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HIGIENE DO TRABALHO Professora Me. Anelise Passerine de Castro GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; CASTRO, Anelise Passerine de. Higiene do Trabalho. Anelise Passerine de Castro. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpressão 2019. 216 p. “Graduação - EaD”. 1. Higiene. 2. Trabalho. 3. Segurança. 4. EaD. I. Título. ISBN: 978-85-459-0430-4 CDD - 22 ed. 363.1 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo Luciano Santana Pereira Design Educacional Ana Claudia Salvadego Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa André Morais de Freitas Editoração Victor Augusto Thomazini Revisão Textual Gabriel Bruno Ana Caroline de Abreu Ilustração Marta Kakitani Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis- so, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R Professora Me. Anelise Passerine de Castro Mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/2012). Especialização em andamento em Sistemas Integrados (SGI) de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Responsabilidade Social, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (UEL/2011). Graduada como Engenheira Ambiental pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/2009). Desde 2008, atuo nas áreas de gestão e licenciamento ambiental, monitoramento a qualidade da água, fazendo gerenciamento de resíduos sólidos, tratamento de efluentes, Higiene do Trabalho, elaboração de programas de Segurança do Trabalho, APRs e Laudos de Insalubridade e Periculosidade, assim como docente em cursos de Tecnologia em Segurança no Trabalho e Tecnologia em Gestão Ambiental. Acredito, assim, que poderei auxiliar você neste momento de sua vida acadêmica. SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja muito bem-vindo(a) à nossa disciplina de Higiene do Trabalho. Iniciaremos juntos essa jornada fundamental e extremamente importante para a atuação do Tecnólogo de Segurança no Trabalho. A disciplina de Higiene do Trabalho apresenta-se relacionada e intercalada com muitos conceitos, por isso, este livro foi escrito de modo a apresentar os princípios, aplicações e fundamentos do tema de modo a lhe propiciar conhecimento teórico e prático. Para facilitar nosso entendimento e estudo, o livro está estruturado em cinco unidades. Na unidade I (Introdução à Higiene do Trabalho) apresentaremos uma introdução sobre o tema, na qual veremos um breve histórico da Higiene do Trabalho, quais perspectivas são esperadas e quais são os objetivos e conceitos pertinentes à disciplina. A unidade II (Contexto Legal da Higiene do Trabalho) contém as principais legislações aplicadas ao tema, na qual poderemos ver as Normas Regulamentadoras, as Normas de Higiene Ocupacional e outras correlatas. Na unidade III (Reconhecimento dos Riscos no Ambiente de Trabalho) daremos início ao estudo dos riscos ambientais e ocupacionais, verificando a definição e identificação de agentes de riscos, principais atividades originadoras desses riscos, danos à saúde oca- sionados pela existência desses e o levantamento propriamente dito dos riscos existen- tes nos ambientes laborais. Já na unidade IV (Avaliação e Medidas de Controle) passaremos a ver os meios de avalia- ção e algumas medidas existentes para controle dos riscos ocupacionais. Para encerrar, a unidade V (Programas de Saúde e Segurança do Trabalho e EPI) tratarádos principais programas de saúde e segurança do trabalho baseados nos conceitos de Higiene do Trabalho, tais como PPRA, PCMSO, PGR, PCMAT e Mapa de riscos, bem como obter um panorama sobre equipamentos de proteção individual (EPI). Após a leitura e estudo deste material, espero que você tenha conhecimentos que lhe subsidiem o entendimento e a execução das etapas da Higiene do Trabalho – e entenda como elas se relacionam com as normativas apresentadas e as suas aplicações práticas nos documentos exigidos pelos órgãos reguladores e fiscalizadores da matéria. Este é só um começo sobre um amplo universo da área de Saúde e Segurança do Traba- lho, mas meu desejo é que você seja despertado(a) e incentivado(a) a continuar nesta jornada que, com certeza, lhe trará grandes conhecimentos e uma profissão de relevada importância para a construção de uma sociedade melhor! Um grande abraço! E mãos à obra, digo, ao livro! APRESENTAÇÃO HIGIENE DO TRABALHO SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO 15 Introdução 16 Histórico da Higiene do Trabalho 22 Objetivos e Conceitos Pertinentes à Higiene do Trabalho 26 Etapas da Higiene do Trabalho 36 Considerações Finais 45 Gabarito UNIDADE II CONTEXTO LEGAL DA HIGIENE DO TRABALHO 49 Introdução 50 Norma Regulamentadora (NR) 15 75 Outras Normas Regulamentadoras (NRs) Aplicadas 77 Normas de Higiene Ocupacional (NHO) 78 Normas Internacionais Relacionadas à Higiene do Trabalho 81 Considerações Finais 89 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III RECONHECIMENTO DOS RISCOS NO AMBIENTE DE TRABALHO 93 Introdução 94 Riscos Estudados na Higiene Ocupacional 114 Levantamento dos Riscos Ocupacionais 118 Considerações Finais 127 Gabarito UNIDADE IV AVALIAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE 131 Introdução 132 Conceitos Importantes 134 Riscos Físicos: Avaliação e Medidas de Controle 147 Riscos Químicos: Avaliação e Medidas de Controle 154 Riscos Biológicos: Avaliação e Medidas de Controle 158 Riscos Ergonômicos: Avaliação e Medidas de Controle 159 Riscos de Acidentes de Trabalho: Avaliação e Medidas de Controle 160 Considerações Finais 169 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO E EPI 177 Introdução 178 Principais Programas de Saúde e Segurança do Trabalho 179 PCMSO 181 PPRA 185 PGR 187 PCMAT 190 Mapa de Riscos 195 Equipamentos de Controle Individual (EPI) 204 Considerações Finais 209 Gabarito 210 REFERÊNCIAS 216 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Me. Anelise Passerine de Castro INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer o Histórico da Higiene do Trabalho. ■ Despertar o interesse sobre o tema e verificar sua amplitude. ■ Compreender os objetivos da Higiene do Trabalho. ■ Estudar e diferenciar as etapas de realização da disciplina. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Histórico da Higiene do Trabalho ■ Objetivos e conceitos pertinentes à Higiene do Trabalho ■ Etapas da Higiene do Trabalho INTRODUÇÃO Disciplina essencial para o currículo de um Tecnólogo em Segurança no Trabalho, a Higiene do Trabalho (ou também chamada Higiene Ocupacional) objetiva o combate às doenças, advindas e decorrentes das atividades laborais, por meio da prevenção dos riscos presentes no ambiente de trabalho. Assim, nesta unidade, veremos como ela se organiza para identificar os fatores que afetam o ambiente ocupacional e o trabalhador. Entender as etapas de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle fará com que você se interesse cada vez mais sobre o tema e continue se apro- fundando na matéria. Para isso, além de aprender mais sobre essas etapas, ainda poderemos com- preender: o histórico da Higiene do Trabalho – e verificar a perspectiva atual da disciplina, de modo a nos alertar sobre os desafios e novos conhecimentos agre- gados à matéria; os objetivos e conceitos pertinentes à Higiene do Trabalho, por meio de definições de especialistas da área e algumas orientações referentes à implantação da Higiene Ocupacional. Para ajudá-lo(a) a fixar os conteúdos aprendidos nesta unidade, são tam- bém propostas Atividades de Estudo ao final da leitura. Resolva essas atividades propostas e desenvolva-se ainda mais com as indicações e reflexões dos elemen- tos Saiba Mais e Reflita. Na Leitura Complementar desta unidade é apresentado um caso prático de como profissionais da área de Segurança do Trabalho desenvolveram uma atu- ação de reconhecimento de riscos em uma pedreira. A ideia é justamente que você consiga se familiarizar com as etapas de como implantar um programa de Higiene do Trabalho e ver que, com esforço e dedicação, com certeza você con- seguirá obter muito sucesso nesta atividade. Por fim, no Material Complementar, deixo uma recomendação de livro que o(a) ajudará muito no aprofundamento desta disciplina e a indicação de um material sobre comunicação em Segurança do Trabalho, o qual poderá lhe aju- dar no seu futuro profissional. Uma boa leitura e ótima aprendizagem! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 HISTÓRICO DA HIGIENE DO TRABALHO Com o desenvolvimento da economia e dos meios de produção durante os séculos, novas ocupações e atividades surgiram. Essas transformações também reper- cutiram nas formas de adoecimento dos trabalhadores, surgindo, assim, novas doenças ligadas diretamente à função desenvolvida e ao ambiente de trabalho. Os primeiros registros sobre a segurança e saúde do trabalhador podem ser datados há mais de 2350 a.C., no Egito. Ainda que inicialmente desprovidos da capacidade técnico-científica da qual temos hoje, marcos como esses foram pri- mordiais para o desenvolvimento e a consolidação da Higiene do Trabalho. Por isso, analisá-los é de relevada importância para o entendimento e compreensão desta disciplina. Assim, nas tabelas a seguir são apresentados, respectivamente em nível internacional e nacional, esses marcos. Tabela 1 – Histórico da evolução da Higiene do Trabalho em nível internacional DATA MARCOS HISTÓRICOS 2350 a.C. Uma insurreição geral dos escravos no Egito evidenciou a necessidade de se melhorar as condições nas minas de cobre. 