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Aula 05
Administração Pública p/ TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo - Cargo 1 -
Administração
Professor: Herbert Almeida
22567027823 - luiz gustavo de castro carlos
Administração Pública 
Auditor Fiscal de Controle Externo do TCE-SC 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Herbert Almeida – Aula 5 
 
 
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AULA 5: Comunicação, governabilidade, 
governança e intermediação de interesses 
SUMÁRIO 
COMUNICAÇÃO ................................................................................................................................ 3 
Barreiras a uma comunicação eficaz ........................................................................................................5 
Comunicação organizacional ....................................................................................................................6 
GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE ................................................................................................. 8 
Novas tendências para os conceitos de governança e governabilidade ............................................... 14 
Intermediação de interesses .................................................................................................................. 19 
Clientelismo ....................................................................................................................................... 20 
Corporativismo ................................................................................................................................... 21 
Neocorporativismo ............................................................................................................................ 23 
Princípios básicos da governança corporativa ....................................................................................... 25 
QUESTÕES COMENTADAS NA AULA ................................................................................................. 41 
GABARITO ...................................................................................................................................... 47 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 47 
 
Olá pessoal! Tudo tranquilo? 
Continuando o nosso curso, vamos estudar os seguintes itens do edital: 
“5 Comunicação na gestão pública e gestão de redes organizacionais. 
6 Governabilidade e governança. 6.1 Intermediação de interesses 
(clientelismo, corporativismo e neocorporativismo)” 
A parte de governabilidade e governança está “na moda”. Nos últimos 
concursos realizados, o Cespe sempre está cobrando uma questãozinha sobre 
esses tópicos. São temas que podem ser exigidos juntamente com 
accountability. Assim, recomendo bastante atenção nessa aula. 
Por outro lado, apesar de ser um assunto exigido nas últimas provas, não 
encontrei um número muito grande de questões. Com isso, teremos um 
número reduzido de exercícios nessa aula. Vamos, inclusive, utilizar algumas 
questões da FCC para dar uma complementada. 
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22567027823 - luiz gustavo de castro carlos
Administração Pública 
Auditor Fiscal de Controle Externo do TCE-SC 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Herbert Almeida – Aula 5 
 
 
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Quanto ao tópico de comunicação e gestão de redes, é um item bem 
simples. Vamos abordar a parte teórica da comunicação e, depois, 
estudaremos a gestão de redes nas aulas de políticas públicas, pois são temas 
relacionados. 
Aproveitem a aula e bons estudos! 
 
 
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Administração Pública 
Auditor Fiscal de Controle Externo do TCE-SC 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Herbert Almeida – Aula 5 
 
 
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COMUNICAÇÃO 
Para Maximiano1, o processo de comunicação compreende a transmissão 
de informação e de significados. Segundo o autor, este processo é composto 
pelos seguintes elementos: emissor, receptor, mensagem, canal de 
comunicação, ruídos e feedback. 
 emissor (fonte): é aquele que elabora a mensagem com o 
objetivo de alcançar o receptor; 
 mensagem: é aquilo que se pretende transmitir; 
 receptor (destino): é o destino da mensagem, é aquele que 
decodifica a mensagem. Este é o elo mais importante do processo 
de comunicação, pois será quem interpretará os dados transmitidos 
e o transformará em informação e, a partir daí, tomará as medidas 
cabíveis. Veja que, se o receptor não for atingido, ou for atingido 
de forma comprometida, de nada adiantou o processo de 
comunicação; 
 ruídos: representam as barreiras à comunicação que podem 
distorcer o conteúdo do que se quer transmitir; 
 feedback: corresponde ao retorno realizado pelo receptor sobre 
as condições da mensagem recebida. Assim, o emissor poderá 
avaliar se a mensagem foi transmitida nas condições desejadas; e 
 canal de comunicação: é o condutor da mensagem, ou seja, o 
meio que permite a circulação da informação enviada pelo emissor. 
Conforme a quantidade de informações que podem ser 
transmitidas ao mesmo tempo, podemos descrever canais com 
maior ou menor riqueza. A conversa é o canal mais rico, pois a 
pessoa pode transmitir a fala, os gestos, a entonação e muito mais, 
tudo isso pode facilitar a comunicação. Por outro lado, os relatórios 
e boletins representam os canais com baixa riqueza. Os canais 
 
1 Maximiano, 2011, p. 239. 
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pobres são utilizados para informações mais simples e corriqueiras, 
já os canais ricos são utilizados para informações importantes e 
não rotineiras. Com base nessa classificação, Daft propôs uma 
pirâmide que demonstra a hierarquia da riqueza dos canais de 
comunicação: 
Hierarquia da riqueza dos canais de comunicação2
 
Além desses elementos, podemos falar ainda em código e 
redundância, vejamos: 
 código: representam a forma de transformar os pensamentos em 
mensagens (codificação), como a escrita, para, posteriormente, ser 
decodificada pelo receptor, a exemplo da leitura; 
 redundância: trata-se de um reforço, que não traz nenhuma 
informação nova, utilizada para amenizar os efeitos do ruído. A 
redundância é um elemento que auxilia na compreensão da 
mensagem. 
Em síntese, o processo de comunicação envolve o emissor, que codifica 
a mensagem e a transmite por meio de um canal para um receptor, que fará 
 
2 Adaptado de Daft, 2005. 
Conversa
Telefone
E-mail, intranet
Memorandos, cartas
Relatório formal, boletins
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a decodificação. Após isso, é importante que o receptor dê um retorno sobre 
o estado da mensagem (feedback), permitindo que o emissor refaça o 
procedimento se necessário. Por fim, todo o processo de comunicação está 
sujeito a algumas interferências chamadas de ruídos. 
Barreiras a uma comunicação eficaz 
Nem sempre a comunicação ocorre da maneira ideal. A informação pode 
sofrer algumas distorções, decorrentes do ruído, que podem impactar na 
interpretação e no tratamento de seu conteúdo. Basicamente, podemosdescrever as seguintes barreiras para uma comunicação efetiva: 
 filtragem: corresponde a manipulação da informação realizada 
pelo emissor para obter uma interpretação favorável do 
recebedor da mensagem. É o caso de um funcionário que dá um 
enfoque direcionado no conteúdo de uma informação para obter 
benefícios de seu chefe; 
 percepção seletiva: nesse caso, é o receptor que faz a 
interpretação baseada em suas necessidades, experiências, 
motivações e demais características pessoais. Uma pessoa que 
prefere a marca X de celular ao invés da marca Y vai procurar 
interpretar as especificações de forma que a marca X seja sempre 
a melhor; 
 sobrecarga de informações: ocorre quando a pessoa recebe 
mais informações do que sua capacidade de processá-las. Na era 
da informação, estamos nos deparando diariamente com situações 
como essa, pois somos “bombardeados” por informações de todos 
os lados. A consequência é que podemos perder conteúdo e ter um 
processo de comunicação comprometido; 
 emoções: o estado emocional da pessoa pode influenciar na 
maneira como ela interpreta a mensagem. Uma pessoa feliz pode 
dar um enfoque, enquanto que uma pessoa irritada dará outro; 
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 linguagem: uma mesma palavra pode ter significados distintos de 
acordo com o público que se está lidando. Trata-se do linguajar, 
que pode variar conforme a idade, escolaridade, local onde mora, 
profissão etc. Assim, se o emissor e o receptor tiverem linguajares 
diferentes, o processo de comunicação pode ser prejudicado; 
 defensividade: ocorre quando as pessoas sentem-se ameaçadas, 
como numa inquirição. Assim, o indivíduo terá muito cuidado com 
o tipo de informação que irá transmitir, influenciando a qualidade 
da comunicação; e 
 medo de comunicação: a ansiedade e a timidez podem dificultar 
a comunicação. Existem pessoas que têm dificuldade de falar em 
público (para várias pessoas) ou até mesmo para se comunicar com 
amigos. Assim, preferem utilizar meios escritos no lugar dos 
falados. 
Comunicação organizacional 
A comunicação pode circular em três direções: 
 comunicação para baixo: vai dos níveis superiores para os 
inferiores da hierarquia, ou seja, é a comunicação utilizada pelos 
chefes para informar os seus subordinados. Ex. ordens; 
 comunicação para cima: é o inverso da anterior, ou seja, é o 
fluxo de informações dos subordinados para as chefias. Ex. 
relatórios; e 
 comunicação lateral: trata-se da comunicação entre 
departamentos de mesmo nível (horizontal) ou entre 
departamentos de níveis diferentes, mas que se relacionam 
hierarquicamente (diagonal). Outra forma de se verificar a 
comunicação lateral envolve os contatos entre colegas de trabalho, 
muitas vezes de forma informal, como no caso das conversas nos 
cafezinhos ou nos pedidos de ajuda. 
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Os fluxos de comunicação formal, como os para cima e para baixo, são 
muito importantes para as organizações. Contudo, hodiernamente, a 
comunicação horizontal vem ganhando espaço, sobretudo pelo aspecto 
informal que faz expandir a capacidade de transmissão de informações. 
A comunicação horizontal ou lateral, no seu aspecto informal, deve 
receber um enfoque especial da organização. Ao mesmo tempo em que ela 
facilita a troca de informações, pode ser fonte para transmissão de boatos e 
fofocas. Trata-se da famosa “rádio corredor”. Assim, as organizações devem 
saber explorar essa forma de comunicação e descobrir o momento adequado 
para tratar oficialmente as informações para evitar a difusão de mensagens 
equivocadas. 
 
