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Doenças e as suas causas No estudo das causas de doenças há que ter em conta que toda a intervenção médica está associada a algum risco para o doente: uma doença induzida pela atuação médica, quer pelo diálogo médico/doente, quer por ações (ex., prescrição de medicamentos) – diz-se doença iatrogénica Doenças iatrogénicas: reações adversas aos medicamentos 1 – dependentes da dose ou previsíveis - quando ocorrem em qualquer pessoa que tome uma dose exagerada de um medicamento Ex: . paracetamol pode conduzir a necrose hepática se ingerido em grandes doses 2 – independentes da dose ou reações idiossincráticas - quando ocorrem inesperadamente, este tipo de reacção deve corresponder a uma retirada imediata do medicamento e a uma terapêutica alternativa - as reações premissas: em que o medicamento, só por si, não produz mal nenhum, mas predispõe a outras doenças Ex. . alergia à penicilina A probabilidade de dano deve ser sempre analisada em relação ao benefício do doente: dano por negligência ≠ dano que resulta por uma intervenção apropriada e justificável pelas circunstâncias clínicas Agentes físicos – formam um grande grupo de possíveis causas de doença que incluem as lesões por: · - agentes mecânicos, · - calor, · - frio, · - radiações, · - eletricidade Agentes físicos – formam um grande grupo de possíveis causas de doença que incluem as lesões por: - agentes mecânicos, - calor, - frio, - radiações, e - eletricidade Traumatismos · é uma lesão que resulta do choque de um agente com um determinado organismo, comunicando-lhe uma força viva e danificando-o, · submeter os tecidos do organismo a forças de tração, compressão e corte 1 - Traumatismo direto – quando os efeitos do traumatismo se localizam na área da agressão 2 – Traumatismo indireto – quando as lesões ocorrem em áreas distintas do ponto de aplicação do traumatismo Consequências dos Traumatismos consoante a gravidade do traumatismo, podemos encontrar: 1 – lesão superficial e/ou profunda – condicionada pela: a - energia envolvida – dependente da cinética do movimento e da massa do objecto (Ex., um objecto mais pesado possui uma energia cinética maior) b - duração do impacto – para uma determinada energia, se aduração do impacto é maior, há mais tempo para o órgão “absorver” esta energia sem se danificar c – característica do tecido envolvido – a elasticidade de um órgão reflecte a sua capacidade de absorver energia, de resistir ao traumatismo mecânico e de recuperar com o mínimo de lesão d – área envolvida – quanto maior a superfície envolvida, menos séria é a lesão mecânica, pois quando a força se espalha sobre uma grande área, qualquer pequena parte de tecido terá sobre si uma pequena porção do total envolvido ao contrário, se a mesma força se espalha numa área mais pequena, cada um dos órgãos envolvidos absorverá mais energia, com um risco de esmagamento maior 2 - dor – devido aos mediadores químicos libertados pela resposta inflamatória pós-traumática e pela resposta vagal, podendo originar uma lipotimia, a intensidade da dor está dependente da percepção pessoal e da localização da lesão (zonas mais ou menos inervadas) 3 – hemorragia – dependente dos vasos envolvidos, será mais ou menos intensa: . artérias, . veias, . capilares 4 – impotência funcional – incapacidade em realizar movimentos habituais, numa determinada articulação, dependendo do local do traumatismo 5 – infecção – desenvolve-se quando os tecidos afectados são incapazes de se defenderem eficazmente 6 – embolia – são exemplos de repercussão á distância dos traumatismos: . embolia gasosa – provocada pela entrada de ar nos vasos sanguíneos . embolia gorda – entrada de gordura (adipócitos) na circulação, proveniente da medula óssea, devido a fraturas ósseas 7 – resposta sistémica – os traumatismos graves provocam: . não só uma lesão local . mas também uma resposta sistémica integrada que promove a manutenção da pressão arterial e das respostas metabólicas . tornando possível o regresso á homeostasia do organismo após o traumatismo Ferida Traumatismo(lesão) em que há um continuidade na pele ou mucosa , a sua classificação é feita por mecanismos de produção ( arrancamento , pungente , incisa, contusa ) por agente causal ( mordedura , arma de fogo , arma branca , objeto metálico) e pela profundidade ( escoriações – epiderme , superficial –tecido subcutâneo , profunda- aponevrose, músculos, perfurante-órgãos , cavidades naturais). A identificação da ferida é feita pela sua profundidade , e os tecidos envolvidos Contusão · Traumatismo fechado sem continuidade na pele ou mucosa ; Há uma lesão dos pequenos vasos que permite a saída de sangue para o espaço tecidular, a superfície da pele mantem-se intacta. Qua o sai dos vasos coagula porque vai entrar em contacto fatores de coagulação , tromboplastina tecidular , que por sua vez vai ativar a vis extrínseca de coagulação. a hemoglobina sofre metabolicao que vai originado vários tons de pigmentação da pele no local da contusão : 1-vermelho-escuro, 2-ton azulados , 3-purpura , 4- castanho, 5-amarelo –esverdeado . · Existe 3 graus de contusão : 1ºgrau – equimose ( nodoa negra ) 2ºgrau –hematoma ou derrame seroso Maior coleção de sangue ou linfa , bem localiza , que vai dar origem ao hematoma , ou seroso , respectivamente. 3ºgrau- mais grave , necrose dos tecidos e da origem escara necrótica. As contusões são acompanhadas de dor: · na de 1º e 2º grau deve-se ao edema local , presença de sangue no espaço extravascular , aos mediadores químicos –resposta inflamatória . · na de 3ºgrau a dor é modera/ não existe – processo de necrose envolvido . A metabolização da hemoglobina produz um pigmento que se vai acumulando e origina vários tons de pigmentação da pele no local da contusão, com a seguinte evolução: 1º - vermelho-escuro 2º - tons azulados 3º - púrpura 4º - castanho 5º - amarelo-esverdeado A presença de macrófagos carregados de hemossiderina, no local da contusão, visíveis ao MO indica a ocorrência de hemorragia esse local Concussões · Não lesão anatómica visível, mas sim alterações nas funções celulares . · inclui-se num padrão regional do traumatismo , neste caso craniano · transferências abrupta de energia do traumatismo para o cérebro , provando uma paralisia da função nervosa imediata reversível. 1- Encefalopatia do pugilista – os pugilistas estão sujeitos a traumatismos repetidos de alta energia que provocam: . atrofia do lobo frontal . quistos no cérebro e tronco cerebral . alterações na substância branca periventricular . hematomas subdurais 2 – Síndrome do abanar do bebé – quando os bebés são abanados violentamente, e pelo facto da foice cerebral e o tentório do cérebro se encontram em fase de desenvolvimento: . sofrem uma maior rotação do cérebro . o que pode originar a lesões cerebrais fatais Pressão Atmosférica (Disbarismos) · disbarismos são alterações do organismo humano por mudanças da pressão atmosférica ambiental dificultam o equilíbrio da pressão interior do ouvido, que na hipopressao atmosférica, hiperpressão atmosférica Pressão atmosférica – corresponde ao peso da coluna de ar que actua sobre o ser humano e varia consoante a altura Pressão atmosférica global – é a soma das pressões parciais dos gases que compõem o ar: . Oxigénio (O2) . Dióxido de carbono (CO2) . Azoto (N) . Outros gases em quantidades mínimas hipopressão absoluta · origina hiperpressão relativa quando se passa de uma baixa pressão para uma pressão atmosférica mais alta Síndromes por Hipopressão Atmosférica 1 – Mal das Montanhas Agudo → provocado por diminuição da pressão parcial de O2 (PO2): · leva a anóxia tecidular · acontece nas 1ªs horas ou dias de permanência em zonas altas superiores a 2500 m (só se falharem os mecanismos de compensação à diminuição da PO2) → mecanismos de compensação: · taquipneia – para inalar mais ar · taquicardia – para aumentar o volume/minuto de sangue · poliglobulia– para aumentar a captação de O2 se a hipopressão persistir: hiperventilação secundária à taquipneia: . reduz o CO2 que origina: · hipocapnia · alcalose respiratória hipocapnia – diminui a sensibilidade do centro respiratório, para tentar equilibrar o CO2 perdido, o que obrigada a uma respiração forçada Edemas mais graves a- edema cerebral · resulta da vasodilatação das artérias intracranianas (devido à libertação de óxido nítrico pelas células endoteliais) · aumento do fluxo sanguíneo (porque ultrapassa a