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RESENHA CRITIC

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DIANA QUEIROZ MENEZES
RESENHA:
 SOMOS DONOS DE NÓS MESMOS?-
A IDEOLOGIA LIBERTÁRIA
Itabuna
2019
DIANA QUEIROZ MENEZES
RESENHA:
 SOMOS DONOS DE NÓS MESMOS?-
A IDEOLOGIA LIBERTÁRIA
Trabalho apresentado a professora Caroline Braulio de Carvalho Sá, da disciplina Projeto Integrador, do Curso de Direito da FTC - 2º semestre, Turma A.
Itabuna
2019
A ideologia libertária prega que os indivíduos são donos de si, e que o Estado não deveria interferir na liberdade de ninguém. Segundo Michael Sandel, a ideologia defende que cada um tem liberdade de utilizar o que é seu da forma como entender correto. Para os libertários, nem mesmo o Governo e as leis podem impedir o ser humano de fazer o que desejar com as coisas que estão em sua propriedade. 
O libertário rejeita três tipos de diretrizes e leis que vigoram no Estado moderno, que são: I) Nenhum Paternalismo: Os libertários são contra leis “violam” o direito do indivíduo de decidir os riscos que quer assumir, como por exemplo, o uso do cinto de segurança; II) Nenhuma legislação sobre a moral: Os libertários são contra qualquer manobra que o Estado utilize para compelir o individuo a promover noções de virtude, como por exemplo, o aborto; III) Rejeita a redistribuição de renda e riqueza:  A teoria libertária nega qualquer lei que force as pessoas a ajudar outras, incluindo impostos. Para os libertários, o Estado não tem o direito de forçar o contribuinte a apoiar os programas sociais para que se distribua a renda entre os desfavorecidos.
 A filosofia de livre mercado argumenta sobre os princípios libertários e incita o conceito difundido sobre justiça distributiva. A ideia é que uma distribuição justa se torne padronizada. O importante seria como a distribuição é feita, sendo que deve atender a duas condições, a justiça na aquisição de posse e justiça em sua transferência. A primeira conjunção é que a riqueza seja obtida por meio de negociações legais de mercado e a segunda é que as doações sejam voluntárias e recebidas de outros. 
Desta forma, a pergunta que se faz é: somos proprietários de nós mesmos? O que se deve pensar primeiramente é que o Estado, de forma coercitiva, arrecada impostos, principalmente no Brasil onde temos uma das maiores taxas de juros, sustentada por grande parte dos ganhos dos trabalhadores. Se a premissa é ser dono si mesmo, deve-se ter o direito de colher os frutos do trabalho, e se outra pessoa tiver direito aos rendimentos do trabalhador, ou parte dele, essa pessoa será dono daquele individuo. Esta hipótese não se aplica aos impostos, pois o governo não tem a posse integral do salário dos contribuintes, mas a ideia afirma que o governo exige a posse de uma parte dos indivíduos, correspondente a porção do rendimento que todos são obrigados a pagar para suprir as causas que extrapolem o Estado Mínimo.
Os defensores da redistribuição da riqueza através da taxação dos ricos fazem objeções à lógica libertária. A primeira aponta que a taxação não é tão danosa quanto o trabalho forçado, pois quando são cobrados impostos sobre o ganho financeiro adquirido com o trabalho, há a opção de que se trabalhe menos e pague menos impostos, mas, se houver trabalho forçado, essa escolha não existirá. 
A ideologia libertária vai contra esse fator, pois segundo ela o Estado não pode forçar ninguém a escolher. Para exemplificar, o autor diz que tanto a atitude do Estado, de taxar o rico de forma obrigatória, como a atitude de um ladrão que rouba uma TV ou a quantia equivalente em dinheiro, estão em desacordo com direitos fundamentais do homem. 
A ideologia argumenta ainda que homens ricos, a exemplo de Michael Jordan e Bill Gates, sejam obrigados a abrir mão de sua riqueza para fazer doações de caridade. Segundo ela, roubar do rico para dar ao pobre não deixa de ser um roubo, simplesmente porque esse ato viola os direitos de liberdade e de propriedade. Um exemplo é que mesmo que um paciente necessite de um transplante de rins, o Estado não pode obrigar ninguém a doar os rins, mesmo que o paciente esteja mais debilitado que o doador, apenas porque não se pode violar o direito fundamental de outrem sobre seu corpo. 
A noção libertária de que o indivíduo é dono de si mesmo, reverbera também na compra e na venda de órgãos, pois segundo a ideologia, cada um tem o direito de dispor do próprio corpo vendendo ou não seus órgãos na forma e quando quisesse. A maioria daqueles que defendem a venda de órgãos alegam que isso poderia salvar uma vida. No entanto, a ideologia não corresponde a isso, pois não estaria relacionado a salvar uma vida. Um exemplo é um pai que precisa sustentar um filho e se vê sem opções e acaba por vender os rins a um colecionador de órgãos. O rim não iria salvar uma vida, mas se aplicando a teoria libertária o pai teria o direito de vender seu rim. 
Outro fator a ser discutido é o suicídio assistido. Somente na Holanda é permitida abertamente essa prática. Segundo a lógica libertária, cada um é dono de si e tem o direito de fazer o que entender correto sobre sua vida. Entretanto, os argumentos utilizados são de que o suicídio assistido só é cometido por compaixão à pessoa que esta acometida ao sofrimento e não possui mais esperanças de sobreviver, e, deve ser cometido apenas a fim de aliviar a dor física. Mas segundo a lógica libertária, o suicídio sem precedentes físicos também pode ser cometido por qualquer pessoa. 
Outro ponto tratado pelos libertários é o canibalismo consensual, onde o conceito de posse de si mesmo ganha outra perspectiva. No caso do canibalismo consensual o individuo aceita ser morto e ter sua carne comida. Nesse caso, tanto vítima quanto, assassino estão de comum acordo sobre o feito. Para os libertários, é injusto proibir o canibalismo consensual, pois, viola um dos direitos fundamentais: a liberdade. 
Considerando as diretrizes da teoria libertária, e considerando a realidade em que se vive, é notável que as pessoas são donas de si mesmas em partes e na maioria das vezes o governo impõe leis que limitam a liberdade, no entanto essa limitação se torna necessária para a convivência de forma equilibrada de todos os envolvidos na sociedade.

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