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Universidade Católica de Santos Teoria e história da arquitetura e do urbanismo V Prof.: Denis Ferri Jamile Leite de Santana – 9366704 CURTIS, William J.R. Walter Gropius, o expressionismo alemão e a Bauhaus. In Arquitetura moderna desde 1900. O fim da Primeira Guerra Mundial marcou a derrota da Alemanha. As consequências trazidas por esta derrota foi um país destruído e endividado, dando início a um processo inflacionário cujo resultado foi o desmoronamento do mercado imobiliário. Na Alemanha, a reação ao caos econômico foi a revolução, e essa também trouxe uma polarização dos radicalismos políticos da esquerda e da direita. Nas artes, grupos de visionários redigiam seus manifestos com base naqueles dos grupos de trabalhadores radicais, e esperavam que a revolução política pudesse ser acompanhada pela cultura. A Alemanha, antes da guerra, possuía uma das piores condições de vida para os operários, pequenos empregadores e funcionários na Europa. Essas condições haviam piorado muito mais em função dos anos em que nada fora construído e principalmente pela própria destruição produzida pela guerra. A “moradia para todos” era um dos direitos fundamentais da Constituição de Weimar, que instituiu a primeira república na Alemanha em 1919. Os métodos de produção e a arquitetura industriais influenciaram as construções da época. Isso permitiu grandes experimentações nos campos urbanístico, arquitetônico e habitacional, sendo elaborados planos para as principais cidades e construção de grande quantidade de habitações sociais. Mas, alta inflação da moeda contribuía para o espírito permanente na Alemanha, ao minimizar as possibilidades reais de se construir, e assim, os arquitetos da Alemanha se voltaram para criação de projetos que não saíram do papel, nos quais previam a imagem de uma nova sociedade. No entanto, Gropius foi quem entendeu este espírito dividido do período da oscilação entre o desespero provocado pelo colapso interno, a esperança na construção de uma nova e radiante edificação social. Gropius, nascido em Berlim, em 1883, estudou em institutos técnicos em Munique e posteriormente na Universidade de Charlottenburg, em Berlim, no início do século 20. Após uma longa viagem pela Espanha, França, Inglaterra e Dinamarca, e depois de cumprir o serviço militar obrigatório, ingressa no escritório de Behrens, onde trabalha por cerca de três anos até virar seu primeiro assistente. É lá que toma contato, pela primeira vez, com a problemática da projetação, da industrialização e da fabricação em série. Trabalhavam lá alguns jovens ainda desconhecidos como Ludwig Mies Van der Rohe e Charles Jeanneret, imortalizado posteriormente como Le Corbusier. Após esse breve período, Gropius desenvolve, entre 1910 e 1914, uma brilhante atividade profissional independente. O primeiro grande projeto desse período é a Fábrica Fagus, que explora uma abordagem espacial, plástica e construtiva totalmente original. A primeira guerra mundial interrompe bruscamente o trabalho de Gropius, que é chamado a servir no exército como um oficial da cavalaria. Com o fim da guerra, em 1918, com apenas 35 anos, Gropius vem a acumular os cargos de diretor da Escola Granducal de Artes e Ofícios e da Granducal Academia de Artes. A unificação que promove das duas escolas, formando a Staatliches Bauhaus, já demonstrava as intenções do arquiteto. Em seus poucos anos de existência, preparou mais de 500 aprendizes, e o peso da sua influência, difundida em toda a Europa Ocidental e na América, com a transferência de Gropius para Harvard, foi ainda muito superior à sua efetiva existência. Uma característica que difere a obra de Gropius da de seus contemporâneos Frank Lloyd Wright ou Mies van der Rohe é a profunda preocupação com os problemas sociais. E isso se mostra não só nos conjuntos de habitações operárias ou grandes projetos urbanísticos, como também n o resultado plástico que sua obra adquire e que o afastam de uma linguagem mais pessoal e subjetiva. Em 1928, para retomar à sua plena atividade como arquiteto, Gropius passa adiante a direção da Bauhaus. Fugindo do regime nazista, Gropius vai para Londres em 1934, onde permanece por três anos projetando diversos edifícios que influenciaram significativamente a arquitetura moderna inglesa. Apesar do sacrifício pessoal de um exílio, sua ida à Inglaterra não teve consequências sensíveis e m sua atividade