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CRIMES SEXUAIS DO CÓDIGO PENAL

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Página | 22
INTRODUÇÃO
O nosso Código Penal Brasileiro, em especial no seu Título VI, obteve uma nova redação pela Lei nº 12.015/2009, prevendo os crimes contra a dignidade sexual, alterando assim, a composição escrita anteriormente do referido título, pois era titulado como crime contra os costumes. 
Sabe-se que este título anterior não trazia uma realidade dos bens juridicamente protegidos. O ponto central da proteção já não era mais com relação ao comportamento sexual diante da sociedade do século XXI, mas a dignidade sexual em si. A dignidade sexual é uma das espécies do gênero dignidade da pessoa humana. 
As alterações ocorridas na sociedade pós-moderna acarretaram novas e graves preocupações. O Estado encontra-se diante de outros desafios, por exemplo a exploração sexual de crianças e adolescente, outrora os desafios eram a preservação da virgindade da mulher. Rogério Grego (2011), discorre sobre 
A situação era tão grave que foi criada, no Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, através do Requerimento 02/2003, apresentando no mês de março daquele ano, assinado pela Deputada Maria do Rosário e pelas Senadoras Patrícia Saboya Gomes e Serys Marly Slhessarenko, que tinha por finalidade investigar as situações de violência e redes de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Essa CPMI encerrou oficialmente seus trabalhos em agosto de 2004, trazendo relatos assustadores sobre a exploração sexual em nosso país, culminando por produzir o projeto de lei nº 253/2004 que, após algumas alterações, veio a se converter na Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009.
Transversalmente, o novo dispositivo legal, trouxeram as figuras do estupro e do atentado violento ao pudor em um único tipo penal, onde se optou pela manutenção do nomem iuris de estupro (art. 213). Além disso, foi criado o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A), encerrando debates nos nossos Tribunais, principalmente os Superiores, com relação ao respeito à natureza da presunção de violência, quando o delito era praticado contra vítima menor de 14 (catorze) anos. 
Diversamente, outros artigos também sofreram modificações em suas redações, passando a compreender hipótese anteriormente não vistas pelo Código Penal. Notoriamente, apesar de não ser assunto deste trabalho, com as modificações os crimes contra a dignidade sexual transitariam em segredo de justiça, afim de evitar a exposição das pessoas envolvidas, com enfoque nas vítimas. 
Finalmente, podemos dizer que a Lei n° 12.015, de 7 de agosto de 2009 modificou, significativamente, o Título VI do Código Penal. Certamente, as novidades trazidas por esta, serão objeto de intensos debates doutrinários e jurisprudências.
2. ESTUPRO DE VULNERÁVEL – ART. 217-A DO CP
2.1 Conceito
O crime de Estupro de Vulnerável está previsto no art. 217-A do Código Penal Brasileiro, e prevê pena de 08 (oito) a 15 (quinze) anos, que consiste no ato de ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos.
Vale ressaltar que antes da Lei 12.015/2019 os crimes sexuais contra pessoas vulneráveis configurava ao depender do caso, estupro (art. 213) ou tentado violento ao pudor (art.214), mesmo não praticado mediante violência física ou moral, de forma presumida no art. 224 do CP, dispositivo este já expressamente revogado, substituindo a conduta ao disposto no art. 217-A do CP.
A Lei 12.105/2009 incluiu expressamente o art. 217-A no rol de crimes hediondos, em razão disto a pena será cumprida em regime fechado inicialmente. E se tratando de crime comum, podendo ser praticado por qual quer pessoa. Entre tanto em casos em que o agente for ascendente, padrasto, madrasta, irmão, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, a pena será majorada de metade (art. 226, 11).
Por sua vez a vítima, deve ser pessoa menor de 14 anos (caput) ou deficiente mental ou portadora de enfermidade, não tendo capacidade ou discernimento para o ato, não oferecendo resistência (§1°). Protegendo a dignidade sexual do vulnerável, não sua liberdade sexual, em razão que não se discute se houve consentimento ou não da vítima.
2.2 Conduta
O agente é punido a título de dolo, ocorrendo o ato de conjunção carnal ou pratica de ato libidinoso com vítima com menos de 14 anos, sendo criança ou adolescente ou portadora de deficiência mental ou enfermidade, ou incapaz de discernimento, ou por qual quer outra causa, que impeça em oferecer resistência. Se tratando de um crime de livre execução.
