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ARTIGO Ação Civil Ex Delicto

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27/04/2020 Ação Civil “Ex Delicto”
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Ação Civil “Ex Delicto”
Conceito
Podemos, portanto, conceituar a ação civil ex delicto como a ação que visa a
reparação de um dano, moral ou material, oriundo de um ilícito penal, cujo objeto é
uma sentença penal condenatória transitada em julgado, constituindo, portanto, um
título executivo judicial, podendo ser proposta em face do agente causador do dano
ou de quem a lei civil apontar como responsável pela indenização.
Fundamentos
A prática de uma conduta delituosa pode gerar efeitos distintos no âmbito civil e
penal. O direito penal visa à proteção de bens jurídicos de maior relevância para a
sociedade, como a vida, o patrimônio, a ordem pública, a liberdade etc. É, portanto,
parte do direito público, pela divisão doutrinária.
O direito civil visa à proteção de bens jurídicos importantes no campo das relações
privadas, interpessoais, como contratos, obrigações, coisas etc. A doutrina o
classifica, pois, como um ramo do direito privado.
Todavia, a prática do ilícito penal está, em sua grande parte, elencada no rol não
taxativo das práticas de ilícitos civis, merecendo, portanto, uma reparação de cunho
patrimonial, quer seja para danos materiais ou morais.
Deste modo, a evolução do direito nos trouxe uma legislação que acompanhou a
evolução da sociedade, extinguindo quase que por completo o instituto da auto
tutela e regulamentando as relações jurídicas, inclusive no que tange a atos ilícitos,
quer sejam civis ou penais, bem como os seus efeitos e formas de reparação.
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Portanto, hoje não mais se segue a "Lei de Talião", que pregava o "olho por olho,
dente, por dente", havendo, na maior parte das vezes, além de a sentença criminal,
que visa a punição pelo crime cometido, sanando a dívida do infrator para com a
sociedade, uma reparação civil, no âmbito Do direito privado, visando a reparar ou
amenizar os danos decorrentes daquela prática.
A ação civil ex delicto encontra fundamento legal tanto na legislação penal quanto
na legislação civil. O Código de Processo Penal, em seus artigos 63 à 67, trata da
ação civil ex delicto, dispondo das regras a respeito desta ação, ditando as regras
para a sua propositura, como a legitimidade ativa e passiva, a competência e,
principalmente, frisando a independência entre os juízos civil e criminal.
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-
lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido,
seu representante legal ou seus herdeiros.
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para
ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do
crime e, se for caso, contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender
o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674815/artigo-63-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674620/artigo-67-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
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Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil
poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a
inexistência material do fato.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I-o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II-a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III-a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
Dos Atos Jurídicos
Pode-se dizer, então, que, para que um acontecimento seja considerado como
jurídico, é necessário que, de alguma forma, ele tenha reflexos no mundo jurídico,
sendo, portanto, considerado como fato jurídico todo o acontecimento relevante
para o direito, seja decorrente de ato lícito ou ilícito.
Partindo desta definição, podemos classificar os fatos jurídicos como sendo:
a)Fatos jurídicos naturais, que se subdividem em: ordinários, que são aqueles que
normalmente acontecem e produzem efeitos jurídicos, como nascimento, morte etc;
e extraordinários, que são os chamados fortuitos e força maior, que independem da
vontade humana.
b)Fatos jurídicos humanos, que também são chamados de atos jurídicos em sentido
amplo, que se subdividem em: ilícitos: que geram obrigação e deveres; lícitos: que
geram direitos e abrangem os atos jurídicos em sentido estrito, ou meramente
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lícitos – que geram apenas um efeito, previsto em lei, por uma única vez, sendo
unilateral, e o negócio jurídico – que gera múltiplos efeitos e é bilateral.
Atos Jurídicos Lícitos e Ilícitos
Os atos jurídicos lícitos são aqueles que geram direitos. Na definição acima,
dividimos os atos lícitos em ato jurídico em sentido estrito e negócio jurídico,
porém, para efeitos legais e conseqüências, o Código Civil trata ambos como negócio
jurídico.
