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Obrigação Tributária - Parte 2

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Obrigação Tributária
PROFESSOR LATIF ABI-SÁBER NETO
Elementos subjetivos
Sujeito Ativo
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu
cumprimento.
Competência Tributária x Capacidade Tributária
Art. 7º do CTN. A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar
tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma
pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
“Ilegitimidade passiva da União e legitimidade do FNDE e do INSS, visto que este é o agente arrecadador e
fiscalizador da contribuição do salário-educação, repassando àquele os valores devidos e arrecadados, sendo,
portanto, o sujeito ativo da obrigação tributária, nos moldes do art. 119 do CTN” (STJ, 2.a T., AgRg REsp
257.642/SC, Rel. Min. Franciulli Netto, j. 15.08.2002, DJ 28.10.2003, p. 246).
Sujeito passivo
Art. 121.(...)
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo
fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de
disposição expressa de lei
Não oposição à Fazenda Pública
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para
modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.
Jurisprudência
Ementa: TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA.
INEXISTÊNCIA. CONVEÇÃO PARTICULAR. OPOSIÇÃO À FAZENDA PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Sentença que
julgou improcedente os embargos que objetivava a extinção da execução e o imediato desbloqueio dos valores
salariais retidos. 2. Inépcia da inicial: A CDA atende aos requisitos exigidos pela o art. 202 do CTN, eis que
observados os pressupostos legais previstos no artigo 2º, § 5º, da Lei nº 6.830/80 e artigo 202 do Código Tributário
Nacional, de maneira que o executado teve garantido o direito de exercer a ampla defesa. 3. Decadência: se os
fatos geradores ocorreram no período de junho de 1990 a outubro de 1994, a Fazenda Pública poderia efetuar o
lançamento, constituindo validamente o crédito tributário até 1996 (até cinco anos após o primeiro dia do ano
seguinte ao da ocorrência do fato gerador), sendo certo que o lançamento foi efetivado tempestivamente em
julho de 1995. A inscrição na dívida ativa ocorreu em março de 1997 e a citação pessoal da embargante ocorreu
em 02/09/1999, razão pela qual não procede também a alegação de prescrição. 4. Prescrição intercorrente: nos
termos da Lei n. 6.830/80, foi respeitado o prazo fatal. Observe-se que o processo foi suspenso em 30/08/2002,
retornando a regular movimentação em novembro de 2006. Em dezembro de 2007 houve citação por edital dos
demais corresponsáveis. Em 08/04/2008 houve remessa dos autos à Fazenda Nacional, que requereu a penhora
on line de ativos financeiros. 5. No sistema tributário, as convenções particulares não são
oponíveis à Fazenda Pública. A relação tributária se estabelece entre o Fisco, de um lado, como seu sujeito ativo,
e, de outro, o contribuinte, como seu sujeito passivo. É uma relação de natureza objetiva, em que não devem ser
admitidos elementos estranhos, a teor do disposto no art. 123 do Código Tributário Nacional
Jurisprudência
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO
JURÍDICA TRIBUTÁRIA C/C INDENIZAÇÃO. IPTU. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO POSSUIDOR.
ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO. MODIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO
TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE OPOSIÇÃO À FAZENDA PÚBLICA. 1. O POSSUIDOR DO IMÓVEL,
A QUALQUER TÍTULO, COM ANIMUS DOMINI, É CONTRIBUINTE DO IPTU, MOTIVO PELO QUAL A
AUSÊNCIA DE REGISTRO IMOBILIÁRIO EM NOME DO AGRAVANTE NÃO AFASTA, DE PLANO, A SUA
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR DÉBITOS DE IPTU ( CTN 32 E 34). PRECEDENTES DO STJ. 2. A
SENTENÇA QUE HOMOLOGOU ACORDO, NO SENTIDO DE QUE O AGRAVANTE TRANSFERIRIA A
POSSE DO IMÓVEL AO SEGUNDO AGRAVADO, NÃO É OPONÍVEL À FAZENDA PÚBLICA (CPC 472 E
CTN 123) . 3. NEGOU-SE PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Solidariedade Tributária
Art. 264 do Código Civil. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um
credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Art. 124 do CTN. São solidariamente obrigadas:
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da
obrigação principal;
II - as pessoas expressamente designadas por lei.
Benefício de Ordem
Trata-se do direito do credor de exigir que a cobrança da dívida seja feita com observância de
uma sequência (ordem).
Art. 124. (...)
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.
Efeitos da Solidariedade
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada
pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos
demais.
Capacidade Tributária Passiva
Conceito
Trata-se da aptidão para figurar no polo passivo da relação jurídica tributária.
Segundo o Professor Marcelo Alexandrino: “somente as coisas, os animais e os mortos não têm
capacidade tributária passiva”.
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais;
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do
exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens
ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade
econômica ou profissional.
Domicílio Tributário
Define onde o sujeito passivo será tributado e por conseguinte qual a autoridade administrativa
competente.
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da
legislação aplicável, considera-se como tal:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o
centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em
relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da
entidade tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo,
considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens
ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a
arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.

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