1. (Cespe – TNS/MC/2013) Mecanismos mais ricos de comunicação nas 
organizações são aqueles em que as informações são transmitidas por telefone ou 
conversas face-a-face, pois permitem feedback rápido. 
Comentário: existem canais ricos e canais pobres de comunicação. A conversa 
face-a-face e por telefone permitem um feedback (retorno) rápido e transmissão 
de mais informações, tornando o mecanismo mais rico. Por outro lado, 
memorandos e boletins são mecanismos pobres, pois transmitem menos 
informação e apresentam um feedback lento. 
Gabarito: correto. 
2. (FCC – AJ/TRT-3/2009) Um recurso frequentemente utilizado para compensar os 
problemas resultantes de ruídos nos processos de comunicação dentro de uma 
organização é 
a) a retroinformação. 
b) o feedback. 
c) a redundância. 
d) o reforço dos fluxos descendentes. 
e) a criação de redes informais de comunicação. 
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Comentário: a retroinformação e o feedback correspondem ao retorno que o 
destinatário dá, ao emissor, sobre a mensagem. Os fluxos descendentes são as 
comunicações das chefias para os subordinados e as redes informais de 
comunicação correspondem ao fluxo horizontal (conversas de colegas no 
cafezinho, pedidos de ajuda, etc.). A redundância trata-se de um reforço, que 
não traz nenhuma informação nova, utilizada para amenizar os efeitos do ruído. 
Assim, embora a alternativa D não esteja “tão” errada, a opção C é que 
corresponde ao gabarito. 
Gabarito: alternativa C. 
3. (FCC – AJ/TRF-2/2012) No processo de comunicação interpessoal, é a reação do 
receptor ao ato de comunicação, permitindo que o emissor saiba se sua mensagem 
foi ou não compreendida pelo receptor: 
a) ruído horizontal. 
b) racionalização. 
c) negação. 
d) feedback. 
e) ruído vertical. 
Comentário: a reação do receptor ao ato de comunicação que permite que o 
emissor saiba se a mensagem foi compreendida é o feedback. Os ruídos são as 
interferências no processo de comunicação (opções A e E). A racionalização e a 
negação são espécies de atuações defensivas do comunicador. 
Gabarito: alternativa D. 
GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE 
A partir das últimas décadas do século passado, os temas governança 
e governabilidade estiveram em várias pautas de discussão. São dois temas 
distintos, mas intimamente relacionados. 
A governabilidade se refere à capacidade política de governar, que 
deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a 
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sociedade3. Nessa linha, a governabilidade ocorre quando o exercício do poder 
do Estado recebe legitimidade pela população. De acordo com o Plano Diretor, 
o governo brasileiro não carece ‘de “governabilidade”, ou seja, de poder para 
governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio com que conta 
na sociedade civil’. 
A legitimidade, nesse contexto, deve ser entendida como a aceitação do 
poder do Estado ou do governo pela sociedade. Dessa forma, em plena crise 
no início dos anos 90, a população brasileira reconhecia o poder legítimo dos 
governantes, uma vez que eles foram eleitos por um processo eleitoral 
democrático, nos termos da Constituição. 
Percebam, contudo, que a legitimidade vai além da legalidade. Enquanto 
esta se refere ao cumprimento do ordenamento jurídico,ou seja, do exercício 
do poder e das ações conforme estabelecem as normas legais; a legitimidade 
considera, também, a valoração da norma legal. Dessa forma, um governo só 
é legítimo se suas ações estão de acordo com o ordenamento jurídico e a 
população considera que essas normas estão alinhadas aos princípios e 
valores vigentes na época. 
Vamos dar um exemplo. Imaginem que o Congresso Nacional resolva 
fazer uma licitação para adquirir sofás de luxo que fazem massagem no 
parlamentar enquanto ele estiver sentado. O custo de cada sofá desses é de 
R$ 20 mil. O processo pode seguir todas as normas da lei de licitações, mas 
não será uma compra legítima, pois não estará de acordo com os valores 
aceitos pela população. 
Voltando ao conceito de governabilidade, vamos dar uma olhada no que 
ensina Eli Diniz: 
Governabilidade refere-se às condições sistêmicas mais gerais sob as 
quais se dá o exercício do poder numa dada sociedade. Nesse sentido, 
as variações dos graus de governabilidade sofrem o impacto das 
características gerais do sistema político, como a forma de governo (se 
parlamentarista ou presidencialista), as relações entre os poderes (maior 
 
3 Bresser-Pereira, 1998. 
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ou menor assimetria entre Executivo e Legislativo), os sistemas partidários 
(pluripartidarismo ou bipartidarismo), o sistema de intermediação de 
interesses (corporativista ou pluralista), entre outras características. 
Para Vinicius de Carvalho Araújo4, a governabilidade “refere-se às 
próprias condições substantivas/materiais de exercício do poder e de 
legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da sua postura diante da 
sociedade civil e do mercado”. Continuando, o autor destaca que a 
governabilidade pode ser concebida como a “autoridade política do Estado em 
si”, sendo entendida como a capacidade que o Estado tem para “agregar os 
múltiplos interesses dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um 
objetivo comum para os curto, médio e longo prazos”. 
Por fim, Araújo ensina que a fonte ou origem principal da 
governabilidade são os cidadãos e a cidadania organizada, ou seja, “é 
a partir deles (e da sua capacidade de articulação em partidos, associações e 
demais instituições representativas) que surgem e se desenvolvem as 
condições citadas acima como imperativas para a governabilidade plena”. 
Para Bresser-Pereira5, 
Do ponto de vista da reforma política do Estado, entretanto, não há dúvida de 
que é necessário concentrar a atenção nas instituições que garantam, ou 
melhor, que aumentem – já que o problema é de grau –, a responsabilização 
dos governantes. Reformar o Estado para lhe dar maior governabilidade 
é torná-lo mais democrático, é dotá-lo de instituições políticas que 
permitam uma melhor intermediação dos interesses sempre 
conflitantes dos diversos grupos sociais, das diversas etnias quando não 
nações, das diversas regiões do país. 
Dessa forma, podemos perceber a grande relação entre 
governabilidade e intermediação de interesses. Um governo legítimo 
precisa intermediar diversos interesses existentes na sociedade, que, em 
muitas ocasiões, são distintos. Vamos estudar com mais detalhes a 
intermediação de interesses logo mais. 
 
