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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA INCLUSIVA Por: Aline Souza Moraes Schroeder Cardozo Orientadora: Prof. Caroline Kwee Niterói- RJ 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA INCLUSIVA Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Aline Souza Moraes Schroeder Cardozo 3 AGRADECIMENTOS Agradeço à minha família, repleta de educadores, especialmente a minha amada mãe, por encorajar-me e incentivar-me a realizar um trabalho capaz de fomentar a esperança numa educação mais justa e humana. Ao meu irmão caçula, pois mesmo sem saber, foi com ele que iniciei algumas práticas psicopedagógicas, quando buscava meios mais eficazes de ensiná-lo as tarefas de casa e atividades de vida diária. Com carinho, agradeço ao meu marido, pelo amor e apoio constante. Agradeço aos alunos que tornam o trabalho psicopedagógico ainda mais especial e desafiador. Agradeço às escolas que abriram as portas para que eu pudesse entrar e conhecer um pouco da sua filosofia e também dos desafios enfrentados no trabalho com os estudantes com dificuldades. Agradeço as psicopedagogas que ajudaram-me nessa empreitada. Sou grata a Professora Carol Kwee por aceitar ser minha orientadora na construção deste trabalho. Enfim, agradeço ao nosso Pai Celeste por ter criado um mundo com tanta diversidade! 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos educadores que lutam para desenvolver as potencialidades de todos os alunos, aproximando-os de uma educação igualitária, ajudando na formação de pessoas mais solidárias, reflexivas e humanas. Em especial, dedico aos educandos com alterações no processo de aprendizagem que transformam cada obstáculo em desafio. À Rosane, minha mãe e minha primeira professora na universidade da vida. 5 RESUMO Este trabalho tem como objetivo principal discutir a Inclusão Escolar e o papel do Psicopedagogo dentro das escolas inclusivas. Para tanto foi necessário elucidar questões pertinentes, iniciando através de uma investigação histórica sobre a educação especial, analisando fatos que favorecem a exclusão, conceituando e contextualizando a inclusão social até chegarmos à Educação Inclusiva à luz da Psicopedagogia e o papel do profissional dessa área. Numa sociedade onde a educação passa a ser um direito de todos, a Psicopedagogia mostra-se como um trabalho de extrema importância na escola da atualidade, cabendo ao psicopedagogo ajudar o desenvolvimento da aprendizagem do sujeito-aprendiz, visto que seu objeto de estudo é o processo de aprendizagem humana. Na escola o psicopedagogo pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem sendo capaz de atuar não apenas com os educandos, mas também com os educadores, levando-os a pensarem novas estratégias e metodologias que favoreçam esse processo e se aproximem da sonhada educação para Todos. A questão central do presente estudo é analisar o contexto da inclusão escolar atual acreditando-se que o psicopedagogo pode facilitar esse processo. O psicopedagogo pode ajudar a escola a lidar melhor com a diversidade, agregando novos valores, levando professores e alunos a acreditarem que todos são capazes de aprender. No entanto, passar do discurso ideológico inclusivista para a inclusão na prática exige reflexão, conhecimento e aceitação do novo. Reconstruir as práticas existentes e preconceitos cristalizados não é tarefa fácil e o Psicopedagogo pode orientar o aluno, a escola e a família a romper essas barreiras. Palavras-chave: Inclusão; Psicopedagogia; Educação Inclusiva; Escola 6 METODOLOGIA Para a elaboração deste trabalho a metodologia realizada foi a pesquisa bibliográfica, assim como a webliografia, visando ampliar os conhecimentos acerca do tema escolhido. Os livros de diversos autores, revistas, citações e artigos usados nortearam o desenvolvimento desta Monografia. Durante o período de elaboração desta pesquisa, a participação em palestras, cursos e seminários que abordam temas relacionados foram importantes subsídios para a construção deste trabalho. 7 SUMÁRIO FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I - A Inclusão 11 CAPÍTULO II Alterações no Processo de Aprendizagem 24 CAPÍTULO III A Psicopedagogia na Escola Inclusiva 29 CONCLUSÃO 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43 WEBSITES 46 ÍNDICE 47 FOLHA DE AVALIAÇÃO 49 8 INTRODUÇÃO A inclusão é um processo que visa trazer para dentro da sociedade pessoas que foram marginalizadas historicamente. Como diz MANTOAN (1997, p.20) "enquanto a pessoa está adequada às normas, no anonimato, ela é socialmente aceita. Basta, no entanto, que ela cometa qualquer infração ou adquira qualquer traço de anormalidade para que seja denunciada como desviante". Partindo da análise histórico-social do indivíduo com deficiência, este trabalho perpassa por uma visão clínico-patológica (quando se encarava o sujeito com deficiência como uma pessoa doente- Sacks, 1998), acompanha as mudanças da própria sociedade, onde a priori se adota uma pedagogia ortopédica (Skliar-2005) que visa “normalizar” tais indivíduos e esta pesquisa chega nos dias de hoje à reflexão do processo de inclusão educacional à luz da psicopedagogia. A inclusão escolar traz ao âmbito educacional novos desafios, tornando fundamental um novo olhar, novas práticas e objetivos de ensino- aprendizagem. Que desafios são esses? Como enfrentá-los e aprender com eles? Quando Mantoan afirma que “o pensamento que norteia o atual sistema (educacional) é muito mecanicista, e discrimina claramente os normais e os deficientes, o ensino regular e o especial, como também cada uma das disciplinas estudadas na escola” percebe-se que tal fato é um agravante para a transformação dos espaços escolares em ambientes inclusivistas. Tal afirmação se complementa quando Relvas (2009) diz que “novas posturas educacionais precisam ser estruturadas para que os educandos despertem para o aprender escolar” e saibam enfrentar os desafios da vida. Hoje é sabido que a escola não pode ser um espaço neutro, é um espaço democrático, político na vida de todos. Nesse sentido as ideias de Freire vão nortear este trabalho, buscando desvincular a posição do deficiente como um sujeito oprimido para um sujeito crítico, reflexivo. A partir da educação isso é possível. No entanto não basta aceitar a matrícula dos alunos com deficiência, é preciso trabalhar em prol do desenvolvimento de Todos os educandos. 