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O tema " hotel " é desses que se vão .-o, ,·,ando complexos na medida em que , ,-, ;.i·s se está ini r i 0 ,Ô'J i:"n ~rns desdobra- mE. 1 ' -, . . .:i :r -J UIT 1 '.'::-1.l--lp,~inado a abri- 6a. ,):':.:; oa .0 rr r:-rit'e'l~ rf'terogêneas, com t,?11r,r :-1.":1ent0s, oropo:;i,03 e interesses muito 01ve1s0s, u:n ~.vtel requer planeja- i-ne ri tc de .:.: tios e,~ asrJ,):;;·os que com- põem sua existência em permanente atividade. Como um estabelecimento co- mercial peculiar, com infindáveis exigên- cias de organização, ele nunca se pode permiti r fechar-se ou deixar de estar aler- ta para as necessidades da clientela. Neste livro , a riqueza do tema benefi- cia-se da vasta experiência dos autores na elaboração e desenvolvimento de nume- rosos proj etos de edifícios hoteleiros. Eles começaram a acumular esse saber aplica- do a específicas condições brasileiras em meados dos anos 70 e são pioneiros num trabalho que no país ainda hoje atrai raros profissionais. O núcleo de Hotel: planejamento e projeto, que se inicia na fase anterior à construção do edifício, incluindo questões de áreas e instalações, de elaboração do programa e do dimensionamento, aborda também temas que se integram no con- texto geral da edificação, situando-a de fo rma ampla no fenômeno hoteleiro : um breve histórico da hotelaria, a definição do produto a ser oferecido , a localização 4o empree!!d-imcn=to, o-s ti -- os mais fre - qüentes de hotel e parâmet ros de custos de implantação e equipamentos. SUMÁRIO Nota do editor, 7 Agradecimentos, 9 Prefácio, 11 Introdução, 13 Um breve histórico, 16 Definição do produto, 26 Localização, 36 Tipos de hotel, 42 O projeto, 88 Parâmetros de custos, 234 Bibliografia, 239 Índice geral, 241 NOTA DO EDITOR A expansão do mercado turístico nacional, acompanhando a tendência mundial, tem exigido do empresariado e do pessoal gerencial-administrativo do setor hoteleiro atenção maior à crescente complexidade desse mercado. Respaldados em décadas de experiência na elaboração, desenvolvimen- to, coordenação e supervisão de projetos arquitetônicr-c; de vulto, os autores de Hotel: planejamento e projeto detalham as etapas necessárias à concepção de um projeto e, ao analisar os diversos tipos de hotéis, estudam a viabilidade e as variáveis que influenciam na decisão quanto ao porte, localização e estilo do empreendimento. Ao apresentar mais uma publicação da área de Hotelaria e Turismo, a Editora SENAC São Paulo está certa de contribuir com um instrumento valiosíssimo para profissionais de arquitetura e engenharia, empresários do setor e estudantes e pesquisadores interessados no tema. AGRADECIMENTOS Queremos manifestar nossos profundos agradecimentos a: ANGELA PAGLIUSO BASSO, pela dedicação e entusiasmo com que partici- pou desta empreitada, desdobrando-se sempre que precisamos de ajuda, des- de o levantamento de informações, escolha de ilustrações, produção de desenhos, copidesque, sugestões; algumas que pedíamos e outras que sequer imaginávamos. Enfim, uma arquiteta dos sete instrumentos! A elaboração des- te livro teria sido bem mais difícil sem sua colaboração. LUCIANA BON DUARTE, pelo desenvolvimento da pesquisa bibliográfica inicial e de índices hoteleiros. AMAURI ANTONIO PELLOSO, pela consultoria que forneceu para o setor de equipamentos para cozinhas e lavanderias, com a disponibilidade e compe- tência que caracterizam sua atuação, bem atestadas pelo êxito de sua empresa de consultoria, a Placontec. LUIZ ANTONIO DE MORAES, pela contribuição no que se refere aos siste- mas de ar-condicionado e exaustão. HECTOR PEREZ, que reviu e complementou as informações relacionadas com os sistemas elétricos. JORGE DUARTE, pela colaboração na parte de viabilidade. PREFÁCIO Não há como deixar de reconhecer a importância da expansão do mer- cado turístico nacional para o desenvolvimento econômico-financeiro-social do país. A disparada do turismo nas últimas décadas do século XX é fruto de uma ampla teia que envolve novas dimensões nas áreas da comunicação e dos transportes mundiais, decorrentes da internacionalização das economias. Outra explicação para esse crescimento foram os avanços consideráveis al- cançados por diversas regiões do mundo, como a abertura política, econômi- ca e cultural da Rússia e dos países vizinhos da Europa Oriental, a estabilização política e econômica da América do Norte e da Europa Ocidental, a consoli- dação do mercado asiático e o crescimento da Austrália e da Nova Zelândia, ambas nações capitalistas desenvolvidas e com alto nível de qualidade de vida. Mesmo na América Latina emergiu, recentemente, uma consciência tu- rística voltada para a valorização da oferta natural dos países do Cone Sul e para a expansão dos mercados e PIBs nacionais. Além das estratégias de alavancagem do turismo promovidas por países e regiões, surgiram novos nichos negociais, como o turismo ecológico e de terceira idade, que incrementaram, ainda mais, os fluxos mercadológicos. Nesse contexto, a hotelaria desponta como vetor fundamental de ex- pansão e consolidação do setor. Sua atuação tem correspondido à demanda dos novos segmentos de mercado e, ao mesmo tempo, propiciado o surgimento de novas modalidades de turismo, diversificando o portfólio de serviços. Por tudo isso, a hotelaria tem merecido destaque no cenário turístico. Sua evolu- ção, nas últimas décadas, e suas amplas perspectivas de crescimento acompa- nham uma tendência largamente verificada em todos os ramos de negócios e setores: a qualificação e especialização dos serviços prestados. 12 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO No Brasil, conceitos avançados no campo do planejamento hoteleiro também têm recebido destaque. A complexidade que envolve as funções de hospedagem e atividades administrativas dos novos modelos de empreendi- mentos hoteleiros no mundo globalizado é o eixo central do pioneiro traba- lho desenvolvido por Nelson Andrade, Paulo Lucio de Brito e Wilson Edson Jorge. Baseada na experiência e no aprendizado profissional dos autores, a obra é um guia seguro para os peregrinadores em busca da Meca do conhe- cimento hoteleiro. Amparados em eficiente metodologia e grande acuidade, eles detalham as etapas necessárias para dimensionar, com precisão, os fato- res inerentes à concepção de um projeto hoteleiro. Estão agrupados os itens que antecedem o projeto arquitetônico, como a definição do seguimento de mercado que se pretende atingir, o perfil dos usuários, a viabilidade econômi- co-financeira do empreendimento e sua localização, a tipologia do edifício, o número de apartamentos, o padrão das instalações e os equipamentos neces- sários, e os itens pertinentes ao projeto técnico, como os sistemas hidráulico- sanitários e eletrônicos que devem ser utilizados, a divisão dos setores compreendidos no hotel, a configuração dos andares e das áreas sociais e recreativas do prédio e a melhor forma de administrar o empreendimento. Todo o entendimento necessário para o sucesso do projeto está mapeado nos tópicos, subtópicos, gráficos e ilustrações, que recuperam a história do desenvolvimento hoteleiro no Brasil e no mundo e expõem os fatores respon- sáveis pelo atual estágio evolutivo do turismo nos continentes. A partir dessa clara abordagem acerca dos caminhos e perspectivas do mercado turístico inter- nacional, os autores edificam seu esquema de trabalho, detalhando os atuais tipos de hotéis e a melhor forma de escolher um empreendimento. Andrade, Brito e Jorge consideram todas as variáveis que envolvem e influenciam essa decisão estratégica, sinalizando, com exatidão, os fatores da viabilidade. Trata- se de um trabalho completo, inclusive na análise do projeto de arquitetura e do programa administrativo mais adequado ao porte e ao estilo do hotel. Quadros comparativos permitem a visualização dos mercados hotelei- ros mundiais e as diferenças qualitativas e quantitativaspertinentes. Perfeito para empresários que pretendem montar estabelecimentos baseados em re- ceitas que deram certo no exterior e para quem prefere distanciar-se de mo- delos preconcebidos. Tudo listado com prós e contras. A presente "bíblia" comprova, por si só, a dedicação e o empenho dos profissionais e autores desta colaboração inovadora, instrumento fundamental para os corpos gerenciais, funcionais, administrativos e profissionais da ca- deia hoteleira. julio Serson Presidente da ABIH-SP - Associação Brasileira da Indústria Hoteleira - São Paulo INTRODUÇÃO O dinamismo que o setor hoteleiro vem demonstrando nos últimos anos não se reflete nas informações disponíveis sobre o planejamento e o projeto de hotéis, que continuam escassas, nem no número de profissionais atuantes no setor, ainda pequeno. Tanto é assim que este é o primeiro livro voltado para o tema do planejamento e do projeto de hotéis que se publica no Brasil a partir da experiência obtida no próprio país. E isso na passagem do século! A experiência dos autores é resultante dos caminhos profissionais que os levaram e induziram à produção de inúmeros edifícios hoteleiros. O apren- dizado intrínseco a esse processo significou um dispêndio importante em pesquisa, pois, no período em que começamos a trabalhar nessa área, em meados da década de 70, pouca era a experiência acumulada no Brasil. Além disso, havia absoluta falta de dados e informações sistematizadas. Hoje, no que diz respeito à disponibilidade de dados e informações, a situação não se modificou muito. O livro tem, portanto, uma vertente de criação baseada na experiência acumulada de atividades profissionais. A outra vertente vem de um curso de extensão para profissionais que vimos desenvolvendo e ministrando nos últi- mos anos, sobre este tema. Essa segunda vertente trouxe-nos a experiência didática que diz muito da forma e do interesse dos temas abordados. O núcleo do livro envolve o projeto do hotel, e inclui as questões das