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HEMOPARASITOSES Parasitologia

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CAMILLA MELO OLIVEIRA LEITE (362090020) 
GUSTAVO LIMA DE SOUSA (362190047) 
JOSÉ ARAÚJO DE OLIVEIRA NETO (362190006) 
MAELLE MACÊDO LUZ (362190036) 
RAPHAEL LIMA ROQUE SANTOS (362190030) 
TABATHA SANTANA LOPES JESUS (362190060) 
 
 
 
 
 
 
 
 
HEMOPARASITOSES: UMA REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
FEIRA DE SANTANA 
2019 
 
 
 
 CAMILLA MELO OLIVEIRA LEITE (362090020) 
GUSTAVO LIMA DE SOUSA (362190047) 
JOSÉ ARAÚJO DE OLIVEIRA NETO (362190006) 
MAELLE MACÊDO LUZ (362190036) 
RAPHAEL LIMA ROQUE SANTOS (362190030) 
TABATHA SANTANA LOPES JESUS (362190060) 
 
 
 
 
 
 
HEMOPARASITOSES: UMA REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
 
 
Revisão da literatura apresentada ao 
professor Carlos Danilo Cardoso, 
discente do curso de Biomedicina da 
Universidade Salvador, como requisito 
parcial para obtenção da nota na 
segunda unidade da disciplina 
Mecanismos de Agressão e Defesa I. 
 
 
 
FEIRA DE SANTANA 
2019 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1:. ................................................................................................................... 17 
Figura 2: .................................................................................................................... 19 
Figura 3:. ................................................................................................................... 24 
Figura 4:. ................................................................................................................... 27 
Figura 5: .................................................................................................................... 29 
Figura 6: .................................................................................................................... 37 
Figura 7: .................................................................................................................... 38 
Figura 8: .................................................................................................................... 43 
Figura 9: .................................................................................................................... 44 
Figura 10: .................................................................................................................. 45 
Figura 11: .................................................................................................................. 47 
Figura 12: .................................................................................................................. 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO .................................................................................... 15 
2.1. MALÁRIA: PLASMODIUM .................................................................................. 15 
2.1.1. Agente etiológico e sua morfologia ............................................................. 15 
2.1.2. Epidemiologia e Vias de Transmissão. ........................................................ 16 
2.1.3. Ciclo de vida e Patogenicidade .................................................................... 17 
2.1.4. Mecanismos da Resposta Imune ................................................................. 19 
2.1.5. Profilaxia ........................................................................................................ 20 
2.1.6. Manifestações clínicas .................................................................................. 21 
2.1.7. Diagnóstico .................................................................................................... 21 
2.1.8. Tratamento ..................................................................................................... 22 
2.2. DOENÇA DE CHAGAS: TRYPANOSOMA CRUZI ............................................. 23 
2.2.1. Agente etiológico e sua morfologia ............................................................. 23 
2.2.2. Epidemiologia ................................................................................................ 24 
2.2.3. Vias de Transmissão ..................................................................................... 25 
2.2.4. Ciclo de Vida .................................................................................................. 26 
2.2.5. Patogenicidade ............................................................................................. 28 
2.2.6. Mecanismos da Resposta Imune ................................................................. 28 
2.2.7. Profilaxia ........................................................................................................ 29 
2.2.8. Manifestações Clínicas ................................................................................. 30 
2.2.9. Diagnostico .................................................................................................... 32 
2.2.10. Tratamento ................................................................................................... 33 
2.3. TOXOPLASMOSE: TOXOPLASMA GONDII..................................................... 33 
2.3.1. Agente etiológico e sua morfologia ............................................................ 33 
2.3.2. Epidemiologia ................................................................................................ 35 
2.3.3. Vias de Transmissão ..................................................................................... 35 
2.3.4. Ciclo de Vida .................................................................................................. 36 
2.3.5. Patogenicidade .............................................................................................. 37 
2.3.6. Mecanismos da Resposta Imune ................................................................ 39 
 
 
 
2.3.7. Profilaxia ........................................................................................................ 40 
2.3.8. Manifestações Clínicas ................................................................................. 40 
2.3.9. Diagnóstico .................................................................................................... 41 
2.3.10. Tratamento ................................................................................................... 42 
2.4. LESHIMANIOSE: LEISHMANIA ......................................................................... 43 
2.4.1. Agente etiológico e sua morfologia ............................................................. 43 
2.4.2 Epidemiologia ................................................................................................. 44 
2.4.3 Vias de Transmissão ...................................................................................... 45 
2.4.4. Ciclo de Vida .................................................................................................. 46 
2.4.5. Patogenicidade .............................................................................................. 47 
2.4.6. Mecanismos da Resposta Imune ................................................................. 48 
2.4.7. Profilaxia ........................................................................................................ 49 
2.4.8. Manifestações Clínicas ................................................................................. 50 
2.4.9. Diagnóstico .................................................................................................... 51 
2.4.10. Tratamento ................................................................................................... 51 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 52 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 53 
 
 
‘12 
 
 
1. INTRODUÇÃODe acordo com o Ministério da Saúde (2006), a malária é uma doença com 
maior impacto mundial. Tendo como transmissão vetorial causada por protozoários 
unicelulares do gênero Plasmodium, sendo as espécies infectantes: P. falcipraum, P. 
vivax, P. malariae, P. ovale e P.knowlesi. A transmissão é feita ao Homem a partir da 
fêmea de mosquitos do gênero Anopheles, levando o hospedeiro a apresentar quadro 
clínico com febres, calafrios, cefaleia e sudorese profusa. Estes sintomas são 
associados destruição dos glóbulos vermelhos a partir da invasão do Plasmodium ao 
hospedeiro. O nível de gravidade dos sintomas está diretamente relacionado a 
espécie do parasito infectante. A depender da resposta imunológica do organismo de 
cada infectado, os sinais e sintomas podem sofrer uma evolução. (OMS, 2011). 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2011) A sua transmissão é 
mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais da África subsaariana e cerca de 
36% da população vive em áreas de risco. Já no Brasil, Neves (2005) aborda que a 
região endêmica é a Amazônia Legal. 
Segundo Camargo (2003), outra forma de contrair a doença, é através do 
contato direto com sangue infectado por transfusões sanguíneas, compartilhamento 
de seringas e até mesmo por transplante de órgãos. 
 
Trypanossoma Cruzi 
A doença de chagas que tem como vetor o inseto conhecido como “barbeiro”, 
possuindo o Trypanossoma Cruzi como agente etiológico foi descoberta pelo médico 
e pesquisador Carlos Chagas. (KROPF; PETRAGLIA; AZEVEDO, 2000). Sendo esta 
uma doença extremamente endêmica na América Latina, mais prevalente em zonas 
rurais e de baixa renda apresentando cerca de 7 milhões de pessoas que podem estar 
acometidas pela doença. (GOMEZ; GUTIERREZ; PENUELA, 2019). 
Segundo Sangenis (2016) a doença de chagas tem como principal via de 
transmissão o contato com a pele lesada ou mucosas com fezes contaminadas. Tendo 
também como forma de transmissão o consumo de carne crua ou malcozida de 
animais silvestres. 
‘13 
 
 
O Trypanosoma cruzi, é um protozoário flagelado, que pertence à ordem 
Kinetoplastida, família Trypanosomatidae. Membros desta família são amplamente 
distribuídos em diferentes áreas geográficas e causam doenças ao homem como a 
doença de Chagas, a doença do sono e as Leishmanioses (VICKERMAN, 1994). 
A doença de Chagas apresenta duas fases: aguda e crônica. Na fase aguda 
ocorre uma infecção generalizada pelo T. cruzi, com um alto parasitismo sanguíneo e 
tecidual nos primeiros meses de infecção (dois a quatro). A fase crônica, conhecida 
como de latência ou indeterminada, não apresenta sintomatologia importante do ponto 
de vista clínico e pode durar vários anos. Um paciente nessa fase pode desconhecer 
sua condição de portador assintomático da doença de Chagas e transmitir 
involuntariamente a infecção por mecanismos diversos (RASSI et al., 2000). 
 
Toxoplasmose - Toxoplasma gondii 
Em seu estudo, Mitsuka (2010) Citou que a toxoplasmose é uma zoonose 
causada pelo protozoário T. gondii, sendo este, um parasita intracelular obrigatório. A 
toxoplasmose apresenta uma distribuição geográfica mundial e 90% das infecções 
são assintomáticas. Ela se apresenta como uma doença oportunista de maior 
frequência em pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). 
 Prado (2011), a partir dos seus estudos afirmou que o T. gondii apresenta 3 
formas infectantes, sendo elas Taquizoíto, Bradzoíto e Oocisto. 
Segundo Perdoncin et al. (2010) a Toxoplasmose apresenta o T. gondiiI como 
agente etiológico e o gato, ou outros felinos selvagens e doméstico como hospedeiro 
definitivo. A transmissão se dá pelo contato com as fezes dos felinos ou contato com 
carne malcozida infectada por cistos do T.gondii. 
Através de seus estudos Amendoeira, Coura, Camillo (2010), concluíram que 
a infecção por T. gondii se apresenta assintomática, porém pode manifestar um 
quadro clínico variável tendo como característica a linfonopatia, sensação de fadiga, 
febre, cefaleia. 
 
