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Ficha Direitos Reais

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1 
 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
Universidade Católica de Moçambique 
Faculdade de Ciências Sociais e Politicas 
Departamento de Direito 
 
1. Introdução aos Direitos Reais 
1.1. conceito 
Direito das coisas é um ramo do direito privado que trata dos direitos de posse e propriedade 
dos bens móveis e imóveis, bem como das formas pelas quais esses direitos podem ser 
transmitidos. Ou por outra, é o campo do direito patrimonial cujas regras tratam do poder dos 
homens sobre as coisas apropriáveis. 
Os direitos reais, que abrangem o direito de propriedade e os direitos reais sobre coisa alheia, 
possuem previsão legal no art. 1251 do Código Civil. Este artigo é um rol taxativo que enumera 
quais são os direitos reais admitidos no direito moc. , motivo pelo qual não se pode dizer que 
direito à posse é um direito real. É importante entender que essa designação de nenhum modo 
atribui direitos às coisas: são pessoas, seres humanos, exclusivamente, os que podem ter direitos. 
Objeto: As coisas apropriáveis são aquelas úteis e raras que podem ser objeto de propriedade, 
diante do interesse econômico que elas despertam. Excluem-se os bens abundantes, sem 
valoração econômica (ex: água do mar, o ar que se respira, luz do sol; obs: energia solar tem 
valor mas é abundante, ninguém pode se apropriar do sol). A coisa pública também não é 
apropriável. (revisar bens públicos, art. 98 da CRM conj. com o nr. 2 do art. 202 do CC) Uma 
ilha pode ser particular, mas a praia sempre é pública (ex: ilhas...) 
As coisas podem ser apropriadas devido a uma relação jurídica contratual (ex: João vende um 
livro a Maria que se torna dona da coisa e João do dinheiro) ou pela captura ( = ocupação, onde 
não há relação com pessoas, ex: pegar uma concha na praia, pescar um peixe). A aquisição 
decorrente de contrato se diz derivada, porque a coisa já pertenceu a outrem; a aquisição 
derivada da ocupação se diz originária porque a coisa nunca teve dono. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_privado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bens
2 
 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
Assim, as coisas apropriáveis são objeto de propriedade, que é o mais amplo direito real, 
observando o disposto no art. 280 do CC. Sinônimo de propriedade é o domínio total sobre a 
coisa. 
1.2. Diferenças entre os Direitos Reais e os Direitos Obrigacionais: 
a) – objeto 
DR: é determinado, é poder sobre uma coisa corpórea (via de regra), se bem que neste séc XXI a 
propriedade imaterial (softwares, patentes) se revela mais valiosa que a corpórea (petróleo, 
terras). 
DO: objeto indeterminado até a satisfação do crédito; incorpóreo (regra geral, a prestação, a 
conduta, o serviço, a omissão). 
b) violação: 
DR: por ação, ex: invadir propriedade alheia 
DO: por omissão (em geral), ex: deixar de pagar a dívida, deixar de fazer o serviço; exceção à 
regra da omissão é a obrigação de não-fazer: cumpre-a o devedor que se omite. 
c) duração: 
DR: permanentes, quanto mais é exercido mais forte o direito real se torna, mais ostensível, ou 
seja, a sociedade sabe e respeita. Exercer o direito obrigacional (ex: receber o pagamento) é 
extingui-lo. Exercer o direito real é fortalecê-lo. 
DO: temporários, pois contratos de regra tem vida curta, como a compra e vende de balcão que 
dura segundos. 
d) usucapião: 
DR: usucapíveis, pois se adquire propriedade pela posse prolongada, respeitando-se os requisitos 
legais, em determinado período de tempo, continuamente. 
DO: não se adquirem pela usucapião, ninguém se torna credor por afirmar sê-lo 
e) sujeito passivo: 
3 
 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
DR: absoluto (toda a sociedade), é ERGA OMNES, ou seja, contra todos, pois toda a sociedade 
precisa respeitar a propriedade do dono sobre os bens dele, e de cada um de nós. A característica 
erga omnes é oponível a toda e qualquer pessoa. 
DO: relativo (o devedor); só posso cobrar a dívida do devedor e não de todos; não se pode 
exercer um direito de crédito contra um estranho, mas se exerce contra todos a propriedade sobre 
seus bens. 
f) – tipicidade: 
DR: típicos (criados pela lei tão somente) e previstos no art. 1306 do CC 
DO: atípicos (art. 425 CC – liberdade do cidadão na criação de contratos, como se vê atualmente 
com os contratos disruptivos de tecnologia) 
 
