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ESTUDOS GRAMATICAIS

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ESTUDOS GRAMATICAIS 
Tema 01: Contextualizando
Em 1997, o Ministério da Educação divulgou os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental. Em 1999, esses parâmetros foram editados para apresentar uma concepção de língua como histórica e social, ou seja, compreendendo que a língua varia ao longo do tempo e de acordo com situações sociais. Além disso, entende também que o aluno já chega à escola dominando boa parte das estruturas gramaticais da língua.
Porém, como os PCN compõem um documento com diretrizes para o ensino da língua, acaba-se não se discutindo na prática como esses parâmetros devem ser implementados. Por isso, cabe a nós professores buscar alternativas válidas para trabalhar com a gramática com nossos alunos. Uma aula de gramática deve ir além da exposição das regras e exercícios práticos repetitivos. Para tornar as aulas mais interessantes, é preciso que o professor combine conhecimentos gramaticais com atividades complexas.
Tema 02: Língua-padrão e variantes linguísticas
Mas como fazer isso? Primeiramente, nós professores devemos compreender que a nossa fala e a de nossos alunos representam o uso particular que fazemos da língua. É preciso compreender que a língua é um organismo vivo e está sujeita a variações. Por isso, é comum conhecermos pessoas de outras cidades, por exemplo, que usam vocabulários diferentes do nosso. A essa diferença chamamos de variação linguística.
Nas salas de aulas brasileiras encontraremos uma grande diversidade de sotaques e diferenças vocabulares. É importante que nós, professores, saibamos como acolher essas diferenças e valorizá-las em sala de aula. Entretanto, é nosso papel também conscientizar os alunos de que as modalidades oral e escrita da língua são distintas e que, na escrita, utilizamos a língua-padrão. Para compreender melhor esses conceitos, não deixe de ler o capítulo 1 do livro Não erre mais.
Tema 03: Texto falado X texto escrito
A função das aulas de língua portuguesa será então a de ensinar a modalidade da escrita língua para o aluno, bem como auxiliá-lo a compreender que o domínio dessa modalidade abrirá portas futuramente tanto para o mercado de trabalho, quanto para o ensino superior. Mas a língua-padrão utilizada na escrita é tão diferente assim da modalidade oral? A modalidade falada é resultado de nossa experiência social, reunindo nosso conhecimento de mundo e as interferências culturais. Nossa fala é mais livre, sem se prender tanto a estruturas fixas e regras, porque o importante é a comunicação, ou seja, transmitir uma mensagem e ser compreendida. Além disso, na fala, contamos com outros elementos, como a linguagem corporal. Na escrita, como vimos, a modalidade utilizada é a língua-padrão, que se aproxima mais das regras descritas na gramática normativa.
Tema 04: Mas, afinal, o que é gramática?
Com isso, vimos que o trabalho com a gramática na idade escolar é de grande importância. Mas primeiro é preciso questionarmos: o que, afinal, é gramática? Como estudá-la e como ensiná-la? É importante compreendermos que a língua-padrão que vamos ensinar se baseia em um conjunto de normas da chamada “gramática normativa”. Porém, esta não é a única forma de se compreender e estudar a gramática. E a principal diferença está na forma como cada ramo da gramática compreende a língua: a gramática descritiva entende a língua como um conjunto de produtos estruturados; a gramática funcionalista-cognitivista a compreende como um conjunto de processos estruturantes; a gramática histórica, como um conjunto de produtos e processos em mudança; e a gramática normativa (ou prescritiva), como um conjunto de “usos bons” (CASTILHO, 2016).
Tema 05: Como trabalhar a gramática em sala de aula?
Os PCN defendem que o trabalho com a gramática deve buscar ser, ao máximo, contextualizado. Mas o que isso significa na prática para nosso trabalho em sala de aula? Significa evitar a mera exposição de regras gramaticais a serem memorizadas, sem ilustrar ao aluno em que contextos eles verão aquilo na vida cotidiana.
Em linhas gerais, isso significa dizer que o trabalho deve ser organizar em torno do eixo USO -> REFLEXÃO -> USO, ou seja, como uma “prática de leitura”, que leva a uma “prática de produção de texto” e, por fim, a uma “análise e reflexão sobre a língua” (BRASIL, 1997). Isso significa dizer que primeiramente é necessário mostrar um exemplo prático do uso da língua, como um texto. A partir disso, levá-los à reflexão acerca da língua ou das estruturas que se busca dar foco. Por fim, incentivá-los a produzir os próprios textos, fazendo uso daquelas estruturas.
Na Prática
Sobre possíveis práticas em sala de aula, a Profª. Eloisa Pilati, da Universidade Federal de Brasília, sugere pelo menos três atividades:
1) Oficina sobre estrutura linguística com material reciclado, buscando concretizar estruturas linguísticas utilizando materiais de cores e formas, além do caráter lúdico. Por exemplo, por meio da construção de maquetes, os alunos podem compreender o processo de formação das palavras, brincando com as possíveis trocas de sufixos etc.
2) Atividades de revisão textual, em grupo ou individualmente, em que o aluno possa desenvolver seu próprio senso crítico e colocá-lo em prática;
3) Análise de aspectos gramaticais em poemas e trechos literários, para investigar e identificar os diferentes recursos sintáticos que os escritores utilizam em seus textos. Assim, os alunos entram em contato com formas de criação e expressão linguísticas variadas (PILATI, 2014).
Finalizando
Nesta aula, fizemos considerações principalmente sobre a língua e o ensino de língua portuguesa. Verificamos que a língua é um organismo vivo, que varia ao longo do tempo e do espaço. Definimos as principais diferenças entre o texto falado e o escrito e buscamos nos conscientizar de que, em sala de aula, não ensinamos o aluno a falar português, mas escrever utilizando a norma culta da língua.
Além disso, vimos também propostas de aplicação em sala de aula dos PCN no tocante à língua portuguesa. Para aprofundar seus estudos, consulte os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais. Com isso, podemos tornar as aulas de língua portuguesa cada vez mais produtivas para nossos alunos! Até a próxima!
Conversa Inicial
Olá! Sejam bem-vindos à nossa segunda aula! Na aula anterior, conversamos sobre as diferenças entre o texto falado e o texto escrito. Mas, para transcrevermos a língua oral para a modalidade escrita, precisamos de um código gráfico. A esse código chamamos de ortografia.
De modo geral, os códigos ortográficos buscam aproximar a língua escrita da falada. Entretanto, se considerarmos as diferenças de sotaques entre as regiões, percebemos o quanto essa tarefa é impossível. Basta lembrarmos, por exemplo, da diferença da pronúncia da palavra “banana”. Enquanto alguns a pronunciam com o primeiro “a” mais aberto (/bánana/), outros a pronunciam com o “a” mais nasalisado (/bãnana/).
Ao longo dos séculos, muitos esforços foram feitos para uniformizar a ortografia das línguas. Porém, dada a impossibilidade dessa empreitada, acabou-se definindo que devemos respeitar algumas leis específicas (CASTILHO, 2016).
Tema 01: O que mudou com o Acordo Ortográfico de 1990/2009?
Como vimos, a adesão ao Acordo Ortográfico gerou polêmicas. Porém, foi uma mudança necessária em termos culturais e econômicos (FARACO, 2007). Ao contrário do que muitos acreditam, as mudanças não buscam unificar as línguas, apenas sua ortografia.  
Para nós brasileiros, as mudanças foram poucas. No geral, alteram:  
·  o alfabeto, que passou de 23 para 26 letras, incorporando as letras k, w e y;
·  o emprego do hífen;
·  a acentuação;
·  o trema, oficialmente abolido.
· 
Para compreender melhor essas mudanças, leia o item “Não erre mais: separação de sílabas; translineação; novo Acordo Ortográfico”, no capítulo 1 do Livro Não erre mais. 
E para compreender as implicações políticas e econômicas do Acordo, leia os artigos dos professores e linguistas Carlos Alberto Faraco, Marcos Bagno e Sírio Possenti. 
Assista à videoaulaa seguir para ver as mudanças do Acordo e compreender melhor sua importância.
Tema 02: A acentuação gráfica e sua importância
Observe os textos das seguintes placas: “Proibído Animais”; “Aberto das 9h as 18h”; “Não estacione. Sujeito à guincho”.
Ao andar pela rua, você provavelmente já se deparou com uma placa semelhante. Os desvios presentes nelas são exemplos de dúvidas comuns que geralmente temos a respeito da acentuação das palavras. A colocação adequada desses sinais é objeto de estudo da ortografia.
Na modalidade escrita da língua, além das letras do alfabeto, nós utilizamos também sinais que buscam indicar a pronúncia das palavras. São as chamadas “notações léxicas”: os acentos; o til; o trema; o apóstrofo; o cedilha e o hífen (CUNHA; CINTRA, 2016). Nesta aula, discutiremos principalmente os seguintes sinais: o acento agudo, o circunflexo e o grave, ou seja, a crase.
Tema 03: As principais regras de acentuação
As regras de acentuação se organizam de acordo com a quantidade de sílabas e a posição da sílaba tônica na palavra.
Palavras monossílabas, ou seja, com uma única sílaba, sendo tônicas, levam acento agudo ou circunflexo se terminadas em “a”, “e” ou “o”. Por exemplo: já, fé, mês, pó, vô etc.
Palavras com mais de uma sílaba serão classificadas conforme a posição da sílaba tônica. Por exemplo, se a última sílaba for a mais forte na palavra, ela é uma oxítona. Se a tônica for a penúltima sílaba, é uma paroxítona. Quando a tônica for a antepenúltima sílaba (a terceira sílaba contada do fim para o começo), temos uma proparoxítona.
Estudando o capítulo 1 do livro de apoio, você poderá rever as principais regras que orientam a acentuação adequada das palavras.
Tema 04: O que mudou na acentuação com o Acordo Ortográfico de 1990/2009?
Com a vigência do Acordo Ortográfico, palavras antes eram acentuadas deixaram de ser. No ensino de língua portuguesa, certamente já serão ensinadas as regras atuais. Porém, alguns textos ainda não foram atualizados na nova ortografia. Por isso, é importante compreendermos essas mudanças para saber quando aplicá-las.
