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5 - Responsabilidade Civil e Administrativa por Danos Ambientais

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1 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS 
A responsabilidade civil por danos ambientais possui expressa previsão constitucional, pois as condutas 
e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratos, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados, 
na forma do artigo 225, § 3º, da Constituição Federal: 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas 
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. 
É competência concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal legislar sobre a 
responsabilidade por dano ao meio ambiente, conforme artigo 24, inciso VIII, cabendo aos Municípios 
editar normas suplemetando as federais e estaduais, de acordo com o interesse local. 
Conceito Legal de Poluidor 
Artigo 3º, inciso IV, da PNMA: “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, 
diretamente ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”. 
Já a degração ambiental possui acepção mais ampla que poluição, pois é qualquer alteração adversa 
das características do meio ambiente. 
Na definição de poluição também se enquadra a emissão de sons e ruídos em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos (poluição sonora), conforme já reconhecido pelo STJ (Resp 1.051.306). 
A poluição poderá ser lícita ou ilícita, pois, se for amparada por regular licenciamento ambiento, haverá 
uma poluição lícita, o que excluí qualquer responsabilidade administrativa ou criminal do poluidor. 
Contudo, mesmo a poluição licenciada não exclui a responsabilidade civil do poluidor, na hipótese de 
geração de danos ambientais, pois esta não é sancionatória, e sim reparatória. 
Mesmo as pessoas jurídicas de direito público poderão ser consideradas poluidoras, por atos comissivos 
ou omissivos. Assim, quando explora diretamente atividade econômica, a exemplo da atividade 
petrolífera, por meio de empresa estatal, a Administração Pública poderpa se enquadrar como poluidora 
direta. 
Outrossim, a concessão de uma licença ambiental irregular por um órgão ambiental que culmine em 
degração ambiental colocará o Poder Público na condição de poluidor indireto. 
Os últimos precedentes do STJ, declararam a responsabilidade objetiva do Estado por danos 
ambientais, mesmo em se tratando de omissão na fiscalização ambiental. 
Será objetiva a responsabilidade estatal quando a omissão de cumprimento adequado do seu dever de 
fiscalizar for determinante para a concretização ou agravamento do dano causado pelo seu causador 
direto (AgRg no Resp 1.001.780). 
Mesmo que o Estado se enquadre como poluidor indireto por sua inércia em evitar o dano ambiental, 
após a reparação deverá regressar contra o poluidor direto. 
Contudo, apesar de ser solidária, a atual jurisprudência dominante no STJ (1ª e 2ª Turmas) é no sentido 
de que a responsabilidade civil do Poder Publico é de execução subsidiária, na hipótese de omissão 
de cumprimento adequado no seu dever de fiscalizar que foi determinante para a concretização ou o 
agravamento do dano causado pelo seu causador direto. 
2 
 