1.3. Classificação dos direitos reais 
a) ‘jus in repropria’ = direito sobre a coisa própria, que se resume na propriedade. 
Usar - servir da utilidade do carro; 
Gozar ou fruir– perceber frutos – alugar o carro; 
Dispor – vender, se desfazer da coisa, abandonar; 
Reaver – correr atras em casa de perda. 
No Direito real sobre coisa própria (“jus in repropria”): A propriedade é o único direito real 
sobre coisa própria existente em que o titular tem o direito deusar, gozar, dispor e reivindicar a 
coisa. Se o proprietário transfere alguns destes poderes para terceiros, ele passa a ter uma 
propriedade limitada (já que o titular não estará com os quatro poderes em mãos) e será 
constituído para esse terceiro um direito real sobre coisa alheia. 
b) ‘jus in re aliena’ = direito real sobre a coisa alheia 
São denominados direitos reais sobre coisas alheias (iura in rebusalienis) porque seu objeto não 
é coisa própria, mas coisa da própria propriedade de outra pessoa. Caracterizam-se pela 
oponibilidade erga omnes e pelo poder de seqüela. 
 
https://jus.com.br/tudo/propriedade
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
No Direito real sobre coisa alheia (“jus in re aliena”): Nessa modalidade o titular do direito real 
terá algum poder inerente à propriedade de outro, que ficará com a propriedade limitada. Esse 
tipo de direito real divide-se em: 
 Direitos reais de gozo ou fruição – são assim classificados a superfície, a servidão, o 
usufruto, o uso e a habitação. 
 Direito real de aquisição – o direito do promitente comprador do imóvel. 
 Direitos reais de garantia – têm por objetivo garantir o cumprimento de uma obrigação. 
São eles: o penhor, a hipoteca e a anticrese. 
1.4. Características dos direitos reais 
Os direitos reais se apóiam na relação entre homem e coisa, sendo que esta deve possuir 
valor econômico e suscetível de apropriação. 
No dizer de Silvio Rodrigues, são os direitos que se prende à coisa, prevalecendo com a 
exclusão de concorrência de quem quer que seja, independendo para o seu exercício da 
colaboração de outrem e conferindo ao seu titular a possibilidade de ir buscar a coisa onde 
quer que ela se encontre, para sobre ela exercer o seu direito. 
Dentre as características existentes nos direitos reais as principais são: 
Inerência - ele adere directamente à coisa, sujeitando-a imediatamente ao seu titular, tem 
como corolorio “a inseparabilidade do direito e a coisa”. A inerência mantém a relação 
estreita com o modo por que o conteúdo do direito real se projeta sobre a coisa corpórea 
determinada que constitui o seu objecto. Falar desta característica significa que o interesse do 
seu titular é realizado por ele, pelo aproveitamento imediato da utilidade da própria coisa. 
 Prevalência – É exclusivo, não se pode instalar direito real onde outro já exista. Aqui, o 
direito real que primeiro se constituir prevalece sobre os demais de constituição posterior. 
Casos que nao se fala da prevalencia: 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
 Quando se trata de Direitos reais de naturezas diferentes. Ex. Direito real e direitos 
de credito, pois ordenam se naturalmennte. 
 Quando sendo da mesma especie, sejam contudo compatíveis – Direitos dos 
comproprietários. 
 Quando sendo da mesma natureza e especies diferentes – servidão e usufruto, pois 
coexistem sem conflitos. 
Taxatividade (numerus clausus) - releva que não há direitos reais quando a lei não os declara. O 
art. 1306 do CC. é a referênciapara os que proclamam a taxatividade do número dos direitos 
reais. O seu rol legal é numerus clausus: somente poderão ser considerados direitos reais 
aqueles previsto na lei; 
Publicidade – respeita os factos que pela sua importância ou relevância, importa dar a conhecer 
para alem do círculo das pessoas a quem directamente respeitem, tornando – os públicos ou 
patentes. Facilita o ocnhecimento do bem á terceiros. 
Modalidades 
 Provocada – faz se mediante a inscrição de certos factos em livros ou registos próprios, 
que são guardados ou conservados por um serviço público. 
 Expontanea – resulta da simples realidade da coisa, ou seja, da posse. 
Absolutismo - é provido de acção real, que prevalece contra qualquer detentor da coisa, razão 
pela qual preferem muitos denominá-lo absoluto, é oponivel a terceiros (erga omnes), os direitos 
reais permitem que seu titular não seja molestado por ninguém. 
Os direitos reais se exercem erga omnes ou seja contra todos, fazendo novamente surgir o direito 
de Sequela, bem como o direito de preferência. 
Sequela ou jus persequendi, isto é, de perseguir a coisa e de reivindicá-la em poder de quem 
quer que esteja (ação real), bem como o jus praeferendi ou direito de preferência. a propriedade 
tem o poder de seguir seu objeto onde quer que este se encontre (direito de sequela); 
 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
Segundo a lição de Orlando Gomes, o direito de sequela é o que tem o titular de direito real de 
seguir a coisa em poder de todo e qualquer detentor ou possuidor e por fim; 
 