Ademais, o crime é punido com o agente agindo mediante dolo, não se admitindo a culpa por ausência de previsão legal. Via de regra, o agente desconhecendo a vulnerabilidade da vítima o isenta de pena, excluindo o crime por erro de tipo, conforme art. 20 do CP. Todavia se na execução do delito ocorreu violência física ou moral ou de fraude, se configura o crime de estupro, previsto no art. 213 do CP, ou violência sexual mediante fraude, previsto no art. 215 do CP. Também vale ressaltar que o agente, sabendo que a vítima é menor de 14 (quatorze) anos, e faz sexo com ela, argumentando de que não a considera vulnerável, pois se prostitui, será indiciado pelo crime de estupro de vulnerável, mediante presunção absoluta de violência.
A ação penal será impetrada mediante estudo do fato, com analise no art. 225 do CP.
2.3 Consumação e Tentativa
A tentativa é perfeitamente possível, diante que o crime se consuma com pratica do ato libidinoso, e já iniciada a execução, o ato sexual não se consuma por circunstancias alheia a vontade do agente. Vale lembrar que a tentativa é objeto de discussões doutrinarias, embora estando na esfera da tentativa, os outros atos libidinosos, não desejados, mas naturais ao ato, já tenham ocorrido.
Segundo o STJ: “Para a consumação do crime de estupro de vulnerável, não é necessária a conjunção carnal propriamente dita, mas qualquer prática de ato libidinoso contra menor. Jurisprudência do STJ1.” (STJ, AgRg no REsp 1244672 / MG, Rel. Ministro CAMPOS MARQUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PR), j. 21/05/2013). O julgado não esclarece, porém de fato, o crime pode se consumar independentemente da conjunção carnal, desde que o ato libidinoso diverso seja a intenção do agente.
2.4 Formas Qualificadas
	As qualificadoras são descritas no §3° e §4°, sendo punida com reclusão de 10 a 20 anos quando a conduta resultar lesão grave, e 12 a 30 anos, com resultado morte.
3. MEDIAÇÃO DE MENOR VULNERÁVEL PARA SATISFAZER A LASCÍVIA DE OUTRÉM – ART. 218 DO CP
3.1 Conceito
O artigo 2018 do Código Penal Brasileiro pune a seguinte conduta:
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (quatorze) anos a satisfazer lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei n.º 12.015, de 2009).
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. (VETADO)
Induzir consiste na conduta de convencer, instigar, aconselhar ou persuadir alguém a praticar algo. Já o termo “lascívia” significa luxúria, lubricidade. O delito em questão pune o agente que induz menor de quatorze anos a satisfazer a lascívia de outrem, essa satisfação não envolve atos de libidinagem (conjunção carnal, sexo oral, sexo anal, etc), mas atos como vestir determinada fantasia ou despir-se, que satisfaçam através da contemplação lasciva.
O crime, agora autônomo, incluído pela Lei n.º 12.015/2009, é punido pela reclusão de dois a cinco anos, tendo como objeto jurídico tutelado a dignidade sexual do vulnerável menor de 14 anos.
3.2 Sujeitos do Crime
Por se tratar de crime comum, pode qualquer pessoa, sem característica especial, cometer a conduta tipificada, isolado ou associado a outro.
É possível constatar, a partir da leitura do artigo, que há a presença de três envolvidos no crime: o mediador, que induz; a vítima, neste caso o menor de quatorze anos, e o “destinatário” da satisfação da lascívia, em decorrência da qualidade “lascívia de outrem” presente no tipo.
A pena será majorada até a metade se o crime for praticado por ascendente,padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela, conforme preceitua o artigo 226 do mesmo códex. 
A doutrina adotada para realizar o referido trabalho, qual seja do doutrinador Rogério Sanches, defende a tese de que, para ser tipificado o delito de mediação de menor vulnerável para satisfazer a lascívia de outrem o ato não pode consistir em conjunção carnal ou atos de mesma natureza, visto que, se ocorrer, o sujeito que induziu responderá como partícipe do crime de estupro de vulnerável, em conjunto com quem participou diretamente.
Assim, o crime previsto no art. 218 consiste apenas em satisfação meramente contemplativa, tendo como exemplo o menor que se veste de fantasias para satisfazer a lascívia de alguém, sem ter o contato corpóreo.
A conduta do sujeito é dotada de dolo, ou seja, intenção do agente em induzir o menor a satisfazer a lascívia de outrem.
3.3 Consumação e Tentativa
O delito é consumado a partir do momento em que o menor pratica o ato que visa satisfazer a lascívia de outro, independente de satisfação ou não deste (exemplo: menor que se despe para satisfação alheia).
