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analfabetismo digital - ensaio sobre o uso das tecnologias de informação nos ambientes escolares públicos


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO 
VALE DO SÃO FRANCISCO 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, NOVAS 
TECNOLOGIAS E CONTEMPORANEIDADE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAULO VIANA CUNHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANALFABETISMO DIGITAL: ensaio sobre o uso das 
tecnologias de informação nos ambientes escolares públicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUAZEIRO-BA 
2016 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EMEDUCAÇÃO, NOVAS 
TECNOLOGIAS E CONTEMPORANEIDADE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAULO VIANA CUNHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANALFABETISMO DIGITAL: ensaio sobre o uso das 
tecnologias de informação nos ambientes escolares públicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUAZEIRO – BA 
 2016 
Artigo científico submetido ao Programa 
de Pós Graduação em Educação, Novas 
tecnologias e Contemporaneidade da 
UNIVASF, como requisito para a 
conclusão do curso de especialização. 
 
Prof.ª Orientadora:Dr ª. Dinani Amorim 
Membros da Banca: 
Profª Thaise Gama Brito 
Profº Eduardo Magno Santos de Brito 
 
 
 
 
 
 
Analfabetismo Digital: ensaio sobre o uso das tecnologias de 
informação nos ambientes escolares públicos 
 
 
 
 
Paulo Viana Cunha 
pauloviana.cunha@bol.com 
Pós-graduando do curso de Educação, Contemporaneidade e Novas Tecnologias, UNIVASF. 
 
 
 
Resumo 
 
Este trabalho tem por objetivo analisar questões inerentes falta de alfabetização 
digital nas escolas e quais os problemas gerados a partir dessa ausência 
sistematizada de ensino. Para entender as disfunções advindas da falta de uma 
alfabetização digital correta no ambiente escolar, foi feita uma análise e um 
levantamento bibliográfico de textos e livros que tratam sobre a questão em si. A 
principal meta foi identificar através de uma reflexão crítica quais os resultados que o 
analfabetismo digital gera na construção do conhecimento autônomo do discente e 
como isso atinge grande parte das escolas brasileiras. . 
Palavras-chave: Alfabetização digital, tecnologias, escola, educação e cidadania. 
 
 
 
Digital Illiteracy: essay on the use of information technologies in school 
environments 
 
Abstract 
 
This text aims to analyze problems inherent lack of digital literacy in schools and 
what problems generated from this systematic lack of education. To understand the 
dysfunctions resulting from the lack of a correct digital literacy at school, it was made 
an analysis and bibliographic kevantamento texts and books that deal with the issue 
itself. The main goal was to identify through a critical reflection which the results that 
digital illiteracy generates in the construction of self-knowledge of the student and 
how it affects most Brazilian schools. . 
Keywords: digital literacy, technology, school, education and citizenship. 
 
 
Introdução 
 
 
 
 A alfabetização de um indivíduo é um dos elementos mais importantes de um 
Estado Democrático de Direito, pois é por meio dela que há um processo de 
construção de conhecimento formal a partir da decodificação de sinais e símbolos, 
tão usuais nos sistemas educativos e na vida social. De fato, o processo de 
alfabetização do homem está presente em sua vida desde sua existência, visto que 
esse processo tornou-se imprescindível para que o mesmo pudesse aperfeiçoar 
suas criações, bem como conservar e perpetuar sua cultura ao longo do tempo 
(GILES, 1987). Percebe-se isso quando observamos os vários períodos da história 
humana, atingindo até mesmo o período neolítico e paleolítico. A alfabetização em 
dados momentos teve seu processo modificado em virtude da sociedade a qual 
estava inserida, pois como se trata de um processo educativo, é o momento 
histórico que determina sua funcionalidade. 
 Batista (2006, p.16), define a alfabetização como um processo em que a 
designação na leitura propicia a capacidade de decodificar sinais e símbolos, onde 
há a partir disso uma transformação em sons diversos, seja linguístico ou 
simplesmente sonoro, o que vai ser transformado em sinais gráficos. 
Esse conceito de alfabetização ao longo do tempo foi perdendo espaço e 
sendo paulatinamente substituído por outros conceitos que estavam em 
consonância com as novas realidades sociais e políticas. Assim sendo, não é 
possível considerar alfabetizado apenas aqueles que sabem ler, mas somente 
aqueles que interpretam de forma correta os dados que recebem. Com isso, pode-se 
definir atualmente alfabetização como: 
 
