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CAPÍTULO 1 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Identificar as leis que embasam a destinação dos recursos de financiamento da educação. 3 Conhecer o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB. 3 Compreender aspectos que regulamentam e apresentam as origens e a distribuição das receitas do FUNDEB. 3 Estabelecer diferenças entre o FUNDEB e o FUNDEF. 10 Políticas e Gestão Educacional 11 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. contextuALizAção Prezado Pós-graduando, com a promulgação da Constituição Brasileira em 1988, iniciou-se a elaboração de medidas legais que foram progressivamente entrando em vigor no setor educacional de maneira positiva, contribuindo para a melhoria na educação. A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Os indicadores educacionais do país revelam que muito se avançou quando a Constituição enfatizou o dever do Estado nas garantias dos direitos do cidadão, conforme prevê o art. 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Posteriormente à promulgação da Constituição, importantes compromissos foram assumidos pela União em relação à Educação, dentre os quais um sistema educacional articulado, bem como a aprovação da Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB 9394/96), do Plano Nacional de Educação e Fundos de financiamento, dispositivos legais para regulamentar todas as questões relativas à Educação Básica no Brasil. Atividade de Estudos: 1) O art. 205 da Constituição Federal enfatiza o propósito da Educação no Brasil, em parceria entre Estado, família e sociedade. Sobre a educação que se deseja, destacam-se três pontos: desenvolvimento pessoal, cidadania e formação profissional para todos. Elabore um texto, tecendo considerações sobre esses três aspectos e o seu reflexo na sociedade. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 12 Políticas e Gestão Educacional O Plano Nacional de Educação - PNE Em 9 de Janeiro de 2001, através da Lei nº 10.172, foi sancionado pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, o Plano Nacional de Educação, com duração de dez anos. A partir deste documento, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam elaborar os seus planos decenais correspondentes, para compor um conjunto integrado e articulado quanto aos objetivos, prioridades, diretrizes e metas estabelecidas. Também ficou a cargo da União a instituição do Sistema Nacional de Avaliação e estabelecimento dos mecanismos necessários ao acompanhamento das metas. Ao Ministério da Educação coube um importante papel de viabilização e de cooperação técnica e financeira, para corrigir acentuadas diferenças regionais, elevando a qualidade geral da educação no País. Os diagnósticos constantes naquele plano apontavam fragilidades em diversos níveis e modalidades de ensino, na gestão, no financiamento, na formação e valorização do magistério e dos demais trabalhadores da educação. Já o Plano Nacional de Educação, que passou a vigorar em 2011 até 2020, estabelece diretrizes objetivas, metas e estratégias específicas para todos os níveis, modalidades e etapas educacionais, inclusive de inclusão social, como alunos com deficiência, indígenas, quilombolas, estudantes do campo e alunos em regime de liberdade assistida. O PDE 2011-2020, em seus principais itens, prevê a Universalização e ampliação do acesso e atendimento educacionais, bem como o incentivo à formação inicial e continuada de professores e profissionais da educação em geral, avaliação e acompanhamento periódico e individualizado de todos os envolvidos na educação do país — estudantes, professores, profissionais, gestores e demais profissionais —, estímulo e expansão do estágio. Estabelece a ampliação do ensino de quatro a 17 anos e o financiamento estudantil contemplando a reestruturação das redes físicas, equipamentos educacionais, transporte, livros, laboratórios de informática, redes de internet de alta velocidade e novas tecnologias. 13 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 O FUNDEB foi criado com o propósito de substituir o FUNDEF, sendo reestruturado e ampliado para vigorar até 2020. O PNE atual enfatiza ainda a elaboração de currículos básicos e avançados em todos os níveis de ensino e a diversificação de conteúdos curriculares, prevendo também a correção de fluxo e o combate à defasagem idade-série. Nele constam metas claras para o aumento da taxa de alfabetização e da escolaridade média da população, e determina a ampliação progressiva do investimento público em educação. Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/>. Acesso em: 07 set. 2012. Com base no que prevê o PNE, especialmente no que se refere aos recursos financeiros, o primeiro tópico deste caderno abordará a legislação que regulamenta Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Também apresentaremos informações sobre as origens das receitas, da distribuição dos recursos do fundo que substituiu o FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – implantado em 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos, ou seja, a sua implantação consistiu na mudança da estrutura de financiamento do Ensino Fundamental no País. O FUNDEB foi criado com o propósito de substituir o FUNDEF, sendo reestruturado e ampliado para vigorar até 2020. Além disso, o então fundo introduziu novos critérios de distribuição e utilização dos principais impostos de Estados e Municípios, promovendo a sua partilha entre o Governo Estadual e seus municípios, de acordo com o número de alunos atendidos em cada rede de ensino. O mesmo foi estabelecido pela Emenda Constitucional 14/1996, que vigorou durante 10 anos, até 2006. 