Buscar

MÓDULO 6 JURISDIÇÃO CONCEITO OBJETIVOS DO ESTADO AO EXERCER A JURISDIÇÃO CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA JURISDIÇÃO ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO LIMITES DA JURISDIÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Jurisdição. Conceito.
Jurisdição é:
1) É o poder, função ou atividade de aplicar o direito a um fato concreto, pelos órgãos públicos destinados a tal, obtendo a justa composição da lide (Vicente Greco Filho).
· Poder: manifestação do poder estatal, porque atua cogentemente (manifestação de força) como manifestação de potestade do estado e o faz definitivamente em face das partes em conflito;
· Função: cumpre a finalidade de fazer valer a ordem jurídica posta em dúvida em virtude de uma pretensão resistida;
· Atividade: consiste numa série de atos e manifestações externas de declaração de direitos e de concretização de obrigações consagradas num título.
 
2) É o poder que toca ao Estado, entre as suas atividades soberanas, de formular e fazer atuar praticamente a regra jurídica concreta que, por força do direito vigente, disciplina determinada situação jurídica (Enrico Túllio Liebman).
3) É a função do Estado de realizar e declarar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida. (Humberto Theodoro Jr.)
· Vimos que a função jurisdicional só atua em casos concretos de conflito de interesses (lide ou litígio) e sempre na dependência da invocação dos interessados, contrariamente, por ex., da função legislativa, que é exercida em abstrato.
· Não são todos os conflitos de interesses que se compõe por meio de jurisdição, mas apenas aqueles que configuram a lide ou litígio.
· Lide ou Litígio é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. Sem lide não há interesse de se instaurar uma relação jurídica processual.
· A Jurisdição é função precípua do Estado, através do Poder Judiciário. Foi Montesquieu que propôs uma divisão correspondente à atividade do Estado. Não há divisão de poderes, pois este é uno; O que existe é divisão dos órgãos para exercer as distintas funções do Estado: Poder Executivo; Legislativo e Judiciário.
· Distinção entre as funções: a legislativa é a elaboração da lei; a jurisdicional é a aplicação da lei, sendo que em alguns casos o juiz pode “criar’o direito, ao utilizar a analogia e a equidade; da executiva, o Estado administra seus próprios interesses, sendo que a jurisdição é substitutiva, ou seja, atua em substituição a atividade das partes para a tutela de direitos subjetivos lesados.
· Processo: O processo é o método, ou seja, "o sistema de compor a lide em juízo mediante de uma relação jurídica vinculada de direito público". (Humberto Theodoro Jr.)
· Ação: Já a ação "é o direito público subjetivo abstrato, exercitável pela parte para exigir do Estado a obrigação da prestação jurisdicional." (Humberto Theodoro Jr.)
 
Objetivos do Estado ao exercer a jurisdição.
            O Estado tem por objetivo exercer a jurisdição das seguintes formas: pela decisão, pela execução e pelas medidas preventivas ou cautelares.
a. Tutela Jurisdicional de Conhecimento ou de declaração: é aquele que o juiz conhece a lide colocada e a soluciona através da aplicação da lei ao caso concreto, proferindo uma decisão. Instaura um processo, chamado de processo de conhecimento.
b. Tutela Jurisdicional de Execução: dá força ao comando da sentença caso o vencido não satisfaça sua obrigação espontaneamente. Instaura o processo de execução.
 
Características da jurisdição.
 