Porém a Ação Civil Ex Delicto, trata especialmente dos atos ilícitos.
O ato ilícito á todo aquele que contraria o direito, ou seja, fere o dever de não lesar a
outrem, a todos imposto. Nas palavras de Araken de Assis:
"O ilícito importa invasão da esfera jurídica alheia – tênue diafragma, segundo
metáfora célebre, empregada para assunto de menor importância – sem
consentimento do titular ou autorização do ordenamento, ou seja, a agressão ‘à
esfera dos direitos que de modo geral competem a alguém’".
Temos, portanto, um dos principais efeitos civis da sentença condenatória penal,
que no caso é "tornar certa a obrigação de indenizar".
Porém, não apenas a sentença penal gera a obrigação de indenizar pelo ilícito
cometido nessa esfera. Na realidade, ambas as responsabilidades, civil e penal, são
independentes, como veremos adiante.
O que temos, entretanto, com a sentença condenatória penal, é uma decisão de
mérito a respeito do fato que gerou a obrigação de indenizar, que restou provado em
sede de juízo criminal, necessitando, apenas, para que a vítima obtenha a sua
reparação na esfera civil, da liquidação e execução da sentença penal condenatória,
que constitui um título executivo judicial.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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Todavia, o fato de não haver condenação na esfera penal, ou mesmo de não ter sido
instaurado um processo criminal, não obsta a possibilidade de a vítima, seu
representante ou seus herdeiros ingressarem com um processo de conhecimento na
esfera civil.
A diferença é que toda a instrução processual será feita no âmbito civil, fase que é
dispensada quando da sentença penal condenatória, posto que o dito processo de
conhecimento estar superado pelo advento da condenação.
Ilícitos Penais na Esfera Cível
A princípio, não há diferença entre ilícito civil e ilícito penal, visto ambos
contrariarem o ordenamento jurídico. O que há, porém, é uma diferença de enfoque
em relação a tais ilícitos.
Há atos que contrariam, sim, o ordenamento jurídico, porém para o legislador tal
contrariedade não necessita das punições tão severas, impostas pela lei penal, pois
não atingem a bens jurídicos de grande relevância para a coletividade, mas sim para
o particular, tão somente.
Esses ilícitosficam restritos à apreciação da esfera civil, nada tendo a ver com a
atuação do juízo criminal.
Porém, ilícitos considerados pelo legislados mais gravosos e merecedores de
punições mais severas encontram-se elencados na legislação penal e nesta esfera
serão julgados.
Entretanto, o fato de um ilícito ser previsto como penal não lhe retira o caráter de
ilícito civil, muito menos os seus reflexos nessa esfera. Grande parte dos ilícitos
penais geram conseqüências civis, cujo principal efeito é a obrigação de reparar o
dano. A distinção é, portanto, meramente formal.
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Porém, em que pese esmagadora maioria das infrações penais gerarem obrigação de
indenizar, posto que invadem a esfera de direitos alheia, alguns poucos delitos não
ultrapassam a pessoa de seu agente.
Não ocorre o interesse na reparação civil nos casos de tentativa branca, crime
impossível, crimes contra a paz pública etc, pois nesses casos não se consegue
vislumbrar um dano civil a ser reparado.
Pode-se afirmar que, ainda que haja sentença condenatória penal definitiva, se a
ofensa à lei não ultrapassar a esfera de direitos de outrem, esta sentença será inócua
em matéria civil, visto não haver ilícito civil a ser reparado.
Para esclarecer a respeito dos efeitos civis dos ilícitos penais, temos que verificar a
conduta cometida pelo agente sob os dois prismas: civil e penal.
Para averiguar a ocorrência de um ilícito penal, basta que a conduta cometida pelo
agente se encaixe perfeitamente na conduta abstratamente descrita na norma como
delito. Para tanto, há que se fazer breves considerações a respeito de tipo penal.