 
‘14 
 
 
Leishmaniose – Leishmania 
As leishmanioses são doenças causadas por protozoários do gênero 
Leishmania, que a depender da espécie pode produzir manifestações difusas, 
viscerais, cutânea e mucocutânea. Tendo como principal responsável pela 
transmissão um mosquito popularmente conhecido por “mosquito palha”. É uma 
infecção que afeta animais selvagens, domésticos e o Homem (FOGANHOLI, 2011). 
Ainda segundo Foganholi (2011) a Leishmania se apresenta em duas formas: 
a flagelada, que é denominada promastigota, a outra forma é a aflagelada 
denominada amastigota sendo esta intracelular obrigatória. 
Dividida em dois grupos, um causador da Leishmaniose Tegumentar tendo os 
protozoários Leishmania mexicana, L. brasiliensis e L. tropica envolvidos; e a 
leishmaniose visceral que é comumente conhecida como “calazar” causada pelos 
protozoários L. donovani e L. chagasi sendo este último encontrado no Brasil. 
A leishmaniose é uma doença negligenciada, junto com a malária e a doença 
do sono, isto torna difícil a determinação do número de pacientes infectados por essa 
doença, mas estima-se que há 12 milhões de pessoas infectadas pela doença do 
mundo, ameaçando a vida de mais de 350 (BLANCO; NASCIMENTO-JUNIOR, 2017). 
São considerados hospedeiros definitivos os felinos jovens não imunes, pois 
ocorre o ciclo sexual e liberação de milhões de oocistos nas fezes que contaminam o 
meio ambiente. As principais vias de transmissão são fecal-oral, carnivorismo e 
transplantacentária (MITSUKA, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
‘15 
 
 
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO 
 
2.1. MALÁRIA: Plasmodium 
 
2.1.1. Agente etiológico e sua morfologia 
De acordo com Pena (2005) no Brasil, três espécies de Plasmodium causam 
malária: P. malariae, P. vivax e P. falciparum. O homem é o único reservatório 
importante. Algumas espécies de macacos podem albergar o parasita, porém a 
transmissão natural é rara. 
Já, Neves et al. (2005), destaca em sua obra que os plasmódios variam 
individualmente em cada etapa de desenvolvimento. Os esporozoítos, merozoítos e 
oocineto, que são as formas evolutivas capazes de invadir células hospedeiras, 
possuem organelas envolvidas diretamente no processo de interiorização celular, 
organelas estas ausentes nas formas de trofozoítos, esquizontes e gametócitos. 
 Evidencia-se então as seguintes características morfológicas: 
a) Esporozoíto: alongado, com cerca de 11μm de comprimento e com 1μm de 
largura. Possui núcleo central único, com membrana formada por duas 
camadas, uma externa formada principalmente pela proteína CS, sendo esta 
participante ativa de interações celulares durante ciclo de vida do parasito. 
(NEVES et al., 2005). 
b) Forma exo-eritrocítica: logo após entrada do esporozoíto no hepatócito, as 
organelas do complexo apical são perdidas e a forma do parasito muda, se 
tornando então arredondado e passando a se chamar de trofozoíto. Após 
muitas divisões celulares desenvolve-se o esquizonte tissular (ou criptozoíto) 
que provoca aumento do tamanho do hepatócito infectado por conta do seu 
tamanho. (NEVES et al., 2005). 
c) Merozoíto: Merozoíto: células capazes de invadir apenas eritrócitos, 
estruturalmente similares aos esporozoítos, com 1 a 5μm de comprimento e 
2μm de largura, e com membrana externa de três camadas. (NEVES et al., 
2005). 
d) Formas eritrocíticas: compreende os trofozoítos jovens, trofozoítos maduros, 
esquizonte e gametócitos. (NEVES et al., 2005): 
‘16 
 
 
I. trofozoítos jovens: P. vivax, P. malariae, P. ovale o citoplasma é espesso, 
enquanto em P. falciparum o citoplasma é delgado; 
II. trofozoítos maduros: em P. ovale e P. vivax o citoplasma é irregular, com 
aspecto amebóide e cromatina isolada, P. malariae possui citoplasma compacto, 
arredondado e cromatina pouco visível, e P. falciparum possui citoplasma espesso e 
cromatina indistinta. (NEVES et al., 2005)II. esquizonte: para P.ovale e P. vivax o citoplasma é irregular vacuolizado e os 
dois possuem forma amebóide com cromatina segmentada, já em P. malariae a 
cromatina é pouco segmentada, e para P. falciparum o citoplasma é pouco deformado 
e com cromatina separada em grânulos grossos. (NEVES et al., 2005) 
e) Microgameta: possui célula flagelada, e apresenta de 20 a 25μm de 
comprimento, com membrana que envolve o núcleo e o único flagelo. (NEVES 
et al., 2005) 
f) Macrogameta: apresenta uma estrutura celular com protuberância onde ocorre 
a fecundação do microgameta, localizado na superfície. (NEVES et al., 2005) 
g) Oocineto: possui forma alongada, móvel, com comprimento entre 10 e 20μm, 
com núcleo volumoso e excêntrico. (NEVES et al., 2005) 
h) Oocisto: disposição estrutural esférica de 40 a 80μm, com grânulos 
pigmentados em seu interior (cor e distribuição que a depender da espécie 
variam) e é envolto por cápsula espessa de 0,1μm. (NEVES et al., 2005) 
 
 
2.1.2. Epidemiologia e Vias de Transmissão. 
De acordo com Neves et al. (2005) 90% das mortes determinadas como por 
malária, ocorre principalmente nas regiões tropicais e subtropicais da África 
subsaariana, com aproximadamente 1,7 milhão de mortes. No Brasil, a região 
endêmica é a Amazônia Legal, compreendendo o Acre, Amapá, Amazonas, 
Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, como mostrado na 
Figura 1. Nas áreas de alta transmissão as crianças e adolescentes são os mais 
atingidos com a infecção. Também ocorre infecção frequente em garimpeiros e 
trabalhadores voltados para agropecuária e colonização, imigrantes alojados na 
periferia e pequenos grupos que vivem próximos de criadouros de mosquitos. 
‘17 
 
 
 
Figura 1: Áreas endêmicas. Fonte: Neves et al. (2005) 
 
2.1.3. Ciclo de vida e Patogenicidade 
De acordo com Webber (2005), além do mosquito fêmea do gênero Anopheles 
existem outras espécies capazes de transmitir os parasitas da malária, e a eficiência 
dessas espécies vai depender de diversos fatores como fontes e tipos de, onde vive 
ou tempo de vida. O tempo do ciclo de vida do parasita é determinante para que o 
mosquito se torne infeccioso, se tornando então melhores vetores os mosquitos que 
tiverem mais tempo de vida. As condições ambientais também possuem grande fator 
de importância disseminação da doença e mesmo com resistência a altas 
temperaturas o mosquito é sensível e isto pode interferir diretamente no período de 
hibernação, altera comportamento e modifica o estímulo à alimentação. A temperatura 
alta também altera o tempo de desenvolvimento do parasita. 
A malária pode ser transmitida no Homem por cinco espécies de protozoários 
infecciosos do gênero Plasmodium: P. falciparum; P. ovale; P. vivax; P. malariae e P. 
knowlesi, tendo esta, maior distribuição no Sul asiático e transmissão natural de 
macacos para humanos. (SALAZAR; BROWN; BLAIR, 2012). 
Neves et al. (2005) descreve em sua obra que a primeira etapa do ciclo de vida 
se dá início na fase exoeritrocítica, quando o vetor inocula esporozoítos no 
‘18 
 
 
hospedeiro. Quando os esporozoítos se alojam nos hepatócitos, onde se diferenciam 
em trofozoítos pré-eritrocíticos, se multiplicam através da reprodução assexuada e 
dão origem aos esquizontes teciduais. Após essa nova forma haverá outra mudança 
de fase do ciclo, chamada de fase exoeritrocítica ou tissular, onde serão formados 
milhares de merozoítos, responsáveis pelas invasões nos eritrócitos. Nos casos de 
infecção por P. falciparum e P. vivax o desenvolvimento nos hepatócitos é de uma 
semana e na infecção por P. malariae o tempo é de duas semanas. A partir do 
momento em que os merozoítos tissulares entram nos eritrócitos se inicia o ciclo 
eritrocítico. Neves et al. (2005) destaca que o parasito se desenvolve por 
esquizogonia quando dentro do eritrócito, e essa característica é a responsável pela 
formação de novas gerações de merozoítos sanguíneos. Em infecções por P. 
falciparum, P. vivax e P. ovale o ciclo se repete a cada 48 horas, e no caso de P. 
malariae a cada 72 horas. A nutrição dos trofozoítos é a hemoglobina, glicose, 
metionina, biotina, algumas purinas e pirimidinas e fosfato, e após o fechamento do 
ciclo esquizogônico o eritrócito é rompido liberando pigmento malárico formado no 
citoplasma do eritrócito. 
Além da reprodução asseuxada, Neves et al. (2005) aborda que pode ocorrer 
também a sexuada, que é realizada através do repasto sanguíneo, onde os 
gametócitos vão evoluir no inseto dando origem aos esporozoítos. O processo de 
gametogênese será estimulado dentro do intestino médio do mosquito. O gametócito 
feminino se converte em forma de macrogameta e gametócito masculino em 
microgametas, por processo denominado exflagelação. Após 24 horas da fecundação 
entre os gametas feminino e masculino, se origina o zigoto denominado oocineto que 
se movimenta, através da contração do corpo, até a parede do intestino médio e se 
encista na camada epitelial da parede intestinal e passa a se chamar de oocisto. O 
processo de divisão esporogônica se inicia e a parede do oocisto se rompe, liberando 
então os esporozoítos que foram formados durante a esporogonia, estes esporozoítos 
se dissipam por todo o corpo do mosquito e atingem as glândulas salivares, tornando 
então o mosquito um vetor do parasito. Todo esse ciclo de vida está representado na 
figura 2: 
 
‘19 
 
 
 
Figura 2: ciclo de vida do Plasmodium. Fonte: CBC. 
 
