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TOXICOLOGIA AMBIENTAL E OCUPACIONAL Professora Dra. Cristiane Suemi Shinobu Mesquita Professor Esp. Hudson Marleygino Mesquita GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MESQUITA, Hudson Marleygino; MESQUITA, Cristia- ne Suemi Shinobu. Toxicologia Ambiental e Ocupacional. Hudson Marleygino Mesquita; Cristiane Suemi Shinobu Mesquita. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. Reimpresso em 2019. 140 p. “Graduação - EaD”. 1. Toxicologia. 2. Ambiental. 3. Ocupacional. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 616.9 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Luciano Santana Pereira Designer Educacional Maria Fernanda Canova Vasconcelos Projeto Gráico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Victor Augusto Thomazini Qualidade Textual Danielle Marta Loddi Santos Hellyery Agda Gonçalves da Silva Ilustração Marta Kakitani Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e proissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando proissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Pró-Reitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou proissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação proissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e proissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U T O R E S Professor Esp. Hudson Marleygino Mesquita Graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2005) e especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Estadual de Maringá (2007). Realizou MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (2015), atua como Engenheiro de Segurança do Trabalho no SESI unidade de Campo Mourão – PR. Professora Dra. Cristiane Suemi Shinobu Mesquita Graduada em Farmácia com Habilitação em Análises Clínicas pela Universidade Estadual de Maringá (2006). Possui mestrado em Biociências Aplicadas à Farmácia (2009). Doutora em Biociências e Fisiopatologia (2016) pela Universidade Estadual de Maringá. Atuou como docente na Uningá em 2007/2008 e na Universidade Estadual de Maringá 2010/2011. SEJA BEM-VINDO(A)! Para um melhor desenvolvimento do livro, por se tratar de um assunto relativamente multidisciplinar, uma vez que abrange conhecimentos em Higiene Ocupacional e Segu- rança do Trabalho, além de conteúdos relacionados à toxicocinética e toxicodinâmica, a escrita foi realizada por dois autores, visando uma abrangência maior sobre o conteúdo. Os autores são o especialista Hudson Marleygino Mesquita, graduado em Engenharia Química, com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e a mestre Cris- tiane Suemi Shinobu Mesquita, graduada em Farmácia Bioquímica, com mestrado em Biociências Aplicadas à Farmácia. A Toxicologia investiga os agentes tóxicos sob vários aspectos, desde sua natureza, mé- todos de detecção até os efeitos que causam nos seres vivos. O risco de intoxicação por agentes químicos e físicos aumenta na proporção direta ao desenvolvimento da ciên- cia e tecnologia, que coloca à disposição da população um número cada vez maior de produtos, sejam eles alimentos, medicamentos, inseticidas ou produtos de limpeza em geral, aumentando o risco de intoxicações. Estas intoxicações podem ocorrer nos mais diversos lugares, seja em nossos lares, local de trabalho e até mesmo em locais públicos, ao ar livre. Podem abranger desde intoxica- ções simples e isoladas, como a ingestão de produtos de limpeza, até situações coletivas de inalação de gases tóxicos em alguns tipos de indústrias. Neste livro, veremos quais agentes químicos podem ser responsáveis por quadros de intoxicação, como isso ocorre em nosso corpo e o que podemos fazer para nos auxiliar, evitando situações de risco. Na unidade I serão apresentados conceitos básicos da toxicologia envolvendo termos utilizados para a compreensão da disciplina, e discutiremos suas áreas, enfatizando a toxicologia ocupacional, tema deste livro.Na unidade II vamos falar sobre os agentes químicos, apresentando conceitos e classi- icações próprias da higiene ocupacional para agentes químicos, além de apresentar a NR-15 e seus anexos 11, 12 e 13, que falam de substâncias químicas. Na unidade III será apresentada a toxicocinética, ou seja, conheceremos o percurso que o agente tóxico realiza, a partir da exposição com o trabalhador até sua eliminação. Na unidade IV será abordado a toxicodinâmica, ou seja, entenderemos os mecanismos responsáveis por causar as lesões em órgãos e tecidos, além de conhecer algumas do- enças ocupacionais que podem acometer indivíduos expostos a determinados agentes químicos. Na unidade V iremos conhecer a FISPQ, entendendo sua utilização e importância. APRESENTAÇÃO TOXICOLOGIA AMBIENTAL E OCUPACIONAL SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA 15 Introdução 16 Conceituando Toxicologia 21 Tipos de Toxicologia 24 Toxicologia Ocupacional 30 Considerações Finais 37 Referências 38 Gabarito UNIDADE II AGENTES QUÍMICOS 41 Introdução 42 Conceituando Agentes Químicos 45 Limite de Tolerância para Agentes Químicos 47 NR-15 Anexo 11 e 12 50 NR-15 Anexo 13 52 Considerações Finais 58 Referências 59 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III TOXICOCINÉTICA 63 Introdução 64 Introdução à Toxicocinética 64 Mecanismos de Transporte 67 Absorção 71 Distribuição 73 Excreção 76 Considerações Finais 83 Referências 84 Gabarito UNIDADE IV TOXICODINÂMICA 87 Introdução 88 Conceituando Toxicodinâmica 91 Mecanismos de Toxicidade 96 Classiicação das Intoxicações 98 Principais Doenças Ocupacionais no Brasil 101 Considerações Finais 111 Referências 112 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V FISPQ 115 Introdução 116 Breve Histórico 117 Conceituando a FISPQ 124 Utilizando a FISPQ 131 Considerações Finais 138 Referências 139 Gabarito 140 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Dra. Cristiane Suemi Shinobu Mesquita INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender conceitos básicos em Toxicologia. ■ Distinguir as diferentes áreas da Toxicologia. ■ Compreender o signiicado de Toxicologia ocupacional e ambiental. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Conceituando Toxicologia ■ Tipos de Toxicologia ■ Toxicologia ocupacional INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), você já percebeu o quanto nossas vidas estão repletas de produtos químicos? Desde o suco que tomamos até o sabão que utilizamos para lavar nossas roupas contêm substâncias químicas, que podem ou não ser tóxicas ao nosso corpo. Geralmente, o que determina esta toxicidade é a quan- tidade do agente químico utilizado, ou a natureza deste agente. Apesar de a tecnologia trazer a cada dia mais produtos químicos ao nosso cotidiano, a pre- sença de substâncias químicas na vida das pessoas é muito antiga, e podemos dizer que a história da Toxicologia acompanha a própria história do desenvol- vimento humano, pois desde o início da humanidade temos indícios de que o homem possuía conhecimento sobre os efeitos tóxicos de uma série de subs- tâncias, desde venenos de animais até produtos extraídos de plantas tóxicas. Atualmente, a Toxicologia destaca-se como uma ciência que visa ao bem-estar das pessoas, propondo formas de se expor aos mais diversos agentes químicos, de maneira que se mantenha a saúde, possibilitando beneiciar-se de todas as vantagens que os produtos químicos que nos cercam podem nos proporcionar. Dessa forma, iniciaremos nossos estudos apresentando a você conceitos bási- cos e termos utilizados em Toxicologia para facilitar a compreensão deste livro e otimizar o entendimento do assunto. O conteúdo de Toxicologia apresenta uma amplitude de assuntos demasiada, portanto, na sequência, discutiremos sobre suas diferentes áreas e enfatizaremos a Toxicologia ocupacional e ambiental, que são áreas importantes para proissionais que atuarão no ramo de segurança do trabalho. Nesta unidade contemplaremos assuntos mais básicos para introduzir a Toxicologia a você. Espero que o estudo seja agradável e que, após o término desta unidade, você tenha se familiarizado com os termos e conceitos, bem como entendido com tranquilidade as diversas áreas da Toxicologia. Bons estudos! Introdução R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 15 ©shutterstock INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E16 CONCEITUANDO TOXICOLOGIA A Toxicologia é o estudo dos efeitos decorrentes da interação de substâncias químicas com organismos vivos, de acordo com deter- minados tipos de exposição. Dessa forma, a Toxicologia investiga a ocorrência, a natureza, a incidência, os mecanismos e os fatores de risco dos efeitos de agentes químicos. A seguir serão apre- sentados alguns termos e conceitos em Toxicologia, com a inalidade de facilitar e aumentar o entendimento dos tópicos seguintes que serão