4 Araújo, 2002. 
5 Bresser-Pereira, 1997. 
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Bresser-Pereira destaca ainda que, 
Governabilidade e governança são conceitos mal definidos, freqüentemente 
confundidos. A capacidade política de governar ou governabilidade deriva da 
relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade, 
enquanto que governança é a capacidade financeira e administrativa 
em sentido amplo de uma organização de implementar suas políticas. 
Sem governabilidade é impossível governança, mas esta pode ser muito 
deficiente em situações satisfatórias de governabilidade. 
Começamos aqui a conceituar a governança. De acordo com o Plano 
Diretor, 
Considerando esta tendência, pretende-se reforçar a governança - a 
capacidade de governo do Estado - através da transição programada de 
um tipo de administração pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada para 
si própria e para o controle interno, para uma administração pública gerencial, 
flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão. O governo 
brasileiro não carece de “governabilidade”, ou seja, de poder para 
governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio com que conta 
na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um problema de governança, 
na medida em que sua capacidade de implementar as políticas 
públicas é limitada pela rigidez e ineficiência da máquina 
administrativa. 
Assim, o governo brasileiro, no início dos anos 90, sofria uma crise de 
governança, pois sua capacidade administrativa era fraca, necessitando 
urgentemente reformar o aparelho do Estado para aumentar sua eficiência e, 
por conseguinte, a governança. 
Nessa linha, Vinicius de Araújo argumenta que a governança pode ser 
entendida como a outra face de um mesmo processo, ou seja, como os 
aspectos adjetivos/instrumentais da governabilidade. Para ele, 
entende-se a governança como a capacidade que um determinado governo 
tem para formular e implementar as suas políticas. Esta capacidade pode ser 
decomposta analiticamente em financeira, gerencial e técnica, todas 
importantes para a consecução das metas coletivas definidas que compõem 
o programa de um determinado governo, legitimado pelas urnas. 
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Vinicius de Araújo complementa, ainda, que, diferentemente da 
governabilidade, a fonte da governança não são os cidadãos ou a cidadania 
organizada em si mesma, mas sim um prolongamento desta, ou seja, são os 
próprios agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a 
formulação/implementação correta das políticas públicas e 
representam a face do Estado diante da sociedade civil e do mercado, no setor 
de prestação de serviços diretos ao público. 
Nesse contexto, a governança pública se relaciona às capacidades 
administrativa e financeira do Estado. Refere-se a questões técnico-
administrativas, ao nível dos servidores públicos, a eficiência da máquina 
estatal, enfim, a todas as condições sistêmicas da Administração Pública 
utilizadas para conduzir as políticas do governo e resolver os problemas da 
população. 
Assim, ela é instrumental em relação à governabilidade, pois representa 
os meios pelo qual os governos colocam em prática o seu poder, permitindo 
que as necessidades da população sejam feitas. Um governo com pouca 
governança pode acabar perdendo a sua governabilidade. 
Por seu turno, Bresser-Pereira, no Caderno MARE nº 1, apresenta os 
seguintes ensinamentos: 
Em síntese, a governança será alcançada e a reforma do Estado será bem 
sucedida quando o Estado se tornar mais forte embora menor: (a) mais 
forte financeiramente, superando a crise fiscal que o abalou nos anos 80; (b) 
mais forte estruturalmente, com uma clara delimitação de sua área de atuação 
e uma precisa distinção entre seu núcleo estratégico onde asdecisões são 
tomadas e suas unidades descentralizadas; (c) mais forte estrategicamente, 
dotado de elites políticas capazes de tomar as decisões políticas e econômicas 
necessárias; e (d) administrativamente forte, contando com uma alta 
burocracia tecnicamente capaz e motivada. (grifos nossos) 
Percebam que o autor vincula a governança ao fortalecimento e 
diminuição do tamanho do Estado. Dessa forma, o governo teria a 
capacidade de implementar as políticas públicas e, ao mesmo tempo, superar 
a crise fiscal existente na década de 80. Com isso, algumas medidas 
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mencionadas por Bresser-Pereira são a delimitação da área de atuação do 
Estado, separando as competências inerentes ao núcleo estratégico e as 
unidades descentralizadas; fortalecimento das elites políticas para tomar as 
decisões adequadas; e o fortalecimento da burocracia, com pessoal mais 
capacitado e motivado. Percebe-se que são medidas relacionadas com a 
capacidade administrativa. 
Para concluir esta primeira parte de nossa aula, vamos voltar aos 
ensinamentos de Vinicius de Araújo: 
A governança relaciona-se de forma mais direta com a reforma do aparelho, 
dado que o seu caráter é na essência instrumental (financeiro, administrativo 
e técnico) como salientado acima e que o grande objetivo da chamada 
reforma gerencial é aprimorá-la como capacidade de melhor 
formulação/implementação das políticas públicas. 
Já a governabilidade relaciona-se de forma mais direta com a reforma do 
Estado, vista também como a redefinição das relações Estado-sociedade, 
Estado-mercado e entre os poderes ou funções do Estado (Executivo, 
Legislativo, Judiciário). O sistema político-partidário, a forma de governo 
e o mecanismo de intermediação de interesses dominante em uma 
determinada sociedade (pluralista, corporativo, classista), dentre 
outros, constituem os principais fatores da reforma com os quais a 
governabilidade mantém uma relação mais estreita. 
Assim, como a governança se relaciona com os aspectos da gestão, ela 
se alinha à reforma do aparelho do Estado no contexto da reforma 
gerencial. De acordo com o PDRAE, o aparelho do Estado é constituído pelo 
governo, ou seja, pela cúpula dirigente nos três poderes, por um corpo 
de funcionários, e pela força militar. Em síntese, o aparelho representa o 
braço do Estado para colocar em prática as suas decisões. 
Por sua vez, a governabilidade se relaciona com a reforma do Estado, 
que, segundo o PDRAE, é mais abrangente que o aparelho, porque 
compreende adicionalmente o sistema constitucional-legal, que regula a 
população nos limites de um território. Assim, o Estado “é a organização 
burocrática que tem o monopólio da violência legal, é o aparelho que tem o 
poder de legislar e tributar a população de um determinado território”. 
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Governabilidade 
Legitimidade 
Características do sistema político 
Sistemas de governo6 
Relações entre os Poderes 
Sistema de intermediação de interesses 
Reforma do Estado 
Governança 
Capacidade administrativa 
Relacionada com a gestão 
Capacidade do governo para formular e 
implementar as suas políticas 
Aspectos financeiro, gerencial e técnico 
Fonte: próprios agentes públicos ou servidores 
do Estado 
Reforma do aparelho do Estado 
Novas tendências para os conceitos de governança e governabilidade 
Para Rosenau7, governança é um fenômeno mais amplo que 
governo, pois, além de abranger as instituições governamentais, implica 
também em mecanismos informais, de caráter não governamental, que fazem 
com que as pessoas e as organizações dentro da sua área de atuação tenham 
uma conduta determinada, satisfaçam suas necessidades e respondam às 
suas demandas. 
Dessa forma, podemos perceber que a governança vai além do governo, 
envolvendo vários aspectos relacionados à atividade das pessoas e das 
organizações públicas no que se refere ao atendimento das demandas dos 
cidadãos. 
 
