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1. A discussão sobre se a história é uma ciência, ou não, remonta há séculos. E ela não se encerrará tão cedo, devido à natureza peculiar do trabalho do historiador e de seu objeto de estudo que é o passado. Portanto, os historiadores sempre devem estar prontos para confrontar essa problemática, de forma a se obter avanços sobre o tema. Muitos historiadores utilizam um argumento específico para comprovar a cientificidade da pesquisa histórica, que era justamente algo que faltava na perspectiva historiográfica de Leopold von Ranke. Qual seria esse elemento principal que torna a história uma ciência? Você acertou! B. As teorias da história, pois é a partir delas que o historiador pode produzir o conhecimento histórico. É fundamental, para que um trabalho histórico seja científico, o uso de teorias que permitam ao historiador a reflexão sobre o seu objeto e, ao mesmo tempo, a produção de conhecimento histórico com embasamento. Ranke não considerava esse aspecto, defendendo apenas o rigor no trato das fontes, que eram exclusivamente documentos oficiais. O historiador não precisa criar uma teoria própria, podendo utilizar teorias de autores de referência. No entanto, não se pode deixar de usar um método que garanta a análise sistemática do objeto. Assim, as fontes poderão ser interpretadas corretamente. 2. Em seu ofício, o historiador deve estar atento para não se tornar apenas um compilador de fatos, os quais ele busca constatar a veracidade ou não. Nesse sentido, é necessário que, ao entrar em contato com o seu objeto de estudo, ou seja, as suas fontes, o historiador esteja disponível para pensar sobre elas. Essa reflexão, que é feita a partir de seu método e da teoria escolhida para o entendimento do objeto, será fundamental para que o historiador possa escrever seu texto e proceder com a comunicação dos resultados. De que forma isso deve ser feito de maneira que o processo inteiro adquira sentido? Você acertou! E. Elaborar hipóteses sobre os seus objetos, de forma a criar um processo racional e com sentido. Na pesquisa da história, o historiador deverá fazer um recorte no seu objeto determinando hipóteses de trabalho. Assim, é estabelecido um processo racional que será capaz de criar sentido nas informações extraídas das fontes. Porém, é importante lembrar que o processo não precisa estar fechado em si necessariamente, pois o historiador deve sempre compreender o contexto que produziu as fontes. Sua narrativa será criada após esse processo, não importando se o tema abordado não é inédito, desde que sua reflexão contribuía para o alargamento da compreensão desse tema. Vale lembrar que as fontes por si só não apresentam um sentido racional, este é construído pelo historiador. 3. O século XIX foi um século de grandes transformações. A Revolução Industrial fez com que um novo mundo surgisse, com aumento da população urbana, novas classes sociais, conquista de novos territórios por parte dos europeus em busca de matérias-primas e novos mercados. Dessa forma, toda a sociedade europeia foi afetada em maior ou menor grau. Os avanços científicos do período também tiveram forte impacto no imaginário social e na produção intelectual. O Positivismo foi uma doutrina fortemente influenciada pelas novidades desse contexto histórico. Por sua vez, o Positivismo também influenciou a produção historiográfica do século XIX. Quais são as principais influências do Positivismo sobre os historiadores do século XIX? Você acertou! C. O paradigma de que o historiador deve se apresentar absolutamente objetivo perante as suas fontes, bem como a defesa de uma total separação entre sujeito e objeto. O Positivismo influenciou Leopold von Ranke e depois a Escola Metódica, na França. Os pressupostos mais importantes vindos do Positivismo davam conta de que era possível e desejável ao historiador manter uma objetividade completa perante o seu objeto de pesquisa, com separação total entre sujeito e objeto. Para a historiografia positivista, somente documentos escritos e oficiais eram aceitos como fonte e as ciências humanas deveriam usar métodos das ciências naturais. Portanto, a história era considerada uma ciência. 4. A chamada “terceira geração” da Escola de Annales, surgida na década de 1960, diversificou enormemente os temas de pesquisa dos historiadores. Ao passarem do “porão ao sótão”, isto é, da historiografia materialista para uma história cultural, historiadores como Philippe Ariès descobriram como é importante levarmos em consideração o contexto histórico para descobrirmos as sensibilidades de uma determinada época e como elas são diferentes de outros tempos. Da mesma forma, Jean Delumeau, em trabalho monumental, estudou os medos das pessoas através de vários séculos, demonstrando uma grande variação entre eles. Ariès descobriu que na Idade Média não havia a ideia de infância, com as crianças sendo vistas como adultos em miniatura. Que tipo de conexão Ariès fez para sustentar a sua descoberta? Você acertou! E. O autor estabeleceu conexões entre fatos naturais ( a infância ) e sociais ( o modo que a sociedade lidava com essa fase da vida ). O autor fez a conexão entre um fato natural, isto é, o fato de que existem crianças, que é uma fase da vida bem determinada, e o fato de que aquela sociedade não havia desenvolvido essa noção, situando-se em nível social. As crianças participavam de todos os elementos da vida cotidiana, desde o trabalho pesado até as celebrações religiosas e até mesmo de batalhas. 5. Lucien Febvre afirmou certa vez que o anacronismo, para o historiador, é o "pecado dos pecados", isto é, o erro mais grave que se pode cometer no estudo e na escrita da história. No âmbito da história, o anacronismo pode ser entendido como o uso de conceitos que fazem sentido na época do historiador, mas que se apresentam completamente estranhos à época sobre a qual o pesquisador dedica a sua investigação. Também pode ser compreendido como o uso de termos que na atualidade têm um determinado sentido e na época estudada não existiam ou tinham sentido diverso. Tendo em vista o exposto, como o historiador pode evitar o anacronismo? Você acertou! E. Tendo domínio do contexto histórico estudado e dos conceitos utilizados. É fundamental para o historiador o domínio dos conceitos que pretende utilizar em sua investigação e escrita, bem como o conhecimento preciso do contexto histórico analisado. Dessa forma, o historiador reduz as chances de incorrer em anacronismo. Conhecer os idiomas e ter uma boa capacidade de redação não terão influência determinante. No entanto, se o historiador utilizar termos dúbios em sua pesquisa, ele deve esclarecê-los corretamente. 1. Em 1906, François Simiand sistematizou em seu livro Método histórico e ciência social várias críticas à História que já vinham desde fins do século XIX. Basicamente, eram uma crítica ao personalismo (preocupação com grandes nomes) e à busca pelas origens dentro dos trabalhos produzidos pelos historiadores da época. Como a proposta de História Total de Febvre e Bloch servia como resposta a essas críticas? Você acertou! B. Preocupando-se, por exemplo, com grandes estruturas de crença e fazendo uma História que privilegiava mais o funcionamento da sociedade do que se preocupava com biografias ou grandes fatos, tentando fazer uma espécie de Psicologia Social. A ideia de História Total de Febvre e Bloch tinha uma proposta menos personalista e cronológica, mais preocupada com grandes estruturas, como as crenças que serviam aos interesses dos reis da França (vide Os reis taumaturgos, por exemplo), tentando fazer uma Psicologia Social. Porém, ainda não davam destaque ao povo nem tinham uma abordagem de longa duração. As demais alternativas dizem respeito a gerações dos Annales posteriores a Bloch e Febvre. 2. Ao assumir o comando dos Annales, em 1946, Fernand Braudel veio com uma nova proposta de se analisar a História a partir de grandes intervalos de tempo e estabelecendo diálogos com a geografia, a estatística e a economia. Um bom exemplo éa sua obra O Mediterrâneo e o mundo na época de Filipe II , na qual ele quebra com paradigmas construindo uma história sobre o mar Mediterrâneo focada no século XVI, mas fazendo conexões até com o século XX. Essa nova abordagem foi uma resposta às críticas de Lévi-Strauss que diziam: Você acertou! E. que a História era "prisioneira do acontecimento", sendo, por isso, impossível de se conhecer grandes leis que explicassem o funcionamento da sociedade. Inspirado nas pesquisas do linguista Ferdinand Saussure, o antropólogo Claude Lévi-Strauss buscava estudar elementos que estavam presentes em toda a sociedade, mas se manifestavam de diferentes formas, considerando-os estruturantes. Para ele, a História era incapaz de fazer a mesma operação, pois o tempo é a sua matéria-prima, o que a tornava "prisioneira do acontecimento". Porém, ele não fala dos chamados "três ídolos dos historiadores" (como Simiand chamava a preocupação com a origem, os grandes homens e o nacionalismo em voga na época); nem havia uma preocupação na ótica de populações subalternas, que só viria a partir de 1968. 3. As manifestações de maio de 1968 representaram um grande impacto na História e nas ciências sociais. A união entre universitários e trabalhadores na França e as diversas manifestações no planeta sinalizaram uma virada de paradigma para a História. Esses acontecimentos demonstraram uma necessidade de: Resposta correta. B. Os historiadores se apropriarem da antropologia e outras ciências sociais para compreender como funcionava a perspectiva e os valores das classes subalternas. A chamada "virada antropológica" da terceira geração foi pioneira em usar a antropologia para introduzir uma "História vista de baixo", ou seja, um modelo que desse conta de explicar como grupos vencidos e classes subalternas enxergavam a sua realidade, ficando conhecida, também, como História dos vencidos. A preocupação com os grandes mitos da nação é uma característica da Histórica Romântica do século XIX (anterior à escola metódica), não dos Annales. A abordagem de longa duração é uma característica da segunda, e não da terceira geração. A preocupação de uma História nacionalista e científica é uma característica da escola metódica. A preocupação de uma História politicamente engajada em estudar as classes subalternas é uma preocupação da escola neomarxista inglesa da New Left Review. 