Admite-se a forma tentada, como ocorre por meio de mensagens escritas que não chegam ao destinatário final.
3.4 Ação Penal
Neste caso, em observância ao artigo 225 do Código Penal, a ação penal será pública incondicionada por se tratar de vítima vulnerável.
4. SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE – ART. 218-A DO CP
4.1 Conceito
O artigo 218-A trata-se dos seguintes termos:
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
O nosso código penal, antes da introdução da Lei 12.015/2009, acoimava a corrupção sexual de menores, ou seja, o início precoce da vida adulta com relações carnais e prazerosas, constituindo com vítimas as pessoas maiores de 14 e menores de 18 anos. Essas situações ocorriam sem violência, ameaça ou frade, praticava-se o ato libidinoso através do induzimento com intuito praticar ou presenciar-se. 
A partir disto, as vítimas menores de 14 anos, não alcançava este dispositivo, mas configurava-se, em regra, o estupro ou atentado ao pudor, com violência presumida. 
Tal qual, observava que ao induzir a vítima, menor de 14 anos a presenciar atos libidinosos, sem praticá-los de forma ativa ou passiva, se considerava um indiferente penal, ou seja, fato atípico. 
Por isso, a lei 12.015/2009 completou a lacuna, criando o art. 2018-A. 
 4.2 Sujeitos do crime
Versar sobre o crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Conforme elucida Rogério Cunha, se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregado da vítima tem como obrigação ou cuidado, proteção ou vigilância, a pena é majorada de metade – art. 226, II. 
Não obstante, a vítima será os menores de 14 anos de idade, não importando o sexo. 
4.3 Conduta 
Existem duas modalidades de execução: 
A) Praticar, na presença da vítima, conjunção carnal ou outro ato libidinoso querendo ou aceitando ser observado: Nessa circunstância, o agente aproveita-se da espontânea presença para a realização do ato sexual, sem interferência na vontade da vítima, com o objetivo de satisfazer a carnal própria ou de outrem. 
B) Induzindo a vítima a presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso: ou seja, o agente induz a vítima a ter vontade de presenciar um ato libidinoso. 
Se houver, situações contrárias das citadas acima, limitamos a observar que será caracterizado estupro de vulnerável – art. 217-A do CP. 
4.4 Voluntariedade
O crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente é um crime no qual só se admite dolo, vontade de satisfazer o desejo sexual próprio ou de outrem. É válido ressaltar, que a idade da vítima deve ser conhecida pelo agente, pois, se desconhecida é causa de excludente de do crime – art. 20 do CP.
4.5 Consumação e Tentativa
Na conjuntura delituosa, temos duas modalidades. Na primeira consuma-se com o presença do menor de 14 anos, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, com a efetiva realização do ato sexual. A segunda, induzir a presenciar o delito consuma-se com a realização sem que houvesse a concretização do ato de libidinagem. 
4.6 Classificação 
Classificado como Crime Comum qualquer pessoa pode comete-lo. Formal por se considerado cometido independente do seu resultado. Forma livre por poder ser cometido de diversas formas (cinema, em casa, na praia). Instantâneo se consuma de forma imediata. Comissivo por depender da ação do sujeito ativo. Unissubjetivo pode ser praticado por uma pessoa ou mais no concurso de pessoas. Plurissubsistente uma ação com vários atos.
5. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL – ART. 218-B DO CP
 5.1 Conceito
O art. 218-B, do Código Penal preceitua in verbis:
Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;  
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.  
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.  
Cabe destacar que este dispositivo não se confunde com o art. 218, neste caso em tela, Rogério Sanches Cunha acredita que o agente leva, atrai, propicia ou retém a vítima com o desígnio para o exercício da prostituição, para a satisfação da dos desejos carnais do premier passant, isto é, pessoa não definida. 
Eva FALEIROS (2000) definiu a exploração sexual como uma “denominação e abuso do corpo de criança, adolescente e adultos (oferta), por exploradores sexuais (mercadores), organizados por rede de comercialização local e global (mercado), ou por pais ou responsáveis e por consumidores de serviços sexuais pagos (demanda)”, admitindo quatro modalidades: 
a) Prostituição: atividade que visa lucro com atos sexuais.
b) Turismo Sexual: é o comércio sexual, em cidades turísticas que envolve turistas nacionais e estrangeiros. 
c) Pornografia: produção, exibição, distribuição, venda, compra, posse e utilização de materiais pornográficos. 
d) Tráfico para fins sexuais: é o movimento clandestino e ilícito de pessoas por meio de fronteiras, que força mulheres e adolescentes a entrar em situações sexualmente déspotas e exploradoras, para obtenção de lucro dos aliciadores e/ou traficantes. 
