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Aula 1 - DE - Roteiro

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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS 
Alexandre Gialluca 
Direito Empresarial 
Aula 01 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
1.DIREITO COMERCIAL NO BRASIL 
 
1.1 CÓDIGO COMERCIAL DE 1850 E A “TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO” 
 
- O Código Comercial de 1850 adotava a “Teoria dos Atos de Comércio ” De origem francesa, a teoria propunha 
uma divisão tripartite, que sequer entrou completamente em vigor, pois mesmo antes da vigência do CCom-
1850, a parte das quebras foi revogada pelo Decreto 7.661/45. Atualmente, o Decreto 7.661/45 também foi 
revogado pela Lei de Recuperação Judicial e Falências (Lei 11.101/05). 
 
 Parte I – Do Comércio em Geral 
 Parte II – Do Comércio Marítimo 
 Parte III – Das Quebras 
 
- A primeira parte, que trata do comércio em geral, cuidava da figura do comerciante e da sociedade comercial. 
O comerciante era a Pessoa Natural que organizava os fatores de produção para o exercício de atividade 
empresária, ao passo que a sociedade comercial era composta por duas ou mais pessoas, que se aproveitavam 
da estrutura ficcional da Pessoa Jurídica para isolar seu patrimônio pessoal, separando-o dos negócios. 
 
- Para encaixar-se nos conceitos de comerciante e de sociedade comercial, ambos precisavam praticar, com 
habitualidade (finalidade lucrativa), os chamados ato de comércio. Todavia, o Código Comercial não elencava 
quais eram os atos de comércio. Foi ao Regulamento nº 737/1850 que coube listar quais eram esses atos em 
seu Art. 19: 
 
Art. 19 do Regulamento 737/1850 - Considera-se mercancia (redação original de 
1850): 
 
§1º A compra e venda ou troca de effeitos moveis ou semoventes para os vender 
por grosso ou a retalho, na mesma especie ou manufacturados, ou para alugar o seu 
uso. 
 
§2º As operações de cambio, banco e corretagem. 
 
§3º As empresas de fabricas; de comissões; de depósitos; de expedição, consignação 
e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos. 
 
§4.º Os seguros, fretamentos, risco, e quaisquer contratos relativos ao comercio 
marítimo. 
 
§ 5.º A armação e expedição de navios. 
 
 
- Pela leitura do dispositivo é possível notar que as espécies de atividade que poderiam ser registradas como 
sociedade comercial eram restritas. Uma prestadora de serviços, por exemplo, não poderia ser registrada 
como sociedade comercial, mas apenas como uma sociedade de natureza civil. Logo, as regras do Direito 
Comercial não poderiam incidir sobre ela. O maior problema nesse sentido era que tais sociedades ficavam 
privadas do benefício da falência/concordata, cuja lei se aplicava apenas as sociedades de natureza comercial. 
 
1.2 CÓDIGO CIVIL DE 2002 E A “TEORIA DA EMPRESA” 
 
- Com a evolução da atividade empresária, o rol do Decreto nº 737 tornou-se insuficiente. Exemplo disso são 
as atividades das imobiliárias (compra e venda de bens imóveis) e das prestadoras de serviços. Por não 
estarem no rol dos atos de comercio, estas atividades não podiam ser tidas como atos de comércio aptos a 
qualificar quem as praticava como comerciante ou sociedade comercial. 
 
- A insuficiência do conceito levou a substituição da Teoria dos Atos de Comércio pela teoria italiana da 
Empresa no âmbito do CC-16, o qual revogou a parte primeira do CCom de 1850. Com a alteração, o CCom 
passou a regular (e ainda regula) apenas os tópicos relacionados ao comércio marítimo. 
 
 
Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1º de janeiro de 1916 - Código Civil e a 
Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho de 1850. 
 
ATENÇÃO: em razão do Código ainda regular o comércio marítimo, não é incomum que os concursos 
formulem perguntas sobre essa parte, sobretudo na prova objetiva. Um dos exemplos mais corriqueiros, pelo 
menos nas áreas fiscais, é a figura da arribada forçada contida no Art. 740 do CCom. 
 
