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RESUMOS DEDICAÇÃO DELTA MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 2 Sumário 1. CONCEITOS BÁSICOS DE TRAUMATOLOGIA ............................................. 3 2. ENERGIAS VULNERANTES ............................................................................. 4 2.1. FENÔMENO DA ENERGIA VULNERANTE ............................................... 4 2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES CONFORME A MANEIRA HABITUAL DE AGIR ............................................................................ 6 2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES QUANTO À ÁREA DE CONTATO DESSE AGENTE COM O CORPO: ..................................................... 7 3. PROJETEIS DE ARMAS DE FOGO ................................................................ 43 3.1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS ................................................................ 43 3.1.1. IMPORTÂNCIA DA ENERGIA CINÉTICA ................................................ 43 3.2. TIPOS DE PROJETEIS DE ARMAS DE FOGO........................................... 45 3.2.1. Projetil Transfixante e Projetil Penetrante: ........................................................ 45 3.2.2. Cartucho de projetil único x cartucho de projetil múltiplo ................................. 46 3.2.3. Projeteis de alta energia .................................................................................... 47 3.3. LESÕES PRODUZIDAS POR PAF ............................................................... 49 3.4. LESÕES DE ENTRADA POR PAF ............................................................... 49 4. LESÕES DE SAÍDA DO PAF ............................................................................. 70 DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 3 1. CONCEITOS BÁSICOS DE TRAUMATOLOGIA Primeiramente, é preciso que conheçamos alguns conceitos, antes de aprofundarmos no assunto. a) Etimologia da palavra Traumatologia Forense: Trauma é energia que causa lesão b) Conceito: A traumatologia é a parte da medicina legal que estuda: o trauma, a lesão resultante do trauma e o agente que transmite esta energia (que é chamado de agente vulnerante, ou seja, aquele que fere). Obs.: A principal finalidade da perícia médico legal é perpetuar a materialidade do delito. c) Trauma x Lesão Trauma → é uma energia física, química, biológica ou mista que quando transferida para o corpo é capaz de alterar seu estado fisiológico ou orgânico causando lesão. Lesão → é uma alteração morfológica, fisiológica ou mista, que ocorre no organismo, causada pela ação de certa quantidade de energia de ordem física, química, biológica ou mista, chamada genericamente de trauma. A relação entre trauma e lesão é uma relação de causa e consequência: trauma é a causa e lesão é o efeito. Para que haja lesão, tem que, necessariamente, haver trauma. Para o trauma causar lesão, tem que transferir a energia. A energia do trauma é transferida para o corpo que, não consegue administrar essa energia e sofre uma lesão. Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce Renato Realce DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 4 2. ENERGIAS VULNERANTES Agentes vulnerantes → são todos os instrumentos ou meios que atuam no organismo produzindo lesão. Logo, é tudo aquilo que causa lesão (podendo ser instrumentos ou meios) Instrumentos - são objetos que transferem energias cinéticas (mecânicas) Meios - são todas aquelas situações que transferem quaisquer outras formas de energia (meios físicos, químicos, físico-químicos, etc). Pergunta de prova: Qual a diferença entre instrumento e meio? R: Os objetos e instrumentos são os meios com os quais a energia vulnerante será transferida para o organismo. Se o legisla sabe qual foi o instrumento utilizado (ex.: faca), ele informa qual foi o instrumento. Se não conseguir identificar especificamente o instrumento usado, ele vai dizer qual foi o meio: meio cortante, meio perfurante, meio, cortocontundente, meio contundente, etc. 2.1. FENÔMENO DA ENERGIA VULNERANTE Energias Vulnerantes Físico Cinética Barométrica Térmica Elétrica Radiante Química Físico- Química DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 5 A) ENERGIAS VULNERANTES DE ORDEM FÍSICA: Agentes físicos não mecânicos – são aqueles que não precisam de movimento para causar lesão. Ex.: temperatura, pressão, irradiação, som. Agentes físicos mecânicos – São aqueles que exigem movimento da vítima ou do agente (ou de ambos) para produzir a lesão. Se os dois estiverem parados, não haverá lesão ◇ Agentes Físicos Mecânicos Ativos → é o agente que está em movimento. Ex.: preso dá paulada em outro preso ◇ Agentes Físicos Mecânicos Passivos → a vítima que está em movimento. Ex.: chão, teto, poste. ◇ Agentes Físicos Mecânicos Mistos → quando o agente e a vítima estão em movimento. Ex.: colisão entre 2 indivíduos a) Energia cinética → é um tipo de energia que está relacionada com a movimentação dos corpos. Toda lesão produzida pela transferência de energia de um corpo para o outro, em razão do movimento dos corpos, será energia cinética. 𝐸𝑐 = 𝑚𝑉 2 Quanto maior a velocidade, maior a energia cinética (considerando que a massa que ele possui é uma constante) A energia cinética está diretamente ligada à velocidade. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 6 A energia mecânica é uma categoria mais ampla que agrega energia cinética e energia potencial. A energia mecânica está diretamente ligada à energia cinética e é a energia produzida pelo trabalho de um corpo que pode ser transferida entre os corpos. 𝐸𝑚 = 𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 b) Energia barométrica → estudo dos barotraumas ou Baropatias c) Energia térmica → estudo das queimaduras e geladuras d) Energia elétrica → estudo das lesões oriundas da eletricidade (fulguração e eletroplessão) e) Energia radiante → estudo das irradiações solares e ionizantes B) ENERGIAS VULNERANTES DE ORDEM QUÍMICA: → Ações produzidas por substâncias cáusticas, tóxicas, venenos, etc. C) ENERGIAS VULNERANTES DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA → Estudo das asfixias (muito importante!!!) 2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES CONFORME A MANEIRA HABITUAL DE AGIR Os instrumentos são classificados de acordo com a maneira habitual de agir. Excepcionalmente, a depender das circunstâncias do caso, o instrumento vulnerante pode agir de maneira totalmente diferente do modo habitual, de forma anômala. Mas mesmo assim, permanecerão sendo classificados conforme a maneira habitual de agir. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 7 Ex.: Uma faca pode furar, cortar e contundir (quando atinge a vítima com o cabo (ação contundente). Entretanto, mesmo que a faca bata com o cabo e cause somente uma contusão, ela é classificada como um instrumento perfurocortante, pois a ação habitual dela é perfurar e cortar. Ex.: Uma tesoura pode furar e contundir e, também, pode perfurar e cortar. Mas o normal da tesoura é furar e cortar Ex.: PAF pode bater e não entrar (raspão), mas o normal dele é perfurar e contundir, por isso ele é um agente perfurocontundente, mesmo que ele cause apenas uma contusão. 2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES QUANTO À ÁREA DE CONTATO DESSE AGENTECOM O CORPO: 1) Instrumentos cortantes 2) Instrumentos perfurantes 3) Instrumentos contundentes 4) Instrumentos perfuro-cortantes 5) Instrumentos corto-contundentes 6) Instrumentos perfuro-contundentes (1) INSTRUMENTOS CORTANTES E SUAS LESÕES a) Características dos instrumentos cortantes: É aquele que só corta, pois possui gume (lâmina afiada), não tem ponta e não tem massa suficiente para causar uma ação contusa. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 8 b) Exemplos de instrumentos cortantes: ⦁ Lâmina de barbear, ⦁ Navalha ⦁ Caco de vidro, ⦁ Cerol c) Mecanismo de ação dos instrumentos cortantes: O instrumento vulnerante que produz uma ação cortante age predominantemente por deslizamento. Mais por deslizamento do que por pressão. Em razão desse mecanismo de atuação “por deslizamento”, a literatura médico legal chama a lesão de “lesão em arco de violino”. ⍟ Lesão em arco de violino – é uma feria incisa feita por um instrumento vulnerante cortante que atua predominantemente por deslizamento. d) Lesões produzidas por instrumentos cortantes: A lesão produzida pelos instrumentos cortantes é chamada de lesão incisa. Características da ferida incisa: ⦁ Rompimento da pele pelo deslizamento do gume; DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 9 ⦁ Bordas regulares e afastadas ⦁ Regularidade do fundo da lesão; ⦁ Ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida (sem escoriação e equimoses); ⦁ Intenso sangramento fibras dos tecidos e vasos sanguíneos são seccionados. ⦁ Sua profundidade é maior na porção correspondente ao terço inicial e a partir daí superficializam-se gradualmente para terminar em uma escoriação linear ao longo da epiderme que indica a saída do instrumento (cauda de escoriação). A escoriação linear ao longo da epiderme é chamada de cauda de escoriação e indica a saída do instrumento (o lado em que terminou a ação do instrumento). Cauda de escoriação DPC-SP/2014 - É uma característica da morfologia de uma ferida por ação cortante, em relação à ferida contusa, a presença de A) fundo irregular. B) hemorragia abundante. C) retração das bordas da ferida. D) vertentes irregulares. E) integridade de vasos, nervos e tendões no fundo da lesão. Gabarito: Letra B DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 10 e) Feridas por ação cortante no pescoço: ESGORJAMENTO – Ferida na região anterior (frente) ou lateral do pescoço. DEGOLAMENTO – Região posterior do pescoço (nuca). DECAPITAÇÃO – Separação total da cabeça do corpo DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 11 f) Feridas por ação cortante com nomes próprios ESQUATERJAMENTO ESPOSTEJAMENTO CASTRAÇÃO Ato de dividir o corpo em partes (quartos) – em 4 partes. Geralmente a secção ocorre nas axilas e virilhas, separando os membros superiores e inferiores do tronco Ato de dividir o corpo em várias partes irregulares (sem ser em 4). Ato de retirada do órgão sexual masculino. Muitas vezes está ligada a vingança ou crime passional (2) INSTRUMENTOS CONTUNDENTES E SUAS LESÕES A ação contundente pode ser produzida não apenas por instrumentos contundentes. Muitas vezes, outros instrumentos, como cortocontundentes ou mesmo perfurocortantes podem atuar por ação contundente e produzirem uma ferida contusa. Ex.: o cabo de uma faca pode produzir uma ferida contusa. a) Características dos instrumentos contundentes São instrumentos que SÓ contundem porque tem uma massa propícia para contundir, não tem ponta e não tem gume. b) Mecanismo de ação dos instrumentos contundentes Agem por pressão, compressão, percussão, arrastamento e tração. O mecanismo de transferência da energia cinética se dá por pressão ou compressão DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 12 c) Exemplos de instrumentos contundentes: ⦁ Martelo ⦁ Soco ⦁ Veículo d) Lesões produzidas por instrumentos contundentes A lesão é chamada de lesão contusa, tem vários estágios, dependendo da força ou do objeto. O aspecto anatômico da lesão na pele é um plano – lesão em plano. Características da ferida contusa: ⦁ Forma estrelada, sinuosa ou retilínea; ⦁ Bordas irregulares, escoriadas e equimosadas; ⦁ Fundo irregular; ⦁ Retração das bordas da ferida; ⦁ Lesão pouco sangrante CAI MUITO EM PROVA!!! Quais as diferenças entre lesão contusa e lesão incisa? CONTUSAS INCISAS Bordas irregulares Bordas regulares Vertente irregular Vertente (encosta) regular Fundo irregular Fundo regular Bordas escoriadas e equimosadas Sem escoriação e equimoses Presença de pontes de tecido íntegro Hemorragia abundante Retração das bordas Afastamento das bordas DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 13 Integridade dos vasos, nervos e tendões no fundo da lesão, Forma estrelada Predomina o comprimento sobre a profundidade. Sua profundidade é maior no início e) Classificação das lesões contundentes Para fins didáticos, podemos dividir as lesões produzidas pelos agentes contundentes em fechadas e abertas, conforme esteja rompida, ou não, a pele. ◇ Fechadas: rubefação, equimose, hematoma, bossas sanguínea e serosa, luxação, fratura e roturas. ◇ Abertas: escoriação, ferida contusa, empalamento, encravamento, esmagamento, arrancamento, fraturas e luxações expostas. LESÕES CONTUSAS FECHADAS: 1.1. Rubefação 1.2. Tumefação 1.3. Equimoses e seus derivados 1.4. Bossa 1.5. Hematoma 1.6. Entorse 1.7. Luxação 1.8. Fratura Fechada 1.9. Esmagamento Fechado DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 14 1.1. RUBEFAÇÃO A rubefação é provocada por impactos de baixa densidade (pancadas). A rubefação é caracterizada pela hiperemia no local do impacto, decorrente da dilatação dos pequenos vasos presentes naquele local (capilares e vênulas). Portanto, a dilatação dos capilares e vênulas gera a hiperemia, que consiste na pequena vermelhidão da área ⍟ Hiperemia – aumento do fluxo de sangue em uma região ocasionada pela vasodilatação Características da Rubefação: ⦁ Lesão fechada ⦁ Não há extravasamento de sangue ⦁ Fugacidade Aparece instantaneamente à ação contundente, podendo persistir cerca de 10 minutos e desaparece rapidamente. ⦁ Consequência médico legal → difícil comprovação pericial da rubefação ⦁ Só pode ser feita em indivíduo vivo, é um fenômeno vital (já que oriunda de uma vasodilatação) (não existe rubefação em pessoas mortas) DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 15 1.2. TUMEFAÇÃO O trauma que a produz é um pouco mais intenso, é uma “evolução da rubefação”. Consiste na elevação da pele na área de impacto, surgindo depois de 1 a 3 minutos, logo após a rubefação, que sempre a acompanha. ⍟ Não existe tumefação sem rubefação anterior 1.3. EQUIMOSE Imagine que a pancada foi um pouco maior. Se a pressão é um pouco maior, o vaso também se dilata, mas, além de ele se dilatar, se rompe. Desta forma, o sangue extravasa e derrama embaixo da pele. No momento em que o sangue derrama, quando o observador olha para a pele, embaixo do lugar onde houve a pancada aparece uma mancha. Esse extravasamento do sangue se infiltra nas malhas dos tecidos adjacentes à lesão. Portanto, todas as equimoses resultam do extravasamento do sangue, normalmente oriundo de um trauma, que infiltra as malhas dos tecidos subjacentes à lesão. Características da equimose: ⦁ Lesão Fechada ⦁ Há extravasamentode sangue que se infiltra nas malhas dos tecidos ⦁ O sangue deve ser percebido através de uma membrana (lâmina de tecido) DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 16 ⦁ Forma pouco definida excepcionalmente, a equimose pode denunciar o instrumento que a causou (víbices) ⦁ Podem ser superficiais ou profundas ⦁ Somente pode ser feita em vivo 1.3.1. ESPÉCIES DE EQUIMOSE: As equimoses têm uma classificação e mudam de nome de acordo com sua forma, localização e origem. A equimose é gênero que vai admitir as seguintes espécies: (a) PETÉQUIAS São equimoses em forma de ponto, em forma de cabeça de alfinete, puntiforme. É uma equimose puntiforme (parecendo uma picada de pulga). O sangue extravasa e cada pontinho vermelho daquele na pele, ou em outra região do corpo, recebe o nome de petéquia. Pode ser uma pressão de fora, puxando para fora, ou uma pressão de dentro, empurrando para fora. (b) SUGILAÇÃO São várias petéquias confluentes em uma região bem delineada (ex.: chupão). O extravasamento de sangue ocorre por sucção. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 17 (c) SUFUSÃO Equimose em forma de lençol hemorrágico, como se fosse um grande derramamento de sangue. Também chamado de equimoma. É muito comum quando a vítima é atingida por uma superfície plana e larga, quando a vítima cai sobre o solo e se forma aquela placa de equimose muito grande, por exemplo (d) VÍBICES São equimoses em dupla faixa produzida por um instrumento longo de haste (cassetete, cano de PVC, cabo de vassoura) ⍟ Essa lesão é considerada uma lesão com assinatura (ou patognomônica), pois decalca o aspecto do instrumento que a causou. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 18 Há divergência na literatura médico-legal a respeito do formato das víbices. Maioria da Literatura → as faixas duplas são paralelas Hygino Hércules → as faixas duplas são quase paralelas, divergentes na ponta e convergentes no punho. (e) MANCHA DE PAULTAUF Espécie de equimose que está presente normalmente nos afogamentos. ⍟ Só existe Mancha de Paltaulf no pulmão; ATENÇÃO: MANCHAS DE PALTAUF X MANCHAS DE TARDIEU MANCHAS DE TARDIEU MANCHAS DE PALTAUF Petéquias que podem surgir em qualquer parte do corpo, inclusive nos pulmões. Equimoses que só surgem nos pulmões; Para a maioria da literatura, é patognomônica de afogamento. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 19 Não é patognomônica de afogamento – aparecem em diversas causas de morte (f) MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN Chamada também de EQUIMOSE CÉRVICO- FÁCIL DE LEDANTU. São milhares de petéquias que surgem em razão da asfixia mediante sufocação indireta por compressão do tórax. OBS.: CRONOLOGIA DA EQUIMOSE As manchas da equimose seguem uma evolução cromática padronizada é o ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LE GRAND DU SAULLE. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 20 ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LE GRAND DU SAULLE VERMELHA 1º DIA hemoglobina fora das hemácias VIOLÁCEA/ARROXEADA 2º E 3º DIAS AZUL 4º AO 6º DIA hemossiderina VERDE 7º AO 11° DIA hematoidina AMARELA 12º DIA hematina DESAPARECIMENTO EM TORNO DO 15° AO 20° DIA. Regra há variação cromática da equimose. Exceção nas equimoses subconjuntivais não há espectro equimótico. As equimoses presentes na conjuntiva permanecem avermelhadas do início ao fim. DPC-MS/2017 - A traumatologia forense estuda aspectos médico-jurídicos das lesões, dentre as quais a lesão ou espectro equimótico. Segundo CROCE (2012), "a equimose é definida como a infiltração e coagulação do sangue extravasado nas malhas dos tecidos, sem efração deles. O sangue hemorrágico infiltra-se nos interstícios íntegros, sem alinhamento, originando a equimose". CROCE, Delton. CROCE JR. Manual de medicina Legal. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 306. A respeito dessas lesões, assinale a alternativa correta. A) As formas de equimose são variadas, por isso as chamadas víbices são aquelas ocorrentes em ampla área de efusão sanguínea. B) Sugilação é o termo que define um aglomerado de petéquias. C) O estudo das equimoses não é considerado para análise das contusões. D) Em medicina legal, pode-se afirmar que hematoma é sinônimo de equimose. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 21 E) Com base no espectro equimótico de Legrand du Saulle, uma lesão ocorrida há 8 dias apresenta coloração vermelha Gabarito: Letra B 1.4. HEMATOMA (Hemato = sangue + oma = tumor). Hematoma é um tumor de sangue. Hematoma é um tumor de sangue, uma bolsa de sangue. Essa bolsa de sangue se acumula numa cavidade que não existia. Foi o próprio sangue que criou aquela cavidade, para formar o hematoma. É a hemorragia que, pelo seu volume e velocidade de formação, afasta os tecidos vizinhos e OCUPA UM ESPAÇO PRÓPRIO, formando uma neocavidade (Se a cavidade já existia, não é hematoma – é hemorragia interna). Em geral, faz relevo na pele, tem delimitação mais ou menos nítida e é de absorção mais demorada que a equimose. Digamos que o vaso rompeu, o sangue extravasou e está se formando uma coleção de sangue naquela área. Se, por exemplo, é uma área corporal que não tem osso, o sangue se espalha para cima e para baixo, formando uma coleção e essa coleção de sangue recebe o nome de hematoma (hemato = sangue + oma = tumor). DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 22 Obs.1: Não confundir hematoma e equimose! HEMATOMA EQUIMOSE Extravasamento de sangue dos vasos Extravasamento de sangue dos vasos Que afasta os tecidos adjacentes, formando uma cavidade neoformada, na qual se aninha, sem plano ósseo por baixo. Que se infiltra nas malhas dos tecidos subjacentes à lesão. Prova! Acerca de medicina legal, julgue o item a seguir. Denomina-se hematoma a lesão contusa cutânea na qual ocorra rotura de capilares e a infiltração dos tecidos por sangue. Gabarito: lesão cutânea (pode aparecer). No entanto, o conceito foi trocado, esse conceito é de equimose e não de hematoma Obs.2: Não confundir hematoma com bossa Na bossa, também haverá extravasamento de sangue formando uma coleção hemática que afastará os tecidos subjacentes, criando uma cavidade neoformada em região que tenha estrutura óssea por baixo. A diferença reside então, no fato de existir um plano ósseo por baixo. Assim, quando houver esse aumento de volume de sangue ou de um líquido serossanguinolento ocorrer sobre uma estrutura óssea (ex.: couro cabeludo), teremos a bossa. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 23 1.5. BOSSA A bossa muito se aproxima de um hematoma, mas tem como diferencial a existência de plano ósseo por baixo, fazendo o volume, a protuberância conhecida vulgarmente de galo. Características da bossa: ⦁ Há um extravasamento de líquido – sangue ou linfa – em virtude do trauma, formando uma coleção (de sangue ou linfa) ⦁ Em um local em que existe plano ósseo abaixo. ⦁ Por isso, não há a formação de uma neocavidade, já que a superfície óssea por baixo impede a difusão do sangue. Há a formação de bolsas salientes na superfície cutânea. A bossa pode ser sanguínea ou serosa: BOSSA SANGÚINEA BOSSA SEROSA OU LINFÁTICA É uma coleção de sangue extravasado dos vasos sanguíneos (coleção hemática). É um hematoma em que o derrame sanguíneo ocorre em uma região com plano ósseo por baixo, impedindo a difusão do sangue nas malhas dos tecidos. Forma verdadeiras bolsaspronunciadamente salientes na superfície cutânea. É uma coleção de linfa extravasado dos vasos linfáticos (circulação linfática) Também é chamada de DERRAMAMENTO SUBCUTÂNEO DE SEROSIDADE DE MORRELL- LAVALLÉE. São coleções de linfa provenientes dos vasos linfáticos traumatizados, por contusões tangenciais (ex.: atropelamento em que os pneus por atrição, deslocam a pele formando grandes bolsas linfáticas DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 24 entre os planos ósseos e a região intersticial) É avermelhada, roxa, azulada Não tem cor. 1.6. ENTORSE E LUXAÇÃO A entorse é o estiramento da cápsula de uma articulação, com ou sem a ruptura dos ligamentos. Quando uma força flexiona 2 ossos para além do limite que ele suporta, os ligamentos podem romper ou serem esgarçados Na luxação, temos o deslocamento permanente dessas superfícies articulares. Ou seja, são lesões mais graves que a entorse. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 25 ENTORSE LUXAÇÃO É caracterizada pela ruptura parcial ou completa dos ligamentos que envolvem uma articulação É apenas o estiramento. É caracterizada pelo impacto violento em uma articulação que faz com que ocorra a perda completa de contado entre 2 extremidades ósseas. Os 2 ossos perdem contacto logo, os ligamentos se romperam. Isso significa que “TODA LUXAÇÃO PRESSUPÕE UMA ENTORSE, MAS NEM TODA ENTORSE PRESSUPÕE UMA LUXAÇÃO” 1.7. FRATURA É uma SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE DO OSSO, produzida por movimento de: compressão, flexão ou tração. As fraturas podem ser feitas por: (1) Compressão (comprimindo o osso) (2) Tração (estica excessivamente o osso) (3) Flexão (osso envergado) (4) Torção (roda o osso em sentidos contrários) (5) Cisalhamento – são forças opostas, anti paralelas (uma para direita e uma para a esquerda), que batem no mesmo ponto, uma empurrando a outra. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 26 Classificação das fraturas: a) Fratura completa x fratura incompleta: Fratura completa → seu traço separa uma parte do osso ou o divide em mais de um segmento. Fratura incompleta → não chega a dividir o osso. b) Fratura fechada x fratura aberta Fratura aberta → há rompimento da pele. Nesse caso, é classificada como lesão contusa aberta. Aberta porque tem uma ferida e exposta porque o osso tá aparecendo através da ferida. Fratura fechada → não há rompimento da pele c) Fratura direta x indireta Fratura direta → A solução de continuidade do osso aparece no local do próprio impacto, no local de incidência da energia cinética. Fratura indireta → A solução de continuidade do osso aparece em local distante do local que sofreu o impacto, do local de incidência da energia cinética. Ex.: queda em pé de certa altura com fratura do andar médio da base do crânio por contragolpe (transferência da energia cinética pelos ossos do corpo). São espécies de fraturas indiretas: FRATURA EM GALHO VERDE - são fraturas incompletas. Muito comum em criança, que tem ossos flexíveis, mais maleáveis por não estarem DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 27 ainda completamente calcificados. O osso não quebra, mas racha. Pode até fissurar, mas não irá romper por completo. FRATURA COMINUTIVA - são fraturas em vários pedaços. Cada pedaço de osso é chamado de esquírola óssea. Ex: atropelamento, queda de imensa altura FRATURA EM MAPA MUNDI - quando a pessoa sofre lesão no crânio em razão de um objeto plano (ex.: quando a pessoa cai de grande altura e bate com cabeça no chão) – instrumento contundente (1) LESÕES CONTUSAS ABERTAS: 2.1. Escoriação 2.2. Ferida 2.3. Fratura exposta ou aberta 2.4. Espotejamento 2.5. Esmagamento aberto 2.1. ESCORIAÇÃO a) Conceito Escoriação significa arrancar o revestimento do corpo (arrancar a epiderme). O revestimento do corpo nada mais é do que a pele. Repare que não chega a ultrapassar a derme, porque, se ultrapassar a derme, deixa de ser escoriação e se transforma em ferida (como veremos adiante). DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 28 b) Mecanismo de formação da escoriação: Normalmente o mecanismo de formação da escoriação será por arrastamento/deslizamento, fazendo com que as células mais superficiais sejam arrancadas, retiradas, expondo a derme. c) Valor médico legal da escoriação: – A escoriação demonstra reação vital e a atuação de um agente contundente. – A forma e a localização dessa escoriação podem demonstrar a forma da morte: se a escoriação estiver em forma de sulco, pode indicar um estrangulamento, etc. Obs.1: Não confundir escoriação com ferida ESCORIAÇÃO FERIDA Arrancamento traumático da epiderme, com a exposição da derme, mas sem ultrapassar a derme. Arrancamento traumático da epiderme, ultrapassando a derme atingindo os planos mais profundos: cavitários, muscular, tecido adiposo. A consolidação se dá por regeneração. A epiderme possui uma camada basal na profundidade, capaz de regenerar as células da região atingida A consolidação se dá por cicatrização. Consolida com cura, já que regenera Consolida sem cura, já que cicatriza. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 29 1) Ausência de crosta atinge exclusivamente a epiderme, sem comprometimento da derme. Não há extravasamento de sangue uma vez que a epiderme é composta por tecidos mortos, avascularizados e sem filetes nervosos. 2) Crosta serosa (cor amarelada/branca) atingiu apenas a derme papilar, extravasando apenas linfa, sem sangue. 3) Crosta sero-sanguinolenta atingiu além da derme papilar, extravasando não apenas linfa, mas também elementos figurados do sangue 4) Crosta hemática atingiu as camadas mais profundas da derme, extravasando muito sangue Através dos aspectos da crosta é possível estabelecer o nexo temporal da lesão. É possível estabelecer a data aproximada em que a lesão foi produzida de acordo com o aspecto da crosta: ◇ Crosta Acastanhada (03 dias) → três dias depois, ela fica castanha; ◇ Crosta Anegrada (+ 05 dias) → depois de cinco dias, ela começa a ficar preta; ◇ Crosta em Destacamento (08 a 10 dias) → a casca começa a soltar; DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 30 2.2. FERIDA Ferida é a lesão que resulta do arrancamento traumático da epiderme, com a exposição da derme, ultrapassando-a, atingindo os planos mais profundos: subcutâneo, tecido adiposo, plano muscular, região cavitária. A lesão chamada de “ferida” pode ser provocada por uma ação contundente ou uma ação cortante. Ferida provocada por ação contundente – ferida contusa Ferida provocada por ação cortante – ferida incisa. 2.4. ESMAGAMENTO Trata-se de uma lesão por ação contundente; A ação contundente, geralmente, está relacionada com instrumentos sólidos, mas também é possível instrumento líquido (ex: jato de água da mangueira dos bombeiros) ou instrumento gasoso (ex.: deslocamento de ar de uma bomba que explode, o blast). DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 31 2.5. EMPALAMENTO E ENCRAVAMENTO EMPALAMENTO ENCRAVAMENTO Quando um objeto de longo eixo é introduzido no ânus ou no períneo. Penetração com permanência de objeto em qualquer parte do corpo (menos o ânus e o períneo) Agente perfurocontundente Ex.: Salto alto encravou na cabeça do sujeito. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR32 DPC GO/2013 - Os agentes mecânicos são responsáveis pela maioria das lesões provocadas no corpo humano. São exemplos de lesões contusas: A) bossa, empalamento B) equimose, esgorjamento C) esquartejamento, entorse D) luxação, degolamento Gabarito: Letra A (2) INSTRUMENTOS PERFURANTES E SUAS LESÕES a) Conceito São instrumentos finos e pontiagudos – são formados por uma ponta continuada por uma haste cilíndrica. E.: agulha, prego, picador de gelo, compasso etc. Só perfuram, pois tem ponta, mas não tem gume e tem massa, mas que não é suficiente para contundir. b) Mecanismo de ação Atuam por pressão, afastando as fibras do tecido a medida que faz a penetração da haste e, raramente, secionando-as. A forma de transferência da energia ocorre por pressão. c) Lesões produzidas por instrumentos perfurantes A lesão produzida por instrumento perfurante é lesão punctória ou puntiforme. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 33 d) Os instrumentos perfurantes podem ser vários calibres (calibre é o diâmetro/grossura da haste): Instrumento perfurante de pequeno calibre – Agulha, espinho de rosa, tachinha, alfinete Instrumento perfurante de médio calibre – Picador de gelo, sovela do sapateiro Instrumento perfurante de grande calibre – NÃO EXISTE!!! ⍟ Instrumento perfurante de grande calibre não existe, porque, no momento em que o calibre do instrumento for significativo, ele passa para uma outra categoria: além de perfurar, ele vai contundir. Então ele passa a ser um instrumento perfurocontundente. Ex.: vergalhão é um instrumento perfurocontundente. Ex.: PAF é um instrumento perfurocontundente (perfura + contunde) – PAF com ponta pontiagudo → criado para furar mais (pode acertar mais de uma pessoa) – PAF com ponta arredondada → o tiro vai penetrar e não vai sair (acerta uma única pessoa – utilizado por policial) Obs.: Estudaremos os projeteis de arma de fogo separadamente dada a importância deste assunto nas provas!!! DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 34 Em seu trajeto, os instrumentos perfurantes de médio calibre podem produzir dois tipos de lesões: 1ª - Que terminam dentro do corpo, não têm saída, chamadas lesões em FUNDO DE SACO (também chamadas de lesões cegas). As lesões em fundo de saco podem ser em sedenho ou cavitárias. Cavitária é aquela em que se atingiu cavidade corporal. Lesão em sedenho é aquela que atravessa, apenas, os planos superficiais da região lesionada, não se aprofunda. De um modo geral, forma um túnel, através da massa muscular superficial. 2ª – Transfixantes. Que transfixam um segmento, resultando assim em dois orifícios: um de entrada e outro de saída. Nas transfixantes, o orifício de entrada tem formato de ponto e o de saída parece com o de entrada, entretanto suas bordas são discretamente evertidas. IMPORTANTE! COMO DIFERENCIAR A LESÃO PRODUZIDA POR INSTRUMENTO PERFURANTE DE MÉDIO CALIBRE E A LESÃO PRODUZIDA POR INSTRUMENTO PERFURO-CORTANTE DE 2 GUMES? É muito comum confundir a fenda provocada por instrumento perfurante de médio calibre (ex.: picador de gelo) com a lesão provocada por um instrumento perfurocortante de 2 gumes. Os aspectos externos da lesão são muito parecidos. Ambas possuem formato de fenda (círculo semifechado). Só que, na primeira ferida, os ângulos são agudos, cortados, e na segunda os ângulos são agudos repuxados. Na primeira houve corte e na segunda houve afastamento das fibras. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 35 Além disso, a literatura médico-legal desenvolveu leis para diferenciar tais lesões: são as 2 leis de Filhós e a lei de Langer. ⍟ Cuidado! Essas leis só valem para instrumento perfurante de médio calibre!!! 1ª) LEI DA SEMELHANÇA LEI DE FILHOS: As lesões produzidas por instrumento perfurante de médio calibre assemelham-se, tem aspecto semelhante, às lesões produzidas por instrumento perfurocortante de dois gumes (tomam aparência de “casa do botão”) Obs.: a semelhança é entre as lesões e não, entre os instrumentos! 2ª) LEI DO PARALELISMO LEI DE FILHOS: As lesões causadas por instrumento perfurante de médio calibre têm sempre a mesma direção, são paralelas entre si, desde que localizadas em uma mesma região do corpo (pois olhamos as linhas de força). Na mesma região, as lesões produzidas por instrumentos perfurantes de médio calibre são paralelas entre si. Ex.: se olhar um cadáver e observar 4 perfurações em forma de botoeira com a mesma direção e na mesma região do corpo, pode-se afirmar que o instrumento que produziu essa lesão é um instrumento perfurante de médio calibre. No entanto, se essas 4 lesões estiverem em sentidos distinstas na mesma região, significa que não foi produzida por um instrumento perfurante de médio calibre, mas sim por um instrumento perfurocortante de dois gumes. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 36 Cada região do nosso corpo tem uma elasticidade própria, uma linha de força que puxa a pele num determinado sentido. No braço, elas puxam longitudinalmente, no abdômen lateralmente. Ou seja, a ferida produzida pelo instrumento de médio calibre é uma fenda que acompanha as linhas de força da região. Não importa a posição que o instrumento entrou. 3ª) LEI DA ELASTICIDADE ou LEI DO POLIMORFISMO LEI DE LANGER Na confluência de regiões de linhas de força diferentes, a extremidade da lesão toma aspectos bizarros, podendo ser de ponta de seta, de triângulo ou mesmo de quadrilátero. Quando localizadas em um local de encontro de linhas de força, as feridas produzidas por instrumento perfurante de médio calibre podem ter uma forma diferente, bizarra: uma ponta de seta, um triângulo ou algo parecido. Obs.: A profundidade da lesão varia de acordo com o grau de penetração da haste. Mas é preciso ter cuidado, pois a profundidade da lesão pode ser menor, igual OU MAIOR que comprimento da haste. A profundidade da lesão pode ser maior que a haste quando houver compressão dos planos superficiais pela empunhadora do instrumento. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 37 Quando a região atingida apresenta uma depressibilidade dos tecidos, como no ventre, no abdômen, é possível que a feria encontrada seja mais extensa que o instrumento que a produziu. Essas regiões de maior depressibilidade permitem que – por compressão - o instrumento vá além, alcançando planos mais profundos. Ex.: A lâmina da faca entra no abdômen, mas o cabo da faca não entra. E como empurra com força, o abdômen entra permitindo que a faca alcance uma profundidade maior do que sua própria extensão (instrumento teria 30 cm e a lesão, 60 cm). Essas lesões cuja extensão é maior que a extensão do instrumento vulnerante utilizado localizadas em regiões de depressão do corpo é chamada de “lesão em sanfona ou lesão em acordeon”, apresentando o “SINAL DO ACORDEÃO OU SINAL DE LACASSAGNE” DPC-PA/2016 - As leis de Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer, são estudadas no campo das lesões produzidas por instrumentos: A) perfurantes de médio calibre. B) cortocontundentes. C) perfurocontundentes. D) perfurantes de pequeno calibre. E) contundentes. Gabarito: letra A DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 38 (3) INSTRUMENTOS PERFUROCORTANTES E SUAS LESÕES a) Conceito e mecanismo de ação Possuem uma ponta e um ou mais gumes. Transferem sua energia cinética por pressão, através da ponta e por deslizamento dos gumes, que seccionam as fibras dos tecidos b) Os instrumente os perfurocortantes podem ser de 1 gume, 2 gumes, 3 gumesou 4 gumes. · 1 gume faca de cozinha e canivete; · 2 gumes punhal, baioneta e a espada; · 3 gumes lima de serralheiro e estoque de vergalhão. · 4 gumes estrela ninja ou “churiquem” A quantidade de gumes é fundamental na hora de estabelecer o aspecto da lesão. A quantidade de gumes do instrumento estará relacionada a quantidade de ângulos agudos (menor que 90 graus) na lesão apresentada + de 2 gumes chamado de instrumento poligumes c) Características da lesão perfuroincisa ⦁ Predomínio nítido da profundidade sobre a extensão. ⦁ Forma varia de acordo com o número de gumes → (gume é a parte que corta!!!) DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 39 ⦁ A parte que corta faz um ângulo agudo (menor que 90 º), ao passo que o outro lado (que não corta) faz um ângulo arredondado (rombo) → 1 ângulo agudo e 1 ãngulo rombo. Regra as bordas e vertentes da ferida são regulares. Exceção se o instrumento for torcido no momento da saída, a lesão incisa poderá apresentar pequenos entalhes na borda (ângulos acessórios relacionados com cada um dos gumes) A quantidade de gumes que o instrumento perfurocortante apresenta está relacionada com a quantidade de ângulos agudos que a ferida tem. Cada ângulo menor que 90 graus normalmente é um gume do instrumento. 1 GUME = 1 ÂNGULO AGUDO (menor que 90º) Lesão em forma de botoeira, com um ângulo agudo e o outro rombo, podendo exibir exígua cauda de escoriação que corresponde ao gume. 2 GUMES = 2 ANGULOS AGUDOS Lesão em forma de fenda e ângulos bastante agudos e semelhantes. Ex.: punhal Na porção central, o afastamento das bordas é máximo, atenuando-se gradualmente em direção aos ângulos. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 40 + DE 2 GUMES 3 GUMES 4 GUMES = TANTOS ÂNGULOS AGUDOS QUANTO FOREM A QUANTIDADE DE GUMES Lesão de forma estrelada, com tantas pontas quantas forem as arestas do instrumento, com bordas curvas e convexas em direção ao centro da ferida (tendem a se aproximar do centro). Lembrando: As feridas produzidas por instrumento perfurante de médio calibre são semelhantes às feridas perfuroincisas provocadas por instrumento de 2 gumes. Para fazer o diagnóstico diferencial entre as duas, é preciso aplicar as Leis de Filhos e a Lei de Langer. (4) INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES E SUAS LESÕES a) Conceito São dotados de grande massa, transferindo sua energia cinética por meio de um gume. b) Exemplos de instrumentos cortocontundentes: ⦁ Enxada ⦁ Foice ⦁ Facão ⦁ Machado ⦁ Guilhotina ⦁ Ação de dentes incisivos DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 41 c) Mecanismo de ação: Os instrumentos cortocontundentes atuam de forma predominante por pressão e de forma mais leve, por deslizamento. Atravessam como facilidade as partes moles do corpo e não se detêm mesmo no plano esquelético. d) Lesões produzidas por instrumentos cortocontundentes A lesão recebe o nome de ferida cortocontusa além de cortar, contunde Características das lesões cortocontusas: ⦁ Apresentam bordas afastadas, regulares, porém com escoriações. ⦁ Apresentam vertentes planas, mas existe certo grau de laceração dos diversos planos, principalmente os planos musculares. ⦁ As lesões costumam ser muito profundas e graves INSTRUME NTO LESÃO AÇÃO EXEMPLOS Perfurante (Só perfura) Punctória ou puntiforme Pressão Alfinete Agulha (pequeno caibre) Prego Picador de gelo (médio calibre) Cortante (Só corta) Incisa Lesão em linha Lesão em arco de violino Deslizamento Navalha Gilete DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 42 Contundente (Não corta e não perfura) Superfície plana (sem ponta e nem gume) Superfície rombo-plana Contusa Pressão, percussão, arrastamento e tração. (Predomínio da pressão em relação a outras formas de atuação) Cassetete Martelo Corda Punho fechado, cabeçada, cotovelada (são agentes naturais) Perfuro cortante (Perfura + corta) Perfuro incisa Pressão e deslizamento Faca Punhal Bisturi Lima de Serralheiro Perfuro contundente (Perfura + contunde) Perfuro contusa Pressão e penetração PAF Chave de fenda Vergalhão Corto contundente (Corta + contunde) Corto contusa Pressão e esmagamento Obs.: Normalmente, para fazer uma decapitação, tem que ser um instrumento cortocontundente Machado Arcada dentária (agente natural) – musculo masseter Foice Facão DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 43 3. PROJETEIS DE ARMAS DE FOGO 3.1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 3.1.1. IMPORTÂNCIA DA ENERGIA CINÉTICA Lembrando que a Energia Cinética interfere nos projeteis de baixa energia e alta energia: É a energia cinética que determina a intensidade do trauma. É o resultado da fórmula que leva em consideração massa e velocidade: Ec – energia cinética → é a energia dos corpos em movimento M → massa do corpo V → velocidade do corpo Essa quantidade de energia tem que ser transferida para o alvo e, quando é transferida, o alvo em que administrar essa energia que entra, senão ele sofre lesões. Assim: Se aumenta a velocidade aumenta o poder lesivo Se aumenta a massa do projetil aumenta o poder lesivo Ex.: Quanto maior a velocidade do PAF, maior o poder de estrago dele, mesmo que possua uma massa pequena. Ex.: PAF é um instrumento perfurocontundente (perfura + contunde) DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 44 PAF com ponta pontiagudo → criado para furar mais (pode acertar mais de uma pessoa) PAF com ponta arredondada → o tiro vai penetrar e não vai sair (acerta uma única pessoa – utilizado por policial) Quando um agente vulnerante bate no corpo, ele transfere energia. E essa transferência de energia depende da pressão que vai fazer no seu corpo. A pressão é a força sobre uma superfície (área). Se a superfície é pequena, eu não preciso de uma força muito grande para exercer uma pressão maior. Então, quanto menor a superfície, menor a pressão e quanto maior a superfície, menor a pressão. Quando aumenta a superfície de contato, a mesma força exerce uma pressão menor. Por isso que a força do PAF quando bate em uma placa protetora, a força do PAF se espalha pela placa e o PAF não tem força para entrar. Uma superfície menor (exemplo: ponta de uma faca ou de uma tesoura) tem alta pressão e alta capacidade de furar. Agora, se tentar furar a pessoa com o cabo da faca, por mais que você utilize a mesma força, não vai conseguir, porque o cabo não é tão pontudo e, por isso, tem uma superfície maior. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 45 3.2. TIPOS DE PROJETEIS DE ARMAS DE FOGO 3.2.1. Projetil Transfixante e Projetil Penetrante: Projetil de ponta fina e chumbo duro é um Projetil transfixante entra e sai (o perigo é a bala atravessar o corpo e atingir outra pessoa). Projetil HOLLOWPOINT é um Projetil penetrante entra e não sai (a bala fica alojada no corpo da vítima podendo a perícia descobrir de qual arma saiu aquele tiro) — Tem ponta achatada, de modo que, quando atinge o alvo, sua ponta se deforma e fica parecendo um cogumelo. Isso porque possui ponta grossa e é feito com um chumbo mais mole, de modo que sua tendência é não atravessar. — O Projetil Hollowpoint, além de ter uma ponta romba e chumbo mole, ainda possui uma abertura. A função dessa abertura é, quando bater no alvo, se expandir e achatar (o projetil fica parecendo um cogumelo).