áreas e instalações, da elaboração do programa e do dimensionamento. Os demais temas abordados se integram no contexto geral da edificação, procu- rando situá-la de forma mais ampla no fenômeno hoteleiro: um breve históri- co da hotelaria, a definição do produto a ser oferecido, a questão da localização 14 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO do empreendimento, os tipos mais freqüentes de hotéis e parâmetros de cus- tos de implantação e de equipamentos. Embora os hotéis não se limitem a edifícios, sendo comuns empreendi- mentos hoteleiros mais diversificados, entre os quais complexos conjuntos externos de instalações de recreação e de esportes, cujo exemplo mais signi- ficativo é o resort, neste livro são tratados principalmente os setores e as instalações do hotel compreendidos em edifícios. Isso porque, de um lado, a grande maioria dos hotéis incluem-se nesse caso e, de outro, é tal a variedade das situações que fogem ao comum que sua abordagem requereria um trata- mento caso a caso. As abordagens de caráter geral e as particularizadas para cada setor específico dos hotéis focalizam aspectos funcionais e requisitos físicos considerados importantes, sendo complementadas por informações relativas aos respectivos dimensionamentos. O edifício de um hotel tem como peculiaridade básica sua complexida- de, advinda da diversidade do programa e do fato de ter de funcionar ininterruptamente. A diversidade do programa decorre da grande quantidade de funções normalmente exercidas pelo hotel e do conjunto de atividades complementares que acontecem em suas dependências. À função de hospe- dagem, que pressupõe apartamentos confortáveis, bem dimensionados, devi- damente equipados e com ambientes agradáveis, somam-se atividades administrativas, industriais (produção de alimentos, lavanderia), comerciais (restaurantes e lojas), centrais de sistemas (água fria e quente, vapor, energia, ar-condicionado), de manutenção, além de outras atividades relacionadas com a realização de eventos, com a recreação e o lazer. A complexidade de um hotel e suas dimensões, que precisam estar acima de um mínimo para torná-lo viável economicamente, resultam em em- preendimento oneroso e muito sensível aos custos finais de construção de operação e manutenção. Assim, o projeto precisa ter dimensionamentos cor- retos, favorecer estritamente as circulações geradas e exigidas pelos compo- nentes, equipamentos escolhidos com rigor e outros quesitos mais. Se formos avaliar o hotel em etapas anteriores ao projeto, é necessário lembrar que a decisão de construí-lo estará vinculada ao binômio mercado/ localização. Daí irão decorrer a tipologia do hotel, o número de apartamentos, o padrão das instalações e os equipamentos necessários para o atendimento do segmento de mercado a que ele se dirige. Os cuidados necessários à implantação de um hotel, no qual o projeto físico é um elemento fundamental, levaram as grandes cadeias hoteleiras in- ternacionais a estabelecer normas e requisitos rigorosos para implantar ou INTRODUÇÃO 15 operar hotéis. Edifícios projetados e construídos sem o estrito atendimento dessas normas e requisitos ou são rejeitados, ou precisam ser modificados. Para completar essa primeira referência sobre o planejamento e o proje- to de hotéis vale a pena lembrar que o edifício hoteleiro exige tais especificidades de organização e de equipamentos que dificilmente poderá ser convertido para outro uso, caso o empreendimento não se viabilize. Pro- fissionalmente, temos sido solicitados também para solucionar o problema inverso: edifícios em estágios diferenciados de construção que precisariam ser convertidos em hotel. É muito comum também encontrarmos casos de ampliação e outras reformas para hotéis já estabelecidos, sem que a obra se apóie em projeto suficientemente desenvolvido. Isso acontece porque o proprietário julga des- necessário o investimento em consultoria ou em projeto, confiando apenas em sua experiência e na sua assessoria habitual. Tivemos a oportunidade de constatar o desperdício e os custos adicionais causados por essa atitude, às vezes sem que o próprio empresário se dê conta deles. E parte desses custos evitáveis vão ocorrer permanentemente na operação do hotel, pois são decor- rentes da organização espacial das áreas que abrigam as diversas funções, que exigem mais empregados, mais material de reposição, etc. Este livro é destinado principalmente aos profissionais de arquitetura e engenharia envolvidos em estudos e projetos de hotelaria, empresários do setor e investidores potenciais que pretendam se aproximar do mesmo. Ele pode ainda ser útil a estudantes e pesquisadores que, por diversos motivos, tenham interesse no tema. Leitores de outras procedências são também bem- vindos. Esperamos que nossa iniciativa seja efetivamente útil para o leitor. Os autores 1 [ 18 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO INTRODUÇÃO O comércio é o responsável histórico pelas formas mais antigas de oferta hoteleira. As rotas comerciais da Antiguidade, na Ásia, na Europa e na África, geraram núcleos urbanos e centros de hospedagem para o atendimento aos viajantes. Na Idade Média, a hospedagem era feita em mosteiros e abadias. Nessa época, atender os viajantes era uma obrigação moral e espiritual. Mais tarde, com o advento das monarquias nacionais, a hospedagem era exercida pelo próprio Estado, nos palácios da nobreza ou nas instalações militares e adminislrativas. Os viajantes que não contavam com o beneplácito do Estado eram atendidos, precariamente, em albergues e estalagens. Poste- riormente, com a Revolução Industrial e a expansão do capitalismo, a hospe- dagem passou a ser tratada como uma atividade estritamente econômica a ser explorada comercialmente. Os hotéis com staff padronizado, formado por gerentes e recepcionistas, aparecem somente no início do século XIX. O turismo passa por uma transformação radical a partir da Segunda Guer- ra Mundial, com a expansão aceleradada economia mundial, a melhoria da renda de amplas faixas da população (basicamente nos países mais desenvolvi- dos da Europa central, nos EUA e no Canadá) e a ampliação e melhoria dos sistemas de transporte e comunicação, principalmente com a entrada em cena dos aviões a jato para passageiros, de grande capacidade e longo alcance. Após a Segunda Guerra J\lundial, o turismo passa a ser uma atividade econômica significativa, principalmente para os países desenvolvidos, nos quais havia crescimento e ampliação da renda da população, o que gerava mais disponibilidades de tempo e recursos para o lazer. O processo de desenvolvi- mento e de globalização da economia mundial, além de gerar um progressivo fluxo de viagens regionais e internacionais, ampliou de forma acelerada o setor de lazer e de turismo, que passou a ser, efetivamente, o grande promo- tor de redes hoteleiras. A sociedade de consumo de massa ampliou-se para o setor de lazer e de turismo. É importante lembrar que a classe média, enquanto base para uma so- ciedade de consumo de massa, aparece no século XX, e, em casos como o Brasil, após a década de 40. Nos países desenvolvidos, o operariado com capacidade aquisitiva para o lazer e o turismo passa a ser representativo no mesmo p~ríodo. O conceito de quarto com banheiro privativo, hoje chamado aparta- mento, foi introduzido pelo suíço César Ritz, em 1870, no primeiro estabeleci- BREVE HISTÓRICO 19 mento hoteleiro planejado em Paris, e atingiu os Estados Unidos em 1908, com o Statler Hotel Company.1 A história da hotelaria no mundo possui marcos que delimitam mudan- ças importantes no processo de evolução do setor. Antiguidade Idade Média e Era Moderna 1790 1850 1870 1920 1950 1970 MARCOS DA HOTELARIA NO MUNDO Estâncias hidrominerais instaladas pelos romanos na Britânia (Inglaterra), na Helvécia (Suíça) e no Oriente Médio. Pontos de paradas e de caravanas. Abadias e mosteiros que acolhiam hóspedes. Acomodações junto aos postos de articulação dos correios. Abrigos para cruzados e peregrinos. Surgimento de hotéis na Inglaterra, na Europa e nos EUA, no final do século XVIII, estimulados pela Revolução Industrial. Áreas próximas às estações ferro viárias passam a concentrar os hotéis no final do século XIX e nos primeiros anos do século XX. Introdução do quarto com banheiro privativo (apartamento). Grande número de hotéis construídos, na década de 20, nos EUA e Europa, gerado pela prosperidade econômica. Novo surto de construção de hotéis nos anos 50, coincidin- do com a era dos jatos e o grande incremento do movimen- to turístico mundial. Entrada em operação dos Boeing 747, em 1969/1970. \ 1adir Vieira Duarte, Administração de sistemas hoteleiros - conceitos básicos (São Paulo: Ed itora SEXAC ão Paulo, 1995). 20 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO A HOTELARIA NO BRASIL No período colonial, os viajantes se hospedavam nas casas-grandes dos engenhos e fazendas, nos casarões das cidades, nos conventos e, principalmen- te, nos ranchos que existiam à beira das estradas, erguidos, em geral, pelos proprietários das terras marginais. Eram alpendres construídos às vezes ao lado de estabelecimentos rústicos que forneciam alimentos e bebidas aos viajantes. Aos ranchos e pousadas ao longo das estradas foram se agregando outras ativi- dades comerciais e de prestação de serviços que deram origem a povoados e, oportunamente, a cidades. Nessa época era comum as famílias receberem hós- pedes em suas casas, havendo, em muitas, o quarto de hóspedes. Movidos pelo dever da caridade, os jesuítas e outras ordens recebiam nos conventos personalidades ilustres e alguns outros hóspedes. No mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, foi construído, na segunda metade do século XVIII, edifício exclusivo para hospedaria. Hospedaria 1iliiiiiiiiiNMBA4G41NdM No século XVIII começaram a surgir na cidade do Rio de Janeiro estala- gens, ou casas de pasto, que ofereciam alojamento aos interessados, embriões de futuros hotéis. As casas de pasto ofereciam, inicialmente, refeições a preço fixo, mas seus proprietários ampliaram os negócios e passaram a oferecer também quartos para dormir. Em 1808, a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro e a conse- qüente abertura dos portos trouxeram um grande fluxo de estrangeiros, que aqui vieram exercer funções diplomáticas, científicas e comerciais. Com isso, BREVE HISTÓRICO 21 houve aumento da demanda por alojamentos, e nos anos seguintes os proprie- tários da maioria das casas de pensão, hospedarias e tavernas passaram a utilizar a denominação de hotel, com a intenção de elevar o conceito da casa, independentemente da quantidade dos quartos e do padrão dos serviços ofe- recidos. 