4. A década de 1960 também foi famosa em revelar para o mundo os pensadores da New Left Review. Formada por importantes intelectuais de esquerda da Inglaterra e com uma proposta de também ter um olhar diferenciado para as classes populares, a New Left Review nasceu de um acontecimento traumático quando esses intelectuais se desligaram do Partido Comunista inglês e se uniram para criar a revista. Qual foi esse acontecimento? Você acertou! C. A invasão de Praga pela URSS. A invasão de Praga e a falta de ação do Partido Comunista inglês motivaram a saída desses historiadores do partido e a fundação da revista. A ocupação alemã na França foi anterior ao surgimento da New Left Review. A eleição de Thatcher e os protestos de 1968 foram posteriores. 5. Apesar de o tocante à questão do engajamento político e da influência da teoria marxista serem diametralmente diferentes, a historiografia da Nova Esquerda Inglesa e da Nova História da Terceira Geração dos Annales Tinha uma importância. Além de cronologicamente contemporâneas, as duas correntes eram: Você acertou! A. a busca da compreensão das classes subalternas, ainda que por razões diferentes. Ambas as correntes historiográficas buscavam compreender os valores e as crenças das classes subalternas, ainda que se utilizando de metodologias e justificativas diferentes. No caso da New Left Review, era a partir de movimentos de resistência, como a formação de sindicatos e protestos, enquanto os analistas buscam entender grandes estruturas, como as mentalidades, apesar de pequenos estudos de caso. A busca por uma história nacionalista e científica é uma característica da escola metódica, anterior aos Annales. A busca por narrativas de grande duração e estruturalistas é característica da geração anterior a da Nova História. A tentativa de estabelecer relações "micro" e "macro" nunca foi um determinante do grupo da New Left Review, sendo mais uma particularidade de certos historiadores da terceira geração dos Annales. 1. A história, como ciência particular, apresenta importantes desafios tanto para aqueles que produzem conhecimento histórico quanto para os professores que ensinam a disciplina na educação básica. Na verdade, de acordo com a Didática da História, essa distinção não deveria ocorrer com a história enquanto ciência, devendo se aproximar da história como disciplina escolar. Tendo em vista o exposto, qual é a principal razão para a aproximação da história acadêmica da história escolar? Você acertou! E. A história, ao ser ensinada, tem em vista produzir conhecimento histórico que responda questões cotidianas em busca de orientações para a vida e para ações visando ao futuro. A produção do conhecimento histórico não pode ficar restrito às universidades, devendo chegar a um maior número de pessoas possível. Afinal, as reflexões realizadas na academia têm seu sentido esvaziado se não puderem chegar até os alunos da educação básica, pois a história é uma ciência e uma disciplina que busca responder às questões do dia a dia, sugerindo orientações para a vida e ações para o futuro. É uma forma de tornar o passado proveitoso à vida, pois os professores entendem que o passado é o seu objeto, mas é necessário também ressignificar a história como mestre da vida. 2. De acordo com Rüsen (2014), a experiência do passado, ao ser interpretada e utilizada como história, faz com que venha a existir no ser humano a formação histórica de sentido. Portanto, ao adquirir essa competência interpretativa do passado, o ser humano se torna historicamente consciente, tornando-se capaz de, a partir da experiência do passado, orientar-se e motivar-se em relação ao presente e ao futuro, resultantes do aprendizado histórico. Sabendo que a consciência histórica humana pode ser construída no seio das instituições culturais, para em seguida interpretar e elaborar o passado e, finalmente, emergir no aprendizado atualizado como história, quais são os três modos de atuação da consciência histórica humana? Você acertou! C. Funcional, reflexivo e pragmático. De acordo com Rüsen (2014), a consciência histórica humana atua de três modos: funcional, reflexivo e pragmático. O primeiro deles diz respeito às instituições culturais nas quais os seres humanos são “construídos”; todavia, o modo reflexivo tem a ver com a elaboração interpretativa e representativa do passado, ou seja, é um posicionamento consciente perante a experiência do tempo. No modo pragmático estão as competências experienciais, orientadoras e motivadoras, contendo a competência central no processo que é a interpretativa do passado. É importante lembrar que a escola é uma dessas instituições culturais que fornecem a consciência histórica, porém é a partir do modo reflexivo que a história deixa de ser premissa e passa a ser o término da formação histórica de sentido, encaminhando, assim, ao último modo, o pragmático, que serve como diretriz ao que queremos extrair da experiência histórica com vistas ao presente e ao futuro. 3. A consciência histórica é um fenômeno que apresenta relação direta com a identidade, pois sem ela não poderíamos perceber quem somos de fato no tempo e no espaço. Portanto, essa dimensão identitária vai emergir justamente no âmbito das memórias partilhadas historicamente. Assim, surge o sentimento de identidade, que tem a ver também com as relações de alteridade, isto é, na confrontação com o outro, a identidade se torna mais visível, mais bem definida. Desta maneira, não somente o indivíduo expressa a sua própria identidade, mas expressa, igualmente, uma identidade social, sendo ambas fruto de longos processos históricos e sociais. Apartir disso, qual é a relação entre identidade e função social da história? Você acertou! A. É na junção de aprendizado histórico e identidade que se pode chegar à cidadania. A consciência histórica é um dos pressupostos da civilização, pois tem importância na formação da identidade, seja ela individual, coletiva, nacional, etc. Assim, o aprendizado histórico ajudará na consolidação dos valores democráticos, permitindo que os jovens estudantes tenham contato com a sua herança histórico-cultural e, não somente com ela, mas com a de outras pessoas, de outros povos e de outros contextos muito diferentes. Isso fará com que o estudante de história não seja contaminado por preconceitos, pela intolerância e pela irracionalidade. 4. A memória pode se apresentar em duas formas principais. A primeira delas diz respeito a um fenômeno psicológico e individual, significando o ato de reter informações ou, então, da rememoração de fatos ocorridos há pouco ou há muito tempo. A memória também pode ser social, significando, com isto, as memórias partilhadas por uma determinada formação social no espaço e no tempo. Na história, a memória tem um papel importante, que é o de ajudar na criação de identidade e consciência histórica. Nesse sentido, Pierre Nora (1993) salienta o conceito de "lugares de memória", que é fundamental para entendermos essas relações. Quais são os aspectos coexistentes de lugares de memória aos quais o autor se refere? Você acertou! D. Material, simbólico e funcional. Os lugares de memória são apresentados em três aspectos que coexistem: material, simbólico e funcional. Por material, podemos entender, por exemplo, um arquivo, porém este só se torna um lugar de memória se a imaginação revesti-lo de simbolismo. Da mesma forma acontece com os locais que são essencialmente funcionais, como manuais, testamentos ou uma associação. Eles se tornam lugares de memória se houver um ritual em seu entorno. Em resumo, para se configurar um lugar de memória, é preciso que exista um significado simbólico sobre um recorte material e temporal. 5. O aprendizado histórico surge como uma das expressões da consciência histórica, sendo um dos processos essenciais da sociabilidade e individualidade humana. Ao ser experienciado e interpretado, o passado determina de que forma o presente será compreendido e a partir daí as formas às quais a antecipação do futuro poderá assumir. Eis aí a grande importância que ganha o ensino de história, havendo a necessidade de formação sólida dos professores, de modo que eles possam estabelecer pontes entre os seus alunos e as suas identidades. Como ocorre esse processo? Você acertou! B. A partir da experiência do passado, este é interpretado, tornando o presente inteligível e conferindo-lhe expectativas para o futuro. Ao experienciar o passado, ocorre a sua interpretação, que torna o presente inteligível e atribuiu a ele expectativas para o futuro. Esse processo é social, que pode acontecer nas instituições culturais que colaboram na forma da consciência histórica. No entanto, a memória, que tem papel crucial nesse processo, também existe, de maneira diferente, em sociedades que não têm escrita. 1. As discussões sobre o tempo histórico propostas por Fernand Braudel, membro da segunda geração da Escola dos Annales, promoveram transformações na forma como os historiadores entendiam a dimensão de diferentes tempos e sua relação com o ritmo vivenciado em diferentes temporalidades. A influência dessa concepção pode ser entendida na seguinte afirmativa: Você acertou! B. A existência de três percepções sobre a passagem do tempo numa mesma temporalidade a partir da curta, média e longa duração. A concepção de diferentes tempos numa mesma temporalidade ocorre a partir de sua tripartição: curta, média e longa duração. A curta duração refere-se ao "tempo breve, ao indivíduo, ao evento", a média duração é o tempo conjuntural, das décadas, e a longa duração corresponde ao tempo dos séculos e das estruturas. O próprio sujeito histórico pode identificar que há múltiplas temporalidades num mesmo tempo, pois suas características remetem-se a elementos de origem históricas, sociais e culturais. 