            A jurisdição apresenta as seguintes características:
a. Substitutiva ou secundária: pois o Estado substitui a atividade das partes (atividade primária), que estão em conflito na lide, e são proibidas de fazer “justiça pelas próprias mãos”. No penal, esta característica é absoluta, pois nunca o direito de punir pode ser exercido independente do processo e o acusado submeter-se voluntariamente a aplicação da pena, o que já não ocorre no processo civil, que é possível a autocomposição. Dessa forma, o juiz aplica a lei, na condição de terceiro estranho (heterocomposição), alheio aos interesses envolvidos no caso. A substitutividade está ligada à imparcialidade da jurisdição. Imparcialidade está no sentido de não parte, ou seja, um terceiro estranho e independente em relação ao caso concreto. O juiz é imparcial mesmo quando julga uma lide envolvendo o Poder Público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios etc.). Por essa razão, o Poder Judiciário e os magistrados são cercados de garantias institucionais e pessoais (CF, arts. 93, 95 e 96). Assim, a imparcialidade é assegurada pelo princípio da separação dos poderes, com a atribuição da função jurisdicionalao Poder Judiciário (CF, art. 99), pela consagração de garantias institucionais aos órgãos judiciários e pessoais aos juízes (CF, art. 95) e pelo princípio do juiz natural (CF, art. 5º, XXXVII e LIII). (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini)
b. Instrumental: torna efetiva e concreta a atuação prática das regras de direito, abstratas e genéricas, previstas no ordenamento jurídico.
c. Definitiva e imutável (reserva de sentença): impossibilidade da mudança da sentença proferida durante o processo, não admitindo revisão por outro poder, diferentemente das decisões administrativas (art. 5o. XXXVI CF/88). Nesse sentido, a doutrina ensina que: "A jurisdição não é apenas imperativa, mas também tende a ser imutável. Isso se relaciona com aquilo que a doutrina denomina 'reserva de sentença', que significa que as decisões proferidas no exercício do Poder Jurisdicional não poderão ser revistas pelos outros Poderes estatais. Mais ainda, muitas vezes as decisões judiciais não podem ser revistas nem mesmo pelo próprio Judiciário. A esse segundo aspecto concerne o instituto da coisa julgada." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini)
d. Natureza Declaratória: O Estado, ao exercer a jurisdição, não cria direitos subjetivos, mas tão somente reconhece os direitos preexistentes.
e. Escopo jurídico: é a atuação (cumprimento, realização) das normas de direito substancial (direito objetivo) e a pacificação social.
f. Lide: a função da jurisdição é a justa composição da lide, buscando o mesmo resultado quanto à pretensão deduzida que poderia ter sido satisfeita pelo obrigado.
g. Imperatividade: As decisões preferidas pelos magistrados são imubída de autoridade, razão pela qual são impostas às partes, independentemente de concordância ou não com a decisão. Por esse motivo, é dever das partes, de seus advogados e de todo aquele que de alguma forma participe do processo "cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação" (CPC, art. 77, IV). Se houver violação de tal dever, implica a aplicação de multa pelo magistrado de até 20% do valor da causa, sem prejuízo de outras sanções civis, penais e processuais (CPC, art. 77, § 2º), inclusive a tipificação no crime de desobediência (CP, art. 330), dentro de certas condições, pode caracterizar-se pelo descumprimento de ordens judiciais. (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini)
 