Palavras como feiura, voo, ideia e joia não são mais acentuadas. Os acentos diferenciais em sua maioria também foram abolidos. Por exemplo, não diferenciamos mais com acento o “pelo” dos braços e a preposição “pelo” (por + o), ou a preposição “para” e o verbo “parar” na 3ª pessoa do singular (“o bebê não para de chorar”). Entretanto, alguns acentos diferenciais foram mantidos. É o caso de “por” e “pôr”, como em “Venha por esse caminho” e “Vou pôr as compras ali”. Também foi mantido no caso do verbo “poder”: “pode entrar” (presente do indicativo) e “ele não pôde suportar a pressão” (pretérito perfeito do indicativo).
Tema 05: A importância da crase e suas principais regras do uso
Suponha que alguém lhe escreve a seguinte mensagem: “Quando chegamos ao posto, Maria cheirava a gasolina”. Estranhando a mensagem, você a responde questionando por que Maria estaria cheirando a gasolina? Havia algo de errado com o combustível? Em seguida, chega outra mensagem esclarecendo o equívoco: “Maria cheirava à gasolina. Por acidente, um pouco do combustível espirrou em suas roupas”. Perceberam como uma simples crase mudou todo o sentido da frase?
Estudando o capítulo 8, especialmente o item 8.2, do livro de apoio da disciplina, você compreenderá as principais regras do uso da crase. Não deixe de ler!
Na Prática
Vimos a importância e as principais regras de acentuação e crase, por isso, não podemos deixar de nos questionar como podemos trabalhar com isso em sala de aula. Na aula anterior, vimos que é importante reforçar essas regras a partir da língua em uso. Veja, por exemplo, o excerto a seguir:
“A secretária, na secretaria, disse a Antônio, seu chefe, que estava muito gripada.
– Não me medico! Vou sim ao médico. E já! – exclamou.
Ela, sábia, sabia dos riscos da famosa automedicação.
– Meu bebê, por exemplo, seu Antônio, só bebe o que é prescrito! Só come coco do bom; por isso, nunca tem cocô fedido” (ARRAIS, 2013).
Percebeu como o texto brinca com palavras que se distinguem apenas pelo acento? Por exemplo, “medico” X “médico”, “secretária” X “secretaria” etc. Uma proposta interessante seria pegar o texto completo de Arrais, retirar os acentos e pedir aos alunos que os recolocassem onde fosse adequado, a partir do sentido depreendido.
Finalizando
De modo geral, os objetos de estudo da ortografia podem ser resumidos conforme ilustra o seguinte mapa conceitual:
Até a próxima aula!
Plano de Ensino
Nesta disciplina, veremos como trabalhar com a gramática em sala de aula de forma produtiva, considerando as exigências dos Parâmetros Curriculares Nacionais, porém, sem perder de vista as variantes linguísticas de nossos alunos. Além disso, vamos compreender as especificidades da norma-padrão da língua, para que possamos ensiná-la com mais propriedade. A norma-padrão, embora menos utilizada na modalidade oral da língua, é atualmente a forma de maior prestígio, e nossos alunos precisarão utilizá-la para ingressar no mercado de trabalho e no ensino superior. Por isso, abordaremos as dúvidas mais comuns quanto à ortografia e acentuação de palavras; verbos; regências nominal e verbal; crase; concordâncias nominal e verbal; colocação de pronomes; pontuação e vícios de linguagem.
Conversa Inicial
Olá! Seja bem-vindo à nossa terceira aula da disciplina de Práticas Profissionais: Estudos Gramaticais. Na aula de hoje vamos discutir temas que estão sempre presentes entre as principais dúvidas quando o assunto é gramática.
Quantas vezes, ao escrever, você já se deparou com a dúvida: “assistir um filme” ou “assistir a um filme”?
Ou por que dizemos “Se dedique aos estudos”, mas escrevemos “Dedique-se aos estudos”?
A esses temas chamamos de “regência” e “colocação pronominal”, respectivamente.
Tema 01: Mas o que é regência?
Para compreendermos melhor o que é a regência, observe os exemplos:
· “Adorei o filme que assistimos”.
· “Minha irmã sempre implica com meu irmão”.
Por que após o verbo “implicar” precisamos da preposição “com”, mas após o verbo “adorar” não precisamos de preposição alguma? A regência é o que determina a presença ou não de preposições após verbos, substantivos ou adjetivos.
Tema 02: Tipos de regência
Vimos que a regência leva em consideração algumas classes de palavras: preposições, verbos, substantivos e adjetivos. Vamos relembrar o que são essas classes? Considere a frase:
“Como tinha dúvidas de gramática, Pedro pediu a nosso professor que explicasse novamente”.
Você consegue identificar se há preposições na frase? Se você identificou duas preposições, acertou! Temos na frase as preposições “de” e “a”.
Preposições são palavras que relacionam dois termos. No caso da preposição “de”, ela relaciona a palavra “dúvidas” à palavra “gramática”. O mesmo ocorre com a preposição “a”, que relaciona “pediu” a “nosso professor”.
Perceba que “dúvidas” é um substantivo, enquanto “pediu” é um verbo. Substantivos são palavras com que designamos ou nomeamos seres em geral. Já os verbos exprimem acontecimentos representados no tempo (CUNHA; CINTRA, 2016). E isso é relevante para sabermos com que tipo de regência estamos lidando.
Tema 03: Regência nominal
A regência nominal indicará quais preposições utilizar com determinados substantivos e adjetivos. Observe os exemplos:
·  “Tenho horror a cobras!”
·  “A água é essencial para a vida”.
Percebam que, nesses casos, temos o substantivo “horror” seguido pela preposição “a”, bem como o adjetivo “essencial” seguido pela preposição “para”.
Nesse caso, como estão envolvidos substantivos e adjetivos, dizemos que temos casos de regência nominal.
Tema 04: Regência verbal
Agora observe este caso:
“Dessa forma, você vai saber que para ficar com a barriga igual à da sua melhor amiga terá de malhar tanto quanto ela. Você está disposta a pagar esse preço? Se achar que não, faça ginástica para ficar saudável e não para se igualar a alguém” (FARACO; TEZZA, 2011, p. 172).
Você consegue identificar neste trecho quais preposições estão presentes?
Conseguimosidentificar aqui algumas preposições nos sintagmas “ficar com”; “igual a”; “terá de”; “disposta a” e “igualar a”.
Vimos anteriormente que preposições após substantivos e adjetivos, como em “igual a” e “disposta a”, compõem a regência nominal. Mas e quando temos verbos, como em “ficar com”, “terá de” e “igualar a”? Nesse caso, percebemos que “ficar”, “ter” e “igualar” são verbos. Temos então aqui casos de regência verbal.
Não deixe de ler no capítulo 8 do livro de apoio, especialmente o item 8.1, para compreender melhor esse assunto.
Quer saber mais e ver outros exemplos de regência verbal? Então assista à videoaula a seguir!
Tema 05: O que é colocação pronominal?
Como vimos no começo de nossa aula, outra dúvida muito comum quando o assunto é gramática é a questão da posição dos pronomes. Precisamos lembrar sempre que os pronomes desempenham funções equivalentes àquelas dos elementos nominais. Os pronomes ditos pessoais podem ser classificados como retos ou oblíquos. Os pronomes retos geralmente substituem os substantivos, enquanto os oblíquos funcionam como complementos. Os pronomes oblíquos podem ser tanto tônicos quanto átonos.
A posição na frase dos pronomes oblíquos ditos átonos geralmente levantam dúvidas. São eles: me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, se, lhes, os e as. Quanto à sua posição, eles podem aparecer:
·  antes do verbo, ou seja, em próclise;
·  no meio do verbo, ou seja, em mesóclise;
·  depois do verbo, ou seja, em ênclise.
Para relembrar quais são os principais pronomes e suas funções, leia atentamente o capítulo 6 do livro de apoio, especialmente o item 6.4.
Na Prática
Com tudo o que vimos, não podemos deixar de nos perguntar: como trabalhar com esses aspectos gramaticais em sala de aula?
É interessante perceber que tanto a regência quanto a colocação pronominal têm variações substanciais nas modalidades falada e escrita.
Uma atividade interessante para esse trabalho é a investigação. Reunindo-se textos de gêneros diferentes, alguns com linguagem mais próxima da norma-padrão, outros mais próximos da modalidade falada, e sugerindo que os alunos identifiquem as divergências. Assim, os alunos conseguirão refletir também sobre os contextos em que cada forma é utilizada.
Finalizando
Como vimos, a regência adequada dos verbos, substantivos e adjetivos, bem como a colocação adequada dos pronomes, é essencial para uma escrita adequada à norma-padrão. Mas como estudar regência e colocação pronominal?
Os professores Faraco e Tezza (2011) dão algumas dicas:
·  Algumas regências já estão cristalizadas na modalidade falada da língua, porém, nem todas são aceitas pela gramática normativa. Portanto, é preciso cuidado. Infelizmente, a regência não apresenta uma lógica sistematizada a ser seguida. Por isso, as formas mais utilizadas precisam ser memorizadas. Para nos auxiliar nessa tarefa, os professores recomendam muita leitura, para criar familiaridade. Além disso, um bom dicionário pode ajudar bastante.
·  O mesmo vale quando o assunto é a colocação dos pronomes átonos. Na fala, acabamos usando e abusando da próclise, porém, na escrita, é preciso cuidar para não iniciar frases com os pronomes átonos.
Até a próxima aula!
Conversa Inicial
Olá! Sejam bem-vindos à nossa quarta aula! Quantas vezes você já viu na rua placas como essas:
·  “Aluga-se apartamentos”
·  “Proibido a entrada”
·  “Animais selvagem”
Essas placas apresentam desvios em comum. Consegue perceber qual? Se você pensou em concordância, acertou em cheio.
A concordância entre as palavras de uma frase é um processo complexo e pode causar dúvidas. Por isso, na aula de hoje, vamos rever as regras que regem esse processo e tentar sanar as principais dúvidas a respeito.
Vamos lá?
Tema 01: Mas, afinal, o que é concordância?
Segundo Bechara (2009, p. 543), “a concordância consiste em se adaptar a palavra determinante ao gênero, número e pessoa da palavra determinada”. Mas o que isso quer dizer? Considere, por exemplo, a frase a seguir: 
“As meninas são bonitas”.