 
[...] o processo de inserção e participação na cultura escrita. Trata-se de um 
processo que tem início quando a criança começa a conviver com as 
diferentes manifestações da escrita na sociedade (placas, rótulos, 
embalagens comerciais, revistas, etc.) e se prolonga por toda a vida, com a 
crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a 
língua escrita, como a leitura e redação de contratos, de livros científicos, de 
obras literárias, por exemplo. (VAL, 2006, p. 19). 
 
 
Surgiram ao longo do processo educativo concepções sobre novos métodos 
de alfabetização, onde a forma mecanicista foi perdendo espaço para outras ideias, 
em específico a ideia do letramento como parte de um processo de alfabetização 
eficiente. Nesse entendimento ficou claro que a simples decodificação da linguagem 
escrita não era suficiente para que o indivíduo pudesse viver de forma eficaz a 
cultura da escrita, bem como não correspondia às necessidades sociais das novas 
sociedades. 
Após a análise desses pressupostos teóricos nota-se que o objetivo desse 
trabalho consiste em perceber de que forma o analfabetismo digital afeta o processo 
de ensino aprendizagem em alunos das escolas públicas brasileiras (especialmente 
os alunos do ensino fundamental II), bem como identificar as causas e 
consequências geradas pelo uso irracional dos sistemas de software em ambientes 
escolares. 
Além disso, esse trabalho acadêmico tem como meta contribuir de forma significativa 
para um novo olhar acadêmico e social no que tange as novas formas de aprender e 
ensinar oriundas de uma nova linguagem informacional, ligada quase que 
exclusivamente as tecnologias da informação. 
O percurso metodológico desse trabalho contou com o levantamento das 
referências bibliográficas aqui descritas, bem como uma análise e reflexão sobre o 
tema e os seus desdobramentos no contexto sócio educativo. O recorte temporal foi 
feito com base nos últimos dez anos (2005 a 2015) devido a grande massificação 
das tecnologias da informação nesse periodo. 
O trabalho foi dividido três subtítulos, além da introdução e considerações 
finais, a fim de que o leitor identifique de forma mais tranqüila o conteúdo e reflita 
sobre a aplicação dos mesmo nas inúmeras situações reais do cotidiano. 
 
 
 Letramento digital: nova proposta metodológica de ensino aprendizagem 
 
 
 Ademais, a ideia de letramento pressupõe que o sujeito deve além de possuir 
a capacidade sobre a escrita e a leitura, ser capaz de inferior diversas interpretações 
sobre aquilo que está escrito, bem como ter o domínio cognitivo da leitura contextos 
variados. Com isso, o indivíduo que possui um processo de alfabetização completo 
passa a ser também um sujeito letrado: 
 
 
[...] a garantia do acesso à leitura e produção de diferentes gêneros textuais 
por si só não assegura a construção de sujeitos leitores e escritores 
autônomos. [...] e ainda chama a atenção de que se pode ser letrado sem 
ser alfabetizado. Em ambos os casos, não há a construção de sujeitos 
leitores e escritores autônomos (SANTOS e ALBUQUERQUE, 2005, p. 98). 
 