 
2.1.4. Mecanismos da Resposta Imune 
Sobre a resistência inata Neves et al. (2005) diz que ela pode ser absoluta, 
quando protege completamente o indivíduo da doença, ou relativa nos casos em que, 
mesmo havendo o desenvolvimento do parasito, o processo infeccioso é autolimitado. 
Rosa-Borges et al. (2001) prova por metodologia o que diz Neves et al. (2005): 
que a deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase pode impedir o desenvolvimento 
dos parasitos por efeitos oxidantes, pois sabe-se que a hemoglobina de eritrócitos 
deficientes desta enzima é facilmente oxidada, formando metemoglobina, que é tóxica 
para o parasito. A transferência passiva de anticorpos IgG da mãe imune para o filho 
é considerada um dos mais notórios fatores responsáveis pela resistência do recém-
nascido. Outros fatores também podem estar envolvidos, como a presença de 
eritrócitos contendo grandes quantidades de hemoglobina fetal (HbF), gerando um 
microambiente desfavorável ao crescimento parasitário. Os esporozoítos, apesar de 
sua pouca permanência na corrente sanguínea, induzem uma resposta imune que 
leva a produção de anticorpos dirigidos contra antígenos de sua superfície. 
‘20 
 
 
Em consonância com o que diz em Neves et al. (2005) Pinto, Ventura e Souza 
(2001) realizaram experimentos de transferência passiva de anticorpos confirmando 
que IgG purificada de soros de adultos imunes (área hiperendêmica) pode controlar a 
infecção por P falciparum em crianças, minimizando a parasitemia e protegendo-as 
de doença grave. Análise in vitro e in vivo dos efeitos dos anticorpos protetores tem 
mostrado que no mínimo dois mecanismos estão envolvidos: 
I) participação de anticorpos opsonizantes que promovem a fagocitose de 
eritrócitos infectados; 
II) participação de anticorpos citofílicos (subclasses IgG 1 e IgG3 no homem) 
que se ligam a monócitos e promovem a inibição do crescimento do parasito intra-
eritrocítico, não requerendo para isso contato entre células efetoras e eritrócitos 
infectados. 
 
2.1.5. Profilaxia 
 Para Gomes, Vitorino e Mendes (2018) as medidas profiláticas da 
malária são as proteções individuais na tentativa de redução da exposição aos insetos 
do gênero Anopheles, como utilização de roupas que minimizem a exposição ao vetor, 
aplicação de repelentes e dispositivos antimosquitos, uso de mosquiteiro e telas nas 
portas e janelas. Também pode ser feito a quimioprofilaxia com uso de antimaláricos 
emdoses inferiores a utilizadas nas terapias em casos de viagens a zonas endémicas 
é indicado o início da utilização do fármaco uma semana antes da viagem, evitando 
assim efeitos colaterais e dosagem alta de concentrações séricas e mesmo após 
saída de zona endêmica é importante a manutenção do fármaco por mais quatro 
semanas. 
Já Neves et al. (2005) aborda que as medidas quimioprofiláticas, podem ser 
feitas com devidas orientações para o diagnóstico em curto prazo diante sinais 
suspeitos, associados aos fármacos disponíveis em cada localidade dando início ao 
tratamento precoce da doença. Para além desta, as medidas coletivas são de extrema 
importância, principalmente nas áreas endêmicas, com pulverização de inseticidas 
nas paredes das casas ou nebulização espacial visando o controle e combate do vetor 
adulto, e para o controle das larvas os larvicidas aplicados a água são poucos 
‘21 
 
 
utilizados por conta do risco de contaminação química no meio ambiente, contudo há 
um paliativo Bacilus turigiensis e B. sphericus cujo quais agridem menos a 
biodiversidade do local onde serão aplicados. Além destas há também as medidas de 
saneamento básico e educação através de informação e educação. 
 
2.1.6. Manifestações clínicas 
As manifestações clínicas dão início com calafrios, febre, dor de cabeça, 
sudorese, náuseas acompanhadas de vômitos e dores musculares. Sintomas estes 
associados com a ruptura dos eritrócitos e a liberação dos merozoítos na circulação 
sanguínea (ESTEVES, 2012). 
Biggs e Brown (2001) ressaltam que diante de malária cerebral os eritrócitos 
são sequestrados e associados na microvasculatura cerebral, com capilares e vênulas 
pós capilares dilatados e obstruídos por conta dos trofozoítos alojados nas hemácias, 
provocando edema, anóxia necrose e em seguida morte caso não haja tratamento 
adequado. Além da malária cerebral, outras patologias podem vir a ser desenvolvidas 
como a trombocitopenia e coagulação, falência renal, anemia hemolítica e problemas 
respiratórios, no coração e no fígado. 
 
2.1.7. Diagnóstico 
De acordo com Neves et al. (2005), o diagnóstico eficaz e seguro é o 
laboratorial, tendo em vista que o diagnóstico clínico da malária não é conclusivo por 
conta dos sintomas inespecíficos, podendo ser confundido com outras infecções. A 
técnica mais utilizada e que pode ser feita em todos os pacientes por conta do baixo 
custo é feita através da análise de esfregaço de sangue periférico corado com azul-
de-metileno e Giemsa. Através de análise microscópica poderá ser analisada as 
diferenciações morfológicas do parasito e as alterações provocadas nos eritrócitos. 
Neves et al. (2005) também destaca que através do exame de esfregaço as 
espécies P. vivax, P. ovale e P. malariae devem ser diferenciadas cuidadosamente 
pois as mesmas possuem semelhanças nos estágios de desenvolvimento, já a P. 
falciparum completa o seu ciclo eritrocítico assexuado quando está aderido ao 
endotélio capilar, logo a sua identificação no exame de esfregaço é dada quando 
‘22 
 
 
trofozoítos e gametócitos são visualizados. Para contemplar a diferenciação entre as 
espécies e a identificação da particularidade do P. falciparum é necessário domínio 
da técnica de esfregaço, domínio de análise microscópica e capacidade de 
diferenciação e detecção do parasito. 
 
2.1.8. Tratamento 
 Mesmo havendo grandes avanços na ciência ainda não há uma vacina 
para malária. Contudo há uma grande investida em estratégias para interrupção do 
desenvolvimento sexual e fertilização do parasita, rompendo então o ciclo de vida. 
Segundo Gomes (2018) há muitos problemas para o desenvolvimento das vacinas, 
entre eles destaca-se as mais de 5300 proteínas e a expressão delas em cada fase 
do ciclo de vida do parasita, e as diferentes respostas imunológicas específicas em 
cada estágio. Com a ausência de vacinas, o tratamento com fármacos contra a 
malária é essencial. De acordo com Esteves (2012), há drogas que atuam em 
diferentes estágios do ciclo de vida. Os esquizonticidas tecidulares, como a 
primaquina, que atingem os parasitas pré-eritrócitos, prevenindo recaídas e 
manifestações clínicas da doença; esquizonticidas hemáticos, como cloroquina e 
doxiciclina, e se feito o tratamento sequenciado o resultado será o desaparecimento 
de sintomas pois os fármacos agem diretamente na forma assexuada do ciclo 
eritrocítico; os gametocidas que atuam diretamente impedindo a evolução do vetor 
destruindo os macro e microgametócitos no sangue, e por fim, os esporonticidas que 
impedem a esporogonia no mosquito atingindo diretamente os gametas. 
O tratamento em caso de malária por P. vivax, P. ovale e P. malariae é indicado 
o uso da cloroquina, que não atinge os ciclos teciduais, apenas as formas sanguíneas 
e possui baixa toxicidade.No entanto, a depender do nível de infecção por P. vivax 
apresenta resistência ao fármaco, sendo indicado então o uso da Oceania. Para 
radical cura nos casos de infecção por P. ovale e P. vivax deve ser feito uma 
associação de fármacos que atuarão sobre os hipnozoítas, com tratamento de sete a 
quatorze dias de esquizonticida tecidual com primaquina. (NEVES et al., 2005). 
Além disto também é destacado por Neves et al. (2005) que P. falciparum 
apresenta resistência a cloroquina, logo é indicada a combinação de artesunato oral 
com tetraciclina ou doxiciclina, em caso de malária não grave. E nos casos de malária 
‘23 
 
 
grave a primeira opção são derivados de artemisinina, e logo após sinais de melhoras 
complementa-se o tratamento com antibiótico ou mefloquina. 
Já Esteves (apud Who, 2010) indica o tratamento seguindo a Organização 
Mundial de Saúde (OMS). 
 
2.2. DOENÇA DE CHAGAS: Trypanosoma cruzi 
 
2.2.1. Agente etiológico e sua morfologia 
O agente etiológico, segundo Pena (2005), é o Trypanosoma cruzi, protozoário 
flagelado da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, caracterizado pela 
presença de um flagelo e uma única mitocôndria. 
Neves (et. al. 2005) descreve a morfologia da seguinte maneira: segundo ele, 
o T. cruzi pode apresentar uma distinção morfológica de acordo com seu hospedeiro, 
sendo vertebrado ou invertebrado, apresentando várias formas evolutivas que serão 
descritas a seguir: 
 
Morfologia Vertebrados 
O T. cruzi pode ser encontrado em tecidos de vertebrados na forma de 
amastigotas de maneira intracelular, e tripomastigotas onde seu citossomo pode 
apresentar um formato de C ou S, sendo exclusivamente extracelular. Essas duas 
formas são potencialmente infectantes. A forma infectante extracelular, é classificada 
em duas principais variações morfológicas: 
• Tripomastigotas delgadas (na figura 3: os números 4, 5 e 6), são a formas mais 
patogênicas, porém são muito mais sensíveis aos anticorpos circulantes; 
• Tripomastigotas largas (na figura3: os números 1,2 e 3), possuem uma menor 
patogenicidade, são mais lentas para desenvolver-se, porém são mais 
resistentes aos anticorpos circulantes. 
‘24 
 
 
 
Figura 3: formas tripomastlgotas encontradas em dejetos de triatomineos e 
meios de cultura. Fonte: Neves et al. (2005). 
Em um de seus estudos solo, Tafuri (1987), demonstra através de citações e 
análises de pesquisas que o hospedeiro invertebrado ou vetor o T. cruzi será 
encontrado na forma de epimastigotas (não infectante) (na figura 3:7 e 8), onde 
apresenta uma morfologia circular com flagelos envolvendo todo seu corpo. A forma 
não infectante é encontrada principalmente no estômago e intestino dos vetores por 
outro lado a forma infectante (tripomastigotas na figura 3: 9 e 10) é encontrada em 
toda região retal dele. 
 