Perceba que o sujeito “meninas” é um substantivo feminino e está no plural. Isso significa que o artigo definido também precisará estar no feminino e no plural, ou seja, “as”. O mesmo vai ocorrer com o adjetivo que as qualifica: “bonitas”. Além disso, o verbo também precisará concordar com o sujeito em número, nesse caso, “são”.
A esse processo chamamos de concordância: adaptar os determinantes (artigo, verbo, adjetivo etc.) à palavra determinada (substantivo ou pronome pessoal) em gênero, número e pessoa.
Tema 02: Tipos de concordância
Vamos retomar os exemplos lá do início:
·  “Aluga-se apartamentos”
·  “Animais selvagem”
Percebam que, na primeira placa, o verbo “aluga-se” não está concordando com “apartamentos”, que está no plural. O correto neste caso seria dizer “Alugam-se apartamentos”. Como a concordância está envolvendo o sujeito (nesse caso, um substantivo) e seu predicado (o verbo). A esse tipo de concordância chamamos de concordância verbal.
Já no segundo caso, o adjetivo “selvagem” também não está concordando com o substantivo “animais”, que também está no plural. Aqui, estão envolvidos um substantivo e um adjetivo que o qualifica. Como não há verbos envolvidos, dizemos que é um caso de concordância nominal.
Tema 03: Concordância nominal
Vimos então que a concordância nominal envolve os substantivos e as demais palavras que se referem a eles. Esses substantivos podem variar quanto ao número (singular ou plural) e quanto ao gênero (masculino ou feminino). Além disso, aceitam ser acompanhados por artigos (por exemplo, “a menina”), pronomes (“minha filha”), numerais (“três amigos”) e adjetivos (“crianças levadas”).
A regra geral é que esses “acompanhantes” (as “palavras determinantes”) devem concordar com o substantivo (a “palavra determinada”), em gênero e número. Considerando, por exemplo, a palavra “irmãs”, sabemos que está no plural e é do gênero feminino. Portanto, quaisquer artigos, pronomes, numerais ou adjetivos que possam vir a acompanhar estes substantivos deverão estar no plural e ser do gênero feminino. Por exemplo: “As três queridas irmãs”. Para relembrar as regras que regem esse tipo de concordância, leia o capítulo 6 do livro de apoio.
Tema 04: Concordância verbal
Vimos também que a concordância verbal envolve o sujeito e o verbo. A regra geral é que o verbo deve concordar com o sujeito em número e pessoa. Considere, por exemplo, o sujeito “vegetais”. A respeito desse sujeito, queremos reforçar sua importância para a saúde das pessoas. Como fazer isso?
Neste caso, nosso sujeito é a palavra “vegetais”. Sabemos que está no plural, portanto, percebam que nosso verbo também está no plural. Se fosse necessário substituir este sujeito por um pronome, precisaríamos utilizar o pronome “eles”, não é mesmo? Portanto, percebemos assim que nosso sujeito está na terceira pessoa do plural. Sendo assim, nosso verbo deverá concordar com o sujeito estando na terceira pessoa do plural, como na frase:
“Vegetais fazem bem para a saúde”.
Para saber mais sobre concordância verbal e retomar suas principais regras, leia o capítulo 7 do livro de apoio, em especial o item 7.2.
Tema 05: A silepse
Observe a chamada a seguir de uma matéria on-line da Revista Bula:
“Uma dúzia de livros que ninguém leu, mas mentem que sim”.
Há algum erro de concordância nesta frase? Alguns podem estranhar a concordância do verbo “mentem”, afinal seu sujeito seria “ninguém”, que é singular.
Neste caso, não consideramos um desvio de concordância, mas um caso especial. Em nosso exemplo, o verbo remete a “ninguém”, porém está implícita a ideia de “todos”, por isso a concordância no plural. Esses casos especiais são chamados na gramática de silepse.
As silepses podem ser de gênero, número e pessoa. Veja os casos:
·  Senhor prefeito, V. Exa. está equivocado. (silepse de gênero)
·  Flor tem vida curta, logo morrem. (silepse de número)
·  “Eu sou poeta e, aos 30 anos, não queremos desperdiçar o tempo”. (Gonçalves Dias) (silepse de pessoa).
Prática
Uma forma interessante de se trabalhar com a concordância é observarplacas e sinais pelas ruas. Na internet, inclusive, é possível encontrar com facilidade diversas fotografias de placas pelo país afora.
Observar e analisar a concordância, seja verbal ou nominal, nessas placas é um exercício interessante porque a variedade de desvios pelos mais diversos motivos é grande. Estamos tão acostumados a vê-las todos os dias que muitas vezes nem percebemos mais os desvios gramaticais presentes ali.
Uma atividade interessante é, primeiramente, o professor levar alguns exemplos de placas com desvios para que os alunos os identifiquem. Em seguida, o professor pode pedir que os alunos corrijam esses desvios, produzindo novos textos. Como tarefa para a casa, o professor pode pedir que os alunos procurem pelos caminhos que percorrem outras ocorrências de desvios de concordância nas placas, anúncios de publicidade ou outros que encontrarem nas ruas.
Finalizando
De modo geral, os objetos de estudo da concordância podem ser resumidos conforme ilustra o seguinte mapa conceitual:
Gramática normativa
A gramática normativa, como o próprio nome diz, remete-nos à norma. É a mais utilizada nas escolas, a mais tradicional. Ela estuda os fatos da língua padrão, também chamada de norma culta ou norma oficial. Seu foco é a língua escrita, e nesta visão a língua falada deve imitá-la. Assim, ela apresenta as normas de bem escrever e falar, que são regras que determinam o correto uso da Língua Portuguesa.
No estudo gramatical descritivo da língua, realiza-se a análise de estruturas, a classificação morfológica e lexical, além de descrever a estrutura, a forma, a função e o funcionamento da língua. Considera-se que toda forma diferente da ditada por ela está “errada”, que apenas os preceitos definidos por ela são válidos.
Esta gramática não aceita variedades linguísticas apresentadas pela língua e considera seu uso inadequado, errado e ignorante. Não há, assim, uma interação com o uso real da língua pelos seus falantes. Segundo Travaglia (2001, p. 228):
Os critérios de qualidade de que se vale a gramática normativa são, muitas vezes, problemáticos e com frequência nada têm a ver com a realidade da língua em si e em sua variação. A variedade que é considerada culta é normalmente a das classes sociais de prestigio econômico, político, cultural, etc., não considerando, portanto, a capacidade de qualquer variedade da língua de cumprir uma função comunicacional.
A gramática normativa deve ser trabalhada em sala de aula, porém sendo vista como um suporte necessário do bem escrever e falar, mas que sofre variações que não desprestigiam seus falantes. Daí a necessidade de apresentar outras gramáticas aos alunos e discutir com eles a convivência de diferentes formas de escrever e falar no mundo real em que vivemos.
Gramática descritiva
A gramática descritiva tem como objetivo descrever as ressalvas linguísticas existentes nos atos comunicativos. Ela atende as diversidades da língua, sendo desta forma destituída de qualquer tipo de preconceito linguístico. Por não corresponder aos padrões instituídos pela gramática normativa, aproxima-se da língua falada; tendo como finalidade a comunicação em suas diferentes manifestações.
A noção de “erro” é revista, já que se houver comunicação e entendimento, a função da língua foi cumprida. Assim, não há linguagem “errada”.
Gramática reflexiva
A gramática reflexiva trabalha com a ponderação frente aos conhecimentos trazidos pelos alunos em relação à língua. O professor parte da realidade do aluno e apresenta os recursos linguísticos que ele ainda não domina. A ideia é fazer com que o aluno entenda o uso da língua com base no que ele usa e aprimore suas habilidades linguísticas, a fim de ampliar seu universo comunicativo.
Na realidade, a gramática reflexiva explica a gramática em campo, no universo real do aluno, que deve realizar o exercício de reflexão da língua partindo da observação do seu uso. Ao entender a gramática implícita em sua fala, ele vai relacionando suas unidades, suas regras e seus princípios, entendendo seu funcionamento até poder fazer comparações e aprimorar sua utilização.
O uso da gramática reflexiva nas escolas não é comum. É necessário pensar em metodologias nas quais o aluno use a língua e consiga refletir sobre ela e sobre seus elementos de interlocução.
Depois de todas essas informações, fica a pergunta: qual gramática trabalhar nas escolas? Para respondê-la, vamos analisar o esquema que segue:
Clique no botão a seguir e leia um texto intitulado “Gramáticas: Normativa, descritiva e internalizada”, publicado pelo UOL Educação:
Para mais informações sobre como ensinar gramática, leia um texto complementar:
William R. Cereja é escritor de uma série de livros usados no ensino de Língua Portuguesa chamada “Português – Linguagens”. Clicando no botão a seguir, você confere um vídeo no qual ele fala sobre o embasamento que usou no momento de escrever seu conteúdo.
Para mais informações sobre os tipos de gramática, confira a seguir a videoaula da professora Margarete:
Gramática normativa = conjunto de regras que devem ser seguidas Gramática descritiva = conjunto de regras que são seguidas Gramática internalizada = conjunto de regras que o falante domina Regra obrigação: assemelha-se à lei jurídica: “é o que deve ser” busca pelas regularidades da língua: assemelha-se à lei da natureza: “é o que é” é a língua em situações de uso pelo falante: são conhecimentos/usos linguísticos dos falantes, com regras implícitas (sem que se tenha consciência delas, muitas vezes) Língua -expressão das pessoas cultas -regras baseadas apenas na modalidade escrita -critério literário -norma culta ou variante padrão ou dialeto padrão -regularidades -não existem língu... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/gramaticas-normativa-descritiva-e-internalizada.htm?cmpid=copiaecola
Gramática prescritiva: é o conjunto de conteúdos que são prescritos pela gramática como sendo necessários, obrigatórios, para que o indivíduo esteja de acordo com a língua padrão.
Escrever com s ou z, acento, pontuação etc.
Gramática descritiva: Descrição do funcionamento da língua, morfológicas e sintáticas. 
https://www.youtube.com/watch?v=va2kU7BzZfs
Até a próxima aula! 