 
 Desse modo, o processo de aprendizagem do letramento tem início quando o 
indivíduo tem acesso a diversos meios escritos, incluindo a o uso da língua escrita e 
com objetivos bem definidos. Em paralelo a isso, a alfabetizaçãoem si ocorre 
somente com o ingresso em uma instituição formal de ensino. Nesse novo contexto, 
a alfabetização escolar trabalha como métodos claros de ensino, como a 
aprendizagem do sistema alfabético e análises e reconhecimentos de elementos da 
língua escrita. 
 Ocorre que quando esse processo acontece de forma dissociada de um 
processo de letramento, a alfabetização não é concluída com êxito, gerando 
dificuldades que atinge esse indivíduo em toda sua jornada de aprendizagem, 
causando problemas em outras áreas, como o analfabetismo funcional. Esse 
elemento influi na capacidade até mesmo de o sujeito adquirir uma compreensão 
correta acerca das informações advindas do meio tecnológico, causando e 
aprofundando o analfabetismo digital. 
 A ampliação dos meios de comunicação no mundo e consequentemente no 
Brasil permitiram que a informação chegasse ao indivíduo com extrema rapidez, a 
partir de um simples clique. O mundo pós-moderno criou sistemas próprios de 
comunicação e de aprendizagem, onde a internet tem um papel fundamental para 
auxiliar a busca e recuperação das informações. 
 Nesse aspecto, os diversos programas de alfabetização digital existentes 
pautam-se na inserção do conhecimento utilizado racionalmente como um caminho 
para a democratização da informação, caracterizada ela busca da responsabilidade 
social, o que visa tornar os indivíduos mais conscientes sobre seu papel na 
sociedade. 
 Um dos grandes problemas está no fato de que em muitas escolas não há 
acesso a esses programas de alfabetização digital por diversos motivos, que vão da 
falta de recursos financeiros ao mau planejamento administrativo e pedagógico. 
Diante dessas premissas, verifica-se então que além da falta de equipamentos 
informáticos ou de um maior investimento em sistemas de informações, não há uma 
concepção clara de alfabetização digital nas escolas direcionada para a comunidade 
escolar que construa um conhecimento racional a partir do uso inteligente dos 
sistemas, que é o planejamento adequado para o uso desses sistemas. 
 Ser alfabetizado digitalmente nada tem haver com o uso de equipamentos 
tecnológicos, seja de uso coletivo ou individual. A alfabetização digital tem como 
proposta fundamental a capacitação individual, por meio de um processo formal de 
aprendizagem, de buscar, acessar, recuperar e utilizar de forma consciente e 
consistente as informações que estão dispostas nos meios informacionais. 
 E esse processo está ausente em muitas escolas do Brasil, pois falta 
capacitação para docentes e discentes, sobre como usar os sistemas informações, 
quando usá-los e quais os aparelhos mais apropriados para pesquisa, bem como 
downloads etc, caracterizados pelo uso irracional dos equipamentos e sistemas e 
aprofundado pela perpetuação do analfabetismo digital nos ambientes escolares. 
 
