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Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I TEORIA GERAL DA PROVA CONCEITO DE PROVA: Em sentido estrito: É elemento de convicção produzido sob o crivo do contraditório e ampla defesa, cuja finalidade é influenciar no convencimento do juiz, que tem o dever de motivar sua decisão com base no que lhe for apresentado pelas “partes” da ação penal, podendo ele próprio complementar o arcabouço probatório, na busca pela verdade real. Segundo Nucci, há, fundamentalmente, 3 sentidos para o termo prova: 1. Ato de provar: é o processo pelo qual se verifica a exatidão ou a verdade do fato alegado pela parte no processo – Ex.: fase de instrução 2. Meio: é o instrumento pelo qual se demonstra a verdade de algo – Ex.: prova testemunhal. 3. Resultado da ação de provar: é o produto extraído da análise dos instrumentos de prova, demonstrando a verdade de um fato. Provas ≠ Elementos de Informação: O inquérito policial é inquisitivo não há contraditório nem ampla defesa. Logo, o que se produz na fase pré-processual não são provas, mas elementos de informação. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Nos casos de provas cautelares, não repetíveis ou antecipadas, o contraditório e a ampla defesa serão aplicados, porém, de maneira postergada (divertido ou retardado). - Provas cautelares: São aquelas que, em razão da necessidade e urgência, devem ser praticadas, sob pena de que os elementos venham a ser perdidos. Exemplo: interceptação telefônica - Provas não repetíveis: São aquelas que não podem ser produzidas durante a fase processual, por pura impossibilidade material. Exemplo: perícias - Provas antecipadas: São aquelas produzidas em incidente pré-processual que tramita perante o magistrado, havendo a efetiva participação das futuras partes. Exemplo: Depoimento testemunho perpetuam rei memoriam São os chamados elementos migratórios do processo penal, assim denominados porque eles migram da investigação para o processo penal, autorizando que o juiz utilize em seu julgamento. Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I INDÍCIOS: Indícios são provas indiretas cujo valor é o mesmo das provas diretas. Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. Segundo Nucci, indício consiste na junção do raciocínio indutivo, que é o conhecimento ampliado pela utilização da lógica, (é um raciocínio de dados suficientemente enumerados que permite a inferência de uma verdade) com o raciocínio dedutivo. Exemplo: - Indícios podem condenar? Sim! Desde que sejam plúrimos (mais de um), concordes (no mesmo sentido) e incriminadores. Raciocínio indutivo Raciocínio dedutivo Raciocínio abdutivo -> INDÍCIOS Parede molhada de tinta + Roupa suja de tinta Aquela pessoa esteve no local Raciocínio abdutivo -> INDÍCIOS Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I PRESUNÇÕES: São derivadas de simples processo dedutivo. Não é meio de prova válido. Pres Hominis (do dia a dia) -------> Pres Legis (raciocínio colocado na lei) - Pres legis: 1. Juris et de juris: - Absoluta; - Não admite prova em contrário. Exemplo: Consciência da ilicitude do inimputável. 2. Juris tantum - Relativa; - Admite prova em contrário. Exemplos: Princípio da inocência ou da não culpabilidade/ Estupro presumido. OBJETO DE PROVAS: - Prova-se o que se alega, desde que pertinente. Exemplo: Não é pertinente saber se no momento do homicídio de Elisa Samúdio, o goleiro Bruno estava usando uma cueca branca com bolinhas azuis. Mas, no caso de um estuprador em série, que sempre praticava o crime usando uma cueca branca com bolinhas azuis, é importante provar que aquele suspeito/indiciado/réu tem uma cueca com essas características. - O que não precisa ser provas? - Normas de Direito Federal. Cuidado! Talvez seja necessário provar o direito estadual, municipal, alienígena (estrangeiro) ou consuetudinário (ex.: costume noturno em cidades diferentes). - Fatos axiomáticos: verdade incontestável ou evidente (ex.: o morto está morto!); - Fatos notórios: aqueles de conhecimento geral. Envolvem os evidentes e intuitivos. (ex.: feriados nacionais; lei da gravidade; o fogo queima). ATENÇÃO! O estado de pessoa (casado, viúvo, falecido) vincula a prova à lei civil, comprovado por meio de Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I CERTIDÃO. Logo, o estado de pessoa, mesmo sendo um fato notório, deve ser provado por meio de certidão. - Presunção legal absoluta: Não comportam prova em sentido contrário (menor de 18 anos é penalmente inimputável). - Fatos irrelevantes ou impertinentes: não dizem respeito à solução da causa. - Fatos incontroversos: No direito penal, trabalha-se com direitos indisponíveis, logo, mesmo os fatos incontroversos precisam ser provados. Ou seja, a confissão do réu não provoca os efeitos da revelia, presumindo-se verdadeiros os fatos alegados na inicial. O órgão acusatório há de provar a culpa do réu. - Destinatários da prova: a) Destinatário imediato Juiz b) Destinatário mediato 1) Titular da Ação Penal; 2) Réu. Princípio da aquisição processual (comunhão das provas). ÔNUS DA PROVA Ônus de provar trata-se do interesse que a parte que alega o fato possui de produzir prova ao juiz, visando fazê-lo crer na sua argumentação. Ônus não é um dever, em sentido formal, pois este não se constitui em obrigação, cujo não cumprimento acarreta uma função autônoma. Ferrajoli afirma que a acusação tem a carga de descobrir hipóteses e provas, e a defesa tem o direito (não dever de contradizer com contra-hipóteses e contraprovas). Assim, a partir do momento em que o imputado é presumidamente inocente, não lhe incumbe provar absolutamente nada. No entanto, segundo Aury Lopes Jr, ao se manter inerte, a defesa assume o risco pela perda de uma chance probatória. Ou seja, o réu que se cala, por exemplo, assume o risco decorrente da perda da chance de obter o convencimento do juiz da veracidade de sua tese. - Correntes: 1. A doutrina majoritária entende que prevalece no ordenamento jurídico o sistema de distribuição do ônus da prova entre a acusação e a defesa: Ao MP cabe provar: - Materialidade; Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I - Autoria; - Elemento subjetivo do tipo (dolo/culpa). Ao réu cabe provar: - Excludentes de ilicitude e culpabilidade; - Excludentes de punibilidade; - Elementos que mitigam a pena. Segundo afirmam os defensores dessa corrente, o contrário transformaria