Conversa Inicial
Olá! Sejam bem-vindos à nossa quinta aula! Na aula de hoje, vamos discutir um tópico muito importante e que costuma causar muitas dúvidas. Por exemplo, considere o parágrafo a seguir:
“Mais de 2.000 quilômetros quadrados de florestas espanholas viraram poeira em apenas quinze anos dizem os especialistas em um congresso recente sobre desertificação eles denunciaram que na província de Almería sede do evento no sul da Espanha 42% da superfície se transformou em terra estéril constituindo o maior deserto da Europa” (FARACO; TEZZA, 2011).
Em quanto tempo as florestas viraram poeira? O que dizem os especialistas? Ficou um pouco difícil de compreender as informações, não acham? Mas por que isso acontece? O que falta ali são alguns sinais que orientam as ideias: os sinais de pontuação.
Tema 01: Os sinais de pontuação
Segundo Cunha e Cintra (2016), os sinais de pontuação da língua portuguesa podem ser divididos em dois grupos: 
a) os que marcam pausas: 
·  a vírgula (,)
·  o ponto (.)
·  o ponto e vírgula (;)
b) os que marcam a melodia, ou seja, a entonação:
·  os dois-pontos (:)
·  o ponto de interrogação (?)
·  o ponto de exclamação (!)
·  as reticências (...)
·  as aspas (" ")
os parênteses ( ( ) )
 os colchetes ( [ ] )
 o travessão ( – )
Para relembrar todos os sinais de pontuação e suas principais regras de uso, leia o capítulo 5 do livro de apoio.
Assista à videoaula a seguir para ver esses sinais em uso.
Tema 02: O ponto e o ponto e vírgula
Geralmente, utilizamos o ponto para marcar o final de frases declarativas ou para indicar abreviaturas. Por exemplo:
“O prof. Carlos não poderá comparecer à reunião amanhã”.
Já o ponto e vírgula é usado para:
·  separar orações coordenadas que já apresentam vírgulas, mas que mantêm uma relação de sentido entre si;
·  para separar itens em enunciadosenumerativos.
No primeiro caso, podemos citar como exemplo a frase “Meu nome é Pedro; o dele, Luís”. Como exemplo do segundo caso, temos esta própria enumeração. Perceba o ponto e vírgula sendo utilizado no primeiro item.
Tema 03: Vírgula
O uso da vírgula apresenta algumas especificidades e seu uso incorreto pode causar confusão em uma frase. Por exemplo, pode ser a diferença entre a condenação e a salvação:
· “Não tenha piedade”.
· “Não, tenha piedade”.
Viu como uma vírgula pode ter grande importância?
Dentre as principais regras para o uso da vírgula, há uma que não podemos perder de vista: não separar com vírgulas o sujeito de seu predicado. Por exemplo, perceba como, na frase a seguir, a vírgula separa o sujeito do verbo:
“Maria, não gosta de fofoca”.
Portanto, o uso da vírgula aqui está incorreto.
Tema 04: Dois-pontos, reticências, travessão e aspas
Para discutirmos mais alguns sinais de pontuação, observe o trecho a seguir:
“Antes de sair, o pai voltou-se e disse ao filho:
– Filho... Ah, deixa para lá... esqueci o que ia dizer”.
Perceba os sinais de pontuação que foram utilizados. Para ilustrar que o texto foi citado de outra fonte, utilizamos as aspas (“ ”). Antes de introduzir a fala de alguém, como a fala do pai em nosso exemplo, utilizamos os dois-pontos (:). Além disso, a fala do pai em si foi ilustrada utilizando o travessão (–). Por fim, para ilustrar a suspensão ou interrupção do pensamento na fala do pai, fizemos uso das reticências (...).
Tema 05: Parênteses, ponto de interrogação e ponto de exclamação
Para discutirmos os sinais de pontuação que ainda não discutimos, leia o trecho do poema a seguir:
“Mais nada. Boas-Noites. Fecha a porta:
(Que linda noite! Os cravos vão abrir...
Faz tanto frio!) Apaga a luz! (Que importa?
A roupa chega para me cobrir...)” (NOBRE apud CUNHA; CINTRA, 2016).
Perceba como, neste poema, uma nota foi inserida no período com o uso dos parênteses ( ( ) ). Além disso, para ilustrar um questionamento, o poeta fez uso de um ponto de interrogação (?) para ilustrar a entonação de questionamento, e utilizou-se também o ponto de exclamação (!) para ilustrar a entonação exclamativa.
Na Prática
A pontuação é um elemento relevante na modalidade escrita da língua, pois, como vimos anteriormente, ela pode mudar substancialmente o sentido de uma frase. Esse é um aspecto importante para reforçar junto aos alunos em sala de aula. Por isso, uma atividade interessante para se trabalhar com pontuação é incentivá-los à resolução de problemas. Há frases que, sem pontuação, se tornam ambíguas ou até mesmo descabidas. Com a pontuação adequada, elas tornam a fazer sentido. É o caso, por exemplo, da frase a seguir:
“Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro”.
Incentivando-os à pesquisa e utilizando-se de raciocínio lógico, podemos trabalhar com a pontuação e, de quebra, também com a coerência textual.
Finalizando
De modo geral, os objetos de estudo da pontuação podem ser resumidos conforme ilustra o seguinte mapa conceitual:
Até a próxima aula!
Conversa Inicial
Olá!
Sejam bem-vindos à nossa última aula da disciplina de Práticas Profissionais: Estudos Gramaticais. Para introduzir o tema que discutiremos hoje, leia atentamente o excerto a seguir:
“Pego na pena com bastante medo. Estarei falando francês ou português? [...] Não estou brincando. Nunca comi croquettes, por mais que me digam que são boas, só por causa do nome francês. Tenho comido e comerei filet de boeuf, é certo, mas com restrição mental de estar comendo lombo de vaca. Nem tudo, porém, se presta a restrições; não poderia fazer o mesmo com as bouchées de dames, por exemplo, porque bocados de senhoras dá ideia de antropofagia, pelo equívoco da palavra.”
(ASSIS apud FARACO; TEZZA, 2011, p. 44).
Neste texto, o grande escritor brasileiro brinca com um dos principais hábitos viciosos que ocorrem em nossa língua: os estrangeirismos. Esses hábitos são geralmente chamados de vícios de linguagem. É o que veremos na aula de hoje. Para saber mais sobre o que são os vícios de linguagem e ver também outros exemplos, assista à videoaula a seguir.
Tema 01: Gerundismos
Uma cena muito comum em nosso cotidiano é, durante uma reclamação por telefone, por exemplo, ouvirmos do atendente a seguinte frase:
“Senhor(a), vamos estar verificando seu problema”.
O uso inadequado do gerúndio é uma prática recente no Brasil e geralmente está atrelada ao contexto de telemarketing, mas está aos poucos migrando para outros contextos.
Via de regra, o gerúndio deve ser utilizado em situações de simultaneidade ou ação em curso. Observe:
“Amanhã, neste horário, provavelmente estaremos embarcando para nossa viagem!”
Neste caso, o gerúndio indica uma ação que estará em curso em determinado momento do futuro. Veja a diferença em relação à fala do atendente ilustrada anteriormente: não há ação em curso. Ele poderia ter meramente dito: “Vou verificar”.
Para compreender melhor os vícios de linguagem, leia o capítulo 4 do livro de apoio, especialmente o item 4.1.
Para ver mais exemplos do gerundismo e compreender melhor como evitá-lo, assista à videoaula a seguir.
Tema 02: Pleonasmo
Em um de seus mais famosos poemas, o poeta português Fernando Pessoa utiliza os seguintes versos:
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!”
(PESSOA apud CUNHA; CINTRA, 2016).
Os mares como os conhecemos são compostos por água salgada, não é mesmo? Apesar de neste poema o adjetivo “salgado” ser usado como forma de reiteração do caráter intrínseco do objeto, na fala comum, o excesso de termos para expressar uma mesma ideia pode incorrer em um vício de linguagem chamado de pleonasmo. Veja alguns exemplos clássicos: “subir para cima”; “descer para baixo”; “sair para fora”.
Esses exemplos podem parecer óbvios, mas são comuns. Cunha e Cintra (2016) nos apresentam alguns outros: “principal protagonista”; “monopólio exclusivo”, dentre outros.
Quer ver mais alguns exemplos de pleonasmo e ver formas de evitá-los? Então, não deixe de assistir à videoaula a seguir.
Tema 03: Clichês
Para discutirmos o próximo vício de linguagem, observe o trecho a seguir:
“Nos dias de hoje, o problema da saúde é uma das questões mais importantes para o povo brasileiro. A população precisa se conscientizar de seu papel na busca por um futuro melhor para as próximas gerações. Apesar do estado precário dos hospitais do país, os governantes corruptos não se mobilizam e só o que se vê é descaso. Mas deve-se pensar positivo, porque a esperança é a última que morre.”
(LOURENÇO, 2015).
Tem a impressão de que já leu isso antes? Essa sensação vem do fato de que este trecho está repleto de clichês. Os clichês também são chamados de lugares-comuns ou chavões. Essas expressões são geralmente construídas com frases prontas (“a esperança é a última que morre”) ou ideias do senso comum (“o problema da saúde é uma das questões mais importantes para o povo brasileiro”). Os clichês também são considerados vícios de linguagem e devem ser evitados.
Tema 04: Barbarismos
Observe atentamente a frase de uma placa a seguir:
“Na compra do queijo, a mortandela é gratuíta”.
Os desvios de linguagem presentes nesta frase também são comuns, principalmente na modalidade falada da língua, mas constituem um vício de linguagem.
Esse desvio consiste basicamente na pronúncia, prosódia, ortografia, flexão e significado inadequados (BECHARA, 2009), como no caso de “mortandela” em vez de “mortadela” e “gratuíta” em vez de “gratuíta”.
A esses desvios de linguagem chamamos de barbarismos e também devem ser evitados.
Tema 05: Cacofonia
Algumas combinações de palavras podem gerar efeitos humorísticos, por exemplo:
· “Nosso hino será tocado primeiro”.
· “Um ponto será descontado por cada erro”.
Perceberam como, na primeira frase, a combinação “nosso hino” acaba soando como a palavra “suíno”? E, na segunda frase, “por cada” formou a palavra "porcada"?
A este tipo efeito sonoro desagradável damos o nome de cacofonia.
