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CONTESTAÇÃO TRABALHISTA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 99ª VARA DO TRABALHO DA CIDADE DE BELÉM-PA
PROCESSO: XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX
BANCO DINHEIRO BOM S/A, já qualificado nos autos da reclamatória trabalhista em epígrafe, vem, respeitosamente, perante Vª. Excelência, por seu advogado infra-assinado (procuração em anexo), com fulcro no Art. 335 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC) e Art. 847, Parágrafo único da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), propor a presente
CONTESTAÇÃO
em face de PAULA, também já qualificada nos autos, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1 –SÍNTESE DA EXORDIAL
	Aduz a reclamante, ter sido gerente geral de agência (atendendo somente pessoas físicas) de pequeno porte por 04 anos, período total em que trabalhara para o banco, com responsabilidade de controlar o desempenho profissional e a jornada de trabalho dos funcionários da agência, além do desempenho comercial desta.
	Alegava que ganhava R$ 8.000,00 mensais, além da gratificação de função no percentual de 50% a mais que o cargo efetivo, todavia com salário inferior ao Senhor João Petrônio, que perceberia R$ 10.000,00, sendo gerente de agência de grande porte atendendo contas de pessoas físicas e jurídicas. Requer as diferenças salariais e reflexos. 
Paula afirma que trabalhava das 8h às 20h, de segunda a sexta-feira, com intervalo de 20 minutos. Requer horas extras e reflexos. Alega ter sido transferida de São Paulo para Belém, após um ano de serviço, tendo lá fixado residência com sua família, requerendo, assim, o pagamento de adicional de transferência. 
Também requer a devolução dos descontos relativos ao plano de saúde, que assinou no ato da admissão, tendo indicado dependentes. Requer, ainda, multa prevista no Art. 477 da CLT, pois informa ter sido notificada da dispensa em 06/02/2017, uma segunda-feira, e a empresa somente teria pagado as verbas rescisórias e efetuado a homologação da dispensa em 16/02/2017, um dia após o prazo, segundo sua alegação.
2 – DO DIREITO
2.1 – DA IMPROCEDÊNCIA DAS DIFERENÇAS SALARIAIS ENTRE GERENTES DE AGÊNCIAS BANCÁRIAS
	Quanto à temática remuneratória entre gerentes de agências bancárias de diferentes tamanhos, a 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) já julgou, em 2015, pela não concessão da equiparação salarial. Vejamos abaixo:
Os gerentes gerais de agências têm a atribuição de administrar a agência como um todo, o que lhes confere um conjunto de atribuições equivalentes. Todavia, quando se administra uma agência de porte menor e, portanto, com menos volume de negócios, menos empregados, é evidente que a complexidade do trabalho é menor em relação a uma agência de grande porte, com mais volume e variedade dos negócios, e até mais empregados (Relatora Desembargadora Lucilde D'Ajuda Lyra de Almeida, Processo 0001451-40.2013.5.03.0020)
	No caso em tela, a reclamante não merece prosperar em seu intento, visto que é necessário considerar as diferenças entre agências de tamanhos diversos, tais como: volume de negócios, potencial de mercado, dimensões de porte e complexidade e estratégia corporativa, dentre outras.
	Assim, requer a Vª Excelência a total improcedência do pedido de equiparação salarial e seus reflexos.
2.2 – DA IMPROCEDÊNCIA QUANTO ÀS HORAS EXTRAS E REFLEXOS
	O Art. 224, §2º da CLT esclarece que não se aplica aos que exercem função de gerência as disposições do caput do mencionado artigo [duração normal do trabalho dos empregados em bancos de 6 (seis) horas continuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana].
	No mesmo sentido a Súmula 287 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) versa in verbis:
A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT. (grifo meu)
	A reclamante, in casu, exercendo as funções de confiança não tinha sua jornada de trabalho controlada, podendo ausentar-se por motivos particulares ou iniciar o expediente mais tarde ou encerrá-lo antes do término, se assim desejasse.
Dessa maneira, requer a Vª Excelência a total improcedência do pedido de horas extras e reflexos.