— Quando se achata, o projetil trava e não atravessa o corpo, porque toda a energia que ele tem, ele despeja no corpo da vítima (aumentando seu poder de parada). Quanto mais energia transfere para o alvo, mais incapacitante ele é. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 46 ATENÇÃO! COEFICIENTE BALÍSTICO E CAPACIDADE DE PENETRAÇÃO DO PF Ponta muito fina (chumbo duro)→ entra mais (para atravessar a vítima) Ponta muito grossa (chumbo mole) → entra menos (não atravessa a vítima) Massa maior → entra mais Massa menor → entra menos Calibre menor → penetra mais Calibre maior → penetra menos ⍟ ATENÇÃO: Não tem como prever como acontece uma lesão. Não depende só do calibre ou da distância, também depende da densidade do corpo atingido. 3.2.2. Cartucho de projetil único x cartucho de projetil múltiplo Existe cartucho que tem 1 projetil só (cada tiro é 1 projetil) e existe cartucho em que cada tiro saem inúmeros projeteis. Cada projetil desse do cartucho de projetil múltiplo se chama balim (bago de chumbo). Cada balim faz uma lesão de entrada de PAF. Em cada entrada, o perito deve encontrar o balim. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 47 Os balins saem e vão se expandindo, de modo que, quanto mais perto estiver, maior o efeito lesivo, pois será atingido em bloco pelos balins. Se estiver mais distante, os balins vão perdendo a força e vão atingindo mais dispersamente. Obs.: Nesses cartuchos, existe uma bucha (bucha pneumática). A função dessa bucha é manter os balins juntos para retardar sua dispersão e aumentar o coeficiente balístico. Se a bucha estiver dentro do corpo da vítima, é porque o tiro foi dado a uma curta distância, se não houver bucha, a distância é um pouco maior. 3.2.3. Projeteis de alta energia Aumentar a velocidade do projetil é mais eficiente do que aumentar a massa do projetil. Projeteis de baixa velocidade – velocidade do projetil abaixo da velocidade do sol armas de uso permitido DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 48 Projeteis de alta velocidade – velocidade do projetil tem mais que 2x a velocidade do som armas de uso restrito PROJÉTIL DE ALTA VELOCIDADE PROJÉTIL DE MÉDIA VELOCIDADE PROJÉTIL DE BAIXA VELOCIDADE Se desloca a uma velocidade 2 x maior do que a velocidade do som no ar Viaja em uma velocidade maior que a velocidade do som no ar, mas menor do que 2x a mesma velocidade Se desloca a uma velocidade menor que a velocidade do som no ar Características! Aqueles com velocidade acima de 600m/s, como por exemplo, o fuzil. A ENTRADA na maioria das vezes são semelhantes às deixadas pelos projéteis comuns. Bordas talhadas, irregulare Orla de escoriação pode estar presenta, mas é difícil Diâmetro pode ser menor que o projétil. A SAÍDA normalmente é maior, equivalendo a um rasgo O trajeto dos projéteis de alta energia difere do deixado pelos projéteis comuns por causa da maior potência das ondas de pressão que produzem. Produzem cavidades temporárias pulsantes. Uma boa comparação é com uma lancha veloz no mar. Ela passa em alta velocidade e deixa uma marola maior. Há maior poder de parada! DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 49 Os projéteis de fuzil são construídos para transfixar o segmento do corpo humano que for atingido. 3.3. LESÕES PRODUZIDAS POR PAF No estudo das lesões, é importante saber a densidade do objeto atingido. Densidade equivale à elasticidade/flexibilidade do tecido atingido pelo PAF. Se o projetil atinge lugar duro/resistente densidade grande Se o projetil atinge em lugar mole densidade pequena Grau de densidade dos órgãos Osso > Fígado > Pulmão PAF no pulmão (mole/flexível) deixa o projetil passar sem sofrer muito PAF no fígado (um pouco mais duro que o pulmão), encontra dificuldade pra passar. Então começa a soltar energia que fiz estrado no fígado. PAF no osso faz uma lesão ainda maior. 3.4. LESÕES DE ENTRADA POR PAF Ação perfurocontundente Ferida perfurocontusa Normalmente as lesões da entrada são menores do que as lesões de saída, pois na entrada o projetil entra com maior estabilidade. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 50 São sinais típicos de LESÃO DE ENTRADA DE PAF. EFEITOS PRIMÁRIOS DO TIRO EFEITOS SECUNDÁRIOS DO TIRO Aparecem em tiros dados a qualquer distância Aparecem em tiros dados a curta distância. 1) Orla de equimose 2) Orla de escoriação 3) Orla de enxugo 4) Orla de chamuscamento 5) Orla de esfumaçamento 6) Orla de tatuagem 3.4.1. EFEITOS PRIMÁRIOS x EFEITOS SECUNDÁRIOS DO TIRO. Efeitos primários são os efeitos que o projetil produz na pessoa. Efeitos secundários são feitos pelos resíduos que saem da boca da arma. Ex.: sujeira deixada pelos gases Efeitos primários – causados pelo projetil. São característicos dos pontos de impacto, não dependendo da distância do tiro. Efeitos secundários - causados pelo disparo. Os efeitos secundários só aparecem quando o tiro foi dado a queima roupa ou à curta distância. (Resíduos) Situações: (1) Tiro de longe: só possui efeito primário (2) Tiro de perto: possui efeito primário + secundário (3) Tiro sem projetil (quando há disparo e não há tiro): só possui os efeitos secundários DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 51 EFEITOS PRIMÁRIOS A lesão de entrada de um PAF, independente da distância, possui um contorno chamado de ORLA, HALO, CONTORNO, MARGEM Nessa orla pode haver uma: 1) equimose – Orla de Equimose 2) escoriação – Orla de Escoriação 3) resíduos trazidos pelo projetil (enxugo) – orla de Enxugo Orla de Enxugo = orla de Alimpadura = sinal de Chavigny São sinais exclusivos da LESÃO DE ENTRADA!!! ATENÇÃO! O conjunto dessas três orlas é denominado ANEL DE FISCH! ANEL DE FISH = ORLA DE ESCORIAÇÃO + ORLA DE ENXUGO Significa entrada de PAF (ferida perfurocontusa) ORLA DE ESCORIAÇÃO OU CONTUSÃO ORLA DE ENXUGO OU LIMPADURA ORLA EQUIMÓTICA Epiderme é arrancada por sua ação contundente, resultando uma orla de escoriação ao redor do orifício de entrada. A derme, por ser mais elástica, é esticada em forma de dedo Essa área de resíduos/sujeira provenientes do cano da arma e que fica impregnado na pele recebe o nome de orla de enxugo. No trajeto pelo tecido subcutâneo, o projétil rompe vasos de calibres médio e pequeno, o que provoca infiltração hemorrágica que se traduz externamente por uma orla Aparecem em tiro dado a QUALQUER DISTÂNCIA DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 52 de luva por inversão e só se rompe quando o limite de sua elasticidade é ultrapassado, Produzida pela limpeza dos resíduos existentes no cano da arma (pólvora, ferrugem, partículas etc), ficando sob a forma de uma auréola escura em volta do orifício de entrada. equimótica ao redor do orifício Logo, o diâmetro de entrada é menor que o calibre do projétil Por vezes, a orla de enxugo só é observada nas roupas da vítima Serve para caracterizar a reação vital na ferida. SÓ TEM EM VIVO Não se pode afirmar o calibre da arma pelo diâmetro dos ferimentos ORLA EXCLUSIVA DOS ORIFÍCIOS DE ENTRADA. Orla de enxugo = Orla de alimpadura = Sinal de Chavigny Essa orla não é constante nem exclusiva da entrada, podendo ser observada nos tecidos vizinhos ao orifício de saída. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIAFORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 53 Orla de enxugo Orla de escoriação Orla de equimose DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 54 EFEITOS SECUNDÁRIOS Os efeitos secundários do tiro são feitos pelos gases que estão junto com o projetil. Os efeitos secundários são os que resultam nos tiros à curta distância, assim como da ação dos gases e resíduos da combustão da pólvora. Só tem efeito secundário na ENTRADA do TIRO Só tem efeito secundário se o tiro foi dado À CURTA DISTÂNCIA A ferida produz uma ORLA/HALO/ZONA/CONTORNO/MARGEM Essa orla pode ser: 1) Orla de chamuscamento – tiro a queima roupa!!! (bem perto) (≠ tiro com cano encostado) 2) Orla de esfumaçamento ou tisnado – tiro a curta distância (perto) Removido facilmente por lavagem No tiro perpendicular: possui forma estralada DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 55 3) Orla de tatuagem – quando partículas do metal do cano impregnam na vítima por estar muito perto. Não é removível por lavagem Traço característico de lesão de entrada Tiro à curta distância Obs.: Se a lesão de entrada não apresentar os efeitos secundários pode ser por causa da distância (uma distância um pouco maior) ou em razão da presença de anteparos. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 56 ZONA DE CHAMA (CHAMUSCAMENTO/DE QUEIMADURA ZONA DE ESFUMAÇAMENTO ZONA DE TATUAGEM Produzida pelos gases superaquecidos e inflamados. Produzida pelo depósito de fuligem decorrente da combustão da pólvora (QUEIMADA). Produzida pela pólvora incombusta (NÃO QUEIMADA) ou parcialmente comburida. TIROS à QUEIMA ROUPA TIROS À CURTA DISTÂNCIA TIROS À CURTA DISTÂNCIA Acima de 50 cm a quantidade de partículas sólidas diminui progressiva e rapidamente. X Formada pelos resíduos finos e impalpáveis aderidos ao plano do alvo. FACILMENTE REMOVIDOS POR LAVAGEM. Incrustam-se no alvo, NÃO REMOVÍVEIS POR LAVAGEM X Nos tiros perpendiculares, apresenta forma estralada. Nos tiros perpendiculares apresenta-se sob a forma circular. Nos inclinados tem forma elíptica. X X Traço característico do orifício de entrada DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 57 ATENÇÃO!!! NÃO CONFUNDIR: Orla de enxugo ou alimpadura aparece em lesões de entrada de tiro A QUALQUER DISTÂNCIA Orla de chamuscamento só aparece em tiro a queima roupa Orla de esfumaçamento ou tisnado → só aparece em tiro a curta distância Orla de tatuagem só aparece em tiro a curta distância/distância um pouquinho maior. LEMBRANDO QUE ESSES EFEITOS SECUNDÁRIOS NÃO APARECEM NOS TIROS DADOS À LONGA DISTÂNCIA. Tiro à queima roupa = muito perto Tiro a curta distância = perto Tiro a distância = um pouco mais longe 3.4.2. DISTÂNCIA DO TIRO 1) Tiro à distância (Professor Hygino fala em tiro à longa distância) 2) Tiro a queima roupa 3) Tiro a curta distância 4) Tiro com cano encostado Considerações: (1) Chamuscamento – tiro a queima roupa Esfumaçamento ou Tatuagem – tiro a curta distância (Sendo a tatuagem com a distância um pouco maior que esfumaçamento) DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 58 (2) Tiro a queima roupa ou tiro a curta distância (que provocam os efeitos secundários) produzem o cone de dispersão O cone de dispersão engloba: 1 – Gases superaquecidos (chama) 2 - Pólvora combusta (pós) 3 – Pólvora incombusta (grânulos) 4 – Micropartículas de chumbo e de outros metais provenientes do cano da arma ou do PAF (3) Quando o tiro é feito com o cano encostado, não há cano de dispersão, porque os gases não saem. Esses gases se dispersam embaixo da pele. 1) Tiro à distância Tem a orla de escoriação e a orla de enxugo. Esse é o chamado anel de Fisch. Pode ter também orla de equimose, mas não é um sinal exclusive dos tiros à longa distância. Quando nós encontramos uma lesão provocada exclusivamente pelo projétil de arma de fogo, porque os elementos do cone de dispersão naturalmente não conseguiram chegar no alvo, eu tenho o tiro à distância. 2) Tiro à queima roupa Tiro a queima roupa significa que o agressor estava muito perto da vítima. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 59 Lesões de tiro à queima roupa aparecem a Orla de Chamuscamento. Se não houver orla de chamuscamento, será tiro dada a curta distância. Se chega material no corpo da vítima, trata-se de tiro a queima roupa ou a curta distância! (Salvo quando houver anteparo – cuidado!) 3) Tiro a curta distância Tiro à curta distância significa que o atirador estava perto da vítima, mas não tão perto quanto o tiro à queima roupa. No tiro à curta distância aparece: Orla de Esfumaçamento e/ou Orla de Tatuagem, mas não aparece a orla de chamuscamento. Tiro a queima roupa - Se o tiro foi dado de muito perto = Chamuscamento (ou queimadura,) esfumaçamento e tatuagem. Tiro a curta distância - Se a distância foi um pouquinho maior = A queimadura já não aparece, mas o esfumaçamento e a tatuagem aparecem. Se a distância foi um pouco maior, mas ainda dentro dos elementos do cone de dispersão = O esfumaçamento já não aparece, mas a tatuagem ainda aparece. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 60 4) Tiro Com Cano Encostado No tiro com cano encostado, a distância entre o alvo e a boca da arma é 0 (zero). O cano está encostado. Se o cano não estiver encostado, nós teremos o tiro à queima-roupa ou a curta distância. Quando o tiro é dado com o cano encostado, não há cone de dispersão, pois os resíduos passam pelo cano e entram diretamente no corpo da pessoa atingida. A boca da arma está firmemente apoiada na pele. Se a boca da arma está firmemente apoiada na pele, todo o material que sai do cano da arma não vai ter espaço para se expandir. Então, todo aquele material vai penetrar pela lesão de entrada. E nós teremos uma ferida circular, com uma orla de escoriação, com uma orla de enxugo e com uma queimadura ao redor. A queimadura ao redor é porque os gases superaquecidos passaram por ali e queimaram a pele naquela região. Cadê a pólvora circundante? Não tem. Cadê a tatuagem circundante? Não tem. E não tem porque todo esse material penetrou junto com o projétil. Foi tudo empurrado para dentro do corpo, uma vez que o cano estava firmemente apoiado na pele. DPC-GO/2017 Um cadáver jovem, do sexo masculino, encontrado por moradores de uma região ribeirinha, estava nas seguintes condições: vestido com calção de banho; corpo apresentando dois orifícios, o primeiro deles medindo cerca de 1 cm, ligeiramente elíptico, na parte posterior do tórax, na altura da região escapular direita; o segundo, de mesmo tamanho que o primeiro, circular, no pescoço, logo abaixo da nuca. O primeiro orifício apresentava orla de enxugo, orla de escoriação e orla de contusão; em torno do segundo orifício, foram observadas zonas de esfumaçamento e de tatuagem. Nessa situação hipotética, as lesões descritas A) Foram causadas por instrumentos perfurocontundentes empregados a longa distância e a curta distância, respectivamente. B) Decorreram de ação cortocontundente produzida a curta distância. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 61 C) Foram causadas por instrumentos perfurocortantes, e o instrumento que produziu o segundo orifício foi usado a curta distância D) Foram, ambas, causadas por instrumentosperfurocontundentes empregados a curta distância. E) são compatíveis com a ação de projéteis de alta energia disparados a longa distância. Gabarito: Letra A DPC-BA/2018 Com relação aos ferimentos de entrada em lesões produzidas por projéteis de arma de fogo, é correto afirmar: A) A aréola equimótica é representada por uma zona superficial e relativamente difusa, decorrente da sufusão hemorrágica oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados nas vizinhanças do ferimento, geralmente de tonalidade violácea. B) O formato de ferimentos em tiros a distância varia de acordo com a inclinação do disparo, assim, quando o tiro é oblíquo, a ferida é arredondada ou ligeiramente oblíqua, além de evidenciar uma orla de escoriação concêntrica. C) diz-se que uma lesão tem as características das produzidas por tiro a distância quando ela não apresenta os efeitos secundários do tiro, com diâmetro maior que o do projétil, aréola equimótica e bordas reviradas para dentro. D) ferimentos em tiros encostados podem ter forma arredondada ou elíptica, com zona de compressão de gases, evidenciada pela depressão da pele em virtude do efeito gerado pelo projétil com a ação mecânica de gases que descolam e dilaceram os tecidos. E) tiros a curta distância causam ferimentos arredondados, com entalhes, zona de tatuagem e de esfumaçamento, devido à ação resultante dos gases que descolam e dilaceram os tecidos, com vertentes enegrecidas e desgarradas, tendo aspecto de cratera de mina. Gabarito: Letra A Comentários: A - CERTA. "A aréola equimótica é representada por uma zona superficial e relativamente difusa, decorrente da sufusão hemorrágica oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados nas vizinhanças do ferimento." (DE FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª ed.) DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 62 B - ERRADA. "Quando o tiro é oblíquo, a ferida é sensivelmente elíptica (....). Nos tiros perpendiculares ao corpo, a orla de escoriação é concêntrica, e, quando inclinados, tem a forma oblíqua." (grifei) (DE FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª ed.) C - ERRADA. "Diz-se que uma lesão tem as características das produzidas por tiro a distância quando ela não apresenta os efeitos secundários do tiro, e por isso não se pode padronizar essa ou aquela distância. Nesses tipos de lesões, quando o tiro é dado em perpendicular, o diâmetro da ferida é quase sempre menor que o do projétil, explicado pela elasticidade e retratilidade dos tecidos cutâneos." (grifei) (DE FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª ed.) D - ERRADA. Forma arredondada ou elíptica é a apresentada por tiros a curta distância. Em tiros encostados, o ferimento tem "(...) forma irregular, denteada ou com entalhes (....)". (grifei) (DE FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª ed.) E - ERRADA. Ferimentos com entalhes, com ação resultante dos gases que descolam e dilaceram os tecidos, com vertentes enegrecidas e desgarradas, tendo aspecto de cratera de mina, são os causados por tiros encostados, conforme Genival Veloso. DPC-GO/2018 (prova reaplicada)- Tendo em