2.2.2. Epidemiologia 
O Trypanosoma cruzi é o protozoário causador da Doença de Chagas, ou 
tripanossomíase, doença extremamente endêmica na América Latina, de modo que, 
cerca de 6 a 8 milhões de pessoas podem estar acometidas pela doença, e em torno 
de 100 milhões de pessoascorrem o risco de se infectar com a doença. A 
tripanossomíase está comumente presente em áreas rurais de baixa renda, onde 80% 
dos casos de infecção acontecem de forma vetorial (GOMEZ; GUTIERREZ; 
PENUELA, 2019). 
‘25 
 
 
Em sua literatura Rey (2008) divide os países endêmicos em quatro grupos 
epidemiológicos: 
I. Países com áreas de transmissão natural, intradomiciliar e de alta 
prevalência: Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador e Venezuela. 
II. Países com evidências de transmissão intradomiciliar com presença de 
cardiopatias: México, Colômbia e Costa Rica. 
III. Países onde ocorre a transmissão intradomiciliar e há grande n úmero de 
doadores de sangue positivos, mas com pouca informação epidemiológica: Panamá, 
Salvador Nicarágua e Guatemala. 
IV. Países onde existe enzootia silvestre, como os EUA e os da região do 
Caribe, e onde podem ocorrer casos humanos esporádicos: EUA, Belize, Trinidad e - 
Tobago e Guianas. 
 
2.2.3. Vias de Transmissão 
Ainda segundo Gomez (et al., 2019), há diversas formas de transmissão da 
Doença de Chagas, entre as citadas na literatura estão: 
a) Transmissão Vetorial: A fonte de infecção natural do Trypanosoma cruzi são 
os insetos hematófagos, Triatominae, sendo a via de transmissão bastante 
comum em áreas rurais mais carentes. O Brasil foi um dos países 
considerados livres da infecção vetorial. 
b) Transmissão congênita: 5 a 10% dos casos, sendo que 60% dos recém-
nascidos infectados congênitos apresentam a doença de forma 
assintomática. 
c) Transmissão Oral: É a principal via de transmissão presente no Brasil, onde 
a pessoa ingere o vetor ou as suas fezes. Relatada muitas vezes pelo 
consumo de frutas ou vegetais contaminados, como por exemplo, no 
consumo do açaí. 
d) Transmissão por Transplante de órgãos: A primeira infecção por 
transplante foi relatada no ano de 1980, depois em transplantes de rim, 
fígado, medula óssea, pâncreas e coração. 
‘26 
 
 
e) Transmissão Acidental: É a infecção causada por acidentes laboratoriais, 
manipulando amostras contaminadas, ou manuseio incorreto de 
equipamentos laboratoriais. 
f) Transmissão por Transfusão Sanguínea: Aconteceram casos no Brasil nos 
anos de 1949 e 1952. O trypanosoma cruzi pode sobreviver durante 18 dias 
a 4°C em uma bolsa de sangue contendo apenas hemácias e 
aproximadamente 250 dias a 22°C em uma bolsa de sangue contendo 
apenas plaquetas, podendo ser resistente ao congelamento. 
 
2.2.4. Ciclo de Vida 
Durante seu ciclo biológico o T. cruzi, passa por diversas transformações 
morfológicas para adaptar-se ao seu hospedeiro, vertebrado ou invertebrado. 
(GARCIA, 2017) 
Hospedeiro Vertebrado: Assim Rey (2008) discorre em sua obra a infecção do 
T. cruzi em seu hospedeiro vertebrado na forma de tripomastigota após ser expelido 
no sangue através da excreção das fezes do vetor no local da picada, se a cepa da 
tripomastigota for delgada, rapidamente desaparece da corrente sanguínea, por dois 
principais fatores, por ter sido opsonizada e então aglutinada pelos anticorpos 
circulantes, ou pelo sucesso em invadir uma célula do tecido do hospedeiro, no 
segundo caso, o ciclo evolutivo continua, ao penetrar na célula, ele se transforma em 
amastigota. Porém ainda há outro meio de infecção, através da cepa tripomastigota 
larga, nessa forma o T. cruzi é bem resistente aos anticorpos circulantes, e se acumula 
no sangue caracterizando uma infecção crônica. 
A partir do sangue os tripomastigotas invadem células preferencialmente 
fagocíticas, musculares tanto cardíacas quanto esqueléticas. Dentro destas células o 
parasito assume uma forma ovóide, tem sua estrutura flagelar extremamente 
reduzida, restando-lhes apenas o movimento de rotação (amastigotas), e recuperam 
sua característica fisiológica mais importante, a capacidade de multiplicação que se 
manifesta em cerca de até 35 horas após parasitar a célula hospedeira. Através de 
um mecanismo de bipartição simples ou cissiparidade, que tem um intervalo 12 horas, 
aumentam seu número exponencialmente, rompendo o citoplasma da célula, porém 
‘27 
 
 
sofrem outra mudança 12 horas antes da ruptura da célula, voltando de amastigotas 
para tripomastigotas. (Neves et al., 2005) 
Seguindo uma linha de pensamento semelhante a literatura acima, Rey (2008) 
através de análise de testes in vitru assegura a ideia de que o ciclo intracelular pode 
durar cerca de 5 a 6 dias chegando a produzir nove gerações de parasitos, sendo 
algumas das linhagens sensíveis a temperaturas de 37 °C a 38°C, bloqueando a sua 
transformação de amastigotas para tripomastigotas. Por fim as os T.cruzi na forma 
amastigota pode apresentar um dimorfismo, sendo observado um formato fusiforme 
além do arredondado. 
Hospedeiro Invertebrado: Os principais hematófagos contaminados com T. cruzi são 
os triatomíneos. Esses vetores são infectados através da ingestão do sangue 
contaminado dos hospedeiros vertebrados. Ao chegar na porção média do intestino 
do vetor, o tripomastigota se diferencia em epimastigota, se multiplicando por 
cissiparidade, permanecendo nesta forma até alcançar o reto do invertebrado, se 
diferenciando novamente em tripomastigotas sanguicolas. (NEVES et al., 2005). Todo 
esse ciclo de vida está representado na figura 4: 
 
Figura 4: Ciclo de vida do T. cruzi. Fonte: CDC. 
‘28 
 
 
2.2.5. Patogenicidade 
De acordo com o que escreveu Tafuri (1987), sabe-se que patogenia, ao se 
tratar de Doença de Chagas, é o mecanismo pelo qual o T. cruzi causa lesões. Dito 
isso é possível citar fatores que dependem do parasito (polimorfismo, tropismo, 
virulência, cepas etc.) e fatores que dependem do hospedeiro (constituição genética, 
sexo, idade, raça, resposta imunológica etc.). A evolução da infecção chagásica está 
fortemente ligada a forma em que o parasito se encontra no sangue do hospedeiro, 
por exemplo, a forma amastigota tende a degenerar células do miocárdio, enquanto 
outras formas intracelulares tendem a provocar lise citoplasmática após a sua 
reprodução intracelular. Entre outros mecanismos ligados a alta patogenicidade do 
parasito, pode ser citado as proteínas, glicoproteínas e componentes proteolíticos, 
presentes em sua superfície, responsáveis, pelo processo de invasão e adesão à 
célula hospedeira. Desse modo entende-se que as cepas mais virulentas estão 
associadas aquelas com um maior poder de penetração, enquanto as cepas com 
maior índice de mortalidade estão associadas com a forma amastigota. 
Ainda seguindo a literatura de Tafuri (1987), algumas cepas do T. cruzi podem 
apresentar tropismo por células específicas algumas delas podem ser miotrópicas, 
outras podem ser macrofagotrópicas, assim as moleceulas de carboidrato presente 
em sua superfície ou da célula hospedeira é de suma importância para reconhecer 
para o reconhecimento entre si. Assim o tropismo é um dos fatores que influenciam 
na “escolha” do parasito para determinado órgão. 
 
2.2.6. Mecanismos da Resposta Imune 
Segundo Neves et al. (2005), a infecção por T. cruzi mobiliza vários 
mecanismos humorais e celulares da resposta imune inata e adquirida. O protozoário 
promove a ativação não específica de macrófagos e células natural killer da imunidade 
celular acompanhado de ativação de linfócitos T e B, resultando numa produção de 
imunoglobulinas (imunidade humoral). Quando se analisou as linhagens de células T, 
verificou-se que as células T CD4 aparentemente são mais cruciais na proteção contra 
a infecção por T. cruzi na fase aguda da infecção, devido a produção de citocinas, 
como IFN-g, e pelo estímulo de produção de anticorpos líticos que auxiliam na 
destruição dos parasitas tanto intra quanto extracelulares. As células T CD8+ parecem 
‘29 
 
 
ter participação mais importante na fase crônica da infecção e na gênese das lesões, 
estando associadas a fenômenos de citólise, fibrose tecidual e, portanto, as 
manifestaçõescardíacas e intestinais da doença. 
O gráfico da figura 5 retirado de Neves et al. (2005) mostra a evolução do T. 
cruzi no mamífero: a) infecção; b) fase aguda (parasitemia alta); c) ação defensiva do 
organismo (anticorpos); d) fase crônica (parasitemia baixa). 
 
Figura 5: Evolução do T. cruzi no mamífero. Fonte: Neves et al. (2005) 
 
 
2.2.7. Profilaxia 
De acordo com a OMS, as medidas profiláticas gerais são bastante simples, 
porém pouco acatadas, consiste, em medidas como controle vetorial, melhora nas 
condições de vida rurais, conscientização da população para exames de rotina, entre 
diversas outras. Já Neves et al. (2005), em sua literatura segure medidas bastante 
impactantes que realmente podem transformar o cenário atual da doença na América 
Latina, entre elas estão: 
a) Melhoria das habitações rurais: algumas experiências vêm comprovando 
que casas de alvenaria são habitats perfeitos para triatomíneos, casas feitas de barro, 
palha e outras materiais mais rudimentares são de longe um dos maiores fatores para 
a infecção intradomiciliar, desse modo, uma melhora nas habitações rurais teria um 
grande impacto na redução de triatomíneos em regiões rurais domiciliares. 
‘30 
 
 
b) Combate ao barbeiro: há diversas técnicas para combate do vetor, como 
inseticidas, que promovem a curto prazo a eliminação dos barbeiros, preservação da 
fauna e da flora, entre outras. 
c) Controle da transmissão congênita: o comprometimento de forma rigorosa 
em examinar recém-nascidos de mães com sorologia positiva para tripanossomíase, 
é uma medida de forte impacto para a profilaxia desse meio de transmissão. 
d) Controle de doador de sangue: selecionar doadores por exames 
sorológicos, excluindo positivos ou suspeitos adição ao sangue de violeta-de-
genciana ou, principalmente, o cristal-violeta na concentração de 1 :4.000. 
e) Vacinação: atualmente muitos estudos estão sendo feitos para desenvolver 
uma vacina contra o parasito, pesquisadores descobriram que ativação de 
macrófagos por BCG conseguiu reduzir a parasitemia em camundongos, porém parte 
da doença é fortemente ligada a processos autoimunes. Assim componentes 
antigênicos da vacina semelhantes as células cardíacas poderiam causar 
posteriormente uma lesão. 
 