Os tipos penais são, em regra, fechados, ou seja, não admitem interpretação além
do que está descrito como fato delituoso. Para haver maior segurança jurídica, pois
o que está em joga é a liberdade de um indivíduo, o fato concreto deve se encaixar
exatamente ao descrito na norma. Do contrário, a conduta será considerada atípica.
Por exceção, existem alguns tipos penais chamados abertos taxativos, pois admitem
uma interpretação, porém dentro do que é descrito na norma, como é o caso dos
crimes culposos, em que se admite a culpa pela negligência, imprudência ou
imperícia.
Dito isto, podemos constatar que os ilícitos civis são de apuração muito menos
rigorosa que os ilícitos penais, partindo-se desde o encaixe do fato concreto à
norma, pois no ilícito civil podemos dizer que a norma se amolda ao fato, para
abrange-lo, até aos princípios processuais, pois o processo penal busca a verdade
real e o processo civil, por vezes, contenta-se com a verdade formal.
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Pode-se perceber, portanto, que o julgamento de um ilícito na esfera penal é muito
mais rígido, no tocante ao seu enquadramento à norma, do que o julgamento de um
ilícito civil, pela própria natureza das diferentes esferas.
Assim, caracterizado um delito civil, por meio de sentença transitada em julgado, há
provas suficientes e satisfatórias para a caracterização da conduta como sendo um
ilícito civil, o que não ocorre se invertermos a ordem, pois, como vimos, o que é
suficiente para a caracterização de um ilícito civil pode não ser suficientemente
satisfatório para enquadrá-lo criminalmente.
Temos, portanto, grande parte dos ilícitos penais com conseqüências civis, restando
alguns poucos que não surtem nenhum efeito nessa esfera.
Entretanto, o fato de haver uma ação penal pendente de julgamento não obsta o
direito de a vítima pleitear desde logo uma reparação na esfera civil.
Em conseqüência, a ação civil de reparação de danos penais pode ser suspensa até
julgamento do fato no âmbito penal, com o intuito de se evitar decisões antagônicas.
A Ação Ex Delicto no Direito Comparado
Pela doutrina, existem quatro sistemas de ações decorrentes de crimes: o sistema da
confusão, da solidariedade, da livre escolha ou da interdependência e o da
separação ou da independência.
A respeito do sistema da confusão, temos que o mesmo processo visa a imposição de
pena para reparação de cunho civil e penal. É muito semelhante ao sistema da
primeira fase do Direito Romano, onde havia uma única ação para ambos os fins.
No sistema da solidariedade, há duas ações distintas, porém ambas são resolvidas
ao mesmo tempo, em conjunto num mesmo processo. Neste sistema, o magistrado
avoca a outra ação para si, sentenciando-as no mesmo instante, dando um mesmo
fim.
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No sistema da livre escolha, ou da interdependência, há a possibilidade de se
cumularem ambos os processos, civil e penal. Trata-se, pois, de uma cumulação
facultativa, a critério da parte.
Por último, o sistema da separação, ou da independência, é o sistema utilizado pelo
direito pátrio, no qual há a separação obrigatória das ações. Porém, no Brasil, o
instituto adotou o sistema da livre escolha, por admitir a adesão facultativa,
posteriormente passando ao sistema da confusão, por último, adotou o sistema da
separação.
Em nosso sistema jurídico, a competência que se estabelece em relação à matéria é
absoluta, sendo, portanto, absolutamente necessário que se proponha uma ação
civil perante o juízo cível e uma ação penal perante o juízo penal, salvo algumas
poucas situações em que há a possibilidade de o juízo criminal resolver uma questão
prejudicial de natureza heterogênea, como em caso de bigamia, em que se discute a
validade ou não do casamento anterior.
Portanto, no Brasil, a ação civil que vise à reparação de danos decorrentes de ilícitos
penais pode ser proposta antes, durante ou depois da ação penal, ou mesmo sem
que qualquer ação penal seja proposta, dada a independência entre ambas.