TÍTULO X 
DAS ARRIBADAS FORÇADAS. 
 
Art. 740 - Quando um navio entra por necessidade em algum porto ou lugar distinto dos determinados na 
viagem a que se propusera, diz-se que fez arribada forçada (artigo nº 
 
- Após a adoção da teoria da empresa, as figuras do comerciante e da sociedade comercial foram substituídas 
pelas figuras do empresário individual e da sociedade empresária. 
 
(TJ Minas Gerais – 2012) 71. Com a vigência do Novo Código Civil, à luz do artigo 966, é correto afirmar que o 
Direito brasileiro concluiu a transição para a 
 
(A) “teoria da empresa”, de matriz francesa. 
(B) “teoria da empresa”, de matriz italiana. 
(C) “teoria dos atos de comércio”, de matriz francesa. 
(D) “teoria dos atos de comércio”, de matriz italiana. 
 
Correto: B 
 
2. EMPRESÁRIO 
 
2.1. INCIDÊNCIA DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
 
- O conceito de empresário tem uma destinação específica, podendo incidir tanto sobre a Pessoa 
Natural/Física (empresário individual), quanto sobre a Pessoa Jurídica (sociedade empresária ou Empresa 
Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI). 
 
 
 
 PESSOA FÍSICA 
 PESSOA JURÍDICA 
 
 
PESSOA FÍSICA: 
 
 - EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
PESSOA JURÍDICA: 
 
 - SOCIEDADE EMPRESÁRIA 
 - EIRELI (EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA) 
 
 
 
GIALLUCA: o empresário individual é Pessoa Natural e não Pessoa Jurídica. Porém, possui CNPJ para ter o 
mesmo tratamento que uma Pessoa Jurídica. Se assim não fosse, a Pessoa Física que fosse empresária 
individual seria prejudicada ao concorrer com as demais empresas que, embora pertencentes ao mesmo 
ramo, são constituídas na forma de sociedade empresária. Ilustrativo nesse sentido é a disparidade entre as 
alíquotas do I.R para a Pessoa Física (27,5%) e para a Pessoa Jurídica (15%). 
 
 
2.2. CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
 
- O Art. 966 do CC dispõe sobre o conceito de empresa, o qual se aplica tanto a Pessoa Física quanto a Pessoa 
Jurídica. 
 
Art. 966 do CC: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
ELEMENTOS: 
 
a) PROFISSIONALMENTE 
b) ATIVIDADE ECONÔMICA 
c) ORGANIZADA 
d) PARA A PRODUÇÃO/CIRCULAÇÃO DE BENS/SERVIÇOS 
 
 
A) PROFISSIONALMENTE: ao colocar o exercício profissional como requisito, o legislador deseja expressar que 
é necessária habitualidade para que a pessoa seja tida como empresária. Ou seja, não pode ser uma atividade 
esporádica ou eventual (ex.: compra e venda de um carro, festa promovida para comemorar um 
acontecimento específico, dentre outras atividades de caráter apenas episódico). A atividade deve ser tomada 
pela pessoa como uma verdadeira profissão. 
 
B) ATIVIDADE ECONÔMICA: em linhas gerais, o requisito da atividade econômica é sinônimo de atividade 
lucrativa. O empresário, diferente de outras organizações como as associações, busca lucrar com a 
organização dos fatores de produção. Não é relevante para preencher esse requisito que o lucro aconteça de 
fato, mas apenas que ele seja tido como finalidade. 
 
C) ORGANIZADA: a atividade empresarial organizada é a articulação harmoniosa dos quatro fatores de 
produção: (i) mão de obra; (ii) matéria prima (insumos), (iii) capital e (iii) tecnologia. 
 
 
D) PRODUÇÃO OU CIRCULAÇÃO DE BENS / SERVIÇOS: a produção e a circulação apresentam-se como o 
processo que transforma os insumos em produtos (bens e serviços). 
 
Exemplo (produção de bens): fábrica de móveis planejados. 
 