9 Ao se referir às pessoas com deficiência, Vygotsky (1993) ressalta que, “muito mais do que o defeitoem si, o que decide o destino da personalidade da criança é sua realização sócio-psicológica”. Assim, o trabalho psicopedagógico demonstra extrema importância e o espaço social oferecido pela escola pode ser extremamente benéfico. Afinal, as potencialidades não nascem prontas, é o meio social que vai ajudar o indivíduo a encontrá-las, a fazê-las desabrochar. Vale destacar que com o fomento da inclusão a psicopedagogia nasce para unir a lacuna existente entre o atendimento clínico/psicológico do sujeito deficiente e o trabalho educativo deste aluno com deficiência. Fez-se necessário então um campo de estudo que fosse capaz de entender o sujeito- aprendiz, o que ampliou a área de atuação do psicopedagogo que não limita- se ao trabalho com pessoas com déficits, mas também na prevenção de possíveis dificuldades e ainda na orientação, suporte e desenvolvimento de estratégias para o trabalho com o desenvolvimento integral de sujeitos aprendizes. Nesse sentido Weiss afirma que “a Psicopedagogia busca a melhoria das relações do aprendiz com a aprendizagem”. Partindo da compreensão desta premissa, e por ser um dos temas mais discutidos na atualidade, acredito que o trabalho do Psicopedagogo nas instituições escolares pode facilitar esse processo inclusivo, auxiliando todos os alunos no desenvolvimento da aprendizagem e em outros aspectos relevantes. Torna-se necessário “resgatar na escola desde a mais tenra idade aquelas atividades educativas que enriquecem a interioridade dos alunos” ( Malheiro, 2010). Tais práticas educativas podem nortear-se dos pressupostos pedagógicos e dos ideais da psicopedagogia. Para tanto, os profissionais da psicopedagogia precisam estar informados e cientes da importância do seu trabalho na escola como um agente facilitador. Por isso, nesta pesquisa, prioriza-se a relação do psicopedagogo com os profissionais da educação, como se dá a orientação, suporte e como diminuir as dificuldades encontradas no percurso do trabalho pedagógico. Levanta-se alguns questionamentos, como: O que é Educação Inclusiva e como chegamos até ela? Qual é papel do psicopedagogo nas escolas inclusivas? Como o psicopedagogo pode 10 facilitar a inclusão das crianças com deficiência? Qual tipo de mediação psicopedagógica se faz necessária para amenizar e/ou superar as alterações no processo de aprendizagem e como desenvolver habilidades? Para encontrar as respostas de tais questionamentos, haverá uma pesquisa bibliográfica, baseando-se nas ideias de autores como: Fernandez, Freire, Mantoan, Paín, Porto, Ramos, Relvas, Sacks, Sassaki, Vygotsky, Weiss, entre outros. Através da pesquisa de livros relevantes e também de artigos atuais este trabalho busca analisar as possíveis práticas psicopedagógicas que permeiam e facilitam processo de inclusão educacional no Brasil baseando-se nas ideias de autores que já pensaram no assunto e podem nos ajudar a chegar a uma conclusão, norteando nossa prática. 11 CAPÍTULO 1: A Inclusão 1.1 A história da Educação Especial Desde o princípio da humanidade todo aquele que fosse considerado diferente, que fugisse dos padrões de normalidade aceitos por determinada época, era visto com olhar de desprezo, discriminação, superstição, medo, superproteção e/ou segregação. Como Séneca (1986) afirmou: “Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis.” A pessoa que tivesse uma deficiência, dependendo da sociedade e cultura em que estava inserida, poderia ser considerada um fardo, um castigo ou até mesmo uma maldição divina. Em outras épocas e costumes essas pessoas poderiam ser consideradas seres especiais, até mesmo dotadas de poderes divinos. Assim, a forma como a sociedade lidava com a pessoa com deficiência era cercada de mitos e “pré-conceito”. Segundo Ramos (2010): “Vivendo em uma sociedade de resultados, podemos dizer que a deficiência é exatamente o que não se quer, porque não combina com as leis biológicas, sociais, políticas, econômicas e religiosas http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9neca 12 estabelecias pela humanidade, o que se revela nos discursos que se fazem sobre a vida e sua função”. Na Pré-História apenas os mais fortes sobreviviam e os deficientes provavelmente não se enquadravam dentro dos grupos primitivos, pois o ambiente era desfavorável e nos grupos cada qual contribuía e lutava pela sua própria sobrevivência através da caça e de trabalhos pesados. Na Antiguidade pessoas com deficiências eram entregues à própria sorte, muitas foram mortas e tantas outras maltratadas. Aristóteles dizia que era necessário ''Tratar igualmente o igual e desigualmente o desigual'' . Com o advento do Cristianismo indivíduos com deficiências começaram a ser vistos de forma mais piedosa: não eram mais eliminados (mortos), não sendo mais vistos como um castigo, mas passaram a ser olhados como pessoas merecedoras de caridade, passando a receber cuidados para sua sobrevivência em locais específicos, como asilos, hospitais, igrejas, no entanto, sendo segregados. Ou seja, sobreviviam, mas retirados “das vistas” da sociedade. Aqueles que permaneciam na casa da família poucas vezes saiam de casa. Ainda assim, quando não fosse possível “esconder” comportamentos imorais e/inadequados eram castigados. A Inquisição também eliminou “desviantes” que apresentassem comportamentos inadequados, “sobrenaturais” que não fossem “modificados”, “normalizados” através das orações.De acordo com Bianchetti(2006), na Idade Médias “as deficiências passaram a ser identificadas, mas não podiam ser tratadas por razões físicas”, porque advinham de um “problema da alma”. Após a Idade Média, com o início do Renascimento, a razão dá lugar à perspectiva religiosa e a deficiência passa a ser analisada sob o ponto de vista médico. 13 Como afirma Pessotti (1984): “De todo modo, diversas vantagens se oferecem para o deficiente ao passar das mãos do inquisidor às mãos do médico”. Assim, o deficiente passa a ser visto como alguém que precisa de cura para a sua “doença”. Muitas experiências médicas foram realizadas com deficientes “em prol da cura”, não obtendo muito sucesso. Essa “visão ortopédica” enxergava apenas a deficiência da pessoa e não conseguia perceber que ali havia uma pessoa com determinada deficiência, como sendo um sujeito com possíveis habilidades a serem encontradas. Acreditava-se que a pessoa com deficiência era incapaz e por isso não precisam receber estímulos educacionais. A sociedade não percebia essa parcela da população, embora pessoas com deficiências sempre existissem. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que foi liderada por Hitler, muitas atrocidades foram cometidas. Acredita-se que o Holocausto eliminou por volta de 275 mil adultos e crianças com deficiências e outras 400 mil pessoas suspeitas de portarem a hereditariedade de surdez, cegueira e deficiência mental. Essas pessoas foram mortas em nome da crença de Hitler na existência de uma raça humana mais pura, denominada Ariana, a qual essas pessoas, segundo ele, não poderiam fazer parte, assim como os judeus e ciganos também não. Pessoas com deficiências passaram a ser um pouco mais enxergadas pela sociedade no Pós-Guerra, quando muitos soldados e combatentes que por voltarem vivos aos seus países foram considerados heróis, no entanto, muitos desses “heróis” trouxeram as marcas da guerra no corpo e na mente, pois era enorme o número de pessoas que se tornaram deficientes físicos e doentes mentais por conseqüência da guerra.14 Ainda no século XX, a deficiência passa a ser vista de outras formas por grandes pensadores, podendo se destacar: Piaget, Brunner e Vygotsky que contribuíram muito com os seus estudos sobre as crianças com deficiência. Vygotsky opunha-se veemente à avaliação das “crianças portadoras de incapacidades” com base em seus defeitos ou deficiências, seu “menos”; ele as avaliava, em vez disso, com base no que elas tinham de “mais”. Ele não as via como deficientes, e sim pessoas com desenvolvimento diferentes. Segundo VYGOTSKY: “Uma criança com uma incapacidade representa um tipo, qualitativamente diferente, único, de desenvolvimento”. Ou seja, todas as pessoas têm capacidade para aprender e se desenvolver, mas cada um de acordo com o seu ritmo, suas singularidades e potencialidades. “Se uma criança cega ou surda atinge o mesmo nível de desenvolvimento de uma criança normal, então uma criança com uma deficiência atinge-o de