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ENCONTRO 4 CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO e AÇÃO MONITÓRIA Requisitos fundamentais – Abordagem Prática Professor Amarílio Hermes Leal de Vasconcellos AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Elaboração • “Assim, é partindo desta premissa que se permite reconhecer que o devedor é também titular de direitos, e precisamente, do direito de liberação da obrigação, da dívida que possui. E, como se disse acima, esse direito de pagar tudo e somente o que é devido no prazo de vencimento atua como um direito de exonerar-se do débito e dos males que ele causa intrinsicamente como pessoa e extrinsecamente no seio social que vive. Por isso, sempre que o direito do livramento da obrigação não é obtido pela forma natural por motivos ou circunstâncias várias, o legislador civil, combinado com o processual, oferta modos de extinção da obrigação, sendo um deles a consignação em pagamento. Esta, portanto, é forma substitutiva de realização do pagamento ofertada ao devedor (tanto que o legislador usa a expressão “poderá”no artigo 339 do CPC) que culmina com a extinção da obrigacão. É sob essa perspectiva, fomentada pelos artigos 334 e ss. Do CCB, que deve ser lida a ação de consignação em pagamento, a. primeira no rol dos procedimentos especiais, que o CPC deu tratamrnto nos artigos 539 a 549 …” (ABELHA, Marcelo. Manual de Direito Processual Civil., p. 790) PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Elaboração • AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: • Art. 539 / Art. 549 do Código de Processo Civil e art. 334 a 345 do CC • Art. 539 do CPC: “Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.”. • Possibilidade de realização de depósito de forma extrajudicial. • Possibilidade de promover o depósito das parcelas em contrato diferido e de trato sucessivo – art. 541 do CPC. • Caso o depósito seja insuficiente – o autor será infirmado para complementar o depósito em 10 dias. • Pedidos: Art. 546 do CPC: “Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.”. • Possibilidade de litisconsórcio passivo – art. 335, IV do CPC e art. 547 do CPC. • Pedido de citação: para apresentar resposta ou promover o levantamento. PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Elaboração • Direito Material: • Nos termos do art. 335 CC: • I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; • II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; • III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; (intimação da Defensoria – art. 72 CPC). • IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; • V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. • Art. 67 Lei nº 8.245/91 PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Elaboração • 1. Compete ̂ncia Territorial: • 1.1 Regra Geral: no local do pagamento que em regra é no domicílio do devedor/consignante ou, em local diverso, em caso de convenção das partes (art. 327 CC e art. 540 CPC). • 1.2. Exceção: Se a consignação versar sobre bem imóvel ou prestação relativas à imóvel, no local do bem (art. 328 CC e art. 47 CPC). • “Sendo a dívida quesível, o foro competente é o do domicílio do autor (devedor); sendo portável, aquele onde se situa o domicílio do credor (réu) , ou contratualmente eleito (foro de eleição: NCPC, art. 63)” (MARCATO, Antonio Carlos. Procedimentos especiais, 17ª Ed., p. 90) PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Elaboração • 2.. Legitimidade Ativa/Passiva: • 2.1. Legitimidade Ativa: Nos termos do art. 304 CC, o devedor e/ou qualquer terceiro interessado ou não interessado (este se o fizer em nome do devedor). Caso o pagamento seja realizado por terceiro interessado, o mesmo se sub-roga nos direitos do credor; caso seja realizado por terceiro não interessado, o mesmo terá o direito do reembolso, não havendo a sub-rogação. • 2.2. Legitimidade Passiva: Credor ou Representante. Quando o objeto da demanda decorrer de dúvida quanto à pessoa do credor (art. 335, IV CC), a demanda deve ser proposta em face de todos aqueles que reclamam legitimamente a titularidade do crédito (litisconsórcio necessário). PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Elaboração • Repetitivo: Tema 967 (REsp 1108058 / DF): "Em ação consignatória, a insuficiência do depósito