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Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 19 2.5 Apoios Para o estudo do equilíbrio dos corpos rígidos não bastam conhecer somente as forças externas que agem sobre ele, mas também é necessário conhecer como este corpo rígido está apoiado. Apoios ou vínculos são elementos que restringem os movimentos das estruturas e recebem a seguinte classificação: Apoio móvel ou • Impede movimento na direção normal (perpendicular) ao plano do apoio; • Permite movimento na direção paralela ao plano do apoio; • Permite rotação. Apoio fixo • Impede movimento na direção normal ao plano do apoio; • Impede movimento na direção paralela ao plano do apoio; • Permite rotação. Engastamento • Impede movimento na direção normal ao plano do apoio; • Impede movimento na direção paralela ao plano do apoio; • Impede rotação. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 20 2.6 Tipos de Estruturas As estruturas são classificadas em função do número de reações de apoio ou vínculos que possuem. Cada reação constitui uma incógnita a ser determinada. Para as estruturas planas, a Estática fornece três equações fundamentais: 0=Σ xF 0=Σ yF 0=Σ AM 2.6.1 Estruturas hipostáticas Estruturas hipostáticas são aquelas cujo número de reações de apoio ou vínculos é inferior ao número de equações fornecidas pelas condições de equilíbrio da Estática. A figura ao lado ilustra um tipo de estrutura hipostática. As incógnitas são duas: RA e RB. Esta estrutura não possui restrição a movimentos horizontais. L P A RB B R A 2.6.2 Estruturas isostáticas Estruturas isostáticas são aquelas cujo número de reações de apoio ou vínculos é igual ao número de equações fornecidas pelas condições de equilíbrio da Estática. No exemplo da estrutura da figura, as incógnitas são três: RA, RB e HA. Esta estrutura está fixa; suas incógnitas podem ser resolvidas somente pelas equações fundamentais da Estática. RA A HA L P RB B 2.6.3 Estruturas hiperestáticas Estruturas hiperestáticas são aquelas cujo número de reações de apoio ou vínculos é superior ao número de equações fornecidas pelas condições de equilíbrio da Estática. Um tipo de estrutura hiperestática es’ta ilustrado na figura ao lado. As incógnitas são quatro: RA, RB, HA e MA. As equações fundamentais da Estática não são suficientes para resolver as equações de equilíbrio. São necessárias outras condições relativas ao comportamento da estrutura, como, p. ex., a sua deformabilidade para determinar todas as incógnitas. RA RB HA A AM L P B Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 21 3 TRELIÇAS 3.1 Definição Treliça é toda estrutura constituída de barras ligadas entre si nas extremidades. O ponto de encontro das barras é chamado nó da treliça. Os esforços externos são aplicados unicamente nos nós. Denomina-se treliça plana, quando todas as barras de uma treliça estão em um mesmo plano. Para se calcular uma treliça deve-se: a) determinar as reações de apoio; b) determinar as forças nas barras. A condição para que uma treliça de malhas triangulares seja isostática é: vbn +=2 onde: b= número de barras n= número de nós v= número de reações de apoio Adota-se como convenção de sinais: barras tracionadas: positivo setas saindo do nó barras comprimidas: negativo setas entrando no nó Os esforços nas barras das treliças podem ser resolvidos por métodos gráficos e analíticos. Um dos vários processos analíticos usuais é o Método do Equilíbrio dos Nós, abaixo exemplificado. Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 22 3.2 Método do equilíbrio dos nós Inicialmente devem-se identificar os nós e verificar os tipos de reações de apoio. No caso da treliça da figura, no nó A tem-se um apoio móvel e no nó B, um apoio fixo. Como os apoios móveis restringem somente deslocamentos os perpendiculares ao plano do apoio, tem-se uma reação vertical RA. Como os apoios fixos restringem deslocamentos paralelos e perpendiculares ao plano do apoio, tem-se uma reação vertical RB e uma reação horizontal HE. C RA A F 2 m B 50 kN 100 kN D 2 m RE E α 2 m HE 50 kN Verificar se a treliça é uma estrutura isostática barras b = 9 nós n = 6 reações v = 3 vbn +=2 Conclusão: 3962 +=× a treliça é uma estrutura isostática Cálculo do ângulo de inclinação das barras º45 2 2 === adjacentecateto opostocatetoarctgα