6 Eli Diniz fala em forma de governo, contudo o parlamentarismo e o presidencialismo são, na verdade, sistemas de 
governo. 
7 Rosenau, 2000. 
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A alocação de recursos públicos envolve diversos conflitos. Uma política 
pública pode atender aos anseios de determinada parcela da população e 
prejudicar outra. Assim, fica difícil saber o que seria uma “boa administração”. 
Muitas vezes, os governos tomam certas decisões com a finalidade de 
melhorar a qualidade de vida da sociedade. Contudo, é difícil prever todas as 
consequências de determinada ação. 
Dessa forma, em uma perspectiva mais moderna, a governança envolve 
as relações do governo com a sociedade, permitindo que a população 
participe ativamente do processo decisório. Nesse contexto, vejamos 
como leciona Eli Diniz8: 
Governança, na acepção aqui utilizada, diz respeito à capacidade de ação 
estatal na implementação das políticas e na consecução das metas 
coletivas. Implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução e de 
administração dos conflitos de interesses, fortalecendo os mecanismos 
que garantam a responsabilização pública dos governantes. Governança 
refere-se, enfim, à capacidade de inserção do Estado na sociedade, 
rompendo com a tradição de governo fechado e enclausurado na alta 
burocracia governamental. 
Para complementar, vamos apresentar um importante texto de Maria 
Helena de Castro Santos em que a autora faz uma importante observação 
sobre os conceitos de governabilidade e governança: 
Com a ampliação do conceito de governance fica cada vez mais 
imprecisa sua distinção daquele de governabilidade. Melo e Diniz, 
contudo, preferem reter este último conceito para se referirem às 
condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do 
poder, tais como as características do sistema político, a forma de 
governo, as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação de 
interesses. Martins (1995) expressa-se de forma semelhante em relação ao 
termo governabilidade - ao qual se refere como arquitetura institucional - e o 
distingue de governança, basicamente ligada à performance dos atores e sua 
capacidade no exercício da autoridade política. Parece-me ter pouco sentido 
analítico tentar reter um conceito, por assim dizer, tão esvaziado como o de 
 
8 Diniz, 2001. 
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governabilidade - a não ser como uma homenagem histórica, e, neste caso, o 
termo estará intrinsecamente ligado à ingovernabilidade por sobrecarga de 
demandas e excesso participativo. Outros autores, contudo, continuam a 
utilizar o termo governabilidade de forma mais ampla e já referido ao moderno 
contexto das políticas de ajuste e reforma do Estado, pressupondo a 
ambiência democrática. Na verdade, é pouco relevante, a meuver, no 
contexto atual, tentar distinguir os conceitos de governance e 
governabilidade. Sugiro, então, para se fugir a essa discussão aparentemente 
interminável, que se adote simplesmente, para fins analíticos, o termo 
capacidade governativa. (grifos nossos) 
Devemos ficar atentos aos ensinamentos da autora, pois há um nebuloso 
campo entre as distinções de governança e governabilidade. Inclusive, tais 
confusões vêm sendo exploradas pelas bancas de concurso. 
Inicialmente, devemos analisar o aspecto da legitimidade. Como vimos 
acima, a governabilidade está relacionada com a legitimidade do Estado e do 
governo com a sociedade. Porém, Bresser-Pereira9 também relaciona a 
legitimidade com a governança, vejamos: 
No conceito de governança pode-se incluir, como o faz Reis (1994), a 
capacidade de agregar os diversos interesses, estabelecendo-se, assim, 
mais uma ponte entre governança e governabilidade. Uma boa governança, 
conforme observou Fritschtak (1994) aumenta a legitimidade do 
governo e, portanto, a governabilidade do país. 
Percebam que a legitimidade pode estar presente nos dois conceitos, 
tanto no de governança quanto no de governabilidade. Contudo, há uma 
diferenciação, ainda que sútil, entre a legitimidade no âmbito da governança 
e da governabilidade. Vamos ampliar o nosso debate para compreendermos 
este ponto. 
Maria Helena de Castro Santos10 destaca que o conceito de governance 
passou a incluir os princípios democráticos. Ensina ainda que, 
A literatura recente incorpora o novo conceito, partindo da definição geral do 
Banco Mundial, que, como indicado, refere-se ao modo como a autoridade é 
 
9 Bresser-Pereira, 1997. 
10 Santos, 1997. 
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exercida no gerenciamento dos recursos do país em direção ao 
desenvolvimento. Governance, conforme Melo, refere-se ao modus operandi 
das políticas governamentais que inclui, dentre outras, questões ligadas ao 
formato político-institucional dos processos decisórios, à definição do mix 
apropriado do público/privado nas políticas, à participação e descentralização, 
aos mecanismos de financiamento das políticas e ao alcance global dos 
programas (cf. Melo, 1995:30-31). O conceito não se restringe, contudo, 
aos aspectos gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao 
funcionamento eficaz do aparelho de Estado. 
Dessa forma, a discussão mais contemporânea do conceito de 
governança ultrapassa o marco operacional para “incorporar questões 
relativas a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e 
políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam 
transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico”11. 
Na mesma linha de argumentação, Klaus Frey12 destaca que, 
Reconhecendo as novas potencialidades relacionadas à ampliação dos atores 
sociais envolvidos na gestão da coisa pública, a literatura sobre gestão pública 
vem crescentemente enfatizando o tema de “governança” (governance), 
salientando novas tendências de administração pública e de gestão de 
políticas públicas, particularmente a necessidade de mobilizar todo 
conhecimento disponível na sociedade em benefício da melhoria da 
performance administrativa e da democratização dos processos 
decisórios locais (Bourdin, 2001; Hambleton et al., 2002; Pierre, 2001; Sisk 
et al., 2001; Kooiman, 2002). 
Dessa forma, o novo contexto da governança frisa as novas tendências 
de gestão compartilhada e interinstitucional que envolve o setor público, 
o setor produtivo e o terceiro setor. A sociedade civil organizada e o mercado 
são chamados para participar da gestão das políticas públicas, pois nenhuma 
pessoa detém sozinha todo o conhecimento e a capacidade de recursos para 
resolver problemas unilateralmente13. 
 
11 Santos, 1997. 
12 Frey, 2004. 
13 Stoker, 2000, apud Frey, 2004. 
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Com isso, Frey menciona a existência de duas perspectivas para a 
governança: 
a) a chamada “boa governança” (good governance) – conceito 
defendido pelo Banco Mundial e pelo FMI, tem como como objetivos 
principais o aumento da eficiência e da efetividade, a ênfase está na 
criação de condições de governabilidade e na garantia do 
funcionamento do livre jogo das forças de mercado; e 
b) a “governança participativa”, também chamada de “governança 
social negociada” – aqui ela é entendida “como uma fonte de novos 
experimentos na prática democrática”, implica a necessidade de 
criar condições favoráveis para que as interações entre os 
diversos atores sociais, imprescindíveis para lidar com a 
diversidade e a complexidade das sociedades contemporâneas, 
possam acontecer, e pontes de entendimento possam ser 
construídas. 
Nas duas concepções da governança, há a participação da sociedade civil. 
Contudo, a primeira situação pode estar ligada mais às questões 
administrativas e governamentais, em que ocorre a descentralização para 
a sociedade e o mercado da produção de determinados bens e 
serviços relacionados com as políticas públicas. No segundo caso, 
porém, ocorre a emancipação social e da redistribuição de poder. Assim, os 
diversos atores da sociedade são chamados para interagir. Com isso, a 
proliferação “destas novas formas de governança representa uma 
adaptação dos sistemas político-administrativos à diversidade, à 
complexidade e à dinâmica da sociedade contemporânea”. 
Assim, a legitimidade, no contexto da governança, é aplicada no sentido 
de que as decisões do governo são sustentadas por um amplo campo de 
debate, recebendo um apoio maior da sociedade civil organizada. 
O orçamento participativo é um exemplo. Ao invés de o governo decidir 
sozinho onde vai alocar seus recursos, ele abre espaço para a sociedade 
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participar da escolha de prioridades. Com isso, ainda que seja uma parcela 
pequena dos recursos, o orçamento torna-se mais legítimo perante as 
comunidades locais. 
Em síntese, podemos falar em legitimidade tanto em questões de 
governabilidade quanto nas de governança. Porém, a legitimidade no sentido 
de aceitação do Estado e do governo perante a sociedade é relacionada com 
a governabilidade; enquanto a legitimidade referente às decisões sobre as 
políticas públicas é um aspecto ligado mais a governança. 
Apesar das ressalvas apresentadas, em geral, as questões de concurso 
costumam relacionar a legitimidade com a governabilidade. 
 IMPORTANTE – as questões de concurso costumam 
relacionar a legitimidade com a governabilidade. 
Outro ponto que merece ser mencionado é que uma baixa governança 
pode prejudicar a governabilidade, assim como uma baixa governabilidade 
pode prejudicar a governança. 
O próprio Bresser-Pereira14 salienta que, sem governabilidade plena, é 
impossível obter a governança, mas esta pode ser muito deficiente em 
situações satisfatórias de governabilidade. Era o caso do Brasil no início dos 
anos 90. Existia governabilidade plena, porém o nível de governança era 
baixo. 
Da mesma forma, como a governança é a parte instrumental dagovernabilidade, uma baixa governança pode levar a uma crise de 
governabilidade. Se o aparelho do Estado é deficiente e as demandas da 
população não são satisfeitas, o governo pode perder a sua legitimidade 
perante a sociedade. 
Intermediação de interesses 
Vamos retornar ao conceito de governabilidade apresentado por Eli Diniz: 
 
