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Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 1 Ana Luiza Azevedo NEUROANATOMIA MENINGES E LÍQUOR MENINGES O tecido do Sistema Nervoso Central – SNC é muito delicado. Por esse motivo , apresenta um sistema de proteção que consiste de quatro estruturas: crânio, meninges, líquido cerebrospinal (liquor) e barreira hematoencefálica. paquimeninge. O sistema nervoso é envolto por membranas conjuntivas denominadas meninges que são classificadas como três: dura- máter, aracnoide e pia-máter. A aracnoide e a pia-máter, que no embrião constituem um só folheto, são às vezes consideradas como uma só formação conhecida como a leptomeninge; e a dura-máter que é mais espessa é conhecida como paquimeninge. As meninges recobrem e protegem o tecido nervoso, formam a estrutura de sustentação para artérias, veias e seios venoso. DURA-MÁTER É a meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo nervos e vasos. A dura-máter do encéfalo difere da dura-máter espinhal por ser formada por 2 folhetos: externo e interno, dos quais apenas o interno continua com a dura-máter da medula espinhal. O folheto externo adere intimamente aos ossos do crânio e se comporta como um periósteo destes ossos, mas sem capacidade osteogênica (nas fraturas cranianas dificulta a formação de um calo ósseo). O forma as que divide a cavidade craniana em compartimentos, formando divisões parciais entre algumas partes do encéfalo. Em virtude da aderência da dura-máter aos ossos do crânio, não existe, no crânio, um espaço epidural como na medula. No encéfalo, a principal artéria que irriga a dura-máter é a artéria meníngea média, ramo da artéria maxilar. A dura-máter, ao contrário das outras meninges, é ricamente inervada. Como o encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda ou qualquer sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter, que é responsável pela maioria das dores de cabeça Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 2 Ana Luiza Azevedo PREGAS DA DURA-MÁTER Em algumas áreas o folheto interno da dura-máter destaca-se do externo para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente. As principais pregas são: v Foice do Cérebro: é um septo vertical mediano em forma de foice que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios. v Tenda do Cerebelo: projeta-se para diante como um septo transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. A tenda do cerebelo separa a fossa posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade craniana em um compartimento superior, ou supratentorial, e outro inferior, ou infratentorial. A borda anterior livre da tenda do cerebelo, denominada incisura da tenda, ajusta-se ao mesencéfalo. v Foice do Cerebelo: pequeno septo vertical mediano, situado abaixo da tenda do cerebelo entre os dois hemisférios cerebelares. v Diafragma da Sela: pequena lâmina horizontal que fecha superiormente a sela túrcica, deixando apenas um orifício de passagem para a haste hipofisára. CAVIDADES DA DURA-MÁTER Em determinada área, os dois folhetos da dura-máter do encéfalo separam-se delimitando cavidades. Uma delas é o cavo trigeminal, que contém o gânglio trigeminal. Outras cavidades são revestidas de endotélio e contém sangue, constituído os seios da dura-máter, que se dispõem principalmente ao longo da inserção das pregas da dura-máter. Os seios da dura-máter foram estudados no sistema cardiovascular junto com o sistema venoso. SEIOS DA DURA-MÁTER Os seios venosos durais são espaços encontrados entre as duas camadas da dura-máter. Ao contrário dos espaços subaracnóideos, previamente mencionados, que contêm líquido cefalorraquidiano, os seios venosos durais contêm sangue venoso. Veias superficiais e profundas do cérebro drenam nestes seios, seja direta ou indiretamente, assim como uma pequena quantidade de LCR através das granulações aracnóideas. Os seios venosos durais drenam o sangue do cérebro para as veias jugulares internas. Uma trombose nalguns destes seios provoca um aumento de pressão craniana que em última analise pode levar à morte. Existem dois grupos de seios: grupo superior e inferior. O grupo superior contêm: v Seio sagital superior - localizado na porção superior da foice do cérebro. Recobre a margem superior foice do cérebro, ficando no corte sagital superior e termina na confluência dos seios. v Seio sagital inferior - localizado na porção inferior da foice do cérebro. Cursa ao longo da margem inferior foice do cérebro, logo abaixo do seio sagital superior terminando no seio reto. v Seio reto - encontrado na tenda do cerebelo. Localiza- se ao longo da linha de união entre a foice do cérebro e a tenda do cerebelo e drena o sangue da veia de galeno – veia cerebral magna (importante veia que drena o sangue do tálamo, estrutura bastante nobre). Também recebe o sangue do seio sagital inferior, drenando para a confluência dos seios. v Seio transverso - localizado na tenda do cerebelo. É par (direito e esquerdo) que leva o sangue da confluência dos seios lateralmente – seios centrífugos (fuga do sangue). Dispõe-se de cada lado ao longo da inserção da tenda do cerebelo no osso occipital, desde a confluência dos seios até o seio sigmóide. Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 3 Ana Luiza Azevedo v Seios sigmóides - encontrados na porção anterior da tenda do cerebelo, de onde eles drenam para as veias jugulares internas. Em forma de “S do Senna”, é a continuação do seio transverso até o forame jugular.. v Seio petroescamoso - encontrado ao longo da junção das partes petrosa e escamosa do osso temporal. v Seio occipital - localizado na parte posterior da foice do cerebelo. Drena da região infratentorial para a confluência dos seios. v Confluência dos seios - encontrado lateralmente à protuberância occipital interna do osso occipital. Ponto que confluem os seios sagital superior, seio reto e seio occipital. Esses seios trazem sangue para a confluência dos seios – seios centrípetos. O grupo inferior de seios durais inclui: v Seio cavernoso - formado pelas principais veias da base do crânio. Importante seio por ser atravessado pela artéria carótida interna, nervos abducentes, trocleares, oculomotores e ramo dos trigêmeos. v Seios intercavernosos anterior e posterior - encontrados ao redor da glândula pituitária com uma drenagem especial v Seio petroso superior - encontrado em um sulco na parte petrosa do osso temporal v Seio petroso inferior - localizado na junção da parte petrosa do osso temporal com o osso occipital v Plexo basilar - encontrado na parte basilar do osso occipital. Ele conecta os seios petrosos inferiores direito e esquerdo. Imagem ampliada no final ARACNOIDE É uma membrana muito delgada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo uma pequena quantidade de líquido necessário á lubrificação das superfícies de contato das membranas. A aracnoide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnoideo que contem liquor, havendo grande comunicação entre os espaços subaracnoideos do encéfalo e da medula.Considera-se também como pertencendo à aracnoide, as delicadas trabéculas que atravessam o espaço para ligar à pia- máter, e que são denominados de trabéculas aracnoides. Estas trabéculas lembram, um aspecto de teias de aranha donde vem o nome aracnoide. CISTERNAS SUBARACNOIDEAS A aracnoide justapõe-se à dura-máter e ambas acompanham apenas grosseiramente o encéfalo e a sua superfície. A pia- máter adere intimamente a esta superfície que acompanha os giros, os sulcos e depressões. Deste modo, a distância entre as duas membranas, ou seja, a profundidade do espaço subaracnoideo é muito variável, sendo muito pequena nos giros e grande nas áreas onde parte do encéfalo se afasta da parede craniana. Forma-se assim nestas áreas, dilatações do espaço i, as cisternas subaracnoideas, que contém uma grande quantidade de liquor. As cisternas mais importantes são as seguintes: Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 4 Ana Luiza Azevedo v Cisterna Magna: ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e a face dorsal do bulbo e do tecto do III ventrículo. Continua caudalmente com o espaço subaracnoideo da medula e liga-se ao IV ventrículo através da abertura mediana. A cisterna