Cabe ao ofendido decidir se quer desde logo propor a ação civil, ou aguardar o
desfecho da ação penal para, então, executar a sentença.
Portanto, não há a necessidade de uma sentença penal condenatória para que se
pleiteie a reparação de eventual dano no âmbito civil. Da mesma forma, as decisões
civis e penais são autônomas e independentes, o que não impede de uma sentença
criminal influenciar na decisão do magistrado no âmbito civil.
Assim, vemos claramente que a lei brasileira adotou o sistema da separação ou da
independência entre as ações civis e penais. Mais que isso, a legislação brasileira
não permite a cumulação das duas ações, pelo próprio sistema jurídico pátrio, no
que tange à competência em razão da matéria, como vimos anteriormente.
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A Ação Civil Ex Delicto em Diversos Países
· Alemanha
No direito argentino, havia, até 1929, regras semelhantes às do direito brasileiro,
posto que as demandas civis e penais eram independentes, assim como as
sentenças, salvo em hipótese absolvição penal pela inexistência do fato ou pela
ilegitimidade do réu, semelhante ao sistema pátrio, como veremos adiante. Porém,
após tal data, o sistema passou a adotar a adesão facultativa, posto que as ações
podem ser cumuladas, a critério do ofendido. Contudo, o juiz criminal pode abster-
se de julgar a ação civil por determinados motivos. Portanto, há a desvinculação das
decisões penal e civil, salvo algumas exceções.
· México
O sistema mexicano, a primeira vista, mostra-se adepto à confusão, visto as ações
civil e penal serem indistintas, como indica a lei. Porém, o regime legal mexicano
indica divergências, pois cabe à vítima espécie semelhante à assistência ao
Ministério Público, no que tange a ação reparatória de danos civis. Sendo o réu
absolvido, pode a vítima ingressar com a chamada ação reparatória anômala, a qual
não sofrerá reflexos da sentença penal, salvo em caso de absolvição do réu porexcludente de ilicitude, inexistência do fato ou não participação do réu.
Colômbia
Na Colômbia, o antigo direito penal consagrava o sistema da confusão, posto que
dispunha que toda a sentença penal condenatória traria em seu bojo a condenação
pela responsabilidade de indenizar. Hoje, porém, o sistema colombiano é muito
parecido com o brasileiro, adotando o sistema da independência entre as ações
penal e civil, não interferindo a sentença penal na ação civil, salvo nas mesmas
hipóteses relatadas anteriormente.
· Portugal
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O sistema português, que a primeira vista nos parece ainda adotar o sistema da
confusão, pois em seu sistema preconiza a conexão entre as responsabilidades civil
e penal, na opinião de consagrados juristas daquele país, como Jorge Figueiredo
Dias, adota o sistema da adesão obrigatória, posto haver a faculdade da intervenção
da vítima no processo criminal, sendo certo que a sua não intervenção não vincula a
apreciação do juiz ao fato na esfera civil, excluindo, neste caso, a possibilidade de se
ingressar com ação no juízo cível por fato julgado na esfera criminal.
· Itália
No atual sistema jurídico italiano, adota-se a adesão facultativa da vítima à ação
penal. Anteriormente, porém, havia a prevalecência da sentença penal sobre a civil.
Porém, o juízo penal, por incidir sobre os fatos materiais, encabeça a atividade
instrutória do juízo civil. Portanto, há uma mitigação da autonomia das jurisdições.
