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DIRETO CIVIL II - FMU Interpretação dos Artigos 104 ao 110 e 121 ao 129 Profº Marcelo Barbosa de Melo

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FMU-FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
DIRETO CIVIL II
Interpretação dos Artigos 
104 ao 110 e 121 ao 129
Turma: 003302A02
Profº Marcelo Barbosa de Melo
Dupla: Cyntia Brandão
Egley Maria de Araújo da Silva, 8406744
São Paulo, 02 de Setembro de 2016
LIVRO III
Dos Fatos Jurídicos
TÍTULO I
Do Negócio Jurídico
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
Não existe negócio jurídico sem partes e as partes devem ser capazes, ou seja, pleno discernimento para assumir direitos e deveres.
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
O objeto lícito não contraria a lei, a moral, os bons costumes e a ordem pública.
Possibilidade física e jurídica – Dá-se a impossibilidade física quando o objeto não pode ser apropriado por qualquer pessoa ou quando a prestação não pode ser realizada por fatores não imputáveis ao devedor. E a impossibilidade jurídica ocorre quando o objeto não pode ser negociado porque há alguma vedação legal para tanto.
Determinado é o objeto que está individualizado, não deixa dúvidas.
Determinável – ainda será individualizado, devendo ser certo quanto à existência (jurídica e não física).
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
O negócio jurídico pode ser realizado sob qualquer forma, desde que a lei não imponha uma forma determinada para sua celebração, caso em que a não observância ensejará a sua invalidade (pode acarretar sua nulidade). 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
A incapacidade relativa refere-se a certos atos ou à maneira de os exercer, entretanto possuem capacidade de direito ou de gozo também chamada de capacidade de aquisição de direitos que é reconhecida a todo ser humano, sem distinção. Na incapacidade relativa falta a capacidade de fato (capacidade de ação dos atos da vida civil) devendo seus direitos serem assegurados através de representante ou seja, possuem uma capacidade limitada pois só ostenta a capacidade de direito.
Portanto a incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra, pois a incapacidade relativa é assegurada pela capacidade de aquisição de direitos.
Os atos e negócios jurídicos podem ser efetuados pelos relativamente incapazes, subordinando-se a sua eficácia à assistência legal concomitante ou, ao menos, à convalidação.
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.
O objeto deve ser possível (física e jurídica), quanto à impossibilidade física, o objeto não pode ser apropriado por qualquer pessoa ou quando a prestação não pode ser realizada por fatores não imputáveis ao devedor.
Quanto à impossibilidade jurídica, esta ocorre quando o objeto não pode ser negociado porque há alguma vedação legal para tanto.
A partir do momento em que o objeto vir a tornar-se totalmente possível fisicamente e/ou juridicamente o negócio jurídico torna-se possível. 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
O negócio jurídico pode ser realizado sob qualquer forma (regra), desde que a lei não imponha uma forma determinada para sua celebração, caso em que a não observância ensejará a sua invalidade (deve-se observar as exceções).
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
A escritura pública é a forma indispensável do ato ou negócio jurídico e devem se submeter ao registro ou a publicidade para se prevenirem prejuízos à terceiros advindos do desconhecimento total ou parcial do conteúdo do negocio jurídico e das partes que o constituíram.
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.
Forma substancial é aquela exigida por lei como requisito imprescindível para sua validade. É o que sucede nos casos em que a lei exige a escritura pública: nos pactos antinupciais, nas doações de imóveis e nos contratos que constituem direitos reais sobre imóvel (exceto o penhor agrícola). A não observância da forma substancial, fixada em lei, acarreta a nulidade do ato ou do negócio, salvo quando a própria legislação estabelece outro tipo de sanção.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
A vontade acaba por ser o resultado da liberdade conferida ao individuo para praticar atos e celebrar negócios jurídicos. O negocio jurídico é concluído pressupondo-se a boa fé de ambas as partes. Como instrumento de auto-regulamentação dos interesses privados, possui determinado conteúdo cuja contrariedade interna da vontade deve ser comprovada, sob pena de se considerar o negócio valido e eficaz.
A reserva mental é a declaração não pretendida em seu conteúdo, que tem finalidade enganar o seu destinatário (ocultação da vontade contrária à declaração da pessoa). Esta pode ser inocente ou maliciosa. Na reserva mental inocente inexiste o proposito de causar prejuízo, não há motivo para a anulação do negócio jurídico, já a reserva mental ilícita é quando há intenção de prejudicar. Se a reserva mental for de conhecimento do destinatário, poderá se configurar a simulação ou, ainda, a fraude contra credores ou a fraude à lei.
Art. 120. Os Requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.