14 Bresser-Pereira, 1998. 
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Governabilidade refere-se às condições sistêmicas mais gerais sob as quais se 
dá o exercício do poder numa dada sociedade. Nesse sentido, as variações 
dos graus de governabilidade sofrem o impacto das características gerais do 
sistema político, como a forma de governo (se parlamentarista ou 
presidencialista), as relações entre os poderes (maior ou menor assimetria 
entre Executivo e Legislativo), os sistemas partidários (pluripartidarismo ou 
bipartidarismo), o sistema de intermediação de interesses (corporativista 
ou pluralista), entre outras características. 
Da mesma forma, Vinicius de Araújo ensina que a governabilidade pode 
ser concebida como a autoridade política do Estado em si, “entendida como a 
capacidade que este tem para agregar os múltiplos interesses dispersos 
pela sociedade e apresentar-lhes um objetivo comum para os curto, médio 
e longo prazos”. Ademais, estas condições podem ser sumarizadas como o 
“apoio obtido pelo Estado às suas políticas e à sua capacidade de articular 
alianças e coalizões/pactos entre os diferentes grupos sócio-políticos 
para viabilizar o projeto de Estado e sociedade a ser implementado”. 
Assim, fica evidente que o Estado precisa realizar diversas alianças e 
pactos sociais para viabilizar o alcance de seus objetivos. A essas formas de 
tentativa de articulação, cujo objetivo é o aumento da governabilidade, dá-se 
o nome de intermediação de interesses. Vamos, então, estudar as três 
formas de intermediação de interesses previstas no edital: clientelismo, 
corporativismo e neocorporativismo. 
Clientelismo 
De acordo com José Murilo de Carvalho, o clientelismo “indica um tipo 
de relação entre atores políticos que envolve concessão de benefícios 
públicos, na forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca de 
apoio político, sobretudo na forma de voto”. 
Paulo D'Avila Filho, por sua vez, destaca que, 
O clientelismo será caracterizado como um tipo de troca política 
assimétrica, marcado por uma série de especificidades que precisam ser 
observadas, se quisermos encontrar uma definição satisfatória de 
clientelismo, ainda que necessariamente elástica. [...] 
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O que se troca é apoio político e lealdade por benefícios patrimoniais, máquina 
política por compromisso. 
Nesse contexto, podemos definir o clientelismo como uma relação entre 
desiguais (assimétrica) em que uma pessoa, o patrão, concede benefícios a 
outra em troca de apoio político, principalmente na forma de voto. Para 
Surama Conde Sá Pinto: “Neste tipo de relação políticos e/ou o governo 
trocam com setores pobres da população votos por empregos e serviços sem 
a mediação de terceiros”. 
Percebam que o clientelismo tem como característica a desigualdade 
(verticalidade, assimetria), pois um dos lados encontra-se na posição de 
“patrão” e a outra na de “cliente”. O “patrão” fornece ao “cliente” algum tipo 
de recurso público (isenções, empregos, facilidades, benefícios públicos etc.) 
com o objetivo de formar uma rede de lealdade para obter legitimação e 
apoio. 
Devemos destacar, porém, que não necessariamente o clientelismo é 
uma prática entre ricos e pobres. Ele é uma forma de intermediação de 
interesses que pode envolver políticos e burocratas, políticos e cidadãos, e 
por aí vai. Os principais aspectos são a relação de desigualdade e a troca 
de benefícios por apoio em uma forma de lealdade pessoal. 
Corporativismo 
Segundo Edson de Oliveira Nunes, apresentando os ensinamentos de 
Philippe Schmitter15, 
Em seu fecundo artigo, Schmitter afirma que o corporativismo é um sistema 
de representação de interesses (ou intermediação de interesses, como 
preferiu chamar em trabalho posterior), baseado em número limitado de 
categorias compulsórias, não-competitivas, hierárquicas e funcionalmente 
separadas, que são reconhecidas, permitidas e subsidiadas pelo Estado. 
Nessa linha, o corporativismo se realiza por meio de entidades 
representantes de classe, que recebem do Estado o monopólio da 
 
15 Schimitter, 1979, apud Nunes, 2003. 
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representação no interior de suas respectivas categorias, em troca de 
controle, seleção de lideranças e subsídios. Em algumas situações, o próprio 
Estado se encarrega de criar essas entidades representativas, que podem, até 
mesmo, integrar a estrutura estatal. 
Para Ângela de Castro Gomes16, 
Como decorrência, o modelo exigia o sindicato único e sujeito ao controle 
estatal, uma vez reconhecido como o representante de toda uma categoria 
profissional, o que excedia seu corpo de associados. A pluralidade e a 
liberdade sindicais tornavam-se inviáveis nessa proposta, que se 
sustentava no monopólio da representação, tão essencial quanto a 
tutela estatal. Era exatamente a articulação dessas duas características – a 
unicidade e a tutela – que institucionalizava o novo tipo de arranjo associativo, 
tornando o corporativismo democrático, isto é, tornando-o um instrumento 
crucial da nova democracia social e da organização do povo brasileiro. 
Explicando de maneira mais simples, o corporativismo é uma prática em 
que o Estado concede o monopólio a uma entidade representante, desde que 
ela se submeta aos controles estatais. Assim, ele é um mecanismo de 
remoção e neutralização de conflitos, no qual o Estado escolhe com 
quem quer dialogar. Isso porque a entidade só detém a capacidade de 
representação se receber algum tipo de reconhecimento oficial. Por essas 
características, o corporativismo também ficou conhecido como 
corporativismo estatal. 
O corporativismo é uma prática comum dos governos autoritários, sendo 
fortemente utilizado durante o Governo Vargas. 
Por fim, é importante destacarmos os ensinamentos de Alfred Stepan17. 
Segundo o autor há dois tipos de políticas corporativistas: inclusivas e 
exclusivas. 
Nas políticas inclusivas, a elite estatal procura desenvolver um tipo de 
relação do Estado com a sociedade através da incorporação política e 
econômica de setores significativos da classe trabalhadora, utilizando algumas 
 
16 Gomes, 2005. 
17 Stepan, 1980, apud Meira, 2005. 
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políticas distributivas e de bem-estar. Esse é o corporativismo inclusivo, 
estando associado principalmente aos regimes populistas, como o de Vargas, 
porexemplo. 
Por outro lado, nas políticas exclusivas, a elite estatal busca estabelecer 
um equilíbrio entre o Estado e a sociedade através de uma política repressiva, 
percebendo as reivindicações da classe subalterna como ameaças à ordem 
política que devem ser contidas. Esse é o denominado corporativismo 
exclusivo, estando associado aos regimes burocrático-autoritários, como a 
ditadura militar pós-64 no Brasil. 
Neocorporativismo 
O neocorporativismo, também chamado de corporativismo societal (ou 
social), representa um arranjo institucional realizado por associações e 
entidades representativas que participam junto com o Estado das decisões 
em políticas públicas. Enquanto no corporativismo é o Estado que concede o 
direito de representação, no neocorporativismo são as próprias entidades que 
conquistam essa prerrogativa. 
Para Wilma Keller18: 
Define-se o conceito de “corporativismo societal” – em contraposição ao de 
“corporativismo estatal” – para caracterizar processos de articulação e 
intermediação de interesses que emergem autonomamente da 
sociedade em direção ao Estado, com a preservação da autonomia 
relativa dos atores envolvidos. Na definição de “corporativismo estatal”, 
ao contrário, ressalta-se o papel central do Estado enquanto agente 
controlador das organizações de interesse, em particular daquelas vinculadas 
ao capital e ao trabalho. 
Assim, no neocorporativismo as entidades possuem autonomia em 
relação ao Estado. Complementa a autora ensinando que “O conceito de 
‘neocorporativismo’ expressa um modo particular de articulação entre o 
Estado e grupos de interesse, combinando dois aspectos centrais: a 
 