2. O tempo não é apenas um dado físico e natural. As distintas leituras sobre a concepção de tempo e em como elas sofreram variações atestam a diversidade na maneira como o tempo foi visto ao longo da história. Desde autores gregos até a contemporaneidade, o tempo foi objeto de estudo de filósofos, historiadores e físicos. Sobre a dimensão do tempo cronológico, marque a alternativa correta : Você acertou! E. A dificuldade em compreender o tempo de forma objetiva impeliu o uso de acepções que tangenciaram seu vocabulário. Em linhas gerais, o tempo é dotado de uma materialidade que só tem sentido partindo da condição humana e de sua inserção numa cultura, a qual adota métodos como relógios e calendários para mensurá-lo. A partir dos estudos de Einstein, compreende-se que o tempo não ocorre em todos os lugares da mesma maneira. As dificuldades para defini-lo como uma categoria absoluta fez com que filósofos identificassem outros conceitos que o tangenciaram, noções correlatas como temporalidade, duração, processo, etc. 3. O historiador francês Marc Bloch, integrante do movimento da Escola dos Annales, foi responsável por importantes contribuições no campo da Teoria da História e na forma como os historiadores compreendem o tempo. Dentre os escritos de Bloch sobre o tempo histórico, podemos destacar: Resposta correta. A. Os tempos passado, presente e futuro estão interligados e influenciam-se mutuamente. Os tempos históricos estão divididos em presente, passado e futuro, interligados por uma relação simbiótica, na qual presente e passado influenciam-se mutuamente, uma vez que o presente dita o que vai ser estudado sobre o passado. Já Fernand Braudel apresenta a concepção sobre a dimensão temporal na História a partir de sua tripartição: curta, média e longa duração, de acordo com a qual podem existir, numa mesma temporalidade, vários tempos concomitantes. Por último, as propostas do historiador americano Robert Berkhofer Jr. sugerem que o uso da temporalidade pelos historiadores implica em duas dimensões básicas: o tempo físico (externo e natural) e o tempo subjetivo (dimensão interna e sujeita às questões da cultura. 4. "Diz-se algumas vezes: "A história é a ciência do passado". É [no meu modo de ver] falar errado. [Pois, em primeiro lugar,] a própria ideia de que o passado, enquanto tal, possa ser objeto de ciência é absurda. Como, sem uma decantação prévia, poderíamos fazer, de fenômenos que não têm outra característica comum a não ser não terem sido contemporâneos, matéria de conhecimento racional? Será possível imaginar, em contrapartida, uma ciência total do Universo, em seu estado presente?"(BLOCH, 2001) Em sua obra Apologia da História ou Ofício do Historiador, Marc Bloch faz uma série de reflexões a respeito do fazer historiográfico, dentre elas a discussão do objeto de estudo da disciplina e sua relação com o tempo. Sobre a Ciência Histórica e o tempo, pode-se afirmar que: Você acertou! C. A disciplina organiza seus currículos a partir das relações entre tempo histórico e tempo cronológico. A História é a ciência que estuda as sociedades no tempo. No entanto, esta não é apenas uma categoria de análise para o historiador, como pode ser também um objeto de estudo. O historiador pode se debruçar para o passado e para o presente na investigação histórica. A organização do currículo da disciplina está balizada a partir da identificação do tempo histórico e sua relação com o tempo cronológico. A corrente realista defende que a periodização provém necessariamente da própria natureza do objeto de pesquisa: os períodos, quando estabelecidos de maneira adequada seriam, portanto, um reflexo fiel da realidade histórica. Já a corrente convencionalista identifica que a história é um devir ou um movimento constante, ininterrupto, e que qualquer periodizaçãoé arbitrária - podendo justificar-se unicamente por razões didáticas e pragmáticas. 5. "Outro exemplo: o papa Gregório XIII resolveu proceder a uma revisão do calendário juliano, porque, no correr dos séculos, o equinócio da primavera, do qual, no ano de 325, o concílio de Nicéia fizeram depender a festa de Páscoa, havia-se deslocado paulatinamente de 21 para 11 de março. Uma bula papal suprimiu dez dias do ano de 1552, decidindo que o dia seguinte a 4 de outubro seria 15 de outubro, e não 5. Essa reforma gregoriana da reforma do antigo calendário romano feita por Júlio César constituiu, até hoje, a última tentativa de estabelecer um sistema de calendário em que o ano social não se desviasse demais, no correr dos séculos, do “ano natural”, isto é, do tempo que o Sol — considerado em sua relação com homens espectadores e centros de referência — leva para retornar a um ponto do céu escolhido por eles como ponto de partida." (ELIAS,1998) Sobre as relações entre tempo histórico e tempo cronológico, é possível afirmar que: Você acertou! D. Fora do tempo, não é possível explicar os fenômenos sociais. A concepção de tempo não pode ser dissociada da atividade do historiador, pois o tempo é variável integrante do seu ofício. Não é possível, portanto, investigar fenômenos sociais fora do tempo. Como categoria objetiva, a medição e a identificação do tempo passa por questões culturais, como a organização do calendário e do relógio. Diversos filósofos dedicaram-se ao estudo do tempo e suas leituras foram apropriadas no trabalho historiográfico. Dentre eles, Kant influenciou a concepção que os historicistas tinham sobre o tempo histórico. 1. As questões relativas à objetividade e à subjetividade na História talvez sejam um dos pontos mais sensíveis da disciplina. Adam Schaff, em sua obra História e Verdade, discutiu sobre essas relações, dialogando com seus limites na historiografia. A respeito das discussões entre objetividade e subjetividade na historiografia moderna, assinale a alternativa correta: Você acertou! B. O fato histórico em si é dotado de uma objetividade, pois existe independente da vontade do historiador. Mesmo a História não sendo dotada de 100% de objetividade, esta deve ser almejada pelo historiador. O objeto de estudo existe independente da vontade do historiador e é isento de carga emocional. O historiador não é neutro em sua análise e o reconhecimento dessas limitações ajuda na melhor compreensão e no desenvolvimento de sua pesquisa como historiador. 2. A Escola Metódica organizou-se a partir do Positivismo e representa a corrente historiográfica francesa, a partir da qual a História afirmou-se enquanto ciência. Como se trata da afirmação da História como ciência, os pressupostos historiográficos estão conciliados com os do Positivismo de Augusto Comte. Sobre tais pressupostos, marque a alternativa correta: Você acertou! A. Compreendia a História enquanto suscetível às Leis Gerais, tal como as Ciências Naturais. Para os positivistas, a História estava marcada por Leis Gerais, como nas Ciências Naturais. Dessa forma, a posição do pesquisador é de neutralidade frente ao seu objeto de estudo. Desses pressupostos, nasceu a Escola Metódica Francesa, que estava balizada na erudição e na explicação dos fatos ocorridos na sociedade, a qual sempre caminhava para o progresso (influência iluminista) e a ordem (do positivismo de Augusto Comte). As concepções do Positivismo eram distintas do Historicismo alemão, conhecido como Historik. 3. “A partir da segunda metade do século XIX, a posição intermediária ocupada pela ciência histórica – entre a especulação filosófica e a explicação causal das ciências naturais – levou historiadores, filósofos, filólogos e sociólogos a investigarem e ressaltarem a especificidade metodológica das ciências humanas. (...) Para Droysen, a história lida costumeiramente com fenômenos que não se deixam entender de maneira determinista. A tarefa do historiador seria, portanto, reconstruir eventos e decifrar significados do passado que se tornaram pouco ou nada evidentes ao olhar contemporâneo.” ASSIS, Arthur. A teoria da história de Jörn Rüsen: uma introdução. Goiânia: Editora UFG, 2010. p. 8. As noções sobre a subjetividade do historiador talvez tenham sido um dos principais fatores que influenciaram historiadores contemporâneos e estiveram presentes desde a organização da História como disciplina. Sobre o Historicismo alemão, pode-se afirmar que: Você acertou! D. Utilizou-se da hermenêutica no trato com as fontes textuais. Os historicistas viam a História como o desenrolar de fatos que precisavam ser compreendidos pelo historiador e, para tanto, utilizaram-se da hermenêutica. O papel do historiador é relativo frente ao seu objeto de estudo, o que não representa um problema epistemológico para os historicistas. Seus principais representantes foram Johann Gustav Droysen (1808-1884), Leopold von Ranke (1795-1886) e Theodor Mommsen (1817-1903), cujos ideais estavam em consonância com a burocracia do nascente Estado alemão. A História era identificada a partir da singularidade dos fatos e não a partir de Leis Gerais como pensavam os positivistas. 4. "À primeira vista, a 'lei dos três estados' apresenta-se como uma teoria do conhecimento; considerando-a de mais perto, revela-se também como uma filosofia da história. Com efeito, ao passo que Hegel encara a marcha do Espírito segundo os três tempos da dialética, Comte imagina a progressão do espírito humano por etapa, segundo o ritmo igualmente ternário, mas diferente na sua essência dos três estados." BOURDÉ, Guy; MARTIN, Hervé. As Escolas Históricas. Lisboa: Europa-América,1990. p. 53. A "lei dos três estados" refere-se à maneira que o Positivismo explicava as etapas pelas quais as sociedades humanas passavam no tempo. Tal concepção foi influenciada por qual outra corrente filosófica ou histórica? Você acertou! B. Iluminismo. O Iluminismo, a partir da influência das Ciências Naturais, concebia as Leis Gerais no decorrer da passagem do tempo nas sociedades humanas. Tanto o Historicismo – o Historik, como era conhecida a vertente alemã – quanto o Romantismo destacavam a singularidade no fato, no desenrolar do processo histórico e a importância do indivíduo nesse processo. 