“(...) trata-se, todavia, de responsabilidade subsidiária, cuja execução poderá ser promovida caso o 
degradador direto não cumprir a obrigação, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou 
insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, por qualquer razão, inclusive ténica, de 
cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurando, sempre, o direito de regresso (art. 934 
do CC), com a desconsideração da personalidade jurídica, confrome preceitua o art. 50 do CC (REsp 
1.071.741)”. 
Dessa forma, apenas se a execução não puder alcançar o patrimônio do poluidor direto, a exemplo 
da insolvência, é que o processo executivo será direcionado ao Poder Público. Logo, é possível a 
responsabilização tanto do poluidor direito e do poluidor indireto. 
Visando a celeridade processual e a prática viabilidade da reparação, há forte entendimento vedando a 
denunciação da lide ou o chamamento ao processo nos processos de reparação por danos 
ambientais, sendo necessário o ajuizamento de ação própria contra os codevedores ou responsáveis 
subsidiários: 
“STJ: 4. Direito de regresso, se decorrente do fenômeno de violação ao meio ambiente, deve ser discutido 
em ação própria (Resp 232.187). (...) 
2. Pacífico o entendimento desta Corte Superior a respeito da impossibilidade de denunciação à lide 
quando a relação processual entre o autor e o denunciante é fundada em caus ade pedir diversa da 
relação passível de instauração entre o denunciante e o denunciado, à luz dos princípios da economia e 
celeridade processuais. Precedentes. (...)” 
Nesse sentido, a jurisprudência do STJ é firme quanto a não ser obrigatória a formação de 
litisconsórcio, visto que a responsabilidade de reparação integral do dano ambiental é sólidaria (permite 
demandar qualquer um ou todos eles). 
Em razão, disso, entende-se que é possível que o poluidor indireto que tenha indenizado entre com ação 
regressiva, em processo próprio, contra o poluidor direto, pois a responsabilidade deste é principal. 
No entanto, o próprio STJ aponta uma exceção ao seu entendimento, sendo “como única forma de 
garantir plena utilidade e eficácia à prestação jurisdicional, impõe-se o litisconsórcio necessário entre o 
loteador e o adquirente se este, por mão própria, altera a situação física ou realiza obras no lote que, ao 
fnal, precisão ser demolidas ou removidas” (STJ Edcl no Resp 843.978). 
Um caso de poluidor indireto expressamente previsto na lei é o caso do art. 2º, § 4º da Lei 11.105/2005 
(Lei de Biossegurança), em que os financiadores de atividades que envolvam organismos modificados 
devem exigir dos executores Certificado de Qualidade em Biossegurança, “sob pena de se tornarem 
corresponsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Leiou de sua 
regulamentação.” 
No mesmo sentido, o art. 12 da Lei 6.938/1981, exige que as entidades e órgãos oficiais de crédito 
condiconem a sua concessão ao prévio licenciamento ambiental das suas atividades, mediante a 
aprovação dos respectivos projetos. Um exemplo é a Caixa Econômica Federal que exige a comprovação 
da origem lícita da extração de madeira utilizada na construção de imóveis, mediante licencia ambiental, 
pois s enão exigesse poderia estar cometendo poluição indireta. 
A conduta do poluidor poderá ser comissiva ou omissiva, sendo que enste último caso, que também 
dispensa a análise de culpa (negligência), é preciso que o agente tenha o dever de atuar para evitar 
o dano ambiental, em decorrência de previsão legal, contratual ou por um comportamente aterior que 
tenha criado ou majorado um risco ambiental. 
3 
 
O STJ admite a inversão do ônus da provas nas ações de reparação de danos ambientais, com base no 
interesse público e no Princípio da Precaução, entendimento consolidado na Súmula 618: 
Súmula 618: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental. 
Além do fundamento material, mormento no Princípio da Precaução (in dubio pro natura ou salute), a 
inversão do ônus da prova em matéria de repação de dano ambiental também encontra fundamento 
processual no art. 6º do CDC, que possui aplicação em defesa de todos os direitos coletivos e difusos. 
Outro instrumento importante para garantir a reparação de danos ambientais é a desconsideração da 
personalidade jurídica, que na esfera ambiental é informada pela Teoria Menor, pois não se exige o 
abuso de personalidade jurídica para a sua concretização. 
Art. 4º, Lei 9.605/1998: poderá ser desconsiderada a personalidade jurídica sempre que sua 
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 
A Teoria Menor da desconsideração, acolhida em nossoordenamento jurídico excepcionalmente no 
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa 
jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de 
finalidade ou de confussão patrimonial (STJ Resp 279.273). 
Nexo de Causalidade 
O nexo de causalidade é o vinculo que une a conduta e o resultado lesivo, variando a sua determinação 
de acordo com a teoria que se adote. 
 Teoria da Equivalência das Condições Causais – Conditio Sine Qua Non: toda codição será 
considera causa do delito, mesmo que não seja por si só apta a consumar o crime, uma vez que 
todos os que concorrem para o mesmo incidem na spenas cominadas, na medida de sua 
culpabilidade.. Para evitar absurdos, foram criados filtros, como a exigência de dolo ou culpa e 
concausas que rompe o nexo. Também se aplica a Teoria da Imputação Objetiva para a quebra 
do vínculo, quando juridicamente o resultado não puder ser atribuído ao agente, apesar de 
naturalisticamente sim, se este não criou ou aumento o risco socialmente permitido. 
 Teoria da Causalidade Adequada: causa é o antecedente não só necessário, mas, também, 
adequado à produção do resultado. Logo, nem todas as condições serão causa, mas apenas 
aquela que for a mais apropriada a produzir o evento. 
 Teoria dos Danos Diretos e Imediatos: apenas será responsável pela reparação o autor da 
última causa, excluindo-se as causas anteriores. 
O STF entende que o Código Civil adotou em seu art. 403 a Teoria dos Danos Diretos e Imediatos. 
Em termos de responsabilidade civil por danos ambientais, entendeu-se que a Teoria da Causalidade 
Adequada ou mesmo a Teoria dos Danos Diretos e Imediatos são incompatíveis com o conceito legal de 
poluidor indireto, pois ele dificilmente teria sua conduta enquadrada como aquela que, por si só, georu o 
dano ambiental ou será considerada a causadora direta e imediata da lesão do bem jurídico ambiental. 
Destarte, é possível adotar-se teorias diversas para a delimitação do nexo causal do poluidor direto e 
indireto: 
 O Poluidor Direto poder-se-à analisar a sua conduta pela Teoria dos Danos Direto e Imediatos; 
 Enquanto o Indireto a que melhor se adapta é a Teoria da Equivalência das Condições 
Causais, limitadapela Teoria da Imputação Objetiva. 
4 
 