2 Cabe destacar, nessa época, o Hotel Pharoux, pela localização estra- tégica junto ao cais do porto, no Largo do Paço, considerado um dos estabelecimentos de maior prestígio no Rio de Janeiro. O problema da escassez de hotéis no Rio de Janeiro, que já acontecia em meados do século XIX, prosseguiu no século XX, levando o governo a criar o Decreto nQ 1160, de 23 de dezembro de 1907, que isentava por sete anos, de todos os emolumentos e impostos municipais, os cinco primeiros grandes hotéis que se instalassem no Rio de Janeiro. Esses hotéis vieram, e com eles o Hotel Avenida, o maior do Brasil, inaugurado em 1908. O Avenida, com 220 quartos, marca, por assim dizer, a maioridade da hotelaria no Rio de Janeiro. A fixação do termo "hotel" no jargão nacional se deu , definitivamente, em virtude da necessida- de de anunciar o serviço junto aos estrangeiros da cidade do Rio de Janeiro. A Gazeta do Rio de Janeiro, por exemplo, traz, no ano de 1817, anúncio de um mesmo estabelecimento com denomi- nação de Hospedaria do Reino do Brasil e depois Hôtel Royaume du Brésil. 22 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO Vista externa do Hotel Avenida. A partir da década de 30 passam a ser implantaçios grandes hotéis nas capitais, nas estâncias minerais e nas áreas de apelo paisagístico, cuja ocupa- ção era promovida pelos cassinos que funcionavam junto aos hotéis. Em 1946, com a proibição dos jogos de azar, os cassinos foram fechados e, como con- seqüência, os hotéis a que estavam vinculados acabaram fechando as portas. Exemplos muito conhecidos dessa fase são os hotéis Araxá e Quitandinha. Em 1966 é criada a Embratur e, junto com ela, o Fungetur (Fundo Geral de Turismo), que atua através de incentivos fiscais na implantação de hotéis, promovendo uma nova fase na hotelaria brasileira, principalmente no seg- mento de hotéis de luxo, os chamados cinco estrelas. Esse novo surto hotelei- ro leva também a mudanças nas leis de zoneamento das grandes capitais, tornando a legislação mais flexível e favorável à construção de hotéis. Nos anos 60 e 70 chegam ao Brasil as redes hoteleiras internacionais. Mesmo sem um número importante de hotéis , essas redes vão criar uma nova orientação na oferta hoteleira, com novos padrões de serviços e de preços. A expansão da hotelaria sob a tutela da Embratur, que tem como pano de fundo uma demanda crescente e em grande parte reprimida, teve como 24 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO conseqüência um desequilíbrio no perfil de hotéis novos oferecidos, pois a maior parte pertencia à categoria 5 estrelas. Segmentos importantes da de--- -·- - ....... - manda, como os ligados a negócios e serviços que buscam hotéis de catego- rias média e económrtsf, têm sido ne ligenciados, resultando em u;;a demanda reprimida ou malservida, à espera de um atendimento mais adequado. As perspectivas de crescimento da indústria hoteleira no Brasil são pro- missoras, em função da relativa estabilização da economia do país e do au- mento acentuado das viagens turísticas nos dois últimos anos, principalmente ao exterior, o que significa que a estabilização da moeda e dos preços condu- ziu à incorporação d0 item Yiagens ao orçamento familiar, pelo menos entre a classe média. As viagensturísticas ao exterior apresentam um componente importante para a hotelaria brasileira: os turistas brasileiros, 80 por cento dos 1;5400;;;;.;;;;;;;;;;&1&•WIM@a11 quais se destinam aos Estados Unidos. passam a conhecer o padrão da hotelaria de países desenvolvidos, que apre entam melhor qualidade e menores pre- ços. Gradualmente, esses turistas irão pressionar as empresas do setor hotelei- ro no Brasil a oferecer mais qualidade e preços menores. Recentemente, a montagem de funds, a partir dos fundos de pensão e de financiamentos do BNDES, tem sido uma das poucas alternativas para a implantação de novos hotéis. Ainda aqui, na utilização desses capitais, têm predominado os hotéis de luxo e de grande porte. Outra tendência importante é que, nos últimos anos, cadeias hoteleiras internacionais vêm promovendo uma política mais sistemática para ampliar sua participação no mercado brasileiro, visando inclusive os segmentos de mercado menos atendidos (hotéis econômicos). De modo geral, a continuida- BREVE HISTÓRICO 25 de dessa política trará alterações significativas nos padrões da oferta atual. A concorrência se tornará mais acirrada, com conseqüente diminuição das tari- fas, e os padrões de atendimento ao cliente deverão melhorar e se aprimorar. A dinâmica vigente no setor hoteleiro é bem atestada pelo conjunto de empreendimentos previstos para as cidades de São Paulo e Guarulhos, por exemplo. Está prevista a implantação de 38 hotéis até o ano 2002 na cidade de São Paulo. Em Guarulhos, em função da demanda causada pelo aeroporto internacional, haverá sete novos hotéis. As redes hoteleiras internacionais Accor, Best Western, Hyatt, Ramada Renaissance, Marriot, Choice, Posadas e Meliá têm participação de peso nos empreendimentos, em sua maior parte de pa~ drão 4/ 5 estrelas e com mais de duzentos apartamentos. Estão previstos tam- bém dois centros de exposições e feiras, que cobrirão uma área em que São Paulo já vem apresentando demandas reprimidas, atendendo o segmento mais importante de viagens e estadias na região, o turismo de negócios. No que diz respeito a empreendimentos do tipo resort, interessa salien- tar, pelo porte, o complexo turístico multiresort em fase final de construção em Sauípe, praia 90 quilômetros ao norte de Salvador, Bahia. O complexo, que está sendo instalado em uma área de 1. 750 hectares, prevê a implantação de cinco hotéis e seis pousadas, em um total de 1.650 apartamentos. Os em- preendedores se impuseram o objetivo de construir um novo destino turístico do zero, "a Cancún brasileira". O empreendimento se tornou viável com o investimento público em uma infra-estrutura de acesso - a Linha Verde, rodo- via que liga Salvador a Sergipe - e com a garantia do futuro fornecimento de água, energia, esgoto e telefonia para a região. MARCOS DA HOTELARIA NO BRASIL 1808 Mudança da corte portuguesa para o Brasil, o que incentiva a im- plantação de hospedarias no Rio de Janeiro. 1904 Primeira lei de incentivos para a implantação de hotéis no Rio de Janeiro. 1946 Proibição dos jogos de azar e fechamento dos cassinos, o que inviabiliza os hotéis construídos para esse fim. 1966 Criação da Embratur e do Fungetur, que viabilizam a implantação de grandes hotéis, inclusive nas áreas da Sudam e da Sudene. 1990 Entrada definitiva das cadeias hoteleiras internacionais no país. i•lãii@itffl•J•X•JA;t•)•XUC•l 28 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO DEMANDA E OFERTA A melhoria do sistema mundial de comunicações e. de transportes e a divulgação de culturas de regiões outrora longínquas ou pouco conhecidas praticamente unificou o planeta como área de interesse turístico. A facilidade de acesso aproximou os países e as regiões. A expansão da economia incor- porou novos e significativos contingentes à sociedade de consumo, na qual o turismo se insere como um segmento importante e em contínuo crescimento. As viagens passaram a fazer parte da cultura e das aspirações das populações, fazendo com que a demanda turística passasse a ser crescente. A oferta hote- leira evoluiu em função dessa demanda. A importância do turismo é tal que, em 1995, ele representava 3,38 trilhões de dólares no faturamento bruto da economia mundial, 2,98 trilhões de dólares na composição do PIB mundial (10,8 por cento do total) e 212 milhões de empregos (10,7 por cento do total). A situação do Mercosul, identificada no Quadro 1, é diferente: o turismo contribui com 7,15 por cento QUADRO 1 O MERCOSUL EM FACE DO TURISMO MUNDIAL Indicadores Mercosul Mundo 1992 1995 2005* 1992 1995 2005* Faturamento bruto (US$ bilhões) 59,71 70,99 156,44 3,217 3,380 7, 176 Empregos (milhões) 7,56 7,54 10,26 192 212 338 % do total 6,80 6,36 6,39 10,5 10,7 11,8 Contribuição ao PIB (US$ bilhões) 51,79 61,57 135,65 2,852 2,983 6,337 % do total 7, 15 7, 15 7, 14 11,0 10,9 11,4 Investimentos (US$ bilhões) 9,50 11,21 24,60 715 697 1,614 % do total 6,09 6,08 6,07 12,5 11,5 11,9 Gastos do governo (US$ bilhões) 3,46 4,14 9, 18 273 312 643 % do total 3,64 3,63 3,61 6,0 6,5 6,8 Consumo pessoal (US$ bilhões) 32, 19 38,38 84,65 1,789 _ 1,898 3,866 % do total 7, 18 7, 18 7, 17 11,4 11,4 11,7 Impostos (US$ bilhões) 10,69 12,69 27,93 627 656 1,405 % do total 5,53 5,41 5,43 11,3 11, 1 11,6 * Estimativas Fonte: WTIC (World Travei and Tourism Council). Artigo extraído do jornal Folha de S. Paulo, 18 de fevereiro de 1996. DEFINIÇÃO DO PRODUTO 29 do PIB regional e 6,4 por cento do emprego total, o que sugere um potencial turístico ainda não suficientemente explorado nesses países, inclusive, ou prin- cipalmente, no Brasil. A recuperação econômica da Espanha no período pós-Franco, quando iniciou sua integração efetiva na Comunidade Européia, foi possível através do turismo, que continua a ser o carro-chefe da economia do país. Na divisão e distribuição de atividades econômicas nacionais, no contexto da Comunida- de Européia, Portugal teve sua economia