460 a 375 a.C. Hipócrates, médico romano, reconhece e registra a toxicidade do chumbo na indústria mineradora. 60 a 175 Plinius, um sábio romano, descreve que trabalhadores utilizavam máscara de panos ou membranas de bexiga de carneiro para proteger-se contra poeiras minerais de chumbo e mercúrio. 1473 A editora “UlrichEllenbog” publica um folheto acerca de instruções de Higiene Ocupacional. 1556 Georgius Agricola expôs métodos de prevenção de doenças em minas subterrâneas por meio do uso de técnicas de ventilação em sua obra “Dos metais”. 1700 O médico italiano Bernardino Ramazzini relaciona, no livro “As doenças dos trabalhadores”, alguns males à saúde originados no ambiente de trabalho. 1761 Morganti fez uma coletânea das matérias existentes, na época, sobre medicina do trabalho, na obra “De Sabidus Et Causis Morborum”, em que descreveu o 1º câncer ocupacional. Histórico da Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 1779 A Academia de Medicina da França lança um artigo sobre as causas e prevenção de acidentes em seus anais. Pietro Verri funda a primeira sociedade filantrópica visando ao bem-estar do trabalhador. 1788 Percival Pott reconhece a fuligem como uma das causas de câncer e ocorre o “Ato dos limpadores de chaminé”, na Inglaterra. 1802 O Parlamento Britânico aprova a “Lei da Saúde moral e dos aprendizes”.Na França, é promulgada a Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes. 1830 Charles Thackrah publica a primeira obra em inglês sobre as doenças relacionadas com o trabalho e propostas de melhoria do ambiente laboral. 1833 É baixado na Inglaterra o “FactoryAct”. Considerada como a 1ª Lei de Proteção ao Trabalhador, a legislação era aplicada em todas as fábricas têxteis ou onde se usasse força hidráulica ou a vapor. 1837 Nos EUA, Benjamim Macredi publicou Leis sobre a Proteção do Trabalho. 1842 Na Escócia, é instituída a obrigatoriedade do médico de fábrica. É instituído o “Mines Act”, na Inglaterra. 1846 Na França, é instituído como obrigatório, na indústria e no comércio, o serviço médico. 1855 Pela primeira vez nos registros históricos, são realizadas a análise dos acidentes de trabalho e os exames de admissão. 1862 Assinada a Lei de Acidentes do Trabalho, na Inglaterra, e por conseguinte a regulamentação da jornada máxima; o descanso semanal; a assistência médica de urgência; a obrigatoriedade da higiene nos estabelecimentos industriais; e a criação de jurisdição especial para resolver os conflitos individuais do trabalho. 1869 Lamuel Schatuc escreve o 1º Programa de Saúde Ocupacional nos EUA. 1873 É criada, na Alemanha (Molhause), a primeira Associação de Higiene e Prevenção de Acidentes. 1877 Surge em Massachusets (EUA) o primeiro ato governamental visando à segurança e prevenção de acidentes na indústria. 1906 É realizado o 1º Congresso Internacional de Doença do Trabalho, em Milão, Itália. INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 1910 Alice Hamilton, médica nos Estados Unidos, descreve as doenças do trabalho, expondo avaliação dos agentes e medidas de controle. É criada a “Clínica del Lavoro”, em Milão. 1913 Criação do “National Safety Concil”, nos EUA. 1919 É criada a OIT – Organização Internacional do Trabalho. 1914 É criado o “National Institute of Occupational Safety and Helth” (NIOSH), órgão responsável por pesquisa em segurança e saúde do trabalho. 1938 Criação da “American Conference of Governmental Industrial Higienists” (ACGIH), em que há o desenvolvimento de pesquisas sobre limites de exposição ocupacional para agentes físicos, químicos e biológicos e Índices Biológicos de Exposição (IBE). 1939 Fundação da “American Industrial Higienists Association” (AIHA). 1946 A ACGIH lista 148 substâncias que podem causar prejuízos à saúde do trabalhador e os limites de exposição a elas. 1948 É criada a Organização Mundial da Saúde (OMS). 1969/70 Os Estados Unidos unificam suas normas e convenções sobre Segurança e Saúde do Trabalho. 1987 Fundação da “International Occupational Hygiene Association” (IOHA), que se destina ao desenvolvimento da Higiene Ocupacional. Fonte: adaptada de Evangelho Lopes (2012), Delwing (2007), Brevigliero, Possebon e Spinelli (2011) e Fundacentro (2004). Histórico da Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Tabela 2 – Histórico da evolução da Higiene do Trabalho em nível nacional 1891 É editada a Lei sobre a proteção ao trabalho dos menores. 1919 Criada a primeira Lei brasileira sobre acidentes de trabalho. 1941 É fundada, no Rio de Janeiro, a ABPA – Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes. 1943 É aprovada, pelo decreto-Lei n°5452, a CLT. 1966 É criada a fundação Jorge Duprat Figueiredo de segurança e medicina do trabalho – Fundacentro, por meio da Lei nº 5.161/1966. O país se compromete a investir em segurança e medicina do trabalho perante a Organização Internacional do Trabalho (OIT). 1968 A Fundacentro inicia suas atividades. 1972 O Decreto n° 7086 estabelece como prioridade da Política do Programa Nacional de Valorização do Trabalhador (PNVT) a Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho. A Portaria 3237 do MTE cria os serviços de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho nas empresas. 1978 Elaboração da Portaria nº 3.214 contendo 24 Normas Regulamentadoras sobre Segurança e Medicina do Trabalho. 1992 Introdução do mapa de riscos, pela NR 5, o que possibilita a participação dos trabalhadores no reconhecimento e avaliação da qualidade dos ambientes ocupacionais. 1994 Criação da Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO). A NR 9 foi modificada e transformada em programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA), introduzindo o conceito de prevenção do nível de ação ao meio ambiente, elaborando medidas de controle aos impactos ambientais. 2011 Publicação do Decreto Nº 7.602, o qual se debruça sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST. 2012 Publicação da Lei nº 12.645, a qual institui o dia 10 de outubro como o Dia Nacional de Segurança e de Saúde nas Escolas. Fonte: adaptada de Evangelho Lopes (2012), Delwing (2007), Brevigliero, Possebon e Spinelli (2011) e Fundacentro (2004). INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 PERSPECTIVA DA HIGIENE DO TRABALHO1 A manutenção de um ambiente de trabalho equilibrado e sadio constitui-se em um tópico muito além de uma simples obrigação legal e social. Hoje, sabe- -se que investir em Saúde e Segurança do Trabalho implica também em ganhos financeiros, pois a empresa não perde sua mão de obra altamente especializada por ocorrência de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, melhora sua imagem como corporação, possibilita melhorias nos índices de produtividade e diminui gastos diretos com hospital, medicamento, apoio psicossocial e com reparação judicial e gastos indiretos com substituições e trocas de funcionários (SOARES, 2008). Dessa forma, podemos verificar que as ações de Saúde e Segurança do Trabalho hoje vão muito além de se prevenir lesões e doenças dos trabalhadores no ambiente ocupacional; elas constituem, também, um elemento fundamen- tal do êxito de uma empresa. 1 Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/>. Acesso em: 6 maio 2015. Você sabia que o Brasil já possuía uma Política Nacional de Segurança e Saú- de no Trabalho (PNSST)? Desde 2011, devido ao Decreto nº 7.602, assinado pela Presidenta Dilma Rousseff, a PNSST já vigora no nosso país. Elaborada por uma Comissão Tripartite formada entre governo, represen- tantes dos empregadores e organizações de representação dos trabalhado- res, essa política é formada por 8 (oito) objetivos divididos em tarefas de curto, médio e longo prazo, além daquelas de caráter permanente. Para saber mais a respeito e como essa política pode influenciar diretamente na sua atividade profissional, acesse o site da Fundacentro e baixe a cartilha completa sobre a política. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/institucional/plansat>. Fonte: adaptado de Fundacentro1. Histórico da Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Nestas últimas décadas, além da questão financeira, a Segurança do Trabalho viu uma de suas bases sofrer grandes modificações ao decorrer do tempo: a Higiene do Trabalho. Hoje, ela é muito mais que uma ferramenta; constitui-se num modelo prevencionista a ser seguido para se realizar a gestão ocupacional das empresas e organizações e, assim, garantir qualidade de vida aos funcionários e à comunidade. De acordo com Goelzer (2014), três pontos podem ser apontados por este crescimento: a. Saúde do trabalhador: os tomadores de decisão estão atentos e são cobra- dos quanto à manutenção da saúde do trabalhador; para garantir tal posição, é inegável a contribuição da Higiene Ocupacional. Nesse sentido, a própria preocupação com a saúde dos funcionários foi fator de impulsão para que os conhecimentos advindos da Higiene do Trabalho ganhassem cada vez maiordestaque e importância no cenário econômico e social. b. Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: a prática da Higiene Ocupacional contribui consideravelmente para a proteção do meio ambiente interno e externo. A ocorrência de desastres industriais pode levar à degradação do meio ambiente e à descoberta de problemas de saúde em decorrência da exposição aos fatores de risco nestes locais (FUNDACENTRO, 2004). Assim, a utilização dos princípios da Higiene Ocupacional contribui para um desenvolvimento econômico, social e sustentável. c. Globalização: avanços tecnológicos afetaram consideravelmente as con- dições de trabalho de proteção ambiental em âmbito mundial, de modo que as operações ficaram mais seguras e limpas. O uso dessas novas tecno- logias deve ser cada vez mais ampliado e compartilhado universalmente. Outro aspecto importante foi a tecnologia de informação, pois por meio de intercâmbios de conhecimentos e experiências, navegações pela internet e outros recursos multimídia, houve uma grande contribuição para a dissemi- nação de conteúdos sobre riscos ocupacionais, suas prevenções e controle. Assim, verificamos que a Higiene do Trabalho foi impactada positivamente por várias questões; no entanto essa mesma visão nos leva a identificar que o profis- sional responsável por essa área deve acompanhar a evolução de outras áreas de conhecimento e manter-se atualizado nas questões técnicas, além de compre- ender o contexto social e econômico em que está inserido. INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Outro tema bastante peculiar à Higiene do Trabalho é a matéria de Gerenciamento de Riscos por Sistemas. Atualmente, a estrutura dos sistemas facilita a tomada de decisões quanto à correção de um local de trabalho; assim, antecipar a avaliação dos riscos existentes nesses locais poderá ser possível com a utilização dessa ferramenta. Outros sistemas de gerenciamento também merecedores de atenção são os de Gestão Integrada, que reúnem normas de Qualidade (ISO 9001), Ambiente (ISO 14001) e de Segurança (OHSAS 18001). OBJETIVOS E CONCEITOS PERTINENTES À HIGIENE DO TRABALHO A Higiene do Trabalho, também denominada Higiene Ocupacional ou Higiene Industrial, pode ser definida como: a ciência e arte dedicada a antecipação, ao reconhecimento, avaliação e controle daqueles fatores ou tensões ambientais, que surgem no ou do trabalho, e que podem causar doenças, prejuízos à saúde ou bem-es- tar, ou desconforto significativos entre trabalhadores ou entre cidadãos da comunidade (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2011, p. 10, grifo da autora). Mediante essas definições, podemos verificar que a Higiene do Trabalho busca combater as doenças profissionais e do trabalho, de modo a identificar os fatores (agentes e riscos) que afetam o ambiente ocupacional e o trabalhador e propor mudanças no ambiente e na organização do trabalho, com o objetivo de: ■ Prevenir e reduzir acidentes e doenças. ■ Melhorar a produtividade. ■ Aumentar a motivação e satisfação do trabalhador. ■ Proporcionar bem-estar do profissional e bom desempenho de sua fun- ção profissional. Objetivos e Conceitos Pertinentes à Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 É importante ressaltar que para alcançar esses objetivos, a disciplina emprega métodos analíticos e de monitoramento ambiental para avaliar o grau de expo- sição dos trabalhadores e utiliza engenharia, controles de prática profissional e outros métodos para conter riscos potenciais à saúde. Devemos lembrar também que o desenvolvimento de doenças ocupacionais pode causar afastamentos do trabalhador para a realização de tratamentos de saúde. Caso o trabalhador retorne recuperado ao mesmo ambiente de trabalho e neste não tenham sido tomadas ações para correção das condições ambien- tais nocivas à sua saúde e segurança, o trabalhador corre o risco de desenvolver novamente a doença, podendo em alguns casos ficar totalmente incapacitado para o exercício de sua função. Por isso, a intervenção e o controle dos fatores de risco são uma etapa importantíssima para a realização da Higiene do Trabalho. Podemos nos perguntar: o que é preciso para trabalharmos com a Higiene do Trabalho? Temos que ter em mente que um bom profissional da área deve sempre estar atento às recomendações dispostas no Quadro 1. Quadro 1 – Recomendações para se trabalhar com Higiene do Trabalho • Desenvolver um ótimo entendimento dos processos, equipamentos e maté- ria-prima utilizados no processo produtivo do ambiente de trabalho ao qual estamos analisando e um forte embasamento teórico da legislação pertinente, das metodologias de avaliação (nacionais e internacionais) e de procedimentos já estabelecidos pela literatura técnica. • Analisar as situações dos ambientes ocupacionais mediante a verificação dos postos de trabalho e dos contaminantes presentes, determinando os tempos de exposição e realizando as medições e coleta de amostras necessárias. • Realizar a análise dos resultados dos possíveis contaminantes presentes nos ambientes de trabalho e compará-los com os limites de tolerância estabeleci- dos nas legislações e normas. • Com base nos resultados encontrados, recomendar as medidas de controle a serem implantadas para diminuir e/ou eliminar as concentrações dos agentes presentes no ambiente de trabalho e verificar a eficiência. Fonte: adaptado de Peixoto e Ferreira (2012). Qual a diferença entre doença profissional e doença do trabalho? Para aju- dá-lo a refletir sobre o tema, pesquise a Lei Nº 8213/ 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Desse modo, podemos verificar que a atuação na área requer muito estudo e constante atualização. Além das normas regulamentadoras e legislações apli- cadas ao tema, existem várias instituições de pesquisa em higiene ocupacional. A fim de aprofundar nossos conhecimentos no tema, são elencadas na tabela a seguir algumas dessas importantes instituições que podem nos ajudar em nosso crescimento profissional. Tabela 3 – Instituições que desenvolvem pesquisas em Higiene do Trabalho INSTITUIÇÃO IMPORTÂNCIA DA INSTITUIÇÃO PARA NOSSOS ESTUDOS A Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO)2 tem por finalidade a realização de estudos e pesquisas pertinentes aos problemas de segurança, higiene, meio ambiente e medicina do trabalho e é vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego. Apresenta, também, estatísticas de acidentes de trabalho e publica as Normas de Higiene Ocupacional (NHO), as Recomendações técnicas de procedimento e a Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO). Além disso, apresenta uma biblioteca digital com variados materiais e livros sobre saúde e segurança do trabalho. A Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO)3 tem o intuito de desenvolver estudos e ações relativos à Higiene Ocupacional, além de promover representação e defesa dos interesses individuais ou coletivos dos higienistas ocupacionais. O site da instituição apresenta muitos artigos, livros, indicações de cursos e eventos, assim como contribuições sobre a disciplina e instruções de como obter a certificação de Higienista Ocupacional (HOC). 2 Em: <http://www.fundacentro.gov.br/>. Acesso em: 6 maio 2015. 3 Em: <http://www.abho.org.br/>. Acesso em: 6 maio 2015. Objetivos e Conceitos Pertinentes à Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 A Occupational Safety & Health Administration (OSHA)4 é uma instituição integrantedo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos que tem como objetivo garantir condições de trabalho seguras e saudáveis , fazer cumprir as normas e fornecer treinamento, divulgação, educação e assistência aos trabalhadores. Além de desenvolver normas e manter registros sobre acidentes do trabalho, a OSHA disponibiliza a lista de todas as substâncias químicas conhecidas com as indicações de limites de exposição, consequências à saúde e métodos para identificação no ambiente de trabalho. A American Industrial Higienists Association (AIHA)5 é uma organização americana sem fins lucrativos de higienistas industriais dedicada a alcançar e manter programas de educação sobre saúde ocupacional e ambiental e de segurança. Apresenta em seu site variados artigos e revistas sobre informações técnicas, eventos e atividades sobre Higiene Industrial. O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH)6 é a agência federal americana responsável pela realização de pesquisas e recomendações para a prevenção de lesões e doenças relacionadas ao trabalho. Para tanto, o NIOSH integra o Centers for Disease Control and Prevention (CDC)7. Duas grandes contribuições deste instituto são o “Manual de Estratégias de Amostragem” e o “Guia para produtos químicos perigosos”. A American Conference of Industrial Hygienists (ACGIH)8 é uma organização americana que avança na pesquisa sobre saúde ocupacional e ambiental. Anualmente a instituição publica limites recomendados de exposição ocupacional (os denominados TLV – Threshold Limit Values) e inclui Índices de Exposição a Agentes Biológicos (os BEI). Fonte: a autora. 