Há precedente no STJ que expressamente admitiu excepcionalmente a responsabilidade civil ambiental 
independente de nexo de causalidade: 
Para fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz, quem não faz 
quando deveria fazer, quem deixa de fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que 
façam, e quem se benefícia quando outros fazem (Resp 650.728). 
Natureza Objetiva 
Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, 
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados. 
Da análise da referida norma, concluí-se que inexiste bis in idem na aplicação das sanções penais e 
administrativas juntamente com a indenização, uma vez que a regra é a indepedência de instâncias. 
A indenização apenas visa recompor o bem jurídico lesado, não tendo normalmente caráter sancionatório 
e pedagógico, não sendo um regime jurídico adequado à proteção ambiental, pois não atende ao Princípio 
da Prevenção. 
A Constituição Federal não prevê literalmente a responsabilidade civil objetiva do poluidor por danos 
ambientais (exceto danos nucleares, previsto no art. 21, XXIII, d), mas diversos doutrinadores entendem-
na presente implicitamente. 
A posição amplamente prevalecente é que a responsabilidade civil ambiental no Brasil é objetiva por força 
no art. 14, § 1º da Lei 6.938/1981 (PNMA): 
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente 
e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade 
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. 
STF manifestou pela recepção do referido dispositivo, o qual se traduz na responsabilidade civil 
objetiva norteada pela Teoria do Risco Integral, pela qual não se quebra o vínculo de causalidade pelo 
fato de terceiro, caso fortuito ou força maior. 
STJ: A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o 
nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo 
descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de 
responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do 
CPC/1973 - TEMA 681 e 707, letra a). 
Se um invasor ou o antigo proprietário desmataram a reserva legal de um prédio rústico e o atual dono é 
acionado em sede de ação civil pública ou ação popular, não será acolhida a tese do fato de terceiro 
como causa excludente de responsabilidade. 
STJ: Causa inequívoco dano ecológico quem desmata, ocupa, explora ou impede a regeneração de Área 
de Preservação Permanente - APP, fazendo emergir a obrigação propter rem de restaurar plenamente 
e de indenizar o meio ambiente degradado e terceiros afetados, sob o regime de responsabilidade civil 
objetiva. 
De acordo com o Codigo Florestal, em seu art. 2º, § 2º as obrigações previstas nesta Lei têm naurezal 
real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posso 
do imóvel rural. 
5 
 