trazidos ao longo deste livro. Todas as substâncias são venenos; não existe uma que não seja veneno. A dose certa diferencia um veneno de um remédio. (Paracelsus – dritte defensio – 1538). Conceituando Toxicologia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 17 Figura 1 – Conceitos em Toxicologia Xenobiótico: substância química estranha ao organismo. Substâncias Nocivas: são agentes químicos que, por inalação, absorção ou ingestão, produzem efeitos de menor gravidade. Agente tóxico ou toxicante: é o agente químico capaz de causar dano ao organismo, alterando seriamente uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição, quando absorvido pelas diversas vias de penetração. Substâncias Irritantes: são agentes químicos que podem produzir ação irritante sobre a pele, olhos e trato respiratório. i Veneno: termo popular utilizado para se referir à substân- cia química ou mistura de substâncias que provoca a intoxicação ou a morte com baixas doses, ou ainda, termo utilizado para designar substâncias de origem animal, com funções de defesa, como o veneno de cobra e o de abelha, por exemplo. T+ INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E18 Substâncias Tóxicas: são agentes químicos que, ao serem inalados, absorvidos ou ingeridos, podem causar efeitos graves e/ou mortais. Substâncias Produtoras de Fogo: são agentes químicos sólidos, não explosivos, facilmente combustíveis que causam ou contribuem para a produção de incêndios. Substâncias Corrosivas: são agentes químicos que causam destruição de tecidos vivos e/ou materiais inertes. Substâncias Explosivas: são agentes químicos que, pela ação de choque, percussão, fricção, produzem centelhas ou calor su�ciente para iniciar um processo destrutivo por meio de violenta liberação de energia. Antídoto: agente capaz de promover efeito contrário aos efeitos tóxicos causados por determinadas substâncias. Droga: substância capaz de alterar ou explorar o sistema �siológico ou estado patológico, com ou sem intenção de benefício do organismo receptor. Fonte: adaptado de Oga et al. (2008) e Michel (2000). Conceituando Toxicologia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 19 Conceitos biológicos em Toxicologia Via de administração: caminho pelo qual uma substância entraem contato com o organismo. Ação tóxica: é a maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre as estruturas teciduais. Dose letal (DL 50): é a dose de uma substância química capaz de provocar a morte de 50% de um grupo de animais em estudo, da mesma espécie, quando administrada pela mesma via. Concentração letal (CL 50): é a concentração atmosférica de uma substância química capaz de provocar a morte de 50% de um grupo de animais expostos, em estudo, por um tempo de�nido. Dose resposta: é a relação entre o grau de resposta do sistema biológico e a quantidade de tóxico administrada. Risco: é a probabilidade estatística de uma substância química provocar efeitos nocivos em condições de�nidas de exposição. Exposição: é o contato do organismo com uma determinada substância tóxica. Suscetibilidade ou sensibilidade: é uma característica especí�ca de um indivíduo em apresentar uma reação ou resposta na presença de um determinado agente. Sinergismo: quando o efeito de duas drogas se somam e apresentam uma ação mais potente do que o efeito de cada droga separadamente. Mutagênese: é a capacidade de uma substância química de causar mutações no DNA das células, que podem ser transmitidas durante a divisão celular. Intoxicação: é a manifestação dos efeitos tóxicos. Carcinogênese: é a capacidade especí�ca que uma substância química tem de produzir alterações no DNA celular que ocasionam o desenvolvimento de células cancerígenas, que podem dar origem a tumores. Teratogenicidade: é a capacidade que uma substância tem de desenvolver uma má formação no embrião em desenvolvimento, no ventre materno. A in�uência das substâncias químicas depende da fase de gestação durante a qual ocorre a exposição à substância. Fonte: adaptado de Oga et al. (2008) e Michel (2000). INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E20 Equipamentos em Toxicologia Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC): são equipamentos de uso coleti- vo, utilizados para prevenir e/ou minimizar acidentes (extintores de incên- dio, lava-olhos etc.). Equipamentos de Proteção Individual (EPI): são equipamentos de uso pes- soal, utilizados para prevenir e/ou minimizar acidentes (botas, luvas, prote- tores faciais etc.). Barreira Química: são dispositivos ou sistemas que protegem o indivíduo do contato com substâncias químicas irritantes, nocivas, tóxicas, corrosivas, líquidos inlamáveis, substâncias produtoras de fogo, agentes oxidantes e substâncias explosivas. Fonte: adaptado de Oga et al. (2008) e Michel (2000). GRAVIDADE Sempre que pensamos em Toxicologia, um termo constantemente utilizado é a toxicidade, que nada mais é do que a capacidade dos agentes tóxicos de causarem danos às estruturas biológicas, por meio de interações físico-químicas. De acordo com Michel (2000, p. 51), “[...]é a medida do potencial tóxico de uma substân- cia”, lembrando que todas as substâncias químicas são capazes de causar efeitos que podem lesionar o organismo, porém, todas podem ser utilizadas com segu- rança, respeitando-se a dose e a exposição ao organismo humano. Fatores que inluenciam a toxicidade estão relacionados à frequência da exposição, duração da exposição e via de administração pela qual aconteceu o contato. A toxicidade de uma substância pode ser classiicada de acordo com o tempo de resposta em: aguda, subcrônica e crônica, e de acordo com a severidade em: leve, moderada e severa. Além disso, a manifestação clínica dos sintomas pode ser local, ou seja, no local onde ocorreu a intoxicação, ou sistêmica, quando temos uma manifes- tação disseminada pelo corpo como um todo. Tipos de Toxicologia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 21 A Toxicologia tem como objetivo avaliar as lesões causadas no organismo por agentes químicos, bem como investigar os mecanismos envolvidos no processo, identiicando e quantiicando as substâncias tóxicas que podem estar presentes nos luidos biológicos, determinando seus níveis aceitáveis no organismo, permi- tindo uma utilização segura destas substâncias. Este conhecimento é importante, pois permite realizar o tratamento adequado de pacientes intoxicados, além de auxiliar no estabelecimento de medidas capazes de prevenir intoxicações. TIPOS DE TOXICOLOGIA A Toxicologia compreende uma grande área de conhecimentos. Dessa forma, proissionais de diferentes formações contribuem para seu desenvolvimento. Podemos dividir as áreas de trabalho de acordo com a atividade que será realizada, sendo atualmente dividida em Toxicologia Analítica ou Química, Toxicologia Clínica ou Médica e Toxicologia Experimental. TOXICOLOGIA ANALÍTICA O objetivo da Toxicologia Analítica é o de prevenir ou diagnosticar intoxica- ções por meio de métodos laboratoriais, pois procura detectar o agente químico ou algum outro parâmetro que indique a presença do agente tóxico em luidos biológicos, alimentos, água, ar, solo entre outros. Utiliza-se de métodos exatos, precisos e de sensibilidade para a identiicação do toxicante ou para observar alterações bioquímicas no organismo. Dentro da Toxicologia Analítica, destaca-se a Toxicologia Forense, com o objetivo de detectar ou identiicar agentes tóxicos em material biológico envol- vido em ocorrências policiais/legais. Como exemplo, podemos citar a detecção de álcool no sangue de indivíduos que se envolvem em acidentes de carro, com a intenção de se conirmar a embriaguez. INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E22 Além disso, ela também é importante nos casos de monitoramento terapêu- tico, para pacientes que realizam tratamentos prolongados com medicamentos que podem causar danos à saúde, de acordo com a dose administrada e o tempo de duração do tratamento. Dessa forma, é possível se realizar correções de doses para uma melhor eicácia terapêutica, com ausência ou baixo risco de intoxicações. O monitoramento biológico da exposição ocupacional também é útil para acompanhamento de indivíduos expostos a agentes químicos em seu ambiente de trabalho, com o objetivo de evitar intoxicações ou o desenvolvimento de doenças. Por exemplo, a inalação de asbesto ou amianto, um agente químico utilizado para a fabricação de telhas e caixas d’água, pode ocasionar o desen- volvimento de doença ibrótica pulmonar ou carcinoma pulmonar. Devido seu alto potencial patogênico, sua utilização pelas empresas deve ser controlada por meio de medidas de controle e monitoração do ar inalado pelos trabalhadores, além de utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) adequados. Outro aspecto importante é a elaboração