2.2.8. Manifestações Clínicas 
 De acordo com as manifestações clínicas da infecção podem ser bastante 
abrangentes, variando entre fase aguda e a fase crônica. Dentre os casos de infecção 
por T. cruzi 50% apresentam sinal de Romaña, podendo haver em outros casos há a 
presença de chagas de inoculação durante a fase aguda, enquanto que durante a fase 
crônica grande parte das pessoas infectadas não apresentam sintomas por vários 
anos, porém apresentam sintomatologia relacionada com o sistema cardiocirculatório 
(forma cardíaca), digestivo (forma digestiva), ou ambos posteriormente.(NEVES et al., 
2005). 
Fase Aguda: Baseado nas informações dispostas na literatura de Dias, et al. 
(2016) as duas manifestações clínicas durante a fase aguda caracterizam-se pela 
formação de edema elástico, diferindo-se apenas na região em que esse edema vai 
se manifestar. Neves et al. (2005) em sua obra complementa, observando a presença 
precoce de febre irregular ou ausente, adenopatia satélite ou generalizada, 
hepatoesplenomegalia. No sinal de Romaña o edema é formado na região ocular, 
‘31 
 
 
podendo afetar linfonodo satélite, outrora sendo tão agressivo a ponto de fechar a 
fenda palpebral, se tornando assim um excelente marcador de diagnóstico para a fase 
aguda da doença. Enquanto o chagoma de inoculação tem sua formação na região 
cutânea podendo ser indolor e pouco saliente, e assim como o sinal de Romaña, 
também é acompanhado de inchaço do linfonodo satélite. Foi confirmado em alguns 
casos de infecção aguda presença da Miocardite chagásica aguda, a qual se difere 
um pouco das outras miocardites de fontes etiologicas diferentes, podendo às vezes 
ser encoberta pelas outras manifestações clínicas da doença. Podendo observar 
também um sopro sistólico no foco mitral, podendo haver em certos casos um grau 
considerável de hipotensão, dores precordiais, simulando infarto do miocárdio. 
Fase Crônica: De forma complementar Neves et al. (2005) concebe a ideia de 
que, a diminuição da parasitemia e o desaparecimento dos diversos edemas não 
normalizam o ECG de alguns pacientes, indicando continuamente alguma 
sintomatologia cardíaca de maior ou menor grau compondo o cenário crônico da 
doença. De modo que perturbações neurológicas acabam por ser esporádicas na 
maioria dos casos, como consequência da meningoencefalite que ocorre apenas em 
crianças muito jovens em pacientes imunossuprimidos. 
Já de acordo com Dias (et al. 2016), a forma mais prevalente da doença é 
cardiopatia chagásica crônica responsável pela elevada carga de morbimortalidade, 
com grande impacto social e médico-trabalhista. Entre as características mais 
peculiares da CCC, destacam-se seu caráter inflamatório e intensamente fibrosante, 
presença de arritmias ventriculares complexas em associação com distúrbios da 
formação e condução do estímulo elétrico atrioventricular e intraventricular, elevada 
incidência de morte súbita e de fenômenos tromboembólicos, além de disfunção 
ventricular direita e aneurismas ventriculares. 
Tafuri (1987) citou algo bastante semelhante e de grande impacto clínico em 
seus estudos, sobre a patogenia, do T. cruzi, onde a cardiopatia chagásica aguda e 
crônica (CCC) com a presença de miocardite aguda, variam de acordo com a fase da 
doença ou com a lesão a ela associada. Ainda para Tafuri (1987), a escassez 
parasitêmica, e a constante presença de exsudação linfocitária seria o ponto de 
partida para cogitar em mecanismos auto imunitários. Mesmo com níveis baixos de 
parasitemia, a inflamação continua tendo um papel principal na destruição das fibras 
‘32 
 
 
cardíacas, dando origem a liberação de auto antígenos, que posteriormente seriam 
responsáveis pela reação tardia de hipersensibilidade contra o miocárdio. A forte 
presença de linfócitos T helpers na reação, faz com que sejam liberadas linfocinas 
quimiotaticas para os macrofágos, que serão os verdadeiros responsaveis pela lesão 
tecidual. De modo que os macrófagos acabam por produzir colágenos por meio da 
ativação de fibroblastos, e o excesso de colágeno produzido, resulta em dano para 
célula tecidual. Estudos ainda são feitos para melhor entender a fisiopatologia e a 
patogenia da doença observando o processo de fibrose no órgão. 
 
2.2.9. Diagnostico 
Dias, Pinto et al. (2016) deixa claro que o diagnóstico principal para a doença 
de Chagas durante a fase aguda é baseado na identificação do parasito 
(parasitológico), e a sua sensibilidade depende do nível da carga parasitária presente 
no hospedeiro. 
A procura a fresco do T.cruzi é bastante rápida e simples, sendo mais sensível 
que o esfregaço corado. O momento perfeito para a realizar a coleta deve ser com 
paciente febril e dentro de 30 dias do início de sintomas. O exame geralmente é feito 
no microscópio utilizando uma gota de sangue entre lâmina e lamínula. (DIAS, PINTO, 
et al., 2016). 
Mediante forte suspeita clínica e epidemiológica de fase aguda da infecção por 
T. cruzi associada a exames parasitológicos diretos negativos, o diagnóstico 
molecular por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR) com hibridização tem 
apresentado resultados bastante satisfatórios, mesmo sendo testes in house, e 
realizados apenas por alguns centros de pesquisa (DIAS, PINTO et al., 2016). 
 Em divergência a Dias, Pinto et. al (2016), Neves et al. (2005) apresenta o 
xenodiagnóstico um método um pouco ultrapassado, onde o diagnóstico não é tão 
sensível quanto os métodos atuais. O próprio autor não indica estas técnicas uma vez 
que o resultado demora em torno de 30 dias para ser emitido. Porém ele apresenta 
uma diversidade maior de exames para detecçãodurante a fase aguda como cultura 
de sangue ou material de biópsia e Inoculação do sangue. 
‘33 
 
 
De acordo com Gomez et al. (2019) exames sorológicos para infecção por 
tripanosomatídeos, a técnica mais utilizada nos bancos de sangue é o ELISA. Os 
testes ELISA baseados em lisados de parasitas parecem ter melhor sensibilidade, 
enquanto os produzidos com antígenos recombinantes mostram uma melhor 
especificidade. Durante a fase crônica da doença a PCR pode apresentar limitação 
pela ausência de protocolos padronizados, mas é indicada quando os testes 
sorológicos apresentarem resultado inconclusivo ou para o controle de cura após o 
tratamento antiparasitário. 
 
2.2.10. Tratamento 
Em sua obra Neves et al. (2005) apresenta dois fármacos que são bastantes 
recorridos em tratamento devido ao seu sucesso em ensaios clínicos, o benznidazol 
do grupo dos nitroimidazóis agindo sobre a forma sanguínea e o nifurtimox agindo 
também sobre a forma sanguínea e parcialmente tecidual sendo eles pouco 
recomendados para casos gerais, e melhor indicado para casos individuais devido a 
suas reações adversas, além da queda de sua eficácia durante a fase crônica da 
doença. 
Já Rey (2008) traz formas alternativas de tratamento mais recomendáveis 
durante a fase crônica que consiste em antiarrítmicos de última geração, como o 
amiodarona, propafenona e a mexiletine, vieram acrescentar grandes facilidades no 
controle das arritmias severas da doença, implantação de marcapassos eletrônicos e 
cirurgia cardíaca vêm apresentando um prognóstico moderado ao paciente na fase 
crônica. 
 
2.3. TOXOPLASMOSE: Toxoplasma Gondii 
 
2.3.1. Agente etiológico e sua morfologia 
Pena (2005) descreve em sua publicação que o Toxoplasma gondii, é um 
protozoário coccídio intracelular próprio dos gatos. 
‘34 
 
 
Segundo Neves et al. (2005), o Toxoplasma gondii, protozoário pertencente ao 
filo Apicomplexa, é um parasita intracelular obrigatório. A sua classificação 
taxonômica, segundo Dubey (2010), está exibida na tabela 1: 
 
Filo Apicomplexa; Levine, 1970 
Classe Sporozoasida; Leuckart, 1879 
Subclasse Coccidiasina; Leuckart, 1879 
Ordem Eimeriorina; Léger, 1911 
Família Toxoplasmatinae; Biocca, 1956 
Gênero Toxoplasma; Nicolle and Manceaux, 1909 
Tabela 1: classificação taxonômica do T. gondii. 
As formas do ciclo sexuado do T. gondii podem ser encontradas em felídeos 
não imunes, nas células do epitélio intestinal. Já as formas do ciclo assexuado estão 
em outras partes do hospedeiro e as formas de resistência no meio exterior. O T. 
gondii apresenta uma morfologia diversa, dependendo do hábitat e do estado 
evolutivo. As formas infectantes que o parasito apresenta durante o ciclo biológico 
são: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos. Essas três formas apresentam organelas 
citoplasmáticas características do Filo Apicomplexa que constituem o complexo 
apical: conóide, anel polar (em número de dois), microtúbulos subpeliculares, roptrias, 
micronemas e grânulos densos. As formas infectantes, segundo os estudos de 
PRADO (2011), são: 
a) Taquizoíto: Apresenta morfologia de arco ou meia lua e núcleo em posição 
mais ou menos central. Encontra-se durante a fase aguda da infecção e 
pode ser chamada de forma proliferativa, livre e trofozoíto. 
b) Bradizoíto: Pode estar presente na fase crônica e com menos frequência na 
aguda. Os bradizoítos se multiplicam lentamente dentro do cisto, por 
endopoligenia. São muito mais resistentes a tripsina e à pepsina do que os 
taquizoítos e podem estar ativos nos tecidos por muito tempo. 
‘35 
 
 
c) Oocisto: Apresenta uma parede dupla bastante resistente às condições do 
meio externo. Os oocistos são produzidos nas células intestinais de felídeos 
não imunes e eliminados imaturos junto com as fezes. São esféricos, e após 
a esporulação no meio ambiente contém dois esporocistos, com quatro 
esporozoítos cada. 
 