 
As principais causas do analfabetismo digital nas escolas 
 
 
 Existem diversas causas para que se possa explicar o analfabetismo digital 
em ambientes escolares públicos, mesmo naqueles locais em que existe já um 
investimento tecnológico no que se refere a computadores e sistemas de 
informação, bem como o amplo acesso individual dos discentes aos aparelhos 
telefônicos, que permitem acesso à internet sem fio. Logicamente que o acesso a 
esses elementos é imprescindível para que os alunos ingressem no sistema digital e 
pelo menos comecem a perceber a funcionalidade dos softwares e hardwares. Só 
que como já foi mencionado, isso apenas não basta, pois a dimensão gerada pelo 
acesso as novas mídias perpassa pelo conhecimento e uso racional dos sistemas. 
 A primeira causa que pode explicar o analfabetismo digital na escola 
perpassa pelo papel do docente nesse processo, incluindo sua formação na área de 
novas tecnologias. Existem atualmente cursos que trabalham com a introdução as 
tecnologias da informação para docentes na educação. Mas o problema reside no 
fato de que o investimento ainda é muito pouco na formação docente, bem como o 
direcionamento intelectual de tais cursos estão sob um viés muito produtivista. 
Outra causa que pode ser apontada como preponderante para o 
analfabetismo digital nas escolas é o analfabetismo funcional. O analfabeto funcional 
é aquele que lê e escreve, mas não consegue interpretar e escrever de forma 
objetiva o que foi lido. Possui uma alfabetização cultural, mas não possui 
conhecimentos para operar o meio digital. 
O índice de analfabetismo no Brasil durante o ano de 2001 alcançou quase que 
12,4% da população (IBGE, 2002). O analfabetismo no Brasil em 1999 atingiu um 
total de 22,8 milhões de brasileiros, cerca de 13,8% da população com mais de 15 
anos de idade, com o analfabetismo superando a casa dos 10% (UNESCO, 2001). 
Em 2010 houve uma pequena queda na taxa de analfabetos, mas na região 
nordeste cerca de 28% da população de 15 anos ou mais não sabia ler nem 
escrever, sendo a maior média obtida em todo o país (IBGE, 2010). Em municípios 
com até 10 mil habitantes 7,2% não sabia nem ler e escrever (IBGE, 2010). Ainda 
constatou-se que dos 1.304 municípios brasileiros que tinham taxas de 
analfabetismo iguais ou superiores a 25%, grande maioria ainda não oferecia 
programas de tecnologias da informação para os discentes, agravando-se nos anos 
finais do ensino fundamental II, tendo destaque negativo o município de Monte 
Santo com 35,6% da população nessa situação (IBGE, 2010). 
O uso não racional dos equipamentos de software e hardware de forma 
adequada é considerado outra causa para a expansão do analfabetismo digital. É 
possível afirmar com muita tranqüilidade que muitos indivíduos possuem e 
reconhecem diversos dispositivos digitais, bem como detenham algumas habilidades 
para o uso e manuseio de máquinas digitais. Ocorre que a falta de letramento digital 
aprofunda a exclusão, pois apesar de saberem muito do uso do dispositivo 
(hardware), falta ainda conhecimento sobre o software (THOMAZ, 2011). 
Um elemento que pode ser atribuído ao crescimento do analfabetismo digital 
nas escolas nesse trabalho é o fomento e a criação de um componente curricular 
específico na educação básica sobre o uso de tecnologias da informação, com o 
professor habilitado para exercer essa função. Isso não se confunde com o trabalho 
que é feito de forma isolada pelos professores de informática. Pelo contrário, visa 
dar autonomia pedagógica a área, e isso deve estar disposto no projeto político-
pedagógico da escola. É nítido que apenas a inserção da tecnologia em outras 
disciplinas da base comum ainda não consegue surtir efeito como deveria, por 
inúmeros fatos já aqui retratados. 
 