realizado pelo devedor conduz ao julgamento de improcedência do pedido, pois o pagamento parcial da dívida não extingue o vínculo obrigacional". • Valor da Causa: Considera-se o valor da obrigação, sendo coisa, será atribuído o valor de mercado ou o valor previsto em contrato; sendo prestação pecuniária única, o valor desta, e; sendo prestações pecuniárias sucessivas, o valor da soma destas se inferior a um ano, sendo superior, o equivalente à uma anuidade (12 parcelas) nos termos do art. 292, §2º CPC. PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Elaboração • OAB XVII: Enunciado: Mario e Henrique celebraram contrato de compra e venda, tendo por objeto uma máquina de cortar grama, ficando ajustado o preço de R$ 1.000,00 e definido o foro da comarca da capital do Rio de Janeiro para dirimir quaisquer conflitos. Ficou acordado, ainda, que o cheque no 007, da Agência no 507, do Banco X, emitido por Mário para o pagamento da di ́vida, seria pós-datado para ser depositado em 30 dias. Ocorre, porém, que, nesse ínterim, Mário ficou desempregado. Decorrido o prazo convencionado, Henrique efetuou a apresentac ̧a ̃o do cheque, que foi devolvido por insuficiência de fundos. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo mesmo motivo, acarretando a inclusa ̃o do nome de Mário nos cadastros de inadimplentes. Passados dez meses, Mário conseguiu um novo emprego e, diante da inércia de Henrique, que permanece de posse do cheque, em cobrar a dívida, procurou-o a fim de quitar o débito. Entretanto, Henrique havia se mudado e Mário na ̃o conseguiu informac ̧ões sobre seu paradeiro, o que inviabilizou o contato pela via postal. Mário, querendo saldar a dívida e restabelecer seu crédito perante as instituições financeiras procura um advogado para que sejam adotadas as provide ̂ncias cabíveis. PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: Elaboração • Fundamentos Jurídicos: Arts. 334 e 335, III do CC • Necessidade de deduzir um pedido de tutela satisfativa/antecipada para o fim de baixar de imediato o nome do autor nos cadastros de maus pagadores. • Cumulando os pedidos desnatura para procedimento comum – com a técnica do depósito em juízo: art. 327, §2º do CPC. • Valor da causa: R$ 1.000,00 PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO MONITÓRIA: Elaboração a) Artigos 700 a 702 do NCPC (Artigos 1102A e 1102C do CPC). b) Necessidade de prova escrita sem eficácia de título executivo ou prova oral documental constituída nos termos do artigo 381 do NCPC (produção antecipada de provas) c) Verificar na legislação quais documentos escritos possuem eficácia de título executivo (artigo 784 do NCPC e legislação extravagante); d) Pode ser utilizada para pagamento de soma em dinheiro / entrega coisa fungível ou determinado bem móvel; e) Pedido de citação: seja expedido mandado, via correio, para que o réu, querendo, promova o pagamento (ou entrega de coisa) do valor de R$ (valor atualizado da dívida), conforme memória atualizada do débito, acrescido de honorários de 5%, no prazo de 15 dias, ou ainda, oferecer embargos no mesmo prazo, sendo advertido do ônus do artigo 701, §2º do NCPC, em caso de inércia; f) Outros pedidos: caso seja realizado o pagamento no prazo estabelecido acima, fica advertido o devedor que restará isento das custas – artigo 701, §1º do NCPC; g) Pedido de provas: a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmentea prova documental (prova escrita); h) Apresentados os embargos, procede-se conforme o procedimento comum (artigo 702, §2º do NCPC) i) É possível reconvir na demanda monitória – art. 702, §6º do NCPC. (Súmula 292 do STJ) j) Valor da causa: Valor atualizado do débito (ou valor do bem) – art. 700, §3º do CPC. k) Necessária memória de cálculo de atualização do débito. PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO MONITÓRIA: Elaboração • Possibilidade de utilização de e-mail como prova escrita • Cingiu-se a controvérsia em definir se a correspondência eletrônica e-mail constitui documento hábil a embasar a propositura de ação monitória. Extrai-se do art. 1.102 doCPC/1.973 os requisitos para a propositura da ação monitória: comprovação da relaçãojurídica por meio de prova escrita; ausência de força executiva do título e dívida referente apagamento de soma em dinheiro ou de entrega de coisa