Princípios fundamentais da jurisdição.
            Muito embora o tema já tenha sido abordado em outros módulos, alguns dos princípios do direito processual estão intimamente ligados com a jurisdição.
i. Inércia: a atividade jurisdicional desenvolve-se somente quando provocada. (Art. 2 do CPC - Garantia de Imparcialidade do juiz - Ne procedat iudex ex-officio.) Como os direitos subjetivos, em princípio, são disponíveis, podendo ser ou não exercidos, também o acesso aos órgãos jurisdicionais fica entregue ao poder dispositivo do interessado. Contudo existem exceções à regra da inércia: execução trabalhista; decretação de falência no curso da recuperação judicial; abertura de inventário etc. Assim, o processo começa por iniciativa da parte, salvo as exceções previstas em lei.
ii. Inevitabilidade: não se pode opor qualquer instituto para impedir que a jurisdição alcance os seus objetivos e produza os seus efeitos; independe da vontade das partes aceitarem os eventuais efeitos do processo.
iii. Indelegabilidade: as atribuições do Judiciário só podem ser exercidas pelos seus respectivos órgãos. O juiz não pode delegar sua atividade a outro, externa ou internamente.Destaque-se que: "Quando as partes utilizam a arbitragem, não há delegação da jurisdição estatal aos árbitros. A fonte do poder dos árbitros é a própria liberdade das partes. Em regra, as partes são livres para solucionar seus conflitos sem ter de levá-lo ao juiz, desde que o faça de modo acorde, sem empregar a violência." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini)
iv. Juiz Natural: só pode atuar como juiz somente quem se enquadre em órgão judiciário previsto de modo expresso em norma jurídica constitucional. Proíbe os tribunais de exceção - art.5, XXXVII CF. Tribunal ou juízo de exceção é aquele criado após a ocorrência do fato e, por essa razão, não haverá a imparcialidade do julgador. Assim, é proibido a criação de juízo ad hoc para julgar determnada pessoa. A decorrência do juiz natural é que "ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente" (CF, art. 5º, LIII). Essa competência já está previamente estabelecida na Constituição Federal e nas leis. É isso que permite que haja a imparcialidade do julgador.
v. Duplo Grau de Jurisdição: a parte que não obteve a satisfação de sua pretensão em primeiro grau pode provocar um novo exame de seu processo por um órgão de segundo grau, diverso daquele que julgou anteriormente. Juízes mais experientes, órgãos colegiados, menor probabilidade de erro, etc.
vi. Investidura: a jurisdição só pode ser exercida por quem se ache legitimamente investido do poder jurisdicional.
vii. Aderência ao Território: os Magistrados só possuem poder dentro dos limites territoriais, só podendo praticar atos processuais dentro de um determinado limite territorial, e quando necessária a prática de atos fora dos limites territoriais os atos são praticados por cartas (precatórias e rogatórias).
viii. Inafastabilidade: também chamado de princípio do controle jurisdicional, visa garantir a todos o acesso ao Poder Jurisdicional, nem mesmo o juiz pode deixar de decidir alegando lacuna ou obscuridade da lei. (art. 5º. XXXV – art. 3º CPC). A doutrina aponta que: "A inafastabilidade manifesta-se de diversas formas: primeiramente, quando se determina que, entre os órgãos estatais, a função jurisdicional é exercida única e exclusivamente pelo Poder Judiciário; em segundo lugar, quando veda o estabelecimento de obstáculos à submissão de conflitos ao Judiciário; depois, ainda, quando proíbe o juiz de eximir-se do exercício da função diante do caso concreto, ainda que existam lacunas ou obscuridades na lei (art. 140 do CPC/2015 e art. 4º da LINDB); por fim, quando exige que os ógãos judicias deem aos jurisdicionados uma resposta justa e eficiente." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini)
 
Espécies de jurisdição. Limites da jurisdição.
            Embora a atividade jurisdicional seja una, tendo em vista o princípio da divisão do trabalho e a diferença de matéria jurídica a ser manipulada pelo juiz, didaticamente se fala em espécies de jurisdição.
 
· Quanto à matéria: (conforme a natureza da pretensão)
a. Penal: versa sobre as lides de natureza penal, que são reguladas pelo direito penal, sendo o instrumento de composição o processo penal;
b. Especial: versa sobre as lides de natureza especial, ou seja, trabalhista, militar penal e eleitoral;
c. Civil: por exclusão, que versa sobre lides de natureza não penal, excluídas as lides especiais, cujo instrumento é o processo civil.
A Jurisdição Penal e Civil formam a chamada Jurisdição Comum, ao lado da Jurisdição Especial.
 
· Quanto ao grau em que é exercida: (Princípio do duplo grau de jurisdição)
a. Jurisdição Inferior: exercida pelo primeiro órgão a conhecer da causa submetida ao Estado-juiz. Fala-se em competência originária; (1ª Instância);
b. Jurisdição Superior: exercida pelo órgão que conhece da causa em grau de recurso. Fala-se em competência recursal. (2ª Instância); (competência originária dos Tribunais);
 
· Jurisdição Contenciosa e Voluntária ou Graciosa
A doutrina aponta que: "Jurisdição contenciosa é a jurisdição propriamente dita, isto é, aquela função que o Estado desempenha na pacificação ou composição dos litígios. Pressupõe controvérsia entre as partes (lide), a ser solucionada pelo juiz. Na ordem constitucional, a justiça foi expressamente concebida como a prestadora da função jurisdicional necessária  para tutelar os direitos lesados ou ameaçados de lesão (CF, art. 5º, XXXV). Assim, na base do processo, por meio do qual atua a jurisdição, nos moldes constitucionais, está sempre o litígio  a ser composto pelo provimento jurisdicional. (Humberto Theodoro Jr.)           
Com relação a Jurisdição, vimos que:
a. seu objetivo é a composição dos conflitos de interesses qualificados por uma pretensão resistida, ou seja, existe a ideia de contenda, contestação, litígio, oposição;
b. pressupõe a existência de partes, o sujeito ativo, titular da pretensão subordinante ou protegida pelo direito e o sujeito passivo ou titular da pretensão subordinada, denominados autor e réu;
c. possibilidade do contraditório, ou seja, ao réu é dada a oportunidade de defender-se, contrariar a sujeição pretendida pelo autor;
d. decisões fazem coisa julgada, ou seja, as decisões proferidas em decorrência do conflito de interesses torna-se imutável ou irrevogável, quando transitada em julgado, tendo assim colocado fim ao exercício da função jurisdicional;
 
