossibilitada a reparação (ou restauração) em espécie, que é prioritária, dever-se-á partir para uma compensação ambiental ou, em último caso, para indenização em pecúnia. Segundo entendimento do STJ, é plenamente possível a cominação de obrigação de reparação com indenização pecuniária cumulativamente, até que haja a recuperação total do dano: “(...) 2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que a necessidade de reparação integral da lesão causada ao meio ambiente permite a cumulação de obrigações de fazer e indenizar. (...) (...) a condenação a recuperar a àarea lesionada não exclui o dever de indenizar, sobretudo pelo dano que permanece entre a sua ocorrência e o pleo estabelecimento do meio ambienteafetado (dano interio ou intermediário), bem como pelo dano moral coletivo e pelo dano residual (degradação ambiental que subsiste, não obstante todos os esforços de restauração). 5. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem (...)” Outrossim, a 2ª Turma do STJ vem admitindo a condenação em dano moral coletido do poluidor, presumindo a ocorrência dos danos às presentes e futuras gerações. 6 Normalmente a obrigação de não fazer imposta ao poluidor objetiva a cessação da lesão ao meio ambiente a fim de não agravá-la, ao passo que a obrigação de fazer se destina à reparação ou compensação do ano ambiental. STJ Resp 1.198.727: “ao responsabilizar-se civilmente o infrator ambiental, não se deve confundir prioridade da recuperação in natura do bem degradado com impossibilidade de cumulação simultânea dos deveres de repristinação natural (obrigação de fazer), compensação ambiental e indenização em dinheiro ( obrigação de dar) e abstenção de uso e nova lesão (obrigação de não fazer)”. O dano ambiental pode ser definido como um prejuízo causado ao meio ambiente por uma ação ou omissão humana, que afeta de modo negativo o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente quilibrado e, por consequência, atinge também de modo negativo, todas as pessoas, de maneira direta ou indireta, inexistindo uma definição legal de dano ambiental no Brasil. Em sentindo amplo, dano ambiental é aquele que afeta todas as modalidades de meio ambiente (natural, artificial, cultura e laboral), ao passo que o dano ambiental strictu sensu afeta os elementos bióticos e/ou abióticos da natureza, sendo denominado puramente ecológico. José Rubens Morato Leite e Patryck de Araújo Ayala – Dano ambiental em uma primeira acepção, define- se o dano ao patrimônio (imaterial) ambiental, ao macrobem tutelado, ao passo que a segunda se reporta aos efeitos da lesão à sadia qualidade de vida das pessoas, ou seja, ao dano extrapatrimonial ambiental. O STJ vem classificando o dano ambiental em individual e coletivo, aplicando o regime de responsabilidade civil objetiva pela Teoria do Risco Integral em ambos os casos. Todavia, nem toda atividade humana impactante ao meio ambiente configurará dano ambiental. Para a caracterização do dano ambienta, é necessário que exista um prejuízo anormal ao meio ambiente, dotado de mínima gravidade, ou seja, algo que afete o equilíbrio do ecossistema, não se enquadrando como dano ao meio ambiente qualquer alteração de suas propriedades. A degradação tolerada socialmente, amparada em regular licenciamento ambiental, dentro dos padrões fixados pela legislação ambiental, não isenta o poluidor de responder civilmente pelos danos ambientais, pois a reparação não tem natureza jurídica de sanção civil, já que visa recompor o estado ambiental anterior ou compensá-lo. O dano ambiental sempre terá uma vertente não patrimonial difusa, podendo, por via reflexa, atingir o patrimônio material, público ou privado. Uma questão que merece destaque é o regime jurídico de reparação do dano ambiental em unidades de conservação, nos casos em que o empreendedor já honrou com o pagamento de compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei 9.985/2000, nos casos de atividade apta a gerar significativa degradação ambiental, consoante previsto no EIA-RIMA. Caso o dano ambiental em unidade de conservação tenha sido mais extenso do que o previsto no EIA- RIMA, ou então não tenha sdo considerado no cálculo da compensação ambiental, deverá o empreendedor ser responsabilizado civilmente por sua ocorrência, não existindo bis in idem nesta hipótese, segundo entendimento do STJ. Tabela Resumo Responsabilidade Civil Por Danos ao Meio Ambiente Previsão Legal Art. 225, § 3º da CF e art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981 (PNMA) Responsável Poluidor direito e indireto, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que causar degradação ambiental. É solidária. 