fungível ou bem móvel (vide tambémo art. 700 e incisos do CPC/2.015). Nesse passo, o legislador não definiu o termo "provaescrita", tratando- se, portanto, de conceito eminentemente doutrinário-jurisprudencial. Comefeito, a prova hábil a instruir a ação monitória, a que alude o artigo 1.102-A do Código deProcesso Civil, não precisa, necessariamente, ter sido emitida pelo devedor ou nela constarsua assinatura ou de um representante. Basta que tenha forma escrita e seja suficiente para,efetivamente, influir na convicção do magistrado acerca do direito alegado. Ademais, para aadmissibilidade da ação monitória, não é imprescindível que o autor instrua a ação comprova robusta, estreme de dúvida, podendo ser aparelhada por documento idôneo, ainda queemitido pelo próprio credor, contanto que, por meio do prudente exame do juiz, exsurja juízode probabilidade acerca do direito afirmado. Nesse contexto, nota-se que a legislaçãobrasileira, ainda sob à luz do CPC de 1.973, não proíbe a utilização de provas oriundas demeio eletrônico. Imbuído desse mesmo espírito da "era digital", o novo Código de ProcessoCivil, ao tratar sobre as provas admitidas no processo, possibilita expressamente o uso dedocumentos eletrônicos, condicionando, via de regra, a sua conversão na forma impressa.Especificamente sobre a questão controvertida, o maior questionamento quanto à forçaprobante do correio eletrônico está adstrito ao campo da veracidade e da autenticidade dasinformações, principalmente sobre a propriedade de determinado endereço de e-mail. Emoutras palavras, consiste em saber se uma "conta de e-mail" pertence às partes da demandamonitória, bem como se o seu conteúdo não foi alterado durante o tráfego das informações.Entretanto, há mecanismos capazes de garantir a segurança e a confiabilidade dacorrespondência eletrônica e a identidade do emissor, permitindo a trocas de mensagenscriptografadas entre os usuários. É o caso do e-mail assinado digitalmente, com o uso decertificação digital. Nesse caminho, esse exame sobre a validade, ou não, da correspondênciaeletrônica deverá ser aferida no caso concreto, juntamente com os demais elementos deprova trazidos pela parte autora. De fato, se a legislação brasileira não veda a utilização dedocumentos eletrônicos como meio de prova, soaria irrazoável dizer que uma relaçãonegocial não possa ser comprovada por trocas de mensagens via e-mail. (REsp 1.381.603-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade,julgado em 6/10/2016, DJe 11/11/2016) PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO MONITÓRIA: Elaboração • Outras questões: • Perda da eficácia executiva (possibilidade de ajuizamento de demanda monitória) a) Artigo 59 da Lei do Cheque (Lei no 7357/85): “Art . 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentac ̧a ̃o, a aça ̃o que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. Para ́grafo único - A aça ̃o de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado.” – ver artigo 33 b) Artigo 70 e 77 da Lei de Genebra: “Art. 70. Todas as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem em 3 (tre ̂s) anos a contar do seu vencimento (...) Art. 77. Sa ̃o aplica ́veis às notas promissórias, na parte em que não sejam contrárias à natureza deste ti ́tulo, as disposições relativas a ̀s letras e concernentes PRÁTICA JURÍDICA I AÇÃO MONITÓRIA: Elaboração • Outras questões: • Exemplos de prova escrita: a) Ti ́tulo executivo prescrito, e; b) Contrato assinado sem as duas testemunhas. • É possível a realização de prova oral pré-constituída nos termos do art. 381 do CPC. Ver Súmulas sobre ação monitória Súmula 233 do STJ: “O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não é ti ́tulo executivo.” Súmula 247 do STJ: “O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento ha ́bil para o ajuizamento da aça ̃o monito ́ria.” Súmula 299 do STJ: “É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.” Súmula 339 do STJ: “É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.” – art. 700, §6º do NCPC. Súmula 384 do STJ: “Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia.” Súmula 503 do STJ: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.” Súmula 504 do STJ: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.” PRÁTICA JURÍDICA I
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