14 Políticas e Gestão Educacional Políticas públicas destinadas à Educação são medidas do Estado que garantem recursos que contribuem para a o desenvolvimento da Educação. o que é o FunDeb? Figura 2 - FUNDEB Fonte: Disponível em: <http://adustina.net/noticias/fundeb- divulgado-os-valores-depositados-nas-contas-de-adustina-e- municipios-da-regiao>. Acesso em: 05 ago. 2012. Conforme prevê a Constituição Federal (1988), um dos desafios no contexto da política de inclusão social constitui a ampla distribuição de recursos vinculados à educação e que, por sua vez, norteiam as políticas públicas com vistas ao desenvolvimentoe manutenção do ensino público. Mas você sabe o que são políticas públicas? Políticas públicas podem ser definidas como um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos (LYNN 1980). Nesse caso, estamos falando de políticas públicas destinadas à Educação, cujas medidas do Estado garantem recursos que contribuem para a o desenvolvimento da Educação, com legislação que normatiza, traz a obrigatoriedade do ensino e combate o analfabetismo. Evidencia-se o aprofundamento da intervenção desses organismos governamentais, a exemplo do Ministério da Educação, nessas políticas. A Educação no país conta com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/2006), que preconiza ações em favor da sua qualidade, e o Plano Nacional de Educação – PNE, conforme já mencionamos, estabelece metas para o ensino. Políticas públicas destinadas à Educação são medidas do Estado que garantem recursos que contribuem para a o desenvolvimento da Educação. 15 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 Mas, contudo, foram necessários outros dispositivos legais que garantissem o financiamento da Educação Básica, a exemplo do FUNDEB, com a abrangência sobre o Ensino Médio e Educação Infantil, para impulsionar a descentralizar os recursos. Essas medidas de ordem legal definiram também o regime de colaboração e parceria entre a União, os Estados e Municípios. No dizer de Demerval Saviani (2007, p. 02), “as referidas medidas regulamentadoras configuram aquilo que se poderia denominar legislação complementar à LDB, já que, no geral, elas se expressam através de mecanismos legais, formalmente denominados leis ou decretos”. Na essência dessa proposta, estão novas formas de gestão da esfera pública, com o intuito de satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem e da promoção da equidade do ensino, bem como a gestão e financiamento da educação básica. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira – LDB 9394/96 – é a legislação que regulamenta o sistema educacional público e privado do Brasil, desde a educação básica ao ensino superior. Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a educação conta com esse tipo de lei, que regulamenta todos os seus níveis. A primeira foi promulgada em 1961 (LDB 4024/61). A LDB 9394/96 reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição Federal, e estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação escolar pública, definindo as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Figura 3 - Modalidades da Educação Brasileira Fonte: Santos; Possamai (2013). 16 Políticas e Gestão Educacional • Educação Especial – atende os alunos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. • Educação a distância – atende os estudantes em tempos e espaços diversos, com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação. • Educação Profissional e Tecnológica – visa preparar os estudantes a exercerem atividades produtivas, atualizar e aperfeiçoar conhecimentos tecnológicos e científicos. • Educação de Jovens e Adultos – atende as pessoas que não tiveram acesso a educação na idade apropriada. • Educação Indígena – atende as comunidades indígenas, de forma a respeitar a cultura e língua materna de cada tribo. Além dessas determinações, a LDB 9394/96 aborda temas como os recursos financeiros e a formação dos profissionais da educação. Atividade de Estudos: 1) Com base no conteúdo apresentado, pesquise e aponte a responsabilidade de cada esfera em relação à educação. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 17 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 Figura 4 – Aluno estudando Fonte: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/politica- publica/lei-diretrizes-bases-349321.shtml>. Acesso em: 08 ago. 2012. Antes da abordagem do FUNDEB propriamente dito, é preciso esclarecer o conceito de Educação Básica, que no Brasil compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e Médio, e tem duração ideal de dezoito anos. É durante esse período de vida escolar que o sujeito deveria apropriar-se dos conhecimentos mínimos necessários para uma cidadania completa. Serve também para tomada de consciência sobre si mesmo em relação ao meio em que está inserido e sobre o futuro profissional. No Brasil, a educação básica encontra-se dividida nas seguintes etapas: • Educação Infantil: Creche (0 a 3 anos) e Pré-escola (4 a 5 anos). • Ensino Fundamental: Anos Iniciais (1º ano ao 5º) ano e Anos Finais (6º ano ao 9º ano). • Ensino Médio: 1ª a 3ª série. Para financiar a Educação Básica, o Ministério da Educação vinculou ao Estado à criação de recursos para todos os níveis, com igualdade e qualidade. Além da vinculação existe a subvinculação. Isso significa que, da porcentagem obrigatoriamente destinada à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, outras porcentagens devem ser obrigatoriamente extraídas, para serem usadas em aspectos específicos e considerados prioritários dessa área mais ampla, que, por sua vez, é uma parte do campo maior da educação (EDNIR; BASSI, 2009, p. 95). Atente, caro(a) estudante, para o fato de que os autores citam as expressões vinculação e subvinculação. A primeira se refere às receitas dos impostos arrecadados e transferidos aos Estados e Municípios que são atrelados à Educação. A segunda, por sua