outro modo, por outro caminho, outro meio; para o pedagogo, é particularmente importante conhecer a singularidade do caminho pelo qual deve conduzir a criança. Essa singularidade transforma o menos da deficiência no mais da compensação”. (SACKS, 1998) Imediatamente após a guerra a sociedade civil organiza-se buscando soluções para amenizar tal quadro, onde nasce a Organização das Nações Unidas (ONU- 1945) visando encontrar soluções para os problemas sociais decorrentes da Guerra. Após a criação da ONU a comunidade internacional se 15 reúne na nova sede jurando nunca mais cometer tamanha atrocidade. Tal “juramento” vira um documento onde se explicita todos os direitos de um ser humano, em todo lugar e tempo. Esse documento confere suma importância e passa a ser chamado de Declaração Universal dos Direitos Humanos. Com essa declaração garantindo os direitos humanos passa a ser inaceitável abandonar, subjugar e maltratar qualquer pessoa, pois para o novo documento no seu Artigo 1º: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Assim retorna a visão ortopédica em relação à pessoa com deficiência, pois nesse tempo, mais do que nunca, acredita-se que pessoa com deficiência precisa de reabilitação e a tentativa de “voltar à normalidade” torna-se o objetivo de muitos deficientes. Dessa forma muitos Centros de Reabilitação são criados mundo a fora e novas instituições voltadas para a reintegração da pessoa com deficiência surgem. Nesse paradigma as escolas especiais começam a ganhar terreno. Afinal, para a concepção daquela época, se eles são sujeitos passivos de reabilitação também podem ser educáveis. Assim aquelas pessoas que não poderiam frequentar uma escola regular porque possuíam uma deficiência passam a ser vistas como pessoas que podem receber um ensino especial, onde a pessoa com deficiência torna-se o “aluno excepcional”. Como a UNESCO afirma (1977, p.5-6), é possível dividir a história da humanidade, de acordo com a forma como as pessoas com deficiência foram tratadas ao longo da história: Fase filantrópica: em que as pessoas com deficiência são consideradas doentes e portadoras de incapacidades permanentes inerentes à sua natureza. Portanto, precisavam ficar isoladas para tratamento e cuidados de saúde; Fase da “assistência pública”: em que o mesmo estatuto de "doentes" e "inválidos" implica a institucionalização da ajuda e da assistência social; 16 Fase dos direitos fundamentais: iguais para todas as pessoas quaisquer que sejam as suas limitações ou incapacidades. É a época dos direitos e liberdades individuais e universais de que ninguém pode ser privado, como é o caso do direito à educação; Fase da igualdade de oportunidades: época em que o desenvolvimento econômico e cultural acarreta a massificação da escola e, ao mesmo tempo, faz surgir o grande contingente de crianças e jovens que, não tendo um rendimento escolar adequado aos objetivos da instituição escolar, passam a engrossar o grupo das crianças e jovens deficientes mentais ou com dificuldades de aprendizagem; Fase do direito à integração: se na fase anterior se "promovia" o aumento das "deficiências", uma vez que a ignorância das diferenças, o não respeito pelas diferenças individuais mascarado como defesa dos direitos de "igualdade" agravava essas diferenças, agora é o conceito de "norma" ou de "normalidade" que passa a ser posto em questão. Como relata a própria UNESCO, essas divisões históricas baseadas na forma como a pessoa com deficiência foi encarada acontecem somente de forma cronológica, pois até mesmo nos dias atuais há inúmeras concepções e crenças que permeiam as atitudes frente as pessoas que possuem alguma deficiência. O que reflete nas escolas e instituições que atendem alunos com deficiências. Séculos e mais séculos passaram e as pessoa com alguma deficiência foram discriminadas, tendo a sua condição como ser humano enfatizada pela sua deficiência e não por aquilo que elas poderiam ser capazes. É incalculável o número de pessoas que nasceram e morreram vítimas de “pré-conceito” (conceito julgado antes de ser conhecido, dominado) e tiveram as suas vozes caladas e seus direitos, sentimentos, pensamentos e singularidades legalmente ignorados. Tais marcas continuam em nossa sociedade. 1.2 Inclusão X Exclusão 17 “Do Latim Includere ; Encerrar; Inserir; Meter dentro; abranger; conter em si; compreender.” (Dicionário Aurélio, 1993) De acordo com o dicionário Aurélio (1993) inclusão vem do latim includere - é o ato ou efeito de incluir, que significa: inserir; trazer para dentro; abranger (perceber, entender, apreender, alcançar, atingir); conter em si; compreender (entender alguém, aceitar); introduzir; pertencer juntamente com outros. Em educação, Inclusão significa aceitar (no sentido amplo da palavra) a diversidade humana, trazendo para dentro da escola regular pessoas com deficiências na plena participação de todo o processo educacional. Inclusão é a crença na diversidade como um valor, um bem comum. Independente da cor, raça, religião, enfim, independente das diferenças que possuam as pessoas, é princípio básico dos direitos humanos o acesso à educação. O que ficou estabelecido por ocasião da Conferência Mundial sobre Igualdade de Oportunidade, Acesso e Qualidade, realizada em 1994, na Espanha, em cooperação com a UNESCO, que ficou conhecida como a Declaração de Salamanca. De acordo essa declaração: “O termo “necessidades educacionais especiais” refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e portanto possuem necessidades especiais em algum ponto durante a sua escolarização”. Salamanca1 (introdução 3) 18 Até os dias de hoje existe uma grande batalha para que tal preceito seja vivenciado por todos, porque as marcas da exclusão ainda estão enraizadas na sociedade. No Brasil, a Lei Federal n° 7853, de 24 de outubro de 1989, assegura os direitos básicos dos “portadores de deficiência”. Em seu artigo 8º constitui como crime punível com reclusão (prisão) de 1 a 4 anos e multa, quem: 1. Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de deficiência. 2. Impedir o acesso a qualquer cargo público porque é portador de deficiência. 3. Negar trabalho ou emprego, porque é portador de deficiência. 4. Recusar, retardar ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar ou ambulatória, quando possível, a pessoa portadora de deficiência. 1 1 A Declaração de Salamanca (Salamanca - 1994) trata dos Princípios,Política e Prática em Educação Especial. Trata-se de uma resolução das Nações Unidas adotada em Assembléia Geral, a qual apresenta os Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências. A Declaração de Salamanca é considerada mundialmente um dos mais importantes documentos que visam a inclusão social, juntamente com a Convenção sobre os Direitos da Criança (1988) e da Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990). 