vinculada basicamente às atividades turísticas. A evolução da hotelaria, a espinha dorsal do turismo, levou o sistema hoteleiro a trabalhar a demanda de forma a canalizá-la e moldá-la gradual- mente a seus interesses. Do ponto de vista de mercado, a demanda passou a ser trabalhada por segmentos de mercado, processo que se mostrou o mais adequado para a orientação do crescimento hoteleiro. SEGMENTO DE MERCADO Segmento de mercado é o universo de consumidores com determinados objetivos, anseios, expectativas e necessidades comuns em relação a determi- nado produto. Em relação ao setor hoteleiro, o segmento de mercado é o conjunto de consumidores cujos interesses irão orientar o tipo de produto, no caso o tipo de hotel, que satisfaça especificamente àqueles interesses. São exemplos dessa segmentação: 1 • Grupos caracterizados por executivos de nível intermediário, técnicos, profissionais e vendedores que viajam a negócios e que preferem (ou podem apenas) pagar tarifas mais baixas. Seu objetivo é mais o con- forto do que a sofisticação das instalações e dos serviços hoteleiros. Esse segmento gerou o aparecimento dos hotéis econômicos, atual- mente objeto de uma grande expansão no Brasil. • O contingente de mercado caracterizado por executivos, políticos e artistas que procuram hotéis de alto nível, que ofereçam mais discri- ção e preservem o hóspede. São hotéis menores, mas bastante sofisti- cados nos serviços e nas instalações. • O público que procura descanso e fortalecimento físico e mental em ambientes isolados, com paisagens ricas e características. Essa deman- da é o contraponto à vida urbana moderna, que provoca tensão e estresse. Gerou o aparecimento de resorts e, como seu desdobramen- to, os spas, mais voltados para recondicionamento físico. 30 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO Outros contingentes podem ser citados como exemplo de demandas específicas que caracterizam novos segmentos. Os surfistas podem ser um segmento de mercado para o qual o produto a ser oferecido pelosetor hoteleiro é um resort ao lado do mar, onde haja condições para a prática de surfe. Pescadores amadores são um segmento de mercado para o turismo na região do Pantanal mato-grossense; eles podem vir a viabilizar a implantação de hotéis específicos. Deve-se acrescentar que é em torno de segmentos de mercado que a hotelaria vem se estruturando nas últimas décadas. Os hotéis que trabalham com um público diferenciado apenas pelo poder aquisitivo vêm cedendo espaço àqueles destinados a segmentos específicos. O setor hoteleiro comporta uma boa dose de riscos e ganhos substanciais em determinadas circunstâncias. Os riscos do setor estão, em boa parte, vincu- lados ao conhecimento insuficiente do mercado, principalmente da demanda, à localização mal equacionada, aos projetos mal resolvidos, a uma administração (em que se inclui o padrão de serviços prestados) pouco eficiente. No caso brasileiro, o pano de fundo desse quadro é uma cultura hotelei- ra incipiente e um mercado até pouco tempo restrito e pouco competitivo, em que a oferta é imposta a usuários com poucas alternativas, sem experiência e informações suficientes para avaliar o custo de sua estadia e a qualidade do serviço. A baixa cultura do setor tem levado a experiências infelizes, como a implantação de hotéis que vieram a se tornar problemas praticamente insolú- veis quanto à viabilidade do mercado. A decisão de implantar hotéis no Brasil ocorre, muitas vezes, sem que haja uma política hoteleira coerente e sistemática. Esse tipo de decisão brota de conjunturas aleatórias: do interesse de um empresário que não é do setor de diversificar seus investimentos; do objetivo de atender a uma demanda flagrantemente mal atendida em um local específico; do interesse de utilizar um terreno bem localizado; da possibilidade de utilização de recursos dispo- níveis para o setor, etc. De modo geral, os hotéis são implantados sem estudos suficientes. Se, por um lado, a falta de experiência empresarial é ainda considerável, por outro, o quadro profissional habilitado a estudar, orientar, projetar e adminis- trar um hotel é limitado. São poucos os profissionais em condição de respon- der bem às solicitações do setor hoteleiro. Isso é reflexo, inclusive, do pequeno número de escolas de hotelaria de nível superior existentes no país. As que existem são bem recentes. Até pouquíssimo tempo, a única alternativa que DEFINIÇÃO DO PRODUTO 31 restava a um interessado em formação superior no setor hoteleiro era fazer o curso ou uma pós-graduação no exterior. Esse quadro vem sendo alterado gradualmente pelas redes hoteleiras internacionais. O mercado brasileiro é suficientemente grande e tem possibi- lidades concretas de crescimento acentuado para que as redes internacionais se interessem por ele. Se bem que a atuação dessas redes, até o presente, é bem menor do que se poderia esperar. Afora determinados casos e exemplos de atuação, elas não vêm investindo sistematicamente no mercado brasileiro, preferindo atuar com venda de franquias e repasse de know-how e controle da operação de hotéis que se incorporem à sua bandeira. Elas não têm inves- tido de forma significativa nos empreendimentos, o que mantém os recursos financeiros como fator escasso nos empreendimentos hoteleiros no Brasil. O parque hoteleiro brasileiro apresenta hoje cerca de 2.700 estabeleci- mentos e 108 mil apartamentos, o que significa menos de 1 apartamento por 1 mil habitantes. Guardando as devidas proporções, se compararmos o índice brasileiro com o da França (1 apartamento/100 habitantes) e o dos Estados Unidos (1 apartamento/70 habitantes), veremos o quanto nosso parque hote- leiro pode crescer. Em sua maioria (83 por cento), os hotéis brasileiros são administrados por empresas familta~s; o restante (17 por cento) está ligado a cadeias hoteleiras. ELEMENTOS CRÍTICOS NA DECISÃO DE IMPLANTAÇÃO DE UM HOTEL As decisões básicas a serem tomadas na implantação de um hotel pas- sam necessariamente pelas questões: • Para quem o hotel se destina (segmento de mercado) e qual o tipo de hotel que se pretende implantar? • Onde localizá-lo? A primeira questão pode já estar respondida se a empresa (a cadeia hoteleira ou o empresário) interessada na implantação tiver se especializado em um produto ou se, por condições predeterminadas, inclusive após estudos de mercado, estiver interessada em investir em um produto específico. Nesse caso, a questão básica passa a ser onde implantar esse determinado produto. De qualquer forma, a resposta adequada para essas questões requer um conhecimento mínimo do mercado, tanto da demanda (tamanho, característi- cas e tendências) quanto da oferta (que hotéis existem e como atendem aque- 32 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO la demanda). Quanto mais amplo o território que se pretende avaliar, mais genéricas serão as informações necessárias sobre o mercado. Quanto mais precisa a localização, mais aprofundadas e específicas deverão ser as informa- ções sobre o mercado. Conhecer o mercado brasileiro como um todo significa trabalhar com variáveis mais amplas e genéricas, enquanto conhecer o merca- do de uma cidade, por exemplo, significa conhecer o mercado de forma detalhada, com variáveis mais específicas. A decisão de localização de um empreendimento hoteleiro pode se orientar sobre áreas progressivamente mais restritas: inicialmente, avalia-se o mercado em nível mais genérico, em um território mais amplo - um estado ou uma região maior ou menor que o estado. Em seguida, avalia-se o mercado de forma mais aprofundada, em um conjunto de cidades (ou área) selecionadas na escala anterior. O produto adequado para um local predeterminado - ou seja, o tipo do hotel a ser implantado - é uma questão que se coloca quando se pretende investir em determinada região ou cidade e ainda não se tem uma idéia pre- cisa do tipo de hotel mais adequado às condições do mercado local. A nomenclatura de classificação dos hotéis varia segundo a entidade consultada, ou segundo a própria tendência do mercado. No capítulo "Tipos de hotel", apresentamos uma nomenclatura bastante usada, com característi- cas específicas de classificação por tipo de hotéis, dirigidos a segmentos espe- cíficos da demanda. Essa classificação engloba, basicamente, hotéis centrais (downtown hotels), hotéis não-centrais, hotéis econômicos, hotéis de aeropor- tos e resorts (hotéis de lazer). A decisão sobre o tipo de hotel a ser escolhido passa por uma avaliação do mercado local, em termos de oferta e de demanda. A avaliação da oferta da área estudada é um processo mais rápido e mais econômico, que abrange um levantamento dos hotéis existentes na área ou cida- de selecionadas. A avaliação da demanda é um estudo mais complexo, no qual se procura trabalhar por amostragem e/ ou através de informações indiretas. O tamanho do hotel está intimamente ligado ao tipo ou categoria. Em alguns casos, esse tamanho já está limitado pela legislação pública, restando a questão de como viabilizar o hotel com tamanho predeterminado. É o caso de hotéis na área do Pantanal mato-grossense, de pousadas ou hotéis ecológicos, que têm um limite de apartamentos fixados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). DEFINIÇÃO DO PRODUTO 33 Geralmente, o tamanho de um determinado tipo de hotel , caracterizado pela variável apartamentos, ou unidades habitacionais (UH),1 está vinculado à sua rentabilidade e aos custos de implantação e operação, que se exprime pelo número de apartamentos. Assim, é possível estimar o custo médio do hotel tendo por base o custo que cada padrão de apartamento terá no total das áreas do empreendimento. Por exemplo, um apartamento de padrão su- perior demanda de 65 a 85 metros quadrados da área construída de um hotel, o que representa, nesse padrão, um custo médio de 150 mil a 200 mil dólares. A composição de custos será retomada com mais profundidade no