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MÓDULO 7 AÇÃO GENERALIDADES CONCEITO DE AÇÃO NATUREZA JURÍDICA CONDIÇÕES DA AÇÃO CONCEITO CARÊNCIA DA AÇÃO CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES

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Monopólio do Estado da justiça
O ordenamento jurídico brasileiro proíbe aos indivíduos fazer justiça pelas próprias mãos. Cabe ao Estado o monopólio da jurisdição, sendo, portanto, o encarregado da tutela jurídica dos direitos subjetivos, sempre que for provocado pelo interessado quando julgue que houve lesão ou ameaça a seus direitos. Desse monopólio da justiça decorrem duas consequências: "(a) a obrigação do Estado de prestar a tutela jurídica aos cidadãos; e (b) um verdadeiro e distinto direito subjetivo - o direito de ação - oponível ao estado-juiz, que se pode definir como o direito à jurisdição." (Humberto Theodoro Jr.)
Ação.
O Direito objetivo tutela certas categorias de interesses. Ao conflito de interesses regulado pelo direito, temos a relação jurídica:
i)  sujeito ativo ou titular do interesse protegido - direito subjetivo (concorrência da sua vontade); e
ii) sujeito passivo ou do interesse subordinante - obrigação.
Os conflitos de interesse são regulados pelo direito, devendo os sujeitos se submeter à ordem jurídica. Entretanto, pode ocorrer a resistência de um dos sujeitos em ter o seu interesse subordinado ao outro. Configura-se a lide, que é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida, pretensão essa de subordinação de um interesse ao outro.
Como a lide perturba a paz social, temos que o Estado, ao vedar a autodefesa, reservou para si a função de dirimir a lide e aplicar o direito, ou seja, a função jurisdicional.
Mas a jurisdição só pode ser exercida quando provocada (princípio “ne procedat judex ex oficio”), ou seja, é necessário que o sujeito exponha a sua pretensão a ser tutelada pelo juiz (art. 2° do CPC). Ao deduzir a sua pretensão, invoca a jurisdição, que aplicará o direito ao caso concreto.
Esse direito que o indivíduo tem de invocar a tutela jurisdicional do Estado corresponde ao direito de ação. Assim, "a parte, diante do Estado-juiz, dispõe de um poder jurídico, que consiste na faculdade de obter a tutela para os próprios direitos ou interesses, quando lesados ou ameaçados, ou para obter a definição das situações jurídicas controvertidas. É o direito de ação, de natureza pública, por referir-se a uma atividade pública, oficial, do Estado." (Humberto Theodoro Jr.)
A ação não é exercida apenas pelo autor, mas também pelo réu quando se opõe à pretensão do primeiro e pleiteia ao Estado um provimento contrário ao procurado por parte do demandante, ou seja, a declaração de ausência do direito subjetivo pleiteado pelo autor. Dessa forma, "tanto para o autor como para o réu, a ação é o direito a um pronunciamento estatal que solucione o litígio, fazendo desaparecer a incerteza ou a insegurança gerada pelo conflito de interesses, pouco importando qual seja a solução a ser dada pelo juiz. Essa bilateralidade do direito de ação fica bem evidente quando a lei não permite ao autor pôr fim ao processo sem resolução do mérito, por meio de desistência da ação, sem o assentimento do réu, se já ocorreu a sua citação (NCPC, art. 485, § 4º)." (Humberto Theodoro Jr.)
 
Generalidades.
O CPC atual abandona a teoria eclética adotada no CPC anterior e assim afasta as regulamentações do código anterior em que havia alguma referência à categoria “condições da ação” e adota o estudo do exame do interesse de agir e da legitimidade vinculado ao exame dos pressupostos processuais e a da possibilidade jurídica do pedido junto ao mérito.
Porém não podemos dizer que o exame da legitimidade da parte, do interesse de agir e da possibilidade jurídica do pedido deixe de existir no novo código de processo civil, mas apenas que as condições da ação serão eliminadas como um conceito autônomo.
Na novel legislação o exame funde-se ao binômio admissibilidade/mérito, portanto as questões que compõem o conceito de condições da ação passam, assim, a ser analisadas enquanto questões de mérito, no caso da possibilidade jurídica, ou como pressupostos processuais, na hipótese da legitimidade e interesse.
 