vez, conforme E.C. nº 53/2006, “amarra” e amplia a destinação dos recursos à Educação 18 Políticas e Gestão Educacional A vinculação dos impostos arrecadados obriga a transferência dos recursos destinados aos Estados e Municípios à Educação Básica. Já a subvinculação atrela e amplia a sua destinação. Básica. A vinculação dos impostos arrecadados obriga a transferência dos recursos destinados aos Estados e Municípios à Educação Básica. Já a subvinculação atrela e amplia a sua destinação. Basicamente, a criação do FUNDEB tem por objetivo financiar o atendimento dos alunos distribuídos por toda a educação básica, em todas as redes de ensino, aliado ao princípio da equidade, ou seja, é preciso dar condições que assegurem não apenas o acesso, mas a permanência e aprendizagem das crianças, dos jovens e dos adultos não escolarizados, independentemente de raça, etnia, região, localização geográfica ou condição financeira em que se encontram. Daí dizer que Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação é de natureza financeira e de âmbito estadual, dividido por todos os estados e o Distrito Federal, num total de vinte e sete, formado basicamente por recursos provenientes dos impostos e transferências, vinculados à Educação Básica, desde a creche até o ensino médio. Segundo Ednir e Bassi (2009, p. 94), a União tem necessariamente de usar 18% da receitade impostos nas despesas com ensino público. E os governos estaduais e municipais não podem usar menos que 25% da receita de impostos que são vinculados à manutenção e desenvolvimento do ensino, para financiar esse aspecto escolar. Com base no exposto, o fundo distribui os recursos, levando em consideração o desenvolvimento social e econômico das regiões. O acompanhamento e o controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do programa são feitos em escalas federal, estadual e municipal por conselhos criados especificamente para esse fim, assunto de que trataremos adiante. Atividade de Estudos: 1) Qual a principal função do FUNDEB? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 19 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 A quAL A Lei que reguLAmentA o FunDeb? Atualmente, a Educação Brasileira conta com o FUNDEB, instituído pela EC 53, em 19 de dezembro de 2006, que modificou a redação ao art. 60 – que se refere ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ao citar que até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta Emenda Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento da educação básica e à remuneração condigna dos trabalhadores da educação, respeitadas as seguintes disposições (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988). É certo dizer, então, que a EC 53 estabelece que Estados, Distrito Federal e Municípios destinarão parte dos recursos à manutenção e desenvolvimento da educação básica e à remuneração justa a quem trabalha na educação. A implantação do FUNDEB começou em 1º de janeiro de 2007, sendo plenamente concluída em 2009. Isso foi possível porque o total de alunos matriculados na rede pública passou a ser considerado na distribuição dos recursos. O fundo foi regulamentado pela Lei nº 11.494 de 2007. No entanto, há que se considerar que foi a Medida Provisória de n° 339/06 que garantiu a execução da E.C. 53, no que se refere aos dispositivos do fundo. Nesse sentido, Ednir e Rossi (2009, p. 111) fazem algumas considerações acerca da regulamentação do FUNDEB, ao afirmarem que: a Emenda Constitucional 53 remeteu para lei específica a regulamentação do Fundeb, cuja competência de elaboração é do Poder Legislativo. Somente desse modo o novo mecanismo poderia entrar em vigor. Para colocar o Fundeb em funcionamento em 2007, uma vez que o novo fundo só poderia funcionar se a lei regulamentadora fosse aprovada no ano anterior ao da vigência, o Poder Executivo utilizou-se de dispositivo constitucional que lhe permite legislar em situações de “relevância e urgência” (artigo 62 da Constituição Federal de 1988) e emitiu a Medida Provisória nº 339 (MP 339), em 28 de dezembro de 2006. Ao fazer isso, contudo, o governo interrompeu, contraditoriamente, o processo de discussões, críticas e manifestações e participação da sociedade civil no desenho final do novo modelo de financiamento da educação. Desse modo, a MP 339 colocou em funcionamento o Fundeb a partir de 1º de janeiro de 2007. Mesmo que seja iniciativa do Poder Executivo, a MP 339, como qualquer proposta de legislação, teve de ser submetida ao Congresso Nacional. O curto prazo de tramitação deixou poucas possibilidades de participação 20 Políticas e Gestão Educacional A Lei nº 11.274/06 promoveu o aumento de oito para nove anos na duração do ensino fundamental obrigatório, ou seja, a criança deve ser matriculada aos seis anos de idade na educação básica. da sociedade, mas alguns dispositivos foram alterados e outros, introduzidos. Por fim, a MP 339 foi convertida na Lei nº 11.494 e sancionada pelo presidente da República somente em 20 de junho de 2007. A regulamentação determina que os recursos recolhidos pelo Fundeb beneficiem todas as etapas e modalidades da educação básica. No dizer dos autores, com a edição da medida provisória, o governo federal interrompeu as discussões sobre a criação do FUNDEB de maneira mais participativa da sociedade, devido à urgência de se colocar em ação as propostas contidas no documento. Mas as alterações introduzidas por essa emenda, basicamente, são: • A subvinculação dos recursos a que se refere o art. 212 da Constituição Federal, através do artigo 23 desta emenda, estabelece que as receitas dos impostos e transferências e sua utilização sejam ampliadas para toda a educação básica. Os municípios recebem os recursos com base no número de alunos da educação infantil e do ensino fundamental, e os estados, com