18 Keller, 1995. 
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intermediação de interesses e uma modalidade específica de 
formulação/gestão de políticas públicas”. 
Segundo Philippe Schimitter19, “o neocorporativismo representa um 
arranjo institucional ligando interesses organizados associativamente com as 
estruturas decisionais do Estado”. 
O neocorporativismo “refere-se a uma articulação específica entre 
Estado, organizações empresariais e sindicatos de trabalhadores, 
configurando sistemas tripartites de formulação de políticas 
públicas”20. Essa forma de intermediação de interesses surge no momento 
em que o Estado percebe que existe a necessidade de obter apoio das grandes 
organizações de interesse para realizar as estratégias de coordenação 
macroeconômica. 
Como principais características do neocorporativismo, podemos 
mencionar21: 
a) as associações/entidades possuem autonomia e penetram no Estado; 
b) é um modelo que surgiu durante o Estado de Bem-Estar Social e da 
socialdemocracia europeia, a partir das políticas de Estado e de corte 
keynesiano; 
c) resultaram da dinâmica da organização dos interesses, sendo 
respaldadas pelas políticas governamentais. 
Por fim, devemos entender que, no corporativismo estatal, as entidades 
eram criadas ou controladas pelo Estado para intermediar os interesses de 
classes, principalmente as trabalhistas. Por outro lado, o corporativismo 
societal (neocorporativismo) decorre da evolução das democracias e da 
participação da sociedade na arena decisória. O primeiro caso representa uma 
forma de controle do Estado, enquanto no segundo há uma colaboração entre 
 
19 Schimitter, 1989, apud Paludo, 2013. 
20 Keller, 1995. 
21 Carnoy, 1994, apud, Magalhães, 2005. 
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o Estado e a sociedade para a formulação e implementação de políticas 
públicas. 
Princípios básicos da governança corporativa 
Em geral, a parte de governança corporativa não costuma ser cobrada 
em questões de Administração Pública. Entretanto, para dar maior segurança 
ao nosso curso, vamos apresentar, rapidamente, os princípios básicos da 
governança corporativa segundo o Instituto Brasileiro de Governança 
Corporativa: 
 transparência (disclosure) – o desejo de disponibilizar para as partes 
interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas 
aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. A 
adequada transparência resulta em um clima de confiança, tanto 
internamente quanto nas relações da empresa com terceiros. Não 
deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, 
contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que 
norteiam a ação gerencial e que conduzem à criação de valor; 
 equidade (fairness) – caracteriza-se pelo tratamento justo de todos 
os sócios e demais partes interessadas (colaboradores, stakeholders). 
Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são 
totalmente inaceitáveis; 
 prestação de contas (accountability) - os agentes de governança 
devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as 
consequências de seus atos e omissões; e 
 responsabilidade corporativa (compliance) – os agentes de 
governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, 
visando à sua longevidade, incorporando considerações de ordem 
social e ambiental na definição dos negócios e operações. 
Adicionalmente, podemos falar nas oito características clássicas da boa 
governança: (a) participação; (b) Estado de direito; (c) transparência; (d) 
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responsabilidade; (e) orientação por consenso; (f) igualdade e inclusão; (g) 
efetividade e eficiência; (h) prestação de contas (accountability). 
Vamos resolver algumas questões? 
 
No que se refere aos fundamentos da administração pública no Brasil nos últimos 30 
anos, julgue o seguinte item. 
4. (Cespe - Analista Judiciário/TRE-ES/2011) No modelo gerencial, a governança 
constitui importante ação governamental, visto que propõe a ampliação do papel da 
sociedade civil organizada e a diminuição do tamanho do Estado. 
Comentário: de acordo com o Caderno MARE nº 1, a governança será alcançada 
e a reforma do Estado será bem sucedida quando o Estado se tornar mais forte 
embora menor. 
Além disso, Eli Diniz ensina que a governança refere-se à capacidade de 
inserção do Estado na sociedade, rompendo com a tradição de governo fechado 
e enclausurado na alta burocracia governamental. Por fim, vimos que a 
governança envolve, também, a ampliação do papel da sociedade civil 
organização tanto na produção de bens e serviços quanto na participação do 
processo decisório. 
Gabarito: correto. 
5. (Cespe - AUFC/TCU/2008) A governabilidade diz respeito às condições 
sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as 
características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes 
e o sistema de intermediação de interesses. 
Comentário: segundo Melo e Diniz22, a governabilidade se refere às condições 
sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como 
as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os 
 
22 Melo e Diniz, apud Santos, 2001. 
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Poderes, o sistema de intermediação de interesses. Percebam que a questão 
nada mais é do que cópia da definição dos autores. 
Gabarito: correto. 
É possível notar, entre muitos gestores públicos, preocupação crescente com a 
sustentabilidade de suas ações e com a estrutura necessária para dar continuidade e 
consolidar suas gestões. Elevar o nível de maturidade na gestão é garantir terreno 
fértil para o desenvolvimento e a perenidade de práticas positivas. 
Quanto ao conceito, aos modelos e aos componentes da maturidade, julgue o item. 
6. (Cespe – Consultor/Sefaz-ES/2008) Os princípios básicos que inspiram este 
código das melhores práticas de governança corporativa são: transparência 
(disclosure), equidade (fairness), prestação de contas (accountability) e 
responsabilidade corporativa (compliance). 
Comentário: a governança corporativa é orientada por alguns princípios 
básicos, são eles: 
 transparência – desejo de informar; 
 equidade – tratamento justo e sem discriminação; 
 prestação de contas – os agentes devem prestar contas e assumir a 
responsabilidade por seus atos; 
 responsabilidade corporativa – a organização deve tomar medidas de 
ordem social e ambiental sustentáveis. 
Gabarito: correto. 
7. (Cespe - AUFC/AGO/2011) Governança trata do aperfeiçoamento dos conflitos 
de interesses presentes em determinada sociedade quando se trata de defender 
interesses. 
Comentário: essa questão gerou muita polêmica quando foi aplicada. Em geral, 
a governabilidade é que está ligada à intermediação de interesses. Por isso, a 
banca considerou a questão errada. 
Devemos lembrar, contudo, que a governança também pode estar relacionada à 
intermediação de interesses. Segundo Eli Diniz: 
Governança, na acepção aqui utilizada, diz respeito à capacidade de ação 
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coletivas. Implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução e 
de administração dos conflitos de interesses, fortalecendo os 
mecanismos que garantam a responsabilização pública dos governantes. 
Na mesma linha seguem os ensinamentos de Bresser-Pereira: 
No conceito de governança pode-se incluir, como o faz Reis (1994), a 
capacidade de agregar os diversos interesses, estabelecendo-se, 
assim, mais uma ponte entre governança e governabilidade. Uma boa 
governança, conforme observou Fritschtak (1994) aumenta a legitimidade 
do governo e, portanto, a governabilidade do país. 
Nessa linha, creio que o item deveria ter sido anulado. De qualquer forma, como 
o gabarito foi mantido, devemos memorizar que, para o Cespe: 
“A governabilidade trata do aperfeiçoamento dos conflitos de interesses 
presentes em determinada sociedade quando se trata de defender interesses”. 
Gabarito: errado. 
8. (Cespe - AUFC/AGO/2011) Entre outros aspectos, a governança trata das 
condições sistêmicas sob as quais se dá o exercício de poder em determinada 
sociedade. 
Comentário: sem problemas agora. Quem trata das condições sistêmicas sob as 
quais se dá o exercício de poder é a governabilidade. 
Gabarito: errado. 
9. (Cespe – ACE/TC-DF/2012) O fato de o governador de uma unidade federativa, 
incluso o DF, perder sua legitimidade democrática lhe acarreta a perda da governança. 
Comentário: inicialmente, a banca considerou a questão correta, mas acabou 
anulando a questão no gabarito definitivo. Segundo o Cespe: “Há divergência 
na literatura em relação ao assunto tratado no item. Desse modo, opta-se por 
sua anulação”. 
A banca agiu corretamente. Em geral, a legitimidade é um aspecto da 
governabilidade. Contudo, quando os governos aumentam a participação da 
sociedade no processo decisório sobre as políticas públicas, eles aumentam a 
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legitimidade de suas decisões. Vejam, assim, que a governança também pode 
se relacionar com a legitimidade. 
Gabarito: anulado. 
10. (Cespe – Técnico em Regulação/ANCINE/2012) Governança representa a 
capacidade de um governo para formular e implementar suas decisões. 
Comentário: este é o conceito clássico de governança. Segundo Vinicius de 
Araújo, entende-se a governança como a capacidade que um determinado 
governo tem para formular e implementar as suas políticas. O autor divide essa 
capacidade em financeira, gerencial e técnica. 
Gabarito: correto. 
11. (Cespe - AUFC/AGO/2013) Resultante da relação de legitimidade do Estado e do 
seu governo com a sociedade, a governança implica a capacidade governamental de 
realizar políticas e a promoção da accountability. 
Comentário: vejam que o conceito apresentado é o de governabilidade: a 
capacidade política de governar, que deriva da relação de legitimidade do Estado 
e do seu governo com a sociedade23. Ou seja, o primeiro trecho trata da 
governabilidade. 
A segunda parte, entretanto, realmente fala da governança – “implica a 
capacidade governamental de realizar políticas e a promoção da accountability”. 
Gabarito: errado. 
12. (Cespe – Analista/BACEN/2013) O governo que se orienta pelo consenso e que 
busca a efetividade dos resultados com ações que contemplam a igualdade e a 
inclusão adota um modelo de governança adequado, segundo os critérios clássicos 
de uma boa governança. 
Comentário: as características/critérios clássicos da boa governança são: (a) 
participação; (b) Estado de direito; (c) transparência; (d) responsabilidade; (e) 
orientação por consenso; (f) igualdade e inclusão; (g) efetividade e eficiência; 
(h) prestação de contas (accountability). 
 