profissional. Da mesma maneira, sua genialidade não sofre com a nova transferência do arquiteto, em 1937, para os Estados Unidos. Os projetos para a sua própria casa em Cambridge, em 1937, e para uma cidade operária em New Kensington, em 1941, mostram uma perfeita inserção no novo ambiente em que vivia nesse momento. Gropius é convidado a ser professor e, um ano depois, diretor da Universidade Harvard, onde leciona por 15 anos. Em 1946, o arquiteto forma o escritório Architects Collaborative que, por aproximadamente uma década, faz muitos projetos nos Estados Unidos, Grécia, Alemanha e uma série de outros países. Nesse período de pós-guerra, entretanto, a qualidade e a originalidade demonstradas nos primeiros anos na Europa não são alcançadas. A proposta para a Nova Universidade de Bagdá é um dos maiores e mais significativos desse período de sua carreira. São dessa época também o projeto do edifício de apartamentos no bairro Interbau, em Berlim, a sede da embaixada americana em Atenas e o edifício sede da Pan Am, em Nova York. Após 1952, Gropius deixa a Universidade de Harvard para se dedicar com ainda maior intensidade à atividade profissional. Mesmo a assim, Gropius continua com sua vida acadêmica como professor emérito dessa universidade (1952), professor honorário da Escola Nacional de Engenheiros em Lima, Peru (1953) e como membro do visiting comitê e da Escola de Arquitetura do MIT (1953-55). Até morrer em julho de 1969, aos 86 anos de idade, Gropius foi membro honorário de mais de uma dezena de institutos de arquitetos no mundo todo, além de possuir um sem número de importantíssimas premiações internacionais. O Movimento Expressionista surgiu na Europa, no início do século XX, como uma tendência contrária ao Impressionismo, sendo que o primeiro a dotava uma atitude relacionada à vontade do sujeito, enquanto o segundo manifestava uma atitude sensitiva. A arquitetura expressionista se desenvolveu no clima agitado do pós-guerra alemão. Nesse contexto, duas tendências acabaram ajudando na disseminação do expressionismo, por um lado, os experimentos feitos pelo art nouveau encorajaram uma visão extravagante que, embora se restringisse as inovações decorativas e não estruturais, com certeza ajudou a fazer da fantasia um componente válido do design. Por outro lado, as novas tecnologias estavam oferecendo muitos materiais modernos, como vigas de ferro, concreto armado e vidro em chapas. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, Walter Gropius entendia que havia a necessidade de uma nova era na arquitetura, mas que não poderia ser concebida pelos ideais de sua geração. Seria necessária uma escola onde houvesse colaboradores ativos que auxiliassem na formação de uma nova geração de arquitetos que transformariam o conceito dessa área. Logo, em 1919 surge a Bauhaus na cidade de Weimar na Alemanha, com o seu foco voltado para a vida, como resultado da fusão da Academia de Belas Artes com a Escola de Artes Aplicadas. Essa escola quis redimensionar o valor do artesanato em uma sociedade dominada pela máquina e sua respectiva produção em massa. Nesse propósito, o primeiro manifesto da Bauhaus foi lançado com a sua capa, reproduzida por Lyonel Feininger, voltada para a corrente do expressionismo, justamente para transparecer a ideia de algo “inatingível” construída em nosso imaginário, através de recortesque formulam uma catedral de cristais. Consequentemente, junto de outros mestres, foi instaurado um método de ensino que priorizava um aprendizado único de cada estudante, sem meras cópias de seus professores, ela não pode ser ensinada, mas deve ser compreendida com o auxílio dos mestres. Para isso, os alunos passavam por alguns processos inseridos por Gropius, já definidos em suas experiências na Werkbund, os quais uniam a estética com o utilitário. Inicialmente, os estudantes desaprendiam alguns hábitos e eram influenciados a adotar materiais naturais e formas abstratas através de um curso básico nomeado Vorkurs. Entretanto, para capacitar esses jovens, o arquiteto fundador da Bauhaus preza o incentivo à criação desde a infância. A escola precisa motivar as crianças através das suas fantasias, para assim priorizar a produção de novas ideias. Como a Alemanha vivenciava um período crítico de reconstrução em sua história, os alunos praticavam com materiais disponíveis gratuitamente e não trabalhavam com projetos para clientes devido à falta de bons negócios. Porém, em 