Enfim, a exploração da prostituição de adolescentes está prevista como crime no art. 218-B do CP, já as exploração de prostituição de adultos está no art. 228 do CP. No art. 149-A pune-se o tráfico – interno e transnacional – de pessoas com a finalidade de exploração sexual (inciso V). Configura-se crime previsto nos artigos 240, 241, 241-A a 241-D do ECA, a pornografia que envolve crianças e adolescentes. 
5.2 Sujeitos do Crime
Versa sobre crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima será integrado por pessoa (homem ou mulher) menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental. 
5.3 Conduta
Nesse caso, as condutas são divididas em seis ações típicas: submeter (sujeitar), induzir (inspirar, instigar), atrair (aliciar), facilitar (proporcionar meios, afastar dificuldades),impedir (opor-se) ou dificultar (criar obstáculos). 
O favorecimento pode ocorrer por ação ou por omissão, ou seja, suposição de que o agente revestido de dever jurídico para anteparar que a vítima ingresse na prostituição, adere a culpa. 
Se houver emprego de violência, grave ameaça ou fraude não implica em qualificadoras, somente me o concurso de delitos. 
O inciso I, tem o intuito de punir aquele que insere o menor de 18 anos no cenário da prostituição ou exploração sexual, facilitando ou sua permanência ou impedindo e dificultando a sua saída. Portanto, passa-se a punir o cliente do “cafetão”, o agenciador de menores, que tenha conhecimento da exploração. Atuando com partícipe. Notoriamente, não se vislumbra nesse inciso, aquele que menor de 18 e maior de 14 anos que procura a prostituição por livre e espontânea vontade, bem como, manter relações carnais com outrem. 
O inciso II, sofreu graves críticas doutrinárias sob alerta de que este dispositivo não descreve a conduta do agente, limitou-se apenas descrever uma condição de responsável do local do fato, em que outros praticam a condutam descrita no caput, independentemente de qualquer vínculo. Por isso, consta-se uma deficiência, tal qual como o artigo 3°, sendo que o assessório acompanha o principal, perdendo dessa forma, seu objeto.
5.4 Voluntariedade
Consiste em dolo, ou seja, na vontade consciente de induzir ou atrair alguém à prostituição, facilitar ou impedir que alguém abandone. A nova lei adverte que no §1°, se houver intuito de lucrar por parte do agente, aplica-se a pena privativa de liberdade e multa, se não houver o objetivo de lucro como circunstância constitutiva, é uma agravante especial do delito. 
Na hipótese do §2º, é importante que o agente (participante) ao praticar o ato sexual saiba que a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos, sexualmente explorada. Com relação ao proprietário, gerente ou responsável pelo local é necessário que ele tenha conhecimento que ali se realizam práticas delituosas, afim de evitar a responsabilidade objetiva. 
5.5 Consumação e Tentativa 
 As modalidades submeter, induzir, atrair e facilitar consuma-se o delito no instante em que a vítima passa a ser dedicar à prostituição, colocando-se, de forma constate, à disposição dos clientes, mesmo que não tenha atendido a nenhum deles.
Na modalidade impedir ou dificultar o abandono da prostituição, consuma-se no momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e o agente dificulta em intento, protraindo a consumação durante todo o período de embaraço. 
A tentativa é perfeitamente admissível nas modalidades citadas, não podendo consumar por circunstâncias alheias à sua vontade.
5.6 Ação Penal 
Trata-se de ação penal pública condicionada à representação. 
6. LENOCÍNIO
O lenocínio é o ato de promover, estimular ou auxiliar a prática da prostituição ou tirar proveito dela de alguma forma. A conduta a ser punida não será a prostituição em si, mas o incentivo a ela ou o benefício obtido pelo ato. Sua tipificação ocorre nos Artigos 227 ao 230 do Código Penal, que falam a respeito dos crimes de mediação para servir a lascívia de outrem, de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, de manutenção de casa de prostituição e do rufianismo.
7. MEDIAÇÃO PARA SERVIR A LASCÍVIA DE OUTREM - ART. 227 DO CP
7.1 Conduta
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de um a três anos.