capacidade de autorregulação da circulação encefálica) · há saída de líquido intravascular para os tecidos intersticiais · hipertensão intracraniana: . cefaleias . vertigens . sonolência b – edema pulmonar: · pode surgir no regresso a uma altitude mais baixa · ou se se permanecer em grande altitude e houver activação do sistema nervoso simpático em resposta à hipoxia origina: . vasoconstrição dos vasos pulmonares . aumento da pressão hidrostática . saída de líquido do espaço intravascular para: tecido intersticial alvéolos 2 – Mal das Montanhas Crónico (Doença do Monge) → aparece nos indivíduos “aclimatados”: · manifesta-se tardiamente (anos) · melhora quando se regressa ao nível do mar → a hipoxia prolongada origina diminuição da atividade: · física · mental · astenia · anorexia · náuseas · dispneia · hipertensão pulmonar hiperpressão absoluta · originará hipopressao relativa quando se passa de uma pressão mais alta para uma pressão atmosférica mais baixa Síndromes por Hiperpressão Atmosférica Os síndromes mais característicos da hiperpressão atmosférica (relacionadas com a submersão na água ou com explosões), são: · relacionado com a água (sequencia de um mergulho ) . síndrome de intoxicação por azoto . síndrome de intoxicação por oxigénio . doença por descompressão · relacionado com explosões: . síndromes por ondas de pressão explosivas - acontecem nas ondas explosivas: → quer de transmissão aérea → quer de transmissão por água → quer de transmissão por sólidos no mergulho, por cada 10 m de profundidade: · a pressão duplica · o volume dos gases reduz-se a metade: → ao aumentar a pressão, aumenta a solubilidade dos gases, diminuindo o seu volume Azoto: · mais lipossolúvel do que hidrossolúvel · penetra facilmente no tecido nervoso, rico em lípidos Oxigénio: · mais hidrossolúvel · dissolve-se no soro 1 – Síndrome de Intoxicação por Azoto (embriaguez das profundidades): → surge quando o ar é respirado a altas pressões parciais (câmaras pneumáticas) - o ar comprimido com alta pressão parcial de azoto provoca: . Euforia . Alterações do comportamento e do raciocínio eficaz . Perigo de vida e/ou dos que o acompanham 2 – Síndrome de Intoxicação por Oxigénio → as principais manifestações clínicas são: a - a nível do SNC: . náuseas . contrações musculares . alteração da visão . convulsões b – a nível pulmonar: . atelectasia . edema 3 – Doença por Descompressão: → acontece quando o mergulhador ascende à superfície muito rapidamente: - na profundidade, os gases inertes respirados mantêm-se dissolvidos nos tecidos - o azoto liberta-se em bolhas originando êmbolos gasosos, principais responsáveis pela doença da descompressão: A - embolias extravasculares – as bolhas gasosas permanecem formaram: - nível musculocutâneo: . prurido (devido as microembolias na pele) . exantema . mialgias - nível neurológico: . cefaleias . perda de força muscular . alterações sensitivas B – embolias intravasculares – a libertação de azoto no interior dos vasos provoca tamponamento nos capilares e origina anoxia tecidular - os êmbolos gasosos podem chegar a locais distantes (ex: capilares pulmonares): . aumenta a pressão na artéria pulmonar . opressão torácica . tosse . dispneia - necrose óssea se a embolia gasosa afetar artérias que irrigam ossos c – hipertensão intratorácica – acontece se, na subida rápida, o mergulhador prende a respiração: · o volume de ar presente nos pulmões aumenta de volume com a subida e, se não for exalado · expande-se pelo parênquima pulmonar pode lesar as paredes dos alvéolos, e passar ao: . mediastino – pneumomediastino . pleura – pneumotórax . tecido subcutâneo – enfisema subcutâneo 4 – Síndrome por Ondas de Pressão Explosivas → surgem devido as explosões de botijas de gás ou explosões em minas de carvão causadas por gás metano, que geram ondas de pressão que actuam no corpo de 2 formas diferentes: A - a pressão das ondas pode entrar no organismo através de qualquer orifício: . boca . narinas . ânus - a pressão intraluminal de estruturas habitualmente preenchidas com ar (pulmão, intestinos), aumenta podendo originar: . ruptura . perfuração B – a pressão na superficie do corpo pode comprimir: . o tórax . o abdómen desta forma aumenta a pressão