5. As chamadas "Escolas Históricas" do século XIX, que marcaram a sua organização enquanto disciplina nas universidades europeias, foram influenciadas por movimentos filosóficos, estéticos e intelectuais. Assinale a alternativa correta quanto às influências sofridas pela historiografia do século XIX quanto à organização dos seus pressupostos teóricos: Você acertou! C. O Romantismo influenciou o movimento historicista no que tange à subjetividade do pesquisador. Das duas correntes historiográficas do século XIX, o Positivismo sofreu a influência do Iluminismo, enquanto o Historicismo foi influenciado pelo Romantismo. A Escola Metódica Francesa também era conhecida como Positivista. 1. O século XIX foi definidor para a formação do mundo contemporâneo e das ciências sociais. Diversos acontecimentos mudaram a face do planeta e moldaram o mundo para uma nova realidade até então impensada. Diante disso, pode-se afirmar que os elementos redefinidores característicos dessa época foram: Você acertou! D. a unificação da Alemanha e da Itália e a Guerra Franco-Prussiana. No século XIX, o contexto de nacionalismo extremado, gerado pelas unificações tardias, e a disputa e o revanchismo, gerados pela derrota da França na Guerra Franco-Prussiana, influenciaram a criação da Escola Metódica. Outro importante acontecimento foi a consolidação de duas importantes ciências sociais (Antropologia e Sociologia). Os demais acontecimentos citados não datam desse século. 2. A noção de ciência positiva, de Auguste Comte, foi crucial para a consolidação da História como conhecimento científico. Também chamada de Positivismo, essa vertente foi extremamente importante para a sistematização das ciências sociais, como a Sociologia e a Antropologia.Nesse sentido, tal vertente afirmava que: Você acertou! A. A ciência deveria ser, acima de tudo, a investigação do real, feita a partir de observação, experimentação, comparação e classificação como métodos, buscando estudar as leis. Para o Positivismo, a ciência deveria ser, acima de tudo, a investigação do real, feita a partir de observação, experimentação, comparação e classificação como métodos, abandonando a consideração das causas dos fenômenos (Deus ou natureza) e buscando pesquisar suas leis, vistas como relações abstratas e constantes entre fenômenos observáveis. Assim, nesse modelo científico, nem as causas, nem a busca de soluções eram preocupações e muito menos um discurso relativista que abarcasse outros saberes. 3. Além do Positivismo de Comte, a Escola Metódica Francesa teve muita influência do historicismo alemão. Essa corrente científica teve Leopold Von Ranke como seu principal expoente, e o periódico Historische Zeitschrift como principal veículo, valorizando princípios como veracidade, autenticidade e formas de análise da informação. Nesse cenário, pode-se afirmar que os principais motivos da influência alemã na historiografia francesa foram: Você acertou! E. A derrota da França na Guerra Franco-Prussiana e o desejo de aperfeiçoar as ciências e demais saberes no país, por meio do aprendizado com os alemães. Os desejos de compreender as razões da derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana e fazer progredir as áreas do conhecimento na França fizeram historiadores franceses, como Monod, Seignobos e Lavisse, estudarem na Alemanha. Nessa abordagem, não eram contempladas nem outras formas de documentação que não fossem escritos, nem grupos minoritários ou "vencidos". Era um modelo basicamente nacionalista e político. 4. A principal busca da Escola Metódica era fazer uma história científica, em oposição à história romântica – modelo até então vigente na época –, que estava mais ligada à literatura do que à ciência. É correto afirmar que essa busca por modelos científicos de análise histórica resultou em um modelo historiográfico que: Você acertou! B. privilegiava as fontes primárias como matéria-prima do trabalho do historiador, buscando fazer uma história com uma narrativa objetiva e neutra, privilegiando o documento e os métodos de análise como forma de comprovação. Os historiadores da Escola Metódica, influenciados pelo historicismo alemão, tinham como objetivo fazer uma história neutra, com uma abordagem imparcial e objetiva, que tivesse como base as fontes primárias. Com isso, o que ocorreu foi uma História Política, que era feita basicamente a partir de grandes figuras históricas (grandes homens), que não se preocupava nem com disputas de classe, nem com o uso de fontes que não fossem as escritas. 5. Tanto no final do século XIX quanto após a Primeira Guerra Mundial, começaram a surgir críticas à Escola Metódica, que eram provenientes de diferentes áreas do conhecimento, como cientistas sociais, que viam falhas no modelo científico da história metódica desde o início do século XX, e novos historiadores, que vinham com um novo modelo, a partir da década de 1920. Tais críticas acusavam o modelo analítico, afirmando que: Você acertou! A. seu caráter político e o modelo nacionalista foram corresponsáveis por toda a tragédia da Primeira Guerra Mundial. Tanto o sociólogo François Simiand, que atacava a abordagem cronológica, individualista e política dos analíticos, quanto os historiadores Lucien Febvre e Marc Bloch (fundadores da escola dos Annales) faziam pesadas críticas aos analíticos. Sobre os ombros destes últimos pesava o trauma da Primeira Guerra Mundial; eles viam o modelo analítico como parcialmente responsável pelo que viveram. Portanto, nenhuma dessas críticas tinha a ver com uma proposta de criar uma abordagem estruturante (preocupação que só surge nos anos de 1950) ou com o excesso de relativismo (algo que só surge no final do século XX) ou de caráter economicista. Por fim, o modelo de "História Mestra da Vida" já era criticado até pelos analíticos. 1. A relação entre filosofia e história é de continuidade. Assim, tudo que se mantém no curso da história depende de manter um sentido contínuo, ainda que se altere. Isso não significa dizer que a filosofia se preocupe em manter um sentido sem ruptura ou suplementação, mas que sua história se construiu dessa maneira. Ou seja, tanto a filosofia participa da continuidade e mudança histórica como a história alimenta a filosofia. Assim, pensar filosoficamente é se inserir em uma tradição histórica e historicamente filosófica. Do aspecto da história, assinale a alternativa correta. Você acertou! B. A filosofia traz à história a reflexão acerca dos fatos, trazendo-lhe sentido. Apesar de serem saberes que operam de modo distinto, tais saberes se relacionam. A filosofia, nesse sentido, é capaz de afetar o modo de pensamento de uma época. Desse modo, a intersecção que se mostra mais importante é a possibilidade da história ser revisitada pela filosofia, de modo que a filosofia transcende os fatos trazendo sentido pela reflexão. É correto dizer, então, que a filosofia contribui à história ressignificando criticamente os fatos, isso não implica uma posição relativista. Mas, sim, de se ater aos fatos de modo interpretativo. 2. O conceito de formação é muito caro à educação. Desde os gregos, inclusive no período anterior à vigência da filosofia e dos mitos, a formação era motivo de preocupação. Nesse período, a educação era voltada aos valores, às virtudes contidas na narrativa mítica. Portanto, tal conceito, do ponto de vista histórico, assinala a própria possibilidade de conhecimento, pois os saberes são acumulados. E do ponto de vista filosófico? Assinale a alternativa correta. Você acertou! C. A formação do indivíduo depende também da filosofia, pois a história deve ser pensada por um sujeito reflexivo. A formação do indivíduo por meio do saber filosófico se mostra extremamente importante. Mesmo em áreas do saber que se relacionam a ciências exatas ou biológicas, a reflexão filosófica ajuda a pensar questões éticas, estimula a curiosidade e o pensamento. Nesse contexto, em relação à história, é necessário que o sujeito que olha a história reflita sobre ela. Assim, por mais que às vezes a história trate de modos de vidas já inexistentes, a reflexão sobre o humano e a realidade se faz sempre atual, por exemplo, a reflexão ainda hoje rica sobre a filosofia grega. Dessa forma, a formação cultural é importante, entretanto, a categoria do saber que traz a reflexão sobre todo o conhecimento é a filosofia. 3. Apesar de a formação ser pensada desde os primórdios, desde o período mítico grego, essa preocupação é retomada após a Idade Média. Ou seja, durante a Idade Média a educação ficava restrita a quem seguia a carreira religiosa e alguns membros da nobreza. Após esse período, na Idade Moderna, o conceito de Bildung é pensado no sentido de uma formação voltada à racionalidade, à autonomia e ao espírito. Assim, a formação do indivíduo era relacionada à elevação do espírito, muitas vezes por meio da arte, e à autonomia exercitada pela racionalidade. Posteriormente, o conceito de Bildung é apropriado pela cultura alemã, só que seu sentido muda. Assinale a alternativa correta. Você acertou! D. Na tradição alemã, o conceito de Bildung assume um caráter racionalista. Após o período classicista, o conceito de Bildung é pensado apenas pelo caráter racional. Ou seja, a cultura, a filosofia e a história (todos os saberes) devem se voltar a formar um indivíduo que tenha como base de suas ações a razão. Dessa forma, há o abandono da aspiração classicista que buscava educar o homem moralmente por meio da literatura e do teatro. Nesse contexto, o caráter poético e místico não é negado, mas é visto como espaço de impossibilidade de ação racional. Assim, o indivíduo deve se ater àquilo que a razão pode conhecer, isso é aplicado a todas as áreas do saber: medicina, filosofia, história, entre outras. 