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Impasses Sociais da Sucessão Hereditária na Agricultura Familiar

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Impasses Sociais da Sucessão Hereditária na Agricultura Familiar
Adriano Muniz
Carlos Henrique Ferreira
Douglas Cardoso
Elvis Oliveira
Fabio Pires
Sociologia e Extensão Rural
Profª: Leda Fernandes
Introdução
Diferentemente de outras atividades econômicas, as relações familiares são de fundamental importância para a agricultura familiar;
A sucessão é definida como um processo que ocorre em um curto ou longo período durante o qual a família planeja a transferência de conhecimento, trabalho, habilidades, administração, controle e posse da atividade familiar de uma geração para outra (Fennell, 1981);
Mas por que razão e em que sentido é possível falar de um problema sucessório?
Introdução 
Importantes limites dos mecanismos espontâneos de compra e venda de terra em regiões marcadas historicamente pela força da agricultura familiar:
O primeiro representa um dos mais importantes resultados da pesquisa aqui levada adiante: nada menos que 69% dos rapazes entrevistados e uma quantidade bem menor de moças, somente um terço delas - manifestaram o desejo de organizar suas vidas profissionais em torno da gestão de uma unidade produtiva agropecuária;
O segundo limite do mercado de terras em regiões de predomínio da agricultura familiar refere-se a uma externalidade positiva que ele é incapaz de contemplar.
Introdução
A perenidade dos estabelecimentos familiares depende da permanência de pelo menos um(a) dos(as) filhos(as) e da vontade deste(a) em dar continuidade ao patrimônio familiar (Spanevello et ali., 2008).
Desafios do processo sucessório na agricultura familiar 
O processo sucessório da propriedade familiar é um aspecto fundamental para a continuação das atividades agropecuárias e do desenvolvimento rural;
Pesquisas reforçam que a maioria dos agricultores familiares brasileiros tinha 55 anos ou mais, baixa escolaridade, dificuldade de produzir renda regular e aderir às novas tecnologias;
Por outro lado, os jovens, mais afetos às informações e às transformações advindas da globalização, são seduzidos pelos atrativos urbanos e, principalmente a partir do momento em que deixam o campo para estudar ou irem à busca de trabalho, acabam trilhando caminhos diferentes do de seus pais.
O entendimento de que a vida no campo é muito sofrida acentuou-se com a globalização e a falta de políticas públicas para o setor;
A expectativa profissionais do Jovem
Opção ou fatalidade.
Coincidência sobre o futuro almejado.
Assim no futuro esperado lá estariam as restrições.
Entre os rapazes mais de dois terços querem permanecer na atividade que aprenderam com o pai.
O mesmo não é observado nas moças.
38% dos jovens responderam que gostam de ser agricultor e certamente serão.
Junto a isso 31% disseram que desejariam ser agricultor mas veem dificuldade.
Principais fatores citados são a falta de capital de investimento, falta de novas oportunidades de renda e falta de terra.
A falta de terra como um dos principais fatores de dificuldade no campo, pois a maioria dos jovens acha insuficiente o que possuem.
A uma diferença entre os homens e mulheres em relação a locais de oportunidade.
Além da visão de apreciação da agricultura maior entre famílias capitalizadas.
A importância da educação
A escolha profissional dos jovens é determinada por um conjunto de fatores.
Expectativas em geração de renda.
Dentre inúmeros estudos na américa latina (Durston 1996) é que fica no campo o filho ao qual “ a cabeza no le dá para más”.
E no local do estudo Santa Catarina não é diferente.
Os filhos que permaneceram nas propriedades já saíram da escola e tem uma formação muito precária.
Dos 1940 jovens de 25 a 29 anos, 1163 (60%) estudaram até a 4 série.
Dos 1823 jovens entre 19 e 24 aos, 697 (38%) estudaram até a 4 série.
Outro fator analisado é o nível de estudo dos jovens que permaneceram no meio rural, e dos foram para a cidade.
Influência familiar e Diferenciação Social
Antigamente nos anos 1960, a descisão dos jovens era tomada por uma influência moral.
Já perto dos anos 2000, a descisão tem mais relação com a quantidade de capital observada nas famílias.
Pobreza e Estreitamento Social
A imagem de isolamento frequentemente associada a vida rural não é apenas um preconceito.
Os grupos de jovens da Igreja Católica é a maior forma de socialização dos rapazes e das moças.
Boa parte dos jovens vivem em um isolamento social.
Este capítulo procurou mostrar a ambiguidade encontradas no futuro dos jovens.
Preparando a sucessão
Preparando a sucessão
No final dos anos 1960, existia um processo sucessório centrado no minorato que possibilitava a reprodução social e econômica de novas unidades de produção;
A partir dos anos 70 esse padrão sucessório se esgota. Uma nova geração de agricultores perde a naturalidade com que era vivida até então pelas famílias envolvidas neste processo.
Preparando a sucessão
A indefinição quanto à escolha do sucessor também pode ser observada quando se analisa os dados da tabela 18. 
Preparando a sucessão
Nas propriedades onde já foi escolhido o sucessor, em mais da metade delas, houve a participação de toda a família no processo de escolha;
Esta informação sugere que o padrão de rigidez hierárquico típico das famílias rurais está sendo substituído por um considerável grau de democratização das decisões;
Preparando a sucessão
Preparando a sucessão
O processo sucessório, na maioria dos casos, pode conduzir a conflitos nas formas de remuneração dos irmãos não contemplados com a propriedade paterna, o que acaba atrasando a definição dos arranjos familiares necessários, que envolvem tanto o herdeiro e a continuidade da unidade de produção paterna, quanto o destino dos demais irmãos não-sucessores.