intracavitária, conduzindo a: . ruptura do diafragma . ruptura de vísceras sólidas: fígado baço a gravidade das lesões depende: . distância . força da explosão Termorregulação : regulação da temperatura corporal O importante é manter constante a temperatura corporal interna do núcleo central : - cérebro -tronco -abdómen Como se da termorregulação em termos fisiopatológicos · Temperatura corporal desce abaixo do normal – mecanismos de produção de calor –termogénese · Temperatura corporal sobe acima do normal –mecanismo de dissipação do calor – termólise Termogénese 1. ativação do metabolismo energético: · hipotálamo estimula o sistema nervoso simpático · córtex suprarrenal liberta adrenalina e noradrenalina · vai aumentar a tensão do musculo esquelético: tremores vasoconstrição ; · estimula hormona estimuladora da tiroide (TSH): aumenta a produção de calor, de forma mais lenta ) : · tiroide liberta tiroxina · atua sobre a medula suprarrenal · adrenalina para o sangue ao qual induz: vasoconstrição , estimula a glicose , aumentando o metabolismo energético e consequentemente 2. Vasoconstrição cutânea - por influência adrenérgica: · reduz-se o fluxo sanguíneo à superfície corporal · conservando-se a temperatura do núcleo central 3 – Contracção muscular Termólise O calor dissipa-se por transferência térmica , da pele para o meio ambiente por 4 formas : 1-conducao – transferência direta molécula para molécula: O sangue vai conduzir o calor do núcleo central para a superfície da pele , a dissipação deste vai dar-se par objetos ou um meio físico mais frio, por contacto direto com pele 2- radiação- transferência do calor para o meio ambiente através de ondas eletromecânicas Para isso a temperatura do meio ambiente tem que ser menor que a do corpo. 3- convecção O calor cutâneo dissipa-se através de correntes de ar que circundam a pele e estão em relação direta com a temperatura do ar e velocidade do vento. 4- evaporação –capacidade do organismo converter agua em vapor de agua (suor e ventilação pulmonar) Alterações na termorregulação normal · o Hipertermia · perda do controlo homeostático – subida datemperatura do núcleo central. · A acumulação do calor pode dever-se a : · -produção excessiva de calor · -diminuição da sua dissipação ( mal funcionamento da termólise ) · -calor do meio ambiente · -disfunção hipotalâmica · Fatores do hospedeiro que podem favorecer a progressão da hipertermia : 1. - exercício físico 2. -problemas cardiovasculares 3. -doenças cronicas 4. -medicamentos 5. -idade 6. -clima 7. -obesidade 8. roupa inadequada A nível clinico da hipertermia , por ordem crescente. · Cãibras: · Contração musculares involuntárias , dolorosas , afetam grupos musculares de maior esforço , acontece em pessoas que praticam exercício físico em ambiente quente sem hidratação , ocorre perda de sódio através do suor · Tratamento: beber soluço salina, permanecer em ambientes frescos · Esgotamento por calor · Acontece em pessoas que não aclimatizadas , em idosos , que perdem agua e sódio por sudorese intensa. · As condições favoráveis são : horas de calor ; ausência de vento ; diminuição de convecção humidade evaporação , a temperatura do núcleo central sofre um ligeiro aumento , sede intensa , cansaço , taquicardia, sincope , cefaleias , irritabilidade ( crianças) hiperventilação · Tratamento : recuperação em local fresco · Golpe de calor · Potencialmente letal. · O quadro clinico é caracterizado , por uma resposta inflamatória aguda , manifestações sistemáticas , aumento da temperatura interna. · Os sinais e sintomas podem ser a confusão, delírio ,perda de consciência ,edema cerebral , lesões no SNC , vasodilatação periférica- ( falha na circulação periférica , conduz ao choque ( por calor) , necrose isquémica do tecidos , pele quente e seca devido a anidrose ( ausência de suor)) · Tratamento: colocar o individuo em local fresco e submergi-lo em agua tépida. Vários mecanismos em jogo no golpe de calor. · -ineficácia da termólise · -hipoperfusao de órgão · -alterações renais · -Acão direta do calor sobre as células · -diminuição da síntese de proteínas de choque térmico · resposta inflamatória sistémica · -lesões oxidativas
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