O proprietário será obrigado a reflorestar a àrea, poderm, no máximo, indentificar o poluidor direto e 
intentar ação regressiva. 
Mesmo com adoção da Teoria do Risco Integral são indispensáveis para a responsabilidade civil 
ambiental o dano, a conduta e o nexo cauxal entre todos. 
 Dano + Conduta + Nexo Causal = Responsabilidade Civil Ambiental . 
A peculiaridade é que poderá ser considerada conduta o simples desenvolvimento do empreendimento 
poluidor, não sendo necessária a poluição direta. 
Já o nexo causal poderá se configura pela simples propriedade ou posse do bem afetado ambientalmente. 
Apemas será excluída a obrigação de indenizar se o empreendedor demosntrar que inexiste dano 
ambiental ou se o mesmo não decorreu direta ou indiretamente da atividade desenvolvida. 
Importante – A pretensão reparatória ambiental imaterial é PERPÉTUA, porquanto não sujeita a prazo 
prescricional, conforme decidiu o STJ. 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é: 
 Inalienavél; 
 Intransferível; 
 Imprescritível. 
Art. 935 do CC: a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais 
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o autor, quando estas questões se acharem dedicicas no 
juízo criminal. 
Ou seja, a sentença penal absolutária fundamentada em inexistência de fato ou de autoria vinculará o 
juízo cível. 
Danos Ambientais 
“Não sendo possível a reparação natural, como instrumento subsidiário de reparação, deve-se cogitar da 
utilização da compensação ecológica”. 
Uma vez impossibilitada a reparação (ou restauração) em espécie, que é prioritária, dever-se-á partir para 
uma compensação ambiental ou, em último caso, para indenização em pecúnia. 
Segundo entendimento do STJ, é plenamente possível a cominação de obrigação de reparação com 
indenização pecuniária cumulativamente, até que haja a recuperação total do dano: 
“(...) 2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que a necessidade de reparação integral da 
lesão causada ao meio ambiente permite a cumulação de obrigações de fazer e indenizar. (...) 
(...) a condenação a recuperar a àarea lesionada não exclui o dever de indenizar, sobretudo pelo dano 
que permanece entre a sua ocorrência e o pleo estabelecimento do meio ambienteafetado (dano interio 
ou intermediário), bem como pelo dano moral coletivo e pelo dano residual (degradação ambiental que 
subsiste, não obstante todos os esforços de restauração). 
5. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem (...)” 
Outrossim, a 2ª Turma do STJ vem admitindo a condenação em dano moral coletido do poluidor, 
presumindo a ocorrência dos danos às presentes e futuras gerações. 
6 
 
Normalmente a obrigação de não fazer imposta ao poluidor objetiva a cessação da lesão ao meio 
ambiente a fim de não agravá-la, ao passo que a obrigação de fazer se destina à reparação ou 
compensação do ano ambiental. 
STJ Resp 1.198.727: “ao responsabilizar-se civilmente o infrator ambiental, não se deve confundir 
prioridade da recuperação in natura do bem degradado com impossibilidade de cumulação simultânea 
dos deveres de repristinação natural (obrigação de fazer), compensação ambiental e indenização em 
dinheiro ( obrigação de dar) e abstenção de uso e nova lesão (obrigação de não fazer)”. 
O dano ambiental pode ser definido como um prejuízo causado ao meio ambiente por uma ação ou 
omissão humana, que afeta de modo negativo o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente 
quilibrado e, por consequência, atinge também de modo negativo, todas as pessoas, de maneira direta 
ou indireta, inexistindo uma definição legal de dano ambiental no Brasil. 
Em sentindo amplo, dano ambiental é aquele que afeta todas as modalidades de meio ambiente (natural, 
artificial, cultura e laboral), ao passo que o dano ambiental strictu sensu afeta os elementos bióticos e/ou 
abióticos da natureza, sendo denominado puramente ecológico. 
José Rubens Morato Leite e Patryck de Araújo Ayala – Dano ambiental em uma primeira acepção, define-
se o dano ao patrimônio (imaterial) ambiental, ao macrobem tutelado, ao passo que a segunda se reporta 
aos efeitos da lesão à sadia qualidade de vida das pessoas, ou seja, ao dano extrapatrimonial ambiental. 
O STJ vem classificando o dano ambiental em individual e coletivo, aplicando o regime de 
responsabilidade civil objetiva pela Teoria do Risco Integral em ambos os casos. 
Todavia, nem toda atividade humana impactante ao meio ambiente configurará dano ambiental. Para a 
caracterização do dano ambienta, é necessário que exista um prejuízo anormal ao meio ambiente, 
dotado de mínima gravidade, ou seja, algo que afete o equilíbrio do ecossistema, não se enquadrando 
como dano ao meio ambiente qualquer alteração de suas propriedades. 
A degradação tolerada socialmente, amparada em regular licenciamento ambiental, dentro dos padrões 
fixados pela legislação ambiental, não isenta o poluidor de responder civilmente pelos danos ambientais, 
pois a reparação não tem natureza jurídica de sanção civil, já que visa recompor o estado ambiental 
anterior ou compensá-lo. 
O dano ambiental sempre terá uma vertente não patrimonial difusa, podendo, por via reflexa, atingir o 
patrimônio material, público ou privado. 
Uma questão que merece destaque é o regime jurídico de reparação do dano ambiental em unidades de 
conservação, nos casos em que o empreendedor já honrou com o pagamento de compensação ambiental 
de que trata o art. 36 da Lei 9.985/2000, nos casos de atividade apta a gerar significativa degradação 
ambiental, consoante previsto no EIA-RIMA. 
Caso o dano ambiental em unidade de conservação tenha sido mais extenso do que o previsto no EIA-
RIMA, ou então não tenha sdo considerado no cálculo da compensação ambiental, deverá o 
empreendedor ser responsabilizado civilmente por sua ocorrência, não existindo bis in idem nesta 
hipótese, segundo entendimento do STJ. 
Tabela Resumo Responsabilidade Civil Por Danos ao Meio Ambiente 
Previsão Legal Art. 225, § 3º da CF e art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981 (PNMA) 
Responsável Poluidor direito e indireto, pessoa física ou jurídica, de direito público ou 
privado, que causar degradação ambiental. É solidária. 
7 
 