 Aderência do direito real - à coisa não é senão a constatação do facto de que o direito real 
permanece incidindo sobre o bem, ainda que este circule de mão em mão e se transmita a 
terceiros, pois o aludido direito segue a coisa (jus persequendi), em poder de quem quer que ela 
se encontre. Em consequência, a tutela do direito real é sempre mais enérgica e eficaz que a do 
direito de crédito. 
Só eles são suscetíveis de posse. 
 
1.5. Posse 
A posse é um direito que exercemos diariamente. Seja na compra de um novo apartamento, na 
sua venda ou seu aluguel, estamos o tempo todo exercendo, transferindo e adquirindo esse direito 
que, no entanto, envolve diversos aspectos e não é tão facilmente compreendido. 
 
Compreender a posse enquanto um direito, permite que possamos verdadeiramente tutelá-lo e 
defendê-lo, como parte essencial de nossas vidas. 
 
O conceito de posse tem por origem o Direito Romano e, embora tenha sofrido algumas 
alterações ao passar do tempo, ainda guarda forte similitude com sua acepção original. Sua 
concepção nuclear é colocada por Caio Mário da Silva Pereira da seguinte forma: 
“(...) situação de fato, em que uma pessoa, independentemente de ser ou não ser proprietária, 
exerce sobre uma coisa poderes ostensivos, conservando-a ou defendendo-a.” 
 
Dessa forma, o dono, agindo por meio de seus poderes ostensivos, pode conceder juridicamente 
apenas a fruição a outrem, como ocorre numa relação entre locador e locatário. Há também a 
possibilidade de delegar a alguém o poder de zelar pela coisa alheia, assim como um 
inventariante, síndico, administrador. Intrinsecamente, toda posse, possui uma relação entre uma 
coisa e uma vontade que sobre ela se exerce. 
 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
Nos termos do art. 1251 do CC, Posse é o poder que se manifesta quando alguem atua por forma 
correspondente ao exercicio do direito de propriedade ou de outro direito real. Esta pode ser 
exercida pessoalmente ou por intermedio de outrem, vide art. 1252 do CC. 
 