 
As principais conseqüências do analfabetismo digital nas escolas 
 
 
As transformações que foram geradas pelas relações sociais de produção levaram 
mudanças à educação. A formação de professores as TICs criaram novos 
elementos importantes para a comunidade escolar, devido à diversificação de 
diversos campos de saberes de educadores, sendo necessária uma revisão na 
formação docente nas TICs e EAD. 
 Freitas (1997) aponta para uma necessidade de rever pontos importantes na 
política nacional de valorização dos professores, para incluir nessa formação 
questões interessantes, como tempo exclusivo para se trabalhar processos 
tecnológicos em sala com os discentes. Conseqüentemente fica claro que a falta de 
acesso do professor aos conhecimentos básicos de uso inteligente de softwares 
prejudica os discentes. 
 Mesmo diante de muitas inovações no que se refere a avanço da tecnologia 
escolar, é necessário que a escola propicie elementos que possibilitem a todos a 
construção do saber como ciência. Saviani(2003, p. 15) desponta com um excelente 
argumento, onde para o autor o saber quando sistematizado torna-se uma cultura 
letrada. Por isso que é de extrema importância o não abandono da escola a seu 
papel básico, que é de propiciar ao individuo instrumentospara que decodifique os 
códigos da sociedade atual. As TICs não podem ser vistas como algo separada da 
escola ou algo totalmente desvinculado da sociedade, pois as relações 
estabelecidas com o saber e entre os indivíduos não se distanciam daquelas 
construídas na escola tradicional. 
 Logicamente que há interferência direta na alfabetização digital nos casos de 
alunos que são analfabetos funcionais, pois não conseguem decodificar símbolos 
escritos, entender de forma profunda e refletir sobre aspectos importantes do 
processo educativo, como inclusão digital a baixo custo, para todas as escolas. 
Dentro disso, o analfabetismo funcional, que antes ficava restrito as salas de aulas e 
principalmente as leituras cotidianas dos diferentes tipos de texto, agora invade os 
meios digitais, prejudicando o desempenho escolar do aluno. No Brasil, há uma 
clara distinção, como em muitos países, sobre o termo alfabetização e letramento. 
Soares (2004) infere que houve uma constatação de que mesmo em países 
desenvolvidos, a população jovem e adulta apresentava dificuldades na leitura e 
escrita, mesmo após estar alfabetizada. 
A alfabetização digital não está ancorada somente nos aspectos ligados a 
conhecimentos técnicos de informática, como ligar o computador e até mesmo 
pesquisar informações pedidas aquele indivíduo. Vai muito mais, além disso, pois 
como ocorre com a alfabetização tradicional, sem um processo de letramento 
adequado, a pesquisa e o uso dessas tecnologias pelo sujeito não são eficazes 
como deveriam. 
É necessário que esse sujeito possua a habilidade e a capacidade de além de 
captar a informação, decodificá-la para que se tenha uma compreensão crítica dos 
conhecimentos embutidos no mundo digital. O reconhecimento de saberes básicos 
eleva a utilização das novas tecnologias, pois esse sujeito vai além da informação 
meramente exemplificativa ou ilustrativa. 
Ele atua no sentido de entender essa informação e todos os elementos que a 
cercam, como a fonte em que foi produzida, a confiabilidade dessa informação, os 
diferentes tipos de sites e suas especializações em dadas notícias ou informações e 
questiona até mesmo como a produção de ciência pelos meios tecnológicos afetam 
seu cotidiano. Nesse sentido, a alfabetização digital está atrelada ao letramento 
digital, onde vai além da simples leitura, mas sim de entender, de dar sentido ao que 
se está lendo. É um exercício de interpretação contínua. Consequentemente, a 
alfabetização digital fomenta a minimização da desigualdade social no contexto 
mundial (BARROS, 2005). 
A alfabetização é um processo que está presente em toda a existência do ser 
humano, pois compreende a incorporação de elementos geracionais ligados a 
cultura da leitura e da escrita. O processo de alfabetização e letramento é um fato 
tecnológico, que abarca aspectos culturais e educativos. Consequentemente, a 
simples incorporação da internet na escola não resolve o problema da inclusão 
digital como instrumentos para a redução da desigualdade social. É preciso 
alfabetizar e letrar digitalmente esse sujeito, pois há uma extrema necessidade em 
desenvolver as habilidades efetivas dos alunos. 
A transformação do ambiente para que se possa chegar a um resultado de 
qualidade, que é o aprendizado contempla além da conectividade com a internet, 
outros elementos como a educação quanto ao uso do hardware, dos conteúdos e a 
própria formação dos docentes para o desenvolvimento da informática na educação 
(COSTA e OLIVEIRA, 2004). 
A alfabetização digital possui juntamente com o letramento digital papel 
central no desenvolvimento educacional do aluno, pois tende a proporcionar ao 
sujeito o exercício da cidadania (LEMOS 2007). 
É interessante notar que analfabeto digital mesmo com algumas dificuldades 
já consegue reconhecer o computador como máquina diferente de outros aparelhos, 
com acesso ao computador e a internet, utilizando diversos tipos de páginas 
eletrônicas. Ocorre que o problema está fincado na dificuldade de muitos em não 
entender de forma clara e concisa as informações que estão adquirindo nas 
máquinas, ou mesmo fazer um juízo de valor sobre as mesmas. 
A utilização do hardware e do software inclui o acesso à internet de qualidade, 
com acesso as diversas fontes em busca de informações, para que as organizando 
e tabulando-as possa gerar conhecimento, proporcionar a cooperação entre os 
indivíduos por meio de redes sociais (SILVEIRA, 1996). Maria Helena Silveira Bonilla 
(1997) destaca que 
 
 
O computador é um recurso que pode desencadear essa nova dinâmica 
porque possibilita o fazer, o executar e criar coisas, encurtar distâncias e 
facilita a comunicação. Portanto, a sua utilização na educação – 
principalmente quando ligado em rede – significa uma possibilidade de 
estruturar, potencializar, fortalecer novas ideias; ideias que podem 
transformar a escola em um espaço vivo de produção, recepção e 
socialização de conhecimentos (BONILLA, 1997, p.2). 
 