Exemplo (produção de serviços): atividade bancária. 
 
Exemplo (circulação de serviços): agência de turismo que realiza a circulação de serviços de transporte aéreo; 
de hospedagem, dentre outros. 
 
(TJ RS 2018) - O artigo 966 do Código Civil define como empresário aquele que exerce: 
 
(a) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção ou circulação de bens ou de 
serviços. 
(b) atividade eventual econômica, organizada com a finalidade de circulação de bens ou serviços. 
(c) atividade profissional organizada com a finalidade de produção ou circulaçãode bens ou de serviços. 
(d) atividade profissional econômica organizada com a finalidade de produção e circulação de bens ou de 
serviços. 
(e) atividade eventual econômica não organizada com a finalidade de produção e circulação de bens ou de 
serviços. 
 
Gabarito: (A) 
 
(TJPI – 2012 – JUIZ) Com relação ao empresário, assinale a opção correta: 
 
a) É considerado empresário individual o comerciante que leve, ele mesmo, a mercadoria comercializada até 
a residência dos potenciais consumidores. 
b) Não é considerada empresária a pessoa que organiza episodicamente a produção de certa mercadoria, 
ainda que destinada à venda no mercado. 
c) Por força de lei, aplicam-se aos sócios da sociedade empresária as regras próprias do empresário individual. 
d) O menor com dezesseis anos de idade que não seja emancipado somente poderá dar início a empresa 
mediante autorização de juiz. 
e) É considerada empresária a pessoa que, exercendo profissão intelectual de natureza artística, contrate 
empregados para auxiliá-la no trabalho. 
 
Gabarito: B 
 
(CESPE - 2013 - TJ-MA - Juiz) Assinale a opção correta referente ao direito de empresa. 
 
a) O adquirente de um estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência do 
bem, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado, pelo 
prazo de seis meses, a pagar os créditos vencidos a partir da publicação, e os demais, a partir da data do 
vencimento. 
b) De acordo com disposição expressa do novo Código Civil, o incapaz não pode exercer atividade empresarial. 
c) De acordo com o Código Civil, considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Segundo a doutrina, organização é entendida 
como a cumulação necessária de capital, mão de obra, insumos e tecnologia. 
d) O Código Civil reconhece a figura da empresa individual de responsabilidade limitada, constituída por uma 
única pessoa natural titular da totalidade do capital social subscrito, que deverá ser igual ou superior a cem 
vezes o maior salário mínimo vigente no país. 
 
Gabarito: C 
 
3. AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
 
Nomenclatura: 
 
▪ Se pessoa física: profissional liberal/autônomo. 
 
▪ Se pessoa jurídica: sociedade simples ou EIRELI simples 
 
Código Civil: 
 
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem 
por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 
967); e, simples, as demais. 
 
3.1 - PROFISSÃO INTELECTUAL 
 
- Em um primeiro momento, a atividade intelectual não pode ser tida como empresária. A única exceção são 
as situações em que o exercício da profissão constitui elemento de empresa. 
 
Art. 966, Parágrafo único do CC - Não se considera empresário quem exerce 
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o 
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa. 
 
 
Caráter personalista da atividade intelectual: as atividades intelectuais são prestadas de forma pessoal, e, 
ainda que contenha auxiliares ou colaboradores, o personalismo prevalece. Por isso, mesmo nestes casos, a 
sociedade não será empresária, mas simples. 
 
Papel secundário do elemento “organização”: a profissão intelectual a exclusão do caráter empresário 
decorre do papel secundário que a organização assume nessas atividades. 
 
• Quando ocorre elemento de empresa? 
 
a) quando a atividade intelectual estiver integrada em um objeto mais complexo (amplo), próprio da 
atividade empresarial. 
 
Exemplo.: dois sócios são veterinários e montam uma sociedade. A sociedade dos veterinários será uma 
sociedade simples, dado que a atividade do veterinário é uma atividade intelectual/científica. No entanto, 
se essa clínica veterinária for acompanhada de um pet-shop, a atividade de natureza empresarial contamina 
a atividade não-empresarial, ficando esta última integrada a primeira e fazendo da clínica veterinária uma 
sociedade empresária. 
 