Dessas características podemos definir a jurisdição voluntária ou graciosa:
1) É a atividade aditiva do Poder Judiciário destinada a tutela direitos individuais em determinados negócios ou atos jurídicos, segundo previsão taxativa em lei;
2) Administração de interesses privados pelos órgãos jurisdicionais;
Segundo a doutrina "ao Poder Judiciário são, também, atribuídas certas funções em que predomina o caráter administrativo e que são desempenhadas sem o pressuposto do litígio. Trata-se da chamada jurisdição voluntária, em que o juiz apenas realiza gestão pública em torno de interesses privados, como se dá nas nomeações de tutores, nas alienações de bens de incapazes, divórcio e separação consensuais etc. Aqui não há lide nem partes, mas apenas um negócio jurídico-processual envolvendo o juiz e os interessados." (Humberto Theodor Jr.)
 
            A Jurisdição Voluntária versa sobre interesses que não estão em conflito.
            O Estado intervém na administração de vários interesses privados, conquanto isso venha a limitar a atuação de seus titulares. Ex: tutela do nascimento e do óbito; reconhecimento de filhos; formação de pessoas jurídicas através de seus atos constitutivos; formação de fundações com supervisão do Ministério Público, etc..
            Mas há certa categoria de interesses privados cuja tutela foi deixada a cargo dos órgãos jurisdicionais, tendo em vista as suas condições peculiares: a) nomeação de tutores ou curadores; b) autorização para venda de bens de menores; c) suprimento do consentimento para casamento; d) separação consensual; e) abertura de testamento... Tais interesses tutelados pelos órgãos judiciários não estão em conflitos, mas somente para a proteção dos seus respectivos titulares.
            Na jurisdição voluntária: não existem interesses em conflito, não se fala em partes, mas em interessados; não há contraditório, pois não há o que contestar; chamada de Jurisdição Graciosa, pois a jurisdição é uma espécie de graça, um favor, um benefício do Estado ao Interessado;  chamada também de jurisdição administrativa, pois é administração pública de interesses privados pelos órgãos jurisdicionais, devendo entretanto ser evitada tal denominação para não confundir com o contencioso administrativo.
Substitutivos da jurisdição
A jurisdição é atividade estatal provocada e, por essa razão, a parte tem disponibilidade, podendo encontrar solução da lide por outros caminhos que não o Poder Judiciário. Dessa forma, o direito brasileiro dispõe de autocomposição da lide e a solução do litígio por decisão de pessoas estranhas ao aparelhamento judiciário, no caso, os árbitros. (Humberto Theodoro Jr.)
O § 1º, do art. 3º, do CPC prescreve que "é permitida aarbitragem, na forma da lei." O § 2º, do mesmo artigo, prevê que "o Estado promover´, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos." E, finalmente, o § 3º, dispõe que "a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial." (grifo não está no original)
A autocomposição está ligada à transação e conciliação e a decisão da lide fora da máquina judiciária ocorre por meio do juízo arbitral.
Humberto Theodoro Jr. destaca que "A transação é o negócio jurídico em que os sujeitos da lide fazem concessões recíprocas para afastar a controvérsia estabelecida entre eles. Pode ocorrer antes da instauração do processo ou na sua pendência. No primeiro caso, impede a abertura da relação processual, e, no segundo, põe fim ao processo, com solução de mérito, apenas homologada pelo juiz (NCPC, art. 487, III, b)."
Já a conciliação é uma transação obtida em juízo, com a intervenção do juiz, ou do conciliaro ou mediador, em que houver, antes do início da instrução processual. Com a efetivação do acordo, será reduzido a termo e homologado pelo juiz por meio de sentença, com resolução de mérito (CPC, art. 334, § 11). (Humberto Theodoro Jr.)