2.3.2. Epidemiologia 
Segundo a linha de pesquisa de S VAZ, Rogério et al. (2011), os principais 
fatores que contribuem para a prevalência da infecção pelo T. gondii em diferentes 
regiões, dentro e fora de países, são relacionados a sua capacidade de coexistência 
pacífica com o receptor, habituar-se a diversas temperaturas climáticas, infectar 
milhares de espécies, hábitos alimentares, higiênicos e características culturais. A 
doença em gestantes também é muito variável. Além dos fatores citados, se dá 
principalmente por questões socioeconômicas. 
 A epidemiologia da patologia é de suma importância, pois ao conhecer a 
prevalência de gestantes susceptíveis à Toxoplasmose nos vários estados brasileiros 
(por exemplo) ou as demais pessoas com risco/ou infectadas da doença, e ao 
considerar os fatores de risco para cada região, é possível implementar estratégias 
de controle eficazes. Em 2010 foi feita uma estimativa sobre a distribuição regional da 
Toxoplasmose Congênita de 1/1.613, variando de 1/1547 a 1/495 em diferentes 
estados. Os mais afetados foram Pará, Rondônia, Mato Grosso e Maranhão. Já os 
estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e alguns do Nordeste 
apresentaram uma baixa prevalência. Estes estudos demonstram o déficit de políticas 
de saúde e de educação para a prevenção e controle da toxoplasmose Congênita no 
Brasil (VAZ et al. 2011). 
 
2.3.3. Vias de Transmissão 
Segundo Perdoncin et al. (2010) o T. gondii é a espécie causadora da patologia 
denominada de Toxoplasmose, pertencente ao gênero Toxoplasma. O hospedeiro 
definitivo do parasito é o gato, ou outros felinos selvagens e domésticos, mas apesar 
disso há uma extensa variedade de hospedeiros intermediários. A infecção pelo 
Toxoplasma gondii já foi registrada em valor aproximado de mais de 300 especies de 
‘36 
 
 
mamíferos; como carnívoros, herbívoros, insetívoros, roedores e 30 espécies de aves. 
A maioria deles são contaminados pela ingestão de outros animais infectados por 
Toxoplasma. A contaminação em seres humanos é geralmente por meio de gatos. 
 De acordo com Pasquali (2010) há estudos epidemiológicos nos Estados 
Unidos que apresentam situações em fazendas onde gatos são mantidos fora dos 
galpões onde estão os suínos, resultando por reduzir a infecção nessas criações, 
comprovando a prevalência do parasito em seu hospedeiro definitivo. Porém, a 
contaminação pode estar também relacionada ao contato com fezes de felídeos e o 
consumo de carne malcozida infectada por cistos desse parasito, sendo esta, em 
determinadas regiões, uma das principais vias de transmissão de T. gondii para 
humanos. 
 
2.3.4. Ciclo de Vida 
Ainda de acordo aos estudos de Perdoncini et al. (2010), subjetivamente todos 
os animais de sangue quente podem ser hospedeiros intermediários, mas o ciclo 
somente é completo em membros da família Felidae, os quais são os hospedeiros 
categóricos. Em consonância, Martins (2002), diz que a fase sexuada do parasita 
acontece no epitélio intestinal desses animais, gerando a síntese de oócitos que serão 
eliminados nas fezes. Assim que ocorre a esporulação do oócito, oito esporófitos são 
criados, e estes ficam viáveis em solo úmido por cerca de um ano, fazendo com que 
tanto oócitos quanto esporocistos possam ser ingeridos pelo homem e outros 
hospedeiros intermediários. Nesta etapa inicia-se a fase assexuada do ciclo. Ao 
ingerir, os esporófitos penetram o epitélio intestinal sendo transformados em 
taquizoítos. É nessa forma que ocorre a infecção sistémica. Os taquizoítos atuam da 
seguinte maneira: primeiro infectam e replicam-se em todas as células dos mamíferos, 
restringindo os eritrócitos. Depois dividem-se dentro da célula provocando a sua lise 
e consequentemente liberando taquizoítos a mais, levando a sua disseminação pelos 
demais tecidos. 
 A resposta imunológica do hospedeiro consegue expulsar grande parte 
desses invasores. Porém, de sete a dez dias após a infecção os taquizoítos 
transformam-se em quistostecidulares que podem permanecer em órgãos ao longo 
de toda a vida do infectado. O ciclo de vida fica completo quando os animais felinos 
‘37 
 
 
ingerem quistos tecidulares contidos nos hospedeiros intermediários (roedores ou 
aves), iniciando-se de novo a respectiva fase sexuada do ciclo de vida. (MARTINS, 
2002). O ciclo de vida do Toxoplasma está representado na figura 6: 
 
Figura 6: ciclo de vida do Toxoplasma. Fonte: CDC 
 
2.3.5. Patogenicidade 
Com os diferentes estágios do parasito, Barros et al. (2012) cita em sua obra 
que não se pode determinar apenas um limiar de patogenicidade do T. gondii pois 
seus efeitos poderão ser graves ou não, e até mesmo fatais, variando de caso em 
caso, a depender do hospedeiro, de cada fase de ciclo de vida do parasito, a via de 
inoculação e a quantidade do agente dentro do hospedeiro. 
 Após a invasão do T. gondii, ocorre o processo de fixação na célula do 
hospedeiro através de três organelas fundamentais: roptria, micronema e os grânulos 
densos. Essas organelas somadas a um conjunto de proteínas formarão um complexo 
membranar da célula infectada, gerando então o vacúolo parasitóforo e este resultará 
em ambiente estável e com nutrientes para ocorrer a replicação e estabelecimento do 
parasito na célula. Além desta função, as proteínas têm grande importância para o 
parasito atuando no recrutamento de mitocôndrias e retículo endoplasmático, e 
estreitamento e apreensão das vesículas lisossomais para dentro do vacúolo. De 
acordo com Barros et al. (2012) o T. gondii é responsável por outras alterações na 
‘38 
 
 
célula do hospedeiro, como provocar a expressão de proteínas anti-apoptóticas para 
manter a integridade da célula infectada e assim manter-se com nutrientes acessíveis, 
e a inativação de caspases pró-apoptóticas. 
A figura 7 retirada de Barros et al. (2012) mostra: 
 
Figura 7: Mecanismos específicos de patogenicidade do T. gondii. 
Fonte: Barros et al. (2012). 
 Dado o momento em que as células imunes trafegam nos tecidos a T. 
gondii migra para o linfócito, o qual volta para a circulação sistêmica. Dentre três 
linhagens coloidais a mais virulenta e com maior disseminação é a do tipo I, mais 
associadas a fase aguda da doença. As cepas de tipo II e III são menos virulentas, 
possuem maior taxa de crescimento e são associadas diante de fase crônica da 
doença. 
 Para Barros et al. (2012) é muito importante para entender o grau de 
patogenicidade a análise do desenvolvimento dos bradizoítos, em seu processo de 
expressão de proteínas que retardam o crescimento e escapam da resposta 
imunológica do hospedeiro, e a diferenciação dos mesmos em relação aos 
taquizoítos. 
 
 
‘39 
 
 
2.3.6. Mecanismos da Resposta Imune 
De acordo com o que diz Neves et al. (2005), durante o período de infecção, 
dar-se início a formação de anticorpos específicos e o desenvolvimento de 
mecanismos imunes celulares que são responsáveis pela destruição dos taquizoitos 
extracelulares. Como resultado, durante a fase crônica da toxoplasmose, somente os 
bradizoítos resistem e são responsáveis pela manutenção de títulos sorológicos que 
podem durar toda a vida do hospedeiro. 
Ainda seguindo a literatura de Neves et al. (2005), a produção de 
imunoglobulinas da classe IgM aparece no início seguida de IgG, após a infecção do 
hospedeiro. As imunoglobulinas da classe IgG podem ser detectadas pelas reações 
sorológicas dentro de oito a 12 dias após a infecção pelo T gondii. A produção de IgM 
geralmente é de pouca duração. A pesquisa de IgM em recém-nascidos é utilizada 
para o diagnóstico de toxoplasmose congênita, pois, não atravessa a placenta e 
quando presente no soro indica a produção pelo próprio feto, em resposta a uma 
infecção pelo T gondii. A infecção, via oral, em alguns hospedeiros pode resultar na 
formação de anticorpos IgA. Apesar dos altos títulos de anticorpos verificados em 
infecções humanas e animais, os mesmos, nem sempre conferem imunidade 
protetora ao hospedeiro. Quando se inicia a infecção de T gondii, os taquizoítos 
atingem o interior de células onde se multiplicam. A multiplicação do parasito em 
macrófagos é inibida quando ocorre a fusão entre fagossomos e lisossomos. Os 
taquizoítos estimulam os macrófagos a produzir interleucina (IL- 12) que por sua vez 
ativa as células natural killer (NK) e células T que produzem o interferon - y (IFN-y) 
que são essenciais para a resistência. IFNy e fator de necrose tumoral (TNF) agem 
conjuntamente para mediar o ataque dos taquizoítos pelos macrófagos. A combinação 
dessas duas citocinas resulta numa grande produção de óxido nítrico (NO), os quais 
podem acarretar a morte dos parasitos. Entre as populações de células T, CD8+ são 
consideradas as células efetoras maiores, responsáveis pela proteção contra T gondii, 
com as células CD4+ atuando em sinergismo. Macrófagos e IFN-y são componentes 
importantes na imunidade contra T gondii. 
 