 
 
 
 
b) quando o serviço não se caracteriza personalíssimo, tendo em vista um cliente individualizado, mas 
sim um serviço impessoal, direcionado a uma clientela indistinta. Será considerado empresário quando 
oferecer a terceiros prestações intelectuais de pessoas contratadas a seu serviço. 
 
Exemplo¹.: o fotógrafo que monta um estúdio fotográfico, no qual profissionais são contratados para 
exercer a atividade-fim de natureza artística-intelectual pode ser considerado empresário. 
 
 
 
Exemplo².: uma pessoa que não entende nada de odontologia pode abrir uma franquia odontológica e 
contratar dentistas para realizar os atendimentos. 
 
 
 
ENUNCIADO 194 DO CJF: “Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a 
organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.” 
 
3.2 – SOCIEDADE DE ADVOGADOS 
 
- Por força do próprio Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994), a sociedade de advogados não tem natureza 
jurídica de sociedade empresária, sendo, na maioria das vezes, uma sociedade simples. 
 
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de 
serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma 
disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 
2016) 
 
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de 
sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade 
empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades 
estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal 
de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de 
advogar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) 
 
3.3 - EXERCENTE DE ATIVIDADE RURAL SEM REGISTRO NA JUNTA COMERCIAL 
 
- Aquele que explora a atividade rural só será considerado empresário se tiver registro na junta comercial. 
 
Art. 971, CC. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, 
pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, 
requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, 
caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao 
empresário sujeito a registro. 
 
3.4. SOCIEDADE COOPERATIVA 
 
- A Sociedade Cooperativa, embora registrada na junta comercial, tem natureza de sociedade simples. 
 
Art. 982, Parágrafo único do CC/02 - Independentemente de seu objeto, considera-
se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
 
4. CONCEITO DE EMPRESA 
 
Conceito: o empresário é aquele que explora a atividade de empresa. A empresa, por sua vez, é a atividade 
econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Trata-se de algo abstrato. 
 
Art. 1.142 do CC: Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, 
para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 
 
ATENÇÃO: empresário é quem exerce a empresa de modo profissional. Por isso, não podemos confundir 
empresa com sociedade empresária (pessoa jurídica que tem por objeto o exercício de uma empresa). 
 
 
 
 
 
5. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
5.1. CONCEITO 
 
Conceito: é a Pessoa Natural (pessoa física) que, individualmente, e de forma profissional, exerce uma 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. 
 
5.2. REQUISITOS 
 
• Para ser empresário individual é preciso atender a dois requisitos: 
 
(i) Estar em pleno gozo da capacidade civil; e 
 
(ii) Não ter impedimento legal.* 
 
*OBS.: o incapaz não pode iniciar qualquer tipo de atividade empresária na esperança de que alcance o seu 
registro como empresário individual. Umjovem de 14 anos não pode, por exemplo, montar uma lan house e 
pleitear registro como empresário individual. O máximo que pode acontecer é este jovem tornar-se sócio de 
uma sociedade, o que é admitido pela legislação, desde que atendidos os três pressupostos do Art.974 do CC. 
 
Art. 972 do CC: Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno 
gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. 
 
Art. 974 do CC. 
 
[...] 
 
§ 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá 
registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio 
incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: 
(Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011) 
 
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei 
nº 12.399, de 2011) 
 
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 
2011) 
 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve 
ser representado por seus representantes legais. 
 
 
 IMPEDIMENTOS: 
 
• Membros do Ministério Público para exercer o comércio individual ou participar de sociedade comercial 
(art.128, § 5º, II, “c”, da CF), salvo se acionista ou cotista, obstada a função de administrador (art. 44, III, da 
Lei 8.625/1993); 
 
• Os magistrados (art. 36, I, Lei Complementar n. 35/1977 – Lei Orgânica da Magistratura) nos mesmo 
moldes da limitação imposta aos membros do Ministério Público. 
 