a produção de prova judicial em algo interminável, já que todas as causas de diminuição e todas as atenuantes deveriam ser igualmente rechaçadas pela acusação. Neste sentido: Tourinho Filho, Pacelli. Álibi é alegação feita pelo réu, como meio de provar sua inocência, de que estava em local diverso de onde ocorreu o delito, razão pela qual não poderia ter cometido. É, como regra, ônus seu provar o álibi, embora tal mecanismo não possa levar a isenção da acusação de demonstrar o que lhe compete, isto é, ainda que o réu afirma ter estado, na época do crime, em outra cidade, por exemplo, tendo interesse em produzir a prova cabível da situação, tal situação jamais afastará ao encargo da parte acusatória de demonstrar ao juiz a materialidade e autoria da infração penal. Esse tem sido tambémo entendimento majoritário nos Tribunais brasileiros, em especial do STJ: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. RECEPTAÇÃO. PLEITO ABSOLUTÓRIO. IMPROPRIEDADE NA VIA DO WRIT. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NÃO EVIDENCIADO. ART. 156 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. MANDAMUS NÃO CONHECIDO. 1. (...). 4. A conclusão das instâncias ordinárias está em sintonia com a jurisprudência consolidada desta Corte, segundo a qual, no crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do paciente, caberia à defesa apresentar prova da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do disposto no art. 156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em inversão do ônus da prova. Precedentes. 5. Habeas corpus não conhecido. (STJ - HC: 433679 RS 2018/0011150-0, Relator: Ministro RIBEIRO DANTAS, Data de Julgamento: 06/03/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/03/2018) Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I PENAL. PROCESSO PENAL. RECEPTAÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. ORIGEM ILÍCITA DEMONSTRADA. APREENSÃO DO BEM NA POSSE DO RÉU. ÔNUS DA PROVA. SENTENÇA MANTIDA. 1.Não prospera o pedido de absolvição por insuficiência de provas, quando o acervo probatório é seguro ao apontar o réu como autor do crime. 2. Cabe ao réu, flagrado na posse de bem produto de crime, o ônus de demonstrar que não tinha conhecimento de sua origem ilícita, mormente quando as circunstâncias apontam em sentido contrário. 3. Recurso conhecido e desprovido. (TJ-DF 20150310030435 DF 0002984-54.2015.8.07.0003, Relator: JESUINO RISSATO, Data de Julgamento: 14/06/2018, 3ª TURMA CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado no DJE: 20/06/2018. Pág.: 180/189) ☻Prova diabólica: É aquela impossível ou excessivamente difícil de ser produzida, a exemplo da prova de fato negativo. O princípio da impossibilidade da prova negativa baseia-se nos ensinamentos do direito canônico de que somente o Diabo poderia provar um fato negativo. Tal ideia fundamenta-se na seguinte situação: uma testemunha pode assegurar que não viu um réu cometer um crime. No entanto, é praticamente impossível que a mesma testemunha afirme que o réu nunca cometeu um crime (prova negativa, impossível ou diabólica). A “probatio diabolica” é implicitamente vedada ela regra de distribuição do ônus da prova prevista no artigo 156, caput, do CPP. Nesse contexto, a prova duplamente diabólica envolve situações em que a impossibilidade ou a dificuldade para a sua colheita atinge ambas as partes. São situações, pois, de inesclarecibilidade. 2. Contrariamente, doutrinadores como Aury Lopes Jr, Luiz Flavio Gomes e Nucci discordam de tal encargo imputado ao réu, sob o argumento de que a carga do acusador é de provar o alegado; logo, demonstrar que alguém (autoria) praticou um crime (fato típico, ilícito e culpável). Ou seja, para eles, incumbe ao acusador provar a presença de todos os elementos que integram a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade e, logicamente, a inexistência de causas de justificação. Paulo Rangel segue o entendimento citado alhures e acrescenta dizendo o seguinte: A doutrina, em maioria, ao estudar a divisão do ônus probatório, sustenta que a divisão do ônus é baseada no interesse da própria afirmação, ou seja, o ônus compete a quem alega o fato. Trata-se de uma visão exclusiva e isolada do art. 156 do CPP, com redação da Lei 11.690/08, em desconformidade com a Carta Política do País, pois há https://jus.com.br/tudo/direito-canonico Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I que se fazer, hodiernamente, uma interpretação conforme a Constituição. Assim, para esta corrente, o ônus da prova, portanto, deve ser analisado em coerência com os princípios preceituados pela Constituição Federal. Assim, pode-se afirmar que transferir o ônus da prova para o réu é, no mínimo, incoerente, visto que sua inocência é presumida. Cabe à acusação romper com essa presunção, fazendo prova de que ele é realmente autor do delito e que não agiu sob qualquer causa excludente. - Faculdade supletiva de produção de provas pelo magistrado: No ordenamento jurídico brasileiro é permitido que o juiz tenha iniciativa probatória (≠ ônus) para dirimir dúvidas que surjam no decorrer do processo. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. ATENÇÃO! A atuação do magistrado não pode substituir a atividade típica da acusação. Assim, por exemplo, se compete ao MP providenciar a juntada do exame do corpo de delito em crimes que deixam vestígios, sob pena de nulidade, em não ocorrendo tal juntada, não está autorizado o julgador a determinar, de ofício, a produção deste exame. Logo, a atividade do magistrado na produção de provas dever ser sempre complementar. Por outro lado, em proteção ao princípio do favor rei e pretendendo uma igualdade material (efetiva) entre as partes, a aplicação da regra em comento não encontra restrição na esfera de interessa da defesa: ainda que esta última não requeira a produção da prova, poderá o magistrado determinar de ofício a sua produção quando a mesma tiver o condão de favorecer o réu. ☻Síndrome de Dom Casmurro no processo penal (quadro mental paranoico): faz referência à obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, na qual Bento de Albuquerque Santiago (Bentinho) narra sua história de amor com Capitu e o ciúme que advém desse relacionamento, em virtude das dúvidas quanto à eventual traição de sua esposa com seu melhor amigo (Escobar). Assim, essa terminologia - quadros mentais paranoicos (Síndrome de Dom Casmurro) – foi