base nos alunos do ensino fundamental e médio. A mudança se constitui pela diversidade de temas tratados no referido artigo, também para explicitar que suas regulamentações podem ser objeto de diversas leis complementares, e não somente uma, como indicava a redação anterior. • A obrigatoriedade de oferecer educação infantil em creches e pré-escolas às crianças de até cinco anos está preconizada no art. 208, IV, com nova redação. Significa dizer que, através da Lei nº 11.274/06, foi promovido o aumento de oito para nove anos na duração do ensino fundamental obrigatório, que se inicia aos seis anos de idade. A modificação tem como objetivo dar suporte constitucional à inclusão das crianças de 6 (seis) anos no ensino fundamental obrigatório, que passou a ter duração de 9 (nove) anos com a edição da supracitada lei, a ser implantada até o ano de 2010. A Lei nº 11.274/06 promoveu o aumento de oito para nove anos na duração do ensino fundamental obrigatório, ou seja, a criança deve ser matriculada aos seis anos de idade na educação básica. • A nova emenda substituiu a expressão “profissionais do ensino” por “profissionais da educação escolar”. Com isso ampliou o sentido de valorização, tratada em três dispositivos constitucionais. As garantias constitucionais antes restritas à categoria do magistério público – planos de carreira, piso salarial e ingresso exclusivo por concurso público de provas e títulos – agora dizem respeito a todos os profissionais da educação pública. Trata-se de uma importante conquista, visando reduzir as desigualdades regionais através do inciso VIII, que assegura o caráter “nacional” do piso salarial. 21 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 Ainda nessa perspectiva, o inciso III remete à lei federal a regulamentação das categorias profissionais que atuam na educação, a definição dos valores de seus pisos salariais e de seus respectivos planos de carreira, sendo estes: os incisos do art. 208 da CF/88, que tratam do dever do Estado com a educação básica; o Plano Nacional de Educação – Lei n° 10.172/2001, que estabelece diretrizes e metas a serem cumpridas até 2011 – quinto ano de vigência do novo Fundo; Fundo com cada uma dessas etapas e modalidades. 60% dos recursos do fundo são empregados em remuneração, de acordo com o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, ou seja, houve a preocupação em se estabelecer no próprio texto da Emenda os valores mínimos de complementação da União. Desse modo, fica evidente que o FUNDEB e as demais políticas públicas educacionais devem assegurar não somente o acesso, mas a melhoria da qualidade da educação básica. O dever de definir um padrão mínimo nacional de qualidade, a ser garantidoa todos, passa a ter aplicabilidade imediata, cabendo à União essa obrigação, a ser exercida em colaboração com os demais entes federados. Assim como os recursos serão implementados gradativamente, também as matrículas da educação infantil, do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos serão contabilizadas gradativamente, incluindo-se todas as matrículas somente a partir do terceiro ano, quando toda a receita de impostos de Estados, Municípios e Distrito Federal prevista no inciso II do art.60, ADCT, estará subvinculada ao FUNDEB em 20%. Figura 5 - Educação Fonte: Disponível em: <http://www.grupodonadoni.com. br/educacao.html>. Acesso em: 07 ago. 2012. 22 Políticas e Gestão Educacional Dito de outro modo, o FUNDEB pretende promover a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público. O ingresso no magistério deve ser exclusivamente por concurso público de provas e títulos. Outro item determina que se estabeleça o aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim, além da instituição de um piso salarial profissional. No que se refere ao progresso funcional, este deve estar baseado na titulação ou habilitação e na avaliação do desempenho. E, por último, o profissional da educação deve ter um período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluídos na carga de trabalho. A aplicação desses recursos pelos gestores estaduais e municipais deve ser direcionada, considerando a responsabilidade constitucional que delimita a atuação dos estados e municípios. No caso do Distrito Federal, a regra adotada, tanto para a distribuição quanto para a aplicação dos recursos, é adaptada à especificidade prevista no Parágrafo Único, art. 10 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Além desses recursos, ainda compõe o FUNDEB, a título de complementação, uma parcela de recursos federais, sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica. O FUNDEB como mecanismo se fez necessário para que todas as etapas e as modalidades desse nível de ensino, e os entes governamentais que as oferecem à sociedade, possam contar com recursos financeiros com base no número de alunos matriculados, concorrendo, dessa forma, para a ampliação do atendimento e a melhoria qualitativa do ensino oferecido. Ainda que o Ministério da Educação tenha traçado metas para a erradicação do analfabetismo através dos vários dispositivos legais, sabemos que esta questão ainda constitui fragilidades, no sentido de que o país não conseguiu atingir essa meta na totalidade. Para complementar o conteúdo abordado, apresentamos um texto que traz informações e reflexões acerca do número de pessoas alfabetizadas no Brasil. 