magna é a maior e mais importante, sendo às vezes utilizada para obtenção de liquor através de punções. v Cisterna Pontina: situada ventralmente a ponte. v Cisterna Interpeduncular: localizada na fossa interpeduncular. v Cisterna Quiasmática: situada diante o quiasma óptico. v Cisterna Superior: situada dorsalmente ao tecto mesencefálico, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso. A cisterna superior corresponde, pelo menos em parte, à cisterna ambiens, termo usado pelos clínicos. v Cisterna da Fossa Lateral do Cérebro: corresponde à depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério. GRANULAÇÕES ARACNOIDES Em alguns pontos da aracnoide, formam-se pequenos tufos que penetram no interior dos seios da dura-máter, constituindo as granulações aracnoideas, mais abundantes no seio sagital superior. As granulações aracnoideas levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnoideo, verdadeiros divertículos deste espaço, nos quais o liquor está separado do sangue apenas pelo endotélio do seio e uma delgada camada de aracnoide. São estruturas admiravelmente adaptadas à absorção do liquor, que neste ponto, vai para o sangue. PIA-MÁTER É a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões acompanham até o fundo dos sulcos cerebrais. Sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso, constituindo assim a membrana pio-glial. A pia- máter dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole. A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnoideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares. Neste espaço existem prolongamentos do espaço subaracnoideo, contendo liquor, que forma um manguito protetor em torno dos vasos, muito importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias sobre o tecido circunvizinho. Verificou-se que os espaços perivasculares acompanham os vasos mais calibrosos até uma pequena distância e terminam por fusão da pia com a adventícia do vaso. As pequenas arteríolas são envolvidas até o nível capilar por pré-vasculares dos astrócitos do tecido nervoso. O espaço extradural ou epidural normalmente não é um espaço real mas apenas um espaço potencial entre os ossos do crânio e a camada periosteal externa da dura-máter. Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 5 Ana Luiza Azevedo SISTEMA VENTRICULAR O sistema ventricular é uma rede de cavidades preenchidas com líquido cefalorraquidiano (ventrículos) dentro do cérebro. Existem quatro ventrículos: v Dois ventrículos laterais dentro dos lobos do cérebro v Terceiro ventrículo encontrado entre os tálamos v Quarto ventrículo localizado sobre a ponte e a medula e abaixo do cerebelo Estes ventrículos são conectados por forames através do qual o LCR passa. v Forame interventricular (de Monro) entre os ventrículos laterais e o terceiro ventrículo. O forame de Monro são canais que conectam os ventrículos laterais com o terceiro ventrículo na linha média do cérebro. Como canais, eles permitem que o líquido cefalorraquidiano produzido nos ventrículos laterais atinja o terceiro ventrículo e o resto do sistema ventricular do cérebro. Eles também contém plexo coróide, uma estrutura especializada em produzir o líquido cefalorraquidiano. v Aqueduto cerebral (de Sylvius) entre o terceiro e o quarto ventrículos. v Duas aberturas laterais (de Luschka) entre o quarto ventrículo e a cisterna magna. v Abertura mediana (de Magendie) entre o quarto ventrículo e o canal central da medula espinhal. LIQUOR É um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnoideo e as cavidades ventriculares. A são função primordial é proteção mecânica do sistema nervoso central. • A circulação do liquor é extremamente lenta e sua movimentação é realizada pela pulsação das artérias intracranianas que, a cada sístole, aumenta a pressão liquórica, contribuindo para empurrar o liquor através das granulações aracnóideas. • Sua produção média em um adulto é de 500 mL/dia, renovando-se a cada 8 horas, através da filtração seletiva do plasma e da secreção de elementos específicos. • Pelo princípio de Pascal, o líquido irá se distribuir igualmente a todos os