capítulo "Parâmetrosde custos". VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO EMPREENDIMENTO Para um empreendimento ser considerado viável economicamente, ele deve proporcionar uma remuneração do capital investido igual ou acima da remuneração oferecida pelo mercado (custo de oportunidade) . Normalmente, no Brasil , caso seja realizado com os cuidados que sua implantação exige, um empreendimento hoteleiro pode ser bastante viável, mesmo levando em con- ta os riscos que o setor comporta. A avaliação da viabilidade de um empreendimento hoteleiro passa por uma série de decisões tomadas progressivamente. Inicialmente, é preciso de- cidir sobre a grandeza do investimento que se pretende realizar e as fontes de onde virá esse investimento. Em seguida, é preciso decidir o tipo de hotel que se pretende implantar, seu tamanho aproximado e o local onde será implan- tado. Pode haver uma inversão na ordem do processo decisório, mas haverá sempre o momento em que será necessário conhecer a viabilidade econômi- co-financeira do empreendimento em questão. O estudo de viabilidade é um instrumento fundamental para orientar a decisão final sobre o investimento, inclusive para aperfeiçoar o seu perfil. O estudo permite montar alternativas para o empreendimento, nas quais podem ser testados tamanhos diferentes para diferentes tipos de hotel. Nesse estudo é comum prefixar o tipo e o tamanho do hotel e, a partir dessas premissas, calcular outras variáveis que compõem o perfil do empreendimento. O estudo de viabilidade econômico-financeira, do ponto de vista algé- brico, é um conjunto de equações que relacionam variáveis independentes (aquelas que são prefixadas) e dependentes (aquelas que devem ser calcula- ' Nomenclatura utilizada pela Embratur. 34 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO das a partir das variáveis independentes). Uma vez fixados os valores de determinadas variáveis, chega-se aos valores das demais variáveis. São variáveis independentes do estudo de viabilidade aquelas prefixa- das ou calculadas anteriormente, por exemplo: • Custo de implantação: abrange todos os investimentos envolvidos com imóveis e móveis do estabelecimento (terreno, projeto, infra-estrutura, obras civis e instalações, equipamentos, etc.). 2 • Diárias. • Despesas operacionais: abrangem salários e encargos (derivados do perfil e montante do quadro de funcionários do hotel), custos das vendas, despesas com marketing, com manutenção e energia, custos administrativos e de gerenciamento (quando a operação do hotel é exercida por uma cadeia específica), aluguel do terreno (ou do valor global do terreno), etc. • Impostos indiretos: federais (Cofins , IR, PIS e IPMF), estaduais (ICMS) e municipais (ISS e IPTU). • Seguro predial. • Juros: a serem pagos sobre o capital financiado e as condições de pagamento. O estudo de viabilidade econômico-financeira trabalha algebricamente o conjunto dessas variáveis em um fluxo de caixa calculado anual ou mensal- mente, para um período de dez a vinte anos. Se a precisão do trabalho o exigir, o fluxo de caixa pode ser trabalhado mensalmente. O fluxo de caixa permite chegar a um balanço econômico-financeiro global para o empreendimento e verificar se a remuneração do capital inves- tido é suficiente para justificá-lo. Ele também permite obter respostas para questões importantes, como o ano em que o saldo de caixa passa de negativo a positivo, ou seja, a partir de que ano o empreendimento passa a ser auto- suficiente financeiramente . Podem ser feitos tantos fluxos de caixa quantos o estudo do empreendi- mento exigir. Como as variáveis independentes podem assumir mais de um valor (por exemplo, as diárias médias do hotel poderão variar de 50 a 70 dólares), a margem de risco do empreendimento pode ser verificada caso os valores das variáveis (diárias médias, no caso) oscilem no período abrangido pelo fluxo de caixa. 2 Para mais detalhes, ver capítulo "Parâmetros de custos". DEFINIÇÃO DO PRODUTO 35 Pode-se também fixar os valores de variáveis dependentes (receitas, TIR - taxa interna de retorno), e, fazendo o caminho inverso dos cálculos, verificar que resultado esses novos valores trariam para uma determinada variável independente. Por exemplo, para obter uma remuneração adequada do capi- tal investido, que preço deveria ter a diária do hotel? Esse tipo de questão é respondido pela utilização do fluxo de caixa no sentido inverso. Ele é, portan- to, um caminho de duas mãos. O estudo de viabilidade permite, assim, testar e alterar as variáveis inde- pendentes e , inclusive, avaliar as decisões tomadas anteriormente. Por exem- plo, o estudo pode indicar a necessidade de o hotel ter um número de apartamentos superior ao previsto inicialmente. De qualquer forma , é preciso lembrar que a estratégia assumida para o empreendimento está embutida no estudo de viabilidade e em um de seus componentes, o fluxo de caixa. Essa estratégia implica a montagem de alter- nativas, inclusive sobre os preços de mercado. Por exemplo, caso a competi- ção se acirre, obrigando a uma diminuição dos preços praticados, é necessário saber que margem de variação de preços o empreendimento pode suportar sem entrar em déficits e por quanto tempo é possível suportar essa situação. A avaliação dos problemas que o empreendimento pode vir a enfrentar ga- rante uma importante margem de manobra em face da concorrência. 1 1 1 1 38 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO INTRODUÇÃO Nunca é demais enfatizar a importância da localização de um empreen- dimento hoteleiro. Uma localização mal resolvida pode resultar na inviabilização do empreendimento. O estudo de localização de um empreendimento hoteleiro pode envol- ver diferentes escalas no território. Para cada escala se chegará a uma resposta com precisão diferente, e , para cada uma delas, será diferente o método atra- vés do qual se fará a escolha do local. Em determinados casos, o estudo de localização envolve uma macroescala, quando o que se pretende é saber qual seria a melhor região para o empreen- dimento ou, no caso de implantação de uma rede hoteleira, que cidades de determinada região são mais adequadas para receber os hotéis. Em outros casos, já se tem uma decisão sobre a região ou a cidade onde se pretende instalar o empreendimento hoteleiro. O passo seguinte seria a escolha do terreno específico, na região ou na cidade. Finalmente, em determinados casos, existe previamente um terreno que se pretende utilizar para implantar um empreendimento hoteleiro. A questão que se coloca nesses casos é se aquele é um local adequado e conveniente para um empreendimento hoteleiro ou para um determinado tipo de hotel. O terreno tanto pode estar em uma área não-urbana (em uma praia isolada, em uma fazenda, em uma ilha) ou em uma cidade (no centro urbano, junto a uma avenida movimentada, junto ao acesso à rodovia regional, etc.). Nesse caso, o estudo de suporte à decisão deverá envolver o mercado específico da cidade e a condição de outras áreas alternativas mais bem situadas ou em condições similares à área em questão. ESTUDO DE LOCALIZAÇÃO EM ESCALA REGIONAL No caso em que se avalia a localização em escala regional, deve-se partir de uma tipologia já determinada para o empreendimento hoteleiro, de uma avaliação suficiente da demanda potencial para o empreendimento e de uma estratégia de captação dessa demanda. O passo seguinte em relação à localização do empreendimento será realizar uma pesquisa que aponte para o local mais favorável para a sua implantação. Se o empreendimento não tem apoio urbano - por exemplo, um resort vinculado a vantagens paisagísticas e de meio ambiente, longe de qualquer cidade que pudesse garantir-lhe apoio em serviços e infra-estrutura-, a con- dição básica para seu funcionamento é ser acessível aos usuários. Se os usuá- rios vêm de regiões distantes, o transporte mais importante é o aéreo, e a viabilidade do empreendimento dependerá da existência de um aeroportoLOCALIZAÇÃO 39 em condições de receber as aeronaves que partem do local de origem dos hóspedes. A acessibilidade deve estar garantida também por rodovias em bom estado, transitáveis o ano todo e, de preferência, pavimentadas. A acessi- bilidade deve ser equacionada levando-se em conta o tempo de viagem máxi- mo que o hóspede se dispõe a suportar, e esse tempo dependerá dos atrativos do empreendimento em comparação a empreendimentos similares. Os de- mais fatores de viabilidade estão em um segundo nível de importância, mas também são fundamentais: os custos de implantação e operação, que incor- poram os custos de alojamento para os funcionários e as condições para sua contratação em local retirado, a logística global de funcionamento do estabe- lecimento, as vantagens comparativas de empreendimentos similares, etc. No sul do estado de São Paulo, por exemplo, existe uma região com um complexo de cavernas extremamente atraentes , próximo à serra do Mar, na maior extensão de mata Atlântica do estado. O acesso ao local, apesar de sua proximidade à região metropolitana de São Paulo - que representa uma de- manda turística potencial inegável-, ainda é precária. A duplicação da Rodo- via Régis Bittencourt (BR 116) sem dúvida facilitará o acesso à região , o que irá alterar positivamente as condições de viabilidade de empreendimentos turísticos voltados para aquele potencial ambiental. No caso de o empreendimento ser localizado em cidades, a avaliação da rede urbana deve incorporar um quadro de referência em que as cidades são comparadas em ordem hierárquica, segundo sua importância. As variáveis a serem incluídas no quadro são montante e dinâmica de crescimento da popula- ção urbana, dinâmica da economia, qualidade de vida, recursos em educação e saúde, facilidades de acesso e comunicação. Em muitos casos, a disponibilidade de dados irá orientar a montagem do quadro de referência. Esses estudos traba- lham com dados secundários, e