 
 
Nesse contexto pós-moderno, é necessário salientar que embora muitos 
considerem o computador e seus acessórios, em si mesmos, como ferramentas 
análogas ao lápis e ao livro, a grande parte da população brasileira não sabe usá-los 
e nem conhece suas potencialidades, tampouco os seus limites (BONILLA, 1997). A 
interatividade, a velocidade, o complexo de relações e o dinamismo estabelecido 
entre seus componentes provoca, principalmente no adulto, certo estranhamento, o 
que dificulta o processo de familiarização deste com a máquina. 
Consequentemente, para que se faça o uso racional das TICs, é necessária a 
criação de critérios bem definidos para o uso. E isso pode ser feito pela própria 
escola. Um exemplo bem claro disso está no sistema de pesquisas de informações. 
Na pesquisa feita por um provedor de internet, é possível averiguar informações em 
diversos sites bancos de dados, blogs etc. Ocorre que durante a pesquisa, inúmeras 
informações são encontradas sobre o mesmo fato, objeto etc. Com um uso racional 
dos sistemas, é possível que o aluno apesar de encontrar várias informações, saiba 
diferenciar as confiáveis das não confiáveis. 
Para muitos professores, a tendência é de que a internet seja usada para bate 
papo informal. Nesse contexto, muitas escolas usam os computadores e os sistemas 
de softwarepara entreter o aluno, deixando-o livre para explora-lo. Esse tipo de 
metodologia em longo prazo não se sustenta, pois o aluno tende a ficar sozinho 
processando informações, transformando em receptáculos de outras culturas e 
fragmentando sua própria cultura (BONILLA, p.2, 1997). 
Ana Rita Firmino da Costa (1995), aponta que quando não há projeto definido, 
um elemento racionalizador que transforme a pesquisa em instrumento de busca 
pelo conhecimento, a comunicação e o aprendizado tem curta duração, sem 
construção efetiva de conhecimento. 
Para isso, o individuo deve estar alfabetizado digitalmente, conhecer as 
diferenças básicas de sites e blogs, por exemplo, ou de bancos de informações de 
domínio público para bancos de informações privados. O sujeito tem que saber 
distinguir informação primária de informação secundária. Isso é alfabetização digital. 
É proporcionar ao aluno não somente o acesso a tecnologia, mas fazer com que ele 
se insira no mundo digital de forma completa. 
Malaquias (2011) aponta que para que haja inclusão com foco no exercício da 
cidadania plena é preciso acreditar que uma educação de qualidade inclui a 
alfabetização digital, bem como o acesso aos instrumentos tecnológicos que ele 
pode dispor, como deixa claro em sua fala: 
 
 
[...[ o Comitê para o Desenvolvimento da Informática brasileira (CDI) 
sustenta acertadamente que ao promover a inclusão social de populações 
menos favorecidas, utilizando as tecnologias da informação e comunicação 
como um instrumento para a construção e o exercício da cidadania, o país 
estará dando um grandepasso para as transformações sociais tão 
necessárias para o seu desenvolvimento (MALAQUIAS, 2011, p. 1). 
 