Especies da posse 
Art. 1258 do CC. 
 Posse titulada – aquela fundada em qualquer modo legitimo de adquirir, 
independentimente, quer do direito do transmitente, quer da validade substancial do 
negócio jurídico. O título nao se presume, devendo a sua existencia ser provada por 
aquele que invoca. Vide art. 1259 do CC. 
 
 Posse de boa fe – quando o possuidor ignorava, ao adquiri – la, que lesava o direito de 
outrem. A posse adquirida por violência é sempre considerada de ma fe, mesmo quando 
seja titulada. Vide art. 1260 do CC. 
 
 Posse de má-fé - é aquela em que o agente possui consciência que seu direito não é 
legítimo. O ônus probatório da ausência de boa-fé recai no reivindicante, ou seja, a boa-fé 
é presumida até que a outra parte prove o contrário. 
 
 Posse pacífica – a que foi adquirida sem violência. Considera – se violenta a posse 
quando, para obte – la, o possuidor usou de coação fisica ou moral, nos termos do art. 
255 do CC. Vide art. 1261 do CC. 
 
 Posse violenta é aquela em que a aquisição é feita pela força física ou moral, essa posse 
pode ser vista em várias das ocupações. A posse violenta somente se caracteriza caso 
ocorra no início da posse, a reação a uma violência de um possuidor legítimo é válida e 
protegida pela lei, quando se atua de forma moderada. 
 
 Posse pública – a que se exerce de modo a poder ser conhecida pelos interessados. Vide 
art. 1262 do CC. 
 
 Posse justa - é aquela que não é posse violenta, clandestina ou precária. 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
 
 Posse precária - se configura quando aquele que recebeu a coisa a título provisório, com 
o dever de restituí-la, por meio do abuso de confiança, intitula-se possuidor. Essa posse 
se inicia de forma legítima, tornando-se viciada a partir do momento em que o possuidor 
se recusa a atender ao pedido de revogação de autorização cedida previamente. 
 
 Posse clandestina - aquela em que a aquisição é feita por meio de ocultamento em 
relação àquele que tem interesse de conhecê-la. Assim como a posse violenta, a 
clandestinidade é um defeito relativo. 
 
 Por fim, se faz necessário diferenciar a posse directa da posse indirecta. O possuidor 
indireto é aquele que cede o uso da coisa, enquanto o possuidor direto é aquele que 
recebe a coisa por meio de contrato. Numa hipótese concreta, vamos pensar que o Sr. 
João, que possui casa de veraneio que apenas utiliza nas férias de fim de ano, decide 
alugá-la para o Sr. Lucas por três meses. Havendo os dois firmando o contrato, Sr. João 
se torna possuidor indireto, enquanto o Sr. Lucas se torna o possuidor directo. 
 
A posse directa, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de 
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o 
possuidor indireto defender a sua posse contra o direto. 
 
Aquisição da posse - Art. 1263 e ss do CC. 
 Pela pratica reiterada, com publicidade, dos actos materiais correspondentes ao 
exercicio do direito. 
 Pela tradição material ou simbólica da coisa, efectuada pelo anterior possuidor; 
 Por constituto possessório - é quando o possuidor do bem em nome próprio passa a 
possuir a coisa em nome alheio, se tornando possuidor direto enquanto o adquirente 
recebe a posse indireta. Isso ocorreria caso o Sr. João fosse dono da casa de veraneio e 
decidisse vendê-la para Sr. Lucas, mas ainda assim continuasse nela habitando por meio 
de aluguel. 
 Por inversão do título da posse - (a interversio possessionis) supõe a substituição de 
uma posse precária, em nome de outrem, por uma posse em nome próprio (não basta que 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
a detenção se prolongue para além do termo do título que lhe servia de base; necessário 
se torna que o detentor expresse directamente junto da pessoa em nome de quem possuía 
a sua intenção de actuar como titular do direito). 
 
Perda da posse - Art. 1267 do CC. 
 Perda da própria coisa é quando for absolutamente impossível encontrá-la, sendo 
impossível usufruir economicamente da mesma. A coisa deve estar perdida sem que o 
possuidor queira recuperá-la ou que outrem tenha adquirido sua posse. Ou ainda, a perda 
da coisa pode ocorrerpor estar em local inacessível, como uma joia caída no fundo do 
mar. 
 