criada para designar o juiz que, dotado de poderes investigatórios, primeiro decide e depois sai à procura de material probatório para alicerçar e justificar sua decisão. Ao proceder ao recolhimento da prova, o magistrado antecipa a formação do juízo quanto à solução do litígio, pois, assumindo a iniciativa probatória, saberá o que http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I almeja encontrar, gerando uma tendência que o desproverá da indispensável imparcialidade para apreciar os elementos carreados aos autos, comprometendo a estrutura dialética do processo. Nesse contexto, o magistrado passa a desenvolver quadros mentais paranoicos, pois, primeiro, define-se a hipótese (decide) e, depois, procuram-se os fatos (provas) que legitimem a decisão já tomada. Essa síndrome é fruto de um sistema inquisitivo puro, devendo ser absolutamente repudiada em um sistema acusatório como o brasileiro. MEIOS DE PROVA: Inicialmente, é importante esclarecer que vigora no ordenamento jurídico o Princípio da Liberdade Probatória, o qual estabelece que todas as provas, que não contrariem o ordenamento jurídico, podem ser produzidas no processo penal, ou seja, é possível, no processo penal, a atualização de todos os meios de provas lícitos. Deriva do princípio da busca pela verdade real. No entanto, existem fatos que o legislador determinou um meio específico de prova: 1. Estado de pessoas: É preciso usar a prova prescrita na lei civil (certidão) – casamento, menoridade, filiação, cidadania, etc. 2. Exame de corpo de delito: - Infração não transeunte (deixam vestígios); - Sua ausência pode ser suprida por prova testemunhal – JAMAIS CONFISSÃO.O CPP não apresenta um rol taxativo dos meios de provas lícitos. As provas disciplinadas nos artigos 158 a 250 se tratam simplesmente dos meios de provas nominados. Mas, além deles, existem os meios de prova inominados. a) Provas nominadas: A própria lei lhe concede um nome. a.1.Típicas: Tem um procedimento descrito no CPP para a produção da prova – Ex.: prova testemunhal. a.2. Atípicas: Não tem um procedimento pré-estabelecido para ser seguido – Ex.: reprodução simulada dos fatos. b) Provas inominadas: Inexiste denominação legal. Têm o mesmo valor probatório que as provas nominadas. Ex.: reconhecimento por meio de fotografia; inspeção judicial. ☻Prova anômala: é aquela utilizada para objetivos diferentes que lhe são próprios, com características de outra prova. Em outras palavras, é a prova típica Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I utilizada para fim diverso que a legislação lhe traz, com características de uma outra prova típica. Sendo assim, existe um meio e um procedimento para esta prova que não é respeitado, valendo-se de outro meio. Há um verdadeiro desvio de finalidade da prova, não sendo ela aceita no processo penal, já que implica em descaracterização do sistema probatório. Exemplo: O MP, em vez de arrolar testemunha presencial do crime como testemunha de acusação, colhe o seu depoimento nas próprias dependências do órgão e junta aos autos como prova documental. ☻ Prova irritual: Existe procedimento previsto em lei para a prova, mas ele não é observado. Como essa prova é produzida sem obediência ao modelo legal previsto em lei, trata-se de prova ilegítima, passível de declaração de nulidade. Embora o ato processual irritual enseje ilegitimidade, nem sempre determina a nulidade da prova, notadamente quando a sua feitura tenha atingido o fim sem violar direitos fundamentais e com o fito de melhor obtenção da prova (STJ – Primeira Turma – REsp 453.156/RS Rel. Min. Luiz Fux – DJ 17/03/2003). Todas as provas têm o mesmo valor VALOR RELATIVO. Ou seja, nem mesmo a prova pericial será considerada de forma absoluta, sendo permitido ao juiz discordar do laudo pericial, logo, não estando adstrito ao laudo, desde que fundamente seu entendimento. Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. PROVA EMPRESTADA: Por prova emprestada entende-se aquela obtida a partir de outra, originariamente produzido em processo diverso. É o instrumento pensado à luz do princípio da celeridade e economia processual. É preciso que se mantenha o contraditório e a ampla defesa, razão pela qual abrange o fato de ser constatado se as mesmas partes estavam envolvidas no processo em que a prova foi efetivamente produzida. •Processo "A" •Réu: TÍCIO Prova X = confissão •Processo "B" •Réu: TÍCIO Prova X = documento Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I A prova do processo “A” – confissão - é levada ao processo “B” como prova documental, cujo valor é o mesmo da prova originariamente produzida. Aplica-se por analogia o disposto no artigo 372 do CPC: Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. - A prova documental de um processo pode ser trasladada ao outro processo atual, desde que estes documentos sejam públicos ou particulares que não envolvam qualquer tipo de sigilo, não se encaixando nessa situação cópias de extratos bancários, documentos fiscais e outros protegidos. - A autorização judicial para quebra de sigilo bancário fiscal limita-se ao processo em questão, não se transformando em “públicos” para serem utilizados em outro processo criminal. ATENÇÃO! A prova produzida em um processo criminal poderá ser utilizada num processo administrativo disciplinar, desde que o réu seja o mesmo nos dois processos. (STF, Tribunal Pleno, Inq. 2.424/RI, rel. Cezar Peluso, DJe 24/08/2007). Informativo 815/STF - Inquérito e compartilhamento de provas: A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, deu provimento a agravo regimental em que se discutia a possibilidade de compartilhar provas colhidas em sede de investigação criminal com inquérito civil público, bem como outras ações decorrentes dos dados resultantes do afastamento do sigilo financeiro e fiscal e dos alusivos à interceptação telefônica — v. Informativos 780 e 803. O Colegiado, ao assentar a viabilidade do compartilhamento de provas, reiterou o que decidido no Inq 2.424 QO-QO/RJ (DJe de 24.8.2007) e na Pet 3.683 QO/MG (DJe de 20.2.2009), no sentido de que “dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova”. Vencidos os Ministros Marco Aurélio (relator) e Edson Fachin, que negavam provimento ao agravo regimental. O relator afirmava que, em face do contido no art. 5º, XII, da CF, não se poderia estender o afastamento do sigilo a Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I