• Empresários falidos, enquanto não forem reabilitados (Lei de Falências, art. 195); 
 
• Leiloeiros (art.36 do Decreto n° 21.891/32 – proíbe os leiloeiros de exercerem a empresa direta ou 
indiretamente, bem como constituir sociedade empresária, sob pena de destituição); 
 
• Despachantes aduaneiros (art.10, inciso I, do Decreto nº 646/92 – não podem manter empresa de 
exportação ou importação de mercadorias nem podem comercializar mercadorias estrangeiras no país); 
 
• Cônsules, nos seus distritos, salvo os não-remunerados (Decreto nº 4868/82, art. 11 e Decreto nº 
3.529/89, art. 82); 
 
• Médicos, para o exercício simultâneo da farmácia, drogaria ou laboratórios farmacêuticos, e os 
farmacêuticos, para o exercício simultâneo da medicina (Decreto nº 19.606/31 c/c Decreto nº 20.877/31 e 
Lei nº 5.991/73); 
 
• Pessoas condenadas a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, ou por 
crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato ou contra a economia popular, 
contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de 
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação; 
 
• Servidores públicos civis da ativa (Lei nº 1.711/52) e servidores federais (Lei nº 8.112/90, art. 117, X, 
inclusive Ministros de Estado e ocupantes de cargos públicos comissionados em geral). Aqui é importante 
observar que o funcionário público pode participar como sócio cotista, comanditário ou acionista, sendo 
obstada a função de administrador; 
 
• Servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares (Código Penal Militar, arts. 180 e 
204 e Decreto-Lei nº 1.029/69; arts 29 e 35 da lei nº 6.880/80), neste caso, também poderão integrar 
sociedade empresário, na qualidade de cotista ou acionista, sendo obstada a função de administrador; 
 
• Os deputados e senadores não poderão ser proprietários, controladores ou diretores de empresa, que 
goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, nem exercer nela função 
remunerada ou cargo de confiança, sob pena de perda do mandato – arts 54 e 55 da Constituição Federal). 
 
• Estrangeiros (sem visto permanente – art. 98 e 99 da Lei nº 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro) estão 
impedidos de serem empresários individuais, porém não estarão impedidos de participar de sociedade 
empresária no país; 
 
• Estrangeiro (com visto permanente), para o exercício das seguintes atividades: pesquisa ou lavra de 
recursos minerais ou de aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica; atividade jornalística e de 
radiodifusão sonora e de sons e imagens, com recursos oriundos do exterior; 
 
5.3. HIPÓTESES EXCEPCIONAIS PARA O INCAPAZ SER EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
Empresário incapaz por força de herança e incapacidade superveniente: embora o incapaz não possa iniciar 
como empresário, a lei o autoriza a continuar outra atividade nesta condição nos casos em que a incapacidade 
se deu em momento posterior ao início da atividade por ele exercida enquanto plenamente capaz ou, ainda, 
por força de herança. Ganha destaque aqui o Princípio da Conservação da Empresa. 
 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, 
continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo 
autor de herança. 
 
 
 
 
 
 
• Quais são os requisitos para que o incapaz possa continuar a atividade empresarial? 
 
Para que seja lícito ao incapaz dar continuidade a atividade, por qualquer motivo que seja, é preciso que (i) o 
incapaz esteja legalmente assistido ou representado (974, caput, CC); (ii) haja parecer favorável do Ministério 
Público (178, II, CPC) e (iii) seja obtida a autorização judicial (alvará – 974,§1º, CC). 
 
 
Art. 974, § 1° Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das 
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, 
podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou 
representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos 
por terceiros. 
 
Art. 178, CC. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, 
intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou 
na Constituição Federal e nos processos que envolvam: 
 
I - interesse público ou social; 
 
II - interesse de incapaz; 
 
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. 
 
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese 
de intervenção do Ministério Público. 
 
 
ATENÇÃO: o alvará judicial que autoriza o incapaz a dar continuidade à atividade empresarial pode ser 
revogado a qualquer tempo. 
 