É o ato de induzir uma pessoa a satisfazer a lascívia (desejo sexual) de outrem. A pessoa a ser beneficiada deve ser determinada. Caso isso não ocorra (ou caso a vítima, vulgo a pessoa induzida a satisfazer a lascívia de outrem, receba alguma forma de recompensa pelo ato), será cometido o delito descrito no Art. 228 (favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual).
	O Art. 227 estabelece as qualificadoras do delito em seus parágrafos:
§ 1 º - Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.
7.2 Sujeitos do Crime
O delito de mediação para servir a lascívia de outrem é um crime onde os sujeitos ativo e passivo podem ser qualquer pessoa.
7.3 Objeto 
O objeto material do crime é a pessoa induzida a servir a lascívia, já o objeto jurídico a ser protegido pela norma penal é o de regramento e a moralidade na vida sexual.
7.4 Elemento Subjetivo
O elemento subjetivo do delito será o dolo. Admite-se a tentativa, sendo o único dos crimes de lenocínio a fazer isso.
7.5 Classificação
O delito será classificado como crime comum material (pode ser executado por qualquer pessoa contra qualquer pessoa, e será concretizado com a produção do resultado, que nesse caso é a subserviência da pessoa induzida à lascívia de alguém), de forma livre (poderá ser cometido de várias formas), comissivo (requer a conduta do agente), instantâneo (execução imediata), unissubjetivo (praticado por apenas um sujeito) e plurissubsistente (cometido através de vários atos).
8. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL - ART. 228 DO CP
8.1 Conduta
Art. 228 - Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
É o ato de trazer para a prostituição ou explorar sexualmente alguém que não está ainda envolvido em determinada prática ou impedir que alguém envolvido nela a abandone. Para que o crime ocorra, é importante que aqueles a quem a vítima irá servir sejam indeterminados, ou que haja uma forma de recompensa pelo ato (os dois podem ocorrer no mesmo ato).
Os parágrafos do Art. 228 destacam as qualificadoras como sendo as seguintes:
§ 1º - Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
8.2 Sujeitos do Crime
Assim como no delito anterior, o favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual também é um crime onde o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa (caso seja alguém que não foi prostituída), ou a pessoa prostituída (caso o sujeito ativo a esteja impedindo de sair da prostituição). 
8.3 Objeto 
O objeto material será a pessoa levada a prostituição ou a outra forma de exploração sexual, já o objeto jurídico será a moralidade sexual pública.
8.4 Elemento Subjetivo
O elemento subjetivo será o dolo. Não admite a tentativa.
8.5 Classificação 
O crime será classificado como crime comum material, de forma livre, comissivo, instantâneo (no caso de atrair alguém a prostituição ou a exploração sexual) ou permanente (no caso de impedir a vítima de parar), unissubjetivo e plurissubsistente.
9. CASA DE PROSTITUIÇÃO - ART.229 DO CP
9.1 Conduta
Art. 229 - Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:
Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Esse delito irá consistir em manter um estabelecimento onde ocorre exploração sexual, objetivando ou não o lucro. Pode ser diretamente pelo agente ou através de terceiro, que caso saiba que o estabelecimento é utilizado para esse fim, também será responsabilizado.
9.2 Sujeito do Crime
O sujeito ativo do crime poderáser qualquer pessoa, já o sujeito passivo será a coletividade (ou seja, ocorrendo aqui o que se chama de crime vago). 
9.3 Objeto 
O objeto material será o estabelecimento onde ocorre a exploração sexual. Já o objetivo jurídico será a moralidade sexual e os bons costumes. 
9.4 Elemento Subjetivo
O elemento subjetivo será o dolo, não se admitindo a tentativa.
9.5 Classificação 
O delito se classifica como crime comum formal (o objetivo não precisa se consumar, já que as intenções do agente estão bem claras), de forma livre, comissivo, habitual (que é quando a conduta ilícita se torna habitual, não sendo apenas um incidente isolado), unissubjetivo e plurissubsistente.
10. RUFIANISMO – ART. 230 DO CP
10.1 Conceito
O Rufianismo é crime que consiste em tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça. O rufião visa obter vantagem econômica reiterada em relação à prostituta ou prostitutas determinadas. Trata-se de crime habitual que só se configura pelo proveito reiterado nos lucros da vítima seja homem ou mulher que exerce a prostituição. Está fundamentado no Artigo 230 do Código Penal
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.
A forma comum do crime está prevista no caput, enquanto as formas qualificadas estão previstas nos parágrafos 1º e 2º. 