a) Cálculo das reações de apoio Equação de equilíbrio das forças na horizontal: 0=Σ HF conclusão: HE = 0 Equação de equilíbrio das forças na vertical: 0=Σ VF 05010050 =−−−+ EA RR 200=+ EA RR kN (1) Equação de equilíbrio de momentos: Como a estrutura está em equilíbrio, a somatória dos momentos em relação a qualquer ponto da estrutura deve ser nula. Tomando-se por exemplo o nó A como referência, tem-se 0=Σ AM 021004504 =×−×−× ER 4 400 =ER 100=ER kN Substituindo o valor de RE na equação (1), tem-se: 200100 =+AR kN logo 100=AR kN b) Cálculo das forças nas barras Iniciar a resolução pelo nó que tiver no máximo duas forças incógnitas. As forças devem estar tracionando o nó (seta saindo). Como não se sabe a priori se as forças nas barras são de tração ou de compressão, adotam-se como se fossem tracionadas. Se o valor Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 23 determinado for negativo, significa que a barra está comprimida, portanto, o sentido da seta deve ser mudado. Nó A A RA N2 N1 0=Σ HF → 02 =N 0=Σ VF 01100 =+ N → 1001 −=N kN Nó B B 100 45° N4 50 N3 0=Σ HF 0º45cos43 =+ NN → 503 −=N kN 0=Σ VF 0º45450100 =−− senN → 7,704 =N kN Nó C N550 100 N6 C 0=Σ HF 0550 =+ N → 505 −=N kN 0=Σ VF 06100 =+ N → 1006 −=N kN Nó D 45° 50 50 N7 N8 D 0=Σ HF 0º45cos750 =− N → 7,707 =N kN 0=Σ VF 0º457,70850 =++ senN → 1008 −=N kN Nó E 100 100 E N9 0=Σ HF → 09 =N Nó F Verificação 45° 45° 100 70,770,7 0,0 0,0 F 0=Σ HF 0º45cos7,70º45cos7,70 =+− → 0 = 0 ok 0=Σ VF 0º457,70º457,70100 =++− sensen →0 = 0 ok Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 24 Como a treliça é simétrica, com carregamentos simétricos, os resultados das forças que agem nos nós D e E são iguais às dos nós B e A, respectivamente. Portanto, não há necessidade de se calcular as forças nos nós D e E. Resultados NAB= -100 kN compressão NAF= 0 NBC= -50 kN compressão NBF= +70,7 kN tração NCF= -100 kN compressão NCD= -50 kN compressão NDF= +70,7 kN tração NDE= -100 kN compressão NFE= 0 kN C RA A F 2 m B 50 kN 100 kN D 2 m RE E α 2 m HE 50 kN 2. Calcular as forças em cada barra da treliça “mão francesa” da figura. 1. 0 m C 2.0 m 40 kN AHA 1. 0 m E 2.0 m α D 20 kN θ RB HB B Cálculo dos ângulos de inclinação das barras º43,63 1 2 === arctgα º56,26 2 1 === arctgθ a) Cálculo das reações de apoio 0=Σ HF 40=+ BA HH kN 0=Σ VF 020 =+BR 20−=BR kN 0=Σ BM 01402402 =×−×−×+ AH 60=AH kN 20−=BH kN Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 25 b) Cálculo das forças nas barras Nó B N2 N1 63.4° 20 kN 20 kN B 0=Σ HF 022 =+− αsenN → 4,222 =N kN 0=Σ VF 0cos2120 =−+ αNN → 101 =N kN Nó A 60 N3 100 26.6° A N4 10 0=Σ HF 0346 =++ θsenNN 04,2246 =−+ θsenN → 404 =N kN 0=Σ VF 0cos310 =+ θN → 4,223 −=N kN Nó E 40 N6 E N5 0=Σ HF → 406 =N kN 0=Σ VF → 05 =N kN Nó D 26.6° N7 40 D 20 0=Σ VF 0720 =+− θsenN → 7,447 =N kN 0=Σ HF 0cos7,4440 =+− θsen → 0 = 0 ok Nó C 22,4 44,70,0 22,4 26.6° 40C 0=Σ HF 0cos7,4440cos4,22cos4,22 =+−− θθθ =0 kN 0=Σ VF 07,444,224,22 =−− θθθ sensensen → 10+10-20 =0 ok Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 26 Resultados NAB= +10 kN tração NAC= -22,4 kN compressãoNBC= +40 kN tração NBC= +22,4 kN tração NCE= 0 NCD= +44,7 kN tração NED= +40 kN tração 1. 0 m C 2.0 m 40 kN AHA 1. 0 m E 2.0 m α D 20 kN θ RB HB B Exercícios 1. Determine a força em cada barras das treliças ilustradas. Indique se cada barra está tracionada ou comprimida. 1. FAB = 8 kN C FAC = 10 kN T FBC = 8,545 kN T C 1.2m A 9000 N 2.4m 0. 9m B A 400mm B C 500mm 37 5m m 1200 N 2. FAB = 3 900 N T FAC = 4 500 N C FBC = 3600 N C 3. FAB = FDE = FBG = FDI = 0; FAF = FCH = FEJ = 400 N C; FBC = FCD = 800 N C; FBF = FDJ = 849 N C; FBH = FDH = 283 N T; FFH = FGH = FHI = FIJ = 600 N T a a a a B C D E G H I J 400 N 400 N 400 N 400 N F a A 400 N Mecânica dos Materiais Ricardo Gaspar 27 2, 7m 9000 N F 3,6m E 2, 7m DC 9000 N BA 4. FAB = 9 kN; FAC = 0; FBC = 11,25 kN C FBD = 6,75 kN T; FCD = 18 kN T FCE = 6,75 kN C; FDE = 22,50 kN C FDF = 20,25 kN T 5. FAB = FDE = 8 kN C FAF = FFG = FHE = 6,93 kN T FBC = FCD = FBG = FDE = 4 kN C FBF = FDH = FCG = 4 kN T a a aa 30° 30° 30° 30° G C F H 4 kN4 kN A E DB FD E 3,6 m 3,6 m 100 kN A 1,5 m 1,5 m 1,5 m B C 6. FAB = 130 kN T FAD = 100 kN T FAE = 130 kN C FBC = 173,5 kN T FBE = 50 kN T FBF = 52,05 kN C FCF = 33,35 kN T FDE = 0 FEF= 1120 kN C
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