5.4. RESPONSABILIDADE DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
-A responsabilidade patrimonial do empresário individual é uma responsabilidade ILIMITADA. Ou seja, o 
empresário individual responde com seus bens pessoais (particulares) por dívidas empresariais contraídas. 
 
Exemplo.: João da Silva possui um posto de gasolina, montado na condição de empresário individual. 
Para a constituição do negócio, João destina alguns bens para a atividade empresarial (imóvel, bombas de 
gasolina, computadores, etc...) e, ao mesmo tempo, mantem seus bens pessoais (imóveis, ações na bolsa de 
valores, etc...). Se o posto fica endividado, as dívidas recairão tanto sob os bens do posto, quanto sob os bens 
de João, ficando isso a critério do credor/exequente. 
 
Responsabilidade Ilimitada e Princípio da Unidade Patrimonial: a razão do desenho jurídico atribuído à 
responsabilidade ilimitada tem sua razão de ser em virtude do Princípio da Unidade Patrimonial, segundo o 
qual a pessoa, física ou jurídica, terá apenas um único patrimônio. Por isso, é comum que as pessoas naturais 
que desejam exercer atividade empresarial criem uma pessoa jurídica como forma de isolar o patrimônio 
pessoal. 
 
OBS.: não há que se falar em desconsideração da personalidade jurídica no caso do empresário individual, 
tendo em vista que, nesta hipótese, não há personalidade jurídica que separe o patrimônio particular do 
empresário daqueles que são destinados a atividade da empresa. 
 
 
 
• Mas deverá seguir uma ordem? 
 
Enunciado nº 5 da Primeira Jornada de Direito Comercial: Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, 
o empresário individualtipificado no art. 966 do Código Civil responderá primeiramente com os bens 
vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos termos do art. 1.024 do Código Civil (= benefício de 
ordem). 
 
• Tem alguma exceção ? 
 
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, 
ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, 
devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. 
 
Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro 
Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, 
o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade 
ou inalienabilidade. 
 
Exemplo.: Rafaela é uma garota de 14 anos de idade, que herdou uma fazenda por testamento de sua avó. Ao 
completar 16 anos, Rafaela perdeu sua mãe e teve que continuar a administrar o salão de beleza de sua mãe. 
Os negócios iam bem até que Rafaela começa a se endividar comprando imóveis; ações da bolsa; carro, dentre 
outros. Diante da situação de endividamento, os credores começam a propor ação de execução e a requerer 
a penhora dos bens vinculados ao salão. Ocorre, porém, que, em certo momento, os bens do salão se mostram 
insuficientes. Pergunta-se: é possível penhorar a fazenda herdada? Não. Nos termos da lei, os bens que o 
incapaz possuía antes de continuar a atividade empresarial não podem ser alcançados. Trata-se de uma 
espécie de blindagem patrimonial legal; um patrimônio de afetação. Por isso é que o alvará judicial 
autorizando o incapaz a dar continuidade a atividade deverá conter a relação destes bens. Do contrário, o 
advogado do incapaz deverá pedir uma retificação do alvará ou fazer prova de que o bem foi adquirido em 
momento anterior. Vale lembrar que se trata de regra específica para o incapaz. Cessada a incapacidade, cessa 
também a aplicabilidade dessa regra de blindagem. 
 
5.5. EMPRESÁRIO CASADO 
 
Exemplo.: José e Joana são casados. Joana, na condição de empresária individual, monta uma sapataria em 
imóvel adquirido especificamente para isso. Pouco tempo depois, devido ao sucesso do negócio, Joana 
adquire um imóvel para que seja a residência do caso. Após alguns anos, contudo, uma crise financeira afeta 
a loja e, endividada, Joana deseja vender o imóvel residencial. Pergunta-se: Joana necessita da autorização de 
José para celebrar a compra e venda ? – Sim. 
 
Art. 1.647, CC. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem 
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: 
 
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis 
 
- Diferente ocorreria se Joana desejasse vender o imóvel em que se encontra instalada a sapataria, não 
importando, neste caso, o regime de bens. 
 