pontos, constituindo um eficiente que frequentemente atingem o SNC. • A constituição do liquor é diferente da do soro. A quantidade de (média 35mg/dL), ao passo que a do soro é de 7000mg/dL, apresenta de 0 a 4 leucócitos por milímetro cúbico. • A pressão normal do liquor varia entre 5 a 15 mmHg. • Excreção de produtos tóxicos do metabolismo das células do tecido nervoso que passam aos espaços intersticiais de onde são lançadas no liquor e deste para o sangue. • Produção de hormônios, anticorpos e leucócito, o que auxilia a defesa contra agentes e microrganismos. • Manutenção de um meio químico estável no sistema ventricular por meio de troca de componentes químicos com os espaços intersticiais, permanecendo estável a composição química do liquor Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 6 Ana Luiza Azevedo FORMAÇÃO, ABSORÇÃO E CIRCULAÇÃO DO LIQUOR Sabe-se hoje em dia que o liquor é produzido nos plexos corioides dos ventrículos e também que uma pequena porção é produzida a partir do epêndima das paredes ventriculares e dos vasos da leptomeninge. Existem plexos corioides nos ventrículos, como já vimos anteriormente, e os ventrículos laterais contribuem com maior contingente liquórico, que passa ao III ventrículo através dos forames interventriculares e daí para o IV ventrículo através do aqueduto cerebral. Através das aberturas medianas e laterais do IV ventrículo, o liquor passa para o espaço subaracnoideo, sendo reabsorvido principalmente pelas granulações aracnoideas que se projetam para o interior da dura-máter. Como essas granulações predominam no eixo sagital superior, a circulação do liquor se faz de baixo para cima, devendo atravessar o espaço entre a incisura da tenda e o mesencéfalo. No espaço subaracnoideo da medula, o liquor desce em direção caudal, mas apenas uma partevolta, pois reabsorção liquórica ocorre nas pequenas granulações aracnoideas existentes nos prolongamentos da dura-máter que acompanham as raízes dos nervos espinhais. PUNÇÃO DO LIQUOR O exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquor vem sendo utilizado como arma diagnóstica desde o final do século XIX, contribuindo, significativamente, para o diagnóstico de patologias neurológicas. Além do diagnóstico, a análise do LCR permite o estadiamento e o seguimento de processos vasculares, infecciosos, inflamatórios e neoplásicos que acometem, direta ou indiretamente, o Sistema Nervoso. • No processo inflamatório viral possui poucas células que passam pela barreira hemato-encefálica, com proteínas normais ou pouco aumentada, glicose normal e o tipo de células presentes são os linfócitos. • No processo inflamatório bacteriano, há milhares de células, com características de pus, com muitas proteínas, glicose baixa e o tipo de células presentes são os neutrófilos. • Na tuberculose, células e proteínas podem estar normais ou pouco aumentada, a glicose está muito baixa e o tipo de células presentes são os linfócitos. Através da punção liquórica é possível, também, a administração intra-tecal de quimioterápicos, tanto para tratamento de tumores primários ou metastáticos do Sistema Nervoso Central, como para a profilaxia do envolvimento neurológico de tumores sistêmicos. Punção lombar é utilizada para fazer o seguinte: • Avaliar a pressão intracraniana e a composição do LCR ( Anormalidades do líquido cefalorraquidiano em várias doenças) • Reduzir terapeuticamente a hipertensão intracraniana (hipertensão intracraniana idiopática) • Administrar fármacos por via intratecal ou um agente de contraste radiopaco para mielografia Entre o saco dural (S2) e o término da medula (L2) o espaço subaracnóideo é maior, contém maior quantidade de liquor e nele se encontra apenas o filamento terminal e raízes que formam a cauda equina não havendo perigo de lesão medular para realização da punção lombar. Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 7 Ana Luiza Azevedo HIPERTENSÃO INTRACRANIANA A hipertensão intracraniana é o aumento da pressão dentro do crânio e ao redor da medula espinhal, que pode não ter uma causa específica, sendo conhecida como idiopática, ou ser causada por traumatismos ou doenças como tumor cerebral, hemorragia intracraniana, infecção no sistema nervoso, AVC ou efeito colateral de alguns remédios. Geralmente, a pressão normal dentro do crânio varia entre 5 e 15 mmHg, mas na hipertensão intracraniana encontra-se acima desse valor e, por isso, nos casos mais graves pode impedir o sangue de entrar no crânio, deixando de haver oxigenação adequada do cérebro. As possíveis causas incluem: v Derrame cerebral: o sangramento pode ser hematoma subdural, epidural ou subaracnóide, v Hidrocefalia: aumento da quantidade de líquido cefalorraquidiano. v Meningites: inflamação das membranas que envolvem o encéfalo. v Encefalites: inflamação do encéfalo (cérebro, cerebelo ou tronco encefálico). Os sintomas incluem: v Cefaleia, vômitos, alterações pupilares (III par craniano), rebaixamento da consciência , síndrome de cushing ( hipertensão, bradicardia, bradipnéia, taquipnéia) Havendo uma suspeita de hipertensão intracraniana deve-se fazer sempre um exame de fundo de olho. O nervo óptico (II par craniano) é envolvido por um prolongamento do espaço subaracnóideo, levando a compressão do nervo óptico. Isso causa obliteração da veia central da retina, a qual passa em seu interior, o que resulta em ingurgitamento das veias da retina, com edema de papila óptica – papiledemia. A papila é a porção final do nervo óptico que faz parte do SNC, havendo uma compressão das estruturas nervosas leva uma inflamação e edema da papila. HÉRNIAS INTRACRANIANAS O aumento de volume do encéfalo, difuso ou localizado, tende a causar deslocamento das partes afetadas em relação aos compartimentos intracranianos criados pelas dobras durais: a foice do cérebro e a tenda do cerebelo. Isto leva a insinuação de linguetas de tecido cerebral em espaços exíguos, com compressão de estruturas vitais que são as chamadas hérnias intracranianas. 1. A hérnia de uncus corresponde à passagem do giro parahipocampal, ou de sua extremidade anterior, o uncus, para a fossa posterior através do orifício da tenda do cerebelo, onde se localiza o mesencéfalo. .É geralmente unilateral e consequente ao aumento de volume de um hemisfério cerebral por um hematoma, infarto, tumor, abscesso ou traumatismo. O edema em torno da lesão potencia grandemente a expansão do hemisfério e ajuda a pressionar o uncus para baixo, entre a margem livre da tenda do cerebelo e o mesencéfalo. 2. Hérnia central 3. A hérnia de cíngulo é sempre unilateral. Como a hérnia de uncus, decorre do aumento de volume de um hemisfério cerebral. Pode haver deslocamento do giro do cíngulo para o lado oposto, insinuando-se entre a borda livre da foice do cérebro e o corpo caloso. A principal conseqüência é a compressão de uma ou ambas artérias cerebrais anteriores, que acompanham o corpo caloso, causando infarto hemorrágico deste território. 4. Hérnia Transcalvariana ocorre para fora do crânio, geralmente através de orifício de craniotomia. 5. Hérnia acima do tronco encefálico 6. Hérnia tonsilar - um processo expansivo na fossa posterior dos hemisférios cerebelares, empurra as tonsilas do cerebelo produzindo hérnia tonsilar, comprimindo o bulbo Hemorragia Subaracnóidea (HSA) Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 8 Ana Luiza Azevedo HEMATOMAS EXTRADURAIS E SUBDURAIS São rupturas de vasos que resultam em acúmulo de sangue nas meninges sob forma de hematomas e são uma das complicações mais frequentes dos traumatismos cranianos (TCE). O hematoma extradural forma-se em lesões das artérias meníngeas , ocorrendo durante fraturas de crânio, sobretudo artéria meníngea média, resultando em acúmulo de sangue entre a dura-máter e o osso do crânio. O hematoma cresce, separando a dura-máter do osso, e empurra o tecido nervoso para o lado oposto, formando uma estrutura biconvexa. O hematoma subdural geralmente ocorre uma ruptura de uma veia cerebral no ponto que ela entra no seio sagital superior, o sangue acumula-se entre a dura-máter e a aracnóide. São mais frequentes em casos em que o crescimento do hematoma é lento, e a sintomatologia aparece tardiamente. HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA (HSA) A