10.2 Consumação e Tentativa
O crime é consumado quando se tira proveito, participando diretamente dos lucros proveniente da prostituição e o rufião é uma espécie de sócio e fazer-se sustentar (no fornecimento pela vítima de alimentação, vestuário, habitação do rufião).
Para ser considerado rufianismo pela lei deve haver forma continuada da participação nos lucros ou deve perdurar por um tempo o sustento, sendo inadmissível a sua forma tentada. 
10.3 Sujeitos do Crime
Trata-se sobre crime comum, qualquer pessoa pode figurar o polo ativo, porém, a vítima (polo passivo) é a pessoa que exerce a prostituição.
10.4 Objeto
O bem jurídico tutelado, neste caso, são a moralidade pública e os bons costumes, na medida em que o rufianismo é uma modalidade do lenocínio consistente em viver à custa da prostituição alheia. 
10.5 Classificação
Trata-se de crime comum, doloso, habitual e permanente, podendo ter como sujeitos ativo e passivo, qualquer pessoa, tanto homens quanto mulheres, mesmo que, normalmente, seja um crime praticado por homem. 
11. TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOA PARA FIM DE EXPLORAÇÁOSEXUAL – ART. 231 DO CP
11.1 Conceito
Art. 231 - Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos
§ 1º - Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.
§ 2º - A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
Há uma grande preocupação em nível internacional no que diz respeito ao tráfico de pessoas com o propósito de serem exploradas sexualmente, mediante o exercício da prostituição. O agente atua como um empresário do sexo, da prostituição, adquirindo passagens, obtendo visto em passaporte, arrumando alguma colocação em casas de prostituição, portanto, praticando tudo aquilo que seja necessário para que o sujeito passivo consiga ultrapassar as fronteiras dos países nos quais se prostituirá.
11.2 Objeto 
Objeto material do delito em estudo é a pessoa, seja do sexo masculino ou feminino, que tem promovida, intermediada ou facilitada a sua entrada em território nacional (no caso de estrangeiro), ou mesmo a sua saída para o exterior (na hipótese de sujeito passivo nacional), para o fim de exercer a prostituição.
O bem juridicamente protegido pelo tipo penal que prevê o delito de tráfico internacional de pessoas é a moral publica sexual e num sentido mais amplo, os costumes.
11.3 Sujeitos do Crime
Sujeito ativo: qualquer pessoa, não se exigindo na mencionada infração penal nenhuma qualidade ou condição especial, sendo, portanto, sob esse enfoque, crime comum.
Sujeito passivo: aquele que exerce a prostituição, considerando-se, nesse caso, um crime próprio. 
11.4 Modalidades Qualificadas
Determina o § 1° do art. 231 do Código Penal que, se ocorrerem qualquer das hipóteses previstas no § 1º do art. 227 do mesmo diploma repressivo, a pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. O § 2º diz que, se o crime for cometido com o emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena será de reclusão, de 5 (cinco) a 12 (doze) anos, e multa, além da pena correspondente a violência. 
12. TRÁFICO INTERNO DE PESSOA PARA FIM DE EXPLORAÇÃO SEXUAL – ART. 231 DO CP
12.1 Conceito
 Art. 231-A - Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 1º - Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
§ 2º - A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
Ao contrário do artigo anterior, trata-se, aqui, de trafico interno de pessoas, de atividades destinadas ao exercício da prostituição que ocorrem no território nacional.
O art. 231-A do Código Penal mantem, contudo, os mesmos núcleos constantes do delito de tráfico internacional de pessoas, vale dizer, as condutas de promover, intermediar e facilitar. No entanto, esses comportamentos devem ser dirigidos finalísticamente ao recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de pessoa que venha exercer a prostituição.
12.2. Objeto 
O objeto material do delito em estudo e a pessoa, seja do sexo masculino ou feminino, que venha exercer a prostituição. O bem juridicamente protegido pelo tipo penal que prevê o delito de Trafico interno de pessoas e a moral publica sexual e, num sentido mais amplo, os costumes.
12.3. Sujeitos do Crime 
Sujeito ativo: do delito tipificado no art. 231-A do Código Penal pode ser qualquer pessoa, não se exigindo na mencionadainfração penal nenhuma qualidade ou condição especial, sendo, portanto, sob esse enfoque, crime comum.
Sujeito passivo: ao contrário, somente aquele que exerce a prostituição poderá ser considerado sujeito passivo desse delito, sendo, assim, um crime próprio.