situações concretas não previstas. Já o Ministro Edson Fachin destacava que o compartilhamento de provas não seria, peremptoriamente, vedado, porém sua regularidade deveria ser examinada de acordo com o caso concreto. Inq 3305 AgR/RS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 23.2.2016. (Inq-3305) PROVA PROIBIDA (ILEGAL) A lei nº 11690/2008 inseriu o tratamento de prova ilícita no Código Processo Penal, assim dispondo: Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. A prova “ilegal” é o gênero, do qual são espécies a “prova ilegítima” e a “prova ilícita” (construção doutrinária). a) Prova Ilegítima: obtida com violação de regras de ordem processual. Acontece no momento da produção da prova (dentro do processo). Exemplo: utilização de prova nova no plenário do júri, sem ter sido juntada aos autos com antecedência mínima de três dias, violando a regra contida no art. 479 do Código de Processo Penal; laudo pericial realizada por um só perito não oficial. Após a reforma dada pela nova redação do artigo 157 do CPP, pela lei 11.690/2008, passou a existir uma divergência doutrinária acerca do tratamento dado às provas ilegítimas: 1ª Corrente: De acordo com a nova redação do artigo 157, são inadmissíveis as provas ilícitas, “assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”. Ou seja, pela nova redação conferida, é ilícita tanto a prova que viole disposições materiais quanto processuais. O que importa para caracterizar uma norma como ilícita é a violação de uma disposição constitucional ou legal. Nas palavras de Fernando Capez: “(...) a reforma processual penal distanciou-se da doutrina e jurisprudência pátrias que distinguiam as provas ilícitas das ilegítimas, concebendo como prova ilícita tanto aquela que viole disposições materiais como processuais”. Para Luiz Flávio Gomes, em decorrência do disposto no artigo 5º, LVI, da CF, somente seria aplicável às provas ilícitas ou ilícitas e ilegítimas ao mesmo tempo, ou seja, não se aplicaria para as provas (exclusivamente) ilegítimas. Para esta última valeria o sistema da nulidade, enquanto para as primeiras valeria o sistema da inadmissibilidade, o que geraria o desentranhamento da prova do caderno processual. Ambas as provas (ilícitas ou ilegítimas), em princípio, não valem, mas ossistemas seriam distintos. Essa doutrina já http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3305&classe=Inq&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3305&classe=Inq&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666854/artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/93621/lei-11690-08 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728274/inciso-lvi-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I não pode ser acolhida (diante da nova regulamentação legal do assunto). Quando o art. 157 (do CPP) fala em violação a normas constitucionais ou legais, não distingue se a norma legal é matéria ou processual. Qualquer violação ao devido processo legal, em síntese, conduz a ilicitude da prova. (Gomes, L.F. Lei 11.6900/2008 e provas ilícitas: conceito e admissibilidade. Disponível em: in Mendonça, Andrei Borges; Nova Reforma do Código de Processo Penal, Pág. 165.) 2ª corrente: Entende que o descumprimento da lei processual leva à nulidade do ato de formação da prova e impõe a necessidade de sua renovação, nos termos do que determina o artigo 573, caput, do CPP. Neste sentido é Antônio Magalhães Gomes Filho, veja-se: Não parece ter sido a melhor, assim, a opção do legislador nacional por uma definição legal de prova ilícita, que longe de esclarecer o sentido da previsão constitucional, pode levar a equívoco e confusões, fazendo crer, por exemplo, que a violação de regras implica ilicitude da prova e, em consequência, o seu desentranhamento do processo. O descumprimento da lei processual leva à nulidade do ato de formação da prova e impõe a necessidade de sua renovação, nos termos do que determina o artigo 573, caput, do CPP. (As reformas no processo penal, p.266). Aury Lopes Junior acompanha este entendimento ao afirmar que “as provas ilegítimas em que o vício se dá na dimensão processual (de ingresso ou produção) há possibilidade de repetição do ato. Neste caso, o que foi feito com defeito pode ser refeito e, portanto, validado pela repetição”. b) Prova Ilícita: É aquela que viola a regra de direito material ou a Constituição no momento de sua coleta, anterior ou concomitante ao processo, mas sempre exterior a este (fora do processo). A rigor, a prova ilícita nem entra no processo, ou se erroneamente admitida, deve ser desentranhada. Logo as provas ilícitas não são passíveis de repetição, pois o vício vincula-se ao momento em que foi obtida. Notadamente, as garantias da pessoa, elencadas na Constituição da República, se violadas, gerarão prova ilícita, conforme preceitua o art. 5º, LVI, da própria Constituição. Prova ilégítima 1ª corrente: Desentranhamento (art. 157/CPP) 2ª corrente: Nulidade (art. 573/CPP) http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/93621/lei-11690-08 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619247/artigo-573-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619247/artigo-573-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I Exemplos: provas obtidas com violação do domicílio, mediante tortura, por meio de interceptação ilegal de comunicação. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (...) §3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. O STF já decidiu que as peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita, a exemplo, no Tribunal do Júri, da denúncia, pronúncia e acórdão do recurso em sentido estrito, não devem ser desentranhadas do processo. Veja-se: Informativo 815/STF - Prova ilícita e desentranhamento de peças processuais. A Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário em “habeas corpus” no qual se pretendia o desentranhamento de peças processuais que fizessem referência a prova pericial obtida de forma ilícita. No caso, o paciente foi pronunciado pela prática dos crimes descritos no art. 121, § 2º, IV (por duas vezes), combinado com o art. 70 do Código Penal (CP) e com os arts. 306 e 307, “caput”, do Código de Trânsito Brasileiro, aplicando-se a regra do art. 69 do CP. Diante da ilicitude do exame pericial de alcoolemia realizado no sangue do paciente, o tribunal de origem determinou fossem riscadas quaisquer