e o acompanhamento do Programa de Prevenção Respiratória (PPR), que possui a intenção de realizar o monitora- mento da exposição dos trabalhadores ao agente químico. Outra utilidade interessante da Toxicologia Analítica está relacionada ao controle antidopagem em competições esportivas, com o intuito de investi- gar a presença de substâncias proibidas no organismo do atleta pela Legislação Esportiva. Outra área de atuação, ainda se pensando em Toxicologia Analítica, está rela- cionada ao diagnóstico laboratorial da intoxicação aguda ou crônica, auxiliando o médico na escolha do melhor tratamento e acompanhamento do paciente intoxicado. De uma maneira geral, todas as áreas da Toxicologia relacionadas à detecção de algum agente tóxico no organismo, a partir de um substrato, que pode ser um luido biológico (sangue, urina), água, alimentos, utilizando técnicas de análise estão relacionadas à Toxicologia Analítica.Toda a metodologia utilizada para a realização dos testes deve apresentar alto grau de sensibilidade, ou seja, capaci- dade de identiicar o agente químico em baixas concentrações, e especiicidade, que é a capacidade de identiicar exatamente o agente químico pesquisado, evi- tando identiicar um que seja diferente do pesquisado. Tipos de Toxicologia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 23 TOXICOLOGIA CLÍNICA A Toxicologia Clínica está relacionada ao atendimento do paciente intoxicado, para prevenir ou diagnosticar a intoxicação, além de escolher o tratamento mais adequado para o paciente. Nesta área, a preocupação está relacionada aos sinais e sintomas da intoxicação apresentados pelo paciente e sua associação com a subs- tância tóxica. Para o diagnóstico das intoxicações e identiicação do agente tóxico envolvido, geralmente é necessária uma equipe multidisciplinar capaz de reali- zar análises laboratoriais, clínicas e toxicológicas para a elucidação do caso. Por exemplo, em casos de intoxicação por mordida de animais peçonhentos, após o acidente, o paciente deve ser levado ao hospital para avaliação médica e pos- terior utilização de soro antiofídico. Em algumas situações, é necessário saber qual o animal ou inseto exato que causou a intoxicação, para administração do melhor antídoto e, caso isso não seja possível, uma avaliação médica adequada é capaz de auxiliar na escolha do tratamento mais indicado para a situação. TOXICOLOGIA EXPERIMENTAL A Toxicologia Experimental tem por objetivo esclarecer os mecanismos de ação dos agentes tóxicos sobre os sistemas biológicos, avaliando os efeitos decorrentes desta interação a partir de experimentos in vitro e in vivo, que visam simular o que ocorre nos organismos. A importância desta área da Toxicologia está relacionada à avaliação da toxicidade de substâncias, importante, por exemplo, para novos medicamentos, uma vez que é necessário a veriicação da toxicidade destes novos compostos para sua utilização de maneira segura, sem causar prejuízo às pessoas. Independente da área de trabalho que você escolher dentro da Toxicologia, seu principal objetivo sempre será o diagnóstico, o tratamento e, especialmente, a prevenção das intoxicações. A cada dia, a Toxicologia torna-se mais atuante na sociedade, devido ao aumento e à diversidade de substâncias químicas disponí- veis para o consumo da população, sendo encontradas nos mais diversos tipos de produtos, como alimentos, produtos de limpeza, higiene pessoal, medicamen- tos, enim, a sociedade está cercada por agentes químicos. Dessa forma, o papel © sh u tt er st o ck INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E24 do toxicologista, na busca pela excelência por meio de novas metodologias ou tratamentos, torna-se cada vez mais essencial para a sociedade. Por ser uma ciência abrangente, a Toxicologia possui várias áreas de atuação, de acordo com a natureza do agente tóxico ou a maneira como atinge o sistema biológico, podendo ser dividida em Toxicologia Ambiental, Ocupacional, de Alimentos, de Medicamentos e Cosméticos e Social. A seguir, abordaremos a Toxicologia Ambiental e Ocupacional, pois estas áreas de atuação estão intima- mente relacionadas à segurança do trabalho, nosso tema de estudo. TOXICOLOGIA OCUPACIONAL A Toxicologia Ocupacional dedica-se, basicamente, ao estudo dos efeitos maléicos produzidos pela interação dos agentes químicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho com os trabalhadores. O principal objetivo do toxicologista ocupa- cional é a prevenção dos efeitos adversos à saúde dos trabalhadores oriundos de seu ambiente de trabalho. As doenças originadas no ambiente de trabalho geral- mente envolvem exposição por meio de inalação, ingestão ou absorção dérmica. O toxicologista ocupacional deve icar atento, pois, em algumas situações, é difícil estabelecer a relação entre a doença do trabalhador e sua ocupação no trabalho, uma vez que alguns sintomas clínicos das doenças induzidas no local de trabalho são geralmente muito parecidos com sintomas de doenças que podem ser adquiridas em qualquer outro ambiente. Além disso, o inter- valo entre a exposição ao agente e a manifestação da doença pode ser longo, diicultando a identiicação do causador da doença. E, inalmente, as doenças de origem ocupacional podem ser desenvolvidas devido a uma série de fatores, que podem ser desde pessoais até ambientais, e a somatória destes fatores contribui para o processo e desenvolvimento da doença. Toxicologia Ocupacional R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 25 A resposta de um organismo a um agente tóxico depende de fatores relacio- nados ao indivíduo e à dose do agente. Estes fatores podem inluenciar tanto na manutenção da saúde do trabalhador como progredir para o desenvolvimento da doença propriamente dita. Além disso, a dose pode estar relacionada à con- centração, duração e frequência da exposição, e características individuais e ambientais podem afetar a dose. De acordo com Oga et al. (2008), a exposição ocupacional a um agente quí- mico é derivada de uma atividade proissional que ocasiona o contato com o mesmo, permitindo a possibilidade de ocorrência de efeitos tóxicos seja por ação local, na pele ou mucosas, no local onde houve o contato, ou com produção de efeitos sistêmicos, devido à absorção e penetração da substância, podendo oca- sionar efeitos de curto, médio ou longo prazo. A forma de manuseio das substâncias e as condições de trabalho e ambien- tais as quais os trabalhadores são submetidos são fatores determinantes para a exposição ocupacional. Por isso, tudo deve ser considerado para se realizar a avaliação e monitorização ambiental. Os pontos importantes que devem ser observados são relacionados aos trabalhadores e as funções desempenhadas e ao ambiente de trabalho, desde o movimento dos materiais até as condições de ventilação do ambiente (OGA et al., 2008). O monitoramento ambiental consiste na veriicação da presença de agen- tes que possam ser capazes de causar risco à saúde presentes no ambiente de trabalho. Para estas veriicações, são realizadas avaliações e os resultados são comparados com dados obtidos de referências adequadas, determinadas pela Norma Regulamentadora 15 (NR-15), a qual especiica os Limites de Tolerância e Limites de Exposição Ocupacional. De acordo com a NR-15 (1978): [...] entende-se por “Limite de Tolerância”, para os ins desta Norma, a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral (NR-15, INSALUBRI- DADE, on-line)1. E, de acordo com a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH, 2006), a deinição para Limite de Exposição ou hreshold Limit Value (TLV): INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E26 Os limites de exposição referem-se a concentrações de substâncias quí- micas dispersas no ar (assim como a intensidade de agentes físicos de natureza acústica, eletromagnética, ergonômica, mecânica e térmica) e representam condições às quais se acredita que a maioria dos traba- lhadores possa estar exposta, repetidamente, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde (ACGIH, 2008, p. 03). Os Limites de Tolerância (para agentes químicos) são estabelecidos pela Legislação Brasileiraa partir da NR-15, anexos 11, 12 e 13, a qual ixa as substâncias passivas de aplicação de insalubridade, estabelecendo seus limites de tolerância a partir de uma tabela de valores. Dependendo do tipo de atividade praticada pelo tra- balhador, podemos ultrapassar os limites de tolerância, devendo ser concedido ao trabalhador um adicional de insalubridade, que equivale a 10, 20 ou 40% do salário mínimo, devendo ser acrescentado ao salário do trabalhador. Para a elaboração da NR-15, foram utilizados os limites estabelecidos pela ACGIH de 1977, e desde sua criação, em 1978, foram realizadas pouquíssimas atualizações. Na prática diária, são muito utilizados