4 Em: <https://www.osha.gov/>. Acesso em: 6 maio 2015. 5 Em: <https://www.aiha.org/Pages/default.aspx>. Acesso em: 6 maio 2015. 6 Em: <http://www.cdc.gov/niosh/>. Acesso em: 6 maio 2015. 7 Em: <http://www.cdc.gov/niosh/>. Acesso em: 6 maio 2015. 8 Em: <http://www.acgih.org/>. Acesso em: 6 maio 2015. ©shutterstock INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Para se consolidar como uma ciência, a Higiene Ocupacional apresenta algumas etapas principais para preservar a saúde do trabalhador e o não surgimento de doenças ocupacionais no meio de trabalho. Essas etapas e suas principais carac- terísticas são apresentadas no item a seguir. Vamos lá? ETAPAS DA HIGIENE DO TRABALHO Conforme vimos no tópico anterior, a Higiene do Trabalho se realiza mediante quatro etapas consecutivas: ■ Antecipação. ■ Reconhecimento. ■ Avaliação. ■ Controle dos riscos ambientais. Cada uma delas pode ser definida nos tópicos a seguir. Vamos conferir? ANTECIPAÇÃO A antecipação é uma etapa que consiste em estudos prévios e ações realizadas antes da concepção, ins- talação e/ou alteração de qualquer local de trabalho (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2011) com o objetivo de identificar possíveis riscos em função dessas alterações e, assim, adotar as medi- das preventivas necessárias para eliminar, reduzir ou neutralizar a exposição dos trabalhadores. Etapas da Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Assim, os responsáveis pela saúde e segurança devem realizar a antecipação dos riscos, ainda na fase de planejamento e projeto, sempre que situações como as descritas a seguir puderem ocorrer: ■ Alterações na composição do produto fabricado ou nas matérias-primas e insumos utilizados. ■ Diferenciação, troca e incorporação de métodos, processos, equipamen- tos e ferramentas de trabalho. ■ Reformas e ampliações de instalações. ■ Alterações no layout. ■ Instalação de um novo local de trabalho. Conforme aponta Peixoto e Ferreira (2012), a equipe responsável pela saúde e segurança do trabalho pode criar normas ou procedimentos da organização na qual trabalha para os compradores, projetistas e para a contratação de prestado- res de serviço, de modo a reduzir-se, ao máximo, a probabilidade de que surjam novos riscos aos processos. Por meio da aplicação dessa etapa, podemos verificar que a Higiene do Tra- balho tem a cultura prevencionista, ou seja, antever as possíveis causas de doenças ocupacionais e do trabalho para, com isso, tomar medidas de con- trole antes que a saúde do trabalhador fique comprometida. Por isso é tão importante que a fase de antecipação ocorra ainda na fase de planejamento e projeto, pois pode garantir a seleção de tecnologias e produtos mais se- guros e menos poluentes ao meio ambiente. Além disso, essa análise inicial pode garantir que os investimentos a serem realizados sejam mais eficien- tes e os gastos com medidas de controle sejam eliminados ou reduzidos. Fonte: a autora. ©shutterstock INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 RECONHECIMENTO É uma etapa de caracterização básica (estudo) do ambiente de trabalho e dos processos exis- tentes na qual são identificadas as atividades, tarefas, fontes e tipos de riscos ambien- tais, sendo a primeira avaliação qualitativa realizada no local de trabalho. Por isso, é recomendável que essa etapa seja realizada por uma pessoa que tenha conhecimento dos processos e dos riscos existentes propriamente ditos. Visitas preliminares ao ambiente de trabalho e entrevistas com os colaboradores podem ser de essen- cial importância para o sucesso desta etapa, segundo Brevigliero, Possebon e Spinelli (2007). Deve-se considerar três dimensões (SESI, 2007): a. Os ambientes de trabalho: nos quais se deve conhecer todos os pro- cessos, todos os materiais e matérias-primas utilizados, os produtos e subprodutos gerados etc. b. Os agentes: correlacionar as atividades desempenhadas e conhecer os efeitos causados, características físico-químicas e os limites de exposi- ção toleráveis. c. Os expostos: entender as funções desempenhadas pelos trabalhadores, relacionadas ao modo de exposição dos agentes identificados. De acordo com a Norma Regulamentadora 9, a etapa de reconhecimento deve abranger os seguintes itens, descritos no Quadro 2. Etapas da Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Quadro 2 – Itens para a realização da etapa de reconhecimento Identificação dos riscos presentes no ambiente de trabalho. Determinação e localização das possíveis fontes geradoras desses riscos. Identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho. Identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos. Caracterização das atividades e do tipo de exposição. Verificação de dados existentes na empresa indicando possíveis comprometi- mentos à saúde do trabalhador. Relação de possíveis danos à saúde referentes aos riscos identificados. Descrição das medidas de controle já implantadas. Fonte: MTE (NR 9:1978). Algo muito importante na etapa de reconhecimento são a verificação e a clas- sificação dos riscos que o trabalhador está exposto. Essa classificação diminui a subjetividade do processo e pondera a existência ou não de riscos ocupacionais. Como exemplo de classificação, temos a definida por Jaques (2014) na Tabela 4. Tabela 4 – Classificação dos níveis dos riscos ocupacionais NÍVEIS DOS RISCOS OCUPACIONAIS DESCRIÇÃO Ausentes Inexistência de riscos ocupacionais. Irrelevantes Riscos menores que o nível de ação. Atenção Riscos que se encontram entre o nível de ação e o limite de tolerância. Crítico Riscos maiores que o limite de tolerância. Não tolerável Risco grave e eminente. Fonte: Jaques (2014, p. 7). ©shutterstock INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Outro aspectoimportante na classificação/caracterização das exposições é o fato de que, na Higiene do Trabalho, o foco não é a saúde de um trabalhador, mas sim do grupo, da comunidade. AVALIAÇÃO Após o reconhecimento do ambiente ocu- pacional é necessário que sejam adotadas estratégias e metodologias eficazes para rea- lizar a avaliação dos riscos de doenças no ambiente de trabalho. Essa requer estraté- gia, metodologia, amostragem e análise e interpretação dos resultados, bem como conhecimentos de avaliação, tais como calibração dos equipamentos, tempos de coleta e tipo de análise química a serem feitas. É uma etapa complexa e de fundamental importância, pois investiga, avalia e dimensiona a exposição dos trabalhadores aos agentes nocivos presentes nos postos de trabalho (PEIXOTO; FERREIRA, 2012). É nesse momento que serão obtidas informações necessárias para determinar as prioridades do monito- ramento e controle ambiental, bem como a interpretação dos resultados das medições das exposições, de modo a permitir que as medidas de controle sejam verificadas e indicadas posteriormente (SALIBA, 2014). Quando a etapa de antecipação e reconhecimento são eficazes, a etapa pos- terior de avaliação beneficia tanto o empregador com economia de tempo e custos na análise de agentes causadores de doenças, bem como ao traba- lhador que correrá menos riscos de desenvolvimento de doenças em decor- rência de sua função e ambiente de trabalho. Fonte: Brevigliero, Possebon e Spinelli (2011, p. 11). Etapas da Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 O referido autor ainda ressalta que a Avaliação tem duas frentes principais: 1. Avaliação no campo, no qual são realizados estudos da situação higiênica no ambiente de trabalho, a detecção de contaminantes e a recomendação de medidas de controle para reduzir a intensidade ou a concentração dos agen- tes a níveis aceitáveis, além da coleta de amostras e medições dos agentes. 