referências aos resultados do exame na denúncia, na pronúncia e no acórdão embargado. Os impetrantes alegavam que o tribunal de origem, ao reconhecer que a prova havia sido obtida por meios ilícitos, também deveria ter declarado a ilicitude e determinado o desentranhamento das peças processuais que se reportavam ao exame de alcoolemia (denúncia, sentença de pronúncia e acórdão do recurso em sentido estrito), nos termos do art. 157, § 1º, do Código de Processo Penal (CPP). Tal atitude evitaria que esses elementos influenciassem no convencimento dos juízes leigos do Tribunal do Júri. A Turma, inicialmente, indeferiu o pedido de suspensão do julgamento pelo Tribunal do Júri até a preclusão da pronúncia. Isso ocorreu em razão da existência de “habeas corpus” impetrado em favor do paciente e afetado ao Plenário (HC 132.512). Quanto ao pedido de exclusão das peças processuais, assentou que a denúncia, a pronúncia, o acórdão e as demais peças Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I judiciais não são provas do crime. Por isso, em princípio, estão fora da regra constitucional que determina a exclusão das provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, da CF/1988). Asseverou, ademais, que o art. 157 do CPP, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não prevê a exclusão de peças processuais que a elas façam referência. Entendeu, ainda, que o tribunal de origem acolheu interpretação teleológica favorável à defesa, ao determinar que as referências ao resultado do exame fossem riscadas das peças processuais. Ponderou que as limitações ao debate em plenário, mencionadas nos arts. 478 e 479 do CPP, com redação dada pela Lei 11.689/2008, são pontuais e vêm recebendo interpretação restritiva pela Corte, bem como que a exclusão de prova ilícita não é contemplada nas normas de restrição ao debate. Em suma, a exclusão de peça que faça menções à realização da prova e ao debate quanto à validade da prova não é uma consequência óbvia da exclusão da prova. Ressaltou, por fim, que não se aplica ao caso a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que afasta o envelopamento como alternativa à desconstituição da pronúncia por excesso de linguagem. Isso porque os jurados recebem cópia da peça processual relativa à pronúncia e têm a prerrogativa de acessar a integralidade dos autos (arts. 472, parágrafo único; e 480, § 3º, do CPP). Logo, seria incompatível com o rito que a decisão de pronúncia fosse uma peça oculta (HC 123.311/PR, DJe de 14.4.2015; e RHC 122.909/SE, DJe de 9.12.2014). RHC 137368/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 29.11.2016. (RHC-137368). Vale destacar, ante a atualidade e relevânciada matéria, que o STJ tem firmado o entendimento de que é ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados no aparelho celular, relativos a mensagens de texto, SMS, conversas por meio de aplicativos (WhatsApp), e obtida diretamente pela polícia, sem prévia autorização judicial.1 1 Acórdãos: HC 433930/ES, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, Julgado em 19/06/2018, DJE 29/06/2018; REsp 1727266/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, Julgado em 05/06/2018, DJE 15/06/2018; HC 422299/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, Julgado em 24/04/2018,DJE 02/05/2018; RHC 090276/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, Julgado em 13/03/2018,DJE 21/03/2018; REsp 1701504/SC,Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, Julgado em 27/02/2018,DJE 20/03/2018; HC 392466/CE, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, Julgado em 12/12/2017,DJE 12/03/2018. http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=137368&classe=RHC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=137368&classe=RHC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=137368&classe=RHC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I - Teorias sobre admissibilidade das provas ilícitas: 1º Corrente: Inadmissibilidade absoluta: Parte da premissa de que a vedação constitucional no artigo 5º, inciso LVI, da Constituição Federal, não admitiria exceção ou relativização. A crítica a esta corrente está na “absolutização” da vedação, no momento em que o próprio Direito Constitucional nega o caráter absoluto de regras e direitos. Tal corrente possui vários seguidores e encontra abrigo inclusive na jurisprudência do STF. 2º Corrente: Admissibilidade da prova ilícita em nome do princípio da proporcionalidade (ou da razoabilidade ou teoria do interesse predominante): Consiste numa construção do Direito Alemão, no qual aplica-se a teoria do interesse predominante. Para os seguidores dessa corrente, a prova ilícita, em certos casos, tendo em vista a relevância do interesse público a ser preservado e protegido, poderia ser admitida. Admite a prova ilícita se for o único meio de provar a inocência do acusado no processo, pois estar-se-ia privilegiando bem maior do que o protegido pela norma, qual seja, a liberdade de um inocente. No Brasil é adotada com reservas, sobretudo nas questões direito de família. Em matéria penal são raras as decisões que adotam. - Sistema de prova ilícita por derivação – art. 157, §1º (primeira parte) - princípio da contaminação: Art. 157, §1º: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. A primeira parte do dispositivo legal citado acima consiste na aplicação da teoria fruits of poisonous tree, do Direito norte-americano, ou, “frutos da árvore envenenada”, PROVAS PROIBIDAS OU ILEGAIS ILEGÍTIMAS violação de regras de ordem processual ILÍCITAS violação a regras de direito material ou normas constitucionais Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I cuja imagem traduz com bastante propriedade a ideia da prova ilícita: se a árvore é envenenada, seus frutos serão contaminados. Exemplo: Apreensão de objetos utilizados para a prática de crime (arma, carros, etc) que tenha sido obtida a partir da escuta telefônica ilegal ou através da violação de correspondência eletrônica. Mesmo que a busca e apreensão seja regular com mandado respectivo, é um ato privado do anterior, que é ilícito. - Teoria da fonte independente e Teoria do encontro inevitável (ou exceção da fonte hipotética independente) - art. 157, §1º, segunda parte e §2º/CPP: São teorias distintas e consistem em exceções à teoria dos “frutos da árvore envenenada”. Art. 157, §1º: São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. De