Conceito de ação.
 Esse pedido de tutela jurisdicional, essa provocação da jurisdição é chamada de direito de ação. A doutrina conceitua ação como:
i. o direito subjetivo que consiste no poder de produzir o evento a que está condicionado o efetivo exercício da função jurisdicional (Enrico Tulio Liebman);
ii. o direito de invocar a função jurisdicional (Moacyr Amaral dos Santos); ou ainda
iii. o direito ao exercício da atividade jurisdicional (Ada Pellegrini)
 
Natureza Jurídica.
A doutrina costuma classificar as teorias que tratam da ação em teorias monistas (unitária) e dualista, tomando por critério pertencer tal conceito tão somente ao plano do direito material ou tão somente ao direito processual (teorias unitárias), confrontando-se a formulação que a identifica em ambos os planos jurídicos (teoria dualista).
 
· Teoria Civilista - Com base no direito romano a ação era o direito de pedir em juízo o que se é devido (nihil aliud est actio quan ius, quo sibi debeatur, in indicio persequendi), ou seja, a ação, como processo, era simples capítulo do direito privado, do direito civil. Disso era possível extrair três consequências inevitáveis: não há ação sem direito; não há direito sem ação; e a ação segue a natureza do direito.
 
Polêmica entre Windscheid e Müther - Na Alemanha surgiu uma polêmica que se tornou famosa, entre Windscheid e Müther sobre incorporação da actio romana no direito contemporâneo. Para Windscheid, a actio era o próprio direito material e não um novo direito, surgido da violação daquele. Müther, confrotando as idéias de Windscheid, diferenciou o direito lesado do direito de ação. Segundo ele, a ação seria o direito à tutela do Estado, competindo tal direito a quem teve seu direito ofendido. Desta forma, distinguiu-se o direito subjetivo (direito a ser tutelado), do direito de ação (direito subjetivo público).
 
As principais críticas à teoria civilista dizem respeito à ação declaratória. Verifica-se que muitas são julgadas improcedentes, pois a sentença julgada infundada à pretensão do autor, isto é, houve exercício da ação até a improcedência, portanto existiu ação sem direito material.
 
· Teoria do Direito Concreto à Tutela - Adolpho Wach defendeu que ação é um direito autônomo, pois não tem por base um direito subjetivo ameaçado ou violado, assim também é possível a existência da ação para se obtiver uma simples declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica. A ação é dirigida contra o Estado (direito de exigir proteção jurídica) e também contra o adversário (do qual se  exige a sujeição). Porém  o direito de ação só existiria quando a sentença fosse favorável. A ação seria um direito público e concreto, ou seja, um direito existente em casos concretos em que existisse direito subjetivo a ser tutela.
 
Tal teoria não pode ser aceita, pois com a improcedência da demanda nada poderia se dizer a respeito dos atos processuais praticados até a sentença. E ainda não se pode conceber que toda ação seja dirigida contra o Estado propriamente dito.
 
· Teoria da Ação como direito potestativo – Para Chiovenda a ação é um direito autônomo, mas a ação não se dirige contra o Estado, mas sim contra o adversário (direito de provocar a atividade jurisdicional contra o adversário). Dessa forma o direito de ação seria um direito potestativo (direito de poder) tendente à produção de um efeito jurídico a favor de um sujeito e com ônus para outro, o qual nada pode fazer para evitar a atuação da lei. Tal teoria falha, pois os direitos potestativos caracterizam-se mais por serem meras faculdades quanto ao exercício do direito e não uma obrigação.
 
· Teoria da Ação no sentido abstrato – De acordo com Degenkolb (Alemanha) e com Plosz (Hungria), a chamada teoria da ação no sentido abstrato em confronto com as teorias que concebem a ação como direito de obter uma providência jurisdicional favorável no sentido concreto. Para eles o direito de ação independe da existência efetiva do direito invocado, pois basta apenas uma referência a um interesse a ser tutelado em abstrato pelo direito,para que o Estado exerça sua atividade jurisdicional, proferindo uma sentença, mesmo que contrária.
 
· Teoria Eclética da Ação - Tal teoria aponta que o direito de ação é autônomo e abstrato, e que ele só existirá se no processo estiverem presentes condições que o legitimem, isto é, que exista uma situação de fato, que só possa ser resolvida elas vias jurisdicionais. As condições da ação para a teoria eclética são: possibilidade jurídica do pedido, o legítimo interesse, e a legitimação para agir.
 