Em situações informais, o efeito pode ser engraçado. Mas em situações de escrita formal,o resultado pode ser desastroso. Por isso, é preciso cuidado máximo para evitar esse tipo de construção.
Na Prática
Desde nossa primeira aula, discutimos como a gramática deve ser trabalhada em sala de aula de uma forma contextualizada. Com os vícios de linguagem, não deve ser diferente. A melhor forma de se trabalhar com eles em sala é mostrando como ocorrem em textos e situações reais. Um ponto interessante a se explorar é o efeito humorístico, como no caso da cacofonia. Uma forma de se trabalhar com esse tema em sala é incentivar os alunos a criar efeitos sonoros cacofônicos com a combinação de palavras diferentes. Para todos os casos, recomenda-se sempre muita leitura. Assim, expandimos nosso vocabulário, o que nos possibilita criar alternativas de escrita para evitar essas inadequações.
Finalizando
Na aula de hoje, vimos algumas inadequações de linguagem que podem prejudicar muito a qualidade de um texto: os vícios de linguagem. Ao discutirmos os estrangeirismos, o gerundismo, o pleonasmo, os clichês, o barbarismo e a cacofonia, reforçamos a importância de se revisar atentamente nossos textos e cuidar com a escolha de nosso vocabulário ao falar. Com isso, encerramos nosso ciclo de estudos gramaticais, buscando sempre ilustrar como atentar para esses temas é relevante tanto em nossa prática como estudantes e futuros professores de língua portuguesa.
Até a próxima!
Conversa Inicial
O ser humano é o único ser capaz de se comunicar por meio de uma língua. Toda língua possui uma requintada organização interna. Por isso, ao estudarmos uma língua, vemos como ela é fascinante e percebemos o quão incrível é nossa capacidade. O que vamos estudar a partir de agora é um dos aspectos que fazem parte da organização de uma língua: a sintaxe. Para isso, vamos iniciar com uma discussão acerca do conceito dela e, em seguida, trabalharemos com alguns conceitos básicos que a envolvem, como a noção de frase, sentença e período, além de explorarmos sobre sintagmas e constituintes de uma sentença.
Alguma vez você já parou para pensar na sua fala e na fala das pessoas que estão próximas a você? Você percebeu que as pessoas falam frases que você nunca ouviu antes e que, mesmo assim, elas parecem seguir uma estrutura como a de tantas outras frases?
Quando estudamos a sintaxe de uma língua (e pode ser de qualquer língua natural do mundo), podemos perceber que as estruturas de uma língua seguem uma lógica e que, por conta disso, somos capazes de criar infinitas sentenças.
E mesmo criando inúmeras sentenças, nós nunca vamos encontrar uma pessoa dizendo: “banana a linda comendo deliciosa uma está em árvore macaquinha uma”.
Quando na verdade quer dizer: A linda macaquinha está em uma árvore comendo uma deliciosa banana.
Por que será que sentenças como a primeira não acontecem?
Para que possamos responder a essa e outras perguntas, precisamos verificar de forma mais aprofundada sobre a sintaxe de uma língua. Para isso, vamos observar como se dá a sintaxe em língua portuguesa de acordo com seu uso no Brasil e conversaremos também sobre como tudo isso é processado na mente do falante.
Com o intuito de compreendermos de forma significativa o que são os processos sintáticos de uma língua, há algumas noções e alguns conceitos que precisamos verificar inicialmente.
No entanto, você pode estar se perguntando: O que são processos sintáticos? O que é sintaxe?
Nossa conversa começa pensando um pouco na organização de uma língua. Toda língua apresenta sons, palavras, sentenças e textos. Todos esses aspectos estão relacionados e são essenciais para a existência de uma língua.
Sempre que pensamos na língua como um objeto de estudo, podemos pensar também nesses itens que a compõem. Para cada um deles, teremos um viés diferente, uma abordagem diferente.
O som é trabalhado sob o olhar tanto da fonética quanto da fonologia, enquanto as palavras são vistas pela morfologia. Nesta disciplina, vamos ver que as sentenças são estudadas pela sintaxe.
Por enquanto, a pergunta que fizemos inicialmente parece ter sido respondida de forma muito simples. E é isso mesmo! A partir de agora vamos pensar e buscar uma resposta melhor para as duas perguntas que fizemos no começo: “O que são processos sintáticos?” e “O que é sintaxe?”.
Assim como a língua, a sintaxe de uma língua é vista como um fenômeno complexo que merece ser estudado. Ao contrário dos sons e das palavras, as sentenças de uma língua não podem ser contadas, pois são infinitas. A todo momento, podemos verificar uma sentença nova, uma sentença nunca antes dita. No entanto, apesar de isso ser uma verdade, verificamos que, conscientemente, não criamos sentenças usando uma estrutura muito estranha. Isso ocorre porque seguimos uma organização estrutural lógica de criação de sentenças, como veremos.
Uma questão que devemos ressaltar aqui é esse aspecto criativo de linguagem que temos: todo falante é capaz de criar palavras, sentenças e textos novos sempre.
Voltemos para a questão do conceito de sintaxe.
Se formos pensar, inicialmente, na etimologia da palavra “sintaxe”, teremos que ela vem do grego súntaksis, que significa “organização, tratado, composição, ordem”. E são ideias como essas que permeiam a sintaxe, afinal, ela nos dá a organização das sentenças e dos sintagmas de uma língua. Tal significado também é dado pelo dicionário Houaiss que conceitua “sintaxe” da seguinte forma:
1) parte da gramática que estuda as palavras enquanto elementos de uma frase, as suas relações de concordância, de subordinação e de ordem. (2) componente do sistema linguístico que determina as relações formais que interligam os constituintes da sentença, atribuindo-lhe uma estrutura. (3) componente da gramática de uma língua que constitui a realização da gramática universal e que contém os princípios e regras que produzem as sentenças gramaticais dessa mesma língua, pela combinação de palavras e de 
2) elementos funcionais (tempo, concordância, afixos etc.)
· 
· 
· Temos aqui uma breve exposição dos conceitos possíveis para o significado de sintaxe. Ao pensarmos na sintaxe de uma língua, temos, então, que ela seria a abordagem que nos apresenta como ocorrem as relações existentes entre os elementos que compõem uma sentença. Portanto, a sintaxe observa como ocorrem essas relações e tem como pretensão verificar quais são as regras estruturais possíveis de uma língua.
· 
· Se nos aprofundarmos mais nessa questão, veremos que a sintaxe também pretende verificar quais são as regras internalizadas que temos que nos permitem criar sentenças novas que estejam de acordo com a estrutura e a relação sintática de uma determinada língua.
· 
· Ao fazer tal verificação, a sintaxe propõe quais são as ordens e relações em questão, bem como sugere quais são os aspectos comuns a todas as línguas (também conhecidos como “princípios”) e quais são comuns a apenas algumas (o que chamamos de “parâmetros”).
Como um exemplo disso, temos a ideia de “sujeito e predicado”: todas as línguas naturais do mundo vão apresentar essas noções. No entanto, o sujeito ser “pronunciado” ou não vai depender da língua em questão. Por exemplo, no português, é comum encontrarmos alguém enunciando algo como “Fomos à festa ontem” ou ainda “Choveu muito ontem”, no entanto, sentenças assim não seriam possíveis no inglês que é uma língua que precisa ter o sujeito da sentença marcado, pronunciável, o que nos dá, portanto, uma sentença como “It rained yesterday”.
Ao analisar as línguas, a sintaxe verifica nelas quais são as sentenças tidas como gramaticais e como agramaticais. Para que possamos compreender melhor tudo isso, vejamos a discussão a seguir.
Vamos começar retomando as sentenças que vimos sobre a macaquinha.
*banana a linda comendo deliciosa uma está em árvore macaquinha uma.
A linda macaquinha está em uma árvore comendo uma deliciosa banana.
Dizemos que a primeira é agramatical, ou seja, ela não é possível de ser gerada por um falante de língua portuguesa (exceto em algum contexto bastante específico, como o de exemplificar uma sentença agramatical). Porser agramatical, marcamos essa sentença com um asterisco no início dela. Já a segunda sentença, dizemos que é gramatical e, portanto, possível de ser produzida em uma língua como a língua portuguesa.
Quando estivermos trabalhando com a sintaxe de uma língua, vamos levar em consideração a sentença e o sintagma como sendo suas unidades de estudo, como passaremos a estudar a partir de agora.
Assista ao vídeo a seguir, que vai falar mais sobre sintaxe.
Vimos que as unidades de estudo da sintaxe são a sentença e o sintagma. Vamos iniciar trabalhando com a primeira unidade e, na sequência, passaremos para a segunda.
Vejamos os seguintes exemplos:
Fogo!
Corre!
Tradicionalmente, dizemos que esses são exemplos de frases. A primeira é chamada de frase nominal porque não possui um verbo, ao contrário da segunda que apresenta o verbo “correr” e é chamada, então, de frase verbal. Dizemos que toda frase verbal é uma oração.
Quando temos apenas uma oração, dizemos que estamos frente a um período simples, e quanto temos mais de uma oração estamos frente a um período composto. Nesse tipo de período, vamos verificar que temos mais de um verbo.
Para ajudar a clarear essas ideias, vamos ver os seguintes exemplos.
(1) Socorro!
(2) Salvem-se!
(3) Maria correu muito ontem.
(4) Maria correu e Pedro caminhou ontem no parque.
Você é capaz de dizer quais desses exemplos são frases, orações e/ou períodos?
Tente!
Se você disse que a sentença em (1) é uma frase nominal, acertou. Veja que não temos verbo. E quando não temos verbo, mas temos um “sentido” para a sentença, dizemos que ela é uma frase nominal.
Em (2), temos um verbo. Então, ela não pode ser tida como uma frase nominal, mas, sim, como uma frase verbal. Toda frase verbal é uma oração. Como temos aqui uma única oração e, portanto, só temos um verbo, dizemos que (2) é também um período simples.
Em (3), encontramos um único verbo também e por isso a classificação dessa sentença é a mesma de (2).
Já (4) possui mais de um verbo, a saber, “correr” e “caminhar”. Portanto, temos aqui duas frases verbais, duas orações e um período composto.