Sobre juízo arbitral (Lei nº 9.307, de 23.09.1996), Humberto Theodoro Jr. pontua que "importa renúncia à via judiciária estatal, confiando as partes a solução da lide a pessoas desinteressadas, mas não pertencentes aos quadros do Poder Judiciário. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário (art. 31 da citada Lei). O Novo Código é expresso ao afirmar, no art. 3º, § 1º, ser permitida a arbitragem na forma da lei. Ainda tratou da alegação de convenção de arbitragem em capítulo próprio (capítulo VI, do Livro I, da Parte Especial), no art. 337, X e seu § 6º. (...) Corrente antiga, apegada às estruturas civilísticas, recusava o caráter jurisdicional ao juízo arbitral, classificando-o como meio contratual de composição de conflitos. Hoje, o tratamento que nosso direito positivo lhe dispensa atribui à sentença arbitral a natureza de título executivo judicial, de sorte que não se pode continuar tratando a arbitragem como mero substitutivo da jurisdição. Embora desenvolvido fora dos quadros do Poder Judiciário, o procedimento em questão tem a mesma natureza, a mesma função e a mesma força dos atos judiciais contenciosos."
Essas formas extrajudicias de composição das lides devem observar o seguinte: (a) só podem ocorrer entre pessoas maiores e capazes; (b) a controvérsia deve se referir a bens patrimoniais ou direitos disponíveis.
Jurisidição interna e externa
É uma classificação que se refere à soberania de cada Estado-nação. A jurisdição interna é a jurisdição nacional, conforme as regras de competência estabelecidas na Constituição Federal e nas leis internas, e a externa, é aquela atribuída aos outros países ou por organismos supraestatais. (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamin)
Processo administrativo
O "processo administrativo", no direito brasileiro, não tem natureza jurisdicional. Na realidade é um procedimento, onde se observa o contraditório e a ampla defesa, realizado por órgãos ou agentes públicos, que se desenvolve dentro do exercício da atividade administrativa e não jurisdicional. (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamin)
O processo administrativo, em regra, é realizado por órgãos da Administração Pública. Oberve-se que os órgãos do Poder Judiciário e do Poder Legislativo também desenvolvem atividades administrativas, no âmbito de sua própria gestão. Portanto, existem processos administrativos realizados por esses dois poderes. Isso ocorre quando eles não estão desempenhando suas funções típicas (jurisdicional e legislativa, respectivamente), mas estão cumprindo atividades administrativas no âmbito da função atípica. (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamin)
No âmbito da Administração Pública existem os chamados "tribunais administrativos". Apesar do nome, são órgãos que não desempenham atividade jurisdicional, muito embora conduzam processos e decidam questões. Como regra, eles se encontram no âmbito do Poder Executivo. Por exemplo: o Tribunal Marítimo (Lei 2.180/1954), as agências reguladoras (ex.: Anatel, ANTAQ, ANEEL etc.), os Conselhos de Contribuíntes e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Excepcionalmente, existem alguns "tribunais administrativos" na estrutura do Poder Judiciário, como, por exemplo, o Conselho Nacional de Justiça, e do Poder Legislativo, como, por exemplo, os Tribunais de Contas.
A doutrina destaca que: "As controvérsias resolvidas por esses órgãos muitas vezes envolvem, de um lado, o próprio ente público em que tais órgãos estão inseridos e, de outro lado, um particular (ex.: o Conselho de Contribuíntes julga impugnações feitas pelo contribuinte em face do Fisco). Mas ainda que por vezes as resoluções das controvérsias por tais órgãos se deem por heterocomposição (isto é, por um sujeito isento que analisa o conflito concreto entre dois sujeitos em disputa), elas não têm por escopo único e final atuar concretamente o ordenamento jurídico, mas sim desenvolver outras atividades de consecução do interesse da coletividade (por exemplo, o equacionamento do conflito entre duas empresas fabricantes de cerveja que uma decisão do Cade eventualemtne venha a propiciar será reflexo da atividade de regulação concretamente exercida por tal órgão, e não o seu escopo último). Bem por isso, tais decisões não possuem aptidão para a coisa julgada e são suscetíveis a controle externo. Ou seja, elas poderão ser revistas posteriormente pelos órgãos jurisdicionais, em ações promovidas pelas partes interessadas." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamin)

Outros materiais