vista a relevância da determinação da distância de um disparo com arma de fogo, bem como a necessidade de conhecimento acerca dos elementos do disparo na saída da arma, para a verificação de um tiro a curta distância (queima-roupa), quando observados os sinais na pele da vítima, também deverá ser levado em consideração o seguinte aspecto: A) a zona de chamuscamento é um sinal indispensável nesse caso. B) o orifício de entrada do PAF apresentará bordas nitidamente chamuscadas. C) a zona de tatuagem será o marcador do limite dessa distância. D) a orla de escoriação será simétrica em relação ao orifício de entrada do PAF. E) o sinal de Werkgartner é um parâmetro a ser levado em conta. Gabarito: C DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 63 3.4.3. SINAIS PROVOCADAS NOS TIROS COM CANO ENCOSTADO (1) Boca de mina de Hoffman, Câmara de Mina de Hoffman Tiro com cano encostado na pele em que há osso por baixo. ⍟ Como a Boca de mina de Hoffman é um sinal na pele, o indivíduo esqueletizado não apresenta a boca de mina de Hoffman. A pele fica suja de pólvora por dentro, porque os gases entram, batem no osso e voltam, arrombando a pele para fora. Quem faz esse buraco não foi o projetil, mas sim os gases que bateram no osso e voltaram, estourando a pele. Esse aspecto parecendo um rombo todo sujo de material pulverulento foi chamado, por um perito chamado Hoffman, de lesão em boca de mina (Boca de mina de Hoffman). Ou seja, parecia a boca de uma mina de carvão. Essa lesão é extremamente maior do que o calibre do projétil. A observação da boca de mina garante ao perito duas coisas: 1ª - Que o tiro foi disparado com o cano encostado 2ª - Que embaixo do local onde o tiro foi disparado tinha uma superfície óssea DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 64 (2) Sinal de Bessani O sinal de Benassi é a mancha preta dos gases no osso (mancha de pólvora em volta do osso) O indivíduo esqueletizado não possui Boca de Mina de Hoffman, mas possui o Sinal de Benassi. E o sinal de Benassi indica que o tiro foi com cano encostado. Nós vimos que a bala transfixou o crânio. O que acontece quando eu vou examinar o osso do crânio? Agora eu vou examinar o osso e não mais a pele. Então, eu vou rebater o couro cabeludo e, no momento que eu rebato o couro cabeludo para apresentar o crânio por fora, eu noto que o crânio tem um buraco de entrada. E eu noto que esse buraco de entrada está sujo de pólvora por fora. Esse resíduo de pólvora no osso do crânio chama- se sinal de Benassi. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 65 Então, normalmente, embaixo da boca de mina de Hoffman eu tenho o sinal de Benassi. A câmara de mina de Hoffman (aquela cratera toda suja de pólvora) é no couro cabeludo e o sinal de benassi é no osso, que fica impregnado por pólvora na sua superfície externa. (3) Sinal de Shuskanol Shuskanol significa canal do tiro Quando o projetil entra no corpo, o projetil faz um canal na pele e no osso. Esse canal é um canal feito pela passagem do projetil. Quando o projetil passa por ali e o tiro foi disparado com o cano encostado, esse canal fica sujo de pólvora. Não é a pele e nem o osso por fora que ficam sujos, mas sim as paredes do canal provocadas pelo projetil. Esse canal sujo por causa do tiro que foi disparado com o cano encostado é chamado Sinal de Schusskanol. Pode aparecer em local com osso ou sem osso Se tiver osso – o canal sujo será no osso Se não tiver osso – o canal sujo será nos tecidos abaixo da entrada DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 66 (4) Sinal de Bonnet ou Sinal de Ponsold Sinal em um osso achatado (não é qualquer osso, tem que ser achatado!). Ex.: crânio, esterno (osso do peito), costela, escápula, ilíaco (pelve, bacia) Esses ossos achatados, quando baleados, formam uma figura caraterística chamada de Tronco de cone de Bonnet ou Sinal de Funil de Ponsold Só que o osso do crânio é duplo. E, entre essas duas tábuas ósseas (uma interna e uma externa), a natureza colocou um tecido como se fosse um amortecedor. Quando a bala entra, ela faz um buraco e joga para dentro uma porção de fragmentos de osso. A bala, quando bate no osso, se desestabiliza e começa a bater na parte interna desestabilizada. Ou seja, ela vai fazer um buraco no osso que é maior na parte de dentro do que na parte de fora. Então, se nós pudermos olhar como fica um buraco de entrada de projétil no osso do crânio, não vai ser um canal cilíndrico (estilo canudo). O que nós vamos ver é um buraco que temo aspecto de um cone. Só que, no lugar de ser um cone com um vértice normal, é um cone truncado (que foi cortado). Logo, essa figura geométrica chama-se tronco de cone. A base do tronco de cone indica por onde a bala saiu. E as paredes do tronco de cone são divergentes do tronco para a base. A gente fala que as paredes estão cortadas em bisel (paredes inclinadas). Quando o projetil atravessa um osso duplo, ele faz um buraco menor fora e um buraco maior dentro. Então o osso fica parecendo um tronco de cone. Então, esse aspecto do crânio, esse tronco de cone, é o chamado sinal de Bonnet. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 67 Parte menor significa entrada do projetil Parte maior significa saída do projetil Nessa imagem, tem 2 orifícios em forma de troncos de cone. Como saber qual foi o primeiro orifício a ser feito? Base (parte maior) está virada para dentro do cano Projetil entrando no crânio Base está virada para fora do crânio projetil saindo do crânio (5) Sinal de Puppe-Werkgartner Tiro com o cano encostado SEM OSSO por baixo DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 68 A boca da arma encostada na pele faz um carimbo/um decalque na pele. Quando os gases entram e empurram a pele para fora, a pele bate na boca da arma, que deixa marcas na pele. O desenho da boca da arma fica na pele. A pele não explode porque não tem osso por baixo. Se tivesse osso por baixo, os gases iam bater, voltar e explodir a pele, formando a boca de mina de Hoffman. Como eu estou apoiando a arma junto a pele, às vezes, no local onde o projétil penetrou fica impressa a imagem da boca da arma. A boca da arma fica desenhada no local do ferimento. Ora, se eu estou encontrando uma ferida de entrada de projétil de arma de fogo com o desenho da boca da arma, eu não tenho a menor dúvida de que aquilo é uma lesão de entrada de projétil de arma de fogo disparado com o cano encostado no corpo. Esse sinal da boca da arma, no tiro com cano encostado, é o sinal de Puppe-Werkgartner. DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 69 ATENÇÃO! NÃO CONFUNDIR: todos são com cano encostado, mas há diferenças: BOCA DE MINA DE HOFFMAN SINAL DE BENASSI SINAL DE SHUSKANOL SINAL DE BONNET SINAL DE PUPPE WERKGARTNER Tiro com o cano encostado Possui osso por baixo Possui osso por baixo Pode ter osso por baixo ou não Possui osso achatado embaixo SEM osso por baixo Sinal na pele (Os gases voltam e estouram a pele) Sinal no osso Sinal no cano formado pela passagem do projétil (no osso ou nos tecidos) Tronco de cone nos ossos achatados Base significa saída Parte mais estreita significa entrada Desenho do cano da arma na pele DPC-PA/2016 - Tiros encostados permitem identificar sinais específicos na pele da vítima. O desenho impresso na pele pela boca do cano e massa de mira do cano de uma arma de fogo refere-se ao sinal de: A) Thoinot. B) Bonnet. C) Puppe-Werkgaertner Werkgaertner. D) Benassi-Cueli Benassi. E) Chavigny. Gabarito: Letra c DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 70 4. LESÕES DE SAÍDA DO PAF As lesões de saída podem ter formas bizarras, estranhas, anômalas, atípicas Nem sempre o número de entradas corresponde ao número de saídas! As vezes o número de entradas não corresponde ao número de saída, pois podem sair fragmentos do osso, corpos estranhos (projeteis secundários) . Nesse caso, há mais lesões de saída do que lesões de entrada. Não tem na lesão de saída: 1) Enxugo 2) Esfumaçamento 3) Chamuscamento 4) Tatuagem 5) Sinal de benassi 6) Sinal de Bonnet 7) Boca de Mina de Hoffman 8) Sinal de Puppe- Wekgaener Na lesão de saída NÃO TEM NENHUM EFEITO SECUNDÁRIO, e NÃO TEM ENXUGO (efeito primário), mas pode ter escoriação e equimose. A saída, normalmente, não tem escoriação, mas pode ter (nos casos de anteparo). DEDICAÇÃODELTA RESUMO DE MEDICINA LEGAL TRAUMATOLOGIA FORENSE WWW.DEDICACAODELTA.COM.BR 71 ENTRADA SAÍDA Forma Arredondada (regular) Irregular Borda Invertidas (Invaginadas), salvo na mina de Hoffman Evertidas Elementos Orlas e Zonas (salvo se houver compensador ou roupa) Sem Zonas (pode ser orla equimótica e de escoriação, mas nunca de enxugo) Diâmetro Menor ou proporcional ao projétil Maior ou desproporcional Sangramento Pouco ou Ausente Muito sangue
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