somente nas decisões finais é que interessa realizar uma pesquisa direta para obtenção de dados. Assim, o quadro de refe- rência terá as variáveis disponíveis, e sua precisão, controlada, dependerá da qualidade e da importância dessas variáveis. Essa precisão deve ser controlada, pois a partir dela é que se dará a decisão da localização do empreendimento. ESTUDO DE LOCALIZAÇÃO EM ESCALA URBANA A escolha de um local para empreendimento hoteleiro, em determinada cidade, vai depender de fatores que variam ou têm pesos diferentes em rela- ção ao tipo específico de hotel que se pretende instalar. A escolha da melhor localização vai depender do tipo de hotel em estudo. Para determinados tipos de hotel vão pesar, basicamente, os seguintes fatores de localização: 40 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO HOTEL CENTRAL • Tem como objetivo ficar ou no centro da cidade, ou o mais próximo possível. • Restrições quanto ao uso e à ocupação do solo. • Compatibilidade entre o preço do terreno, o porte e o padrão do empreendi- mento. O custo do terreno não pode ultrapassar o valor determinado pelos estudos de viabilidade econômico-financeira. • Facilidade de acesso ao aeroporto e às principais vias da cidade. • Existência de redes de infra-estrutura confiáveis (água, esgoto, energia elétrica, telefones). • Localização em via sem congestionamento de trânsito. • Localização de fácil :Jentificação na cidade. HOTEL ECONÔMICO • Localização na principal via de ligação entre a rodovia regional de acesso à cidade e o centro urbano. • Localização de fácil visualização e identificação em relação à cidade .e à rodovia. • Terreno de custo baixo e com dimensões adequadas para permitír pátio de estacio- namento e uma construção horizontal ou, no máximo, de três pavimentos. • Terreno servido por redes de infra-estrutura (drenagem, água, esgoto, energia elétrica, comunicações). HOTEL DE CONVENÇÕES • Localização em cidades caracterizadas como importantes centros de negócios e de serviços. • Existência de redes confiáveis de infra-estrutura urbana. • Localização de fácil identificação na cidade. • Dimensões de terreno que permitam implantar áreas de estacionamento de veículos. RESORT OU HOTEL DE LAZER • Localização em região com meio ambiente de grande apelo turístico e paisagístico. • Terreno de grandes dimensões (inclusive com trechos de floresta, quando possível), que permita a implantação de campo de golfe, hípica, parque aquático, quadras de esportes, marina, etc. • Local de fácil acesso a aeroporto. • Local de fácil identificação em relação à estrada ou à rodovia. HOTEL DE SELVA • Localização em meio a floresta ou parque ecológico, com grande apelo turís- tico e paisagístico. • Facilidade de acesso por meio de rodovia ou hidrovia. LOCALIZAÇÃO 41 • Terreno com grandes dimensões, que permita áreas de esportes ao ar livre, ancoradouros de barcos, parque aquático, etc. • Localização em terreno não-inundável e relativamente protegido contra insetos. HOTEL-CASSINO • Local de fácil acesso ao aeroporto por meio de rodovias de bom desempenho. • Existência de redes confiáveis de infra-estrutura urbana. • Localização em via sem congestionamento de trânsito. • Dimensões de terreno que permitam implantar áreas de estacionamento, lazer e recreação. • Localização em áreas com recursos paisagísticos. ESTUDO DE VIABILIDADE PARA TERRENO ESPECÍFICO Para saber se determinado terreno é adequado à implantação de deter- minado hotel , é preciso verificar se ele se enquadra nos critérios de macrolocalização necessários ao tipo de hotel prefixado. Isto é, se a posição relativa do terreno no bairro e na cidade oferece as vantagens de localização requeridas, inclusive no que diz respeito às redes de infra-estrutura urbana. Inicialmente, deve-se verificar a legislação municipal de zoneamento e uso do solo incidente sobre a área; é preciso saber se ela permite o uso hoteleiro e quais são os índices de ocupação e utilização admitidos. Isso determina se o hotel tem um uso compatível com a legislação e qual área poderá ser construída. É necessário verificar também se o valor imobiliário do terreno se en- quadra no estudo de viabilidade econômico-financeira do hotel. Pode ser que o valor do terreno seja muito alto para o empreendimento, o que significaria um uso inadequado do capital fixo. Além disso, é preciso avaliar a urbanização do entorno do terreno, os usos e as atividades próximas ou contíguas ao entorno. Pode ser que sejam inadequados à imagem do hotel. Um padrão de urbanização deteriorado ou um processo de decadência nas proximidades do terreno não são compatí- veis com o uso hoteleiro. Finalmente, é necessário avaliar as condições físicas do terreno: • Declividade: quanto maior, maiores custos com movimento de terra e com obras de contenção. • Consistência do subsolo: terrenos com baixa resistência exigem funda- ções mais onerosas. • Nível do lençol freático: quanto mais alto o lençol freático, mais restri- ções haverá nas soluções de utilização do subsolo e de fundações . • Forma física: terrenos com formas regulares favorecem a concepção do projeto. 44 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO O mercado, em resposta à diversidade das demandas, assim como à competição com outros estabelecimentos concorrentes na captação dos hós- pedes, fez surgir, ao longo do tempo, muitos tipos de hotel, com característi- cas próprias em função da sua localização e do segmento do mercado ao qual estão voltados. O extraordinário desenvolvimento do turismo e sua diversificação Oazer. negócios, congressos, etc.), ocorridos nas últimas décadas paralelamente ao encurtamento das distâncias e ao barateamento das viagens proporcionados pela evolução dos transportes, vem criando a necessidade de novos tipos de hotel, dirigidos aos nichos de mercado que vão sendo criados ou aos preexistentes. Com isso, novas cadeias hoteleiras têm surgido, e cadeias mais antigas passaram a oferecer novos produtos, visandoampliar ou, pelo menos, manter sua participação no mercado. Por exemplo, a Holiday Inn, cadeia americana com hotéis no Brasil. oferece um conjunto de produtos diversificados que visam atender diferentes tipos de clientes por meio da oferta de instalações e serviços diferenciados com preços variados. Entre os Holiday Inn Express, de preço mais baixo, e os Holiday Inn Crowne Plaza, de preço mais alto, há os Holiday Inn Garden Court, de padrão médio e preços moderados, os Holiday Inn Hotel, também de padrão médio e com uma gama mais completa de serviços, e os Holida Inn Sunspree Resort. A Choice, outra cadeia internacional, opera os padrões Sleep Inn, na faixa mais baixa de tarifas, os Comfort Inn e os Quality Inn, nas faixas inter- mediárias, e os Clarion, na categoria luxo. Outras cadeias americanas e euro- péias operam também hotéis de várias categorias. A Accor, uma cadeia francesa que também atua no Brasil, opera desde os hotéis de padrão econômico até os produtos mais sofisticados da linha Sofitel, passando pelo padrão Mercure de nível intermediário. Entre os produtos hoteleiros que caracterizam essa proposta constante de novos atrativos para atender um mercado cada dia mais diversifica podem ser mencionados os hotéis-residências (apart-hotéis, flats) e, mais re- centemente, os hotéis dentro de hotéis, em que um mesmo hotel destina parte de suas instalações para nichos especiais do mercado de hóspedes, com o er- ta de instalações e serviços diferenciados em relação ao hotel como um I o. ...,__ TIPOS DE HOTEL 45 CLASSIFICAÇÃO DOS HOTÉIS Os hotéis podem ser classificados, ou, expressando de outra forma, os tipos de hotéis podem ser definidos: • Conforme o padrão e as características das suas instalações, ou seja, o grau de conforto, a qualidade dos serviços e os preços. A Embratur e a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) classificam os hotéis dessa maneira. Esse tipo de classificação pretende informar ao público os níveis de conforto, os preços e os serviços oferecidos; orientar investidores e empresários; constituir instrumento de política de incentivo às atividades turísticas, etc. • Conforme sua localização: hotéis de cidade, de praia, de montanha, de aeroporto, etc. • Conforme sua destinação: hotéis de turismo, negócios, lazer, cassino, convenções, econômicos, etc.) No Quadro 2, são apresentados os meios de hospedagem segundo o mais recente sistema de classificação da Embratur, instituído pela Deliberação Normativa 367, de 23/11/96. QUADR02 OS MEIOS DE HOSPEDAGEM DE TURISMO E AS CARACTERÍSTICAS QUE OS DISTINGUEM Tipo Localização Natureza da Infra-estrutura Preferencialmente Hospedagem e, urbana. dependendo da categoria, alguma infra-estrutura para lazer e negócios. Hotel histórico - HH Normalmente, vos e turistas, com restrita à -- predominância hospedagem. iável de uns e Hotel de lazer - HL Normalment partido de recreação e arquitetônico lazer. horizontal. Pousada - P Predominantemen- Turistas em viagens Restrita à te, partido de recreação e hospedagem. do centro urbano. arquitetônico lazer. horizontal. bratur / lnmetro: Regulamento e matriz de classificação dos meios de hospedagem 46 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO Ainda segundo o sistema de classificação da Embratur, os meios de hospedagem e turismo são classificados em categorias representadas de uma a 5 estrelas: luxo superior, 5 estrelas, H, HH, HL; 4 estrelas, H,HH,HL; standard superior, 3 estrelas, H, HH, HL, P; standard, 2 estrelas, H, HL, HH, P; simples, 1 estrela, H, HL, HH, P. A ABIH estabeleceu outra classificação (uma autoclassificação, já que feita pelos próprios hoteleiros e apenas chancelada pela ABIH), segundo a qual os hotéis são divididos entre as categorias superluxo (6 estrelas); luxo (5 estrelas); superior ( 4 estrelas} turística (3 estrelas); econômica (2 estrelas) e simples (1 estrela). Adotando-se outros critérios, pode-se chegar a novas classificações. Con- vém