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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA _____ VARA DO TRABALHO DE BELO HORIZONTE/MG – TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3° REGIÃO. Jorge dos Anjos, brasileiro, casado, exercia função de atendente, inscrito no CPF: n° xxx.xxx.xxx-xx, portador do RG: xxxxxxx-x, CTPS xxxx, série xx, PIS xxxx, residente e domiciliado no Beco das Cores, n°50, Bairro Serra, em Belo Horizonte - MG, por intermédio da sua advogada, abaixo assinado, vem a nobre presença da VOSSA EXCELÊNCIA propor a presente: RECLAMATÓRIA TRABALHISTA Em face de Lanchonete Dois Irmãos Ltda. EPP, inscrita no CNPJ sob o n° xx.xxx.xxx/xxxx-xx, com endereço na Avenida do Contorno, n° 1000, Bairro de Lourdes, Belo Horizonte - MG, CEP: xxxxxx, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I – DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO O autor foi dispensado recentemente da empresa de pequeno porte reclamada, na qual foi contratado em 04/12/2017 até 28/06/2019 seu último dia de cumprimento do aviso prévio trabalhado, exercia a função de atendente. Rercebia mensalmente a remuneração de R$1.500,00 (mil e quinhentos reais), tendo para tanto, que realizar uma jornada das 8h às 13h15min, de segunda a sexta-feira, com no máximo 15 (quinze) minutos de pausa para lanche. Ocorre que muitos dos seus direitos não eram observados pelo reclamado, razão pela qual propõe a presente reclamação trabalhista. II – DO DIREITO II.I DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA O reclamante requer a gratuidade de justiça por não possuir condições de arcar com as custas processuais uma vez que o mesmo encontra-se desempregado. II.II JORNADA DE TRABALHO – REGIME DE TEMPO PARCIAL Desde sua admissão, o reclamante sempre prestou serviços a reclamada de segunda à sexta-feira das às 8h às 13h15min, com no máximo 15 (quinze) minutos de pausa para lanche e que, normalmente, não conseguia encerrar suas atividades no horário contratado, ou seja, às 13h15min, estendendo o labor até por volta das 14h15min, sem qualquer pagamento adicional. A nova redação do art. 58-A, da CLT, prevê duas possibilidades de instituição de trabalho sob o regime de tempo parcial: aquele cuja duração não exceda as 30 (trinta) horas semanais, sem possibilidade de realização de horas extras, e aquele que não ultrapassa 26 (vinte e seis) horas por semana, hipótese em que é possível a realização de 6 (seis) horas suplementares. Conforme disposto o reclamante faz jus ao Rercebimento das horas extras trabalhadas, eis que o regime de tempo trabalhado não ultrapassava a 26 (vinte e seis) horas semanais. O § 3º do mesmo artigo anteriormente mencionado informa que as horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. II.III TEMPO Á DISPOSIÇÃO O reclamante aduz ainda que, tinha que chegar ao estabelecimento às 7h45min, para poder vestir o uniforme, de uso obrigatório, o qual ficava disponível somente na empresa. Esclarece, ainda, que somente podia registrar no cartão de ponto o horário contratual de trabalho, ou seja, das 8h às 13h15min. Nos termos do artigo 4º da CLT, considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada, encontram-se elencada nos incisos do § 2º as hipóteses em que não ocorre a regra do caput, quando o empregado adentra as dependências da empresa para exercer atividades particulares. O caso em questão considera-se como serviço efetivo, devendo, portanto, o reclamante ser devidamente remunerado. II.IV DO INTERVALO INTRAJORNADA Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional e reflexos, na forma prevista no artigo 71, caput e § 4º da CLT (Inteligência da Súmula nº 437, IV). Durante o período trabalhado, o reclamante não gozava do intervalo mínimo de uma hora para sua refeição e descanso, de forma que, lhe era auferido apenas 15 (quinze) minutos por dia, eis que exercia uma jornada de mais de 6 (seis) horas diários. A vista disso, esclarece, a teor do que dispõe a CLT em seu artigo 71, deverá a reclamada remunerar a hora que deixou de conceder a Reclamante. Veja-se: Art. 71 Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 4° Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo cinquenta por cento sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. A OJ 307 da SDI-1 do TST cuidou de tornar a supressão do horário de repouso um pouco mais “onerosa” ao empregador justamente para inibir tal procedimento. Assim sendo, se o empregado fez 1 (um) minuto de intervalo ou 50 (cinquenta), não há qualquer relevância, a indenização desta horas extra deve ser em sua