 Destruição - quando o objeto perece, o direito também deixa de existir. Imagine-se que a 
casa de veraneio do Sr. João seja soterrada pelos avanços do mar, nesse caso há perda do 
objeto e consequente perda do direito. Por outro lado, se essa apenas fica desgastada pela 
maresia, há uma perda de valor econômico, mas ela ainda pode ser avaliada, não havendo 
perda de direito por mera deterioração do objeto. 
 
 Posse de outrem, o esbulho do terceiro que passa, contra a vontade do outro, a possuir a 
coisa. Isso porque uma das características essenciais da posse é sua exclusividade, se um 
objecto tem sua posse tomada, deixa de ter a posse quem a possuía anteriormente. 
 
 Abandono - quando o possuidor deixa a coisa e possui o ânimo, a vontade, de renunciar 
o direito. Quando o Sr. João não utiliza sua casa de veraneio no inverno, por exemplo, 
não se configura o abandono, pois por sua finalidade natural, não faria sentido seu uso 
nesses meses. 
 
 Tradição - uma perda por transferência porque simultaneamente que alguém perde a 
posse, outro a adquire, diferentemente do que ocorre no abandono. Nos bens imóveis, a 
tradição pode ocorrer pela inscrição do título no registro respectivo. 
 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
 Constituto possessório, que trata-se da operação jurídica que altera a titularidade na 
posse, de maneira que, aquele que possuía em seu próprio nome, passa a possuir em 
nome de outrem. Caso o Sr. João venda sua casa ao Sr. Lucas, mas continue possuindo-a 
como locatário. 
 
 Coisa fora do comércio - a coisa se torna inalienável por motivo de ordem pública, 
moralidade, higiene ou segurança coletiva. A coisa não pode ser possuída pois é 
impossível exercer, com exclusividade, os poderes inerentes ao domínio. 
 
Efeitos da posse - Art. 1268 e ss do CC. 
Defesa da posse – Art. 1276 e ss do CC. 
 
1.6. Aquisição dos direitos reais 
É a constituição de um direito real. É inicio da relação entre o sujeito e a coisa. Existem 2 tipos 
de aquisição a originária e derivada. 
 
Originária – traduz se na apreensão da coisa de forma primária (presunção). Nesta modalidade 
não se verifica o consentimento do antigo possuidor, por vezes se desconhece, simplesmente o 
sujeito se apropria do bem e faz o seu uso, como se nao existisse o antigo possuidor, Ex. 
Usucapião. E não só, aqui os vícios da posse anterior não são transmitidos, há uma nova 
situação de facto. 
 
Existem 3 formas de aquisição originária: 
 Apreensão – apropriação unilateral em que o possuidor se apropria de um bem sem 
avisar e serve – se do mesmo. Ex. Coisa sem dono (res nullis )ou abandonada. 
 Exercicio de direitos somente em relação da posse. Ex. Servidão e Uso. 
 Disposição da coisa – o titular tem todos os poderes sobre o bem. Ex. Cessão de direitos. 
 
Derivada – traduz se na tradição da coisa. Pressupõe a transferência da coisa de um titular para 
outro. Ex. A sucessão por morte. Aqui carece da anuncia do antigo possuidor e verifica – se a 
transmissão de vícios. Se a posse for injusta continuará injusta após a sua transmissão e o novo 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
possuidor arcará com todas as consequências e se benificiará de todos os direitos sobre o bem. 
Existem 3 tipos de aquisição derivada: 
 Real – traduz se na entrega efectiva da coisa. 
 Simbólica – traduz se na entrega de algo simbolico. Ex. Chaves do carro, chaves de casa. 
 Ficta – é fectícia, não é propriamente dita. Que se desdobra em constituto possessório e 
tradito brevi manu. Ex. Possuir em nome proprio e a posterior passar a possuir em nome 
alheio, clasula constituti. Ou possuir coisa alheia e passar a possuir a posterior em nome 
próprio. 
 