lembrar ainda que um mesmo hotel pode ser classificado em mais de uma categoria, e que um mesmo hotel pode reunir características comuns a mais de um tipo. Por exemplo um hotel de montanha voltado para o lazer pode ser enquadrado simultaneamente nas categorias de lazer, de alto luxo e também como hotel de convenções. Não pretendemos abordar aqui a totalidade de tipos de hotel, mesmo porque, em face do dinamismo do setor, a cada ano novos tipos e subtipos vêm se juntar aos existentes, tornando a tarefa possivelmente incompleta. Por outro lado, os principais tipos de hotel reúnem características comuns a vários subtipos deles derivados. Assim sendo, ressalvada a necessidade de sempre atentar para as especificidades de cada hotel, várias das análises feitas acerca dos tipos principais são perfeitamente aplicáveis aos que deles derivam. Vamos comentar os seguintes tipos principais de hotel: hotéis centrais (downtown boteis); hotéis não-centrais; hotéis de aeroporto; hotéis de lazer; hotéis econômicos; outros tipos de hotel. A seguir, para cada um dos principais tipos de hotel abordaremos as- pectos relevantes, que de alguma forma os distinguem dos demais, entre os quais a localização, o tamanho e a diversidade das instalações, as característi- cas do lobby, dos apartamentos e das áreas de estacionamento. HOTÉIS CENTRAIS São hotéis urbanos, localizados em áreas centrais das cidades, próximo a restaurantes, bares, cinemas, teatros, lojas, sedes de empresas, etc. Nas gran- des metrópoles, o conceito de área central deve ser ampliado para abranger os diversos subcentros - os chamados centros expandidos - ou algumas re- giões particulares das cidades, como as faixas de praias no Rio de Janeiro ou Recife, por exemplo. TIPOS DE HOTEL 47 Localização Os hotéis localizados em áreas centrais têm na proximidade das princi- pais atividades de comércio, serviços e lazer um importante fator de atração de hóspedes. E é por essa razão que, na maioria das cidades, as áreas centrais reúnem a maior quantidade de hotéis. Se por um lado a localização central é um fator altamente positivo para o sucesso de determinado hotel a ser construído, a acirrada competição entre os hotéis de uma mesma área impõe a necessidade de outros cuidados de planejamento. A microlocalização, por exemplo, é um fator da maior importância. Si- tuar-se em uma zona prestigiosa, em meio a um comércio diversificado e de qualidade, e não em uma zona em processo de decadência faz grande dife- rença. A facilidade de acesso a outros pontos de interesse da cidade, a dispo- nibilidade de bom transporte público, a qualidade do ambiente urbano da vizinhança, a segurança, etc. são fatores de diferenciação que podem trazer vantagens a um hotel em relação a seus competidores mais diretos. Assim, no planejamento de um novo hotel central, sua localização deve ser cuidadosa- mente estudada. A situação atual e as tendências de desenvolvimento da cida- de - que poderão influir positiva ou negativamente sobre o futuro empreendimento-, devem ser levadas em consideração. Em cidades como São Paulo, com elevadas taxas de crescimento demográfico e urbano há um constante deslocamento de atividades para no- vas fronteiras. Zonas prestigiosas e valorizadas entram em decadência num processo muitas vezes extremamente rápido, vêm seus imóveis desvaloriza- dos e tornam-se menos adequadas para as atividades nelas instaladas, que sofrem grandes prejuízos. É importante considerar que nem todos os hotéis centrais se destinam a um mesmo tipo de hóspede. Há variações quanto aos níveis de renda (e conseqüentemente quanto às tarifas que podem ser cobradas) e a outros fatores, o que determina critérios diferenciados para sua localização. São co- muns hotéis voltados preferencialmente para tipos muito particulares de hós- pedes, como os destinados a pequenos comerciantes ou a executivos do mercado financeiro, para os quais é importante a proximidade de centros de comércioatacadista no primeiro caso, e da área bancária ou da bolsa de valores, no segundo. Em algumas cidades, como Rio de Janeiro, Salvador e Recife, a coexis- tência de praias com áreas de acentuado desenvolvimento urbano viabiliza hotéis destinados tanto a executivos quanto a turistas. 48 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO Um aspecto importante a observar na escolha do terreno, além de for- ma, dimensões, topografia e outros atributos normalmente considerados, são as ruas de acesso de hóspedes e visitantes, de prestadores de serviço e forne- cedores. A mão de direção das ruas pode criar dificuldades para o adequado posicionamento das diferentes entradas e dos fluxos desejados. Por essa ra- zão, e também porque as mãos de direção estão sujeitas a mudanças, é dese- jável, sempre que possível, escolher um terreno no qual a adequada solução para os acessos e fluxos de circulação de veículos independa do sentido do tráfego. TIPOS DE HOTEL 51 Tamanho e diversidade das instalações Os hotéis centrais podem ser grandes ou pequenos (com muitos ou pou- cos apartamentos), apresentar maior ou menor diversidade de instalações (res- taurantes, bares, lojas, salas de reunião, etc.), sem que isso determine maior ou menor possibilidade de sucesso ou fracasso. O Maksoud Plaza e o L'Hotel, em São Paulo, situados a menos de 100 metros um do outro, ilustram bem essa afirmação. O Maksoud Plaza tem mais de quatrocentos apartamentos, vários restaurantes e bares, um teatro e um centro de eventos de porte considerável, e beneficia-se de sua excepcional localização junto à avenida Paulista para movi- mentar todas as suas instalações. O L'Hotel, com apenas 82 apartamentos e um restaurante, usa como atração para seus hóspedes toda a infra-estrutura da região, inclusive a oferecida pelo seu concorrente. Ambos são destinados à clientela de alto poder aquisitivo. Ambos são hotéis bem-sucedidos. Um dos fatores de distinção entre os dois hotéis, determinante para as respectivas características enquanto empreendimentos hoteleiros, é a dimen- são dos terrenos em que foram construídos; 8.300 metros quadrados, no caso do Maksoud Plaza, e 1 mil metros quadrados, no caso do L'Hotel. Com efeito, o porte e a diversidade das instalações dos hotéis localiza- dos nas áreas centrais das cidades derivam, para uma mesma e determinada condição de mercado, das dimensões dos terrenos disponíveis - e, natural- mente, do que as diferentes legislações permitam construir neles - e dos respectivos preços, cuja participação expressiva na composição geral de custos do empreendimento leva necessariamente à utilização máxima das possibili- dades de construção em determinada área. Terrenos pequenos comportam hotéis pequenos. Em terrenos grandes só são viáveis hotéis de porte corres- pondente. Haveria um tamanho ideal de hotel (por exemplo, em número de apar- tamentos) para as áreas centrais das cidades? Ou, colocando de outra forma, em condições ideais de mercado e sem constrangimentos orçamentários tanto para a aquisição do terreno como para a construção, montagens e equipa- mentos, que tamanho e que características deveriam idealmente ter os hotéis centrais? Não há uma resposta satisfatória para essa questão. Nos Estados Unidos, são muito comuns hotéis centrais com número elevado de quartos, geralmen- te acima de quinhentos, e, muito freqüentemente, acima de mil. Na Europa, predominam hotéis menores, que possuem duzentos e trezentos quartos. Essa diferença se explica, de um lado, pelo dinamismo e pela grandiosidade do mercado americano, e de outro, pelos fatores de natureza histórica e/ou urba- 52 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO nística que impõem a utilização de edificações européias antigas ou severas restrições construtivas para edificações novas, ou ainda pela escassez de gran- des terrenos disponíveis. As grandes cadeias internacionais com origem nos Estados Unidos ou inspiradas no modelo americano tendem, sempre que possível, a implantar hotéis de grande porte, e só não o fazem quando, ainda que em condições não ideais, lhes convém implantar em determinado lugar uma nova unidade sob sua bandeira. É o caso de muitos hotéis implantados na Europa e da maioria dos hotéis implantados em países não pertencentes ao primeiro mun- do. Mesmo na Europa há alguns grandes hotéis que se aproximam dos mil apartamentos, como o Forum Hotel de Londres, com 910 apartamentos, e o Lafayette de Paris, com mil apartamentos. L'H otel, São Paulo ;;;;;;111a1;;;;;; .. ;1 TIPOS DE HOTEL 55 Aparentemente, a tendência é que os novos hotéis sejam tão grandes quanto possível, respeitadas as limitações impostas pelo mercado e por outras razões locais. Os hotéis com grande número de apartamentos, muitos restau- rantes e bares, salas de reunião, áreas de recreação e lazer, etc. teriam a preferência de muitos hóspedes pela variedade das facilidades e conveniên- cias de que disporiam, a custos relativamente reduzidos, devido aos ganhos de escala na oferta dos serviços. Essa preferência, no entanto, não pode ser generalizada. Para uma par- cela considerável de hóspedes, os hotéis menores (entre cinqüenta e duzen- tos apartamentos) proporcionam um ambiente mais acolhedor, oferecem mais atenção e um padrão de serviços mais eficiente e menos impessoal. Alguns especialistas questionam até mesmo a economia de escala supostamente ob- tida na operação de grandes hotéis com menos de quinhentos apartamentos, pois eles demandam estrutura administrativa mais complexa (com vários ní- veis de supervisão e elevado grau de hierarquização) e, portanto, mais cara. Segundo esses especialistas, hotéis menores, que possam ser operados com menor número de funcionários por apartamento, e com estrutura adminis- trativa simplificada podem reduzir seus custos e manter as condições de competitividade no mercado. Há quem considere um hotel verdadeiramente luxuoso incompatível com um grande número de apartamentos. Concluindo, não há um tamanho ideal a ser recomendado para hotéis centrais (ou para qualquer tipo de hotel). As dimensões e demais características de um hotel central são aquelas estabelecidas pelo mercado e pelos recursos financeiros disponíveis para custear o empreendimento. Em outras palavras, dependem das demandas quantitativas e qualitativas por instalações hoteleiras da cidade ou do setor da cidade, dos recursos financeiros que podem e/ou pretendem ser investidos, dos terrenos disponíveis (em termos de dimensões e custos) e da legislação de uso do solo vigente. É importante considerar também fatores relacionados com a experiência e a sensibilidade dos futuros operadores no que diz respeito ao segmento de mercado que pretendem atender. Características do lobby O lobby, ou saguão, é a área que mais contribui para a imagem positiva ou negativa do hotel, logo depois dos apartamentos. Acontecem no lobby o primeiro e o último contato do hóspede com o hotel. Além dessa importância mercadológica, ele tem também importância estratégica no funcionamento do hotel, uma vez que é nele que se situa a recepção e é principalmente através dele que se tem acesso às demais áreas públicas do hotel (lojas, bares, restau- rantes, locais de reunião, etc.). 