Novo proprietário, possuidor ou detentor a qualquer título dee imóvel em 
passivo ambiental (obrigação propter rem). 
Natureza Objetiva, norteada pela Teoria do Risco Integral (STJ). No caso da 
Administração Pública, a responsabilidade pela omissão na fiscalização será 
objetiva, se relevante na concretização ou ampliação do dano ambiental 
(STJ), assegurado o regresso contra o poluidor direto. 
Excludentes Inexistência de dano ambiental ou quando a degradação não tem nexo com 
a atividade da pessoa. 
Espécies de Danos Patrimonial (patrimônio ambiental) e extrapatrimonial (moral) individual e 
coletivo. O STJ usa a diferenciação entre o dano ambiental público (meio 
ambiente) e privado (reflexo do dano público no patrimônio privado). 
Imprescritibilidade De acordo com o STJ, a pretensão para reparação do dano ambiental é 
perpétua. 
Inversão do Ônus da 
Prova 
É admitida pelo STJ nas ações de reparação com base no Princípio da 
Precaução e no interesse público da reparação do dano ambiental. 
Desconsideração da 
Personalidade Jurídica 
De acordo com o art. 4º da Lei 9.605/1998, poderá ser desconsiderada a 
pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Adota-
se a Teoria Menor. 
Natureza Jurídica Ressarcitória, não sendo punitiva (STJ). Admite-se cumulação de 
condenações (não fazer, fazer e pagar). 
 
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS 
A Constituição Federal, no seu art. 225, § 3º, prevê a incidência cumulativa das sanções administrativas 
e penais contra os infratores ambientais, independentemente da reparação civil dos danos. 
A regra geral é a competência material comum entre todos os entes políticos para proteger o meio 
ambiente e controlar a poluição, logo, cada qual terá a tribuição de instituir suas próprias infrações 
administrativo-ambientais por lei, que culminarão com a aplicação de penalidades adminsitrativas com 
base no poder de polícia ambiental. 
Como os atos administrativos gozam dos atributos da presunção de veracidade e legitimidade, cabe ao 
suposto infrator elidir essa presunção de índole relativa, a qual não pode ser afastada por medida liminar, 
pois ofende o princípio do devido procesos legal, exceto no caso de evidências concretas e univocas, 
caso contrário, a verossimilhança oscila em favor da manutenção da infração administrativa . 
A competência para licenciamente ambiental não se confunde com a atribuição para exercer a fiscalização 
ambiental, todos os entes federados possuem competência constitucional para o controle da poluição. 
Regra geral, compete ao órgão responsavel pelo licenciamento ou autorização lavrar o auto de infração 
ambiental, entretanto, isso não impede o exercício dos demais entes (tema devidamente esgotado em 
Licenciamento Ambiental). 
Infração Ambiental do Art. 70 da Lei 9.605/1988 
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas 
de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. 
8 
 