23 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 Menos de 30% dos brasileiros são plenamente alfabetizados, diz pesquisa Brasília – Apenas 35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente alfabetizadas no Brasil e 38% da população com formação superior têm nível insuficiente em leitura e escrita. É o que apontam os resultados do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2011-2012, pesquisa produzida pelo Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa. A pesquisa avalia, de forma amostral, por meio de entrevistas e um teste cognitivo, a capacidade de leitura e compreensão de textos e outras tarefas básicas que dependem do domínio da leitura e escrita. A partir dos resultados, a população é dividida em quatro grupos: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e plenamente alfabetizados. Os resultados da última edição do Inaf mostram que apenas 26% da população pode ser considerada plenamente alfabetizada – mesmo patamar verificado em 2001, quando o indicador foi calculado pela primeira vez. Os chamados analfabetos funcionais representam 27% e a maior parte (47%) da população apresenta um nível de alfabetização básico. “Os resultados evidenciam que o Brasil já avançou, principalmente nos níveis iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu progressos visíveis no alcance do pleno domínio de habilidades que são hoje imprescindíveis para a inserção plena na sociedade letrada”, aponta o relatório. O estudo também indica que há uma relação entre o nível de alfabetização e a renda das famílias: à medida que a renda cresce, a proporção de alfabetizados em nível rudimentar diminui. Na população com renda familiar superior a cinco salários mínimos, 52% são considerados plenamente alfabetizados. Na outra ponta, entre as famílias que recebem até um salário por mês, apenas 8% atingem o nível pleno de alfabetização. De acordo com o estudo, a chegada dos mais pobres ao sistema de ensino não foi acompanhada dos devidos investimentos para garantir as condições adequadas de aprendizagem. Com isso, apesar da escolaridade média do brasileiro ter melhorado nos últimos anos, a inclusão no sistema de ensino não representou melhora significativa nos níveis gerais de alfabetização da 24 Políticas e Gestão Educacional população. “O esforço despendido pelos governos e população de se manter por mais tempo na escola básica e buscar o ensino superior não resulta nos ganhos de aprendizagem esperados. Novos estratos sociais chegam às etapas educacionais mais elevadas, mas provavelmente não gozam de condições adequadas para alcançarem os níveis mais altos de alfabetismo, que eram garantidos quando esse nível de ensino era mais elitizado. A busca de uma nova qualidade para a educação escolar em especial nos sistemas públicos de ensino deve ser concomitante ao esforço de ampliação de escala no atendimento para que a escola garanta efetivamente o direito à aprendizagem”, resume o relatório. A pesquisa envolveu 2 mil pessoas, de 15 a 64 anos, em todas as regiões do país. Os quatro níveis de alfabetização identificados pelo Inaf 2011-2012 são: analfabetos (não conseguem realizar tarefas simples que envolvem leitura ainda que uma parcela consiga ler números familiares), alfabetizados em nível rudimentar (localizam uma informação explícita em textos curtos, leem e escrevem números usuais e realizam operações simples, como manusear dinheiro). Há também os alfabetizados em nível básico, que leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo com pequenas inferências, leem números na casa dos milhões e resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações. Por fim, os alfabetizados em nível pleno, que leem textos longos, analisam e relacionam suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas, mapas e gráficos. Fonte: Cieglinski (2012, p. 14). 25 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) O conteúdo abordado faz menção ao financiamento para manutenção da educação básica e cita os baixos resultados no que se refere às habilidades imprescindíveis para a inserção plena na sociedade letrada. Escreva um texto, expondo sua opinião a respeito dessa questão. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ A Distribuição Dos recursos Do FunDeb Como é feita a distribuição dos recursos do FUNDEB? Figura 6 - Dinheiro Fonte: Disponível em: <http://dicorpo.wordpress.com/2011/12/22/ cuide-melhor-do-seu-dinheiro/>. Acesso em: 23 jul. 2012. 26 Políticas e Gestão Educacional A norma de distribuição dos recursos do FUNDEB continuou direcionada por meio do mesmo critério dos recursos do FUNDEF, ou seja, é pautado no número de alunos matriculados (conforme art. 211 da Constituição Federal). Porém, ressaltando que a partir da aprovação são computadas, exclusivamente, as matrículas efetivas retiradas através do Censo Escolar realizado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Texeira). Caro Pós-graduando, você sabe quem é responsável pela distribuição dos recursos do FUNDEB? Como ocorre a arrecadação pela União e a distribuição dos recursos para os Estados e Municípios? É o que veremos a seguir. A norma de distribuição dos recursos do FUNDEB continuou direcionada por meio do mesmo critério dos recursos do FUNDEF, ou seja, é pautado no número de alunos matriculados (conforme art. 211 da Constituição Federal). Porém, ressaltando que a partir da aprovação são computadas, exclusivamente, as matrículas efetivas retiradas através do Censo Escolar realizado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Texeira), conforme DECRETO Nº 6.253, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2007, que define: Art. 6º Somente serão computadas matrículas apuradas pelo censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP. Parágrafo único. O poder executivo competente é responsável pela exatidão e fidedignidade das informações prestadas ao censo escolar do INEP. Art. 7º Os Ministérios da Educação e da Fazenda publicarão, em ato conjunto, até 31 de dezembro de cada ano, para aplicação no exercício seguinte: I - a estimativa da receita total dos Fundos de cada Estado e do Distrito Federal, considerando-se inclusive a complementação da União; II - a estimativa dos valores anuais por aluno nos Fundos de cada Estado e do Distrito Federal; III - o valor mínimo nacional por aluno, estimado para os anos iniciais do ensino fundamental urbano; e IV - o cronograma de repasse mensal da complementação da União. O que foi alterado nesse processo entre os dois fundos – FUNDEF e FUNDEB – é que o segundo ampliou as matrículas para toda a educação básica com financiamento público, abrangendo a educação infantil, ensino fundamental, educação especial e ensino médio. 