56 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO A importância do lobby pode ser avaliada pela qualidade dos materiais, do mobiliário e da decoração que os hotéis de todos os níveis utilizam, sem- pre superior à dos demais ambientes, incluindo os apartamentos. Nas cidades, os hotéis centrais costumam abrigar importantes eventos de caráter social, cultural e artístico, e os lobbies são comumente a ante-sala dos ambientes onde esses eventos ocorrem, quando não o espaço principal. Objetivando evitar conflitos entre os hóspedes e o grande número de pessoas que geralmente afluem a esses eventos, devem ser previstos, sempre que possível, faixas de circulação privilegiadas para hóspedes ou acessos inde- pendentes para restaurantes, bares e salas de reunião.Nos hotéis Maksoud Plaza e Renaissance, em São Paulo, por exemplo, favorecidos por contar com frente para três ruas e com desníveis naturais, foi possível localizar entradas em ruas e pavimentos diferentes. A valorização dos lobbies ganhou uma importante contribuição atra- vés dos átrios recriados pelo arquiteto e empreendedor americano John Portman, que projetou para a cadeia Hyatt os magníficos hotéis de Atlanta , San Francisco e Chicago O'Hare , entre outros. Esses átrios são verdadei- ras praças, com fontes e vegetação de porte variado, que se estendem até os últimos pavimentos, formando um imenso espaço interno cheio de luz, percorrido por modernos e silenciosos elevadores panorâmicos. Características dos apartamentos Pode-se afirmar que existe atualmente um padrão básico de quarto adota- do nos apartamentos (constituídos por vestíbulo, banheiro e quartos) de hotéis em todo o mundo, cujas dimensões, com pequenas variações da ordem de 10 por cento, são 3,80 metros de largura por 5,50 metros de comprimento. Há variações maiores em alguns hotéis independentes de padrão inferior, resultan- tes de projetos equivocados ou de adaptações de edifícios originalmente projetados e/ou construídos para outras destinações. Há, ainda, variações em alguns tipos especiais de hotel, aqueles caracterizados como econômicos e que, embora centrais, serão tratados como um tipo diferenciado, mais adiante. A largura de aproximadamente 3,80 metros permite acomodar em fren- te às camas uma cômoda e/ ou uma mesa de trabalho, com espaço adicional para cadeira ou poltrona e circulação entre elas. Larguras maiores são desne- cessárias e até mesmo indesejáveis, quando implicam a redução do número potencial de apartamentos de uma frente de rua e quando implicam em pa- nos maiores de lajes e extensão de fachada, que encarecem a construção. Quando se deseja aumentar a área dos quartos, é preferível que isso seja feito no comprimento, pois assim podem ser acrescentados ao mobi- TIPOS DE HOTEL 57 liário poltronas ou um sofá-cama, que aumentam o conforto e/ou possibi- litam a acomodação de mais pessoas. Um importante requisito dos quartos dos hotéis centrais é a disponibilidade de espaço, mobiliário e equipamentos - as chamadas estações de trabalho -, que proporcionam aos executivos, tipo de hóspede cada vez mais comum, a possibi- lidade de dar seqüência às suas atividades normais de trabalho. Nos hotéis centrais, terraços só são justificáveis em cidades de clima ameno praticamente o ano todo e apenas em locais de onde se possa desfru- tar de vistas de grande interesse e beleza, naturais ou não. É o caso dos hotéis da orla litorânea de cidades como o Rio de Janeiro, Salvador ou Recife, para mencionar apenas cidades brasileiras . Não é o caso de hotéis de cidades como São Paulo, Curitiba ou Belo Horizonte, em que nem o clima nem a paisagem justificam os custos adicionais e outros inconvenientes apresenta- dos pelos terraços. Estacionamento A quantidade de vagas de estacionamento nos hotéis centrais é determi- nada menos pelo número de apartamentos do que pela presença de depen- dências como restaurantes, bares, salas de reunião, etc. freqüentadas também por moradores da própria cidade. Os hóspedes, mesmo quando procedentes de locais pouco distantes, utilizam-se cada vez mais do avião como meio de transporte. Algumas vagas, no entanto, são sempre necessárias, para atender a uma parcela de hóspedes motorizados com carros próprios ou alugados. A quantificação efetiva das vagas necessárias, além das exigidas pela legislação de cada cidade ou local , deve ser feita em função da quantidade de freqüentadores das diversas dependências do hotel, considerando-se os res- pectivos horários de funcionamento e sua concomitância. 1 Como nos hotéis centrais as áreas de estacionamento situam-se geralmente em subsolo e/ou outros pavimentos que não o térreo , para onde os automóveis são conduzidos por manobristas , é conveniente reservar espaço no pavimento térreo, próximo à entrada principal do ho tel , para algumas vagas destinadas a visitantes de curta permanência . Vagas para ônibus de turismo devem ser igualmente previstas. Em São Paulo, a legislação que rege a construção de hotéis (Lei 8.006/ 74) exige uma vaga para cada dois quartos com menos de 50 metros quadrados, uma vaga para cada quarto maior do que 50 metros quadrados, além de vagas adicionais para cada 100 metros quadrados de área de restaurantes e afins, e para cada 10 metros quadrados de áreas de reunião. 58 HOTEL: PLANEJAMENTO E PROJETO QUADRO 3 HOTÉIS CENTRAIS: SÍNTESE Localização Tamanho e diversidade das instalações • As áreas de intensa atividade comercial, de negócios, de recreação e de lazer são as mais adequadas. • As áreas em processo de decadência devem ser evitadas. • A preferência de atendimento a nichos especiais de mercado com requisi- tos particulares de localização deve estar predefinida. • A legislação de uso do solo no local deve possibilitar a construção de um hotel com tamanho compatível com o indicado por estudos prévios de mercado. • O preço do terreno deve estar situado dentro dos parâmetros indicados pelo estudo de viabilidade. • As dimensões e a forma do terreno devem proporcionar acessos e condi- ções de circulação adequados para hóspedes, visitantes, funcionários e fornecedores, e para os veículos de passeio e de carga. • A área total de construção é função da área de terreno disponível e da legislação de uso do solo. • O número de apartamentos deve ser definido pelos parâmetros indicados em estudo prévio de mercado. • A quantidade de restaurantes, bares, locais para reunião, etc. deve ser definida em função do número de apartamentos e da concorrência com estabelecimentos similares disponíveis nas imediações. Características • É importante fator de valorização do hotel. do /obby • Devem ser observadas no seu planejamento condições de circulação de Características dos apartamentos hóspedes (entre a entrada, a recepção e os elevadores sociais) adequadas e não-conflitantes com as demais circulações, particularmente as destina- das a não-hóspedes. • Devem ser previstos, sempre que possível, acessos independentes da en- trada principal do hotel para restaurante, bares e locais de reunião. • Dimensões básicas dos quartos: 3,80 metros de largura e 5,50 metros de comprimento, com variações de cerca de 1 O por cento. • Devem ser previstos apartamentos especiais para pessoas portadoras de deficiências físicas . 2 • Devem ser previstos terraços apenas em locais voltados para paisagens significativas e climas amenos. A Embratur recomenda que 2 por cento dos apartamentos sejam destinados a portadores de deficiências físicas. Ver também NBR 9050 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) . TI POS DE HOTEL 59 Estacionamento • São necessárias poucas vagas para hóspedes, pois a maioria dos hóspedes dos hotéis centrais utiliza o avião como meio de transporte predominante. • O número de vagas, respeitada a legislação, deve ser dimensionado em função das áreas do hotel destinadas aos demais freqüentadores das suas instalações, como restaurantes, bares, locais de reunião, etc. • A disponibilidade de vagas pode constituir-se em importante fator estra- tégico para a captação de eventos e freqüentadores das instalações so- ciais do hotel. • Devem ser previstas algumas vagas próximo à entrada principal do hotel para visitantes de curta permanência. HOTÉIS NÃO-CENTRAIS A escassez de áreas bem localizadas e com dimensões suficientes, o elevado preço dos terrenos e fatores o congestionamento do tráfe$o e a insegurança crescente das áreas centrais têm levado ao deslocamento de muitos novos empreendimentos hoteleiros para áreas afastadas do cen- tro das cidades, mas que contam com boas condições de acesso e nas quais esses problemas não existem ou são menos acentuados. Ao mesmo tempo, algumas dessas
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