4. A relação entrehistória e filosofia é quase originária. Isso significa dizer que, em seu surgimento, a filosofia já se faz histórica e vice-versa. Desse modo, a história da filosofia revela o próprio caráter histórico do pensamento. Como poderia se pensar a educação, a transformação do mundo, sem a superação de paradigmas? Ou, ainda, sem contar com a experiência dos erros como humanidade? Dito de outro modo, afinal, como poderia o homem saber sobre si e o mundo sem a memória do que já foi? Nesse contexto, é correto afirmar que: Você acertou! A. A história da filosofia permite à filosofia se redefinir constantemente. A filosofia é histórica, ou seja, é definida e define sua época. Entretanto, a história da filosofia permite que a construção filosófica aconteça em um movimento de continuidade e ruptura: ao mesmo tempo que rompe com a tradição a reafirma, pois parte-se dela. Apesar de partir de obras já consagradas, o pensamento filosófico se torna histórico ao se fazer. Dessa maneira, a natureza filosófica se faz histórica quando, a partir de seus fundamentos históricos, se arrisca e, se renovando, afirma a sua continuidade no tempo. 5. A filosofia contemporânea tem como escopo a própria contemporaneidade. Ou seja, a filosofia contemporânea se propõe a pensar a atualidade, ainda que em sua originalidade temporal. Necessariamente, o pensamento atual tem uma relação com a história do pensamento. Por outro lado, na atualidade, convive-se com fenômenos naturais (aquecimento global), tecnológicos (digitalização da vida), comportamentais (relações sociais mediadas por máquinas) nunca vistos antes. Nesse contexto, é correto afirmar que: Você acertou! D. A filosofia contemporânea é pensada a partir de toda a história da filosofia, ou seja, é um giro constante entre presente e passado. A filosofia contemporânea se alimenta da tradição filosófica, assim como todos os outros períodos da história da filosofia. Ou seja, a realização da filosofia se dá em relação a ela mesma, ao passo que os problemas filosóficos se redefinem a partir do devir da história. Portanto, a relação entre filosofia e tradição se faz compatível apesar da multiplicidade e originalidade dos eventos. Nesse sentido, assim como afirma Deleuze, a filosofia trabalha sobre o novo ao passo que reinventa o passado, construindo-o a partir de filosofias menores ou de olhares atentos, como defendia Derrida. Nesse contexto, não há como fazer filosofia sem fazer e se fundamentar na história da filosofia. 1. Ao definir uma tipologia da consciência histórica, Jörn Rüsen organizou-a em quatro tipos distintos: tradicional, exemplar, crítica e genética. De acordo com seu pensamento, é a partir delas que o ser humano irá desenvolver argumentações para sua vida prática. Considerando os pressupostos teóricos, assinale a alternativa abaixo que corresponde à teoria de Rüssen sobre a consciência histórica e sua compreensão acerca da experiência do tempo e do raciocínio moral. Você acertou! E. A Consciência Genética, em relação à experiência do tempo, admite transformações dos modelos culturais e de vida alheios em outros próprios e aceitáveis. Já em relação com o raciocínio moral, a mudança temporal se converte em um elemento decisivo para a validade dos valores morais. Jörn Rüsen admite a existência de quatro formas de consciência: tradicional, exemplar, crítica e genética. São elas: A Consciência Tradicional, em relação à experiência do tempo, admite uma origem e repetição de um modelo cultural e de vida obrigatório. Já em relação ao raciocínio moral, a razão subjacente aos valores é um suposto efetivo que permite o consenso sobre questões morais. A Consciência Exemplar, em relação à experiência do tempo, percebe uma variedade de casos representativos que servem de regras gerais de conduta ou sistemas de valores. Já em relação ao raciocínio moral, a moralidade é a generalidade da obrigação dos valores e sistemas de valores. A Consciência Crítica, em relação à experiência do tempo, admite desvios problematizadores dos modelos culturais e de vida atuais. Já em relação ao raciocínio moral, existe uma crítica aos valores dominantes e da ideologia como estratégia do discurso moral. A Consciência Genética, em relação à experiência do tempo, admite transformações dos modelos culturais e de vida alheios em outros próprios e aceitáveis. Já em relação com o raciocínio moral, a mudança temporal se converte em um elemento decisivo para a validade dos valores morais. 2. A noção de patrimônio pode ser percebida como uma forma de compreender como as sociedades relacionam-se com o seu passado, sendo possível entender esses aspectos por meio da sua preservação ou destruição. Atualmente, o conceito de patrimônio engloba desde a preservação de bens materiais até os patrimônios intangíveis. Entretanto, sua concepção foi cunhada dentro de um contexto específico. Em relação à conjuntura sociopolítica em que esse termo surgiu, podemos afirmar que: Você acertou! B. O surgimento de um modelo burguês de Estado-Nação após a Revolução Francesa, além de provocar transformações políticas e sociais, contribuiu também para a ampliação do entendimento do “patrimônio", trazendo para a discussão a necessidade de preservação do bem público. A noção de patrimônio desenvolvida durante a Revolução Francesa não restringiu-se apenas à concepção dos bens materiais, os quais eram uma forma de representação do poder do Antigo Regime. Após o surgimento de um modelo burguês de Estado-Nação após a Revolução Francesa, além de provocar transformações políticas e sociais, contribuiu também para a ampliação do entendimento do “patrimônio", trazendo para a discussão a necessidade de preservação do bem público. Nesse sentido, o conceito de patrimônio foi criado para atender aos anseios políticos e sociais da época, ampliando a ideia de que o “bem público” pertence não apenas ao poder público, ficando a cargo da sociedade civil a sua preservação. Durante os ocorridos, após os eventos iniciados em 1789 na França, a destruição patrimonial material e simbólica provocada foi entendida como algo natural ao decurso momentâneo, uma vez que o Antigo Regime, e todos os aspectos que o representavam, deveriam ser substituídos por um outro modelo, ampliando os debates em torno da ideia de patrimônio. Atualmente, a noção de patrimônio engloba desde elementos materiais até a cultura imaterial, como formas de saber/fazer. 3. A educação patrimonial e suas manifestações no espaço escolar podem refletir os embates e debates na sociedade em relação ao passado, perpassando elementos que articulam o saber histórico, o saber histórico escolar e a cultura histórica de uma sociedade. Nesse sentido, a discussão em torno da questão patrimonial no Brasil se deu por volta da primeira metade do século XX. Sobre os fatores que contribuíram para acentuar esses debates, pode-se inferir que: Você acertou! A. O movimento modernista propôs a criação de vários projetos em relação ao patrimônio e influenciou o novo modelo de política nacional proposto pelo Estado Novo, durante o governo do presidente Getúlio Vargas. Historicamente a noção de patrimônio é associada ao período histórico do Estado Novo, na Era Vargas, quando o movimento modernista propôs a criação de vários projetos em relação ao patrimônio e o novo modelo de política nacional. Mário de Andrade propôs um modelo denominado de missões de pesquisas folclóricas e viajou pelo Brasil registrando manifestações da cultura popular e mostrando um Brasil que era desconhecido. Juntamente com a criação do IPHAN, o movimento modernista e as missões folclóricas foram eventos que refletiram os debates sociais do período, ancorados na necessidade de preservação do patrimônio brasileiro. 4. O revisionismo histórico é uma ferramenta utilizada para reescrever e alterar visões consideradas consagradas pela historiografia e pela memória coletiva. Seu uso faz parte do ofício do historiador, tornando-se necessário quando o aparato teórico e metodológico é revisto pelos historiadores.Entretanto, seu uso é amplamente debatido e criticado no meio acadêmico quando associado a formas de expressão do negacionismo histórico. Qual alternativa abaixo reflete o debate e problemáticas atuais desse contexto? Você acertou! E. O revisionismo é aliado do negacionismo, correndo risco de silenciar e falsificar o conhecimento sobre o passado, servindo a propósitos políticos e ideológicos que geralmente refletem o posicionamento de grupos dominantes. A prática historiográfica demonstra que não existe um conhecimento "pronto e acabado". O conhecimento sobre o passado reflete os anseios e dúvidas vividas no presente e não pode ser realizado de maneira anacrônica. Os usos do passado devem ser feitos dentro de uma prática historiográfica que compreenda a dinâmica social do período histórico estudado. Da mesma forma, o conteúdo das fontes deve ser analisado criticamente, levando em consideração o lugar social do autor e qual sua intencionalidade ao produzir o documento. Essas especificidades singularizam os eventos e relativizam o ocorrido. O papel social dos historiadores e da História demonstra uma atitude crítica sobre o passado, que não deve estar sujeita a interesses políticos e ideológicos sobre a sociedade. Portanto, a crítica das fontes, autores e propósitos é o que torna possível um conhecimento histórico sobre o passado, que desvenda os interesses dos lugares de produção das fontes. 