2. Avaliação analítica, em que as análises químicas das amostras coletadas, o cálculo e as interpretações dos dados levantados no campo são realizados. Com relação às avaliações a serem realizadas, é importante frisar que elas podem ser de caráter qualitativo ou quantitativo. As avaliações qualitativas são realizadas de modo a permitir uma análise eficaz das condições laborais existentes e que possam originar agravos à saúde e à segu- rança dos trabalhadores (GOMES; OLIVEIRA, 2012). Essa fase é de fundamental importância, pois é a partir dela que ocorre a identificação dos riscos ocupacionais. Manarte (2013) ainda ressalta que nas avaliações qualitativas também são avaliados os processos produtivos, os possíveis danos à saúde, causados pelos riscos encontra- dos no ambiente de trabalho, bem como o tempo de exposição. Dependendo dos resultados encontrados nas avaliações qualitativas, muitas vezes, será necessária a continuidade da avaliação do ambiente laboral por meio de técnicas quantitativas. Essas avaliações são aquelas realizadas por meio de um instrumento especí- fico (medições por meio de dosímetro, decibelímetro, luxímetro, bomba de gases, termômetros, medidores de stress térmico, dentre outros) e no qual são obtidos valores que indicam a intensidade de um agente existente no ambiente de traba- lho ou amostras para análise laboratorial (MANARTE, 2013). Diferente da etapa qualitativa, nessa etapa deve ser estabelecido um plano de monitoramento – uma estratégia de amostragem que permita avaliar as fontes potenciais de exposição e a eficiência das medidas de controle por acaso já existentes no ambiente de trabalho. A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária para: a) comprovar o controle da exposição ou a inexistência de riscos iden- tificados na etapa de reconhecimento; b) dimensionar a exposição dos trabalhadores; c) subsidiar o equacionamento das medidas de controle (MTE, NR 9.3.4:1978). INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Uma das estratégias utilizadas na avaliação dos agentes é a criação de Grupos Homogêneos de Exposição, ou GHEs. Devido à importância desses grupos, vamos estudar de forma mais aprofundada esse tópico no item a seguir. Grupo Homogêneo de Exposição (GHE) O termo GHE (ou Grupo de Exposição Similar - GES) surgiu a partir das normas NIOSH e, no Brasil, já foi consolidado na NR 15 (MTE, 1978), em seu Anexo- 13, da NR 22 (MTE, 1978) e das instruções Normativas do INSS. Os GHEs podem ser definidos como o conjunto de trabalhadores com idên- ticas probabilidades de exposição a um dado agente. Não significa que todos os representantes sofram a mesma exposição cotidianamente, que exerçam a mesma atividade ou trabalhem no mesmo setor; mas significa que a probabilidade de eles estarem expostos a um agente semelhante ou a um risco é a mesma (VENDRAME, 2011). Assim, quando as médias de exposição de um trabalhador a um determi- nado agente forem representativas à exposição do restante dos trabalhadores do mesmo grupo, a utilização dessa metodologia é altamente viável (MTE, NR 22:1978). Outro ponto importante na criação do GHE é que a exposição deve se dar somente para um único agente. Isso porque nem sempre um grupo com a mesma função pode estar exposto da mesma maneira a todos os riscos; por exemplo, num grupo de dez prensistas, cinco trabalham com prensa hidráulica e cinco com prensa excêntrica. Para agentes químicos, todos podem ser agrupados num mesmo GHE, mas para ruído, ele já não é válido, pois há diferenciação para prensa hidráulica e prensa excêntrica (VENDRAME, 2011). A etapa de avaliação objetiva-se determinar quantas vezes e por quan- to tempo o trabalhador fica exposto a determinado agente ambiental. Se houver falhas na qualificação ou quantificação desse agente, o trabalhador correrá riscos de estar em um ambiente insalubre sem que as medidas de controle tenham sido adotadas e correndo, assim, um alto risco de desen- volvimento de doenças ocupacionais. Fonte: a autora. Etapas da Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 A utilização da ferramenta GHE também se reflete na viabilidade econô- mica da etapa de avaliação; isso porque pode ser inviável realizar avaliações quantitativas dos agentes de risco para cada indivíduo durante toda a jornada dele. Então, a criação de grupos representativos dos integrantes representa uma facilitação possível tecnicamente e aceita, em termos de Higiene Ocupacional, diminuindo, assim, o número de amostragens (custo) e o tempo para realização e término da etapa de avaliação. A criação desses grupos deve obedecer também às ferramentas estatísticas, as quais possibilitarão determinar o número mínimo de amostras necessárias e a confiabilidade dos dados obtidos. Para otimizar ainda mais os trabalhos de estratégia de amostragem, foi criada outra maneira de caracterização: o Exposto de Maior Risco (EMR). O EMR é o trabalhador que possui maior proximidade da fonte contaminante ou que fica sujeito a linhas de correntes de ar, em que o agente é aparentemente mais intenso ou que se movimenta de uma fonte para a outra (VENDRAME, 2011). Ou seja, seria o indivíduo supostamente mais exposto do grupo. Quando possível identificar o EMR, fica claro que se esse apresentar o resul- tado de alguma avaliação quantitativa abaixo dos limites, o grupo de exposição que ele representa poderá ser descaracterizado para aquele determinado risco. No entanto, se esse EMR apresentar alguma exposição acima do limite, não é possível excluir ou afirmar que todos os colaboradores do GHE estão expostos ao mesmo risco. Nesse caso, deve-se apelar para a amostragem aleatória. Essa amostragem é indicada para avaliaçãode determinado agente em um grupo homogêneo de exposição. Os resultados encontrados no processo de amostragem devem ser representativos de todos os outros integrantes do grupo. Pode-se diminuir os integrantes dos grupos, criando subgrupos, ou GHEs menores, procurando, dessa maneira, formar grupos que possuam exposição similar a todos os agen- tes presentes. ©shutterstock INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 CONTROLE Essa etapa final consiste em propor e adotar medidas que visam à eliminação ou à mini- mização dos riscos presentes no ambiente – que devem ser preferencialmente desen- volvidas por meio de medidas de engenharia e priorizando a eficiência em proteger o ambiente de trabalho –. Essas medidas de controle levam em consideração as fontes geradoras de doenças, o percurso ou formas de propagação da doença e o receptor da doença, no caso, o trabalhador (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2011). De acordo com Saliba (2014), o controle dos agentes ambientais deve se dar por meio de hierarquias a fim de preservar a saúde do trabalhador. Para tanto, essa hierarquia deverá se pautar em: a. Medidas relativas ao ambiente ou medidas coletivas: são medidas prio- ritárias aplicadas na fonte ou na trajetória do risco. Como principais exemplos, temos a substituição de materiais ou produtos tóxicos por equivalentes de menor risco à saúde, isolamento das partes poluentes, ventilação local exaustora, ventilação geral diluidora, limpeza dos locais de trabalho, manutenção de equipamentos e ferramentas, instalação de barreiras isolantes, refletoras, enclausuramento, distanciamento da fonte, entre outras. Uma vez elaborado os GHEs, as demais etapas e toda a gestão de saúde e segurança da empresa devem seguir essa divisão do grupo; ou seja, quando se realizar a escolha do tipo de avaliação/monitoramento, determinar-se a periodicidade necessária, a escolha do EPC e do EPI e até outras medidas de prevenção e correções necessárias as divisões dos GHEs devem ser levadas em consideração. Fonte: SESI (2007, p. 270). Etapas da Higiene do Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 b. Medidas administrativas: compreendem, entre outras, a limitação do tempo de exposição, a educação, rodízio de tarefas, o treinamento, redu- ção do número de expostos, escalonamento de atividades, dentre outras. c. Adoção de EPIs: não sendo possível o controle coletivo ou administra- tivo ou enquanto essas medidas estiverem sendo implantadas ou, ainda, como complemento de proteção adotada, deve-se utilizar o Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado aos riscos. d. Exames médicos: os exames médicos admissional, periódico, demissional, entre outros, avaliam a eficácia das medidas adotadas, além de controlar a saúde dos trabalhadores expostos aos agentes ambientais. Esses agentes ambientais serão estudados com maior detalhe na unidade III. Para finalizar o estudo das etapas da Higiene do Trabalho, é apresentado na tabela a seguir um resumo dessas quatro etapas a fim de facilitar o entendimento sobre o assunto. Tabela 5 – Etapas resumo de ação da Higiene ocupacional ANTECIPAÇÃO RECONHECIMENTO AVALIAÇÃO CONTROLE HIGIENE DO TRABALHO Ocorre na fase de Planejamento e projeto. Estudos prévios. Estudo do proces- so e do ambiente de trabalho. Análise e caracterização da exposição dos traba- lhadores aos possíveis agentes de risco. Medidas para proteger o ambiente de trabalho. Fonte: adaptada de Brevigliero, Possebon e Spinelli (2011). Após a execução de todas as etapas que compõem o programa de Higiene do Trabalho, será que podemos afirmar que o ambiente de trabalho que passou por todas essas etapas está ausente de riscos à saúde do trabalhador? Com relação a essa indagação, é importante ressaltar que a Higiene do Trabalho objetiva-se em