23 Bresser-Pereira, 1998. 
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Gabarito: correto. 
13. (Cespe – Analista/BACEN/2013) Durante a definição de um modelo de 
governança, decidem-se os processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e 
instituições que regulamentarão a atuação de um governo. Esse processo de decisão 
pressupõe a análise de determinados aspectos, como nível de transparência a ser 
adotado na gestão, nível de responsabilização dos envolvidos e prestação de contas. 
Comentário: a governança envolve a transparência, responsabilização, 
prestação de contas e equidade. A primeira parte é a definição do Instituto 
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC): “A Governança Corporativa é o 
conjunto de políticas, leis, regulamentos, processos, costumes e instituições 
que regem a maneira como uma empresa deve ser administrada ou controlada.” 
Este é um conceito relacionado com a governança corporativa, mas, por 
segurança, é importante saber para evitar surpresas na prova. 
Gabarito: correto. 
14. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Ao analisar o Estado brasileiro, 
no que tange à sua administração pública, caso se verifique que não há condições 
para governar em virtude da falta de legitimidade democrática, é correto afirmar que 
há uma crise de governança. 
Comentário: se não houver condições para governar em virtude da faltade 
legitimidade democrática, significa que há uma crise de governabilidade. Nesse 
sentido, dispõe o PDRAE: 
O governo brasileiro não carece de “governabilidade”, ou seja, de poder 
para governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio com que 
conta na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um problema de 
governança, na medida em que sua capacidade de implementar as políticas 
públicas é limitada pela rigidez e ineficiência da máquina administrativa. 
Gabarito: errado. 
15. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Caso o Estado brasileiro, com 
relação à sua administração pública, possua rigidez e ineficiência da máquina 
administrativa, então é correto afirmar que existem problemas com a governabilidade. 
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Comentário: a rigidez e a ineficiência da máquina administrativa decorrem da 
falta de governança. Vamos dar outra olhada no Plano Diretor: 
Considerando esta tendência, pretende-se reforçar a governança - a 
capacidade de governo do Estado - através da transição programada de 
um tipo de administração pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada 
para si própria e para o controle interno, para uma administração pública 
gerencial, flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão. 
Vejam que um dos objetivos da reforma gerencial era diminuir a ineficiência da 
máquina administrativa, reforçando a governança por meio da transição da 
administração pública burocrática, rígida e ineficiente, para um modelo flexível 
e eficiente, voltado para o atendimento do cidadão. 
Gabarito: errado. 
16. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Corporativismo é uma forma de 
intermediação de interesses em que existe uma representação dos interesses 
econômicos e profissionais em representações políticas que integram até mesmo a 
própria estrutura estatal. 
Comentário: o corporativismo é uma forma de intermediação de interesses em 
que o Estado concede o monopólio de representação a uma entidade em troca 
da submissão a algumas formas de controle. Dessa forma, o arranjo fica mais 
facilitado, pois o governo elege quem será o interlocutor. Em alguns casos, o 
próprio Estado criou a entidade, que poderá, ainda, integrar a estrutura estatal. 
Gabarito: correto. 
17. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) O clientelismo configura-se pela 
existência de relações comprometidas entre políticos de profissão e burocratas, que 
possuem entre si lealdades pessoais e troca de vantagens na estrutura pública que 
controlam, obtendo, desse modo, não só legitimação do voto, mas também apoio. 
Comentário: o clientelismo é uma troca de vantagens, concedida a partir de 
recursos públicos (em sentido amplo). Assim, uma parte concede os benefícios, 
enquanto a outra dá o apoio, que se manifesta, principalmente, mas não 
exclusivamente, na forma do voto. 
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Gabarito: correto. 
18. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) O padrão corporativista brasileiro caracterizou-se 
pela exclusão dos trabalhadores das arenas decisórias governamentais, ao mesmo 
tempo em que os interesses empresariais garantiram sua representação no aparelho 
estatal. 
Comentário: existem dois tipos de corporativismo: inclusivo e exclusivo. Um 
deles é repressivo, sendo marcado pela exclusão da maioria dos trabalhadores 
do ambiente de discussão. Nesse caso, as classes representativas são utilizadas 
para excluir grupos. 
Já no corporativismo inclusivo há a incorporação política e econômica de 
setores significativos da classe trabalhadora, utilizando algumas políticas 
distributivas e de bem-estar. 
O corporativismo exclusivo é típico dos governos autoritários, enquanto o 
inclusivo é utilizado nos regimes populistas. 
Há uma divergência doutrinária nesse ponto. Enquanto Ana Cláudia Hebling 
Meira ensina que o Governo Vargas utilizou o corporativismo inclusivo; 
Augustinho Paludo informa que, durante o Governo Vargas, ocorreu a exclusão 
da grande maioria dos trabalhadores. 
De qualquer forma, podemos dizer que, dependendo do momento histórico, 
predominou o corporativismo inclusivo ou exclusivo. Por esse motivo, o Cespe 
optou pela anulação da questão. Vajam a justificativa da banca: 
“Não há, no item, definição de período histórico, o que prejudica seu julgamento 
objetivo. Dessa forma, o Cespe/UnB decide pela sua anulação”. 
Gabarito: anulado. 
19. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) O arranjo corporativista brasileiro configurou-se 
como um conjunto articulado de estruturas institucionais, com duas características 
centrais: a proibição da unicidade sindical e o pluralismo de representação imposto 
pelo Estado. 
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Comentário: é justamente o contrário. No corporativismo brasileiro, ocorreu a 
unicidade sindical (monopólio de representação) imposto pelo Estado. 
Gabarito: errado. 
20. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) Características essenciais desse modelo são: o 
monopólio da representação dentro de cada categoria ocupacional, assegurado pelo 
Estado por meio do reconhecimento de um sindicato por base territorial; o poder de 
intervenção do Ministério do Trabalho e Emprego; uma relação institucionalizada entre 
empregados e empregadores, destinada a prevenir conflitos, pela intermediação do 
Estado e julgamento pela justiça trabalhista, o que colocou obstáculos à negociação 
coletiva. 
Comentário: agora sim. No corporativismo, ocorreu o monopólio da 
representação dentro de cada categoria ocupacional, assegurado pelo Estado 
por meio do reconhecimento de um sindicato por base territorial. Devemos 
perceber que o corporativismo ocorreu, principalmente, no âmbito das 
entidades representativas das classes trabalhistas, os sindicatos. 
Gabarito: correto. 
Segundo Nunes, existem quatro padrões institucionalizados de relações que 
estruturam os laços entre sociedade e Estado no Brasil, desempenhando funções de 
controle político, intermediação de interesses e alocação do fluxo de recursos 
materiais disponíveis. Acerca dos temas governabilidade e governança e 
intermediação de interesse, julgue os itens a seguir. 
21. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O clientelismo se manifesta pelos processos de 
troca de favores, que determinam também uma forma de relação das lideranças 
partidárias com suas bases. No entanto, o clientelismo não pode ser categorizado 