Sentença Penal Condenatória
Ao deliberar acerca da sentença penal condenatória na ótica da ação civil ex delito,
dispõe o art. 63 do CPP in verbis:
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-
lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido,
seu representante legal ou seus herdeiros. [...] (Código de Processo Penal)
Saliente-se assim, que a sentença penal condenatória transitada em julgado denota
força de título executivo judicial, daí não fazer-se necessário ao interessado intentar
posterior ação de conhecimento na ótica cível para reaver o ressarcimento do dano
que outrora lhe fora causado em face da prática de uma infração, haja vista que a
sentença proferida no âmbito penal, a teor do disposto no art. 75-N do CPC (de
acordo com a Lei n. 11.232/2005), bem como de acordo com o que preleciona o
art. 63 do CPP.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674815/artigo-63-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/96141/lei-11232-05
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674815/artigo-63-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
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Sob esta ótica, dispõe Fernando Costa Tourinho Filho (2001, p. 187) ao deliberar
acerca da força executiva que detém a sentença penal condenatória na ótica cível,
disciplinando ainda que, a sentença delineada na ótica criminal para denotar força
executiva nos contornos da ótica cível, necessita primeiramente ser liquidada, a
medida que a mesma não detém, originariamente a autorização para uma possível
propositura de uma execução forçada, ao estatuir:
"Transitada em julgado a sentença penal condenatória, esta valerá, por força
de lei, como título certo e ilíquido, em favor do titular do direito à indenização.
Sem embargo de ser título executório, dando ao exeqüente a legitimatio ad
causam, não autoriza ele a execução forçada, pois a sentença penal
condenatória não se refere ao dano sofrido pela vítima, a não ser
incidentalmente, como na hipótese de furto, e muito menos, ao quantum
debeatur. Assim, não se sabendo o quantum devido, haverá, necessariamente de
se proceder, previamente à liquidação da sentença penal condenatória [...]."
Sentença Penal Absolutória
Acerca dos efeitos delineados na ótica cível em face da verificação de uma sentença
penal que detenha cunho absolutório o CPP delibera acerca desta em seus
arts. 65, 66 e 67.
O art. 65 do CPP prevê a possibilidade de verificação da coisa julgada na ótica cível
quando detectada a existência de sentença penal absolutória que denote a prática de
ato delineado em face de alguma das excludentes de ilicitude, o qual sejam, quando
o ato que der origem a infração for praticado em estado de necessidade, legítima
defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou em face do exercício regular de
direito.
Vê-se assim que, a matéria infracional acobertada por uma das hipóteses de
excludente de ilicitude na ótica criminal não se encontra mais passível de discussão
na seara cível.
No entanto, observa-se que, o legislador excetuou a referida regra outrora
mencionada ao prever a possibilidade de vincular o autor da infração ao dever de
indenizar, quando verificada qualquer uma das hipóteses constantes no
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674697/artigo-65-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674650/artigo-66-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674620/artigo-67-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674697/artigo-65-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
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art. 67 do CPP que assim aduz:
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II – a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
Observa-se, pois, que, a existência de uma sentença absolutória na seara criminal
nem sempre irá eximir o autor de arcar com as responsabilidade que à ele são
devidas na ótica cível.
Vale contudo, destacar outras hipóteses em que, apesar de incidir a existência de
uma sentença que detenha caráter absolutório na ótica penal, ainda poderá ser
verificada a existência do dever de indenizar no âmbito cível, ressaltando-se as
hipóteses estatuídas por Alexandre Cebrian Araújo Reis e Vítor Eduardo Rios
Gonçalves (2009, p. 54-55) ao dispor:
"[...] Esse regramento, todavia, nem sempre exime o sujeito em favor de quem foi
reconhecida a excludente de arcar com indenização, pois, ao contrário do que
ocorre na esfera penal, mesmo tendo agido acobertado por tais justificantes, por
vezes será o autor obrigado a indenizar. Isso ocorre nas seguintes hipóteses:
a) Se reconhecido o estado de necessidade e o prejudicado não tiver sido o culpado
pela situação de perigo, deve o autor indenizá-lo, sem prejuízo de efeito regressivo
em face do causador do perigo;
b) Se reconhecida a legítima defesa putativa, a vítima ou seus herdeiros devem ser
ressarcidos, uma vez que a pessoa atingida não estava agredindo o agente que, por
erro, supôs estar sendo agredido;
c) Se reconhecida a defesa real, mas o autor tiver, por erro de pontaria (aberratio
ictus ou aberratio criminis), causado danos a terceiros, deve indenizá-lo."