Se houvesse mais uma sentença e nela dez verbos, diríamos que há nela dez orações e um período composto.
Uma noção que ainda não mencionamos, mas que tem aparecido com frequência é a “sentença”.
A sentença pode ser entendida como sendo a frase, a oração ou o período. Quando não queremos necessariamente especificar a qual estamos nos referindo, dizemos simplesmente que estamos frente a uma sentença. Dizemos também que a sentença é uma proposição ou ainda um enunciado.
A sintaxe, então, vai buscar estudar a sentença, em geral, as sentenças verbais e não as nominais. No entanto, as sentenças não constituem a única unidade de estudo da sintaxe. Temos unidades “menores” que as sentenças e que, portanto, as compõem, as quais também são estudados pela sintaxe, a saber, os sintagmas, que são nosso ponto de estudo a seguir.
As sentenças de uma língua não são um conjunto aleatório de palavras que se juntam da forma que for possível. As sentenças apresentam uma organização interna que seja capaz de prever um sentido para o que se está apresentando. Além disso, elas vão sempre apresentar uma estrutura de hierarquia de constituintes.
Lembra-se das sentenças sobre a macaquinha? Nós vimos no primeiro exemplo que se só juntamos as palavras, a sentença fica sem sentido.
No entanto, como fazemos para juntar as palavras de uma forma que elas possam fazer a sentença significar algo?
Uma das maneiras de pensarmos sobre isso é verificando a questão dos sintagmas.
Podemos dizer que o sintagma é uma unidade de análise composta por um núcleo e por termos (ou palavras) que se unem a ele com o intuito de formar um constituinte que comporá a sentença.
Como os sintagmas podem ter uma extensão variável, eles são classificados de acordo com o seu núcleo. Podemos ter como núcleo um nome, um verbo, um adjetivo ou um advérbio. Por conta disso, dizemos que temos respectivamente os seguintes sintagmas cujos nomes são dados de acordo com o núcleo que os compõe: sintagma nominal, sintagma verbal, sintagma adjetival, sintagma adverbial.
Para que possamos compreender melhor a ideia dos sintagmas, vejamos o que Mioto et al. (2013, p. 48) afirmam sobre essas unidades de análise.
Um sintagma é uma unidade sintática construída hierarquicamente, embora se apresente aos olhos como uma sequência de letras ou aos ouvidos como uma sequência de sons. Nenhuma teoria sintática se dedica a determinar sua extensão, uma vez que não é possível prever qual o número máximo de itens que podem pertencer a ele. Por isso, em vez de procurar estabelecer a extensão de um sintagma, a sintaxe o delimita a partir de um núcleo. Como o núcleo determina as funções que se estabelecem dentro de um sintagma, o primeiro passo para reconhecer um sintagma é identificar seu núcleo. O segundo é identificar os itens que gravitam em torno do núcleo, desempenhando as funções determinadas por ele.
Tendo apresentado essa conceituação, vejamos agora exemplos de sentenças nas quais podemos verificar como os sintagmas ocorrem.
(5) O menino comprou uma bicicleta.
(6) Aquele menino esperto comprou uma bicicleta nova ontem.
Vamos começar pensando um pouco sobre a sentença em (5). Cada palavra dessa sentença pertence a uma classe de palavras, como podemos ver a seguir:
(5) Omeninocomprouumabicicleta.
⇓⇓⇓⇓⇓Artigosubstantivoverboartigosubstantivo
Portanto, se pensarmos as palavras separadamente, teremos essa classificação. No entanto, como já mencionamos, as palavras não são colocadas nessas posições sem razão – a forma que se organizam apresenta uma razão de ser.
Podemos intuir, então, quais seriam os sintagmas que podem ser formados pela junção dessas palavras.
Palavras do tipo “artigo” normalmente aparecem junto com uma palavra do tipo “substantivo”, o que nos daria, então, “o menino” e “uma bicicleta”. Esses são exemplos de sintagmas. O que se pode verificar também é que a palavra que “dá sentido” para o sintagma, também conhecido como núcleo, é o substantivo. Substantivos também podem ser chamados de “nomes”. Portanto, se “sintagmas” são nomeados tendo por base seu núcleo, podemos afirmar que “o menino” e “uma bicicleta” são sintagmas do tipo “nominal”, e, então, são chamados de sintagma nominal. Esse tipo de sintagma é encontrado em toda posição sintática cujo núcleo é um “nome”, como a posição sintática de “sujeito”, de “objeto direto” e de “adjunto adnominal”, por exemplo.
Seguindo com esse mesmo raciocínio para os outros casos, teremos que há os seguintes sintagmas: sintagma verbal, sintagma adjetival, sintagma adverbial. Os núcleos desses sintagmas são respectivamente o “verbo”, o “adjetivo” e o “advérbio”.
Pensando então na sentença (5), temos:
Sintagmas nominais: [o menino], [uma bicicleta].
Sintagma verbal: [comprou uma bicicleta].
Os outros sintagmas não aparecem aqui, mas aparecem em (6).
Vamos fazer a sentença em (6), juntos. Comecemos classificando cada uma das palavras da sentença.
(6) Aquelemeninoespertocomprouumabicicletanovaontem.
⇓⇓⇓⇓⇓⇓⇓⇓...................................
6) Aquele menino esperto comprou uma bicicleta nova ontem.
Aquele: pronome (vamos passar a chamá-lo de determinante)
Menino: nome
Esperto: adjetivo
Comprou: verbo
Uma: artigo (determinante)
Bicicleta: nome
Nova: adjetivo
Ontem: advérbio
Agora, passemos para a classificação dos sintagmas:
Aquele menino esperto: sintagma nominal
Esperto: sintagma adjetival
Comprou uma bicicleta nova ontem: sintagma verbal
Uma bicicleta nova: sintagma nominal
Nova: sintagma adjetival
Ontem: sintagma adverbial
À primeira vista, os sintagmas parecem difíceis de serem determinados, mas veremos que não são. Por enquanto, vamos parar por aqui. A ideia é que você tenha conseguido compreender o que são os sintagmas e como podem ser classificados. Em seguida, vamos compreender um pouco mais sobre isso.
Saiba mais sobre os sintagmas no vídeo a seguir:
OS SINTAGMAS E OS SEUS CONSTITUINTES 
Ao trabalharmos com os constituintes de uma sentença, temos de levar em contatoda a ideia apresentada anteriormente acerca dos sintagmas. Todo sintagma é considerado como um constituinte.
Como vimos, uma sentença não é um conjunto aleatório de palavras, mas, sim, um conjunto que segue regras de boa formação. Além disso, dizemos que as sentenças apresentam uma hierarquia. Essa hierarquia é dada pelos constituintes que a compõem. Se sintagmas são constituintes, então toda sentença apresenta uma hierarquia de constituintes.
Vamos retomar a última sentença que vimos anteriormente.
(6) Aquele menino esperto comprou uma bicicleta nova ontem.
Nós fizemos inicialmente a classificação morfológica desses elementos, como temos a seguir:
Aquele: determinante
Menino: nome
Esperto: adjetivo
Comprou: verbo
Uma: determinante
Bicicleta: nome
Nova: adjetivo
Ontem: advérbio
Depois, nós separamos em sintagmas e os classificamos.
Aquele menino esperto: sintagma nominal
Esperto: sintagma adjetival
Comprou uma bicicleta nova ontem: sintagma verbal
Uma bicicleta nova: sintagma nominal
Nova: sintagma adjetival
Ontem: sintagma adverbial
No entanto, tudo pareceu um pouco nebuloso, já que o que aparenta estar acontecendo é a existência de um sintagma dentro de outro sintagma.
Na verdade, essa é a grande ideia de separarmos em sintagmas – a ideia de podermos hierarquizar os constituintes como começamos a apresentar aqui.
Vamos utilizar um desenho que pode nos ajudar a compreender melhor essa estrutura de constituintes.
[aquele menino esperto comprou uma bicicleta nova ontem]
[aquele menino esperto]   [comprou uma bicicleta nova ontem]
[aquele menino esperto]   [comprou uma bicicleta nova]     [ontem]
[aquele menino esperto]    [comprou] [uma bicicleta nova]    [ontem]
[aquele menino]   [esperto] [comprou] [uma bicicleta]  [nova] [ontem]
[aquele] [menino] [esperto] [comprou] [uma] [bicicleta] [nova] [ontem]
O que podemos observar acima é que partimos das palavras até chegar na sentença. Entre esses dois níveis, temos o que chamamos de sintagmas.
Assim, o que temos é a estrutura de hierarquia dos constituintes que mencionamos anteriormente.
Ao mencionarmos isso, há certas noções que devem ser observadas. Uma delas é a noção de constituinte imediato.
Podemos dizer que um constituinte imediato é aquele constituinte que está imediatamente dentro de outro, ou seja, está contido em um constituinte sem que haja outro constituinte entre eles.
Para exemplificarmos, vejamos o sintagma (constituinte) “uma bicicleta nova”. Temos um sintagma adjetival “nova” que está imediatamente contido dentro do sintagma nominal “uma bicicleta nova”. Esse sintagma nominal está contido no sintagma verbal “comprou uma bicicleta nova ontem”, no entanto, “esperto”, agora, também está contido no sintagma verbal, mas não mais imediatamente. Há um sintagma nominal antes dele.
Portanto, para identificarmos os constituintes, devemos levar em consideração a ideia dos sintagmas e como eles aparecem na sentença.
Trocando Ideias
Sugestão de fórum: discutir sobre o ensino de sintaxe nas escolas. Como ele tem sido feito e que tipo de contribuição tem permitido. Será que os alunos conseguem fazer maiores reflexões acerca da língua portuguesa por meio do ensino da sintaxe ou os alunos apenas decoram nomes e são obrigados a utilizar uma metalinguagem complicada?
Como vimos, a língua não é organizada apenas “juntando” palavras de qualquer forma. Para que possamos nos comunicar, fazemos uso de uma estrutura sintática que é organizada de forma hierárquica.
Com o intuito de entendermos melhor como tudo isso ocorre, vimos alguns conceitos relevantes, como o de sentença e o de sintagma. Vimos que temos diferentes sintagmas e que eles estão, sempre, relacionados em uma sentença.