como um instrumento de legitimação política. 
Comentário: o clientelismo é uma forma de legitimação política, por isso o item 
está errado. Vejam que, na primeira parte, a banca apresentou mais uma 
situação em que o clientelismo pode se manifestar: “relação das lideranças 
partidárias com suas bases”. Lembrem-se, o clientelismo é marcado pela troca 
de favores entre desiguais. Um concede benefícios, enquanto o outro dá o apoio. 
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Gabarito: errado. 
22. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O corporativismo estatal é um instrumento de 
legitimação política embasadona representação de grupos funcionais produtivos e 
pela adoção de uma estrutura de associações, diretamente vinculada ao Estado, no 
entanto não depende dele para autorização e reconhecimento. 
Comentário: no corporativismo estatal, ou simplesmente corporativismo, há a 
dependência do Estado para autorização e reconhecimento. 
Gabarito: errado. 
23. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O neocorporativismo significa a integração da 
classe trabalhadora organizada ao Estado capitalista, buscando incrementar o 
crescimento econômico e, ainda, assegurar a harmonia em face do conflito de classe, 
combinado a um sistema de bem-estar social. Diferentemente do corporativismo 
estatal, associações não possuem autonomia, não são capazes de penetrar no 
Estado. 
Comentário: no neocorporativismo, ou corporativismo societal, as associações 
possuem autonomia e são capazes de penetrar no Estado para discutir a 
formulação e implementação de políticas. 
Gabarito: errado. 
24. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) Os altos níveis de desigualdades sociais, a 
economia informal e o grau de heterogeneidade do sistema econômico, entre outros 
aspectos, minimizam a acumulação de poder pela via dos pactos sociais, de modo a 
garantir a governabilidade. 
Comentário: essa é uma questão bem “pesada”. Vimos que a governabilidade 
envolve a legitimidade do governo perante a sociedade. Dessa forma, a 
intermediação de interesses é um de seus componentes. Contudo, a formação 
de um pacto social dependeria de certa homogeneidade entre os atores sociais. 
Vou dar um exemplo, o Programa Bolsa Família é um tipo de política pública de 
descentralização de renda que, por sua característica redistributiva (tira de um 
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para dar a outro) acaba sendo muito polêmico. Dessa forma, percebam como a 
desigualdade social dificulta a formação de um pacto social. 
Assim, a desigualdade social, a economia informal e o grau de heterogeneidade 
do sistema econômico minimizam a acumulação de poder através dos pactos 
sociais utilizados para garantir a governabilidade. Vejam, por mais que se 
negocie, sempre teremos uma classe insatisfeita. Com isso, o poder do pacto 
social fica prejudicado. Dessa forma, o item está correto. 
Gabarito: correto. 
25. (Cespe – Analista/SERPRO/2013) A governança corporativa acentua a 
necessidade de eficácia e accountability na gestão dos bens públicos. 
Comentário: simples não? Diversas passagens de nossa aula respondem esse 
item. Vamos relembrar as oito características clássicas da boa governança: (a) 
participação; (b) Estado de direito; (c) transparência; (d) responsabilidade; (e) 
orientação por consenso; (f) igualdade e inclusão; (g) efetividade e eficiência; 
(h) prestação de contas (accountability). 
A eficácia diz respeito ao alcance dos objetivos/metas estabelecidos. Apesar de 
não constar expressamente, devemos entender que a boa governança 
pressupõe o alcance dos objetivos organizacionais. Assim, o item está correto. 
Gabarito: correto. 
26. (FCC – AJ/TRT-6/2012) O desenvolvimento da capacidade de governança 
aplicada às organizações públicas foca, principalmente, 
a) o desenvolvimento de estratégias de fortalecimento da burocracia profissional, por 
meio da universalização dos concursos públicos, redução dos cargos comissionados 
e eliminação da terceirização na administração pública. 
b) as questões ligadas ao formato político-institucional dos processos decisórios, a 
definição do mix apropriado do público/ privado nas políticas, a participação e a 
descentralização, assim como o escopo global dos programas. 
c) a reforma do regime político, reduzindo a necessidade de coalizões amplas de 
sustentação do governo e aperfeiçoamento de técnicas de planejamento estratégico 
na gestão dos programas ministeriais. 
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d) a redução da máquina burocrática, especialmente nos níveis gerenciais, 
introduzindo métodos de contratação de gestores semelhantes aos da iniciativa 
privada. 
e) a introdução da gestão por resultados, a redução dos níveis hierárquicos e maior 
autonomia gerencial para os níveis operacionais, responsáveis pela implementação 
dos programas governamentais. 
Comentário: 
a) errada: vimos que a reforma gerencial teve a finalidade de reforçar a 
governança através da transição programada de um tipo de administração 
pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para o controle 
interno, para uma administração pública gerencial, flexível e eficiente, voltada 
para o atendimento do cidadão. Nesse contexto, o desenvolvimento da 
governança envolve a ampliação dos mecanismos de terceirização e não o 
contrário; 
b) correta: vejamos um pequeno trecho de um artigo de Maria Helena de Castro 
Santos: 
A literatura recente incorpora o novo conceito, partindo da definição geral 
do Banco Mundial que, como indicado, refere-se ao modo como a autoridade 
é exercida no gerenciamento dos recursos do país em direção ao 
desenvolvimento. Governance, conforme Melo, refere-se ao modus 
operandi das políticas governamentais — quando se preocupa, 
dentre outras, com questões ligadas ao formato político-
institucional dos processos decisórios, à definição do mix 
apropriado do público/privado nas políticas, à questão da 
participação e descentralização, aos mecanismos de financiamento 
das políticas e ao escopo global dos programas. 
Percebam que, por essa nova abordagem, a governança está intimamente 
relacionada com o envolvimento entre o público e o privado no processo 
decisório e no gerenciamento de programas governamentais. 
c) errada: o regime político e a formação de coalizações se referem à 
governabilidade; 
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d) errada: não podemos admitir métodos de contratação semelhantes à iniciativa 
privada, pois o setor público é regido pelo princípio da impessoalidade. Além 
disso, a redução da máquina burocrática (máquina pública) deve ocorre mais 
nos níveis de execução, preservando-se o núcleo estratégico; 
e) errada: o item apresenta alguns princípios da reforma gerencial, não tratando 
especificamente da governança pública. Ficou um pouco confuso e duvidoso, 
mas, em concursos, devemos marcar a opção “mais correta”, no caso, a opção 
B. 
Gabarito: alternativa B. 
27. (FCC – AT/MPE-AM/2013) Governança, na Administração pública, é um 
a) conjunto de condições necessárias ao exercício do poder, compreendendo a forma 
de governo, as relações entre os poderes e o sistema partidário. 
b) modelo horizontal de relação entre atores públicos e privados no processo de 
elaboração de políticas públicas. 
c) pressuposto cujo detentor do poder público tem o dever de prestar contas, para sua 
consequente responsabilização. 
d) processo administrativo tipificado em planejamento, programação, orçamentação, 
execução, controle e avaliação das políticas públicas, por uma entidade pública ou 
privada. 
e) conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos. 
Comentário: 
a) errada: a governabilidade envolve as condições necessárias ao exercício do 
poder, a forma de governo, as relações entre os poderes e o sistema partidário;

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