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674620/artigo-67-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
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Aspectos Processuais da Ação CivilEx
Delicto
Da Independência Entre as Ações Civis e Penais
O art. 935 do Código Civil estabelece que a responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem
seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
O Código Penal e o Código de Processo Penal tratam a respeito da independência
entre as esferas penais e civis, no que tangem as consequências distintas geradas
pelo mesmo fato.
Porém, esta independência não é total. Há, sim, uma relação entre as esferas civil e
penal, posto que esta muitas vezes influencia nas decisões daquela, ou, indo
algumas vezes aquela chega a obstar a propositura da ação nesta.
O projeto de Lei 4.207/01 pretende fazer alterações no Código de Processo Penal em
respeito a mitigação da independência entre as ações civil e criminal, no que tange à
reparação civil dos danos, posto que atribui ao juiz criminal poderes para desde logo
atribuir valor líquido e certo à sentença penal, restando apenas a execução desta no
juízo civil.
A Lei 9.099/95, que trata das infrações penais de menor potencial ofensivo, impõe
que a composição civil dos danos no âmbito da justiça penal faz coisa julgada no
âmbito civil, impedindo o ofendido de propor ação de reparação civil dos danos. Tal
dispositivo excepciona a regra da independência entre as justiças, pois sequer há
um processo penal, quiçá uma decisão definitiva de mérito.
Da Legitimidade Ativa
A ação civil ex delicto, conforme o artigo 63 do Código de Processo Penal, pode ser
proposta pelo ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677229/artigo-935-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674815/artigo-63-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
27/04/2020 Ação Civil “Ex Delicto”
https://camilabastos2.jusbrasil.com.br/artigos/308531208/acao-civil-ex-delicto 14/17
Entende-se por ofendido aquele que foi diretamente atingido pelo fato criminoso,
ou seja, a vítima do evento danoso. A vítima, portanto, pode ser qualquer pessoa,
homem, mulher, maior, menor, capaz ou incapaz.
Caso a vítima não tenha capacidade para exercer o direito de ação, será o seu
representante legal quem proporá a ação civil, na qualidade de representante
processual.
Os herdeiros da vítima são legitimados, pois quando a vítima vem a falecer cabe o
exercício do direito de sucessão. Portanto, tendo esta o cunho patrimonial, têm os
herdeiros interesse na sua propositura, ou na continuidade de seu andamento.
Da Legitimidade Passiva
A ação civil ex delicto deve ser proposta, a princípio, contra o réu condenado por
sentença penal condenatória, bem como contra o autor do fato, no caso de ainda
não haver condenação penal.
Por autor do fato entende-se quem praticou a infração penal (crime ou
contravenção), e também os co-autores e partícipes.
Desta forma, todos os responsáveis pelo fato criminoso poderão ser incluídos na
ação civil reparatória do dano penal.
Tem-se também como legitimados passivos na ação civil ex delicto o responsável
civil pelo agente, os seus herdeiros, o seu espólio, ou ainda o garante, no caso de
denunciação à lide na intervenção de terceiros.
Da Competência
A respeito de título executivo judicial decorrente de sentença penal condenatória,
será o juízo cível competente para a execução de tal título.
27/04/2020 Ação Civil “Ex Delicto”
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Portanto, a ação civil ex delicto, seja ela fundada em título executivo judicial
decorrente de sentença penal condenatória, ou uma ação civil num processo de
conhecimento, será proposta conforme as regras dispostas no direito processual
civil.
Da Prescrição
Em relação a prescrição da ação penal, esta não gera reflexos na ação civil
reparatória, posto a independência entre ambas.
O fato de um delito penal encontrar-se prescrito, não mais podendo ser este objeto
de apreciação e condenação pelo juízo criminal, não obsta o fato de a vítima, ou de
seu representante legal ou herdeiros, poderem intentar, sem sede de juízo civil, ação
reparatória dos danos ocasionados pelo delito penal.
