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Propriedade como direito real originário O direito descrito como real originário pode ser entendido como, um direito natural, um direito preexistente até a ideia de estado, pode se dizer assim que direitos reais e originários são todos aqueles que já preexistem independente de ordenamento que os previna, pode-se observar então a propriedade nesse prisma, tendo em vista que desde os primórdios da humanidade já se entendia sobre sua existência, pois aquilo que era furto de sua caçada a si pertencia, aquela ferramenta que por você fosse desenvolvida também era de sua propriedade, nesse sentido vê-se que a propriedade como direito real originário está diretamente ligada à posse, como bem foi observado da Constituição Federal de 1988, no seu Artigo 231 caput. Que trata da demarcação de terras indígenas e de sua propriedade. Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Diante do exposto, pode se observar que o direito a propriedade, é o direito real sobre a coisa própria (sobre os nossos bens), pois os demais direitos reais do art. 1225/ CC são direitos reais sobre as coisas alheias, sobre os bens de terceiros, a diferença mais clara que se pode perceber da posse para a propriedade e de que a posse é um fato que está na natureza, enquanto a propriedade é um direito criado pela sociedade, não necessariamente o possuidor é proprietário da coisa possuída, o que nos leva a uma conotação mais complexa da propriedade, observemos que a propriedade é mais difícil de ser percebida do que a posse, pois a posse está no mundo da natureza, enquanto a propriedade está no mundo jurídico. Como a posse não é direito, a propriedade é mais forte do que a posse. Podemos dizer que a posse é uma relação de fato transitória, enquanto a propriedade é uma relação de direito permanente, e que a propriedade prevalece sobre a posse (súmula 487 do STF: será deferida a posse a quem tiver a propriedade). Observemos onde, de fato no nosso ordenamento se protege a propriedade ( CF.88 arts. 5º, XXII e 170, II) “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” “XXII - é garantido o direito de propriedade;” “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:” “II - propriedade privada;” Dessa forma, o direito de propriedade e reconhecido como um direito fundamental a ser protegido pela Constituição brasileira. Já que o mesmo não tem uma redação que o especifique, que nos mostre como deve-se exercer tal direito, devemos ater- nos a doutrina, juristas de grande prestigio no nosso país determinam um norte para o seu exercício, usarei aqui como exemplo a Maria Helena Diniz. De acordo com a Maria Helena Diniz, o direito de propriedade pode ser entendido como “o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha Visto isso, poderemos pensar no direito de propriedade como o direito de uma pessoa, dentro dos limites da lei, tem de dispor e usufruir de um bem, e também de determinar o que é feito com ele. Ou seja, o direito de propriedade garante que qualquer cidadão tem direito de possuir bens. Nessa logica podemos concluir que a propriedade é o poder de usar, fruir (=gozar) e dispor de um bem (três faculdades/atributos/poderes do domínio) e mais o direito de reaver essa coisa do poder de quem injustamente a ocupe. Observemos estas três faculdades e este direito de reaver: Uso – é o jus utendi, ou seja, o proprietário pode usar a coisa, pode ocupá-la para o fim a que se destina. Ex: morar numa casa; usar um carro para trabalho/lazer Fruição (ou gozo) – jus fruendi; o proprietário pode também explorar a coisa economicamente, auferindo seus benefícios e vantagens. Ex: vender os frutos das árvores do quintal; ficar com as crias dos animais da fazenda. Disposição – jus abutendi; é o poder de abusar da coisa, de modificá-la, reformá-la, vendê-la, consumi-la, e até despreza-la. A disposição é o poder mais abrangente. Além de ser a soma destas três faculdades, a propriedade produz um efeito, que é justamente o direito de reaver a coisa. Através da ação reivindicatória. Esta é a ação do proprietário sem posse contra o possuidor sem título. Esta ação serve ao dono contra o possuidor injusto, contra o possuidor de má-fé ou contra o detentor. Diante de tudo o que foi exposto nesta dissertação, pode-se concluir que a propriedade, por mais que seja tratada nos nossos códigos com a máxima abrangência e prevenção possível, é um direito do real campo natural, que e entendido pelos povos mais primitivos desde antes a fundação de qualquer estado de direito, ou de qualquer ordenamento jurídico, sendo assim a propriedade0 é direito real originário pela sua forma de ser.