2.3 – DA IMPROCEDÊNCIA DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
	O pagamento da transferência do empregado, por necessidade do serviço, para localidade diversa da estabelecida em contrato, previsto no Art. 469, §3º da CLT somente é devido quando tratar-se de transferência provisória. Esse é o entendimento jurisprudencial da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), senão vejamos:
RECURSO ORDINÁRIO - ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA - CARGO DE CONFIANÇA - PROVISORIEDADE DA MUDANÇA - CABIMENTO DA PARCELA. 1. É devido o pagamento do adicional de transferência desde que a alteração contratual tenha caráter provisório, mesmo nos casos de empregados ocupantes de cargo de confiança e de contrato de trabalho cuja natureza deixe implícita a possibilidade de transferência por necessidade do serviço (§ 1º do artigo 469 da CLT), conforme o entendimento contido na Orientação Jurisprudencial nº 113 da SDI-1 do TST. 2. Recursos ordinários desprovidos. (Processo: RO - 0000440-06.2015.5.06.0413, Redator: Milton Gouveia da Silva Filho, Data de julgamento: 04/02/2016, Primeira Turma, Data da assinatura: 22/02/2016)
(TRT-6 - RO: 00004400620155060413, Data de Julgamento: 04/02/2016, Primeira Turma)	(grifo meu)
	In casu, a reclamante, após ser transferida, fixou residência com sua família, configurando, dessa forma, modalidade de transferência definitiva, não fazendo jus, portanto, ao pagamento do adicional de transferência.
	Diante disso, requer a Vª Excelência a total improcedência do pedido de pagamento do adicional de transferência.	
2.4 – DA IMPROCEDÊNCIA DA DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS RELATIVOS AO PLANO DE SAÚDE
	A vedação do empregador em efetuar qualquer desconto no salário do empregado, existente no Art. 462 da CLT, não inclui o desconto realizado, com autorização prévia e escrita do empregado, na admissão de plano médico-hospitalar em seu benefício e de seus dependentes. Esse é o dispositivo normativo da Súmula 342 do TST in verbis:
Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativa associativa dos seus trabalhadores, em seu benefício e dos seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico (grifo meu)
	Quanto à Senhora Paula, a mesma assinou voluntariamente o desconto relativo ao plano de saúde, não havendo a ocorrência de coação ou de defeito que vicie ato jurídico.
Destarte, requer a Vª Excelência a total improcedência do pedido de devolução dos descontos referentes ao plano de saúde.
2.4 – DA IMPROCEDÊNCIA DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT
	O Art. 477, §6º da CLT diz que o pagamento, ao empregado, dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. Não obstante, a Orientação Jurisprudencial (OJ) 162 da SDI-1 do TST estabeleceu in verbis:
A contagem do prazo para quitação das verbas decorrentes da rescisão contratual prevista no art. 477 da CLT exclui necessariamente o dia da notificação da demissão e inclui o dia do vencimento, em obediência ao disposto no art. 132 do CCB/2002 (CCB/1916, art. 125. (grifo meu)
Não há de se falar, portanto, da aplicação da multa constante no Art. 477, §8º da CLT.
	Em relação à reclamante, exclui-se o dia em que foi notificada da dispensa (06/02/2017) e inclui-se o dia do vencimento (16/02/2017). Dessa forma, a empresa pagou as verbas rescisórias tempestivamente.
Assim, requer a Vª Excelência a total improcedência do pedido de aplicação da multa do Art. 477, §8º da CLT.
3 – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOSDE SUCUMBÊNCIA
	O Art. 791-A da CLT trata dos honorários advocatícios de sucumbência, o qual diz ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
	Isto posto, requer a Vª Excelência a condenação da reclamante ao pagamento de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença pelos honorários sucumbenciais.	
4 – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vª Excelência:
1) Sejam julgados improcedentes em todos os termos os pedidos feitos na inicial;
2) A condenação da requerente ao pagamento dos honorários e das custas processuais (art. 789 e 791-A da CLT).
Pretende provar o alegado por todas as provas admitidas em direito.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Cidade, dia/mês/ano
ADVOGADO
OAB-XX XXXX

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