O estudo da sintaxe é de grande importância, como já vimos, para a descrição da língua. É por meio dela que a infinidade de sentenças, que uma língua pode comportar, é observada. O número de sentenças de uma língua é infinito. Apesar de não sermos capazes de ouvir todas as sentenças possíveis, ao longo de nossa vida, sabemos dizer quais pertencem ou não a nossa língua. E o que é mais significativo, podemos compreender o que elas querem. No entanto, há momentos que um contexto se faz necessário, pois, sem ele, encontramos mais de um tipo de sentença, dentro de uma mesma construção. Isto é o que passaremos a estudar, a partir de agora.
Contextualizando
Já conversamos sobre como as sentenças são constituídas. A depender de como a sentença se organiza, podemos ter diferentes possibilidades de interpretação, de significado, digamos assim.
Imagine que você está em um elevador e entram duas pessoas conversando. No tempo em que elas ficam no elevador, tudo que você consegue entender, que estava sendo falado é: “O garotinho viu o incêndio do prédio da esquina”.
Depois que você escuta esta sentença, e as pessoas saem do elevador, você começa a pensar sobre o que ouviu, e se pergunta: “Quem viu o incêndio?”, “Onde foi o incêndio?”.
A partir desta “historinha”, podemos dizer que esta sentença surgiu de forma livre ao contexto – você não sabe quem está participando da história, nem onde ocorreu. E, de fato, se você tivesse todo o contexto da história, tudo ficaria mais simples. No entanto, não foi isso o que aconteceu.
Em uma sentença, como esta, o que temos é a possibilidade de diferentes formas de organizar os constituintes de maneira hierárquica, o que nos dá, na verdade, três maneiras diferentes de interpretar esta sentença.
Você consegue perceber quais são essas formas? Anote suas conclusões.
Uma das primeiras formas que temos para pensar, sobre esta sentença, é que o menino presenciou um incêndio e esse incêndio aconteceu no prédio que fica em uma esquina. A segunda possibilidade é de que o menino estava na esquina e de lá ele presenciou o incêndio do prédio. A terceira possibilidade é de que o menino estava no prédio da esquina e de lá ele viu o incêndio – e, neste caso, não se sabe onde foi o incêndio.
E, agora, a questão que se coloca é “Por que temos todas essas possibilidades e de que forma a sintaxe está relacionada com tudo isso?”.
É o que vamos responder, com os estudos que começaremos agora
Para começarmos, vamos relembrar a questão dos sintagmas, que vimos anteriormente.
Você se lembra que mencionamos que toda sentença possui uma estrutura hierárquica? Pois bem, essa é a grande ideia que vamos levar em consideração aqui.
Nós sabemos que, em geral, partimos das palavras, formamos sintagmas, para, então, formarmos as sentenças. Muitas vezes, encontramos, também, sintagmas dentro de sintagmas, antes de formarmos uma sentença. Cada um desses sintagmas é considerado, na verdade, como um termo da oração.
Então, por exemplo, um sintagma nominal pode ser considerado o “sujeito” da oração. No entanto, ele, também, pode ser considerado como o “objeto direto” do verbo da oração. Portanto, sintagmas podem exercer funções diferentes, dentro de uma mesma oração.
Antes de chegarmos a essa discussão, vamos verificar quais são os termos da oração. Para isso, vamos retomar alguns dos conceitos que aparecem na gramática que conhecemos como “gramática tradicional”.
Para uma melhor compreensão sobre o que estamos nos referindo em relação à gramática, sugerimos Azeredo (1990, p. 16) e Possenti (1996).
Quando temos uma sentença, podemos afirmar que os elementos que a constituem podem fazer parte de um dos três grupos a seguir: termos essenciais, termos integrantes e termos acessórios da oração.
Podemos fazer uma lista desses termos (ou funções sintáticas) da seguinte forma:
• Termos Essenciais: sujeito, predicado;
• Termos Integrantes: complemento verbal (objeto direto, objeto indireto), complemento nominal, agente da passiva;
• Termos Acessórios: adjunto adverbial (ou adjunto verbal), adjunto nominal, aposto, vocativo.
Por enquanto, o que interessa a nós é sabermos essas nomenclaturas. Passaremos a detalhá-los agora.
Vimos, anteriormente, a nomenclatura utilizada para mencionar sobre as funções sintáticas dentro de uma sentença. Passaremos, agora, a ver cada uma delas e como elas aparecem dentrode uma sentença.
Para ficar mais fácil, reproduzimos aqui quadros conceitos que vimos anteriormente.
• Termos Essenciais: sujeito, predicado;
• Termos Integrantes: complemento verbal (objeto direto, objeto indireto), complemento nominal, agente da passiva;
• Termos Acessórios: adjunto adverbial (ou adjunto verbal), adjunto nominal, aposto, vocativo.
Vamos começar pela classificação dos termos. Iniciaremos pelos essenciais.
2.1 Termos Essenciais
Pensando, inicialmente, no nome deste termo, ‘essencial’, o que você entende por essencial? Em geral, “essencial” é aquilo que não pode faltar e, no caso de faltar, algo passa a não existir.
Dizemos que todas as sentenças, de qualquer língua do mundo, são formadas por “sujeito” e “predicado”. Isso mesmo! Não há língua, no mundo, que tenha sentença formada sem esses dois elementos. O que temos são mudanças em relação a eles. Por exemplo, na língua portuguesa, nós temos orações em que o sujeito não “tem som”, como em “Choveu ontem”. Apesar de não termos nenhuma “palavra”, digamos assim, antes de “choveu”, nós dizemos que a posição de “sujeito” continua ali, mas ela está vazia. Já no “inglês”, em uma sentença como essa, a posição de “sujeito” aparece com uma “palavrinha”, o “it”, e por isso temos “It rained yesterday”.
Então, dizemos que os termos essenciais da oração dizem respeito ao sujeito e ao predicado.
Se formos olhar na gramática tradicional, vamos encontrar o “sujeito” sendo conceituado como o termo da oração que “faz ou sofre a ação do verbo”, por exemplo. No entanto, achamos que este é um conceito um pouco “frágil”. Nossa opinião é a mesma em relação ao “predicado”. Por conta disso, traremos aqui a reflexão apresentada por Azeredo (1990).
[A FRASE] apresenta normalmente uma estrutura bimembre – a oração – centrada em um verbo com o qual se faz uma declaração – predicado – sobre um dado tema – sujeito. (...) Enquanto representação analítica de um conteúdo, portanto, a oração articula as funções sujeito e predicado, e no predicado, o processo verbal e a época de sua ocorrência relativamente ao momento da enunciação (...) ou um momento histórico).
(AZEVEDO, 1990. P. 31)
2.2 Termos Integrantes
A partir da ideia de “sujeito” e “predicado”, passaremos para os outros termos. Neste caso, o “termo integrante”. Da mesma forma que fizemos com os termos “essenciais”, vamos começar pensando no nome “integrante” e o que ele significa para você.
Geralmente, apesar de parecer redundante, dizemos que se algo é “integrante” é porque ele “integra” algo, ou seja, não é “essencial”, mas é “necessário”. É o que vamos dizer sobre os seguintes termos, ou funções sintáticas, conhecidas como complemento - que contempla as funções de objeto (direto e indireto), que são complementos verbais, e de complemento nominal -, e o que é chamado de agente da passiva.
Dizemos que os sintagmas do tipo “complemento”, complementam um item lexical, seja ele um “verbo” ou um “nome”.
Vejamos:
(1) Pedro ama Maria.
(2) Pedro gosta de Maria.
Vamos dizer que nas duas sentenças [Pedro] é o sujeito e [ama Maria] e [gosta de Maria] são os predicados. O item central do predicado são os verbos “amar” e “gostar”. Nós dizemos que “quem ama, ama alguém ou algo” e que “quem gosta, gosta de alguém ou de algo”. Portanto, seria estranho termos uma sentença como
(3) * Pedro ama.
(4) * Pedro gosta.
Nestas duas sentenças, parece ter algo “faltando”. O que falta aqui é o que chamamos de “complemento”.
No entanto, cada um desses verbos pede um complemento diferente. O verbo “amar” pede um complemento do tipo objeto direto; enquanto o verbo “gostar” pede um complemento do tipo objeto indireto. O primeiro “objeto” se relaciona com o verbo de forma direta, sem um “intermediário”; já o segundo “objeto” precisa de algo entre ele e o verbo, no caso, uma preposição, e, por isso, é chamado de “objeto indireto”.
Quando pensamos no complemento nominal, estamos pensando no complemento que o nome pede. Veja a seguinte sentença:
(5) A destruição do palácio foi noticiada pelos jornais.
A palavra “destruição” é um nome que pede um “complemento”, ou seja, não podemos dizer somente “destruição”, porque parecerá que falta algo.
(6) (?) A destruição foi noticiada pelos jornais.
Ao ver esta sentença, você pode pensar “mas que destruição?”. Por isso, dizemos que [do palácio] é um complemento nominal. Perceba que o complemento nominal também pede uma preposição.
Um outro termo que temos aqui é o que chamamos de agente da passiva.
Para entendermos melhor o que é esta função, precisamos relembrar o que é “voz verbal”, mais especificamente “voz ativa” e “voz passiva”.
(7) O rapaz lavou o carro.
(8) O carro foi lavado pelo rapaz.
Na sentença em (7), o sujeito é [o rapaz] e é ele que “faz a ação de lavar algo”, no caso, [o carro].
Já em (8), o sujeito é [o carro]. E ele não faz a ação de lavar, mas sim “sofre a ação designada pelo verbo lavar”.
Dizemos, por conta disso, que a sentença em (7) está na voz ativa, enquanto (8) está na voz passiva.
Como o “sujeito sofre a ação do verbo”, nós podemos apresentar na sentença quem é o agente responsável pela “lavação”. Neste caso, temos [pelo rapaz] e na sentença (5) temos [pelos jornais]. Estes termos são conhecidos por agente da passiva.
2.3 Termos Acessórios
Finalmente, veremos os termos acessórios, que dá mesma forma que os outros, podemos compreendê-lo pelo próprio nome, ou seja, estamos nos referindo aqui a algo que é um acessório na sentença, algo que traz uma informação a mais, mas que não é “muito necessária” para a compreensão da sentença.
Vejamos:
(9) O rapaz lavou o carro ontem.