realizar o controle e/ou extinção dos agentes causadores de doenças ou acidentes nos ambientes ocupacionais; para isso, é importante que sempre exista o monito- ramento (acompanhamento) das ações realizadas e, assim, verificar se as medidas implementadas para controle dos riscos ambientais asseguram a eficácia dos con- troles da exposição ocupacional aos agentes químicos, físicos ou biológicos. INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 CONSIDERAÇÕES FINAIS Acabamos de estudar a nossa primeira unidade! Pudemos compreender que a Higiene do Trabalho é uma ciência exata e, portanto, sua execução se dá por meio de etapas definidas. O emprego dessas etapas nos possibilitará identificar os agentes de risco existentes no ambiente de trabalho; ao se verificar a existência de agentes nocivos à saúde do trabalhador, serão propostas medidas que visem eliminar ou reduzir esses riscos e quaisquer agravos e doenças ocupacionais. Para isso, temos quatro etapas para o processo. A primeira etapa é a de Antecipação, na qual realizamos avaliações prévias dos projetos a serem implantados ou das modificações a serem realizadas no ambiente de trabalho. Essa etapa objetiva justamente prever possíveis riscos vin- dos dessas alterações para que, antes de essas modificações ocorrerem, medidas de redução ou neutralização desses agentes já tenham sido pensadas a respeito. Na etapa de Reconhecimento podemos identificar o ambiente de trabalho, de modo a reconhecer as atividades e tarefas desenvolvidas pelos trabalhadores e, a partir de então, verificar os riscos ambientais ali existentes. Já na terceira etapa, a de Avaliação, realizamos a investigação do ambiente de trabalho, utilizando-nos de medições, avaliações e comparativos com a legisla- ção vigente a fim de saber se o local de trabalho encontra-se em boas condições ou não. Ao rever as etapas e conceitos de Higiene do Trabalho, podemos ver que remetem ao desenvolvimento do PPRA – Programa de Prevenção aos Riscos Ambientais, trazidos pela NR 9 (MTE, 1978). Assim, verifica-se que a gestão da higiene ocupacional é realizada por meio desse programa. Para mais informações, pesquise a norma em sua íntegra e não deixe de ler os programas de saúde descritos na unidade V deste livro. Para mais infor- mações: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF80808148EC2E5E014961B- 76D3533A2/NR-09%20(atualizada%202014)%20II.pdf>. Fonte: a autora. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 Caso seja detectada alguma não conformidade com a legislação, na última etapa, chamada Controle, são propostas e adotadas medidas para eliminar ou minimizar o risco presente no ambiente. Desse modo, podemos concluir que a Higiene do Trabalho é realmente uma disciplina de muito impacto em nossa formação, pois trata da saúde e bem-estar de um grupo de trabalhadores. Assim, quando desempenhamos nossas funções em Segurança do Trabalho, somos responsáveis pela manutenção das boas con- dições de higiene e saúde no ambiente de trabalho. Justamente para ajudá-lo(a) e apresentar as ferramentas necessárias, este livro é apresentado a você! Esperamos que ele possa lhe trazer muitas informa- ções e conhecimentos. Bem-vindo(a) a essa jornada e ótimos estudos! 38 1. A Higiene do Trabalho é uma ciência que se desenvolve por meio de etapas bem definidas e dependentes. Quantas são essas etapas e quais são elas? 2. A indústria da construção civil apresenta alguns de seus ambientes de trabalho contaminados com poeiras, representando, desse modo, riscos de doenças ocu- pacionais para os trabalhadores expostos. Com base nisso, um tecnólogo de se- gurança do trabalho, com o objetivo de analisar esse local de trabalho e garantir um ambiente sadio e salubre aos trabalhadores, realizouas seguintes ações num canteiro de obras: I - Após algumas visitas a canteiros de obra, listou as principais atividades que geram poeiras com possíveis percentuais de sílica. II - Realizou as amostragens nas atividades citadas e as encaminhou para análise do laboratório. Após comparativo com as normas aplicáveis, verificou que uma atividade estava com percentuais de sílica consideráveis. III - Para essa atividade, especificamente, o tecnólogo propôs medidas que obje- tivavam neutralizar os riscos ao trabalhador. Tomando por base o descrito anteriormente, assinale a alternativa correta que correlacione as ações tomadas às etapas da Higiene do Trabalho. a. I - Reconhecimento; II - Controle; III - Avaliação. b. I - Reconhecimento; II - Avaliação; III - Controle. c. I - Controle; II - Avaliação; III - Reconhecimento. d. I - Avaliação; II - Reconhecimento; III - Controle. e. I - Avaliação; II - Controle; III - Reconhecimento. 39 3. A Higiene do Trabalho se preocupa em garantir ambientes de trabalho salubres, de modo a realizar a proteção da saúde dos trabalhadores e do meio ambiente. Para tanto, ela é realizada por algumas etapas. Diante disso, enumere a segunda coluna com a primeira e assinale a alternativa correta. A) Antecipação ( ) Esta etapa caracteriza-se pela estratégia, metodolo- gia, amostragem, análise e interpretação dos resultados encontrados. B) Reconhecimento ( ) Etapa de análise é realizada antes da concepção, insta- lação e/ou alteração de qualquer local de trabalho. C) Avaliação ( ) É uma etapa de estudo dos ambientes de trabalho, dos agentes e dos expostos. D) Controle ( ) Ações desenvolvidas por meio de medidas de enge- nharia e priorizando a eficiência em proteger o ambiente de trabalho. a. A - D - C - B. b. A - C - B - D. c. C - B - D - A. d. C - A - B - D. e. B - C - A - D. 4. Na fábrica Y, temos um grupo de trabalhadores que realizam o monitoramento de toda a linha de produção de um produto. Ao todo são 150 trabalhadores, de modo que 95 trabalham no Setor 1 e o restante trabalha no Setor 2. O Setor 1, especificamente, é bastante ruidoso, enquanto o Setor 2 não tem ruído aparen- te. De posse desses dados e com base no aprendido sobre Grupos Homogêneos de Exposição (GHE), qual a melhor saída para realizar a avaliação quantitativa de ruído na linha de produção da fábrica Y? 5. Baseado no caso anterior, temos um grupo de auxiliares de serviços gerais res- ponsáveis por organizar e limpar os mesmos locais que os trabalhadores do Se- tor 1 percorrem. É possível dizer que esses auxiliares de serviços gerais se en- quadram em um mesmo grupo homogêneo de exposição para o agente físico ruído? 40 Conforme vimos durante esta primeira unidade, a ciência Higiene do Trabalho é de fun- damental importância para assegurar e garantir a manutenção da qualidade de vida dos trabalhadores; além disso, é realizada por meio de etapas principais. Para verificarmos as variadas aplicações da disciplina, é oferecido um artigo que apre- senta uma situação prática da matéria numa pedreira. Vamos lá? IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE RISCOS OCUPACIONAIS EM PEDREIRA DA RE- GIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO A preocupação com a saúde e a segurança do trabalhador no setor de extração mineral tem crescido em função da conscientização de empregadores e empregados, os quais vêm buscando respeitar as novas legislações, implementando mudanças comporta- mentais, uma vez que vem aumentando, nos últimos anos, o número de acidentes e doenças ocupacionais. [...] A mineração apresenta risco grau 4, segundo classificação da Norma Regulamentadora 4 (MTE, 2008), Quadro I, o que se reflete em uma maior exposição do trabalhador ao risco e na ocorrência de acidentes. Baseando-se em trabalhos de diversos autores, foram identificados os principais riscos aos quais os trabalhadores estão expostos em uma mineração de pedra britada, confor- me Tabela 1. Tabela 1 – Principais riscos envolvidos nas atividades de uma pedreira RISCOS AVALIADOS POR ATIVIDADE, EM UMA MINERAÇÃO DE PEDRA BRITADA PO EI RA RU ÍD O Q U ED A S A CI D EN TE C A LO R ER G O N O M IA V IB RA Ç Ã O IN CÊ N D IO Perfuração de bancada X X X X X X X X Carregamento de explosi- vos e detonação X X X X X X Carregamento e transporte de rocha X X X X X X X Britagem e peneiramento X X X X X X 41 A poeira é um agente que está presente em todas as atividades, já que a geração de material particulado é intrínseca à produção de pedra britada. A sobrecarga térmica, em atividades a céu aberto, deve-se à exposição dos trabalhadores ao sol durante toda a jornada de trabalho, fato agravado pela ausência de sistemas de ar condicionado ou ventilação suficiente em grande parte das máquinas. Os problemas ergonômicos ocor- rem, principalmente, devido às más posturas na execução das tarefas e à permanência prolongada em uma mesma posição, como no caso dos motoristas de caminhões ou operadores de carregadeiras. O processo de perfuração de bancadas expõe o trabalhador a todos os tipos de riscos, principalmente material particulado da rocha e o ruído da perfuratriz, devido à proxi- midade com que o operador deve trabalhar da fonte geradora de