12.4. Modalidade Qualificada
Estabelece o parágrafo único do art. 231-A do Código Penal que se aplica ao delito de trafico interno de pessoas as mesmas qualificadoras previstas para o crime de tráfico internacional de pessoas. Destarte, se a vítima é maior de 14 (quatorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente e seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, tratamento ou de guarda, a pena e de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. Se há o emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena e de reclusão, de 5 (cinco) a 12 (doze) anos, e multa, além da pena correspondente a violência.
13. ATO OBSCENO – ART. 233 DO CP
O Art. 233 estabelece: 
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
O delito em tela admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.
13.1 Objeto jurídico
Neste crime o objeto material é o pudor público, a moralidade coletiva e, também, o puder individual daquele que presencia o ato indecente praticado pelo agente.
13.2 Sujeitos do crime
Qualquer pessoa pode praticar o crime em tela, pois a lei não exige nenhuma qualidade especial do agente. Sujeito passivo primário é a coletividade, num segundo plano, sofrem as consequências do delito aqueles que também eventualmente presenciaram o ato.
13.3 Conduta
Consiste o crime em praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público. O ato obsceno é indicativo de uma ação física, não se confundindo com o discurso obsceno ou as canções imorais, estas últimas passíveis de serem punidas por outro título.
O crime em tela tem significado relativo, podendo se modificar de acordo com os valores culturais inerentes à coletividade, que não são os mesmo em todo o país, além de se modificarem com o tempo. Ex. beijo lascivo, que há tempos era considerado como ultrajante ao pudor público, mas com a modificação dos costumes deixou de assim ser considerado.
Para que se configure o crime, é imprescindível que o ato ocorra em lugar público, aberto ou exposto ao público. Ex. em uma rua movimentada.
Conceitua-se lugar público como aquele lugar acessível a todos, em qualquer ocasião. Por outro lado, conceitua-se o lugar aberto ao público, local também frequentado por número indeterminado de pessoas, que, no entanto, está sujeito a condições que estabeleçam o momento apropriado para o acesso. Ex. cinemas, restaurantes.
Já o lugar exposto ao público, apesar de não ser aberto, está numa situação em que o público, de algum lugar, pode perceber o que se passa no seu interior. Não haverá o crime se o ato for praticado em um local privado, ou que não ofereça a publicidade requerida para que se ofenda a coletividade. Assim, caso o agente pratique relação sexual em um terreno, público, local aberto ou exposto ao público, sem que haja a possibilidade ser presenciado por terceiros (difícil acesso, condições climáticas, horário avançado), não haverá o crime.
Quando o ato obsceno é praticado propositalmente na presença de pessoa menor de 14 anos, haverá a configuração de crime sexual contra vulnerável, previsto no artigo 218-A do CP.
13.3.1 A Micção em público é Ato Obsceno?
Há divergências.
Para uns o ato em si configura o crime previsto no artigo 233 do Código Penal. Para outros não, haja vista que trata-se de ato natural, sendo impossível imagina-lo sem a exibição do pênis. 
No entanto, depende muito do caso concreto. Se a micção se dá em local ermo, com pouca iluminação e virado para a parede, não há configuração de crime de ato obsceno, até porque não existe o dolo.
É importante frisar que o crime ora explanado não se confunde com a contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor descrita no artigo 61 da Lei de Contravenção Penal.
13.4 Voluntariedade
É o dolo, consistente na vontade de praticar ato obsceno em local público, aberto ou exposto ao público, sendo que, de acordo com a maioria da doutrina, não se exige finalidade especial por parte do agente. No entanto, para NUCCI é necessário sim que haja vontade de ofender o pudor alheio.
13.5 Consumação e tentativa
Consuma-se o delito com a pratica do ato obsceno, independentemente de ter sido presenciado por alguém, bastando a possibilidade de que o seja. Também não se exige que aquele que presenciou se ofenda, pois a tutela recai, primeiramente, sobre a coletividade.
De acordo com a maioria dos doutrinadores, a execução do crime pode ser fracionada, sendo perfeitamente cabível a tentativa. No entanto, Damásio de Jesus tem posicionamento diverso, pois entende que não ou há o ato obsceno ou não há, pois não existe início de execução passível de interrupção.
13.6 Ação Penal
A ação penal será pública incondicionada.
14. ESCRITO OU OBJETO OBSCENO – ART. 234 DO CP
14.1 Conceito
Previsto no Código Penal em seu art. 234, o crime se configura em: 
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º. Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
	A norma penal em regra ampara o pudor público atingido pela divulgação do conteúdo com o seu conteúdo ofensivo a moral. A evolução dos costumes com o passar do tempo acabou exterminando o rigor do crime nos dias atuais.