A doutrina dominante até o CPC de 1973 era ligada a teoria eclética da ação, contudo o atual código se afastou dela ao excluir a possibilidade jurídica do pedido das hipóteses de condições da ação, e ao tratar o exame do interesse e da legitimidade como pressupostos para apreciação do mérito. Atualmente, a aferição das "condições da ação" se faz por meio da teoria da asserção. Asserção significa afirmação. As condições das ação devem ser examinadas no estado das afirmações feitas pelo demandante em sua petição inicial. O Superior Tribunal de Justiça entende que o direito brasileiro adotou a teoria da asserção, conforme a ementa a seguir:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE NULIDADE DE PROMESSAS DE COMPRA E VENDA E DE PERMUTA DE IMÓVEL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. OMISSÃO INEXISTENTE. REFORMA DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE.
INTERESSE PROCESSUAL. LEGITIMIDADE ATIVA. CONDIÇÕES DA AÇÃO.
APLICABILIDADE DA TEORIA DA ASSERÇÃO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. SÚMULA Nº 7 DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. Não há violação ao art. 535, II, do CPC se foram analisadas as questões controvertidas objeto do recurso pelo Tribunal de origem, afigurando-se dispensável a manifestação expressa sobre todos os argumentos apresentados, especialmente no caso em que a análise aprofundada das condições da ação é obstada pela teoria da asserção.
2. As condições da ação, dentre elas o interesse processual e a legitimidade ativa, definem-se da narrativa formulada inicial, não da análise do mérito da demanda (teoria da asserção), razão pela qual não se recomenda ao julgador, na fase postulatória, se aprofundar no exame de tais preliminares.
3. A decisão das instâncias ordinárias sobre a necessidade de dilação probatória não pode ser revista em sede de recurso especial, sob pena de adentrar no conjunto fático-probatório dos autos (Súmula nº 7 do STJ).
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1561498/RJ, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/03/2016, DJe 07/03/2016)
 
Condições da Ação. Conceito.
A prestação jurisdicional não pode ser realizada de imediato e sem a participação da outra parte interessada, muito menos sem a necessária instrução probatória do julgador. Assim, impõe-se uma atividade dos interessados perante o Poder Judiciário que compreende, pelo lado das partes, as suas alegações dos fatos, as provas que pretendem apresentar e a demonstração do direito; e pelo lado do magistrado, a recepção das provas, sua apreciação e a determinação da norma geral e abstrata que deve ser concretizada para solucionar os fatos controvertidos, assim como sua efetiva aplicação ao caso dos autos (Humberto Theodoro Jr.).
Jurisdição, processo e ação são três elementos indissociáveis e representam a trilogia estrutural dos conceitos básicos ou fundamentais do direito processula civil (Humberto Theodoro Jr.). A prestação jurisdicional é realiazada por intermédio do processo e a ação pressupõe uma situação litigiosa concreta a ser dirimida e que o manejador do direito de ação tenha interesse tutelável. O processo é um método ou sistema e subordina-se a requisitos e condições indispensáveis à sua própria existência e eficácia. Assim, "não se pode alcançar, como é óbvio, a prestação jurisdicional mediante qualquer manifestação de vontade perante o órgão judicante. Tem-se, primeiro, que observar os requisitos de estabelecimento e desenvolvimento válidos da relação processual, como a capacidade da parte, a representação por advogado, a competência do juízo e a forma adequada do procedimento." (Humberto Theodoro Jr.). Se esses pressupostos não forem atendidos, não haverá viabilidade de desenvolver-se regularmente o processo. Assim, os pressupostos processuais atuam no plano da validade da relação processual. No entanto, para que o processo seja eficaz para atingir o objetivo buscado pela parte, não basta apenas a simples validade jurídica da relação processual regularmente estabelecida entre os interessados e o juiz. Para atingir-se a prestação jurisdicional, vale dizer, a solução do mérito, é necessário que a lide seja deduzida em juízo com a observância de alguns requisitos básicos, sem o que o juiz não está em situação de enfrentar o litígio e dar às partes uma solução que componha defintivamente a situação em conflito. Esses requisitos constitutivos são chamados condições da ação, cuja ausência, de qualquer um deles, leva à "carência de ação", e cujo exame deve ser realizado, em cada caso concreto, preliminarmente à apreciação do mérito, em caráter prejudicial. (Humberto Theodoro Jr.)
Para Frederico Marques condições da ação são os “requisitos necessários, conexos à pretensão formulada pelo autor, para que o Estado-Juiz dê por legítimo o exercício do direito de ação, com a justa composição da lide (se atendidos os pressupostos processuais)”.
“São requisitos que a ação deve preencher para que se profira uma decisão de mérito.” nos dizeres de Moacyr Amaral dos Santos.
Para Antonio Carlos Marcato as condições da ação “são os requisitos de existência do direito de ação”.
Atualmente, no CPC/2015 as condições da ação são a legitimidade das partes e o interesse processual ou interesse de agir (art. 17).
Contudo convém relembrar que no novo CPC as condições da ação deixam de ser um conceito autônomo e passam a ser analisadas como pressuposto processual.
 