os TLV’s, que são editados anual- mente pela ACGIH, que publica a lista de agentes químicos e físicos, servindo como referência mais atualizada. Para os agentes químicos, os TLV’s referem-se a concentrações de substâncias químicas dispersas no ar, representando as con- dições sob as quais imagina-se que quase todos os trabalhadores podem estar expostos, sem efeitos adversos à saúde. Por isso, devemos observar que as TLV’s estão relacionadas a substâncias dispersas no ar, representando quase todos os trabalhadores, não fazendo distinção de idade e sexo. As TLV’s podem ser clas- siicadas como: ■ TLV-TWA (Time Weight Average – Média Ponderada pelo Tempo): utili- zada para substâncias que produzem efeito a médio e longo prazo. Dessa forma, é possível uma exposição ligeiramente acima do valor deinido pela TLV, por um curto período, sendo que, na média, o limite deve ser respeitado (OGA et al, 2008). ■ TLV-STEL (Short Term Exposure Limit – Limite de Exposição de Curto Período): está relacionado a concentrações em que os trabalhadores podem estar expostos continuamente por um curto período, não comprometendo sua saúde (OGA et al, 2008). Toxicologia Ocupacional R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 27 ■ TLV-C (Ceiling – Teto): utilizado para substâncias altamente tóxicas, que produzem efeitos em curto prazo. Portanto, sua concentração não deve ser ultrapassada em momento algum durante a jornada de traba- lho (OGA et al, 2008). A Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) anualmente realiza a tradução e edição do livreto contendo as TLV’s e realiza a distribuição da versão traduzida por todo o Brasil. Porém, é importante lembrar que as TLV’s não são contempladas pela NR-15, mas servem como referência para situações não pre- vistas por esta norma reguladora, além de serem documentos mais atualizados. Outro fator que deve ser considerado é o Nível de Ação que, conforme deinido na Legislação Brasileira, é o nível de concentração ambiental de uma substância química que pode ser inalado pelo trabalhador (NR’s 9 e 7). De uma forma geral, este nível equivale a 50% do Limite de Exposição Ocupacional (LEO), porém, este valor pode ser calculado a partir do desvio padrão geométrico das concentrações da substância química. Portanto, quanto maior a variação da expo- sição ambiental menor será o valor para o nível de ação. Os resultados das medições de Limite de Exposição Ocupacional e Nível de Ação fazem parte da avaliação ambiental e são utilizados para a elaboração do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, conhecido como PPRA. De acordo com os valores encontrados e o tipo de agente químico envolvido, é pos- sível se determinar a periodicidade com que devem ser realizadas as avaliações no ambiente de trabalho. Por exemplo, quando os valores encontrados estão abaixo da concentração do Nível de Ação, as avaliações podem ser realizadas a cada 2 anos. No entanto, independente do controle periódico realizado, sem- pre que houver alterações no ambiente de trabalho, sejam elas relacionadas ao processo, rotina de trabalho, entre outros aspectos, devem ser realizadas novas avaliações, com o objetivo de preservar a saúde dos trabalhadores. A maior preocupação da Toxicologia Ocupacional está diretamente ligada ao cuidado da saúde dos trabalhadores. Durante a jornada de trabalho, pode- mos nos expor a uma série de fatores de risco, dentre eles substâncias químicas que podem causar danos à saúde. Para prevení-los, é importante que o ambiente de trabalho seja monitorado, no sentido de se evitar exposição excessiva aos agentes químicos. Para auxiliar neste monitoramento, são realizadas avaliações INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E28 dos trabalhadores para determinar a presença de substâncias químicas em seus organismos, a partir da coleta de material biológico (sangue, urina), conhecidas como monitoramento biológico. O monitoramento biológico é uma ferramenta importante que permite ao médico do trabalho realizar um programa de vigilância da saúde, o Programa de Controle Médico em Saúde Ocupacional (PCMSO). A vigilância da saúde é conceituada por Oga et al. (2008, p. 254) como: [...] atividade sanitária desenvolvida pelo médico do trabalho com o objetivo de evidenciar, o mais precoce possível, as alterações do estado da saúde que podem ser consequência da exposição a uma substância química e podem tornar presente uma contra indicação da exposição a essa substância. A manutenção da saúde dos trabalhadores necessita de uma abordagem mul- tidisciplinar aplicada para prevenir qualquer alteração biológica que possa ser decorrente de uma exposição excessiva a substâncias químicas. As doenças desenvolvidas por trabalhadores em função de sua atividade labo- ral são desencadeadas geralmente por meio de inalação, ingestão ou absorção dérmica (devido ao contato da substância química com a pele ou mucosas). As doenças respiratórias são as mais frequentes, devido à inalação contínua de subs- tâncias que agridem o sistema respiratório. No entanto, o contato com agentes químicos pode ocasionar o desenvolvimento de doenças em outros sítios, mui- tas vezes distantes das vias de administração, como tumores no fígado, bexiga, no trato gastrintestinal, sistema cardiovascular, doenças hepáticas, doenças no sistema reprodutor ou ainda no sistema hematopoiético, também pode danii- car o sistema nervoso central ou periférico e são atribuídos a agentes das mais variadas classes químicas. O desenvolvimento destas doenças pode ocorrer a curto, médio ou longo prazo, sendo que o agente determinante para estas mani- festações está relacionado à natureza química do agente tóxico e características próprias do trabalhador. Toxicologia Ocupacional R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 29 Agora que já temos um conhecimento básico de Toxicologia Ocupacional, ica fácil perceber que, em diversos ambientes de trabalho, o trabalhador está sujeito a intoxicações. Em algumas situações, devemos fazer adequações no local de trabalho, reduzindo a emissão de agentes químicos nocivos e, consequen- temente, a chance de intoxicação do trabalhador. Porém, em outras situações, além destas adequações, pode ser necessária a adoção de um dos equipamentos de proteção individual, mais conhecidos como EPI’s. Os EPI’s devem ser fornecidos gratuitamente pelas empresas, com a intenção de reduzir a chance de acidentes, por induzir o trabalhador a não cometer atos inseguros. Ou seja, o EPI não funciona como meio de prevenção de acidentes, porém, caso este aconteça, a utilização dos mesmos ameniza as consequências, evitando lesões ou reduzindo sua gravidade. Portanto, diante de tudo que foi transmitido nesta unidade, é possível per- ceber que os agentes químicos podem causar intoxicações nos trabalhadores e, dependendo da toxicidade doagente químico, estes ainda podem causar doen- ças que só irão se manifestar futuramente. Dessa forma, é importante que as empresas realizem o controle do ambiente de trabalho no qual submetem seus trabalhadores, com a intenção de promover a saúde. As doenças pulmonares ocupacionais apresentam elevado índice de preva- lência em todo o mundo. Ainda que a silicose e a asma ocupacional sejam as mais conhecidas doenças respiratórias, as doenças relacionadas ao asbesto vêm sendo diagnosticadas em número crescente no Brasil. O asbesto ou amianto é uma ibra mineral, encontrada naturalmente na crosta terrestre, lexível, praticamente indestrutível, altamente resistente ao calor, conhecido desde a antiguidade. A exposição ocupacional e ambiental às ibras de asbesto pode acarretar uma série de doenças, especialmente para o aparelho respiratório: a asbes- tose, alterações pleurais benignas, câncer de pulmão e o mesotelioma de pleura e peritônio. Sintomas de asbestose incluem tosse e dispnéia e ester- tores basilares inspiratórios. Fonte: Capelozzi (2001, p. 206-207). INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E30 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade tivemos a intenção de transmitir a você alguns conceitos ligados à Toxicologia, para posicioná-lo(a) nas etapas seguintes. Estes conceitos podem parecer difíceis em um primeiro momento, no entanto, após um contato e uma maior utilização de todos, icará muito mais fácil a compreensão e até mesmo a memorização dos mesmos. Além disso, tam- bém procuramos orientá-lo(a) a respeito da diversidade de áreas que abrangem a Toxicologia, ressaltando nossa área de estudo, a Toxicologia Ocupacional, rela- cionada à segurança do trabalho. Espero que tenha icado claro a dimensão do que aborda a Toxicologia, espe- cialmente a Toxicologia Ocupacional, dada a sua importância para a manutenção da saúde dos trabalhadores, uma vez que estamos expostos diariamente a subs- tâncias químicas, pois as mesmas encontram-se dispersas em nossas vidas a todo momento, em casa e no trabalho. Outro fator importante é que, quando se trata de saúde do trabalhador, precisamos contar com uma equipe multidisciplinar, com médicos, enfermeiros, técnicos e engenheiros de segurança do trabalho, capazes de realizar todas as atividades necessárias para a prevenção de aciden- tes de trabalho e promoção à saúde dos trabalhadores. Com base nas informações obtidas, você perceberá que as próximas eta- pas icarão mais claras e o seu entendimento será mais fácil, dessa forma, seu aprendizado será mais tranquilo. A partir de agora, aprofundaremos nossos conhecimentos em Toxicologia, pois iremos apresentar a você fatores mais especí- icos dos agentes químicos e todo o caminho que eles podem percorrer em nosso organismo, além de saber mais sobre o que acontece na combinação destes ele- mentos, como ocorre esta interação no organismo. Continue com determinação este nosso caminho em busca do conhecimento. Bons estudos! 