acordo com a teoria da fonte independente, quando uma prova possui duas fontes, uma lícita e outra ilícita, utiliza-se a fonte lícita, afastando-se a ilícita e consequentemente admitindo-se a prova. O entendimento, portanto, é de que a teoria dos frutos da árvore envenenada não se aplica se demonstrado que a prova posterior não é decorrente da prova ilícita, ou seja, se comprovado que não há nenhuma conexão com a prova ilícita. A regra da teoria da fonte independente é que a prova que for obtida por fonte independente da prova ilícita, é perfeitamente válida, já que na verdade ela não deriva da prova ilícita, ela é autônoma, desvinculada. Exemplo: Em decorrência de escuta clandestina (ilegal) descobre-se a localização de um documento incriminador em relação ao indiciado. Ocorre que, uma testemunha, depondo regularmente, também indicou à polícia o lugar onde se encontrava o referido documento. Se esse documento fosse apreendido unicamente pela informação colhida da escuta, seria prova ilícita por derivação. Porém, tendo em vista que ele teve uma fonte independente, ou seja, seria encontrado do mesmo modo, pode ser considerado como prova lícita. No Brasil, o STF proferiu interessante decisão sobre a prova ilícita e especialmente sobre a teoria da fonte independente no julgamento do RHC 90376/RJ, cujo relator foi o Ministro Celso de Mello, 2ª turma, em 03/04/2007, in verbis: EMENTA: (...) ILICITUDE DA PROVA - INADMISSIBILIDADE DE SUA PRODUÇÃO EM JUÍZO (OU PERANTE QUALQUER INSTÂNCIA DE PODER) - INIDONEIDADE JURÍDICA DA PROVA RESULTANTE DA TRANSGRESSÃO ESTATAL AO Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I REGIME CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. (...) A QUESTÃO DA DOUTRINA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA ("FRUITS OF THE POIS ONOUS TREE"): A QUESTÃO DA ILICITUDE POR DERIVAÇÃO. - Ninguém pode ser investigado, denunciado ou condenado com base, unicamente, em provas ilícitas, quer se trate de ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude por derivação. Qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento subseqüente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de prova comprometida pela mácula da ilicitude originária. - A exclusão da prova originariamente ilícita - ou daquela afetada pelo vício da ilicitude por derivação - representa um dos meios mais expressivos destinados a conferir efetividade à garantia do "due process of law" e a tornar mais intensa, pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional que preserva os direitos e prerrogativas que assistem a qualquer acusado em sede processual penal. Doutrina. Precedentes. - A doutrina da ilicitude por derivação (teoria dos "frutos da árvore envenenada") repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os meios probatórios, que, não obstante produzidos, validamente, em momento ulterior, acham-se afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se transmite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos dados probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão de anterior transgressão praticada, originariamente, pelos agentes da persecução penal, que desrespeitaram a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar. - Revelam-se inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os elementos probatórios a que os órgãos da persecução penal somente tiveram acesso em razão da prova originariamenteilícita, obtida como resultado da transgressão, por agentes estatais, de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia condicionante, no plano do ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãos. - Se, no entanto, o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova - que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vinculação causal - , tais dados probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária. - A QUESTÃO DA FONTE AUTÔNOMA DE PROVA ("AN INDEPENDENT SOURCE") E A SUA DESVINCULAÇÃO CAUSAL DA PROVA ILICITAMENTE OBTIDA - DOUTRINA - PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - JURISPRUDÊNCIA COMPARADA (A EXPERIÊNCIA DA SUPREMA CORTE AMERICANA): CASOS "SILVERTHORNE LUMBER CO. V. UNITED STATES (1920); SEGURA V. UNITED Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I STATES (1984); NIX V. WILLIAMS (1984); MURRAY V. UNITED STATES (1988)". Já a Teoria do encontro inevitável ou exceção da fonte hipotética independente torna admissível a utilização de prova obtida de forma ilícita, quando se verificar que tal prova seria inevitavelmente descoberta por outros meios legais, ou seja, a prova seria obtida ou produzida de qualquer forma, independentemente da prova ilícita originária. Essa teoria foi adotada no julgado norte americano conhecido como Nix vs. Williams II, do ano de 1984. Neste caso o cidadão era suspeito de cometer homicídio, entretanto o cadáver não tinha sido localizado. O acusado acabou sendo, de certa forma, constrangido e obrigado a indicar a localização do cadáver. Com base nesse constrangimento e confissão, o cadáver foi localizado. Percebe-se que essa prova foi ilícita por derivação. Todavia, o ponto crucial do caso em foco é que, não obstante o cadáver ter sido localizado pelas informações fornecidas pelo constrangimento ilícito, 150 moradores da cidade já estavam nas imediações, fazendo uma varredura à procura do cadáver. Destarte, a Suprema Corte Americana concluiu que: “Apesar da identificação do cadáver ter sido possível por causa da confissão obtida por meio ilícito, na situação concreta, como esses 150 moradores já estavam nas imediações, a descoberta dessa prova, seria inevitável, portanto, essa apreensão deveria ser considerada lícita.” Em que pese o legislador ter dito se tratar de “fonte independente”, a doutrina majoritária entende ter ele conceituado de maneira equivocada, sob o fundamento de que quando o art. 157, §2º, faz menção à “fonte independente”, quis, na verdade, trazer o conceito da limitação da descoberta inevitável, como bem observou Eugênio Pacelli de Oliveira: Note-se que a Lei nº 11.690/08 comete um equívoco técnico. No art. 157, § 2º, ao pretender definir o significado de “fonte independente” afirmou tratar-se daquela que “por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova”. A nosso aviso, essa é a definição de outra hipótese de aproveitamento da prova, qual seja, a teoria da descoberta inevitável, muito utilizada no