‘40 
 
 
2.3.7. Profilaxia 
Para Neves et al. (2005) as medidas profiláticas são de difícil aplicação, no 
entanto sólidos, como: não ingerir carne crua ou mal cozida, exercer controle da 
alimentação e higiene dos animais nas fazendas, garantir uma alimentação saudável 
para animais domésticos (carne cozida ou seca, ou com rações de boa qualidade, 
principalmente se tratando de gatos). Além disso, todas as gestantes devem fazer o 
exame pré-natal para toxoplasmose. 
 Segundo os estudos de PRADO et al. (2010), a educação sobre 
comportamentos preventivos para as gestantes não imunes e suscetíveis é 
fundamental para a preventiva, assim como o acompanhamento e orientação médica. 
Deve ser feita a avaliação clínica completa no recém-nascido logo após seu 
nascimento, o acompanhamento sorológico e o acompanhamento clínico (incluindo 
exame oftalmológico) por, no mínimo, um ano. 
 Os cuidados em lavar as mãos ao manipular carne crua, evitar o consumo de 
água não filtrada e de leite não pasteurizado, assim como de alimentos expostos às 
moscas, baratas, formigas e outros insetos, são hábitos importantes para evitar a 
infecção, assim se prevenindo (PRADO et al., 2010). Os donos de gatos devem se 
comprometer a não permitir acesso do animal à rua, pois aumenta as chances de 
adquirir o parasita. As fezes devem ser coletadas e descartadas diariamente para 
evitar que os oocistos esporulem e se tornem infectantes. 
 
2.3.8. Manifestações Clínicas 
 Segundo Amendoeira, Coura, Camillo (2010), a infecção por T. gondii em 
indivíduos adultos imunocompetentes é, geralmente, autolimitada e assintomática, ou 
subclínica. Quando sintomática, pode apresentar um quadro clínico variável que dura 
de semanas a meses, caracterizado por linfadenopatia, sensação de fadiga, mialgia, 
febre, cefaléia, artralgia e anorexia (manifestações clínicas semelhantes a uma 
síndrome de mononucleose). Mas raramente, pode ocorrer exantema generalizado. 
Alguns indivíduos podem apresentar retinocoroidite já na fase aguda. Sendo na 
maioria das vezes assintomática, ou apresentando um quadro clínico inespecífico, a 
infecção toxoplásmica aguda primária passa quase sempre despercebida. 
‘41 
 
 
 
2.3.9. Diagnóstico 
De acordo com o trabalho literário de Neves et al.(2005) o diagnóstico pode ser 
clínico ou laboratorial. Segundo Bras et al. (2005), O diagnóstico da infecção por fal 
pode ser por via indireta (métodos sorológicos) direta (PCR: reação em cadeia da 
polimerase, hibridação, isolamento e anatomopatologia). Diante de casos agudos o 
paciente pode vir a óbito ou evoluir para a fase crônica. Podendo esta ser uma doença 
com manifestação assintomática, é de suma importância confirmar a suspeita clínica 
com exames laboratoriais. Neves et al. (2005) destaca ainda que durante a fase aguda 
a forma encontrada em sangue é o taquizoíto, com maior evidência após 
centrifugação e quando corado pelo método de Giemsa para análise de esfregaço. 
Também podeser feito exame laboratorial diante de fase crônica com metodo raro e 
passível de dificuldades na diferenciação de outros parasitos, efetuado com material 
de biópsia tecidual inoculado em camundongos ou análise histopatológica. 
 Kompalic-Cristo, Britto e Fernandes (2005) aponta que dentro do 
sorodiagnóstico, utilizado com fuequência em pacientes gestantes para prevenir a 
doença, técnicas distintas possuem propriedades para detectar tais anticorpos no 
sangue dos pacientes. Os tipos de testes são: imunofluorescência, hemoaglutinação, 
immunosorbent agglutination assay (ISAGA), enzyme-linked immunosorbent assay 
(ELISA) ou microparticle enzyme immunoassay (MEIA), que possui um papel de 
destaque entres os métodos diagnósticos. Já o isolamento do parasito pode ser feito 
com a inoculação em camundongos, sendo mais sensível, porém requer duração de 
três a seis semanas e manutenção de animais em biotérios. No PCR, vários estudos 
demonstram a capacidade desse exame em amplificar fragmentos específicos de 
DNA a partir de fluidos corporais diferentes, tais como sangue, líquido amniótico, 
liquor, humor aquoso, fluido de lavado bronco-alveolar e até urina. Todavia, a PCR só 
será positiva em casos de parasitemia; ou seja, em casos de toxoplasmose cerebral 
ou pulmonar, a PCR será útil apenas quando houver disseminação ou passagem do 
parasito para o sangue, assim como ocorre na fase aguda. 
 
‘42 
 
 
2.3.10. Tratamento 
O tratamento contra a toxoplasmose ainda é muito discutido, pois as drogas 
eficazes possuem alta toxicidade. De acordo com a literatura de Rey (2008) há uma 
combinação de fármacos que se mostraram eficazes contra a doença: sulfonamida 
com pirimetamina. A quimioterapia é supressiva e indicada para tratamento de lesões 
em atividade. 
Rey (2008) destaca que a sulfadiazina é a mais utilizada, em adultos e em 
crianças a dose recomendada é de 100 a 125 mg/kg/dia, dividida em quatro doses e 
por via oral, durante quatro semanas (recomenda-se diminuir o tempo de tratamento 
caso apresente sintomas de toxicidade). A pirimetamina deve ser administrada em 
associação com as sulfas, e em adultos a dosagem recomendada é de 75 a 100 mg 
durante 10 dias, reduzindo para 50 mg por mais 10 dia e em seguida 25 mg/dia; para 
crianças é recomendado 2 mg/kg/dia em duas doses, a cada 12 horas. O tratamento 
em imunocompetentes não é necessário, desde que a infecção seja subclínica e o 
sistema imunológico do paciente não esteja debilitado. Em imunocomprometidos, 
como aidéticos, a recomendação é a associação de fármacos. As gestantes que 
apresentarem suspeita de infecção devem ser imediatamente tratadas com 
espiramicina, que é ministrada para prevenir a transmissão do T gondii da mãe para 
o feto. A etapa seguinte deverá ser investigar a infecção do feto pelo protozoário. 
 Se a infecção toxoplásmica fetal for confirmada, o tratamento específico da 
mãe é feito com pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico. Nos casos em que a 
infecção fetal não for confirmada, o tratamento com espiramicina poderá ser 
continuado durante toda a gestação. Em cães e gatos, pode-se também usar as 
sulfonamidas ou combinações sinérgicas de sulfonamida e pirimetamina. Apesar de o 
tratamento controlar as formas de rápida proliferação, não há nenhuma droga capaz 
de eliminar os cistos teciduais de animais e humanos, que se mantêm viáveis por 
longo período, sendo que a infecção pode ser reativada em casos de 
imunocomprometimento (PRADO et al., 2011). 
 
 
‘43 
 
 
2.4. LESHIMANIOSE: Leishmania 
 
2.4.1. Agente etiológico e sua morfologia 
Penna (2005) destacou que há várias Leishmanias envolvidas na transmissão. 
No Brasil, as mais importantes são Leishmania Viannia braziliensis, Leishmania 
Leishmania amazonensis e Leishmania Viannia guyanensis. E o protozoário da família 
tripanosomatidae, gênero Leishmania, espécie Leishmania chagasi. Apresenta duas 
formas: amastigota (intracelular em vertebrados) e promastígota (tubo digestivo dos 
vetores invertebrados). 
O gênero Leishmania se correlaciona com protozoários parasitas, com um ciclo 
de vida digenético (heteroxênico), vivendo alternadamente em hospedeiros 
vertebrados e insetos (vetores), estes últimos sendo responsáveis pela transmissão 
dos parasitas de um mamífero a outro. Nos hospedeiros mamíferos, representados 
na natureza por várias ordens e espécies, os parasitas assumem a forma amastigota, 
arredondada e imóvel, que se replica obrigatoriamente dentro de células fagocitárias 
do sistema imunológico (Figura 8: a), promastigotas (Figura 8: b) e para mastígotas 
(Figura 8: c), LEVINE (1980) 
 
 
Figura 8: Formas encontradas no ciclo biológico de Leishmania. Fonte: Neves 
et al. (2005). 
 
‘44 
 
 
2.4.2 Epidemiologia 
De acordo com Neves et al. (2005) as espécies de Leishmania que parasitam 
o homem no Brasil possuem geralmente diferentes reservatórios naturais e vetores. 
Este fato pode ser explicado pela estreita relação que ocorre entre determinadas 
espécies de flebotomíneos e sua fonte alimentar. Deste modo, no mesmo ecótopo 
estão presentes o vetor e o hospedeiro reservatório. Assim, o ciclo epidemiológico de 
algumas espécies de Leishmania ocorre no topo das árvores entre animais arborícolas 
e vetores ali presentes, e que destes se alimentam, enquanto em outras espécies do 
parasito o ciclo ocorre .na base das árvores, no nível do chão entre roedores terrestres 
e vetores aí existentes. 
No Brasil, a LV (leishmaniose visceral) inicialmente tinha um caráter 
eminentemente rural e, mais recentemente as pesquisas se intensificando nessas 
áreas e no relata que vem se expandindo para as áreas urbanas de médio e grande 
porte. Ocorre em todos os estados, com maior incidência na Região Norte, sendo 
também conhecida por: Calaza, barriga d’água, entre outras denominações menos 
conhecidas. Ministério da Saúde (2014). As áreas de transmissão da doença no Brasil 
estão representadas na Figura 9. 
 