1920, Walter Gropius foi contratado para projetar uma casa para Adolf Sommerfeld, onde utilizou alguns dos trabalhos de seus alunos, frisando aqui o material em madeira utilizado por Marcel Breuer, que se tornaria um dos professores da escola. Portanto, na Bauhaus, os professores implantaram um sistema de transmissão de conhecimento acadêmico de todas as áreas da arte aliada à experiência. Experiência esta que não se resumia a trabalhos em escritórios, mas a participação na execução da obra para assim remodelar a importância do arquiteto em uma sociedade onde, no século XX, 80% do s edifícios nos Estados Unidos não contavam com esse profissional. Durante a década de 1920, os nazistas se opuseram à ideologia da Bauhaus, visto que eram reconhecidos na cidade por uma “degradação cultural”. Em decorrência disso, Gropius viu a necessidade de uma nova sede, oportunizada na cidade de Dessau. Para esse novo local, o arquiteto projetou um edifício exemplar para atrair a confiança do povo alemão novamente. O novo edifício da Bauhaus é reconhecido por suas formas geométricas e suas fachadas com particularidades funcionalistas, demarcando características de uma arquitetura modernista. O complexo foi dividido em três alas principais unidas por um elemento de ponte: ateliês, escola técnica e habitação estudantil. Gropius não trabalhou com fachadas decorativas, mas apegou-se a meios que pudessem transmitir a função do interior para quem estivesse visualizando o prédio do exterior. Logo, percebe-se que as aberturas nos apartamentos estudantis são individuais, destinando-as a uma maior privacidade, enquanto as janelas do bloco de salas de aulas são horizontais, para assim obter iluminação adequada. Já os ateliês possuem uma vasta frente de vidro, permitindo o máximo de luz e vista do interior a partir do exterior. O arquiteto deixou a direção da escola em 1927, onde construiu um legado de cunho expressionista. Sua relação com a máquina já havia sido modificada, ele mesmo afirmava que ela de veria ser um meio moderno de projeto. Logo, em 1927, Hannes Meyer assume a diretoria da Bauhaus, como sucessor de Walter Gropius. Meyer insistia num processo de construção que levasse em conta as necessidades humanas – biológicas, intelectuais, espirituais e físicas. Portanto, sua arquitetura era voltada para o funcionalismo e conforto. Meyer redimensionou a Bauhaus após o seu comando. Ele modificou alguns métodos de ensino e valorizou a arquitetura dentre as várias áreas que eram lecionadas na escola. Devido à situação crítica da Alemanha, Meyer quis adequar os projetos desenvolvidos a economia do país (preços mais baixos). Logo, houve uma extrema valorização da indústria e sua respectiva produção em massa. Em 1930, Hannes Meyer foi demitido da Bauhaus devido a sua grande alusão ao comunismo, o que ameaçava a existência da escola. Logo, de 1930 até 1933, ano de fechamento da Bauhaus, Mies van der Rohe assumiu a liderança. Mies van der Rohe, muito antes de ser o diretor da escola, já havia desenvolvido vários projetos que traçavam o seu modo de ver a arquitetura. Em 1922, ele projetou um arranha-céu de vidro, o qual enfatiza uma arquitetura “pele e osso”, como ele gostava de se referir. Essa arquitetura “pele e osso” era assim chamada devido aos seus projetos que eram conhecidos como estrutura e membrana externa. Dentre todos os detalhes, existia um grande vazio no espaço que, segundo o arquiteto, deveria ser preenchido pela vida. Em 1932, os nazistas queriam fechar a escola, por isso Mies van der Rohe transferiu-a para um prédio industrial em Berlim. Porém, em 1933, a Bauhaus foi oficialmente fechada pelos nazistas, encerrando um longo período de atividade. Entretanto, os arquitetos que nela atuaram continuaram a propagar os seus métodos e ideais nos países para onde emigraram. Podemos destacar que embora Walter Gropius não quisesse propagar um novo estilo arquitetônico e sim um método de ensino, a Bauhaus teve grande influência no surgimento da arquitetura moderna. Esse movimento é o reflexo das grandes inovações técnicas que começam a surgir no fim do século XIX e se caracteriza pelo uso de formas simples e geométricas, ausência de ornamentos e o emprego dos materiais em sua essência. Assim, o modo de pensar e fazer arquitetura muda de forma notável comparado com os movimentos do passado e influencia várias gerações de arquitetos pelo mundo.
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