Carência da ação.
A Ação é o direito de se invocar a tutela jurisdicional.
A Jurisdição, por sua vez, tem a função de aplicar o direito ao caso concreto.
Entretanto, para que a jurisdição seja exercida, necessária a provocação do Estado-Juiz, com a consequente instauração do processo, formação da relação jurídica processual e regular processamento com a final prolação de uma sentença de mérito.
Mas para que esse exercício ocorra são necessários certos requisitos ou condições, que dão existência ao direito de ação, para que seja proferida uma sentença de mérito, ou seja, antes de analisar o próprio pedido do autor, necessário se faz verificar se esse pedido pode ser conhecido pelo Estado.
O anterior CPC indicava como condições da ação: a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade das partes (legitimatio ad causam). Contudo atual CPC inovou e excluiu a possibilidade jurídica do pedido como uma das condições da ação, e manteve apenas o interesse a legitimidade das partes como condições da ação/pressuposto processual.
Isso é o que se depreende da redação do artigo 17 do CPC vigente:
Art. 17.  Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
Interesse de agir – a doutrina aponta que: "A condição da ação consistente no interesse processual (ou interesse de agir) compõe-se de dois aspectos, ligados entre si, que se podem traduzir no binômio necessidade-utilidade, embora haja setores na doutrina que prefiram traduzir esse binômio por necessidade-adequação ou mesmo aludir ao trinômio necessidade-utilidade-adequação. Configura-se o interesse com a necessidade de proteção jurisdicional e a utilidade e adequação das providências pleiteadas para suprir tal necessidade." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini). Geralmente, quando há a propositura da ação inadequada, também se está diante da inutilidade do pedido para fins que se pretende atingir. Nessa hipótese, a adequação é como se houvesse o fracionamento da utilidade. Entretanto, porém, é possível haver hipóteses em que o instrumento jurisdicional utilizado pelo demandante, embora seja útil, é objetivamente inadequado. Por exemplo,a falta de título executivo é caso de carência de interesse processual, pois "quem pede o pagamento de uma quantia valendo-se diretamente da via executiva, apesar de não ter título executivo, estará manejando um instrumento que lhe é útil, mas não é adequado" (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini). O interesse-necessidade ocorre sempre que o autor tenha a necessidade de exercer o direito de ação para ver satisfeita uma pretensão e, além disso, sempre que aquilo que se pede no processo seja útil sob o aspecto prático. Por exemplo, quando o locatário deixa de pagar os aluguéis no vencimento. Nesse exemplo, o locador terá necessidade da tutela jurisdicional para o reconhecimento do seu direito para receber os aluguéis ou a retomada do imóvel.
Legitimidade para a causa – é o elemento verificador da pertinência subjetiva da ação. A legitimação indica para cada processo as partes legítimas, ou seja, as pessoas que devem estar presentes, para que o juiz possa enfrentar o mérito. Nesse sentido: "Autor e réu devem ser partes legítimas. Isso quer dizer que, quanto ao primeiro, deve haver ligação entre ele e o objeto do direito afirmado em juízo. O autor, para que detenha legitimidade, em princípio deve ser titular da situação jurídica afirmada em juízo (arts. 17 e 18 do CPC/2015). Quanto ao réu, é preciso que exista relação de sujeição diante da pretensão do autor." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini).
Legitimação ordinária - é parte legítima para o exercício do direito de ação (legitimidade ativa) aquele que se afirma titular de determinado direito que precisa da tutela jurisdicional e é parte legítima para figurar no polo passivo (legitimidade passiva) aquele a quem caiba a observância do dever correlato àquele direito hipotético. A legitimação ordinária é um liame que se estabelece entre um objeto e um sujeito. (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini)
Legitimação extraordinária (substituição processual) - a regra é a legitimação ordinária, mas excepcionalmente admite-se a substituição processual ou a legitimação extraordinária. Significa que alguém pode pleitear em nome próprio direito alheio, se houver autorização legal (CPC, art. 18). "Exemplo de substituição processual é o do art. 3º da Lei 12.016/2009, que admite que, dentro de certas condições, um terceiro juridicamente interessado seja autor de mandado de segurança em nome próprio para defender direito cuja titularidade é de outrem. Também é caso de substituição processual a autorização que a Lei 6.404/1976 dá para que o acionista, em certas condições, ajuíze ação de reparação de danos em benefício da sociedade anônima (art. 159, § 3º). É também o que se tem quando a lei permite que o Ministério Público promova ação de investigação de paternidade no interesse de menor (art. 2º, §§ 4º e 5º da Lei 8.560/1992) ou que a OAB atue na defesa de interesse individual de um advogado (art. 54, II, da Lei 8.906/1994)." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini). Na tutela dos direitos difusos e coletivos atribui-se a determinados sujeitos, como os Ministério Público, pessoas de direito público, sindicatos, associações, o cidadão na ação popular, Defensoria Pública etc., a legitimação para atuar em nome próprio na defesa de um direito que não é propriamente titularizado individualmente por qualquer sujeito. (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini). Nessa hipótese estamos diante da legitimação extraordinária em sentido estrito.
A ausência da legitimidade ou interesse processual acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito (CPC, art. 485, VI). A falta da legitimidade ou interesse processual podem ser alegadas pelo réu em sua contestação como matéria preliminar (CPC, art. 337, XI), ou decididas de ofício pelo juiz em qualquer fase processual.
 