        O representante legal é aquele a quem a norma jurídica confere poderes para administrar bens alheios, como o pai, ou mãe, em relação a filho menor, quanto o tutor ao pupilo e curador, no que concerne ao curatelado. A representação legal é sempre exercida no interesse do representado. 
O poder de representação decorre diretamente da lei, que estabelece a extensão do âmbito da representação, os casos em que é necessário, o poder de administrar e quais as situações em que se permite dispor dos direitos do representado.
A representação voluntária é baseada, em regra, no mandato, cujo instrumento é a procuração. A figura da representação não se confunde com a do mandato. O representante convencionado é o munido de mandato expresso ou tácito, verbal ou escrito, do representante, como o procurador, no contrato de mandato.
CAPÍTULO lll
DA CONDIÇÃO, DO TERMO 
E DO ENCARGO
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Condição é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto. Possui sentido de “cláusula” ou “disposição”, que se insere em um contrato, para que dela dependa a eficácia de um negócio jurídico.
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
É clara na primeira parte da redação do artigo que não exige que a lei expressamente proíba determinada condição; basta que esta contrarie a lei. Mas, além disso, inclui as que contrariem a ordem pública e os bons costumes. Qualquer condição que idealizem as partes, que sejam contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes será considerada ilícita.Na segunda parte as condições que privarem de todo o efeito o ato realmente não teria como ser defesa, pois pecaria na substância própria do negócio jurídico celebrado. 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhe são subordinados: I – as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
As condições fisicamente impossíveis são as que não podem efetivar-se por serem contrárias à natureza. Por exemplo, a doação de uma casa a quem trouxer o mar até a Praça da República da cidade de São Paulo será inválida, visto que a condição suspensiva que subordina a eficácia negocial a evento futuro e incerto é impossível fisicamente.
As condições juridicamente impossíveis são as que invalidam os atos negociais a ela subordinados, por serem contrárias à ordem legal.
II – as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
As condições ilícitas ou as de fazer coisa ilícita são condenadas pela norma jurídica, pela moral e pelos bons costumes e, por isso, invalidam os negócios a que forem apostas. 
III – as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Se os negócios contiverem cláusulas que subordinam seus efeitos a evento futuro e incerto, possibilitando várias interpretações pelas dúvidas que levantam, ou pela incoerência de seus termos tais atos negociais invalidar-se-ão. 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
Condição resolutiva impossível. Se impossível a condição, incerteza nenhuma existe. Ao contrário, tem-se a certeza de que tal condição nunca se realizará. Por isso, o negócio jurídico não poderá ser afetado. Não dependerá ele de nada. Será um negócio jurídico puro e simples. Atingirá seus efeitos jurídicos naturalmente e sem condição que restou inexistente 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Será suspensiva a condição se as partes protelarem, temporariamente, a eficácia do negócio até a realização do acontecimento futuro e incerto efeito da condição suspensiva pendente. A condição se diz realizada quando o acontecimento previsto se verificar. 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob a condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.
Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico a condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito a que ela visa, mas quando ela se verificar o direito será adquirido a despeito de novas disposições feitas na sua pendência, se não forem com elas compatíveis. Prevalece a condição, restando sem eficácia as novas disposições.
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
 A condição resolutiva subordina a ineficácia do negócio a um evento futuro e incerto. Enquanto a condição não se realizar, o negócio jurídico vigorará, podendo exercer-se desde a celebração deste o direito por ele estabelecido, mas, verificada a condição, para todos os efeitos extingue-se o direito a que ela se opõe. 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme os ditames de boa-fé.
 Se uma condição resolutiva for aposta em um ato negocial, enquanto ela não se der, vigorará o negócio jurídico, mas, ocorrida a condição, operar-se-á a extinção do direito a que ela se opõe, retornando-se ao status quo ante. Mas, se tal negócio for de execução continuada ou periódica, a efetivação da condição, exceto se houver disposição em contrário, não atingirá os atos já praticados desde que conformes com a natureza da condição pendente e a da boa-fé.
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
A condição suspensiva ou resolutiva valerá como realizada se seu implemento for intencionalmente impedido por quem tirar vantagem com sua não-realização. Realização de condição tida como não verificada. Se a parte beneficiada com o implemento da condição forçar maliciosamente sua realização, esta será tida aos olhos da lei como não verificada para todos os efeitos .
BIBLIOGRÁFIA
MANUAL DE DIREITO CIVIL; TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL, VOL 1; 3ª EDIÇÃO; EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS ROBERTO SENISE LISBOA.
MANUAL DE DIREITO CIVIL; TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL, VOL 1; 8ª EDIÇÃO; EDITORA SARAIVA.
COMENTÁRIOS AO CÓDIGO CIVIL; ARTIGO POR ARTIGO, 2ª EDIÇÃO, EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS.
VADE MECUM SARAIVA 2014, OAB E CONCURSOS.

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