14.2 Objeto
O bem tutelado é pudor público, ferido quando se tem a divulgação de material que fere a moral. Com as mudanças constantes em nossa sociedade e com a liberdade de expressão livre a qualquer indivíduo como expressa na CF/88 a tolerância tem ficado cada vez mais aberta, a circulação e sua exibição quando o assunto é referido a materiais obscenos, o que acontece é a inexistência de reprovação da sociedade sobre a conduta praticado, sendo menos reprimido pela sociedade pelo fato de ser comum a sua execução nos dias atuais, tornando incomum a sua punição.
14.3 Sujeitos do Crime
	Qualquer pessoa pode praticar o delito, sendo seu sujeito ativo. Por sua vez o sujeito passivo vem ser a coletividade, incluindo também aquela que vier a ter contato com o escrito ou objeto obsceno.
14.4 Conduta
 O dolo se constitui no tipo subjetivo, na vontade consciente de fazer (fabricar, produzir) importar (fazer entrar, introduzir) exportar (fora do país) adquirir (obter a qualquer título) e ter sobre a guarda (possuir). Sendo necessária para sua concretização a existência de dois elementos, a intenção de ofender a moralidade pública e a finalidade de comércio.
	Sendo necessário a presença do objeto material para acompanhamento, sendo eles: a) escrito; b) desenho; c) pintura; d) estampa; e) qualquer outro objeto obsceno como esculturas, filmes etc. O crime é classificado como de menor potencial ofensivo, cabendo a competência a responsabilidade dos respectivos delitos para o Juizado Especial Criminal, como prevê o art. 61 da lei n 9099/95. E para a conduta ser punível, é necessário ainda que seja destinado ao: comércio, distribuição ou exposição pública tendo sua finalidade especial. A sua consumação se dá com o exercício das condutas previsto no tipo objetivo, bastando a potencialidade do dano. Admite -se teoricamente a tentativa por ser delito plurissubsistente, haja vista tratar-se de inter criminis
	O parágrafoúnico prevê três formas equiparadas dessa conduta: O primeiro inciso pune quem vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo. Não se exige a efetiva lesão corporal ao poder público, sendo bastante que o material seja capaz de escandalizar.
	O segundo inciso pune quem realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter. Como explica a lei, tendo que ser realizado em local público ou acessível a eles, quando praticado em local restrito torna invalido, não configurando crime. No final o inciso três pune quem pratica, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação da declaração direta de caráter obsceno.
Como já mencionado o princípio da adequação social o Direito Penal tipifica somente condutas que tenham uma certa relevância para a sociedade, caso contrário não sendo considerados delitos. Em outros termos as condutas que se enquadram no termo de socialmente adequada acabam deixando de enquadrar nos delitos, não se revestindo de tipicidade.
CONCLUSÃO
Diante da tipificação penal dos crimes notórios e da apreciação feita, observa-se que os crimes contra a liberdade sexual são delitos que, apesar, das mudanças ocorridas, tanto de comento quanto pela mudança legislativa advindas por meio de leis, muito regressa é a forma pelo qual estão expostos tais crimes no Código Penal. 
E, nesse sentido, haverá muitas inovações, para amoldar-se ao pensamento e a estruturar nova sociedade, é percebível que a interpretação jurisprudencial está cada vez mais direcionada a proteção da dignidade da pessoa humana, principalmente, guiada aos crimes com relação as mulheres. 
Finalmente, os crimes contra a dignidade sexual miram, de forma geral, proteger a liberdade sexual dos indivíduos, bem como, foram observados as peculiaridades de cada crime. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CUNHA, Rogerio Sanches. Manual de direito penal: parte especial (art. 121 ao 361) – 9º. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: JusPODIVM, 2017.
FALEIROS, Eva T. Silveira; CAMPOS, Josete de Oliveira. Publicação resultante da pesquisa sobre os conceitos de violência, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, realizada em 1998. Brasília: CECRIA, 2000 [documento eletrônico em CD-ROM].
GREGO, Rogério – Crimes contra a dignidade sexual – 2011. Link: https://rogeriogreco.jusbrasil.com.br/artigos/121819865/crimes-contra-a-dignidade-sexual. Acesso em: 02/06/2018. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Parte especial: Art. 213 a 361 do Código Penal. Rio de Janeiro: Forense,2017.

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