Art. 978, CC. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, 
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio 
da empresa ou gravá-los de ônus real. 
 
(CESPE/2011-TJ/Paraíba - Juiz Substituto) A respeito da disciplina aplicável ao empresário individual, assinale 
a opção correta. 
 
a) O empresário individual que venha a se tornar civilmente incapaz poderá obter autorização judicial para 
continuação de sua atividade; tal autorização, entretanto, deverá ser averbada na junta comercial e servirá 
para atos singulares, não podendo ser genérica. 
b) O servidor público pode ser empresário individual, desde que a atividade empresarial seja compatível com 
o cargo público que ele exerça. 
c) Ao empresário individual é permitida a alienação, sem a outorga de seu cônjuge, de bens imóveis destinados 
à sua atividade empresarial. 
d) O empresário individual assume os riscos da empresa até o limite do capital que houver destinado à 
atividade, não respondendo com seus bens pessoais por dívidas da empresa. 
e) Em atenção ao princípio da continuidade da empresa, os bens destinados pelo empresário individual à 
exploração de sua atividade não respondem por suas dívidas pessoais. 
 
Gabarito: C 
 
(FCC/2011-TJ/PE - Juiz Substituto) É correto afirmar que 
 
a) a lei assegurará tratamento isonômico ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição 
empresarial e aos efeitos dela decorrentes. 
b) o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, 
alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. 
c) é facultativa a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da sede respectiva, antes 
do início de sua atividade. 
d) quem estiver legalmente impedido de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, não 
responderá pelas obrigações que contrair. 
e) é vedado aos cônjuges contratar sociedade entre si ou com terceiros, qualquer que seja o regime de bens 
escolhido. 
 
Gabarito: B 
 
 
 
 
 
(CESPE – JUIZ SUBSTITUTO –TJ/PR -2017) Com relação a empresário e atividade de empresa, assinale a opção 
correta. 
 
(A) Para instituir sucursal em lugar sujeito à competência de outro registro público de empresas mercantis, 
bastará ao empresário averbar a constituição do estabelecimento secundário no registro público de empresas 
mercantis da respectiva sede. 
(B) A empresária casada sob o regime de comunhão universal não precisa da outorga conjugal para alienar os 
imóveis que integrem o patrimônio da empresa. 
(C) A continuidade do exercício de empresa por quem era capaz e deixou de sê-lo prescinde de autorização 
judicial. 
(D) É vedada a transformação de registro de empresário individual em registro de sociedade empresária. 
 
Gabarito: B 
 
Destinação do imóvel para atividade empresarial: todo imóvel tem sua matrícula no registro de imóveis. É na 
matrícula que o imóvel está identificado. É nela também que a escritura pública, preparada pelo tabelião de 
notas, é registrada após a celebração de compra e venda de imóveis com valor superior a 30 vezes o valor do 
maior salário mínimo vigente no país. As demais alterações na situação do imóvel são descritas na matrícula 
por meio do ato administrativo da averbação. A averbação é o instrumento utilizado pelo cartório para 
identificar as alterações realizadas na matrícula do imóvel, como, por exemplo, a celebração de negócios 
jurídicos que tenham o imóvel e os direitos reais que recaem sob ele como objeto. Por esta razão, o imóvel 
utilizado para atividade empresarial deverá ter na sua matrícula a averbação de destinação para atividade 
empresarial como forma de permitir que o(a) empresário(a) casado(a) possa, em momento futuro, alienar o 
imóvel sem autorização do cônjuge. A destinação, vale anotar, deve ser assinada pelo cônjuge do empresário, 
configurando, assim, uma espécie de autorização prévia. 
 
Enunciado n. 58. da II Jornada de Direito Comercial: “O empresário individual casado é o destinatário da 
norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real o imóvel 
utilizado no exercício da empresa, desde que exista prévia averbação de autorização conjugal à conferência 
do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro de imóveis, com a consequente averbação do ato 
à margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis.”

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