Preparando a sucessão
Mas é interessante observar que os arranjos sucessórios não passam necessariamente pela remuneração monetária de todos os herdeiros. 
Preparando a sucessão - A compensação dos outros herdeiros 
Pode se observar uma postura diferente entre pais e filhos quanto a questão do herdeiro compensar os demais irmãos conforme a tabela 20. E difere entre filhos homes e filhas mulheres também (Tabela 21). 
Preparando a sucessão - A compensação dos outros herdeiros 
Preparando a sucessão - O momento da transferência: o fim do padre padrone 
Pais e filhos não têm um ponto de vista comum a respeito do momento da transferência do controle da propriedade;
Nas unidades produtivas dos agricultores capitalizados parece existir maior espaço de diálogo dos jovens com os pais;
Na pesquisa de campo ficou nítido, contudo, que a transferência do controle da propriedade, não ocorre exatamente a partir da retirada dos pais por ocasião da aposentadoria ou da preparação do sucessor.
Preparando a sucessão - O momento da transferência: o fim do padre padrone 
A passagem das responsabilidades sobre a gestão da propriedade, se dá em um processo de transição em que os pais gradativamente vão passando as tarefas de gestão da propriedade; 
O caráter rigidamente hierárquico da organização familiar tradicional centrado no poder quase absoluto do pai está definitivamente desaparecendo, dando lugar a um ambiente de maior participação de todos os membros da família; 
Preparando a sucessão - O momento da transferência: o fim do padre padrone 
Ainda com relação à democratização dos espaços de decisão, a pesquisa se preocupou em levantar a evolução histórica da participação dos jovens nas decisões sobre o destino das propriedades; 
Está havendo maior incorporação dos jovens nos espaços de decisão da família, sobretudo dos rapazes, e nas discussões sobre as questões ligadas ao gerenciamento da propriedade; 
A ausência de perspectivas na unidade familiar de produção, pode significar também o início do afastamento da atividade agrícola. 
Preparando a sucessão - O momento da transferência: o fim do padre padrone 
A verdade é que a organização econômica da unidade de produção familiar está centrada em torno de uma conta bancária única, normalmente administrada pelo pai. Nesta formade funcionamento, onde não há divisão da renda entre os membros da família. Para obter dinheiro próprio, os jovens precisam pedir para os pais ou então os pais tomam a iniciativa de dar dinheiro a seu critério. 
Este é mais um indicativo da democratização das decisões no interior das unidades de produção por nós investigadas .
GÊNERO NO PROCESSO SUCESSÓRIO 
Preferência masculina por um sucessor;
PESQUISA DE CAMPO: 60% dos pais disseram que as moças tem a mesma chance dos rapazes. 
Carneiro (2001) a exclusão das mulheres não é atribuída pela incapacidade ou inferioridade, mas ser direcionada desde cedo para as atividades desvinculadas da agricultura, tais como, de cunho doméstico. 
INTERESSE PELA TERRA 
Abscesso a propriedade de terra é o único caminho para uma trajetória ascendente na agropecuária;
Não ter terra gera constrangimento de origem cultural nos agricultores familiares;
Não proprietários têm dificuldade de acesso a créditos e políticas de apoio existentes;
SUCESSÃO E RENDA NÃO AGRÍCOLA 
Predomínio da atividade agrícola entre os estabelecimentos familiares;
Rendas fora do estabelecimento: aposentadoria, dinheiro dos filhos e trabalho em outras propriedades. 
Conclusões
Os atuais padrões sucessórios não vão conseguir atender à demanda por terra dos jovens que vivem nas unidades familiares do oeste catarinense e que desejam permanecer no meio rural;
Começa a existir no interior das famílias maior democratização das decisões, ampliando o espaço de participação dos jovens. Entretanto, esta maior participação nas decisões da propriedade não vem acompanhada de novas possibilidades de realização profissional oferecidas no âmbito das políticas de apoio. Existe um enorme e crescente isolamento social dos jovens que vivem nas comunidades rurais;
Conclusões
As oportunidades de renda para os jovens agricultores do oeste catarinense são compostas, fundamentalmente, pela produção de commodities, como suínos, aves, leite, milho e feijão, que nas condições estruturais da maioria das propriedades, não proporcionam rentabilidade atraente;
Existe um forte desejo de continuidade na agricultura familiar por parte dos rapazes, mesmo no caso daqueles que vivem em unidades com rendimento econômico precário; porém, há uma visão bastante negativa das moças a respeito desta alternativa profissional.;
Os jovens que permanecem no meio rural, e que provavelmente serão os sucessores, possuem um baixo nível de escolaridade que dificulta o desempenho da atividade agrícola e principalmente a organização e o desenvolvimento das novas atividades que se colocam para o meio rural;
Conclusões
O elevado desejo de acesso à terra, por parte dos rapazes, contrasta com a magnitude do êxodo rural, sobre tudo da população jovem, e conduz a vazios demográficos que destróem o capital social existente, comprometendo a continuidade da agricultura familiar e a construção de projetos de desenvolvimento regional;
A população vivendo hoje no meio rural do oeste de Santa Catarina (aí incluindo também suas pequenas aglomerações urbanas) é suficientemente importante para que um conjunto ativo de políticas possa despertar o interesse dos jovens em sua valorização;
O mais importante é a reunião de um conjunto variado de esforços no sentido não só de facilitar o acesso à terra, ao crédito e aos mercados, mas a mudança do ambiente educacional existente no campo e que não é capaz de valorizar o conhecimento e por aí despertar o real interesse dos jovens. 
Referências Bibliográficas

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