(10) O rapaz brasileiro lavou o carro importado.
(11) Rapaz! Venha aqui!
(12) O rapaz, brasileiro, lavou o carro.
Pensando nestas quatro sentenças, nós temos sintagmas que não são relevantes para a compreensão das sentenças. Você consegue dizer quais são?
Em (9), qual seria?
E em (10)?
E em (11) e em (12)?
As repostas estão a seguir. Veja se são as mesmas que você colocou.
	Em (9)
	Ontem
	Em (10)
	brasileiro, importado
	Em (11)
	rapaz
	Em (12)
	brasileiro
Dizemos que [ontem] é um adjunto adverbial (ou adjunto verbal), porque ele vem junto ao verbo, ou junto da ideia representada pelo verbo. Neste caso, a função dele é representar o momento em que “a lavação do carro” ocorreu. Veja que para isso aconteça, ou seja, que “o carro seja lavado”, eu não preciso dizer que foi “ontem”. Por isso, dizemos que essa é uma informação acessória.
Reflexão semelhante é o que ocorre em (10) e em (12).
Em (10), [brasileiro] e [importado] dão uma informação a mais para os nomes [rapaz] e [carro], respectivamente, e a ausência deles não resultaria no não entendimento da sentença. Como eles aparecem “juntos ao nome”, dizemos que são adjuntos adnominais. Já em (12), [brasileiro] aparece junto ao nome, mas separado por vírgulas. Isso é o que chamamos de aposto.
O que temos em (11) é o que chamamos de vocativo, que nada mais é do que um termo que usamos para “chamar, evocar algo ou alguém”. Neste caso, usamos [rapaz] como uma forma de chamar a atenção da pessoa a quem estamos nos referindo.
O que vamos fazer agora é relacionar o que já conhecemos das funções sintáticas existentes em uma sentença com os sintagmas que a constituem. Para isso, vamos relembrar aqui as funções e os sintagmas.
• Funções Sintáticas: sujeito, predicado, complemento, adjunto, agente da passiva, vocativo, aposto.
• Sintagmas que vimos: sintagma nominal, sintagma verbal, sintagma adjetival, sintagma adverbial.
Apresentamos aqui o que vimos até então.
Ressaltamos que há um sintagma que tem como núcleo um determinante. No entanto, não vamos trazê-lo para discussão. Mas, para quem quiser compreender melhor do que se trata, podemos verificar no livro de Mioto [et al] (2013) e em um livro online de Othero (2009).
Essa relação entre funções e sintagmas é bastante comum de se encontrar em livros de gramática. O que traremos aqui é muito do que aparece em vários outros livros que você pode vir a consultar.
GENEROS DISCURSIVOS 
Para o trabalho das práticas de leitura,escrita, oralidade e análise linguística serão adotados como conteúdos básicos os gêneros discursivos conforme suas esferas sociais de circulação. Caberá ao professor fazer a seleção de gêneros, nas diferentes esferas, de acordo com o Projeto Político Pedagógico, com a Proposta Pedagógica Curricular, com o Plano Trabalho Docente, ou seja, em conformidade com as características da escola e com o nível de complexidade adequado a cada uma das séries (PARANÁ, 2008).
LEITURA
· Conteúdo temático;
· Interlocutor;
· Finalidade do texto;
· Intencionalidade;
· Argumentos do texto;
· Contexto de produção;
· Intertextualidade;
· Vozes sociais presentes no texto;
· Discurso ideológico presente no texto;
· Elementos composicionais do gênero;
· Contexto de produção da obra literária;
· Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos como aspas, travessão, negrito;
· Progressão referencial;
· Partículas conectivas do texto;
· Relação de causa e consequência entre partes e elementos do texto;
· Semântica:
· operadores argumentativos;
· modalizadores;
· figuras de linguagem (PARANÁ, 2008).
ESCRITA 
· Conteúdo temático;
· Interlocutor;
· Finalidade do texto;
· Intencionalidade;
· Informatividade;
· Contexto de produção;
· Intertextualidade;
· Referência textual;
· Vozes sociais presentes no texto;
· Ideologia presente no texto;
· Elementos composicionais do gênero;
· Progressão referencial;
· Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;
· Semântica:
· operadores argumentativos;
· modalizadores;
· figuras de linguagem;
· Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto, conectores, pontuação, recursos gráficos como aspas, travessão, negrito, etc.;
· Vícios de linguagem;
· Sintaxe de concordância;
· Sintaxe de regência (PARANÁ, 2008).
ORALIDADE 
· Conteúdo temático;
· Finalidade;
· Intencionalidade;
· Argumentos;
· Papel do locutor e interlocutor;
· Elementos extralinguísticos: entonação, expressões facial, corporal e gestual, pausas ...;
· Adequação do discurso ao gênero;
· Turnos de fala;
· Variações linguísticas (lexicais, semânticas, prosódicas, entre outras);
· Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição;
· Elementos semânticos;
· Adequação da fala ao contexto (uso de conectivos, gírias, repetições, etc.);
· Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito (PARANÁ, 2008).
O discurso é efeito de sentidos entre interlocutores, não é individual, ou seja, não é um fim em si mesmo, mas tem sua gênese sempre numa atitude responsiva a outros textos (BAKHTIN, 1999). Discurso, aqui, é entendido como resultado da interação – oral ou escrita – entre sujeitos, é “a língua em sua integridade concreta e viva” (BAKHTIN, 1997, p. 181). Brandão (2005) apresenta duas definições para discurso: a primeira delas diz respeito ao uso comum da palavra. Nessa acepção, discurso é simplesmente fala. A segunda definição, e a defendida por este Documento, o vê sob o enfoque da ciência da linguagem. O discurso é toda a atividade comunicativa entre interlocutores. Os agentes são: [...] seres situados num tempo histórico, num espaço geográfico; pertencem a uma comunidade, a um grupo e por isso carregam crenças, valores culturais, sociais, enfim a ideologia do grupo, da comunidade de que fazem parte. Essas crenças, ideologias são veiculadas, isto é, aparecem nos discursos. É por isso que dizemos que não há discurso neutro, todo discurso produz sentidos que expressam as posições sociais, culturais, ideológicas dos sujeitos da linguagem. Às vezes, esses sentidos são produzidos de forma explícita, mas na maioria das vezes não. [...] Fica por conta do interlocutor o trabalho de construir, buscar os sentidos implícitos, subentendidos (BRANDÃO, 2005, p. 2-3). É importante, no contexto destas Diretrizes, o entendimento de que o discurso pode ser visto como um diferente modo de conceber e estudar a língua, uma vez que ela é vista como um acontecimento social, envolvida pelos valores ideológicos, está ligada aos seus falantes, aos seus atos, às esferas sociais (RODRIGUES, 2005). Ao contrário de uma concepção de linguagem que centraliza o ensino na gramática tradicional, o discurso tem como foco o trabalho com os enunciados (orais e escritos).
Em relação à oralidade, a proposta é que o professor:
· Organize apresentações de textos produzidos pelos alunos levando em consideração a: aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e finalidade do texto;
· Proponha reflexões sobre os argumentos utilizados nas exposições orais dos alunos, e sobre a utilização dos recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;
· Oriente sobre o contexto social de uso do gênero oral selecionado;
· Prepare apresentações que explorem as marcas linguísticas típicas da oralidade em seu uso formal e informal;
· Estimule contação de histórias de diferentes gêneros, utilizando-se dos recursos extralinguísticos, como entonação, expressões facial, corporal e gestual, pausas e outros;
· Selecione discursos de outros para análise dos recursos da oralidade, como seminários, telejornais, entrevistas, reportagens, entre outros;
· Propicie análise e comparação dos recursos veiculados em diferentes fontes como jornais, emissoras de TV, emissoras de rádio, etc., a fim de perceber a ideologia dos discursos dessas esferas (PARANÁ, 2008).
Em relação à leitura, a proposta é que o professor:
Propicie práticas de leitura de textos de diferentes gêneros;
Considere os conhecimentos prévios dos alunos;
Formule questionamentos que possibilitem inferências a partir de pistas textuais;
Encaminhe discussões e reflexões sobre: tema, finalidade, intenções, intertextualidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade, temporalidade, vozes sociais e ideologia;
Contextualize a produção: suporte/fonte, interlocutores, finalidade, época; referente à obra literária, explore os estilos do autor, da época, situe o momento de produção da obra e dialogue com o momento atual, bem como com outras áreas do conhecimento;
Utilize textos verbais diversos que dialoguem com não verbais, como gráficos, fotos, imagens, mapas e outros;
Relacione o tema com o contexto atual;
Oportunize a socialização das ideias dos alunos sobre o texto;
Instigue o entendimento/ reflexão das palavras em sentido figurado;
Estimule leituras que suscitem o reconhecimento do estilo, que é próprio de cada gênero;
Incentive a percepção dos recursos utilizados para determinar causa e consequência entre as partes e elementos do texto;
Proporcione análises para estabelecer a progressão referencial do texto;
Conduza leituras para a compreensão das partículas conectivas (PARANÁ, 2008).
Em relação à escrita, a proposta é que o professor:
· Planeje a produção textual a partir: da delimitação do tema, do interlocutor, intenções, contexto de produção do gênero;
· Proporcione o uso adequado de palavras e expressões para estabelecer a referência textual;
· Conduza a utilização adequada dos conectivos;
· Estimule a ampliação de leituras sobre o tema e o gênero proposto;
· Acompanhe a produção do texto;
· Instigue o uso de palavras e/ou expressões no sentido conotativo;
· Estimule produções que suscitem o reconhecimento do estilo, que é próprio de cada gênero;
· Incentive a utilização de recursos de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;
· Encaminhe a reescrita textual: revisão dos argumentos/das ideias, dos elementos que compõe o gênero (por exemplo: se for um artigo de opinião, observar se há uma questão problema, se apresenta defesa de argumentos, se a linguagem está apropriada, se há continuidade temática, etc.);
· Analise se a produção textual está coerente e coesa, se há continuidade temática, se atende à finalidade, se a linguagem está adequada ao contexto;
· Conduza, na reescrita, a uma reflexão dos elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos (PARANÁ, 2008).
diatópica
diferenças regionais
diacrônica
variação no tempo
diafásicas
variação no contexto

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