Classificação das ações.
A doutrina conhece vários critérios de classificações das ações, mas o que permanece, a tendência moderna é a classificação tendo em vista a providência jurisdicional.  Isto porque a ação é o meio de provocar a tutela jurisdicional, ou seja, de solicitar uma providência jurisdicional.
Classificação quanto ao tipo de providência jurisdicional pedido pelo autor: São classificadas em ações de conhecimento, ações de execução e ações urgentes.
 
· Ações de Conhecimento ou de cognição - provocam uma providência jurisdicional que reclama um processo regular de conhecimento. O processo se diz de conhecimento, pois é através dele que o juiz conhecerá da pretensão do autor, o motivo da resistência do réu, tomará contato com as provas para só então proferir uma sentença.
 
As ações de conhecimento subdividem-se em cinco grupos:
 
· ações meramente declaratórias: buscam apenas e tão somente uma declaração, quanto a existência ou inexistência de uma relação jurídica ou a autenticidade ou falsidade de um documento (CPC, arts. 19 e 20). O conflito entre as partes está na incerteza da relação jurídica. O objetivo da ação declaratória é eliminar uma dúvida objetiva a respeito de determinada situação jurídica. A ação declaratória negativa visa ao reconhecimento da inexistência de uma relação jurídica, por exemplo quando o devedor ingressa com ação pedindo ao Judiciário que declare que não existe o crédito. A ação declaratória positiva, por sua vez, objetiva a declaração da existência de uma relação jurídica, como ocorre, por exemplo, na ação de investigação de paternidade;
· ações condenatórias - são as que buscam a imposição de uma sentença condenatória, ou seja, que imponha uma sanção ao réu. Por exemplo, a condenação no pagamento de indenização por perdas e danos;
· ações constitutivas – nas ações constitutivas a parte busca a criação, modificação ou extinção de uma relação jurídica. O objetivo é dar efetividade, no plano material, ao direito potestativo, que é o direito a uma transformação jurídica, ou seja, a ação constitutiva declara a existência do direito potestativo e lhe dá atuação. (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini). A ação constitutiva pode ser negativa, como no caso da ação de divórcio que extingue o casamento e a ação de resolução de um contrato por inadimplemento. A ação constitutiva pode ser também positiva, quando se objetiva criar, constituir determinada situação jurídica. "Exemplo: A celebrou compromisso de compra e venda de imóvel com B; pactuou-se que, depois que fossem pagas por B as dez parcelas do preço, as partes celebrariam o contrato definitivo de compra e venda, cujo registro na matrícula do bem implicaria a transferência da propriedade do imóvel de B para A. Mas B, a despetio de receber todas as parcelas oportunamente, recusa-se a celebrar o contrato definitivo. Então, A entra com ação para suprir a necessidade da manifestação de vontade de B; se a ação for julgada procedente e B insistir em não assinar a escritura de compra e venda, a própria sentença produzirá o resultado jurídico que se teria com tal contrato, valendo como título para a transferência da propriedade do bem. Ou seja, ela constitui a situação jurídica que adviria de tal contrato." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini);
· Ações mandamentais - têm como objetivo a obtenção de sentença em que o magistrado emite uma ordem, cujo descumprimento, por que a receba, caracteriza desobediência à autoridade passível de sanções, inclusive no aspecto penal (CP, art. 330 que tipifica o crime de desobediência). São exemplos: sentenças proferidas no mandado de segurança e nas ações que tenham por objeto obrigação de fazer ou de não fazer.