Formas de aquisição dos DR 
Nos termos do art. 1316 do CC, o direito de propriedade adquire – se por contrato, sucessão 
por morte, usucapião, ocupação, acessão e demais modos previstos na lei. 
 
 
1.6.1. Usucapião - 1287 do CC. 
A usucapião (do latim usucapio: "adquirir pelo uso"; palavra do gênero feminino) é uma forma 
originária de aquisição do direito de propriedade sobre um bem móvel ou imóvel em função de 
haver utilizado tal bem por determinado lapso temporal, contínua e incontestadamente, como se 
fosse o real proprietário desse bem. Ou por outra, o usucapião é uma forma originária de 
aquisição do direito de propriedade sobre um bem móvel ou imóvel em função de haver utilizado 
tal bem por determinado lapso temporal, contínua e incontestadamente, como se fosse o real 
proprietário desse bem. 
 
Usucapião é um modo de aquisição da propriedade e ou de qualquer direito real que se dá pela 
posse prolongada da coisa, de acordo com os requisitos legais, sendo também denominada de 
prescrição aquisitiva. 
 
Para que tal direito seja reconhecido, é necessário que sejam atendidos determinados pré-
requisitos previstos em lei. 
 
 
12 
 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
Espécies 
A usucapião pode recair tanto sobre bens móveis quanto sobre imóveis. 
 
 Usucapião de imóveis 
Justo titulo e registo – art. 1294 do CC. 
Registo de mera posse – art. 1295 do CC. 
Falta de registo – art. 1296 do CC 
Posse violenta ou oculta – art. 1297 do CC 
Direitos excluidos – art. 1293 do CC. 
 
 Usucapião de móveis 
Coisas sujeitas a registo – art. 1298 do CC. 
Coisas nao sujeitas a registo – art. 1299 do CC. 
Posse violenta ou oculta – art. 1300 do CC. 
Coisa comprada a comerciante – art. 1301 do CC. 
 
1.6.2. Ocupação 
Ocupação é o modo originário de aquisição da propriedade de coisas móveis. 
 
Nos termos do art. 1.318 do CC, “Podem ser adquiridos por ocupação os animais e outras 
coisas móveis que nunca tiveram dono, ou foram abandonados, perdidos ou escondidos pelos 
seus proprietários, salva as restrições dos artigos seguintes”. 
 
Em síntese, todo aquele que toma a posse — que pega, para ser ainda mais claro — uma coisa 
que não tem dono, ou porque nunca teve, ou porque foi abandonada, adquire a propriedade da 
coisa, sem que seja necessário mais nada, independentemente de a pessoa querer ou não, ainda 
que logo em seguida solte a coisa. 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
Primeiramente, em nosso sistema, herdado do Direito Romano, a aquisição da propriedade das 
coisas móveis não depende de solenidades, e ocorre, em regra, com a tomada da posse. É claro 
que há mais de um modo de aquisição, cada um com suas peculiaridades, mas o elemento 
comum a todos é a posse. No caso específico da ocupação, a tomada da posse de uma coisa que 
nunca teve dono — res nullius, na tradicional expressão em latim — ou que fora abandonada 
pelo dono anterior — res derelicta. 
 
Partindo-se de uma permissa de que todas as coisas devem ter dono, vem a ideia, bastante antiga, 
de que o primeiro que vier a possuir a coisa sem dono “para logo lhe adquire a propriedade” — 
como consta, hoje, na redação do comando no Código Civil moçambicano. Veja-se: para logo, 
de imediato, incontinenti, para que cesse aquela situação excepcional de a coisa não ter dono. 
 
Ocupação de animais selvagens com guarida própria – art. 1320 do CC. 
Animais ferozes fugidos – art. 1321 do CC. 
Enxame de abelhas – art. 1322 do CC. 
Animais e coisas móveis perdidas – art. 1323 do CC. 
Tesouros – art. 1324 do CC. 
 