19 Quando pensamos na história da humanidade e falamos em inclusão percebemos quanto tempo se passou e que há poucas décadas que os direitos das pessoas com deficiência começaram a ser vistos e pensados. Como diz o ditado “antes tarde do que nunca”, pois analisando positivamente em pouco tempo muitos passos foram dados. Conforme ROBERT (1999): “Grande foi o caminho já percorrido no combate ao preconceito que sofrem os portadores de necessidades especiais. No entanto, muito ainda falta alcançar. Só se atinge a faixa de chegada se os primeiros passos forem dados.” No entanto, percebe-se que só se fala de Inclusão porque a Exclusão existe. Ou seja, consideramos uns sujeitos incluídos, porque outros estão excluídos. Sobre isso declara Sawaia (1999): “... ambas não constituem categorias em si, cujo significado é dado por qualidades específicas, invariantes, contidas em cada um dos termos, mas são da mesma substância e formam um par indissociável, que se constitui na própria relação. A dinâmica entre elas demonstra a capacidade de uma sociedade existir como um sistema.” Muitas mudanças sociais só aconteceram após a criação de leis que garantissem os direitos de igualdade para pessoas com deficiência, capazes de punir legalmente quem não as cumprissem. Sendo que a própria lei muitas vezes não é cumprida em sua plenitude, quando, falta a acessibilidade. 20 São muitas as forma de exclusão que uma pessoa pode vivenciar. A acessibilidade, ou melhor, a sua falta, é um dos maiores exemplos de exclusão. Por exemplo: o “direito de ir e vir” está garantido em lei, mas como um deficiente físico vai onde quiser se são poucos os locais que possuem estrutura para recebê-los adequadamente?! A desigualdade social é outro grande fator de exclusão, em especial quando se trata de sujeitos com deficiências. Até os dias de hoje é comum encontrarmos mendigos expondo suas deficiências para pedir esmolas pelas ruas. O que nos mostra que ainda temos grandes falhas sociais que necessitam de transformações radicais. A maior barreira que pode haver para uma pessoa com deficiência é a “barreira humana” que persiste através do preconceito, discriminação e inabilidade de lidar com o desconhecido, com a diversidade. Segundo Amaral (1995), o confronto com a diferença causa uma hegemonia do emocional sobre o racional. Negar, não a diferença, mas o diferente, é de certa forma, confortável, pois não nos obriga a qualquer transformação. Não basta haver aceitação social e oportunidades IGUAIS se não existir a oportunidade REAL, ou seja, oportunidades justas, que estejam de acordo com o indivíduo, com as suas possibilidades e com os desafios que ele seja capaz de enfrentar. Como afirmou Freire (1996) “... E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.” Incluir não é fazer caridade, e sim, justiça. 21 1.3 Inclusão Escolar A trajetória das pessoas com deficiência até a chegada dos bancos escolares é carregada de estigmas, mitos e crendices, assim como sua trajetória na história da sociedade. No entanto não foram apenas as pessoas com alguma deficiência que foram historicamente excluídas da escola. Mulheres, pessoas negras e pobres também foram mantidos distantes dos espaços escolares porque estudar era privilégio para poucos. No século XIX e em boa parte do século XX havia escolas separadas para meninos e para meninas. À medida que a sociedade passou a “enxergar” os direitos dessas pessoas aos poucos a escola foi abrindo as portas para elas. Hoje temos as escolas públicas, única alternativa para as classes pobres, e as escolas privadas frequentadas preferencialmente pelas classes média e alta. No entanto, para chegar às escolas regulares as pessoas com deficiências passaram pelas Escolas Especiais. González (2007) diz que “a escolarização (das crianças deficientes) foi realizada, fundamentalmente, nas escolas especiais, sendo muito pequena nas escolas regulares, pois se seguiu a tendência de realizar o ensino específico das crianças normais e em separado o daquelas não consideradas como tal.” E muitas ainda passam por elas. Sendo que atualmente a escola especial recebe outro papel, passando de único espaço educacional para pessoas com deficiências, tornando-se um espaço que complementa, que apóia a escola regular ajudando no desenvolvimento do aluno com deficiência através de atendimento educacional especializado em contra turno. A Inclusão Escolar não diz respeito apenas a inserção dos alunos com deficiência, e sim algo mais amplo, uma verdadeira ruptura com o sistema educacional da atualidade, como afirma Mantoan (2006) “ a Inclusão implica 22 mudança desse atual paradigma educacional, para que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos traçando”. Sabemos que a escola muda de acordo com as transformações que ocorrem na própria sociedade. Assim, a escola não é um espaço sem contexto e se anteriormente mostrava-se como um local para homogeneizar e era privilegiadamente um espaço único para o ensino de poucos. Na sociedade moderna, na era da informação e do conhecimento, é preciso reinventar esse paradigma educacional. Malheiro (2010) afirma que “a escola do século XXI deve proporcionar a formação para a complexidade do sistema do mundo atual, o que implica mudanças de atitudes no sentido de maior abertura de horizontes, de tolerância, de solidariedade, de cooperação, de valorização da dignidade humana, atitudes que a escola, deve ser a grande guardiã e mãe ensinadora.” Gomes (1999) observa que “a escola é um espaço sociocultural em que as diferentes presenças se encontram”. Para Fávero (2004) a escola “é o espaço privilegiado da preparação para a cidadania para o pleno desenvolvimento humano”. Como vimos anteriormente, longa foi a jornada percorrida pelas pessoas com deficiências até que elas pudessem sentar nos bancos escolares. A visão da sociedade em relação à pessoa com deficiência mudou, dessa forma o papel da educação escolar em relação a essas pessoas também precisou de novos olhares e novas práticas. Tal olhar amplia-se de dentro da escola para fora dela e vice-versa. Na verdade, possibilitar as diferentes presenças é um desafio. A escola será um espaço sociocultural, em que as diferentes presenças se encontram, assim como o espaço privilegiado de cidadania, se criarmos condições para tanto. Para isso mudanças precisam acontecer, a começar pelos profissionais da educação. Ainda nos dias de hoje muitos professores do ensino regular consideram-se incompetentes para trabalhar com alunos com deficiências (Mantoan-2006). Na verdade o que assusta a muitos desses “educadores” é que a Inclusão implica na mudança estrutural do 23 sistema educacional, exigindo não apenas mudanças atitudinais, como também mudanças da política educacional, nas metodologias de ensino- aprendizagem, na organização curricular e na flexibilidade do mesmo. Sendo assim, a mudança necessária não é somente do professor, como de todo o sistema. “(...) a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, porque não atinge apenas os alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Os alunos comdeficiência constituem uma grande preocupação para os educadores inclusivos. Todos sabemos, porém, que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vem do ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele.” (Mantoan, 1999) Para Bartalotti (2006) "falar em Inclusão Social implica falar em democratização dos espaços sociais, em crença na diversidade como valor, na sociedade para todos. Incluir não é apenas colocar junto, e, principalmente, não é negar a diferença, mas respeitá-la como constitutiva do humano. O valor – positivo ou negativo – que se atribui à diferença é algo construído nas relações humanas. O vetor da exclusão/inclusão não está, portanto, na diferença em si, mas no valor a ela atribuído”. Para Relvas (2010) para se ter um bom rendimento e assim, uma boa acolhida, a escola precisa de: 24 Ø Condições físicas de sala de aula, como higiene, boa iluminação, limite acessível de número de alunos por turma. Ø Condições pedagógicas, disponibilidade de material