integralidade com adicional de no mínimo 50%. Extrai-se do acórdão recorrido que o TRT concluiu recentemente: INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (.) IV INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (.) IV INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (.) IV INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (...) IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT (TST, SUM-437, IV). (TRT18, RO – 0010587 40.2016.5.18.0052, Rel. ISRAEL BRASIL ADOURIAN, 3ª TURMA, 14/12/2016). (TRT-18 - RO: 00105874020165180052 GO 0010587-40.2016.5.18.0052, Relator: ISRAEL BRASIL ADOURIAN, Data de Julgamento: 14/12/2016, 3ª TURMA) Assim, de acordo com as argumentações supra, o reclamante faz jus ao pagamento não auferido, devidamente acrescidas em 50% (cinquenta por cento) da hora normal, em razão da não concessão do intervalo para refeição e descanso, nos termos do § 4º do art. 71 da CLT. II.IV DO PRÊMIO – NATUREZA JURÍDICA Destarte, além da remuneração mensal de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), o reclamante percebia no seu contracheque, o valor de R$ 100,00, sob a rubrica “prêmio”. A referida parcela não foi base de cálculo de nenhum encargo trabalhista, como FGTS ou contribuição previdenciária, assim como não foi levado em consideração para pagamento das férias e do décimo terceiro salário. O reclamante aduz ainda que, era pago todo mês, inclusive, durante o período do aviso prévio trabalhado, independentemente do seu desempenho, que sempre foi o mesmo durante o pacto laboral. O artigo 457 dispõe que, compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. Conforme a jurisprudência pátria manifesta acerca dos prêmios no sentido de que deviam repercutir sobre as demais parcelas quando pagos com habitualidade. A título ilustrativo, cita-se o seguinte julgado do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região: PRÊMIO. NATUREZA SALARIAL. REPERCUSSÕES. Os prêmios quitados ao longo do contrato de trabalho de forma habitual são dotados de natureza salarial, enquadrando-se na modalidade de salário-condição, porquanto são pagos em decorrência da eficiência e da produtividade do empregado ao alcançar determinada meta, sendo nítido o seu caráter remuneratório. Destarte, deverão repercutir sobre outras parcelas queadotam a remuneração como base de cálculo. (TRT da 3.ª Região; Processo: 0000011-60.2016.5.03.0066 AP; Data de Publicação: 10/10/2017; Órgão Julgador: Sétima Turma; Relator: Paulo Roberto de Castro; Revisor: Marcelo Lamego Pertence). Diante do exposto o reclamante deve receber todos os ajustes devidos. III - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Haja vista que este processo é ajuizado após a entrada em vigor da Lei nº. 13.467/17 (Reforma Trabalhista), imperiosa a imposição de honorários advocatícios sucumbenciais, sobremodo à luz do que dispõe o art. 791-A, da CLT, bem assim em obediência ao princípio da causalidade. IV - DOS PEDIDOS: Diante do exposto, requer: A) A citação da reclamada para, querendo, comparecer à audiência e responder à presente, sob pena do decreto de sua revelia e consequente aplicação dos efeitos da confissão, presumida, quanto à matéria fática (CLT, art. 844, caput); B) A condenação da reclamada ao pagamento das seguintes parcelas: B.1) 1 (um) hora extras, com adicional de 50%, por dia de trabalho, de segunda à sexta-feira, durante todo o pacto laboral, com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiro salário e FGTS +40% - R$ XXXXXX. B.2) Cumulativamente: B.2.1) Adicional de 15 (quinze) minutos semanais como tempo a disposição do empregador - R$ XXXX B.2.2) O pagamento não auferido, de 45 (quarenta e cinco) minutos devidamente acrescidas em 50% (cinquenta por cento) da hora normal, em razão da não concessão do intervalo para refeição e descanso, nos termos do § 4º do art. 71 da CLT. B.2.3) Computação do prêmio percebido na base de calculo dos encargos trabalhistas. B.4) A condenação da Reclamada a multa do artigo 467; B.6) honorários advocatícios previstos no art. 791-A, da CLT. V- DEMAIS REQUERIMENTOS O reclamante protesta pela produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente prova testemunhal. Requer, ainda, que todos os valores porventura apurados sejam atualizados monetariamente e que incidam juros desde a citação. Dá-se a presente reclamação trabalhista, somente para fins de definição de alçada, o valor de R$ XXXXXXXXXX. Nesses Termos, Pede-se Deferimento. Belo Horizonte – MG, 27 de março de 2020 Advogado(a) OAB-MG XXXXXXX
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