5. O espaço escolar é um local privilegiado para o contato de grupos sociais com interesses distintos, organizados por meio de uma prática inclusiva e democrática. O saber histórico escolar revela as relações de forças presentes nessa sociedade e materializa as disputas de memórias. Dessa forma, como o conhecimento histórico relaciona-se com essa questão? Você acertou! A. O conhecimento histórico, produzido no âmbito acadêmico e apropriado pelo conhecimento histórico escolar, deve demonstrar as formas de consciência histórica na qual os indivíduos estão inseridos e refletir a representatividade dos grupos sociais e políticos. O conhecimento histórico, produzido no âmbito acadêmico e apropriado pelo conhecimento histórico escolar, deve demonstrar as formas de consciência histórica na qual os indivíduos estão inseridos e refletir a representatividade dos grupos sociais e políticos. Em uma sociedade que deseja ser democrática, a diversidade étnica e cultural deve ser refletida no ensino da história do país, questionando e demonstrando os elementos que tornaram possível a configuração atual dos papéis sociais desempenhados pelos indivíduos e seus respectivos grupos. Apesar de historicamente a formação do Brasil ter sido ancorada em três segmentos étnicos (europeu-português; o africano-negro e o índigena-americano), a história do país não deve ser resumida aos três segmentos, sendo necessário incluir, também, a contribuição de outros grupos, como aqueles que se inseriram no tecido social no final do século XIX e início do século XX, com a presença de imigrantes europeus, árabes e asiáticos. Esse ensino deve demonstrar os embates, antagonismos e contradições dos grupos que compõem a sociedade, não refletindo mitos como um suposto caráter benéfico da colonização ou uma história pacífica. 1. Ao longo do tempo, ao analisar diferentes produções historiográficas, acaba-se por identificar diferenças substanciais entre umas e outras. Portanto, conclui-se a existência de fatores (que podem ser identificados) que atuam sobre a escrita da História. Considere a seguinte afirmação: o estudo da História da historiografia demonstra que a escrita da História revela mais sobre seu tempo do que sobre seu objeto. Por que isso ocorre? Você acertou! B. Pela influência das condições materiais, culturais, sociais e ideológicas. As condições materiais, culturais, sociais e ideológicas se modificam em cada período histórico, influenciando de maneira profunda toda a produção intelectual. Isso independe da origem das fontes, do idioma falado, da forma de redação ou até mesmo dos diferentes objetivos que os historiadores têm ao efetuar um trabalho histórico. 2. Nas últimas décadas, diversas transformações nas ciências humanas impactaram o ofício do historiador, que passou a utilizar categorias e conceitos oriundos de áreas como a Psicanálise, a Linguística e a Antropologia. Assim, qual a importância do simbólico e das representações da pesquisa histórica? Você acertou! D. Compreender os modos de sentir e o imaginário do período estudado. O conceito simbólico e as representações permitem ao historiador, em seu trabalho, compreender os modos de sentir de uma formação histórica em um determinado ponto no tempo, e como esses modos se relacionam aos discursos dominantes de cada época. Da mesma forma, isso possibilita ao historiador melhor compreensão do imaginário do período sobre o qual pesquisa. 3. Ao longo dos séculos, as formas da narrativa histórica passaram por transformações oriundas das formações sociais nas quais estavam inseridas. Dessa forma, é possível determinar a correspondência entre a escrita da História e o período histórico. Portanto, assinale a alternativa que contém as formas de narrativa correspondentes, respectivamente, às idades Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. Você acertou! A. Mitológica, hagiográfica, nacional e científica. No desenvolvimento da História como ramo do conhecimento, desenvolveu-se entre os gregos a narrativa histórica mitológica. Na Idade Média, o foco esteve na vida dos santos, nas chamadas hagiografias. Com o fenômeno do nacionalismo, as narrativas históricas passaram a glorificar o passado em comum das nações, surgindo, posteriormente, a narrativa histórico-científica. 4. Uma das mais importantes tendências historiográficas dos últimos tempos é a história do corpo, a qual afirma que as diferentes visões do corpo podem ajudar na melhor compreensão das sociedades ao longo do tempo. Dessa forma, é possível compreender as relações do imaginário de uma sociedade utilizando um elemento concreto como o corpo humano. Como a concepção do corpo revela a articulação com outros elementos constitutivos de uma sociedade? Você acertou! A. Pela maneira como uma sociedade concebe o corpo aprendemos sobre seus discursos dominantes. A representação do corpo e os padrões de beleza sempre se articulam aos discursos dominantes de uma sociedade. Diversos fatores e fenômenos sociais contribuem para os padrões de beleza nas diferentes formações sociais, como a religião, a economia e a cultura, traduzindo sempre valores muito específicos e não relacionados a fatores biológicos, mas a constructos históricos. 5. Atualmente, a interdisciplinaridade é uma característica das ciências humanas. A partir da segunda metade do século passado, a Antropologia, a Etnologia, a Psicologia e a Linguística passaram a exercer forte influência sobre o ofício do historiador. Quais os mais importantes conceitos que essas áreas do conhecimento levaram para a História? Você acertou! D. A representação e o simbólico. A representação e o simbólico são dois dos conceitos importados pela História das outras ciências humanas nas últimas décadas. A longa duração, o presenteísmo, as classes sociais e a revolução são conceitos utilizados pelos historiadores há muito mais tempo. 1. Considerando os usos que a história faz do conceito de imaginação, percebe-se que este adquiriu grande relevância na construção do objeto do historiador. Dessa forma, a imaginação auxilia a compreender as sutis diferenças nas relações que o leitor estabelece com o texto histórico e com o texto ficcional. Nesse sentido, quais as funções relativas à imaginação que a história enfatiza no estudo de uma determinada sociedade no tempo e na sua escrita? Você acertou! E. Imaginário, simbólico e representação. As funções principais são: o imaginário, o simbólico e a representação. Através do imaginário, é possível analisar as representações que uma sociedade faz de si mesma, e essas operações ocorrem sempre no âmbito do simbólico.Portanto, não basta apenas a análise simples de uma sociedade e de suas coletividades, bem como de seus poderes específicos, havendo a necessidade de se conjugar imaginário, simbólico e representações. 2. De acordo com a perspectiva marxista da história, são as condições materiais de uma sociedade que determinam as representações que ela faz de si mesma, portanto, a sua forma de imaginar o mundo e de descrevê-lo. No caminho contrário, os historiadores vinculados à história cultural atribuem, em geral, grande importância ao imaginário, à imaginação e às ideias. Para eles, são as representações que os seres humanos elaboram que têm papel importante na forma que uma sociedade produz e dissemina suas ideias. No entanto, na escrita da história, existem regras que determinam o que é ficção e o que é realidade. Como essas regras operam? Você acertou! C. Na delimitação precisa do campo onde ocorre o jogo da imaginação, fazendo com que o texto histórico não perca sua ligação com o real. Para a escrita histórica se diferenciar da narrativa ficcional, o historiador recorre a limitações do campo onde a imaginação atua. A imaginação sempre atuará tanto na ficção quanto na narrativa histórica, porém esta última tem elementos extratextuais que ligam o texto ao mundo exterior e ao passado que representa através das fontes e referências bibliográficas. Portanto, não é apenas no uso de conceitos ou de modelos formatados que o historiador mantém seu texto vinculado ao real. 3. Quando se tratam das análises a respeito das diferentes formas de escrita da história, ganha destaque o fato de que estas encontram-se condicionadas por diversos fatores. O contexto social, de maneira ampla, é determinante na forma e no conteúdo do texto histórico. Da mesma maneira, as percepções inerentes ao tempo histórico no qual essa narrativa é realizada também ocupam papel importante em sua elaboração. Portanto, tanto a disciplina quanto a escrita da história e o seu leitor são afetados por três aspectos principais. Quais são esses aspectos que atuam na construção da narrativa histórica? Você acertou! B. As práticas sociais, o lugar social e a instituição. Afetam tanto o historiador quanto o leitor as práticas sociais correspondentes ao lugar onde vivem. Todo ser humano vive em uma sociedade com determinadas regras que regem sua conduta, sendo isso entendido como práticas sociais. O lugar social é a posição em que se encontra o indivíduo em uma sociedade. Já a instituição se refere ao centro de pesquisas ao qual é vinculado o historiador. Esses três elementos são fundamentais na construção da narrativa histórica. 4. A ideia de representação tem suas origens ainda na antiguidade, sobretudo entre os romanos. Inicialmente, significava tornar presente aquilo que está ausente, ou seja, fazer presente, manifestar, tornar a apresentar. A partir do trabalho de Durkheim é que o conceito de representação assume certo protagonismo nos estudos sociais e históricos. Em seus estudos sobre as religiões totêmicas, Durkheim criou a ideia de representações coletivas, de onde surgiria o conhecimento. Com Bourdieu e Chartier, somos apresentados às representações sociais, que dispõem sobre as lutas simbólicas na sociedade para o primeiro e sobre os códigos sociais para o segundo. Já a representação histórica, conforme Michel de Certeau (2000), está relacionada à natureza do que produz o historiador quando faz história. Existem duas concepções principais em torno da representação no fazer histórico. Quais são elas? Resposta correta. C. Construcionismo e documentalismo. As duas concepções mais importantes acerca da representação histórica são o construcionismo e o documentalismo. Para a primeira, a reconstrução do passado no texto histórico não se trata de uma representação, mas pura e simplesmente uma apresentação textual, que tem por objetivo reconstituir aquilo que já ocorreu, de maneira crítica. Por outro lado, o documentalismo defende que os trabalhos históricos são representações, considerando que estes se distanciam do entendimento de Ranke sobre a possibilidade de uma verdade histórica. 