didático adequado à faixa etária e método pedagógico de acordo com a realidade da criança. Ø Condições de corpo docente, no qual se refere à motivação, à dedicação, à qualificação e à remuneração adequada. Como já bem explicitado por Marsha Forest (1987) cabe aqui a metáfora do caleidoscópio descrita por ela: “O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõe. Quando se retiram pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado.” CAPÍTULO II – Alterações no Processo de Aprendizagem 2.1 Alunos com Deficiências No Brasil, o Decreto n. 3.298 de 20 de dezembro de 1999 em seu Art. 4o considera a pessoa “portadora” de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: I- Deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, 25 nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) II - Deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) III - Deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) IV - Deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sócias d) utilização dos recursos da comunidade e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho; ; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) V - Deficiência Múltipla: associação de duas ou mais deficiências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm#art70 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm#art4ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm#art4iii 26 No outro extremo da escala das capacidades tidas como habilidades intelectuais estão as pessoas consideradas superdotadas ou com altas habilidades. Há ainda aquelas com condutas típicas ( síndromes, transtornos, comportamentos diferenciados...). Assim sendo, entende-se por alunos com deficiências aqueles estudantes que apresentam impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, necessitando de condições favoráveis e estímulos adequados ao seu desenvolvimento. “Se uma criança cega ou surda atinge o mesmo nível de desenvolvimento de uma criança normal, então uma criança com uma deficiência atinge-o de outro modo, por outro caminho, outro meio; para o pedagogo, é particularmente importante conhecer a singularidade do caminho pelo qual deve conduzir a criança. Essa singularidade transforma o menos da deficiência no mais da compensação”. (SACKS, 1998, p. 63) 2.2 Educandos com Dificuldades de Aprendizagem Aprender é um processo complexo e dinâmico que resulta na mudança de comportamento após determinada experiência, estando relacionadas aos fatores comportamentais, afetivos, psicológicos, sociais e orgânicos de cada individuo. São várias as possíveis causas que podem levar um aluno a apresentar dificuldades ou falhas que prejudicam esse processo. Fernández (1991) considera as dificuldades de aprendizagem como sintomas ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão em jogo quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo. Nesse sentido o “querer aprender” vai ser fundamental para que aprendizagem 27 ocorra. Dificuldades de aprendizagem não estão ligadas apenas aos sistemas biológicos, mas podem ser causadas por problemas passageiros e devem ser observadas, podendo ser prevenidas, minimizadas e até excluídas. Algumas vezes a dificuldade de aprendizagem pode ser um alerta sobre um processo de ensino-aprendizagem ineficaz. Conforme Scoz (1994): “(...) os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensal, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.” 2.3 Distúrbios e Transtornos na Aprendizagem De acordo com o CID - 10, os Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares são compostos por grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades escolares. Não são necessariamente decorrentes de deficiências, embora eles possam ocorrer simultaneamente com essas condições. Assim, podemos entender como Transtorno o conjunto de sintomas comportamentais que provocam uma série de perturbações na aprendizagem do sujeito, interferindo no decorrer desse processo. Os transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares geralmente ocorrem junto com outras síndromes clínicas, como por exemplo, o transtorno de déficit de atenção ou o transtorno de conduta, ou outros 28 transtornos do desenvolvimento, tais como o transtorno específico do desenvolvimento da função motora ou os transtornos específicos do desenvolvimento da fala e linguagem. Para Paín (1992), “o tratamento Psicopedagógico é o mais indicado no caso de tratar-se um transtorno de aprendizagem”. A definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for Learning Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), nos Estados Unidos da América,descreve que “Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas na aquisiçãoe uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central.” Distúrbios ligados à Linguagem: Na LEITURA : Alexia (impossibilidade absoluta de ler); Dislexia (domínio insuficiente de leitura). Na ESCRITA: Agrafia (impossibilidade de comunicar algo por escrito, independente do nível mental); Disgrafia (dificuldade acentuada de escrita); Disortografia (dificuldade de escrita relacionada à ortografia); Discaligrafia (reprodução inadequada da letra manuscrita). Na ARITMÉTICA: Acalculia (perda total da capacidade de operar matematicamente); Discalculia (dificuldade parcial de operar matematicamente). Segundo Olivier(2011) “dependendo do grau de dificuldade que o individuo apresente, é necessário um tratamento multidisciplinar”, onde além do psicopedagogo ele poderá ter acompanhamento com profissionais da medicina, fonoaudiologia, pedagogia, psicologia, arteterapia, psicomotricidade (...) dependendo das necessidades individuais. 29 CAPÍTULO III: A psicopedagogia na escola inclusiva 3.1 A Psicopedagogia A própria nomenclatura Psicopedagogia nos remete a pensar na “fusão” entre a Pedagogia e Psicologia. Em resumo a Pedagogia preocupa-se com as questões voltadas às metodologias de ensino-aprendizagem do aluno e a questão educacional em sua amplitude. Enquanto a Psicologia foca na análise do sujeito, no comportamento humano e seus processos mentais. Assim sendo, cabe à Psicopedagogia a lacuna existente entre o Ser aluno e o Ser sujeito. A psicopedagogia nasceu da fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia. “O termo Psicopedagogia distingue-se em três conotações: como uma prática, como um campo de investigação do ato de aprender e como (pretende-se) um saber científico. (BOSSA, 2000) Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia “a Psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.” Esta surgiu da fronteira existente entre a Psicologia e a Pedagogia, apoiando-se no tripé: • Psicologia Social • Psicanálise • Psicologia Genética Porto (2011) destaca que os conhecimentos específicos de Psicologia e a Pedagogia não foram suficientes para formar o corpo teórico da 30 Psicopedagogia, por isso recorre a outras áreas como a Linguística, a Psicanálise, a Filosofia, a Neurologia, que segundo ela “embasam e dão forma teórica e prática psicopedagógica e temos então várias faces e múltiplos olhares”. Tal olhar multidimensional é essencial para o psicopedagogo. É fundamental que ele seja capaz de enxergar o que está por trás do sintoma. O papel do psicopedagogo escolar não se difere quanto a essa questão. Do ponto de vista de Jorge Visca a Psicopedagogia tem em seu perfil um caráter independente e complementar, possuindo o processo de aprendizagem como seu objeto de estudo, adotando recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios, acreditando que nesse processo há participação dos aspectos biológicos com disposições afetivas e intelectuais que interferem o desenvolvimento do sujeito, a sua relação com o outro, com o meio e com o desejo de aprender. O desenvolvimento da aprendizagem vai decorrer influenciado pelas relações sociais e familiares, condições orgânicas, culturais, estímulos e vivências de cada sujeito. Para Rubinstein (1996), “a Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse processo (de aprender)”. Dessa forma, aquele que trabalha com a Psicopedagogia, o Psicopedagogo, tem em sua formação o conhecimento e habilidade para analisar como acontece o processo de aprendizagem de determinado sujeito e se existe algo que pode estar afetando esse percurso. Porto (2011) afirma que “o psicopedagogo sendo um profissional multiespecialista em aprendizagem humana que congrega conhecimento de diversas áreas a fim de intervir nesse processo, com sua intervenção psicopedagógica, pode assumir uma feição preventiva ou terapêutica, relacionando-se com equipes ligadas ao campo da saúde e educação, terapêutica e institucional, respectivamente.” Na escola o psicopedagogo vai adotar esse olhar, lembrando-se que o foco da sua atenção não são as dificuldades de aprendizagem em si, mas o processo de aprendizagem em sua totalidade, e consequentemente se houver 31 algo atrapalhando ele saberá identificar para intervir, como diz Bossa (1994): “ cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação”. 3.2 Práticas Psicopedagógicas que facilitam a Inclusão Escolar Segundo Malheiro (2010) a escola Ideal é aquela que sabe conjugar duas forças complementares: as características temperamentais, psicológicas e físicas da criança com o ideal de educação que a família pretende dar à criança. É onde seja possível conjugar ensino-lúdico com exigência, buscando cada vez mais a individualização no ensino-aprendizagem, isto é, buscar a riqueza e a individualidade do aluno. Percebe-se que a escola inclusiva aproxima-se desse parâmetro por proporcionar o encontro com a Diversidade, levando tanto o professor quanto o aluno a “abrirem os olhos” para as diferenças. Com o advento da Inclusão faz-se necessária uma “visão” mais aguçada mediante as necessidades educativas dos alunos, pois agora a escola não é somente daqueles que se enquadram num determinado padrão, a escola precisa ser de todos, crianças com e sem deficiências, com dificuldades ou facilidades, com desempenho cognitivo baixo, na média ou superior. Assim, o psicopedagogo institucional vai trabalhar na escola para dar assistência e orientações aos professores, prevenir as dificuldades de aprendizagem, desenvolver um trabalho de cunho psicopedagógico educacional (não clínico) com os estudantes, dessa forma contribuindo com a melhoria das condições do processo de ensino aprendizagem. Nesse contexto, o psicopedagogo pode ajudar ao proporcionar uma visão mais atenta e sensível às individualidades, tornando o professor mais apto a perceber quando alguma criança apresenta determinada dificuldade, mesmo que o educador não saiba identificar com exatidão do que se trata. Então, 32 entra o papel do Psicopedagogo Escolar para trabalhar também com o educando. Caberá ao psicopedagogo escolar avaliar quais fatores “facilitaram” a construção dessa dificuldade, dentre as opções enquadram-se: Aqueles relacionados à escola: inadequação da metodologia de ensino- aprendizagem; planejamento ineficaz; profissional desqualificado para a função; muitos alunos na turma; atividades inadequadas para a faixa etária e etc. Aqueles relacionados ao desenvolvimento do sujeito: problemas emocionais e familiares, problemas orgânicos, distúrbios de aprendizagem e transtornos comportamentais. No entanto, não se trata de descobrir se a “culpa” é do aluno ou da escola. O importante é identificar o que favoreceu a aparição da dificuldade para que possa se trabalhar de maneira objetiva. Inicialmente o psicopedagogo deverá realizar uma avaliação simples, onde deverá conhecer o aluno, observando como ele está em relação à aprendizagem, identificando a dificuldade e buscando meios para amenizá-la e ajudando-o na sua superação. Caso seja necessário deve-se encaminhar o aprendiz através de um relatório para o atendimento adequado com o psicopedagogo clínico,pedagogo, professor particular ou profissionais de outras áreas (psicologia, psicomotricidade, médico especialista...) e fazer parceria com tais profissionais que realizam um diagnóstico especializado mais abrangente, visando potencializar essa pessoa em desenvolvimento. Em se tratando de práxis escolar é bom lembrar que é importante dar uma visão do nível pedagógico do aluno de forma global e da especificidade nos diferentes campos, como leitura escrita e cálculo (Weiss-2008). “A prática psicopedagógica vem colocando questões ainda pouco discutidas, de manejo difícil e geradoras 33 de conflito, isto porque seu “paciente”(...) apresenta, quase sempre, um quadro de comprometimentos que extrapola o campo de ação específico de diferentes profissionais, envolvendo dificuldades cognitivas, instrumentais e afetivas”. (BARONE apud BOSSA, 2000) A prática psicopedagógica fomenta questões que ainda são tabus, porque ainda nos dias de hoje existe a idéia de que o aluno com dificuldades precisa de acompanhamento clínico para “normalizar” o que está “errado” e a escola não revê o que está fazendo pelo aluno. Então, mais uma vez, o psicopedagogo, ao realizar a parceria com os profissionais envolvidos com o aluno, inclusive os professores, deve esclarecer e pontuar o que precisa ser modificado e onde é preciso intervir mais, sem “inter-ferir”. Contudo, algumas vezes não há necessidade de fazer encaminhamentos, apenas mudanças na própria maneira de ensinar; mudança de estratégias; planejamento de atividades de acordo com objetivos específicos; metas individuais; orientações aos professores do aluno e pais e etc. Se “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores” (Weiss-1991) ela não favorece apenas aqueles sujeitos que já apresentam dificuldades, distúrbios e transtornos que prejudicam a aprendizagem, mas também ajudam na prevenção, atuando antes que as dificuldades possam surgir ou se agravarem na escola. Trabalho psicopedagógico preventivo: Ø Envolver os professores, preparando-os para lidar com a Diversidade e as necessidades de aprendizagem e estímulos específicos. Ø Detectar possíveis alterações no processo de aprendizagem. Ø Promover orientações metodológicas e atitudinais. 