27 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 Veja como os Municípios, Estados e o Distrito Federal receberão os recursos referentes aos alunos matriculados na rede: Município Estado e DF Educação Infantil e Ensino Fundamental Ensino Fundamental e Médio Atribuições dos Estados/DF e Municípios (art. 16, 21, 25 e 27, Lei 11.494/07) Estados e DF: • Arrecadar e disponibilizar recursos para distribuição. • Receber e aplicar recursos. • Oferecer relatórios, dados/informações aos CACS/FUNDEB. • Prestar contas da aplicação aos respectivos TCEs. Municípios • Receber e aplicar recursos. • Oferecer relatórios, dados/informações aos CACS/FUNDEB. • Prestar contas da aplicação. Partindo do quadro anterior, percebemos que as eventuais matrículas municipais de ensino médio, ou as matriculas efetuadas pelos estados em relação à educação infantil, não serão computadas para participar da distribuição do Fundo, uma vez que não é de responsabilidade dessa esfera. Porém firma a responsabilidade de ambos, Estados e Municípios, em relação ao Ensino Fundamental. O quadro a seguir demonstra como ficou fixada a distribuição e o acréscimo no investimento com o passar dos anos: Quadro 1- Distribuição e Acréscimo do FUNDEF Etapa/modalidade de ensino 2007 2008 A partir de 2009 Ensino Fundamental regular e especial 100% 100% 100% Educação infantil, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos 33,33% 66,66% 100% Fonte: As autoras. 28 Políticas e Gestão Educacional Utilização dos recursos do FUNDEB 100% na educação básica pública (observada a responsabilidade de atuação do ente governamental); Mínimo de 60% na remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício na educação básica, Máximo de 40% com outras ações de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE). utiLizAção Dos recursos A utilização dos recursos e sua aplicação serão feitas de acordo com o art. 17, § 7º, da Lei nº 11.494/2007 e Dec. nº 6.253/2007, pelos gestores estaduais e municipais. Deve ser direcionada levando-se em consideração os respectivos âmbitos de atuação prioritária, que delimita a atuação dos Estados e Municípios em relação à educação básica. Ou seja, os Municípios devem utilizar recursos do FUNDEB sendo: Gráfico 1 - Direcionamento para aplicação dos recursos do FUNDEB Fonte: As autoras com base Lei nº 11.494/2007. Os valores repassados (por origem e por mês ou dia) estão disponíveis nos endereço www.stn.fazenda.gov.br. Consulte para obtenção de informações sobre valores repassados por ente governamental (estado ou município), por origem dos recursos e por mês. Utilização dos recursos do FUNDEB 100% na educação básica pública (observada a responsabilidade de atuação do ente governamental); Mínimo de 60% na remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício na educação básica, Máximo de 40% com outras ações de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE). 29 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 São consideradas despesas de MDE as estipuladas no artigo 70 – LDB (Lei 9.394/96), entre elas podemos citar: • remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação; • aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar; Despesas não consideradas como MDE artigo 71º – LDB (Lei 9.394/96): • subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural; • programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social; • obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; • despesas com pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino. Leia na íntegra o trecho da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, que aborda a utilização de recursos da educação. CAPÍTULO V DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS Art. 21. Os recursos dos Fundos, inclusive aqueles oriundos de complementação da União, serão utilizados pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no exercício financeiro em que lhes forem creditados, em ações consideradas como de manutenção e desenvolvimento do ensino para a educação básica pública, conforme disposto no art. 70 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 30 Políticas e Gestão Educacional § 1º Os recursos poderão ser aplicados pelos Estados e Municípios indistintamente entre etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação básica nos seus respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 daConstituição Federal. § 2º Até 5% (cinco por cento) dos recursos recebidos à conta dos Fundos, inclusive relativos à complementação da União recebidos nos termos do § 1° do art. 6° desta Lei, poderão ser utilizados no 1° (primeiro) trimestre do exercício imediatamente subsequente, mediante abertura de crédito adicional. Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursos anuais totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública. Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se: I - remuneração: o total de pagamentos devidos aos profissionais do magistério da educação, em decorrência do efetivo exercício em cargo, emprego ou função, integrantes da estrutura, quadro ou tabela de servidores do Estado, Distrito Federal ou Município, conforme o caso, inclusive os encargos sociais incidentes; II - profissionais do magistério da educação: docentes, profissionais que oferecem suporte pedagógico direto ao exercício da docência: direção ou administração escolar, planejamento, inspeção, supervisão, orientação educacional e coordenação pedagógica; III - efetivo exercício: atuação efetiva no desempenho das atividades de magistério previstas no inciso II deste parágrafo associada à sua regular vinculação contratual, temporária ou estatutária, com o ente governamental que o remunera, não sendo descaracterizado por eventuais afastamentos temporários previstos em lei, com ônus para o empregador, que não impliquem rompimento da relação jurídica existente. Art. 23. É vedada a utilização dos recursos dos Fundos: I - no financiamento das despesas não consideradas como de manutenção e desenvolvimento da educação básica, conforme o art. 71 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; 31 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 II - como garantia ou contrapartida de operações de crédito, internas ou externas, contraídas pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios que não se destinem ao financiamento de projetos, ações ou programas considerados como ação de manutenção e desenvolvimento do ensino para a educação básica. Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/Lei/L11494.htm>. Acesso em: 20 ago. 2012. Atividade de Estudos: Pesquise nesse capítulo e responda: 1) No que pode ser gasto o maior percentual de recursos do FUNDEB? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Figura 7 - Comparativo FUNDEF X FUNDEB Fonte: Disponível em: <http://dirleydossantos.blogspot.com/2011/06/ financiamento-da-educacao-e-suas.html>. Acesso em: 30 jul. 2012. 32 Políticas e Gestão Educacional Como vimos no decorrer desse capítulo, primeiramente criou-se o FUNDEF, que era responsável pela distribuição de recursos ao ensino fundamental, em 2007 esse fundo de desenvolvimento foi ampliado e substituído, passando a ser denominado de FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Como vimos no decorrer desse capítulo, primeiramente criou-se o FUNDEF, que era responsável pela distribuição de recursos ao ensino fundamental, em 2007 esse fundo de desenvolvimento foi ampliado e substituído, passando a ser denominado de FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). O que mudou? Quais as alterações? É sobre isso que trataremos nesse tópico. A partir do quadro a seguir, você poderá analisar e conhecer as principais semelhanças, diferenças, veiculadas entre os dois fundos, ou seja, o FUNDEF e o sucedâneo FUNDEB, sobretudo quanto à forma direcionada pelo MEC. Quadro 2 - Comparativo FUNDEB X FUNDEF PARÂMETRO FUNDEF FUNDEB 1. Vigência 10 anos (até 2006). 14 anos (a partir da promulgação da emenda constitucional). 2. Alcance Apenas o Ensino Fundamental. Educação Infantil, Ensino Fundamen- tal e Médio. 3. Número de alunos atendidos 30,2 milhões (Censo Escolar de 2005). 48,1 milhões, a partir do quarto ano de vigência do fundo (Censo de 2005). 4. Fontes de recursos que compõem o fundo 15% de contribuição de estados, DF e municípios: • Fundo de Participação dos Estados (FPE); • Fundo de Participação dos Municípios (FPM); • Imposto sobre circula- ção de Mercadorias e Serviços • (ICMS); • Imposto sobre Produtos Industrializados, propor- cional às exportações (Iplexp); • Desoneração de exporta- ções (Lei Complementar nº 87/96); Complementa- ção da União. Contribuição de estados, DF e municípios de: • 16,66% no primeiro ano; • 18,33% no segundo ano; • 20% a partir do terceiro ano, sobre: Fundo de Participação dos Estados (FPE); Fundo de Participação dos Municípios (FPM); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp); Desoneração de Exportações (Lei Complementar nº 87/96); Contribuição de estados, DF e municípios de: • 6,66 no primeiro ano; • 13,33% no segundo ano; • 20%, a partir do terceiro ano, sobre: Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD); Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); Quota-parte de 50% do Imposto Terri- torial Rural devida aos municípios; Complementação da União. 33 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 5. Montante de recursos R$ 35,2 bilhões (previsão de 2006, sem complemen- tação da União). Consideradas as estimativas (em va- lores de 2006) e a escala de implan- tação gradual do fundo, os montantes previstos de recursos (contribuição de Estados, DF e municípios, sem complementação • da União), seriam: • R$ 41,1 bilhões no primeiro ano; • R$ 45,9 bilhões no segundo ano; • R$ 50,7 bilhões no terceiro ano. 6. Complementação da União ao fundo R$ 313,7 milhões (valor previsto para 2006 pela Portaria MF nº 40, de 3/3/2006) Não há definição, na Cons- tituição, de parâmetro que assegure o montante de recursos da União para o fundo. Consideradas as estimativas, em valores de 2006: • R$ 2 bilhões no primeiro ano; • R$ 3 bilhões no segundo ano; • R$ 4,50 bilhões no terceiro ano; • 10% do montante resultante da con- tribuição dos estados e municípios a partir do quarto ano; • Valores reajustáveis com base no índice oficial da inflação; • Esses valores oneram os 18% da receita de impostos da União vincu- lada à educação, por força do art. 212 da Constituição, em até 30% do valor da complementação; • Não poderão ser utilizados recursos do salário-educação (a contribuição do salário-educação será estendida a toda educação básica pública); • Até 10%, poderá ser distribuída aos fundos por meio de programas di- recionados à melhoria da qualidade da educação. 7. Total geral de recursos do fundo R$ 35,5 bilhões previstos para 2006. Previsões (em valores de 2006): • R$ 43,1 bilhões no primeiro ano; • R$ 48,9 bilhões no segundo ano; • R$ 55,2 bilhões no terceiro ano. 34 Políticas e Gestão Educacional 8. Distribuição dos recursos Com base no número de alunos do ensino funda- mental regulare especial, de acordo com dados do Censo Escolar do ano anterior. Com base no número de alunos da educação básica (creche, pré-escolar, fundamental e médio), de acordo com dados do Censo Escolar do ano ante- rior, observada a escala de inclusão: • Alunos do ensino fundamental regular e especial: 100%, a partir do primeiro ano; • Alunos da educação infantil, ensino médio e EJA: 33,33% no primeiro ano; 66,66% no segundo e 100% a partir do terceiro. 