5. A narrativa histórica tem especificidades que a diferenciam da narrativa literária. O historiador, ao construir seu texto, deve atentar para os elementos que se encontram presentes, que podem ser acessados por ele durante sua pesquisa e posterior escrita. Esses elementos são a bibliografia, as fontes, os fatos, as datas, os nomes, enfim, os vestígios que sobreviveram ao passado e chegaram até o momento em que o historiador escreve. Contudo, os elementos ausentes têm tanta importância para a escrita da história quanto os presentes. Os silêncios das fontes, aquilo que não foi dito ou então que foi recalcado, apresentam grande utilidade para o historiador. Por que o elemento ausente é importante para a escrita da história? Você acertou! A. O autor pode "presentificar" o ausente para o seu leitor, elaborando hipóteses explicativas sobre esses "vazios". A ausência poderia passar despercebida pelo leitor ou conduzi-lo a conclusões confusas ou errôneas acerca do objeto em análise. Portanto, ao tornar presente o ausente na sua narrativa, o historiador está fazendo história de fato, pois lhe compete, como pesquisador da história, proporcionar explicações tanto sobre as fontes mais explícitas quanto aquelas que apresentam um grau maior de dificuldade interpretativa. O historiador irá explicar os motivos das ausências, o que é fundamental para a compreensão do objeto. 1. Em termos de desenvolvimento da ciência histórica, o historicismo foi apenas uma das correntes filosóficas surgidas ao longo do século XIX. Contudo, ela ocupou papel de destaque na filosofia, na história e na teoria social entre os séculos XIX e XX. Isso se deve, em boa parte, pela obra do pensador Wilhelm Dilthey, vinculado ao chamado historicismo epistemológico, tornando-se este a maior expressão do historicismo em fins do século XIX. No entanto, o historicismo epistemológico se dividiu em duas correntes, muitas vezes com perspectivas opostas. Qual é a diferença básica entre as duas? Você acertou! A. O historicismo de Dilthey era subjetivista e o da Escola de Baden era objetivista. A grande diferença entre as duas vertentes do historicismo epistemológico estava nas diversas metodologias utilizadas para o estudo da sociedade. Enquanto Dilthey repelia os métodos das ciências naturais (portanto, subjetivista), a Escola de Baden aceitava a sua utilização (objetivista). Ambas procuravam fazer a crítica da razão histórica, porém por meio de métodos diferentes. Vale lembrar que Dilthey era neokantiano crítico, enquanto a Escola de Baden era apenas neokantiana. 2. Wilhelm Dilthey, grande expoente do chamado historicismo epistemológico, posicionou-se de maneira clara em relação à Escola de Baden (de Windelband e Rickert). Isso se deve ao entendimento subjetivista de Dilthey acerca do método a ser utilizado nas ciências humanas em oposição à "recaída" no positivismo da Escola de Baden. Sendo assim, por qual razão Dilthey colocava a vida humana no centro do devir histórico? Você acertou! D. Via na compreensão a forma explicativa da experiência vivida. Para Dilthey, a experiência vivida (vivência) era o ponto principal da história, logo, era a vida humana que estava no centro do mundo histórico-social, por ser capaz de compreendê-lo. Ele entendia que as ciências naturais tinham métodos que não podiam ser aplicados à compreensão do mundo histórico-social, pois a sua base epistemológica era a explicação. 3. A partir do século XVI, as ciências passaram por uma verdadeira revolução. Nomes como os de Copérnico, Galileu Galilei e Newton, mesmo trabalhando no âmbito das ciências naturais, tiveram grande influência sobre os cientistas sociais e filósofos do século seguinte. Foi o momento em que o obscurantismo medieval dava lugar à razão, agora entendida como um valor universal, tornando o homem a medida de todas as coisas. Qual é a razão dessa influência? Você acertou! B. Com o avanço dasciências naturais, novas questões em relação ao ser humano foram suscitadas. Com o desenvolvimento das ciências naturais a partir do século XVI, em um movimento de superação do obscurantismo medieval, ampliou-se o leque de questionamentos acerca do ser humano e da sociedade. Portanto, houve uma valorização da racionalidade científica e a busca por se estabelecer uma epistemologia que auxiliasse na compreensão de como os seres humanos entendem e constroem o mundo social, que de muitas maneiras aparecem integrados. 4. O século XIX foi o século das grandes transformações, com o surgimento de ideologias que atuam sobre a sociedade até os dias de hoje. O liberalismo, o conservadorismo e o socialismo são exemplos dessas ideologias que combatem umas às outras, determinando os rumos da política. Cada uma delas apresenta soluções diferentes para as questões sociais, influenciando, assim, o surgimento de novas correntes no âmbito das ciências humanas. As ciências sociais já passaram por diversos paradigmas, sendo os principais deles o funcionalista, o interpretativo, o humanista radical, o estruturalista radical e o da globalização. De uma maneira ou de outra, todos eles também influenciaram o desenvolvimento da história como ramo do conhecimento. Ao observar os seus pressupostos, quais deles apresentam pretensões de transformação da realidade? Resposta correta. C. Humanista radical e estruturalista radical. Os paradigmas humanista radical e estruturalista radical apresentam viés revolucionário, isto é, buscam a superação dos problemas atuais da sociedade. O primeiro acredita que o ser humano é dominado ideologicamente pelas idéias produzidas pelas classes dominantes, no entanto, o estruturalismo radical vê os conflitos na base da sociedade, que servirão para o nascimento de uma realidade social. Os paradigmas funcionalista, interpretativo e da globalização se resumem a analisar a sociedade. 5. O historicismo surge na virada do século XVIII para o XIX, estendendo a sua influência até o século XX. Contudo, o seu desenrolar não se deu sem sobressaltos e contradições, fato que o tornou uma corrente de pensamento complexa e cheia de nuances. Assim sendo, podemos classificar o historicismo em duas grandes vertentes distintas: a romântica e a epistemológica. Qual é o seu principal ponto de discordância? Você acertou! A. A subjetividade. O ponto de maior discórdia entre os dois historicismos, que, apesar disso, não deixavam de ser historicismos, reside justamente na subjetividade, importante para o historicismo romântico e descartada pelo historicismo epistemológico. Para ambos, a história estava no centro de suas reflexões e, embora fossem filosofias da história, na prática não se voltavam à antiga filosofia grega. 1. Durante o desenvolvimento da filosofia positivista, houve uma verdadeira transformação do pensamento científico no interior das ciências humanas. O positivismo tornou-se muito influente sobre estas, principalmente sobre a história, trazendo a fé inabalável no progresso científico e o rigor metódico para o trabalho do historiador. Qual das características apresentadas a seguir comprova isso? Você acertou! B. Lei dos três estados. Auguste Comte via a história como uma caminhada constante em direção ao progresso, que chegava ao seu ápice no estado positivo. Portanto, a lei dos três estados comprovaria a inevitabilidade do progresso científico. Por sua vez, a separação total entre sujeito e objeto diz respeito à metodologia a ser empregada pela ciência. Já o subjetivismo, o idealismo e a idealização de um passado mítico encontram-se no extremo oposto da objetividade positivista. 2. Leopold von Ranke foi um dos historiadores mais influenciados pelo positivismo. Frequentemente é visto como um "revolucionário" da historiografia, porém, alguns autores consideram que Ranke fez uma "contra revolução" no método histórico, já que posicionou-se contra os campos de estudo abertos pelos historiadores iluministas. Dessa forma, é possível compreender os recortes realizados pelo autor e sua predisposição em valorizar determinadas áreas do conhecimento histórico em detrimento de outras. A partir disso, qual campo da história foi privilegiado por Ranke? Você acertou! D. História política. Ranke valorizou excessivamente a história política, dentro do espírito positivista de levar em consideração fontes escritas e chanceladas pelo Estado. Dessa forma, na história da historiografia, Ranke encontra-se em oposição à história feita no Iluminismo, que explorava novos campos historiográficos, como o da história social, cultural, econômica e geral. 3. Edmund Burke é tido como o criador da ideologia conservadora, em fins do século XVIII. Seus escritos foram uma reação às grandes transformações pelas quais a Europa passava naquele momento, sobretudo em decorrência do processo revolucionário na França. Burke posicionou-se contra os direitos naturais, defendidos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, por considerá-los incorretos. Nessa questão dos direitos naturais, que equívoco metodológico Burke comete? Você acertou! A. Naturaliza algo que é histórico. Burke confunde natureza e história, acreditando que os direitos naturais são uma abstração que não tem a ver com a realidade. Para ele, a aristocracia possui privilégios em decorrência de um ordenamento natural da sociedade e que por isso mesmo devem ser mantidos. Ele considerava a França um país importante que não deveria cair nas mãos dos revolucionários, apontando claramente que a solução para o problema seria simplesmente seguir a ordem natural da sociedade. 