34 Ø Proporcionar estímulos adequados, complementares e suplementares caso seja necessário. Ø Auxiliar na construção do Projeto Político Pedagógico, no Planejamento e nos Projetos. Ø Estimular no professor o uso do lúdico e a construção do conhecimento através do gosto pelo saber. Atendimento psicopedagógico institucional (escolar): Ø Realizar atendimento pedagógico individualizado. Ø Realizar atendimento pedagógico em grupos pequenos. Ø Conversar com o aluno quando precisar de orientação. Ø Encontrar a melhor forma de estudo, organizando o modelo de aprendizagem com o aluno. Ø Olhar os cadernos, observando e auxiliando quanto a sua organização, revendo erros para ajudar o aluno a compreendê-los. Ø Escutar atentamente o aluno. Ø Fazer a avaliação diagnóstica. Ø Fazer encaminhamentos se necessário. Recursos e Estratégias para o trabalho psicopedagógico Na psicopedagogia os recursos utilizados tem o objetivo de proporcionar momentos de construção, criação e apropriação de saberes, onde o sujeito- aprendiz revela onde e como encontra-se no processo de aprendizagem. Cabe ao psicopedagogo avaliar para além do que é concreto. Visto que a criança muitas vezes não fala sobre seus problemas, ou não sabe reconhecê- los, ela utiliza-se de outros meios para expressar-se. Alguns recursos utilizados são: 35 brincadeiras, diversos jogos, materiais diversificados para criação, ilustrações, brinquedos, livros, histórias, computador, músicas, registros escritos (bilhetes, cartas, histórias, poesias) e etc. 3.3 Orientações da psicopedagogia Ø Orientações aos professores Certa vez Freire disse “... aprender não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de renovação..." Então, ajudar um sujeito a (re)encontrar a vontade de aprender e a superar o que limitava/bloqueava esse desejo é abrir portas e janelas para uma nova vida. Partindo desse pressuposto a tarefa principal do professor é promover o gosto pela aprendizagem. Então o trabalho do psicopedagogo vai de acordo com esta lógica, porque ele vai propiciar um reencontro com essa aprendizagem, ajudando a derrubar as barreiras que foram construídas pelos sintomas. A formação do professor deve ocorrer na ótica da educação inclusiva, como formação de especialistas, mas também como parte integrante da formação geral dos profissionais da educação, a quem cabe atuar a fim de reestruturar suas práticas pedagógicas para o processo de inclusão educacional. (FREITAS, 2006) Importante também é o professor conhecer as etapas do desenvolvimento do ser humano; atualizar-se constantemente; pesquisar novas formas de conhecimento e de construção, de didática e de avaliação, sabendo também usar as novas tecnologias como grandes aliadas que podem beneficiar a atuação docente. No entanto isto não é o suficiente. Para Malheiro 36 (2010) “o verdadeiro professor é aquele que sabe querer realmente a todos os seus alunos. Que tem a capacidade para conhecer muito bem a todos...”. Finalizando, o bom professor é aquele que inclui todos os alunos no processo educacional. Ø Orientações aos pais: Segundo Vygotsky a criança nasce inserida num meio social, pertencendo a uma família, estabelecendo com ela as primeiras relações com a linguagem. Nas interações cotidianas, a mediação com o adulto acontece espontaneamente. Nessa interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da apropriação do saber da comunidade em que está inserido. Partindo dessa visão os pais tem papel extremamente importante na aprendizagem do sujeito e muitas vezes não se dão conta disso, acreditando que “a vida ensina”. O psicopedagogo deve orientá-los quanto à importância da função da família; as atitudes a serem tomadas com relação às dificuldades apresentadas pelos filhos (muitas vezes pensam que é para irritar que a criança demonstra determinada atitude); ensinar como se envolverem positivamente com a vida escolar do filho e a importância do afeto. Friedberg e McChure (2004) listam algumas atitudes importantes que os pais precisam adotar para com os filhos: • Reforçar o bom comportamento com elogios, abraços, uma brincadeira ou folga de alguma tarefa doméstica. • Dar atenção aos filhos com sorrisos, abraços, elogio verbal, comentando uma fala do filho, olhando para ele enquanto conversa ou comenta algo que faz, prestando atenção a uma tarefa que ele está realizando. 37 • Estabelecer uma rotina para os comportamentos que devem ser repetidos diariamente, como: tomar banho, arrumar a cama ou estudar. • Reservar um tempo diário para brincar com a criança, de preferência, uma brincadeira no chão dirigida pela própria criança, pelo menos por dez minutos. • Passar um tempo, juntos, em algo que o filho escolha. Por exemplo: jogos de computador, jogos de tabuleiro, jogos de cartas, projetos de arte, brincar na piscina, brincar de bonecas, cozinhar, praticar esportes, entre outros. • Orientá-los adequadamente ao invés de dar lições de moral. • Dar comandos específicos. Dizer o que deve ser feito ou como deve ser feito de maneira clara. Mostrar o caminho. • Permitir escolhas, como forma de valorizar os comportamentos. Por exemplo: já que você completou as tarefas da escola, pode escolher um brinquedo para brincar ou uma história para eu lhe contar. Ø Aos alunos: Ao trabalhar com oSer humano é necessário pensar a sua subjetividade. Na escola não é diferente. O psicopedagogo deve trabalhar não com a dificuldade do aluno, mas com o Ser em sua totalidade, reconhecendo o seu contexto social, familiar, psicológico o seu momento histórico, suas individualidades, seu grau de desenvolvimento e características pessoais. Portanto para pensar o aluno como sujeito é preciso conhecê-lo, e isso se faz quando o psicopedagogo utiliza-se de ferramentas fundamentais: • Diálogo • Escuta atenta 38 • Observação • Descoberta das habilidades A relação aluno- psicopedagogo deve baseada no respeito, na confiança e na capacidade mútua de acreditar no outro, tendo a afetividade como mola propulsora. Quando esses “ingredientes” estão presentes nessa relação a possibilidade de crescimento de ambos é enorme. Mesmo sabendo que o sucesso do desenvolvimento do aluno e a superação e exclusão das “muletas” não dependa somente desse fator, é sabido que essa relação quando positiva vai facilitar o próprio desenvolvimento do educando e a disposição para atenuar as dificuldades apresentadas. 39 CONCLUSÃO Vivemos numa sociedade capitalista, no século XXI, cuja base da sua construção social e cultural está pautada nos ideais de minorias que detinham o poder ao longo da história. Embora as crenças e valores dessa minoria tenham permanecido enraizados na contemporaneidade, muitas mudanças aconteceram nesse âmbito. Corrêa (2005) analisou historicamente as mudanças referentes à pessoa com deficiência, levando-nos a perceber que muitas transformações foram acontecendo ao longo da história, refletindo nas escolas e no processo educacional. Analisando a nossa história, nunca fomos capazes de aceitar as diferenças (sociais, culturais, étnicas, religiosas...), fato que começa a ser modificado nos dias de hoje. À medida que a sociedade foi se modificando, as práticas educacionais também, assim como a visão do próprio homem. O homem passou a adotar diferentes visões sobre si mesmo: ser primitivo, ser pecador ou puro, ser iluminado, ser racional (...) e enfim começa a se enxergar e ser enxergado como ser humano. Através da Psicologia ele passa a ser visto como sujeito e pela Pedagogia como um aprendiz. No entanto, a quem pertence o conhecimento referente ao sujeito-aprendiz? Quem estuda o processo de aprendizagem desse sujeito? Buscando preencher essa lacuna nasce a Psicopedagogia, cujo objeto central de estudo está se estruturando em torno da aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos, conforme Bossa (2000). O que o psicopedagogo deve buscar na escola é a realização de uma práxis psicopedagógica capaz de fomentar no educando o seu potencial para aprender, desenvolvendo no professor a compreensão da importância de educar para o desejo de aprender. Segundo Ramos (2010) o primeiro passo para a inclusão na escola é realmente desfazer a idéia de homogeneidade e ter consciência das diferenças, reconhecendo que a aprendizagem é algo 40 individual. A convivência com outras crianças é fundamental, porque isso permite o confronto com o “outro”. Se ela convive apenas com crianças