31 1. Qual o signiicado de agente tóxico? a. Termo popular utilizado para se referir à substância química ou mistura de substâncias, que provoca a intoxicação ou a morte com baixas doses. b. São agentes químicos que causam destruição de tecidos vivos e/ou materiais inertes. c. É o agente químico capaz de causar dano ao organismo, alterando seriamen- te uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição. d. São agentes químicos que podem produzir ação irritante sobre a pele, olhos e trato respiratório. e. Agente capaz de promover efeito contrário aos efeitos tóxicos causados por determinadas substâncias. 2. Relacione o conceito ao signiicado: I – Exposição II – Dose letal (DL 50) III – Sinergismo IV – Barreira química ( ) São dispositivos ou sistemas que protegem o indivíduo do contato com substâncias químicas irritantes, nocivas, tóxicas, corrosivas, líquidos inlamáveis, substâncias produtoras de fogo, agentes oxidantes e substâncias explosivas. ( ) É o contato do organismo com uma determinada substância tóxica. ( ) Quando o efeito de duas drogas se somam e apresentam uma ação mais potente do que o efeito de cada droga separadamente. ( ) É a dose de uma substância química capaz de provocar a morte de 50% de um grupo de animais em estudo, da mesma espécie, quando administrada pela mesma via. Assinale a alternativa correta: a. I, II, III e IV. b. IV, I, III e II. c. IV, III, II e I. d. III, II, I e IV. e. IV, I, II e III. 32 3. Assinale a alternativa correta: a. Substâncias nocivas são capazes de causar graves efeitos tóxicos caso sejam inaladas, ingeridas ou absorvidas pela pele. b. Substâncias tóxicas não causam efeitos graves quando em contato com o organismo. c. Substâncias irritantes são agentes químicos que podem produzir irritação quando em contato com a pele, olhos e trato respiratório. d. Substâncias corrosivas são agentes sólidos, não explosivos, facilmente com- bustíveis que causam ou contribuem para a produção de incêndios. e. Substâncias explosivas são agentes químicos que causam destruição de teci- dos vivos e/ou materiais inertes. 4. Quais seriam atribuições da Toxicologia Analítica? Assinale Verdadeiro (V) ou Fal- so (F): ( ) Controle antidopagem em competições esportivas. ( ) Atendimento do paciente intoxicado, para prevenir ou diagnosticar a into- xicação, além de escolher o tratamento mais adequado para o paciente. ( ) Monitoramento biológico da exposição ocupacional. ( ) Toxicologia Forense, com o objetivo de detectar ou identiicar agentes tó- xicos em material biológico envolvido em ocorrências policiais/legais. 5. Qual é o objetivo da Toxicologia Ocupacional? a. Prevenir ou diagnosticar intoxicações por meio de métodos laboratoriais. b. Esclarecer os mecanismos de ação dos agentes tóxicos sobre os sistemas bio- lógicos, avaliando os efeitos decorrentes desta interação a partir de experi- mentos in vitro. c. Diagnóstico laboratorial da intoxicação aguda ou crônica, auxiliando o mé- dico na escolha do melhor tratamento e acompanhamento do paciente in- toxicado. d. Prevenção dos efeitos adversos à saúde dos trabalhadores oriundos de seu ambiente de trabalho. e. Investiga a ocorrência, a natureza, a incidência, os mecanismos e os fatores de risco dos efeitos de agentes químicos. 33 Para a leitura complementar, preparamos uma tabela onde constam vários agentes quí- micos, os órgãos ou sistemas em que causaram a doença e a doença que pode ser de- sencadeada devido à exposição aos agentes tóxicos. Com relação às doenças desenvol- vidas, as mesmas podem variar com relação à gravidade, e o que ocasiona esta variação é o tipo de agente ao qual o trabalhador é exposto e a concentração ao qual o mesmo é submetido. ÓRGÃO/SISTEMA OU GRUPO DE DOENÇA DOENÇA AGENTE CASUAL Pulmões e vias aéreas Edema pulmonar agudo, bronquiolite obliterante Rinite alérgica Asixia Asma Síndrome semelhante à asma Bronquite, pneumonite Bronquinte crônica Enizema Doença ibrótica pulmonar Pneumonite por hipersensi- bilidade Febre do fumo de metais Irritação da membrana mu- cosa Síndrome tóxica de poeiras orgânicas Inlamação do trato respirató- rio superior Óxidos de nitrogênio, fosgênio Polens, esporos de fungos Monóxido de carbono, cia- neto de hidrogênio, gases inertes (por queda do O 2 ) Diisocianato de tolueno, ɑ-amilase, proteínas de urina animal Celeiro de suínos, poeira de algodão, bioaerossóis Arsênio, cloro Poeiras de algodão e de frãos, fumos de soldas Poeiras de carvão, fumaça de cigarro Sílica, asbestos Bactérias termofílicas, proteínas de aves, piretro, Penicillium, Aspergillus Zinco, cobre, magnésio Ácido clorídrico, celeiros de suínos Silagem mofada, endoto- xina Endotoxina, perptideogli- cana, glucanas, viroses 34 Câncer Leucmia agudamielogênica Câncer da bexiga Cânceres gastrintestinais Hemangiosarcoma hepático Carcinoma hepatocelular Mesotelioma, carcinoma pulmonar Câncer de pele Benzeno, óxido de etileno Benzidina, 2-naftilamina, 4-difenilamina Asbestos Cloreto de vinila Alatoxina, vírus da hepa- tite B Asbestos, arsênio, éter bis (clorometila), radônio Hidrocarbonetos aromáti- cos policíclicos, irradiação ultravioleta Pele Dermatite alérgica de contato Queimaduras químicas Cloracne Dermatite por irritação Látex de borracha natural, isotiazolinas, hera tóxica, níquel Hidróxido de sódio, ácido luorídrico TCDD, *bifenilas policlo- radas Sulfato de sódio dodecilia Sistema nervoso Inibição de colinesterase Neuropatia Parkinsonismo Neuropatia periférica Inseticidas organofosfo- rados Metilmércúrio Monóxido de carbono, dissulfeto de carbono N-Hexano, tricloretileno, acrilamida Sistema imune Doença autoimune Hipersensibilidade Imunossupressão Cloreto de vinila, sílica Ver entradas para rinite alérgica, asma, hipersen- sibilidade, pneumonite, dermatite de contato alérgica TCDD, chumbo, mercúrio, pesticidas 35 Sistema renal Falha renal indireta Nefropatia Arsina, fosina, trinitrofenol Paraquat, 1,4-dicloroben- zeno, cloreto mercúrico Doença cardiovascular Arritmias Aterosclerose Doença arterial coronariana Cor pulmonale Hipotensão sistêmica Acetona, tolueno, cloreto de metila, tricloretileno Dinitrotolueno, monóxido de carbono Dissulfeto de carbono Berílio Nitroglicerina, dinitrato de etilenoglicol Doença hepática Fígado gorduroso (esteatose) Cirrose Morte hepatocelular Tetracloreto de carbono, tolueno Arsênio, tricloretileno Dimetilformamida, TCDD Sistema reprodutivo Homens Mulheres Ambos os gêneros Clordecona (kepone), dibromocloropropano, hexano Anilina, estireno Dissulfeto de carbono, clumbro, cloreto de vinila Doenças infecciosas Encefalite por arbovírus Aspergilose Criptoporidiose Hepatite B Histoplasmose Legionelose Doença de Lyme Psitacose Tuberculose Alfavírus, buniavírus, lavivírus Aspergillus niger, a. Fumiga- tus, A. lavus Cryptosporidium parvum Vírus da hepatite B Histoplasma capsulatum Legionella pneumophila Borrelia burgdorferi Chlamydia psittaci Mycobacterium tuberculo- sis hominis Fonte: Klaassen e Watkins III (2012, p. 432). MATERIAL COMPLEMENTAR Este vídeo retrata um dos maiores acidentes químicos que ocorreu em Bhopal na Índia em 1984, quando houve o vazamento de 40 toneladas de gases tóxicos de uma fábrica de pesticidas. Disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=YMhmcbecB9Y> Revista Emergência Edição 7/2015 - Emergências químicas industriais requerem preparação tanto dos órgãos públicos quanto privados Lia Nara Bau Editora: Proteção Publicação e Eventos Sinopse: Com os avanços tecnológicos que vivemos nos últimos tempos, a cada dia temos mais substâncias químicas presentes em nossa vida. Seja nos alimentos que consumimos, nos produtos de limpeza ou higiene pessoal e até mesmo nos brinquedos das crianças. Diante deste cenário, podemos imaginar o aumento de acidentes com produtos químicos nas indústrias, o que vem preocupando