A ocorrência de dano ambiental não é exigida para a consumação do citado tipo administrativo, em 
consonância com o Princípio da Prevenção, sendo bastante que o agente, por ação ou omissão, infrinja 
a legislação administrativa ambiental, existindo infrações de dano e de perigo. 
O autor poderá ser pessoa física ou jurídica, mas neste último caso exige-se que o ato tenha sido 
praticado por seu representante legal ou contratual, no interesse ou benefício da entidade moral. 
Para definição do nexo de causalidade, deverá ser utilizada a Teoria da Equivalência das Condições 
Casuais, pois o art. 2º da Lei de Crimes Ambientais tem aplicabilidade aos crimes e infrações 
administrativas, já que inserido no Capítulo I, que contém as disposições gerais, apesar de o tto se referir 
a crime, quando deveria ter sido genérico. 
Logo, todos que concorrem para a consumação de um ilícito administrativo contrao meio ambiente 
estarão sujeitos às penalidades, apenas admitindo-se a exclusão da responsabilidade nas hipóteses de 
caso fortuito, força maior ou fato de terceiro, pois a responsabilidade administrativa é pessoal. 
Para que seja penalizada administrativamente, é curial a demonstração da autoria do ilícito, não se 
admitindo a aplicação da doutrina da responsabilização propter rem, restrita à responsabilidade civil por 
danos causados ao meio ambiente. 
STJ: a aplicação de penalidades administrativa não obecede à lógica da responsabilidade objetiva da 
esfera cível (para reparação dos danos causados, mas deve obedecer à sistemática da teoria da 
culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de 
seu elemento subjetivo, e com demonstraçã do nexo causal entre a conduta e o dano. 
Natureza jurídica da responsabilidade administrativa depende ou não da demonstração de culpa 
do agente? 
1ª e 2ª Turma do STJ: a responsabilidade administrativa é subjetiva. 
Não viola o Princípio da Estrita Legalidade a instituição de um tipo genético por lei, a ser regulamentado 
via decreto, pois o Direito Penal Ambiental admite a criação de normas penais em branco heterogêneas, 
ante o caráter concretista e interdisciplinar do meio ambiente, 
Sanções Administrativas 
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no 
art. 6º 
I - advertência; cabível em qualquer infração, sem prejuízo das demais 
(ou seja, cumulável) 
II - multa simples; pressupõe negligência ou dolo, quando o infrator já foi 
advertido enão sanou as irregularidades. 
III - multa diária; 
IV - apreensão dos animais, produtos e 
subprodutos da fauna e flora, instrumentos, 
petrechos, equipamentos ou veículos de 
qualquer natureza utilizados na infração; 
Animais serão liberados em seu habitat natural, exceto 
se não for possível por questões sanitarias (dai serão 
entregues a jardins zoologicos, fundações, para guarda 
e cuidados. 
V - destruição ou inutilização do produto; adotada se não houver utilidade ou seu uso for ilícito. 
VI - suspensão de venda e fabricação do 
produto; 
não obeceder às prescrições legais ou regulamentos. 
VII - embargo de obra ou atividade; 
9 
 
VIII - demolição de obra; 
IX - suspensão parcial ou total de atividades; 
X – (VETADO) 
XI - restritiva de direitos: § 8º As sanções restritivas de direito são: 
I - suspensão de registro, licença ou autorização; 
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; 
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; 
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de 
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
 