 
Diante disso, é elementar que se entenda a incapacidade do sistema educativo 
em proporcionar uma educação tecnológica de qualidade aos discentes, criando 
analfabetos digitais no próprio sistema escolar formal, gerando assim distorções no 
contexto socioeducativo. 
 
 
http://www2.ufba.br/~bonilla/dissertacao/bibliografia.htm#costa
Considerações Finais 
 
 
Ao considerarmos os processos educativos que ocorrem nas escolas públicas 
brasileiras, é possível observar que mesmo diante de um processo ativo e 
construtivo por meio de uso de mídias digitais, o analfabetismo digital é uma 
realidade das escolas públicas brasileiras. Isso se deve, como foi visto, a inúmeras 
causas, como a falta de formação adequada aos docentes, o analfabetismo 
funcional, o uso não racional dos sistemas digitais e a falta de adequação curricular 
para a inserção de forma mais completa da tecnologia da informação. 
É preciso considerar esses quatro pontos, de forma conjunta, para superar o 
abismo que existe entre aqueles que sabem ler digitalmente e os que apenas 
possuem algumas habilidades de forma incompleta para o uso das mídias digitais. A 
escola e o docente possuem ainda a capacidade de propor essa articulação, onde o 
professor pode articular saberes adequados para viabilizar o conhecimento a ser 
construído pelo aluno. 
Logicamente, que apenas isso não basta, é necessária ainda a inclusão nos 
currículos escolares de disciplinas que possibilitem a compreensão correta dos 
alunos sobre o dos sistemas de comunicação digital. Isso não quer dizer que as 
outras disciplinas não devem trabalhar tecnologia de forma contextualizada e 
interdisciplinar. Mas o fato é que as TICs mudam constantemente, são atualizadas 
de forma quase que instantânea, que exige um olhar mais minucioso sobre elas. É 
preciso ações no sentido de orientar o aluno a usar a informação que ele obtém, 
com pesquisa séria e de qualidade. 
Então duas ações se fazem necessárias para que de forma mais célere haja 
uma transformação nessa área da educação: profissionalização e capacitação de 
docentes para direcionar as ações dos alunos durantes o uso das tecnologias nas 
escolas públicas e a criação de uma disciplina especifica com um currículo 
reformado, com política de Estado clara sobre o tema tão necessário para o país, 
tanto do ponto de vista do conhecimento em si como com relação ao processo de 
produção e distribuição de renda. 
 Fazendo isso, será possível num futuro próximo, diminuir de forma gradativa o 
analfabetismo digital, possibilitando o acesso ao conhecimento de qualidade, com 
direcionamento a construção de saberes que perpassem os muros das escolas. 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
ALBUQUERQUE, Eliana B. C. et al. Alfabetização e letramento: conceitos e 
relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2005 
BATISTA, Antônio A. G. Alfabetização, leitura e escrita. In: Carvalho, Maria A. F. & 
Mendonça, Rosa H. (org.). Práticas de leitura e escrita. Brasília: Ministério da 
Educação, 2006. p. 13-17. 
BARROS, Fernando A. Ferreira de. A tendência concentradora da produção do 
conhecimento no mundo contemporâneo. . Disponível em: Acesso em: 12 de 
Junho de 2016. 
BONILLA, Maria Helena Silveira. Educação e Informática. Uniagenda. Ano 03, n° 
122. Ijuí – RS, Outubro de 1997, p. 2. 
Cartilha do tecnólogo: o caráter e a identidade da profissão. Associação Nacional 
dos Tecnólogos – ANT, Brasília: Confea, 2010. 
COSTA, Ana Rita Firmino. Estudo das interações interindividuais em ambiente 
de rede telemática. Porto Alegre. 184 p. Dissertação (mestrado em psicologia do 
desenvolvimento) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul, jun. 1995. 
COSTA, José Wilson da; OLIVEIRA, Maria Auxiliadora. Novas linguagens e novas 
tecnologias: educação e sociabilidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. 
FREITAS, Helena Costa Lopes de. A (nova) política de formação de professores: 
a prioridade postergada. Revista Educação Sociedade, Campinas, v. 28, n.100, Out. 
2007. 
FREITAS, H. et al. O método de pesquisa survey. Revista de Administração, São 
Paulo, v. 35, n. 3, p. 105-112, jul./set. 2000. 
FULLAN, M.; HARGREAVES, A. Por que é que vale a pena lutar? O trabalho de 
equipa na escola. Porto: Porto Editora, 2001. 
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 
2002. 
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