Porém há a prescrição para a propositura da própria ação civil reparatória. O termo
inicial da prescrição civil é a data da violação do direito e a sua contagem inicia-se
no dia seguinte após a tal violação, diferente da contagem do prazo prescricional
penal. O prazo é de três anos.
O prazo para a prescrição para a ação de reparação civil dos danos causados por
infração penal fica suspenso durante a pendência da ação penal.
Da Suspensão da Ação Civil em Decorrência
da Ação Penal
Poderá o juiz da ação civil suspender o curso desta se houver necessidade, diante da
pendência de ação penal.
Trata-se de uma faculdade do juiz e deve ser interpretado de forma restritiva, ou
seja, apenas deve ser decretada a suspensão da ação civil em casos em que este seja
imprescindível ou com muita cautela, para não prejudicar as partes.
27/04/2020 Ação Civil “Ex Delicto”
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Porém, a suspensão determinada pelo juiz civil não pode exceder a 1 (um) ano.
Verificado tal prazo, o juiz ordenará o prosseguimento do feito, ainda que não haja
sentença penal proferida.
A possibilidade da suspensão visa a evitar decisões contraditórias e conflitantes,
principalmente no tocante aos efeitos civis da sentença penal, particularmente em
relação àqueles que fazem coisa julgada no juízo cível.
Intervenção do Ministério Público na Ação
Civil Ex Delicto
O art. 68 do Código de Processo Penal atribui legitimidade ao Ministério Público
para promover ação civil ex delicto quando o titular do direito à reparação do dano
a requerer por ser pobre na acepção jurídica do termo.
Vale lembrar que é juridicamente pobre aquele que declara não possui condições de
arcar com os honorários de um profissional da advocacia para defender os seus
direitos sem prejudicar o seu próprio sustento e de seus familiares.
Com o requerimento da parte que se se declarou hipossuficiente, o Ministério
Público atuará como substituto processual da vítima ou de seus herdeiros na ação
civil ex delicto, podendo agir seja em execução de sentença condenatória, seja em
ação reparatória em processo de conhecimento.
O grande debate em torno do tema está na constitucionalidade do art. 68do CPP,
uma vez que a atribuição dada ao Ministério Público neste artigo não está prevista
no artigo 129 da CF que diz quais são suas funções institucionais, no entanto a Carta
Magna, no caput do art. 134, incumbe ao Defensor público o dever de defender os
necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.
O Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre o assunto, adotou a tese de que
se trata de uma norma constitucional, mas em via de se tornar inconstitucional.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674468/artigo-68-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10674468/artigo-68-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677474/artigo-129-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10675588/artigo-134-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10678934/artigo-5-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
27/04/2020 Ação Civil “Ex Delicto”
https://camilabastos2.jusbrasil.com.br/artigos/308531208/acao-civil-ex-delicto 17/17
Considerando que o inciso IX do art. 129 da Constituição Federal permite que o
Ministério Público exerça outras funções, desde que compatíveis com sua finalidade
e, não sendo ainda a defensoria pública uma realidade fática em todo o território
nacional, ainda quando teoricamente não se cuide de preceito de eficácia limitada, o
Supremo Tribunal Federal entendeu ser necessário, e por ora constitucional, a
legitimidade do Ministério Público para defender os hipossuficientes na Ação
Civil Ex delicto, tendo em vista o interesse social que busca a proteção às vítimas do
crime, a qual interessa diretamente à sociedade e ao Estado.
Bibliografia
http://jus.com.br/artigos/7201/a-ação-civil-ex-delicto
http://jus.com.br/artigos/7201/a-ação-civil-ex-delicto/2#ixzz2kXjM9BRV
http://artigodedireito.blogspot.com.br/2012/07/fabio-correa-eleuterio-
washington.html
http://www.webartigos.com/artigos/direito-penal-ação-civil-039-039-ex-delicto-
039-039/23280/
http://tudodireito.wordpress.com/2012/05/22/ação-civil-ex-delicto/
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677123/inciso-ix-do-artigo-129-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
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