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MÓDULO 3 - FONTES, INTERPRETAÇÃO E EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL

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MÓDULO III
 
I – Fontes
 
São fontes do Direito os meios de produção ou expressão da norma jurídica.
O artigo 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) tem a seguinte redação:
“Art. 4º  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”
Assim temos que são fontes do direito a lei, a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Classificando de forma hierárquica, a principal fonte do direito é a lei e as fontes secundárias são a analogia (não é fonte, mas sim um método de integração), costumes e princípios gerais de direito. Há ainda quem considere a doutrina, a jurisprudência e os brocardos jurídicos como fontes secundárias do direito. Entre as fontes secundárias não existe hierarquia, mas sim cronologia.
A lei é o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de caráter geral e obrigatório. Ela tem como características:
(i) generalidade – dirigida a todos os cidadãos de forma indistinta. Porém podem ser dirigidas a uma determinada categoria. Ex: funcionários públicos;
(ii) imperatividade -  impõe uma conduta, uma ordem, um comando;
(iii) autorizamento -  autoriza ao lesado a exigência de seu cumprimento ou reparação pelo mal experimentado;
(iv) permanência – duram até que sejam revogadas. Exceto as leis temporárias; e
(v) emanadas pela autoridade competente – ato exclusivo do Poder Legislativo.
 
Assim, pode-se dizer que a primeira fonte do Direito Processual é a própria Constituição Federal, haja vista a constitucionalização do Direito Processual Civil. Por exemplo: art. 5º, XXXV, CF.
Ainda podemos considerar que as normas estão hierarquicamente organizadas nos termos do artigo 59 da Constituição Federal:
“Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.”
 
Como fonte secundária do Direito, a analogia trata da aplicação a um caso não regulado de modo direto por uma norma jurídica, de uma prescrição normativa prevista por uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado, fundando-se na identidade do motivo da norma e não do fato.
A analogia pode ser dividida em:
legis – aplicação da norma jurídica semelhante ao caso concreto não contemplado por lei; e
 iuris – aplicação de qualquer forma existente.
Outra fonte do direito são os costumes. Podemos definir costume como sendo uma norma aceita como obrigatória pela consciência do povo, sem que o Poder Público a tenha estabelecido. Para que seja reputada uma fonte do direito são necessários dois requisitos:
(i) subjetivo – é a crença da obrigatoriedade, pois em caso de descumprimento incide sanção; e
(ii) objetivo – é a constância na realização do ato.
Convém apontar que o costume difere do hábito, pois nesse não existe o elemento subjetivo, ou seja, a crença na obrigatoriedade.
E quanto aos princípios gerais de direito temos que os mesmos são fontes de caráter geral que regem um conjunto de fenômenos fundamentais admitidos como base da ciência do direito. São considerados como a espinha dorsal de todos os ramos do Direito no ordenamento jurídico, portanto são normas elementares que dão base estrutural ao Direito, definindo a conduta a ser tida em qualquer relação jurídica.
Por outro lado, o próprio CPC e as Leis Extravagantes também são fontes do Direito Processual, além da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN) – Lei Complementar nº 35/79.
 
II - Interpretação
É a função de descobrir o sentido e o alcance da norma, buscando o significado dos conceitos jurídicos.
Toda norma precisa ser interpretada. A finalidade da interpretação normativa é revelar o sentido da norma e fixar o seu alcance.
O artigo 5º da citada LINDB foi redigido da seguinte forma:
“Art. 5º  Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”
Existem algumas técnicas que auxiliam o operador do direito na tarefa de interpretação normativa, conforme abaixo transcritas:
 (i) Gramatical/literal – verificação do sentido dos vocábulos do texto;  
(ii) Lógica – análise para tentar verificar a existência de antinomias;  
(iii) Sistemática – interpretação que leva em consideração o sistema em que se insere a norma, relacionando-a com outras que tem o mesmo objetivo;
(iv) Histórica – baseia-se no estudo do antecedente da norma;
(v) Sociológico/Teleológica – interpretação que busca atingir os fins sociais da norma;
(vi) Doutrinária: análise feita pelos doutos (juristas);
(vii) Jurisprudencial: realizada pelos juízes e tribunais;
(viii) Autêntica: análise pelos próprios legisladores;
(ix)  Declarativa: declara o alcance da norma;
(x) Extensiva: estende o alcance da norma;
(xi) Restritiva: restringe o alcance da norma;
(xii)“Ab-rogante”: reconhece que o preceito interpretado é inaplicável.
 
Importante observar que não há hierarquia entre estes métodos, pois eles são instrumentos teóricos à disposição do aplicador do direito para viabilizar a interpretação normativa.
 
III - Eficácia da Norma Processual
           
A norma jurídica tem a sua eficácia limitada tanto no espaço quanto no tempo, isto é, aplica-se apenas dentro de dado território e por certo período do tempo.
A eficácia da norma processual no espaço é regulada pelo princípio da territorialidade.
A lei processual, em relação ao território, tem por finalidade disciplinar a atividade jurisdicional, que é uma das formas de manifestação do Poder soberano do Estado.
 Obviamente o juiz não deve ignorar a aplicação da lei estrangeira, porém deve atentar para qual caso ela poderá ser aplicada, nos termos do artigo 13 do Código de Processo Civil vigente:
“Art. 13.  A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.”
Assim, tal artigo reconhece a regra da validade espacial do ordenamento jurídico interno para a regulamentação da jurisdição civil brasileira e ressalta a possibilidade de influência das normas de Direito Internacional no exercício da jurisdição interna, quando ratificadas pelo Brasil.
Exemplo claro de soberania da lei processual brasileira pode ser encontrado no § 1º do artigo 10 da LINDB:
“Art.  10.  A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.”
Tal dispositivo legal foi praticamente repetido no inciso II do artigo 23 do novo CPC:
“Art. 23.  Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
[...]
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;”
 
Além disso, a lei difere de Estado para Estado, dentro do país. Mesmo dentro de cada Estado, há uma alteração da lei para acompanhar a evolução dos fenômenos sociais, surgindo novas leis em substituição às anteriores.
 
Por sua vez, a eficácia da norma processual no tempo importa em dizer que as normas processuais estão sujeitas à eficácia temporal das leis, constantes da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB):
“Art. 1º -  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º -  Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
(...)
§ 3º -  Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4o  As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.”
                                  
“Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.”
           
Assim, a lei é condicionada ao tempo, tendo seu início, em regra, conforme o comando do art. 1º da LINDB.
A lei não atinge fatos pretéritos, da onde se extrai o princípio da irretroatividade – pois a CF estabelece que a lei nova não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF).
Além daquilo que está disposto na LINDB, o CPC atual também dispõe que o novo regramento processual terá aplicação imediata, ainda que o feito tenha se iniciado sob a vigência da lei revogada.
Diante disso, em relação às normas processuais, temos que as mesmas atingem o processo no estado em que ele se encontra, nos moldes do artigo 14 do CPC:
“Art. 14.  A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.”
 
Portanto os atos processuais validamente realizados à luz do sistema processual anterior não serão prejudicados, nem tampouco refeitos.
O novo CPC trata da aplicação temporal da lei processual, em conformidade com a previsão do artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal, e do art. 6º da LINDB, sobre o respeito da lei nova ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada, pois conforme o princípio do isolamento dos atos processuais, a norma processual aplica-se imediatamente aos processos em curso, no ponto em que estiverem, não retroagindo aos atos processuais realizados ou às situações jurídicas consolidadas na vigência da lei anterior.

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