que possuem as mesmas necessidades, não terá outros parâmetros. Respeitar as diferenças é também respeitar o ritmo de aprendizagem de cada um, considerando-se que aprender é para a vida toda, como nos lembra Freire“... aprender não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de renovação..." Então, ajudar um sujeito a (re)encontrar a vontade de aprender e a superar o que limitava/bloqueava esse desejo é abrir portas e janelas para uma nova vida. Na atualidade a educação é um direito de todos, e como a escola pode ser entendida como o reflexo desta sociedade composta por diferentes personagens, é nela que fica enfatizado esse direito de ser diferente em alguns aspectos e iguais em outros, sem que isso seja considerado uma anormalidade que cause perturbações. Conforme a Declaração de Salamanca “As escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas ou outras”. De acordo com essa Declaração, a Educação Inclusiva “não é só uma questão de acesso, mais sim de qualidade. E no qual a demanda que os Estados assegurem que a educação de pessoas com deficiências seja parte integrante do sistema educacional.” Bartalotti (2006) detectou que a exclusão não se resolve, portanto, pela simples inclusão do sujeito em determinado espaço social. Não se incluem por decretos, eles supõem o direito civil, mas a inclusão efetiva passa por caminhos mais complexos. Por meio deste trabalho nota-se que com o advento da Inclusão a escola torna-se um ambiente mais rico em diversidade, onde fica mais claro que o desenvolvimento das pessoas não ocorre de igual para igual, afinal, cada um tem a sua história, suas potencialidades, dificuldades, personalidade e trajetória de vida (familiar, escolar...). Como vimos a inclusão exige que o professor perceba essas singularidades e conheça seu alunado. Então, muitos 41 professores mostram-se contrários à inclusão, porque ela demanda um novo olhar, novas práticas e mudanças de atitude. Relvas (2009) diz que “novas posturas educacionais precisam ser estruturadas para que os educandos despertem para o aprender escolar” e saibam enfrentar os desafios da vida. O psicopedagogo na escola poderá avaliar o aluno, não no sentido de rotular, mas de encontrar o que dificulta o processo de aprender no caso dos alunos com dificuldades de aprendizagem. No caso dos alunos com deficiência o psicopedagogo poderá orientar os professores quanto às necessidades específicas, adaptações curriculares, metodologias adequadas, habilidades e dificuldades do sujeito e também ajudar esse aluno com deficiência em seu processo de aprendizagem, criando estratégias que possibilitem e favoreçam o desejo de aprender. O que fazer quando as estratégias utilizadas para ensinar são eficazes para alguns, mas não para outros? O que fazer com as famílias que não sabem como lidar com a dificuldade de aprendizagem do filho? Para Rubinstein (1996), “a Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse processo (de aprender)”. Assim, questões como as citadas acima podem ser trabalhadas pelo psicopedagogo, que deverá mediar as relações do aluno com a aprendizagem, orientar os pais, ajudar a preparar o professor para a aceitação e a diversidade, sendo uma peça muito importante na escola inclusiva. Compreendemos através deste estudo que o psicopedagogo contribui diretamente para a inclusão na escola e tem muito trabalho a fazer, onde pode- se destacar na sua função o papel de: • Conhecer a clientela escolar e a escola em si • Descobrir o que o sintoma está camuflando • Estimular a vontade de aprender • Desafiar a construção de novas práticas docentes 42 Pode ser notado que a sua atuação em ambiente escolar não deve ser solitária, pois o psicopedagogo poderá realizar um trabalho integrado, auxiliando tanto no desenvolvimento do aluno, quanto à capacitação da escola, orientando os pais e realizando parcerias com outros profissionais que atendam esse educando, favorecendo um elo que irá beneficiar o processo ensino-aprendizagem. “O trabalho psicopedagógico atua não no interior do aluno ao sensibilizar para a construção do conhecimento, levando em consideração os desejos do aluno, mas requer também uma transformação interna do professor” (Fagali-1992). Enfim, a escola da atualidade não pode mais favorecer a exclusão, é necessário romper as barreiras do preconceito e buscar o desenvolvimento de cada aluno. Pois a educação é fundamental para o desenvolvimentodo sujeito e a oportunidade para que a pessoa se desenvolva de forma plena, autônoma, justa, humana e feliz deve começar na escola. A psicopedagogia dentro da escola torna a inclusão mais eficaz e possível, partindo da perspectiva que todo sujeito é capaz de aprender. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Lígia. Conhecendo a deficiência em companhia de Hércules. São Paulo: Robe, 1995. AURÉLIO, Dicionário. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. A Educação Especial no Contexto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília: MEC/SEF, 1997. BARTALOTTI, Celina C. Inclusão das pessoas com deficiência: utopia ou possibilidades? São Paulo: Paulus, 2006. 57f. 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WEBLIOGRAFIA/WEBSITES 46 www.abpp.com.br www.abpp-rj.com.br www.dominiopublico .com.br http://www.pedagobrasil.com.br/educacaoespecial/inclusaoescolar.htm www.psicopedagogiaonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm http://www.pro-inclusao.org.br/textos.html#intgr http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/1662552 http://www.webartigos.com/articles/48/1/A-Importancia- DoPsicopedagogo/pagina1.html http://www.abpp.com.br/ http://www.abpp-rj.com.br/ http://www.pedagobrasil.com.br/educacaoespecial/inclusaoescolar.htm http://www.psicopedagogiaonline.com.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm http://www.pro-inclusao.org.br/textos.html#intgr http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/1662552 http://www.webartigos.com/articles/48/1/A-Importancia-DoPsicopedagogo/pagina1.html http://www.webartigos.com/articles/48/1/A-Importancia-DoPsicopedagogo/pagina1.html 47 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I - A Inclusão 11 1.1 História da Educação Especial 11 1.2 Exclusão X Inclusão 17 1.3 Inclusão Escolar 21 CAPÍTULO II – Alterações no Processo de Aprendizagem 24 2.1 Alunos com deficiências 24 2.2 Dificuldades de aprendizagem 26 2.3 Distúrbios e Transtornos na aprendizagem escolar 27 CAPÍTULO III – A Psicopedagogia na Escola Inclusiva 29 3.1 A psicopedagogia 29 3.2 Práticas psicopedagógicas na escola inclusiva 31 3.3 Orientações da psicopedagogia 35 48 CONCLUSÃO 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43 WEBSITES 46 ÍNDICE 47 FOLHA DE AVALIAÇÃO 49 49 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: AGRADECIMENTOS FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 CAPÍTULO II Alterações no Processo de Aprendizagem 24 CONCLUSÃO39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43 WEBSITES 46 ÍNDICE 47 FOLHA DE AVALIAÇÃO 49 1.1 A história da Educação Especial CAPÍTULO II – Alterações no Processo de Aprendizagem 3.2 Práticas Psicopedagógicas que facilitam a Inclusão Escolar FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 CAPÍTULO II – Alterações no Processo de Aprendizagem 24 2.1 Alunos com deficiências 24 CONCLUSÃO 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43 WEBSITES 46 ÍNDICE 47 FOLHA DE AVALIAÇÃO
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