A dosimeteria das sanções será norteada pelos critérios do art. 6º, consoante a gravidade do fato, os 
antecedentes do infrator e sua situação econômica. 
STJ já decidiu que a penalidade administrativa de demolição não é autoexecutória, ao menos no caso 
de obra já conclusa, cabendo ao órgão ambiental postular a autorização judicial apra sau execução. 
A ação judicial que visa anular um auto de infração ambiental deve contar com a participação do Ministério 
Público como fiscal da lei, devido ao evidente interesse público da demanda, conforme entendimento do 
STJ no Informativo 487. 
Procedimento 
STJ: admite a aplicação de multa do IBAMA e da Capitania dos Portos pelo mesmo derramento (Frederico 
Amado considera um claro bis in idem em razão do art. 70 da Lei de Crimes Ambientais). 
O art. 17-Q da PNMA autorizou o IBAMA a celebrar convênios com os Estados, Municípios e DF para 
desepenharem atividades de discalização ambiental. 
O STJ entende que a lavratura de infração pelo IBAMA não é atividade exclusiva dos analistas ambientas, 
desde que haja designação apra atuar na fiscalização ambiental. Entretanto, se o servidor que lavrar o 
auto de infração não estiver designado para tanto, o ato administrativo deverá ser anulado. 
Caso apresente vício sanável, caberá a convalidação do auto de infração pela autoridade administrativa 
superior, desde que seja reaberto novo prazo de defesa ao autuado, a exemplo do vício em sua forma. 
Todavia, o vício insanável ensejará a pronúncia de nulidade do auto de infração e arquivamento do 
processo administrativo, assim considerado aquele em que a correção da autuação implica modificação 
do fato descrito no auto de infração. 
Mesmo sendo decretada a nulidade do auto de infração, se estiver caracterizada a conduta ou atividade 
lesiva ao meio ambiente, deverá ser lavrado novo auto, observado as regras relativas à prscrição. 
Prazos no Processo Administrativo Ambiental: 
 Prazo para defesa: 20 dias; 
 Prazo para julgamento: 30 dias; 
 Prazo para recurso à autoridade administrativa superior: 20 dias. 
A absolvição criminal por inexistência do fato ou autoria vinculará a Administração Pública Ambiental, por 
aplicação analógica do art. 935 do CC, que visa harmonizar a responsabilidade civil e criminal, uma vez 
que não é possível que se reconheçam ou se neguem a autoria e a existência de um fato em uma instância 
e ocorra o contrário em outra, o que geraria uma insegurança jurídica. 
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Prescrição 
A prescrição da pretensão punitiva administrativa ambiental federal é regulada pela Lei do Processo 
Administrativo Federal. 
Às infrações ambientais, de regra, contrar-se-á 5 (cinco) anos a partir da consumação da infração, 
sendo que se se tratar de ilícito instantâneo o prazo se iniciará logo, ao revés do que acontece com 
as infrações permanentes, que será o dia da cessação. 
Súmula 467 STJ: Prescreve em 5 (cinco) anos, contados do término do processo administrativo, a 
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. 
A prescrição da pretensão executória somente começará quando for possível a cobrança da multa pelo 
órgão ambiental pela imutabilidade do ato administrativo sancionatório, quer pelo exaurimento recursal, 
quer pelo transcurso in albis do prazo recursal. 
Causas de Interrupção da Prescrição 
Interrupção da 
Prescrição 
Punitiva 
 Notificação ou citação do indiciado/acusado, inclusive por meio de edital; 
 Qualquer ato inequivico, que importe apuração do fato; 
 Deciusão condenatória recorrível; 
 Qualquer ato inequívico que importe em manifestação expressa de tentativa 
de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal. 
Interrupção da 
Prescrição 
Executória 
 Pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; 
 Pelo protesto judicial; 
 Qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em 
reconhecimento do débito pelo devedor; 
 Qualquer ato inequívoco que importe em manifestação de tentativa de solução 
conciliatória no âmbito interno da administração público federal. 
 
Hipóteses de Suspensão e Conversão da Punibilidade Administrativa 
O art. 14, § 2º do Código Florestal preve uma hipótese de suspensão da punibilidade administrativa 
ambiental: 
§ 2º Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área de Reserva Legal, ao 
proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada sanção administrativa, inclusive restrição a 
direitos, por qualquer órgão ambiental competente integrante do Sisnama, em razão da não formalização 
da área de Reserva Legal. 
No Capítulo XIII do Código Florestal, foi previsto que no período entre a públicação do Novo Código 
Florestal e a implantação do Programa de Recuperação Ambiental em casa Estado e DF, bem como após 
a adesão do intererraso ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido o temro de compromisso, o 
proprietário ou possuidor não poderpa ser autuado por infrações cometidas antes de 22/07/2008 
em APP, reserva legal ou áreas de uso restrito. 
De acordo com o STJ, deve-se interpretar o art. 59 do Código Florestal no sentido de ser necessário o 
cumprimento do termo de compromisso de reparação do dano como condição deconversão das multas 
ambientais. 
Referência: AMADO, Frederico: Direito Ambiental – 8ª ed. Rev. Atual. Ampl. – Salvador:Juspodivm, 2017

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