7 Novo proprietário, possuidor ou detentor a qualquer título dee imóvel em passivo ambiental (obrigação propter rem). Natureza Objetiva, norteada pela Teoria do Risco Integral (STJ). No caso da Administração Pública, a responsabilidade pela omissão na fiscalização será objetiva, se relevante na concretização ou ampliação do dano ambiental (STJ), assegurado o regresso contra o poluidor direto. Excludentes Inexistência de dano ambiental ou quando a degradação não tem nexo com a atividade da pessoa. Espécies de Danos Patrimonial (patrimônio ambiental) e extrapatrimonial (moral) individual e coletivo. O STJ usa a diferenciação entre o dano ambiental público (meio ambiente) e privado (reflexo do dano público no patrimônio privado). Imprescritibilidade De acordo com o STJ, a pretensão para reparação do dano ambiental é perpétua. Inversão do Ônus da Prova É admitida pelo STJ nas ações de reparação com base no Princípio da Precaução e no interesse público da reparação do dano ambiental. Desconsideração da Personalidade Jurídica De acordo com o art. 4º da Lei 9.605/1998, poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Adota- se a Teoria Menor. Natureza Jurídica Ressarcitória, não sendo punitiva (STJ). Admite-se cumulação de condenações (não fazer, fazer e pagar). INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS A Constituição Federal, no seu art. 225, § 3º, prevê a incidência cumulativa das sanções administrativas e penais contra os infratores ambientais, independentemente da reparação civil dos danos. A regra geral é a competência material comum entre todos os entes políticos para proteger o meio ambiente e controlar a poluição, logo, cada qual terá a tribuição de instituir suas próprias infrações administrativo-ambientais por lei, que culminarão com a aplicação de penalidades adminsitrativas com base no poder de polícia ambiental. Como os atos administrativos gozam dos atributos da presunção de veracidade e legitimidade, cabe ao suposto infrator elidir essa presunção de índole relativa, a qual não pode ser afastada por medida liminar, pois ofende o princípio do devido procesos legal, exceto no caso de evidências concretas e univocas, caso contrário, a verossimilhança oscila em favor da manutenção da infração administrativa . A competência para licenciamente ambiental não se confunde com a atribuição para exercer a fiscalização ambiental, todos os entes federados possuem competência constitucional para o controle da poluição. Regra geral, compete ao órgão responsavel pelo licenciamento ou autorização lavrar o auto de infração ambiental, entretanto, isso não impede o exercício dos demais entes (tema devidamente esgotado em Licenciamento Ambiental). Infração Ambiental do Art. 70 da Lei 9.605/1988 Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. 8 A ocorrência de dano ambiental não é exigida para a consumação do citado tipo administrativo, em consonância com o Princípio da Prevenção, sendo bastante que o agente, por ação ou omissão, infrinja a legislação administrativa ambiental, existindo infrações de dano e de perigo. O autor poderá ser pessoa física ou jurídica, mas neste último caso exige-se que o ato tenha sido praticado por seu representante legal ou contratual, no interesse ou benefício da entidade moral. Para definição do nexo de causalidade, deverá ser utilizada a Teoria da Equivalência das Condições Casuais, pois o art. 2º da Lei de Crimes Ambientais tem aplicabilidade aos crimes e infrações administrativas, já que inserido no Capítulo I, que contém as disposições gerais, apesar de o tto se referir a crime, quando deveria ter sido genérico. Logo, todos que concorrem para a consumação de um ilícito administrativo contrao meio ambiente estarão sujeitos às penalidades, apenas admitindo-se a exclusão da responsabilidade nas hipóteses de caso fortuito, força maior ou fato de terceiro, pois a responsabilidade administrativa é pessoal. Para que seja penalizada administrativamente, é curial a demonstração da autoria do ilícito, não se admitindo a aplicação da doutrina da responsabilização propter rem, restrita à responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente. STJ: a aplicação de penalidades administrativa não obecede à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados, mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstraçã do nexo causal entre a conduta e o dano. Natureza jurídica da responsabilidade administrativa depende ou não da demonstração de culpa do agente? 1ª e 2ª Turma do STJ: a responsabilidade administrativa é subjetiva. Não viola o Princípio da Estrita Legalidade a instituição de um tipo genético por lei, a ser regulamentado via decreto, pois o Direito Penal Ambiental admite a criação de normas penais em branco heterogêneas, ante o caráter concretista e interdisciplinar do meio ambiente, Sanções Administrativas Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º I - advertência; cabível em qualquer infração, sem prejuízo das demais (ou seja, cumulável) II - multa simples; pressupõe negligência ou dolo, quando o infrator já foi advertido enão sanou as irregularidades. III - multa diária; IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; Animais serão liberados em seu habitat natural, exceto se não for possível por questões sanitarias (dai serão entregues a jardins zoologicos, fundações, para guarda e cuidados. V - destruição ou inutilização do produto; adotada se não houver utilidade ou seu uso for ilícito. VI - suspensão de venda e fabricação do produto; não obeceder às prescrições legais ou regulamentos. VII - embargo de obra ou atividade; 9 VIII - demolição de obra; IX - suspensão parcial ou total de atividades; X – (VETADO) XI - restritiva de direitos: § 8º As sanções restritivas de direito são: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; A dosimeteria das sanções será norteada pelos critérios do art. 6º, consoante a gravidade do fato, os antecedentes do infrator e sua situação econômica. STJ já decidiu que a penalidade administrativa de demolição não é autoexecutória, ao menos no caso de obra já conclusa, cabendo ao órgão ambiental postular a autorização judicial apra sau execução. A ação judicial que visa anular um auto de infração ambiental deve contar com a participação do Ministério Público como fiscal da lei, devido ao evidente interesse público da demanda, conforme entendimento do STJ no Informativo 487. Procedimento STJ: admite a aplicação de multa do IBAMA e da Capitania dos Portos pelo mesmo derramento (Frederico Amado considera um claro bis in idem em razão do art. 70 da Lei de Crimes Ambientais). O art. 17-Q da PNMA autorizou o IBAMA a celebrar convênios com os Estados, Municípios e DF para desepenharem atividades de discalização ambiental. O STJ entende que a lavratura de infração pelo IBAMA não é atividade exclusiva dos analistas ambientas, desde que haja designação apra atuar na fiscalização ambiental. Entretanto, se o servidor que lavrar o auto de infração não estiver designado para tanto, o ato administrativo deverá ser anulado. Caso apresente vício sanável, caberá a convalidação do auto de infração pela autoridade administrativa superior, desde que seja reaberto novo prazo de defesa ao autuado, a exemplo do vício em sua forma. Todavia, o vício insanável ensejará a pronúncia de nulidade do auto de infração e arquivamento do processo administrativo, assim considerado aquele em que a correção da autuação implica modificação do fato descrito no auto de infração. Mesmo sendo decretada a nulidade do auto de infração, se estiver caracterizada a conduta ou atividade lesiva ao meio ambiente, deverá ser lavrado novo auto, observado as regras relativas à prscrição. Prazos no Processo Administrativo Ambiental: Prazo para defesa: 20 dias; Prazo para julgamento: 30 dias; Prazo para recurso à autoridade administrativa superior: 20 dias. A absolvição criminal por inexistência do fato ou autoria vinculará a Administração Pública Ambiental, por aplicação analógica do art. 935 do CC, que visa harmonizar a responsabilidade civil e criminal, uma vez que não é possível que se reconheçam ou se neguem a autoria e a existência de um fato em uma instância e ocorra o contrário em outra, o que geraria uma insegurança jurídica. 10 Prescrição A prescrição da pretensão punitiva administrativa ambiental federal é regulada pela Lei do Processo Administrativo Federal. Às infrações ambientais, de regra, contrar-se-á 5 (cinco) anos a partir da consumação da infração, sendo que se se tratar de ilícito instantâneo o prazo se iniciará logo, ao revés do que acontece com as infrações permanentes, que será o dia da cessação. Súmula 467 STJ: Prescreve em 5 (cinco) anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. A prescrição da pretensão executória somente começará quando for possível a cobrança da multa pelo órgão ambiental pela imutabilidade do ato administrativo sancionatório, quer pelo exaurimento recursal, quer pelo transcurso in albis do prazo recursal. Causas de Interrupção da Prescrição Interrupção da Prescrição Punitiva Notificação ou citação do indiciado/acusado, inclusive por meio de edital; Qualquer ato inequivico, que importe apuração do fato; Deciusão condenatória recorrível; Qualquer ato inequívico que importe em manifestação expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal. Interrupção da Prescrição Executória Pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; Pelo protesto judicial; Qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor; Qualquer ato inequívoco que importe em manifestação de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da administração público federal. Hipóteses de Suspensão e Conversão da Punibilidade Administrativa O art. 14, § 2º do Código Florestal preve uma hipótese de suspensão da punibilidade administrativa ambiental: § 2º Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada sanção administrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão ambiental competente integrante do Sisnama, em razão da não formalização da área de Reserva Legal. No Capítulo XIII do Código Florestal, foi previsto que no período entre a públicação do Novo Código Florestal e a implantação do Programa de Recuperação Ambiental em casa Estado e DF, bem como após a adesão do intererraso ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido o temro de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderpa ser autuado por infrações cometidas antes de 22/07/2008 em APP, reserva legal ou áreas de uso restrito. De acordo com o STJ, deve-se interpretar o art. 59 do Código Florestal no sentido de ser necessário o cumprimento do termo de compromisso de reparação do dano como condição deconversão das multas ambientais. Referência: AMADO, Frederico: Direito Ambiental – 8ª ed. Rev. Atual. Ampl. – Salvador:Juspodivm, 2017
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