· Ações executiva "lato sensu" - Nesses tipos de ações a doutrina ensina que: "são espécie de ação que contêm um passo além daquilo que a parte obtém com uma ação condenatória. Nas executivas 'lato sensu' há, tal como nas condenatórias, uma autorização para executar. No entanto, diferentemente da regra das ações condenatórias, a produção de efeitos práticos, no mundo dos fatos, independe, na ação executiva 'lato sensu',  de  posterior requerimento de execução. Vale dizer: a ação condenatória produz sentença que, se for de procedência, exigirá nova provocação do  interessado,pleiteando o cumprimento da sentença. Já a ação executiva 'lato sensu' disso não necessita,  estando sua sentença apta a diretamente determinar a produção dos efeitos de  transformação no mundo empírico. Em suma, a sentença de procedência dessa categoria de  ação  não apenas é executada no próprio processo em que proferida, como  ainda sua execução independe de requerimento do interessado. Trata-se de   modelo de sentença em que o juiz age de ofício, independentemente dos parâmetros procedimentais tradicionalmente consagrados para o  cumprimento de sentença." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini).
 
 
· Ações Executivas - São as que provocam providências jurisdicionais de execução, ou seja, pede-se a realização da atos executórios que tornem efetiva a sanção, ou seja, "busca-se, pela intervenção do juiz, resultado prático, fisicamente concreto (ex.: a retirada de um bem do patrimônio do devedor e sua entrega ao credor; a expropriação e alienação de bens do devedor e entrega do dinheiro obtido ao credor etc.)" (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini). As ações executivas têm como fundamento títulos executivos extrajudiciais, como letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque, documento particular assinado pelo devedor e por 2 testemunhas etc. (CPC, art. 784).
· Ações Urgentes- visam providências urgentes e provisórias, tendentes a assegurar a possibilidade de realização do direito no futuro. Em razão da providência solicitada pela ação cautelar visar assegurar os efeitos da sentença a ser proferida no processo de conhecimento, ou do ato executório no processo de execução, aquela providência é provisória, portanto vigorará apenas enquanto se aguarda a sentença. Dessa forma, "nas ações urgentes, busca-se providência que, de modo rápito, proteja temporariamente um possível direito, que corre o risco de sofrer lesão irreparável ou de reparação muito difícil. Para tanto, o juiz examinará apenas se há razoável plausibilidade nos fundamentos apresentados pelo autor. Ou seja, não desenvolverá uma investigação aprofundada e detalhada, mas simples cognição superficial, sumária. Além disso, e quando esse juízo de verossimilhança for favorável ao autor, o juiz terá de adotar prontamente, e sem qualquer nova ação ou pedido, providências executivas que propiciem a proteção urgente necessária. Ou seja, cognição (sumária) e execução reúnem-se de um modo indissociável. Normalmente a ação urgente não afasta a necessidade do exercício de outra ação de conhecimento ou de execução, destinada a propiciar uma tutela definitiva. Nesse sentido, a tutela urgente é muitas vezes instrumental e provisória." (Luiz Rodrigues Wambier; Eduardo Talamini).
 
A doutrina também apresenta outras classificações:
a) Quanto à natureza do direito - ações reais: visam a tutela de um direito real;  ações pessoais: visam a tutela de um direito pessoal, isto é de uma obrigação.
b) Quanto ao objeto – ações mobiliárias: são as que versam sobre coisas móveis, bens móveis; ações imobiliárias: versam sobre bens imóveis.

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