4. A ideologia conservadora de Burke fica muito clara nos posicionamentos que o autor assume perante as Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789). Em relação a esta última, Burke considerava um movimento de "homens de letras", que não tinham apreço pela tradição e que valorizavam somente aquilo que era novidade. O que evidencia a divergência com o autor, já que este defendia a tradição. Em relação à Revolução Americana, qual foi o motivo para que Burke a apoiasse? Resposta correta. C. Burke considerava a Revolução Americana uma revolta de colonos que lutavam pela preservação de sua cultura. Para Burke, que era monarquista, as revoluções eram indesejáveis, pois rompiam com as hierarquias naturais da sociedade. Contudo, em caso de luta pela preservação do modo de vida tradicional de um povo, mesmo vendo com alguma desconfiança a revolta nos Estados Unidos, ele a admitia como uma possibilidade. 5. Wilhelm Dilthey foi um dos nomes mais importantes da corrente de pensamento chamada historicismo. Essa corrente, por um lado, aproxima-se do positivismo, devido a seu entendimento de que a pesquisa histórica deve se resumir à coleta e à compilação de fatos históricos, caracterizando um objetivismo histórico, por outro lado, afasta-se do positivismo. Qual característica comprova essa última afirmação? Você acertou! A. Dilthey considerava as ciências humanas como interpretativas. Ao pesquisador, caberia fazer interpretações sobre os fatos e não simplesmente descrevê-los de forma totalmente neutra. No entanto, Dilthey carregava certa ambiguidade, pois, ao mesmo tempo em que defendia o método das ciências humanas na história, também utilizava o método das ciências naturais, acreditando na ciência objetiva. No entanto, não acreditava em leis gerais. 1. Didática é uma palavra que, etimologicamente, significa arte de ensinar. Ao longo do tempo, foi se delineando um campo chamado didática geral, que englobava os métodos, princípios e técnicas de ensino. Sobre a didática, são feitas as seguintes afirmações: I. Didática e pedagogia são termos que podem ser utilizados como sinônimos, e ambos se referem à educação e à prática docente. II. A definição de didática é estanque e não sofreu modificações ao longo do tempo. III. Um dos problemas identificados nas concepções clássicas de didática é o desprezo pelas aprendizagens históricas que ocorrem fora dos espaços formais de aprendizado.Qual(is) está(ão) correta(s)? Você acertou! D. Apenas a I e a III. Estão corretas apenas as afirmações I e III. No entanto, vale destacar que didática e pedagogia são termos que, embora sejam utilizados como sinônimos, apresentam significados diferentes, ainda que utilizados dentro do campo da educação. Ademais, um dos principais problemas das formas mais tradicionais de concepção didática é sua compreensão limitada de que o aprendizado ocorre apenas nos espaços formais de ensino, como a escola. A afirmação II está equivocada, visto que a definição de didática tem uma historicidade, e as formas de aprender e ensinar se alteram conforme se modificam as noções de aprendizagem e ensino e seus sentidos dentro das sociedades. 2. A perspectiva alemã da didática da história, principalmente as contribuições de Jörn Rüsen, possibilitou uma modificação significativa no campo do ensino e da aprendizagem históricos. Quanto à concepção de didática da história para esse autor alemão, assinale a alternativa correta. Você acertou! A. Para Rüsen, a didática da história é um campo muito próximo à teoria da história, pois os fenômenos de ensino e aprendizagem envolvem o conhecimento histórico para além dos espaços escolares, e a teoria da história tem uma função didática de orientação, como uma teoria do aprendizado histórico. De acordo com a perspectiva de Jörn Rüsen, a didática da história está muito próxima à teoria da história, porque os processos de aprendizagem histórica extrapolam o ambiente escolar e ocorrem, também, na interação com outros discursos historiográficos presentes em determinadas culturas e consciências históricas. Por isso, é fundamental que haja uma reflexão sobre as formas de aprender a partir da própria história, compreendendo a teoria como forma dos indivíduos se orientarem no tempo e no espaço. 3. Os processos de ensino e aprendizagem de história foram ressignificados a partir dos questionamentos desenvolvidos por diferentes teóricos alemães, que procuravam responder às necessidades conjunturais da década de 1960 na Alemanha, em que a ciência histórica e seu ensino sofriam uma crise de legitimidade. Nesse contexto, leia as seguintes citações de obras de Jörn Rüsen: “[A consciência histórica é] a suma das operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da evolução temporal de seu mundo e de si mesmos, de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo” (RÜSEN, 2010, p. 57). “O aprendizado histórico deve ser organizado de modo que as suas diferentes formas sejam abordadas, praticadas e articuladas em uma relação consistente e dinâmica de desenvolvimento. Nesse processo, têm importância não apenas os fatores cognitivos, mas nele também devem ser considerados os componentes estéticos e políticos da consciência da história e da cultura histórica como pré-requisitos, condições e determinações essenciais dos objetivos do aprendizado histórico” (RÜSEN apud SCHMIDT et al., 2010, p. 48). Ambas as citações explicitam uma premissa do pensamento de Rüsen, que é: Você acertou! B. a ideia de que o aprendizado histórico ocorre em múltiplos espaços e em interação com outras leituras sobre a história, evidências de múltiplas culturas históricas. Uma das premissas do pensamento de Rüsen, presente em ambos os textos, é que o aprendizado histórico ocorre em múltiplos espaços, e não somente no espaço escolar, e que esse aprendizado interage com outros discursos presentes na cultura histórica de uma coletividade. 4. Nos últimos anos, alguns pesquisadores, influenciados pelas concepções de Rüsen e por suas práticas docentes, passaram a conceber a didática da história como uma subárea da história, em função das respostas para as especificidades do processo de aprendizagem, que podem ser encontradas na teoria da história. Sobre essa aproximação, leia as seguintes afirmações, assinalando V, para verdadeiro, ou F, para falso: ( ) A aproximação da didática da história à teoria da história se deu em detrimento das concepções pedagógicas sobre didática menos específicas e que não levavam em consideração o aprendizado da história realizado em espaços não formais. ( ) Conceber a didática da história como uma subárea da história significa ultrapassar uma compreensão do ensino de história como mera transferência de conteúdos de um saber erudito (acadêmico) para um saber escolar, ou seja, realizar a transposição didática. ( ) A didática da história sob a perspectiva alemã, ao aproximar-se da história, pode dedicar-se ao seu fim último, que é aprimorar as formas e os métodos de ensino de história, já que o aprendizado é algo que ocorre de maneira espontânea. ( ) A partir da aproximação entre a didática e a teoria da história, torna-se possível problematizar as diferentes formas com que a sociedade se relaciona com seu passado e sua história, configurando culturas e consciências históricas distintas. Verifica-se que a ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: Você acertou! D. V – V – F – V. A ordem correta de preenchimento dos parênteses é V – V – F – V. A aproximação da didática da história à teoria da história ocorreu em detrimento de uma perspectiva oriunda da pedagogia, de que a didática era um campo que se dedicava às formas e aos métodos de ensino. Assim, conceber a didática da história como uma subárea da história significa ultrapassar uma compreensão do ensino de história como mera transposição didática, e isso se deve às influências do pensamento alemão, que refletia sobre o processo de aprendizagem da história, em outras palavras, sobre como se aprende a história, muito mais do que sobre as formas ou os métodos de ensino. 5. Ao ampliar a compreensão sobre os espaços em que ocorrem o aprendizado histórico e sua inter-relação com a cultura e a consciência históricas, houve um ganho significativo para as pesquisas dentro da área do ensino e aprendizagem históricos. Das alternativas a seguir, assinale aquela que apresenta a modificação ocorrida nesse campo de investigação. Você acertou! A. Os espaços formais e não formais de aprendizado passaram a ser concebidos como “laboratórios”, e os docentes como professores-pesquisadores, a partir de uma ressignificação entre o saber erudito e o saber escolar. Com a ampliação da noção de que o aprendizado histórico ocorre para além dos muros escolares, em constante interação com outras concepções de história presentes na cultura e na consciência históricas de uma sociedade, os espaços onde ocorrem o aprendizado puderam ser vistos como laboratórios de práticas e reflexões, e a postura do docente como um mero transmissor de conhecimento foi revista para um professor-pesquisador, que reflete sobre sua prática. 1. Quando falamos em modernidade para a História, o consenso mais comum é a divisão clássica e tradicional dos períodos históricos, tais como: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Nesse sentido, qual o conceito de modernidade na perspectiva sociológica? Você acertou! B. Define-se a um período que se estende até os dias atuais, porque a sua conceitualização revela-se na complexidade do desmanche dos laços da tradição e da religião. O conceito de modernidade na perspectiva sociológica é o desmanche dos laços da tradição e da religião. Não é a busca por responder razão que orienta a manifestação do ser no mundo fenomênico. Não são os fragmentos dispersos que refletem em sua manifestação a essência do todo universal, nem se trata da aproximação específica com a antropologia ou com o surgimento do Iluminismo Europeu apenas. 2. Como afirma Habermas (2002), o conceito de modernização refere-se a um conjunto de processos cumulativos e de reforço mútuo: formação de capital e mobilização de recursos; desenvolvimento das forças produtivas e aumento da produtividade do trabalho; estabelecimento do poder político centralizado e formação de identidades nacionais; expansão dos direitos de participação política, das formas urbanas de vida
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