as empresas no que se refere ao preparo das mesmas para conter este problema. A Revista Emergência traz uma notícia de capa comentando esta situação, que preocupa a todos, com considerações sobre o que deve ser feito. Leia mais em: <http://www.revistaemergencia.com.br/edicoes/7/2015/ AAjj>. REFERÊNCIAS ACGIH, AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS. Limites de Exposição (TLV’s) para substâncias químicas e agentes físicos e limi- tes biológicos de exposição. Cincinnati (OH); 2008. Tradução da Associação Brasi- leira de Higienistas Ocupacionais: São Paulo, 2008. BRASIL, Ministério do Trabalho. Portaria Ministerial número 3214, normas regu- lamentadoras 7, 9 e 15 e anexos. Brasília (DF): Diário Oicial da União; 28-12-1978. CAPELOZZI, V. L. Asbesto, asbestose e câncer: critérios diagnósticos. Jornal de Pneumologia, São Paulo, v. 27, n. 4, p. 206-218, jul./ago. 2001. KLAASSEN, C. D.; WATKINS III, J. B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull. Porto Alegre: Editora AMGH, 2012. MICHEL, O. da R. Toxicologia Ocupacional. Rio de Janeiro: Editora Revinter, 2000. OGA, S.; CAMARGO, M. de A.; BATISTUZZO, J. A. de O. Fundamentos de Toxicologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2008. Citação de Links 1<http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/insalubridade.htm>. Acesso em: 07 de jun. de 2016. 37 GABARITO 1. C. 2. B. 3. C. 4. V, F, V, V. 5. D. U N ID A D E II Professora Dra. Cristiane Suemi Shinobu Mesquita AGENTES QUÍMICOS Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender conceitos básicos de agentes químicos. ■ Aprofundar os conhecimento sobre agentes químicos sob a ótica da higiene ocupacional e entender os limites de tolerância. ■ Entender como utilizar a Norma Regulamentadora para avaliar o agente químico pelo limite de tolerância. ■ Entender como utilizar a Norma Regulamentadora para avaliar o agente químico pela atividade e contato com o agente. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Conceituando agentes químicos ■ Limite de tolerância de agentes químicos ■ NR 15 (anexo 11 e 12) ■ NR 15 (anexo 13) INTRODUÇÃO Você deve pensar em agentes químicos e se recordar das aulas de química, onde era necessário decorar os elementos químicos e suas posições na tabela periódica, fazer cálculos do peso molecular, ou até mesmo lembrar-se da química orgânica, onde aprendemos a montar o nome dos elementos químicos Met, Et, Prop, But... e assim por diante. A partir de agora, vamos utilizar alguns destes conhecimen- tos aprendidos no segundo grau, conhecer as normas regulamentadoras para que possamos, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação, da prevenção e do controle de fatores de risco, proteger a saúde dos trabalhadores. Nesta unidade vamos conhecer as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que tratam, orientam e estabelecem valores rela- tivos à saúde e segurança do trabalho, visando prevenir acidentes ou doenças relacionados à prática laboral. Conheceremos alguns conceitos de agentes quí- micos, as maneiras de identiicação e os riscos associados ao químico. Vamos aprender a classiicação destes agentes, algumas propriedades destes produtos que são importantes para sua identiicação e o controle de sua propagação no ambiente. Outro ponto importante abordado nesta unidade está relacionado ao reco- nhecimento da presença de alguns elementos químicos dispersos no ambiente, uma vez que sua simples presença ou até mesmo ausência são capazes de causar acidentes, alguns podendo até ser fatais, além de quantiicar agentes químicos que podem proporcionar doenças ocupacionais. A partir dos conceitos adquiridos para identiicar, avaliar e quantiicar os agentes químicos, poderemos utilizar a Norma Regulamentado 15 do MTE para avaliarmos uma atividade ou operação na qual os trabalhadores icam expostos a agentes químicos, sendo capazes de classiicá-la como insalubre, caso ultra- passem os limites de tolerância, ou ainda por meio da inspeção e constatação no local de trabalho. Muito obrigado e bom estudo! Introdução R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 41 AGENTES QUÍMICOS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E42 CONCEITUANDO AGENTES QUÍMICOS Olá, aluno(a)! Agora que você já conhece alguns termos técnicos relacionados à Toxicologia, vamos aprender alguns conceitos e outras informações importantes sobre os agentes químicos com foco na área prevencionista e na Higiene Ocupacional. Em muitas atividades, as pessoasestão expostas a diferentes substâncias, como a matéria prima necessária para fabricação de produtos, como exemplo a fabri- cação de sabão, xampu, colchões, tintas, entre outros, ou até mesmo na limpeza e higienização de área e partes industriais, seja limpeza de tubulações, tanques, sanitários e pisos, ou ainda na preparação e pintura de peças como galvaniza- ção, pintura de veículos ou peças metálicas, além de muitas outras atividades laborais. Essas substâncias em geral são misturas ou compostos de substâncias químicas que, se manuseadas de maneira inadequada, provocam riscos à saúde de quem manuseia e de quem está inserido no mesmo ambiente. É evidente que o simples fato da presença de algumas substâncias não garante que ocorra a exposição ao agente químico, e nem mesmo a existência de um ambiente prejudicial aos trabalhadores, mas é um bom subsídio para o pro- issional analisar e, se necessário, quantiicar cada agente, para então adotar as medidas necessárias para garantir a saúde dos que ali trabalham. Como o que iremos abordar nesta unidade trata diretamente da Higiene Ocupacional, vale a pena trazer uma deinição deste conceito, segundo a American Conference of Governamental Industrial Hygienists (ACGIH): [...] é a ciência e arte de reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou tensões ambientais originados do, ou no, local de trabalho e que podem causar doenças, prejuízo para a saúde e bem-estar, desconforto e ineiciência signiicativos entre os trabalhadores ou entre os cidadãos da comunidade. (FUNDACENTRO, 2004, p. 45). De uma maneira simples, agente químico é a substância química, produto químico ou misturas que estão presentes no ambiente e que podem causar algum dano ou prejudicar a saúde quando entram em contato com um indivíduo. Este agente químico pode entrar em contato com o trabalhador por meio do ar ambiente, da água, pelo contato com equipamentos, pelo uso ou manuseio de instrumen- tos ou ferramentas ou até mesmo pela ingestão de alimentos contaminados. Conceituando Agentes Químicos R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 43 Os produtos químicos podem estar presentes nos 3 estados físicos bem conhe- cidos por todos que são: o estado sólido, líquido e gasoso, e em todos os estados existe a possibilidade de ocorrer o contato, proporcionando danos e risco à saúde. Podemos identiicar agentes químicos misturados em suspensão ou dispersão no ar atmosférico, os quais são conhecidos como contaminantes atmosféricos. Este tipo de dispersões, que podem ser compostas de partículas líquidas ou sólidas, chamamos de aerodispersóides, que podem ser divididos quanto à sua formação em poeiras, neblinas, névoas e fumos. Para deixar mais simples, veja o quadro abaixo que caracteriza e exempli- ica aerodispersóides. Quadro 1: Tipos de aerodispersóides Poeiras São partículas sólidas geradas mecanicamente por ruptura de partículas maiores, ou por dispersão secundária de partí- culas sedimentadas. Poeira de sílica, carvão mineral, algodão, talco. Fumos Partículas sólidas produzidas por condensação ou oxidação de vapores de substâncias sólidas. Fumos de óxido de zinco, fumos de soldagem. Névoas Partículas líquidas resultantes da ruptura mecânica ou da dispersão de líquidos. Névoa de água, névoa de lago- as de aeração, borrifadores. Neblinas Partículas líquidas produzidas por condensação de vapores de substâncias que são líqui- das à temperatura normal. Neblina. Fibras Partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos, que se diferenciam das poeiras porque têm forma alongada, com um compri- mento de 3 a 5 vezes superior ao seu diâmetro. Podem ser de origem animal, vegetal ou mineral. Fibra de lã, seda (animal); Fibras de algodão, linho e cânhamo (vegetal); Fibras de asbestos, vidros (mineral). Fonte: adaptado de Greco (2007). AGENTES QUÍMICOS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E44 Para não nos confundirmos, os aerodispersóides são diferentes de gases e vapo- res, pois: ■ Gases: são substância em fase gasosa, que, em condições normais de tem- peratura e pressão (CNTP 25ºC e 760 mmHg), também encontram-se no estado gasoso. Exemplos: hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, argônio, hélio. ■ Vapores: são substâncias em fase gasosa, mas que, em condições nor- mais de temperatura e pressão (CNTP 25ºC e 760 mmHg), encontram-se líquidas ou sólidas. Exemplos: vapores de água, vapores de gasolina, ace- tona, tolueno. Os gases e vapores são classiicados pela sua ação no organismo, e podem ser divididos em irritantes, anestésicos e asixiantes. Gases ou vapores irritantes: produzem irritação nos tecidos com os quais entram em contato direto, tais como a pele, a conjuntiva ocular e as vias respi- ratórias. Vale ressaltar que a intensidade da ação irritante causada pelos gases ou vapores depende da estrutura química da substância, de sua concentração no ar e/ou do tempo de exposição do indivíduo. Podem ser divididos ainda como irritantes primários (irritantes de ação sobre as vias respiratórias superiores, irritantes de ação sobre os brônquios, irritantes sobre os pulmões, irritantes atí- picos) e irritantes secundários. Gases ou vapores anestésicos: produzem efeito narcótico ou depressivo sobre o sistema nervoso central, fundamentalmente o cérebro. Podem ser intro- duzidos pelas vias respiratórias, mas alcançam a corrente sanguínea, por onde são distribuídos. São divididos em anestésicos primários, anestésicos de efeito sobre as vísceras (fígado e rins), anestésicos de ação sobre o sistema formador de sangue e anestésicos de ação sobre o sistema nervoso. Gases ou vapores asixiantes: a principal característica é o efeito tóxico que impede, de alguma forma, que o oxigênio atinja os tecidos. Podem ser dividi- dos em simples e químicos. Aluno(a), você percebeu que os aerodispersóides podem ser sólidos ou líqui- dos e que são bem diferentes dos gases e vapores devido as suas características. Para ilustrar nosso aprendizado até esse ponto, observe o esquema a seguir: Limite de Tolerância para Agentes Químicos R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 45 Risco Químico Gases e Vapores Irritante Anestésico As�xiantes Sólidos Líquidos NévoaPoeiras Fumos Neblinas Fibras Aerodispersóides Fonte: adaptado de Greco, 2007. Vale lembrar que o contato com os agentes químicos pode ocorrer de diferen- tes maneiras, e as principais vias de penetração no organismo são: vias aéreas, contato dérmico e ingestão, sendo importante observar e conhecer a forma de exposição ao qual o trabalhador foi submetido. LIMITE DE TOLERÂNCIA PARA AGENTES QUÍMICOS A simples presença de agentes químicos não implica necessariamente que o traba- lhador venha a contrair uma doença do trabalho ou que aquele seja um ambiente inadequado para quaisquer atividades. Já vimos no tópico anterior o conceito de limite de tolerância, mas, para se realizar a determinação deste valor, é impor- tante avaliar duas grandezas: TEMPO DE EXPOSIÇÃO e CONCENTRAÇÃO. O tempo de exposição é uma análise que avalia o tempo que o trabalhador ica exposto ao agente. Logicamente, para uma mesma concentração do agente, quanto maior o tempo de exposição maiores serão as possibilidades de se pro- duzir uma doença ocupacional. A concentração é quanto do agente químico está presente em uma determinada quantidade de ar daquele ambiente, e essa concen- tração é avaliada pela Norma Regulamentadora em diferentes unidades de medida: AGENTES QUÍMICOS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E46 ■ ppm (partes por milhão) – em geral, essa unidade é utilizada para repre- sentar a concentração de gases e/ou vapores. Representa quantas partes do agente (em volume) existem junto a um milhão de partes (em volume) de ar analisado. ■ mg/m3 (miligrama por metro cúbico) – em geral é utilizada para repre- sentar a quantidade de aerodispersóides. Representa quantos miligramas (massa) do agente existe em um metro cúbico de ar analisado. Para facilitar nosso dia a dia, é possível fazer a conversão destas unidades, seguindo a tabela abaixo: Tabela 1: Conversão de unidades CONVERSÃO OPERAÇÃO ppm a mg/m³ ppm x ( pm / 24,45*) mg/m³ a ppm mg/m³ * (24,45 / pm**) Onde: 22,45* é o volume ocupado por uma molécula de gás a 25ºC e 1 atm pm* é a peso molecular do agente químico. Fonte: o autor. Exemplo: Para o Acetaldeído – C 2 H 4 O, o limite de tolerância é de 78 ppm, que em mg/m³ é: Massa molecular do Acetaldeído: Peso atômico C=12g/mol; H=1g/mol; O=6g/mol, então: C2 = 2 x 12 = 24 H4= 4 x 1 = 4 24 + 4 + 16 = 44 g O = 1 x 16 = 16 mg/m³ = 78 ppm x 44 / 24,45 = 140,38 Quanto maior a concentração dos agentes presentes no ambiente de trabalho, maior será a possibilidade de efeitos nocivos à saúde dos trabalhadores. A con- centração dos agentes químicos deve ser avaliada, mediante amostragem nos locais de trabalho, de maneira tal que ela seja a mais representativa possível da exposição real do trabalhador. ©shutterstock NR-15 Anexo 11 e 12 R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 47 Se avaliarmos as duas grandezas, percebe-se que são inversamente propor- cionais: Quanto maior a concentração do agente, menor deve ser o tempo de exposição do trabalhador, ou então, quanto maior o tempo de exposição, menor deve ser a concentração do agente químico, para garantir que o trabalhador não irá contrair uma doença ocupacional. Bom, agora que sabemos um pouco mais sobre os agentes químicos, como são divididos e algumas maneiras de contato com o trabalhador, precisamos saber como o Ministério do Trabalho e Emprego orienta quanto à avaliação e deine os limites para cada agente. Vale ressaltar que, no Brasil, os Limites de Tolerância para os agentes quí- micos são estabelecidos pela Norma Regulamentadora 15, em seus Anexos 11 e 12. O anexo 13 desta Norma trata também sobre agentes químicos, mas neste texto a veriicação é realizada de maneira qualitativa. NR-15 ANEXO 11 E 12 A Norma Regulamentadora n.º 15 descreve as atividades, operações e agentes insalu- bres, ixa seus limites de tolerância, deinindo quando a atividade ou operação é insalubre, e também os meios de proteger os trabalha- dores de tais exposições. O art. 189 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) deine atividades ou operações insalubres como: Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empre- gados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância ixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de expo- sição aos seus efeitos. (BRASIL, decreto n.º 26 de dezembro de 1977, on-line)1. AGENTES QUÍMICOS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E48 A NR n.º 15 deine, no seu item 15.1.5: “Limite de Tolerância”, para os ins desta Norma como sendo, “a con- centração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natu- reza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. (NR 15, ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES, 1978, on-line)2. As atividades ou operações com agentes químicos que têm seus limites de tolerân- cia ixados na NR-15 estão previstos nos Anexos n.º 11 - Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por Limite de Tolerância e inspeção no local de tra- balho, e Anexo n.º 12 - Limites de Tolerância para poeiras minerais. Vale lembrar que essa norma foi elaborada com base em uma jornada de trabalho de 48 horas semanais, e seus valores são válidos somente para absorção por vias respiratórias. Ao analisarmos a norma, como ilustrado na tabela abaixo, é possível perce- ber que a mesma é constituída por colunas onde temos as seguintes informações: Agentes químicos, valor teto (nem todos os agentes possuem esse limite), absor- ção também pela pele, limite de tolerância e o grau de insalubridade que deve ser conferido caso o limite seja ultrapassado. Tabela 2: Limites de tolerância AGENTES QUÍMICOS VALOR TETO ABSORÇÃO TAMBÉM P/ PELE ATÉ 48 HORAS/ SEMANA GRAU DE INSALUBRIDADE A SER CONSIDERADO NO CASO DE SUA CARACTERIZAÇÃO PPM* MG/M3** Acetaldeído 78 140 máximo Acetato de cello- solve + 78 420 médio Acetato de éter monoetílico glicol (vide acetado de cellsolve) - - - Acetato de estila 310 1090 mínimo Acetato de 2-etóxi estila (vide acetado de cellosolve) - - - NR-15 Anexo 11 e 12 R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 49 Acetileno Asixiante simples - Acetona 780 1870 mínimo Acetonitrila 30 55 máximo Ácido acético 8 20 médio Ácido cianídrico + 8 9 máximo Ácido clorídrico + 4 5,5 máximo Ácido crômico (névoa) - 0,04 máximo Fonte: NR 15 (ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES, 1978, on-line)2. Analisando o primeiro agente da tabela, o acetaldeído, constatamos que o limite de tolerância para o mesmo é de 78 ppm = 140 mg/m³ (como vimos no exem- plo 1). Caso este limite seja ultrapassado, o trabalhador exposto a esta condição terá um grau máximo de insalubridade. Você percebe que, para o acetato de cellosolve, aparece um símbolo + na coluna absorção também pela pele, o que indica que, se o trabalhador manter um contato dérmico com este agente, o mesmo poderá ser absorvido também pela pele (via cutânea), sendo exigidos equipamentos de proteção individual (para mão ou área de contato) quando existir a possibilidade de exposição do trabalhador. Ao analisarmos agora o ácido clorídrico, o simbolo + aparece na coluna valor teto, indicando que o valor da concentração do limite de tolerância não pode ser ultrapassado em momento algum durante a jornada de trabalho. O anexo 12 da Norma regulamentadora deine o limite de tolerância para poeiras minerais, como asbesto, manganês e seus compostos, sílica livre crista- lina. Além disso, traz orientações quanto ao vestuário, periodicidade de exames, modelos e outras informações para controle e monitoramento destas poeiras. É importante ressaltar que, ao avaliar um agente químico que não possui seu limite de tolerância na NR-15, devemos recorrer à NR-9 da Portaria n.