poeira e de ruído. Os riscos ergonômicos e de vibração estão presentes, principalmente, na preparação para o desmonte secundário, com o uso de marteletes pneumáticos. Há risco de incêndios ou mesmo explosões, dada a possibilidade da presença de explosivos remanescentes não detonados no desmonte. Cortes e esmagamentos podem ocorrer durante o manuseio das hastes de perfuração. O carregamento de explosivos, normalmente, é realizado em bancadas isoladas, afasta- dos da perfuração ou do carregamento e transporte de materiais. Assim, o ruído não é um problema que afeta os trabalhadores. O risco de incêndio e de acidentes em geral está, principalmente, ligado à manipulação de produtos químicos e explosivos. A de- tonação, apesar de gerar ruído, não afeta as pessoas, já que é exigida, por medidas de segurança, a permanência a grandes distâncias do ponto de detonação. No carregamento e transporte de rocha, o ruído e a poeira de sílica estariam dentro dos níveis aceitáveis, se os motoristas dos caminhões mantivessem as janelas fechadas. Essa prática é impossível de ser mantida, principalmente, em função do desconforto térmi- co, dada a ausência de sistemas condicionadores de ar, o que acarreta exposição dos trabalhadores a esses riscos. A vibração no interior desses veículos é intensa, causando grande desconforto ao motorista e possibilidades de grandes problemas ergonômicos. Quedas de fragmentos de rocha de taludes instáveis ou mesmo atropelamentos podem ocorrer durante a jornada de trabalho. Os trabalhadores que atuam no setor de britagem e peneiramento, sejam em manu- tenções preventivas ou preditivas, reparos, trocas de peças, mudanças no processo ou que circulam pela área, estão expostos aos riscos assinalados na Tabela 1. Nesses casos, acidentes com partes móveis, como polias, também podem ocorrer. Após as análises de campo e acompanhamento das atividades dos trabalhadores, foram sugeridas as medidas de controle para cada um dos riscos supracitados, expostas na Tabela 2. 42 Tabela 2 – Medidas de controle propostas para a melhoria das condições de saúde e segurança dos trabalhadores POEIRA DE SÍLICA Instalação de coletores de poeira nas perfuratrizes; Umidificação dos processos; Enclausuramento das fontes emissores de material particulado; Uso de protetor respiratório. RUÍDO Uso de protetor auricular; Enclausuramento das fontes emissores de ruído; Uso de máquinas com cabine fechada; Construção de cabines de comando das operações de beneficiamento; Automação de processos que evitem contato do trabalhador com a fonte. QUEDAS Construção de muretas ou obstáculos que evitem a aproximação de beiras de banca- das; Uso de cinto de segurança ou talabarte em trabalhos de carregamento de explosivos onde haja risco de quedas.ACIDENTE Uso de EPI, como luvas, botas, capacetes, óculos e cinto de segurança para evitar cortes, esmagamentos, acidentes com produtos químicos; Automação de processos; Isolamento ou proteção de partes rodantes, como polias, roletes e correias; Ter programas de manutenção preventiva e preditiva de veículos e equipamentos; Instalação de câmeras de vídeo em locais estratégicos para controle dos processos; Substituição de produtos similares mais seguros. CALOR Uso de roupas adequadas; Uso de máquinas com cabines aclimatadas; Utilização de guarda-sol/chuva; Descanso em ambientes com temperaturas mais amenas. 43 ERGONOMIA Mudanças nos procedimentos evitando más posturas; Pausas durante a jornada para alongamentos e mudanças na posição sentada. VIBRAÇÃO Diminuição do tempo de exposição; Mudança ou adaptação nos veículos; Manutenção das pistas. INCÊNDIO Sistemas de combate a incêndio; Terceirização no manuseio e operação de explosivos. Algumas medidas de controle são comuns a todas as atividades e devem ser adotadas nos processos envolvidos na produção de pedra britada. A saber: Procedimentos operacionais claros e bem definidos: com tais procedimentos, os tra- balhadores têm um padrão elaborado pela gerência, fato que garante uma maior segu- rança na execução de sua atividade. Substituição dos equipamentos e tecnologias por equivalentes mais modernos e seguros: com essa medida, os trabalhadores podem manter-se isolados das fontes emissoras, evitando exposição desnecessária e, consequentemente, ficam protegidos dos perigos presentes. Fonte: Iramina et al. (2009, p. 503-509, on-line). MATERIAL COMPLEMENTAR Manual Prático de Higiene Ocupacional e PPRA Tuffi Messias Saliba Editora: LTr Sinopse: este livro aborda de maneira objetiva os procedimentos e a metodologia do reconhecimento, avaliação e controle dos agentes ambientais, bem como os programas normalizados sobre o tema, especialmente o PPRA. Uma ferramenta muito importante na Higiene do Trabalho é a comunicação; com ela os colaboradores podem ser informados sobre os riscos ambientais existentes nos locais de trabalho e os meios disponíveis para se protegerem. Para saber mais sobre o assunto, acesse o link: <http:// negocios.maiadigital.pt/hst/forum/seguranca/145046357842>. REFERÊNCIAS 45 GABARITO 1. A Higiene do Trabalho se desenvolve mediante quatro etapas, a saber: antecipa- ção, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais. 2. B. 3. D. 4. Com base na ferramenta GHE, sabemos que a avaliação quantitativa de determi- nado agente pode ser maximizada ao agruparmos trabalhadores que estejam expostos a idênticas probabilidades de exposição a um dado agente. Na fábrica Y, como temos dois setores expostos ao agente ruído (condições am- bientais de exposição diferentes: Setor 1 ruidoso; Setor 2 sem ruído aparente), podemos criar dois GHE diferentes. 5. Assim, ao invés de fazer variadas medições, podemos realizar menos avaliações, ganhando tempo e economia de recursos. Se considerarmos apenas o agente ruído para a criação do GHE, é possível. Po- rém não devemos nos esquecer de outras considerações importantes, além do local de trabalho, como o tempo de exposição, distância das fontes ruidosas etc. U N ID A D E II Professora Me. Anelise Passerine de Castro CONTEXTO LEGAL DA HIGIENE DO TRABALHO Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer as principais normas aplicadas à Higiene do Trabalho. ■ Despertar o interesse sobre o tema e verificar sua amplitude. ■ Compreender os principais aspectos técnicos dessas legislações. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Norma Regulamentadora (NR) 15 ■ Outras Normas Regulamentadoras aplicáveis à saúde e à segurança do trabalho ■ Normas de Higiene Ocupacional (NHO) ■ Normas internacionais relacionadas à Higiene do Trabalho INTRODUÇÃO O desenvolvimento da Higiene do Trabalho pauta-se no seguimento de normas e técnicas específicas ao tema. Mediante essas ferramentas legais, são determina- dos parâmetros que devem ser observados para assegurar um ambiente seguro ao trabalhador. Além disso, vários métodos e técnicas empregadas para a avaliação e moni- toramento das condições de higiene no ambiente de trabalho são descritos nesses instrumentos legais. Para isso, nos tópicos a seguir, veremos os principais textos legais aplicáveis à matéria, dentre os quais: a NR 15 (MTE, 1978) e suas implicações na ciência da Higiene do Trabalho; a NR 7 (MTE, 1978) e sua inter-relação com a saúde e segurança do trabalhador; a NR 9 (MTE, 1978) e implicações nas etapas de reconhecimento e avaliação; as Normas de Higiene Ocupacional (NHO) e os métodos de avaliação dos agentes ambientais; as principais normas internacio- nais de relevância para a realização da Higiene do Trabalho no país. Para ajudá-lo(a) a desenvolver os conteúdos aprendidos, são propostas Atividades de Estudo ao final da leitura. Resolva os exercícios e não deixe de verificar os elementos Saiba Mais e Reflita. Na Leitura Complementar são apresentadas duas leituras de grande impor- tância e inter-relacionadas à atuação do higienista ocupacional. O primeiro texto trata da aposentadoria especial e suas relações com os adicionais de insalubridade; já o segundo cita todas as NRs vigentes até o presente momento e as classifica em usos gerais e específicos. Será que esses dois conceitos interferem um no outro ou são totalmente independentes? Já o segundo cita todas as NRs vigentes até o presente momento e as classifica em usos gerais e específicos. Por fim, no Material Complementar deixo uma recomendação de livro que o(a) ajudará muito na compreensão das normas aplicadas não somente à Higiene do Trabalho, mas na atuação na Segurança do Trabalho. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 CONTEXTO LEGAL DA HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 NORMA REGULAMENTADORA (NR) 15 Uma das principais normas de aplicação na Higiene do Trabalho é a NR 15 (MTE, 1978). Essa norma, publicada pela Portaria MTb n.º 3.214, em 8 de junho de 1978, é o instrumento normativo que aponta as atividades e operações insalubres. Ela estabelece, além dos limites de tolerância para alguns agentes físicos, alguns critérios de avaliação. Ao todo, essa NR apresenta 13 anexos (o anexo 4 foi revogado pela Portaria MTPS n.