Hemorragia subaracnoidea é o extravasamento súbito de sangue no interior do espaço subaracnoideo. O sangue no espaço subaracnoideo produz uma meningite química, que geralmente aumenta a pressão intracraniana durante dias ou algumas semanas. O vasoespasmo subsequente pode produzir isquemia cerebral focal; cerca de 25% dos pacientes desenvolvem sinais de AIT ou AVE isquêmico. O edema cerebral é máximo e o risco de vasoespasmo e infarto subsequente (denominado angry brain) é maior entre 72 h e 10 dias. A hidrocefalia aguda secundária também é comum. Às vezes, ocorre uma 2ª ruptura (ressangramento), em geral em um período de até 7 dias. A causa mais comum de sangramento espontânea é a ruptura de um aneurisma. Os sintomas incluem cefaleia intensa súbita, geralmente com perda ou comprometimento da consciência. Vasoespasmo secundário (causando isquemia cerebral focal), meningismo e hidrocefalia (causando cefaleia persistente e embotamento mental) são comuns. Neuroanatomia – Meninge e Liquor – AnaLuiza Azevedo 9 Ana Luiza Azevedo HIDROCEFALIA A hidrocefalia é o acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano dentro do crânio, que leva ao inchaço cerebral. Este aumento anormal do volume de liquor dilata os ventrículos e comprime o cérebro contra os ossos do crânio, provocando uma série de sintomas que necessitam de tratamento de emergência para prevenir danos mais sérios. A hidrocefalia, muitas vezes, pode ser detectada antes mesmo do nascimento, por meio de ultrassonografias periódicas. Os sintomas típicos são cefaleia , evoluindo para herniação, coma e óbito, caso não ocorra tratamento de urgência. Há três tipos de hidrocefalia e sua classificação se dá de acordo com a causa. Hidrocefalia obstrutiva ( não comunicantes ) Esse tipo da doença é a mais comum e ocorre quando há um bloqueio no sistema ventricular do cérebro, impedindo que o líquido cefalorraquidiano flua normalmente pelo cérebro e pela medula espinhal. A obstrução do trajeto do liquor pode ocorrer no forame interventricular, provocando dilatação dos ventrículos laterais, aqueduto cerebral, provocando dilatações do III e dos ventrículos laterais, abertura medianas e laterais do IV ventrículo, provocando dilatação de todo o sistema ventricular e na incisura da tenda, impedindo a passagem do liquor do compartimento infratentorial para o supratentorial, provocando dilatação de todo o sistema ventricular. Hidrocefalia não-obstrutiva ( comunicantes ) A hidrocefalia não-obstrutiva é resultante da baixa produção ou absorção do líquido cefalorraquidiano em razão de processo patológico dos plexos corioides ou dos seios da dura-máter e granulações aracnóideas. Hidrocefalia de pressão normal Este tipo de hidrocefalia afeta principalmente pessoas idosas. Ela é resultado de um trauma ou doença, mas as causas exatas ainda não estão totalmente claras. HIDROCEFALIA AGUDA v A lesão se instala de maneira súbita, não havendo tempo do tecido se adaptar. v Ocorre uma compressão encefálica, perdendo a diferenciação de sucos e giros. v Há alterações com sintomas típicos de hipertensão intracraniana. v Geralmente as hidrocefalias agudas são obstrutivas provocadas por forças mecânicas. HIDROCEFALIA CRÔNICA v Ocorre lesão progressiva dos tecidos, havendo tempo para se adaptar. v Não necessariamente ocorre sinais e sintomas. v Geralmente as crônicas são por redução da absorção, por comprometimento das granulações aracnoides. v Ocorrendo por exemplo na Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN), uma doença crônico-degenerativa, possuindo uma tríade clássica de sintomas: Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 10 Ana Luiza Azevedo Fontes https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/siste ma-nervoso/meninges-e-liquor/ https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/meninges- ventriculos-e-suprimento-sanguineo-do-cerebro https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2570806/mod_resou rce/content/1/Meninges%2C%20LCR%20e%20Barreiras.pdf Neuroanatomia – Meninge e Liquor – Ana Luiza Azevedo 11 Ana Luiza Azevedo
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