9. Utilização dos recursos Mínimo de 60% para remuneração dos profissionais do magistério do ensino fundamental. O restante dos recursos, em outras despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental público. • Mínimo de 60% para remuneração dos profissionais do magistério da educação básica. • O restante dos recursos em outras despesas de manutenção e de- senvolvimento da educação básica pública. 10. Valor mínimo nacional por aluno ao ano (detalhamento a ser definido na regulamentação da PEC) Fixado anualmente, com as diferenciações: Até 2004: • 1ª à 4ª série; • 5ª à 8ª série e educação especial. • A partir de 2005: • Séries iniciais urbanas; • Séries iniciais rurais; • Quatro séries finais urbanas; • Quatro séries finais rurais e educação especial. • • • Fixado anualmente com diferenciações previstas para: • educação infantil (até três anos); • educação infantil (pré-escola); • séries iniciais urbanas; • séries iniciais rurais; • quatro séries finais urbanas; • quatro séries finais rurais; • ensino médio urbano; • ensino médio rural; • ensino médio profissionalizante; • educação de jovens e adultos; • Educação de jovens e adultos inte- grada à educação profissional; • educação especial; • educação indígena e de • quilombolas. 35 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 11. Salário-educação Vinculado ao ensino fundamental. Parte da quota federal é utilizada no custeio da complementação da União ao Fundef, permitida até o limite de 20% do valor da complementação. Vinculado à educação básica. Não pode ser utilizado para fins de custeio da complementação da União ao Fundeb. Fonte: Disponível em: <http://www.mp.rs.gov.br/areas/infancia/ arquivos/cartilhafundeb.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2012. Atividade de Estudos: 1) Após analisar a tabela, destaque quais as principais fontes de recursos do FUNDEB. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Notamos, portanto, que a legislação do FUNDEB se beneficiou da experiência do FUNDEF. Manteve alguns de seus aspectos (como utilização dos recursos para salário dos professores) e inovou em outros. Podemos perceber um avanço considerável do segundo fundo em relação ao primeiro, conforme destacado no quadro anterior. Entre os avanços podemos citar que o primeiro se restringia ao ensino do ensino fundamental, já o segundo abarca toda a educação básica. Porém, Saviani (2007, p. 93) destaca que: É forçoso reconhecer que se trata de um fundo de natureza contábil que não chega a resolver o problema do financiamento da educação. Na verdade, os valores indicados no quadro, se efetivamente aplicados, melhorariam sensivelmente o financiamento da educação comparativamente à situação atual. Mas não teriam força para alterar o status quo vigente. 36 Políticas e Gestão Educacional Atividade de Estudos: 1) Na sua opinião, por que os recursos do FUNDEB não dão conta de oferecer uma educação de qualidade? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ALgumAs consiDerAções O propósito do primeiro capítulo foi abordar questões inerentes ao financiamento da educação básica no Brasil, dentre as quais a legislação, a origem dos recursos e a distribuição. Desse modo, julgamos pertinente inserir parte da Lei nº 11.494 de 20 de junho de 2007, que regulamenta o FUNDEB, com intuito de esclarecimento e complementação do conteúdo. Nessa perspectiva, enfatizamos que a supracitada Lei, em seus capítulos I ao V, trata das disposições gerais, da composição financeira, da distribuição dos recursos, da transferência e da gestão dos recursos e da utilização dos recursos, respectivamente. Lembrando a você, caro pós-graduando, que no próximo capítulo abordaremos questões ligadas às verbas para educação, bem como salário- educação e por fim discutiremos a Lei 11.738/08, ou seja, a Lei que trata do piso nacional dos profissionais do magistério e o cumprimento da jornada de trabalho. Esperamos por você! 37 A LegisLAção que Dispõe sobre o FinAnciAmento DA eDucAção Capítulo 1 reFerênciAs BRASIL. Decreto n. 2.264, de 27 de junho de 1997. Regulamenta a Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, no âmbito federal, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 28 jun. 1997. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. _____ Emenda Constitucional n. 53, de 20 de dezembro de 2006. Dá nova redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 9 mar. 2006. Disponível em: <http:// www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. _____ Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta a Emenda Constitucional nº 53/2006, de 20 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 21 jun. 2007b. Disponível em: <http:// www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. _____ Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. 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Bicho de Sete Cabeças: para entender o financiamento da educação brasileira. São Paulo: Ed. Peirópolis, 2009. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA — INEP. Gasto público em educação. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA — INEP. Índice de desenvolvimento da educação básica. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007a. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012. SAVIANI Dermeval. Da nova LDB ao Fundeb: por uma outra política educacional. São Paulo: Ed. Autores Associados, 2012.
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