º 3.751, de 23 de novembro de 1990), conforme podemos verificar no Quadro 1, definindo em cada um deles os agentes que podem causar agravos à saúde do trabalho. Quadro 1 – Relação dos anexos da NR 15 ANEXO AGENTE RESPECTIVO Anexo 1 Níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores ao limite de tolerância. Anexo 2 Níveis de ruído de impacto superiores ao limite de tolerância. Anexo 3 Exposição ao calor com valores de I.B.U.T.G. superiores ao limite de tolerância. Anexo 5 Níveis de radiações ionizantes com radioatividade superiores ao limite de tolerância. Anexo 6 Trabalho sob condições hiperbáricas. Anexo 7 Radiações não ionizantes consideradas insalubres em decorrência de inspe-ção realizada no local de trabalho. Anexo 8 Vibrações consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. Anexo 9 Frio considerado insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. Anexo 10 Umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. Anexo 11 Agentes químicos cujas concentrações sejam superiores aos limites de tole-rância. Anexo 12 Poeiras minerais cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância. Anexo 13 Atividades ou operações, envolvendo agentes químicos, consideradas insalu-bridades em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. Anexo 14 Agentes biológicos. Fonte: MTE (NR 15:1978). Norma Regulamentadora(NR) 15 Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 Esses anexos apresentam limites de exposição ou relação de atividades e agentes ambientais que podem causar malefício a saúde do trabalhador; devem, por- tanto, serem observados e seguidos para a preservação da saúde do trabalhador. Conforme estudamos na unidade anterior, na etapa de avaliação, as estratégias e metodologias de análise do ambiente laboral podem se dar de forma quantitativa ou qualitativa. Para facilitar nosso entendimento, no Quadro 2 são apresentadas as formas de avaliação de cada um dos anexos que vimos no Quadro 1. Mas o que é insalubridade? Insalubridade é um adicional concedido ao trabalhador que realiza ativida- des exposto a agentes nocivos, tendo sua previsão legal no artigo 192 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A NR 15 (MTE, 1978) é a norma regulamentadora que nos apresenta as ativi- dades e operações insalubres. Esse instrumento legal apresenta três graus de insalubridade: ■ Grau mínimo: o trabalhador exposto a agentes insalubres no grau míni- mo deverá receber adicional de 10 % sobre o salário mínimo regional. ■ Grau médio: o adicional de insalubridade respectivo a agentes insalubres de grau médio é de 20 % sobre o salário mínimo regional. ■ Grau máximo: adicional de 40 % sobre o salário mínimo regional. O texto normativo ainda apresenta as seguintes considerações: • se caso o trabalhador estiver exposto a dois agentes, prevalece o de maior grau. • poderá ocorrer a eliminação ou a neutralização da insalubridade por meio da utilização de medidas de controle. Fonte: MTE (NR 15:1978). CONTEXTO LEGAL DA HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 Quadro 2 – Relação dos anexos da NR 15 divididos conforme a forma de avaliação AVALIAÇÃO QUANTITATIVA (LIMITE DE TOLERÂNCIA - LT) AVALIAÇÃO QUALITATIVA 1 → Ruído Contínuo e Intermitente 6 → Pressões hiperbáricas 2 → Ruído de impacto 7 → Radiações não ionizantes 3 → Calor 9 → Frio 5 → Radiações Ionizantes 10 → Umidade 8 → Vibrações 13 → Agentes químicos 11 → Agentes químicos com LT 14 → Agentes biológicos 12 → Poeira Minerais Fonte: Munhoz (2013, on-line). De acordo com o agente, poderemos verificar que: ■ As atividades que envolvem os agentes de Radiações Ionizantes, Trabalhos sob condições Hiperáricas e Poeiras Minerais são insalubres no grau máximo. ■ Os agentes de Ruído (contínuo e intermitente), Calor, Radiações não ionizantes, Vibrações e Umidade originam insalubridade de grau médio. ■ Os agentes biológicos podem conferir insalubridade de grau médio ou máximo. ■ Já os agentes químicos poderão se enquadrar nos graus a mínimo, médio e máximo de insalubridade de acordo com a substância utilizada. A fim de facilitar o entendimento sobre a questão, veremos nos tópicos a seguir uma breve explicação sobre cada um desses anexos. ANEXO 1 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE O ruído pode ser definido como um fenômeno físico de vibração que por meio das variações de pressão no ar pode ser ouvido; trata-se, portanto, de ondas mecânicas que produzem sons. De acordo com Souza (1998), pode ser classifi- cado como contínuo, intermitente ou de impacto. Norma Regulamentadora (NR) 15 Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 Como esse primeiro anexo da NR 15 (MTE, 1978), apresentam-se os limi- tes de tolerância e o tempo máximo diário em que o trabalhador pode ficar exposto aos ruídos contínuo e intermitente. Veremos a definição de cada um deles (SOUZA, 1998) para melhor entendimento: ■ Ruído contínuo é o som cujo nível de pressão sonora (NPS) varia até 3 dB em um período acima de 15 minutos. ■ Ruído intermitente é o som cuja variação de NPS pode ultrapassar 3 dB em curtos períodos de observação (0,2 segundos até 15 minutos). Na prática, não fazemos distinção entre essas duas classificações, de modo que os limites de exposição permitidos são definidos e as avaliações são realizadas de igual modo. Conforme vimos no quadro 2, o agente ruído é avaliado quantitativamente; desse modo, o instrumento utilizado para medição é chamado de medidor de nível de pressão sonora. Essa medição é realizada em decibéis (dB) operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW). No entanto, caso o trabalhador estiver exposto a dois ou mais períodos de exposição a ruídos de níveis diferentes, devem ser analisados os efeitos combi- nados dessas exposições. O cálculo dessa dose é realizado conforme a seguinte equação, também descrita no Anexo 1 da NR 15 (MTE, 1978): C1 T1 + C2 T2 + C3 T3 = ⩽ 1 Em que: → Cn: Tempo total que o trabalhador fica exposto ao nível de ruído considerado. → Tn: Tempo máximo permitido para exposição ao agente considerado. Quando a dose ultrapassa a unidade (1), a atividade é considerada insalubre de grau médio. CONTEXTO LEGAL DA HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E54 ANEXO 2 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE IMPACTO O Anexo 2 da NR 15 (MTE, 1978) apresenta os limites de tolerância para ruído de impacto. De acordo com a normativa, ruído de impacto é “aquele que apre- senta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, a intervalos superiores a um segundo”. Esse anexo, em específico, nos apresenta duas formas de circuito de medi- ção, para os quais variam o limite de tolerância. Para melhor compreensão, são apresentados, na Tabela 1, os circuitos de avaliação para esse agente. Tabela 1 – Circuitos de avaliação para ruído de impacto CIRCUITO DE COMPENSAÇÃO CIRCUITO DE RESPOSTA LIMITE DE TOLERÂNCIA Linear Impacto 130 dB (LINEAR) “C” Rápida (FAST) 120 dB © Fonte: adaptada de MTE (NR 15:1978 – Anexo 2). O medidor a ser utilizado é o de nível de pressão sonora. Caso o limite de tolerância seja ultrapassado, o grau de insalubridade con- ferido é o médio. ANEXO 3 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR O calor pode ser definido como a transferência de energias térmicas entre dois corpos, em que o corpo com maior energia térmica (ou seja, mais quente) trans- fere parte dessa energia para o corpo mais frio, até que ambos estejam com a temperatura igual (SILVA, 2013). Para a Higiene do Trabalho, a exposição ao calor é avaliada mediante equa- ção estabelecida pelo “Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo” – IBUTG. Esse índice calcula a sobrecarga térmica por meio de uma equação matemática que correlaciona parâmetros medidos no ambiente de trabalho. Norma Regulamentadora (NR) 15 Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 Essa equação varia em função da presença ou não de carga solar no momento da mediação, de modo que, para realizar o cálculo do IBUTG, são empregados os seguintes instrumentos: ■ Termômetro de bulbo úmido natural (tbn). ■ Termômetro de globo (tg). ■ Termômetro de bulbo seco ou mercúrio comum (tbs). Assim, quando a exposição ao calor é realizada sem carga solar, utilizamos a seguinte equação: EXPOSIÇÃO AO CALOR SEM CARGA SOLAR Já quando as atividades são realizadas com carga solar, consideramos no cál- culo além da temperatura de bulbo úmido natural e a de globo, a temperatura de bulbo seco. Assim, a equação fica da seguinte forma: EXPOSIÇÃO AO CALOR COM CARGA SOLAR Os limites de tolerância são observados em decorrência do IBUTG calculado para o ambiente de trabalho, de modo que no Quadro 1 do respectivo anexo são apresentadas as faixas permitidas. CONTEXTO LEGAL DA HIGIENE DO TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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