direito estadunidense. (2010. p. 375) Art. 157, §2º: Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I Exemplo: policiais torturam um suspeito para que ele indique onde está guardada a droga. Enquanto isso, outra equipe de policiais se prepara para cumprir um mandado de busca e apreensão no esconderijo, inclusive com a utilização de cães farejadores, sendo certo o encontro da droga, pois depositada em local de fácil localização. Contudo, em razão da tortura, o suspeito acaba indicando aos torturadores o local exato onde a droga estava, sendo a informação repassada aos policiais que realizariam a busca, facilitando a apreensão do material. SISTEMAS DE VALORAÇÃO DAS PROVAS Sistema da íntima convicção do juiz (ou da certeza moral do juiz): O juiz pode julgar até com o que não estão nos autos – conhecimentos próprios. NÃO É ADOTADO NO ORDENAMENTO JUÍDICO BRASILEIRO - Resquícios: Jurados (Tribunal do Júri). Sistema da prova tarifada (da certeza moral do legislador/ da verdade legal/ da verdade formal): As provas têm valores fixo, dando ao juiz a possibilidade apenas de olhar para o processo e ver quais provas têm maior valor. NÃO É ADOTADO NO ORDENAMENTO JUÍDICO BRASILEIRO - Resquícios: art. 158/CPP. Sistema do livre convencimento motivado (ou persuasão racional/ convencimento racional/ apreciação fundamentada/ prova fundamentada): O juiz é livre para apreciar as provas e decidir como entender melhor, desde que motive a sua decisão. É ADOTADO NO ORDENAMENTO JUÍDICO BRASILEIRO – Art. 155/CPP. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Teoria do pênduloSistema da íntima convicção do juiz Sistema do livre convencimento motivado Sistema da prova tarifada Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I TEORIA DO ENCONTRO FORTUITO OU CASUAL DE PROVAS OU SERENDIPIDADE: A palavra serendipidade advém do inglês “serendipity” que significa descobrir coisas por acaso. Ocorre o chamado encontro fortuito ou casual quando a prova de determinada infração penal é obtida a partir da busca regularmente autorizada de outro crime. - Serendipidade de primeiro grau: ocorre quando há nexo causal entre o crime apurado e o crime descoberto fortuitamente. Exemplos: 1) Um busca e apreensão domiciliar autorizada para a apuração de crime de tráfico de drogas, que, no entanto, resulta na descoberta de armas escondidas; 2) Operação Lava Jato - existe conexão entre os crimes. -Serendipidade de segundo grau: ocorre quando não há nexo causal entre o crime apurado e o crime descoberto fortuitamente. A doutrina entende que a prova obtida não será válida, mas será somente uma fonte de prova, ou seja, considerada “notitia criminis”, sendo suficiente para deflagrar outra investigação preliminar com objeto distinto. O STJ tem aceitado. Exemplo: Um busca e apreensão domiciliar autorizada para a apuração de crime contra a fauna, visando apreender animais silvestres, que, no entanto, resulta na descoberta de drogas escondidas - não existe conexão entre os crimes. - Serendipidade objetiva: ocorre quando se descobre fortuitamente fato até então não apurado. - Serendipidade subjetiva: ocorre quando se descobre fortuitamente agente até então não envolvido no fato. Existe uma divergência doutrinária muito grande que se refere à validade ou não desses informes colhidos fortuitamente. Seriam eles admissíveis como prova no processo penal? Existem, basicamente, três posições: 1ª) Não deve ser admitida a utilização da prova nova descoberta por acaso ou fortuitamente, pois a restrição da intimidade é medida que deve ser efetivada e tomada de maneira limitada vez que restringe direito fundamental e não possui respaldo legal; 2ª) A prova encontrada fortuitamente somente pode ser utilizada como prova se houver conexão com o fato investigado – sendo esta a posição adotada pelo STF. 3º) Sempre poderá ser utilizada como prova a descoberta apresentada na medida em que foi restringida de maneira lícita a intimidade da pessoa, ou seja, se foi restringida de maneiralícita, não se pode ignorar a descoberta realizada, de maneira que pode ser utilizada como prova. A questão aparece com mais contundência quando se pensa na interceptação de comunicações telefônicas feita à luz da Lei n. 9692/96, as quais exigem – além da Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I respectiva ordem de juiz competente – a presença de dois importantes requisitos: a descrição com clareza da situação ou objeto da investigação e a indicação e qualificação dos investigados, de tal modo que haja a correta individualização do fato e das pessoas que estão sob investigação. Então, levemos em consideração essa medida cautelar para exemplificarmos: O doutrinador Aury Lopes Junior, defensor da primeira posição, fundamenta seu entendimento no princípio da especialidade da prova, mencionando que “o ato judicial que autoriza a obtenção de informações telefônicas – com o sacrifício do direito fundamental respectivo – é plenamente vinculado e limitado”, devendo existir todo um contexto jurídico e fático para legitimar a autorização, instituindo uma especialidade da medida. Já a segunda posição é a posição atualmente adotada pelo Supremo Tribunal Federal, bem como pela maioria da doutrina brasileira. Essa corrente admite as provas decorrentes da descoberta inusitada, somente nos casos em que, observados todos os requisitos legais e constitucionais para a decretação da interceptação, haja conexão ou continência entre o fato encontrado e o investigado, ou seja, permite-se apenas a serendipidade de primeiro grau. O STF utilizou o termo “crime achado” para tratar da serendipidade e a admitiu nos casos em que o crime descoberto é apenado com reclusão no informativo 869: Crime achado A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria, indeferiu ordem de “habeas corpus” em que se discutia a ilicitude de provas colhidas mediante interceptação telefônica durante investigação voltada a apurar delito de tráfico internacional de drogas. No caso, o juízo de origem determinou a prisão preventiva do paciente em razão da suposta prática de homicídio qualificado. O impetrante sustentou a ilicitude das provas colhidas, a inépcia da denúncia e a falta de justa causa para o prosseguimento da ação penal. O Colegiado afirmou que a hipótese dos autos é de crime achado, ou seja, infração penal desconhecida e não investigada até o momento em que se descobre o delito. A interceptação telefônica, apesar