Figura 9: Áreas de transmissão da Leishmaniose. Fonte: na imagem. 
É conhecida comumente como doença própria de área de clima seco com 
precipitação pluviométrica anual inferior a 800 mm, e de ambiente fisiográfico 
composto por vales e montanhas, onde se encontram os chamados “boqueirões” e 
“pés-de-serra”. Contudo, com a urbanização da LV (leishmaniose visceral), 
‘45 
 
 
principalmente, nas periferias dos grandes centros urbanos, são áreas conhecidas de 
terra firme nas diferentes regiões e em faixas litorâneas do Nordeste. As 
transformações no ambiente, provocadas pelo intenso processo migratório, por 
pressões econômicas ou sociais, o empobrecimento consequente de distorções na 
distribuição de renda, o processo de urbanização crescente atua com o esvaziamento 
rural e as secas periódicas acarretam a expansão das áreas endêmicas e o 
aparecimento de novos focos. Este fenômemo leva a uma redução do espaço 
ecológico da doença, facilitando a ocorrência de epidemias, Ministério da Saúde 
(2014). 
 
2.4.3 Vias de Transmissão 
De acordo com o Ministério da Saúde (2006,2014), o modo de transmissão é 
através da picada de insetos transmissores infectados (vetores). Não há transmissão 
de pessoa a pessoa. No Brasil, a forma de transmissão é através da picada dos 
vetores (insetos transmissores) - L. longipalpis ou L.cruzi -infectados pela Leishmania 
(L.) chagasi. A transmissão ocorre enquanto houver o parasitismo na pele ou no 
sangue periférico do hospedeiro. 
O período de incubação é bastante variável tanto para o homem como para o 
cão. No homem: 10 dias a 24 meses, com média entre 2 a 6 meses. No cão: bastante 
variável, de 3 meses a vários anos com média de 3 a 7 meses, Ministério da Saúde 
(2006). 
Após análises realizadas pelo Programa Regional de Leishmanioses, 
juntamente com expertos em epidemiologia e discussão com os países, foi 
estabelecido um indicador composto a partir dos casos, incidênciae densidade, que 
foram estratificados ao segundo nível administrativo subnacional e validados a nível 
regional e de países (Figura 10): 
 
 
 
‘46 
 
 
Figura 10. Estratificação de risco de leishmaniose cutânea e mucosa, por segundo 
nível administrativo subnacional, Américas, 2014. Fonte: SisLeish-OPAS/OMS. 
 
2.4.4. Ciclo de Vida 
De acordo com Neves et al. (2005), as fêmeas dos mosquitos vetores, inoculam 
os horspedeiros vertebrados com as promastigotas durante a alimentação. A saliva 
desse inseto (Lutzomyia longipalpis) contém vasodilatadores (como o maxidilan) que 
têm ação quimiotática para monócitos e imunorregulador, com capacidade de interagir 
com os macrófagos, aumentando sua proliferação e impedindo a ação efetora destas 
células na destruição dos parasitos e facilitando o contágio. 
 As formas promastigotas metacíclicas são resistentes a lise pelo complemento 
e elas podem ainda interagir com outras proteínas do soro para ativá-lo, facilitando a 
adesão a membrana do macrófago. A internalização de Leishmania se faz através da 
endocitose mediada por receptores na superfície do macrófago. As promatígotas 
metacíclicas utilizam a opsonização com C3b e C3bi e para se ligarem a CR1 e CR3 
no macrófago. Estes receptores gerenciam a fagocitose, sem estimular o aumento da 
atividade respiratória celular e a consequente geração de radicais livres. Através 
deles, o parasito pode ser prontamente internalizado pelas células de Langerhans da 
derme, embora não se reproduzam aí. (NEVES et al., 2005). 
Ainda em Neves et al. (2005), encontramos que, após a internalização, o 
promastigota metacíclico é encontrado dentro do vacúolo parasitóforo. A promastígota 
transforma-se em amastígota, capaz de desenvolver e multiplicar no meio ácido 
encontrado no vacúolo digestivo, então a amastígota inicia o processo de sucessivas 
multiplicações. Na carência do controle parasitário pela célula hospedeira, esta se 
rompe e as amastígotas liberadas serão, por mecanismo semelhante, internalizadas 
por outros macrófagos. 
A infecção para o hospedeiro invertebrado ocorre quando da ingestão, no 
momento do repasto sanguíneo em indivíduo ou animal infectado, das formas 
amastígotas que acompanham o sangue e/ou a linfa intersticial. No intestino médio do 
inseto, após cerca de 18-24 horas, as amastígotas se transformam em flagelados 
pequenos, ovóides, pouco móveis. Após aproximadamente três e quatro dias de 
‘47 
 
 
multiplicação intensa, ocorre a transformação em formas promastígotas delgadas e 
longas. Por volta de três a cinco dias o alimento é digerido e excretado. Neste tempo, 
já são encontradas formas flagelas migrantes na porção torácica do intestino médio. 
Esta migração é acompanhada pela transformação dos parasitos em (1) 
promastígotas curtas e largas livres na luz intestinal, (2) paramastígotas 
arredondadas, fixadas pelo flagelo a cutícula através de hemidesmossomos e (3) 
promastígotas metacíclicos. Atualmente, admite-se que o esgotamento de nutrientes, 
a digestão da hemoglobina e a eliminação de hemina, seguida da acidificação do meio 
estomacal sejam, provavelmente, fatores importantes na diferenciação das formas 
metacíclicas de Leishmania. (NEVES et al., 2005). 
O ciclo de vida da Leishmania está representado na figura 11: 
 
Figura 11: O ciclo de vida do Leishmania. Fonte: CDC. 
 
2.4.5. Patogenicidade 
Segundo Andrade (1984): A patogenia das doenças causadas pela 
Leishmanias, vem sendo ultimamente estudada sob vários aspectos de interesse 
mundial. sabendo que fatores do parasito-hospedeiro são decisivos para determinar 
‘48 
 
 
a forma clínica da infecção No que diz respeito à leishmaniose cutânea, as suas 
formas clínicas polares (a ulcerosa e a difusa), bem como os modelos experimentais 
em animais isogênicos, têm revelado que a resistência se correlaciona com uma 
imunidade celular que se expressa por uma reação de hipersensibilidade tardia aos 
antigenos do parasito, enquanto a susceptibilidade se correlaciona com a 
imunodepressão celular e ativação policlonal humoral . Neves et al. (2005) destacou 
a importância dos macrófagos: Ao serem fagocitadas, as promastígotas transformam-
se em amastígotas e iniciam reprodução por divisões binárias sucessivas; mais 
macrófagos são atraídos ao sítio, onde se fixam e são infectados. 
 
2.4.6. Mecanismos da Resposta Imune 
Neves et al. (2005), publicou que na modulação da resposta imune, o 
macrófago apresenta os antígenos aos linfócitos T CD4+, eles podem ser subdivididos 
em no mínimo duas subpopulações: Thl e Th2. A resistência do hospedeiro está 
associada a ativação seletiva e diferenciação de células efetoras T helper CD4+ (Thl), 
as quais secretam um padrão de citocinas específicas, IL-2, INF-y, IL-12 e TNF-a, 
chamadas citocinas préinflamatórias. Por outro lado, a vulnerabilidade a infecção está 
relacionada com a resposta de células CD4+ (Th2), que secretam citocinas 
específicas do tipo IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, TGF-p, e outras. Estudos recentes 
demonstram uma variação no padrão de resposta humoral de anticorpos da subclasse 
IgG, conforme as diferentes formas clínicas da leishmaniose tegumentar. Observa-se 
um aumento dos níveis de anticorpos IgG1 e IgG3 nas formas clínicas cutânea e 
cutaneomucosa, enquanto na forma cutâneo difusa observa-se um aumento nos 
níveis de IgG4 e IgG 1. 
O esquema abaixo, encontrado na literatura de Neves et al. (2005) nos mostra 
os possíveis padrões de resposta Thl1xTh2, que podem ser observados em diferentes 
acometimentos da infecção por Leishmania sp. 
A) Os macrófagos fazem a apresentação do antígeno de Leishmania sp. aos 
linfócitos. 
B) Após a apresentação, linfócitos T “helper" podem desempenhar dois tipos 
distintos de resposta. 
‘49 
 
 
C) A resposta Th1 é caracterizada por um perfil de citocinas típicos com 
aumento do INF-y enquanto na resposta Th2 é observado um aumento da IL-10 e IL-
4. 
D) O padrão de resposta Th2 parece induzir atividade policlonal de células B 
nas leishmanioses difusa e visceral. 
Esse mecanismo está ilustrado na figura 12: 
 
Figura 12: Mecanismo da resposta imune Leishmania. Fonte: Neves et al. 
(2005). 
 
 2.4.7. Profilaxia 
O conhecimento das interações entre mudanças do meio ambiente urbano e os 
flebotomíneos (Phlebotominae) vetores constituem um pré-requisito para o 
desenvolvimento de ações apropriadas de prevenção e estratégias de controle. Um 
dos fatores de risco mais importantes na aquisição da LV (leishmaniose visceral) é a 
exposição ao inseto vetor. O Lutzomyia longipalpis é uma espécie que se perpetua 
em diferentes biótopos e nenhuma outra espécie de flebotomíneo do Novo Mundo é 
tão sinantrópica. O controle do vetor tem sido baseado no uso de inseticida 
direcionado para as formas adultas, uma vez que os criadouros da espécie são pouco 
conhecidos, também o uso de portas e janelas com proteção de telas e camas com 
mosquiteiros. Além disso, foram tentadas experiências baseadas no controle do vetor 
e centradas no reservatório canino, como os experimentos recentes com coleiras 
impregnadas com deltametrina (inseticida piretroide), que têm mostrado resultados 
promissores na proteção dos animais, com conseqüências na transmissão. Sendo que 
‘50 
 
 
uma nova vacina desenvolvida na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e já testada 
em campo, foi capaz de proteger 92- 95% dos cães vacinados contra LV, a vacina 
FML, está sendo industrializada e comercializada com o nome de Leishmune, 
(GONTIJO e MELO 2004) 
 
2.4.8. Manifestações Clínicas 
Neves et al. (2005), justifica que a leishmaniose tegumentar americanca, pode 
ser vista de amplos espectros, podendo mudar de lesões resolutiva a lesões 
desfigurantes. Onde o estado imunológico do paciente está ligado intimamente com 
às espécies de Leshmania. Sabendo que, apesar de uma vasta variedade de 
manifestações clínicas encontradas em pacientes com

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