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RESUMO SOBRE O CAPÍTULO 1° DO LIVRO CULTURA JURÍDICA EUROPEIA

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Cultura Jurídica Européia – Resumo 
1. A História do Direito na Formação dos Juristas
Os exemplos históricos dão um “brilho” à argumentação dos juristas – pode aumentar o poder de persuasão.
A missão da história do dt. é problematizar o pressuposto implícito e acrítico das disciplinas dogmáticas, ou seja, o de que o dt. dos nossos dias é o racional, o necessário, o definitivo.
O dt. existe sempre em sociedade e depende do ambiente em que está – é local.
1.1. A História do Dt. como Discurso Legitimador
O dt. precisa ser legitimado, ou seja, precisa que se construa um consenso social sobre o fundamento da sua obrigatoriedade e sobre a necessidade de se obedecer.
A história do dt. pode contribuir para legitimar o dt. estabelecido, e ela desempenhou esse papel legitimador durante um longo período da história jurídica.
A história do dt., no séc. XIX, devia desempenhar um papel dogmático, tanto ao revelar o dt. tradicional, como apo proteger o dt. contemporâneo das inovações arbitrárias.
Atualmente, a tradição deixou de ser a principal estrutura de legitimação e a história do dt. perdeu grande parte dos seus créditos como oráculo.
Hoje, a história, mais do que escrever, cria. Aquilo que o historiador crê encontrar como a “alma de um povo”, na verdade é ele que lá o põe – a partir de suas crenças e preconceitos.
Em outra perspectiva, a história poderia demonstrar que se foram firmando consensos sobre certos valores e que eles deveriam ser respeitados também no presente. A história seria o fórum de um contínuo plebiscito e, assim, poderia documentar o espírito de um povo.
Com a ideia acima, passados e presentes estariam a obedecer ao que está estabelecido pelas mesmas razões.
Existem conceitos que parecem existir sendo referidos com as mesmas palavras há muito tempo. Contudo, embora a semelhança terminológica, existem quebras decisivas nos seus significados semânticos.
Com essa descontinuidade no sentido, o suposto caráter natural dessas categorias jurídicas (conceitos jurídicos) foi desmentido. O ato de se dar um caráter natural àquilo que nos é familiar se chama “naturalização da cultura”.
A teoria do progresso linear julga ser possível o uso da história para provar uma linearidade do progresso jurídico. Essa teoria resulta frequentemente de o observador ler o passado a partir da perspectiva daquilo que acabou de acontecer.
A história progressista promove uma sacralização do presente como o único horizonte possível da evolução humana.
A teoria da modernização se baseia na do progresso linear e propõe uma política do dt. baseada em um padrão de evolução artificialmente considerado como universal. Aqui, o modelo de organização político-jurídica das sociedades do Ocidente é proposto como um objetivo universal de evolução sócio-política.
As estratégias “naturalizadora” e “progressista” contam a história a partir de matérias históricas que consideram relevantes por advirem do leque de conceitos e problemas jurídicos contemporâneos. Isso leva a uma perspectiva deformada do campo histórico.
A vinculação do passado ao imaginário contemporâneo (anacronismo) pode levar a uma total incompreensão histórica.
O autor deixa explícito que existem grupos de pessoas que acham essa estratégia válida e necessária, mas que discorda disso e afirma que, além de limitar a história, essa estratégia torna os sujeitos históricos desprovidos de autonomia e os deixa em um monólogo com o historiador.
1.2. A História Crítica do Direito
Existem três estratégias científicas para se alcançar os objetivos de uma história crítica.
A primeira estratégia é a de instigar uma forte consciência metodológica nos historiadores, problematizando a concepção ingênua segundo a qual a narrativa histórica é senão o simples relato daquilo que “realmente aconteceu”.
Os acontecimentos históricos são criados pelo trabalho do historiador, o qual seleciona a perspectiva, constrói objetos ou cria esquemas mentais para organizar os eventos.
(Cuidados que historiadores devem ter). Os historiadores devem estar cientes do artificialismo da realidade histórica por eles criada; da forma como seus processos mentais modelam a realidade histórica; das raízes social e culturalmente embebidas deste processo de criação.
A segunda estratégia é a de eleger como objeto da história jurídica o direito em sociedade – essa linha de evolução domina a historiografia contemporânea a partir da Escola dos Annales, com a sua ideia de história total.
Essa estratégia leva a uma história do direito intimamente ligada à história dos diversos contextos com os quais o direito funciona.
1.2.1. A Percepção dos Poderes “Periféricos”
O entendimento das normas jurídicas depende da sua integração com os complexos normativos que organizam a vida social – o dt. tem um sentido meramente contextual.
A teoria crítica da Escola de Frankfurt problematizou a ideologia da neutralidade política e afirmou que qualquer atividade humana tem uma componente política e disciplinadora.
Foucault fala sobre a onipresença do poder na sociedade e a necessidade de a teoria política se assumir para captá-lo em toda sua extensão.
A historiografia atual se apoia tanto em temas provindos da mais acadêmica reflexão teórica como numa pré-compreensão do mundo com raízes na mais recente cultura contemporânea.
Foi dessa ideia que resultou a tendência dos historiadores do dt. de alargarem seu campo de pesquisa para além do âmbito do direito oficial, integrando nele todos os fenômenos de normação social – normas religiosas, costumes, etc.
1.2.2. O Direito como um Produto Social
A própria produção do direito é um processo social, ou seja, algo que depende de um complexo que envolve toda a sociedade. Por isso, é obrigatório que se considere o processo social de produção do próprio direito na explicação do direito.
A ideia central é de se relacionar o direito com os espaços sociais explicando a partir daí os efeitos jurídicos produzidos.
A ideia comum a qualquer denominação da história do dt. é a da autonomia dele em relação aos momentos não jurídicos das relações sociais. E ainda que o imaginário jurídico pode mesmo modelar imaginários sociais mais abrangentes, bem como as práticas sociais que deles decorram.
De acordo com a teoria da recepção, ler um texto é reproduzi-lo, dando-lhe um novo significado, de acordo com a nova maneira como ele é integrado no universo intelectual do leitor.
Logo, a história do dt. tem que evitar a reificação dos valores, já que eles sofrem permanentes modificações do seu sentido.
Contudo, algo de permanente resiste a estas sucessivas reapropriações – daí o preso da tradição jurídica –, o hábito inculcado pela tradição literária em que o leitor se formou.
1.2.3. Contra a Teleologia
A terceira estratégia de uma história crítica do dt. é a de insistir no fato de que a história jurídica não constitui desenvolvimento linear, necessário, progressivo, escatológico. Isso significa que a história há descontinuidade e ruptura.
Contudo, os juristas e historiadores tendem a crer que o dt. constitui uma antiga tradição agregativa, em que as novas soluções se somam às mais antigas, atualizando-as ou aperfeiçoando-as.
Se os valores são contextuais, qualquer mudança no contexto do direito corta-o da tradição prévia. A história do dt. é assim constituída por uma sucessão de sistemas jurídicos sincrônicos e fechados entre si.
O direito recompõe-se continuamente e, ao fazê-lo, recompõe também a leitura da sua própria história, atualizando-a.
O passado modela o presente pela disponibilização de uma grande utensilagem social e intelectual com que se produzem novos valores e normas.
Com essa ideia, que traz uma crítica ao progresso linear, de genealogia e de influência, o presente deixa de ser o apogeu do passado e se torna apenas mais um arranjo aleatório que os elementos herdados da tradição poderiam ter produzido.
A ideia de descontinuidade torna o passado não mais um precursor do presente – o passado é libertado do presente.

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