de investigar tráfico de drogas, acabou por revelar crime de homicídio. Assentou que, presentes os requisitos constitucionais e legais, a prova deve ser considerada lícita. Ressaltou, ainda, que a interceptação telefônica foi autorizada pela justiça, o crime é apenado com reclusão e inexistiu o desvio de finalidade. (HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 13.6.2017. http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=129678&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=129678&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I É notória que na visão do STF é lícita a prova de crime diverso daquele objeto da interceptação telefônica regularmente autorizada pela autoridade judiciária competente, ainda que punidos com pena de detenção, valem como legítimo meio probatório, desde que claramente haja conexão entre as infrações penais. Por fim, para a 3ª posição, pouco importa se há ou não conexão com o fato investigado, se houve restrição lícita à privacidade, deve ser permitida a utilização deste elemento como prova. Grandes nomes da doutrina são adeptos a esta corrente, como Fernando Capez, Guilherme Madeira, Eugênio Pacelli, Norberto Avena, dentre outros. Nesse diapasão, aduz Norberto Avena que em sendo a interceptação realizada dentro dos limites da lei, o que dela advier deve ser considerado como consequência do respeito á ordem jurídica. Já o STJ consagrou o fenômeno da serendipidade ao asseverar que o fato de elementos indiciários acerca da prática de crime surgirem no decorrer da execução de medida de quebra de sigilo bancário e fiscal determinada para a apuração de outros crimes não impede, por si só, que os dados colhidos sejam utilizados para averiguação da suposta prática daquele delito. Informativo 539 - DIREITO PROCESSUAL PENAL. DESCOBERTA FORTUITA DE DELITOS QUE NÃO SÃO OBJETO DE INVESTIGAÇÃO. O fato de elementos indiciários acerca da prática de crime surgirem no decorrer da execução de medida de quebra de sigilo bancário e fiscal determinada para apuração de outros crimes não impede, por si só, que os dados colhidos sejam utilizados para a averiguação da suposta prática daquele delito. Com efeito, pode ocorrer o que se chama de fenômeno da serendipidade, que consiste na descoberta fortuita de delitos que não são objeto da investigação. Precedentes citados: HC 187.189- SP, Sexta Turma, DJe 23/8/2013; e RHC 28.794-RJ, Quinta Turma, DJe 13/12/2012. (HC 282.096-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2014). Observa-se que no julgado exposto alhures, o STJ não determinou qualquer delimitação ou restrição quanto ao nexo causal, tendo-o relativizado em diversas situações, como no caso de descobrimento de crimes futuros. Quando se tratar de notícia da prática futura de crime, há precedente do STJ segundo o qual não se deve exigir a demonstração de conexão entre o fato investigado e aquele descoberto por acaso em escutas legais (HC 69.552). A PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA NO PROCESSO PENAL: Visa evitar o perecimento e/ou grave prejuízo ao processo. O Código de Processo Penal não disciplinar a matéria de forma clara, carecendo de limites de cabimento e forma de produção, fazendo mera menção no artigo 366. Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. Requisitos básicos: a) relevância e imprescindibilidade do seu conteúdo para a formação da convicção do magistrado; b) impossibilidade de sua repetição na fase regular de instrução processual, indícios razoáveis de perecimento da prova. Destaca-se o disposto na súmula nº 455 do STJ: A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. Diante disso, o STJ reforçou a ideia de que a produção antecipada de prova é uma medida extrema, que deve ser objeto de estrita fundamentação e que não pode basear-se em argumentos vagos como mero decurso do tempo. Além disso, é importante ressaltar que o STJ tem entendido que é possível a antecipação da colheita da prova testemunhal, com base no art. 366 do CPP, nas hipóteses em que as testemunhas são policiais, tendo em vista a relevante probabilidade de esvaziamento da prova pela natureza da atuação profissional, marcada pelo contato diário com fatos criminosos.2 PROVA OBTIDA POR MEIO DE PSICOGRAFIA A doutrina tende a considera-la como prova ilícita, por considerar que tal prova violaria a liberdade de religião, garantida constitucionalmente, pois o julgador não é obrigado a crer no espiritismo, até porque o Estado é Laico. Além disso, violaria também o contraditório e a ampla defesa, uma vez que, se a prova psicografada for considerada como documento, não haveria como a parte requerer o incidente de falsificação documental; se for tido como prova testemunhal, a parte não teria como contraditá-la.2 Acórdãos: RHC 074576/DF, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, Julgado em 21/08/2018, DJE 03/09/2018; RHC 044898/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, Julgado em 14/08/2018,DJE 24/08/2018; HC 425852/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, Julgado em 03/05/2018,DJE 15/05/2018; HC 438916/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, Julgado em 17/04/2018,DJE 25/04/2018; HC 416164/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, Julgado em 12/12/2017,DJE 01/02/2018; EDcl no HC 283119/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, Julgado em 07/11/2017,DJE 14/11/2017. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10645869/artigo-366-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal I Contudo, no Brasil tal prova já foi utilizada em alguns julgamentos perante o Tribunal do Júri, sob o argumento de que atenderia ao princípio constitucional da plenitude de defesa, que lhe é típico. TEORIA DO CENÁRIO DA BOMBA-RELÓGIO: A presente teoria tem o escopo de relativizar a proibição da tortura. Segundo a teoria, se bombas relógio são instaladas em determinados locais, não havendo outros meios de se localizar as bombas ou desarmá-las, a tortura do terrorista responsável é justificável. Essa teoria foi inserida no contexto do Direito Penal do Inimigo e é aplicada em alguns países, principalmente nos EUA, inclusive na Suprema Corte. No Brasil, se uma prova dessa natureza for colhida, haveria a produção de prova ilícita, uma vez que, a CF/88, em seu artigo 5º, inciso III, veda expressamente a prática de tortura.
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