 
1.6.3. Acessão 
Da – se acessão, quando com a coisa que é propriedade de alguem, se une e incorpora outra que 
nao lhe pertencia, conforme reza o art. 1325 do CC. 
Acessão é o direito em razão do qual o proprietário de qualquer bem adquire também a 
propriedade de todos os acessórios que a ele aderem. É uma modificação quantitativa ou 
qualitativa, isto é, o aumento do volume ou do valor do objeto da propriedade. Assim, o 
proprietário de determinado terreno marginala um rio adquire a propriedade dos depósitos de 
terra que forem acrescidos pelas águas, ou dos frutos produzidos nele, isto é, de tudo que se 
incorpora natural ou industrialmente ao seu terreno. 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
Ou por outra, acessão é modo originário de aquisição do domínio, através dos acréscimos ou 
incorporação, natural ou artificial, de bem inesperadamente. Assim, são acréscimos que a coisa 
sofre no seu valor ou no volume em razão de elemento externo, normalmente pela natureza. 
 
Espécies 
Existem duas modalidades: 
 A natural, que ocorre quando a modificação ao bem advém de acontecimento natural, 
que nos termos do art. 1327 do CC, pertence ao dono da coisa tudo o que a esta acrescer 
por efeito da natureza; 
 A industrial ou artificial, quando tal modificação é resultado de trabalho do homem. 
 
Natural 
São quatro os tipos de acessão natural: a formação de ilhas; a aluvião; a avulsão; e o 
abandono de álveo. 
 A formação de ilhas é o aparecimento de terra descoberta em local onde existia um 
curso de água, podendo ocorrer por diversas razões (abalos sísmicos; depósito paulatino 
de sedimentos trazidos pela própria corrente; rebaixamento das águas; e etc). Vide art. 
1331 do CC. 
 
 A aluvião é o acréscimo de terra às margens de um rio, por movimento lento, sucessivo 
e imperceptível; ou o desvio natural das águas, descobrindo uma parte do terreno 
marginal. Vide art. 1328 do CC. 
 A avulsão é o repentino deslocamento de uma porção de terra ou qualquer objecto por 
força natural violenta. Vide o art. 1329 do CC. 
 O abandono de álveo é o rio que seca ou que se desvia em virtude de fenômeno natural. 
Vide art. 1330 do CC. 
 
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 Docente: LLM. Nhauza Boazinha 
 Lições de Direitos Reais 
Artificial ou industrial 
A acessão artificial se dá pelas plantações ou construções de obras que, por seu caráter acessório, 
passam a propriedade do dono do terreno onde foram realizadas. Nesta há intervensão humana. 
Conceito de acessões artificiais (art.s 1.253 a 1.259, CC): Resultam de trabalho humano, como 
plantações e construções (art. 1.248, V, CC), tendo caráter oneroso e submete-se à regra de que 
tudo aquilo que se incorpora ao bem, em razão de uma ação qualquer, cai sob o domínio do seu 
proprietário ante a presunção juris tantum. Pode ser mobiliária e imobiliária. 
 
 Mobiliária – é a união ou confusão do seu objecto com o objecto alheio ou vice versa, na 
qual pode ser de boa fé ou ma fé. 
União ou confusão de boa fé – art. 1333 do CC. 
União ou confusão de ma fé – art. 1334 do CC. 
Confusão casual – art. 1335 do CC. 
Especificação de boa fé – art. 1336 e ss do CC. 
 
 Imobiliária – é a construção, plantio ou sementeira da sua obra ou planta em terreno 
alheio ou a construção, sementeira ou plantação no seu terreno com material alheio. 
Obras, sementeiras ou plantações com materiais alheios – art. 1339 do CC. 
Obras, sementeiras ou plantações feitas de boa fé em terreno alheio – art. 1340 do CC e ss. 
Prolongamento de edificio por terreno alheio – 1343 do CC.

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