º 3.214, que dispõe: [...] quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes os valores limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Higye- nists, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos (NR 9, NORMA REGULAMENTADORA, on-line)3. AGENTES QUÍMICOS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E50 NR-15 ANEXO 13 Outro anexo desta Norma que trata do assunto abordado nesse tópico é o Anexo n.º 13 - Agentes Químicos, que traz uma relação das atividades e operaçõesenvol- vendo agentes químicos consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. Os agentes químicos listados neste anexo são Arsênico, Carvão, Chumbo, Cromo, Fósforo, Hidrocarbonetos e outros compostos de carbono, Mercúrio, Silicatos, Substância Cancerígenas e outras operações diversas. Quadro 2: Exemplo de insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho ARSÊNICO Insalubridade de grau máximo Extração e manipulação de arsênico e preparação de seus compostos. Fabricação e preparação de tintas à base de arsênico. Fabricação de produtos parasiticidas e raticidas contendo compostos de arsênico. Pintura a pistola com pigmentos de compostos de arsênico, em recintos limita- dos ou fechados. Preparação do Secret. Produção de trióxido de arsênico. Insalubridade de grau médio Bronzeamento em negro e verde com compostos de arsênico. Conservação e peles e plumas; depilação de peles à base de compostos de arsênico. Descoloração de vidros e cristais à base de compostos de arsênico Emprego de produtos parasiticidas, inseticidas e raticidas à base de compostos de arsênico. Metalurgia de minérios arsenicais (ouro, prata, chumbo, zinco, níquel, antimônio, cobalto e ferro). Operações de galvanotécnica à base de compostos de arsênico. Pintura manual (pincel, rolo e escova) com pigmentos de compostos de arsênico em recintos limitados ou fechados, exceto com pincel capilar. Insalubridade de grau mínimo Empalhamento de animais à base de compostos de arsênico. Fabricação de tafetá “sire”. Pintura a pistola ou manual com pigmentos de compostos de arsênico ao ar livre. Fonte: NR 15 (ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES, 1978, on-line)2. NR-15 Anexo 13 R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 51 Ao analisarmos o primeiro elemento do quadro acima, o Arsênio, observamos que ele pode conferir graus diferentes de insalubridade ao trabalhador. Neste caso, o que diferencia estes graus é o tipo de atividade desenvolvida pelo trabalhador. Por exemplo, se o trabalhador realizar pintura a pistola com pigmentos de compostos de arsênico, em recintos limitados ou fechados, será conferido a ele o grau máximo de insalubridade. No entanto, se ele trabalhar com pintura manual (pincel, rolo e escova) com pigmentos de compostos de arsênico em recintos limitados ou fechados, exceto com pincel capilar, o trabalhador terá direito a um grau de insalubridade médio. Por outro lado, se o trabalho de pintura for feito a pistola ou manual com pigmentos de compostos de arsênico ao ar livre, seu grau de insalubridade será mínimo. Portanto, ica claro que a simples exposição a um determinado agente químico não é suiciente para avaliarmos a insalubri- dade na qual o trabalhador está submetido. É importante também avaliar outros fatores, como atividade exercida e condições do local de trabalho. Estes fatores somados ao potencial de risco do agente químico são fundamentais para a clas- siicação da insalubridade que será estabelecida para o trabalhador. Estudos anteriormente desenvolvidos pela Fundacentro demonstram que materiais particulados suspensos no ar, provenientes de vários processos ou condições de trabalho, representam sério risco à saúde dos trabalhado- res quando se apresentam em concentrações elevadas em ambientes sem controle, implicando no surgimento de doenças respiratórias. Sempre que a exposição dos trabalhadores a esses materiais particulados é avaliada quan- titativamente, a metodologia utilizada deve ser baseada em critérios que relacionem a medição com o risco à saúde que está sendo estudado. Esta norma adotou como referência o critério harmonizado pela American Con- ference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH®), pela International Organization for Standardization (ISO) e pelo Comité Européen de Norma- lisation (CEN), visando atender às necessidades para a coleta com dispositi- vos que classiicam as partículas por seleção de tamanhos correspondentes a regiões especíicas de deposição no trato respiratório. Mais informações, acesse: <http://goo.gl/JsYsaU>. Fonte: Fundacentro (2009, p. 12). AGENTES QUÍMICOS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E52 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), de acordo com os conhecimentos de química básica que você já possui, foi mais fácil compreender o assunto abordado nesta unidade, pois agora não foi necessário icar decorando os nomes dos elementos químicos e suas posições na tabela periódica, e a química orgânica nos facilitou o entendi- mento da nomenclatura das substâncias químicas. E sobre os cálculos de peso molecular, foi possível perceber que todo conhecimento adquirido ao longo de nossa jornada sempre pode ser necessário. Realizamos uma breve introdução sobre as normas regulamentadoras para reforçar nossa atividade e aumentar nosso conhecimento para fazer a anteci- pação, o reconhecimento, a avaliação, a prevenção e o controle de fatores de risco, e assim ser um excelente proissional que trabalha todos os dias prote- gendo a saúde dos nossos colegas de trabalho. Espero que tenham icado claros os termos e as orientações com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego que estudamos nesta unidade, já que em nossas atividades diárias estas Normas nos orientaram e serão nosso instrumento de trabalho na busca pela saúde e segurança no ambiente laboral. A conversão de unidades de concentração ppm e mg/m³ é bem simples, mas precisa ser praticada para real- mente entendermos a relação e a maneira de utilizá-la, pois será fundamental no momento de uma avaliação de um resultado quantitativo. Tentei apresentar de uma maneira simpliicada e com clareza os estudos e avaliação da Norma Regulamentadora 15 em seus anexos que tratam de agentes químicos, pois realmente são um elemento muito importante na boa caracteriza- ção de insalubridade de um ambiente. E não podemos nos esquecer que o principal objetivo do nosso trabalho não está relacionado ao pagamento deste ou daquele adicional, mas sim a um objetivo muito maior, que é a melhoria do ambiente de tra- balho de maneira técnica e proissional, pensando sempre no bem-estar de todos. O dito popular “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Como isso pode ser utilizado quando pensamos em tempo de exposição ao agen- te químico? 53 1. Quais as grandezas utilizadas para a avaliação do limite de tolerância? a. Forma e Temperatura. b. Composição e Concentração. c. Tempo de exposição e Temperatura. d. Tempo de exposição e Concentração. 2. Quais os anexos da Norma Regulamentadora 15 que ixam os limites de tolerân- cia de agentes químicos? I – Anexo 11. II – Anexo 12. III – Anexo 13. IV – Anexo 11, 12 e 13. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas está correta. 3. Quais as unidade utilizadas para a apresentação dos limites de tolerâncias dos agentes químicos? a. mg/m³ e %. b. mg/m³ e ppm. c. g/ml e ppb. d. g/ml e %. 4. O acetato de etila possui um limite de tolerância de 310 ppm. Esse limite repre- senta: a. 4090 mg/m³. b. 3500 mg/m³. c. 1090 mg/m³. d. 940 mg/m³. e. 310 mg/m³. 54 5. O eter etílico possui um limite de tolerância de 310 ppm. Esse limite representa: a. 4090 mg/m³. b. 3500 mg/m³. c. 1090 mg/m³. d. 940 mg/m³. e. 310 mg/m³. 6. Sobre os agentes químicos acetato de etila e éter etílico dos exercícios 4 e 5, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) Os dois agentes apresentam o mesmo limite de tolerância na unidade ppm. ( ) Os dois agentes apresentam o mesmo limite de tolerância na unidade mg/ m³.
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