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Ecologia Geral e Urbana Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Ecossistemas • Introdução • Os processos no ecossistema • Fluxos de matéria nos ecossistemas • Fluxos de energia nos ecossistemas • Ecossistemas terrestres • Principais ecossistemas terrestres • Concluindo · Trabalhar o conceito de ecossistema. Um ecossistema é o conjunto de organismos e ambientes físicos que esses organismos habitam. Podemos dizer também que é uma máquina termodinâmica que dissipa a energia em calor de forma contínua. A energia entra no ecossistema através da fotossíntese e da produção vegetal, proporcionando energia aos animais e microrganismos não fotossintetizadores · Abordar os principais ecossistemas da biosfera. Clima, topografia e solo são determinantes para a vida animal e vegetal na biosfera. Podemos a partir daí agrupar unidades biológicas em categorias baseadas nas formas vegetais dominantes, dando às comunidades sua característica geral. O conjunto dessas características é uma forma de nomear os ecossistemas com base nas suas semelhanças físicas e biológicas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Prezados alunos e alunas, Nesta unidade II, vamos trabalhar o conceito de ecossistema. Um ecossistema é o conjunto de organismos e ambientes físicos que esses organismos habitam. Podemos dizer também que é uma máquina termodinâmica que dissipa a energia em calor de forma contínua. Falaremos também dos principais ecossistemas da biosfera. Fiquem atentos às atividades propostas e aos prazos de realização e de entrega das mesmas. Convite à leitura: leiam cada aula, façam anotações, e se necessário pesquisem outros materiais além do que é fornecido. Não acumulem dúvidas, participem, perguntem! Bons estudos! ORIENTAÇÕES Ecossistemas UNIDADE Ecossistemas Contextualização Nesta unidade, vamos trabalhar o conceito de ecossistema. Um ecossistema é o conjunto de organismos e ambientes físicos que esses organismos habitam. Podemos dizer também que é uma máquina termodinâmica que dissipa a energia em calor de forma contínua. A energia entra no ecossistema através da fotossíntese e da produção vegetal, proporcionando energia aos animais e microrganismos não fotossintetizadores. Falaremos também dos principais ecossistemas da biosfera. Clima, topografia e solo são determinantes para a vida animal e vegetal na biosfera. Podemos a partir daí agrupar unidades biológicas em categorias baseadas nas formas vegetais dominantes, dando às comunidades sua característica geral. O conjunto dessas características é uma forma de nomear os ecossistemas com base nas suas semelhanças físicas e biológicas. Chamamos essas categorias de ecossistemas ou biomas. Sendo assim, biomas proporcionam pontos de referência convenientes para comparar os processos biológicos em diversos tipos de ecossistemas. 6 7 Introdução Organismos vivos e seu ambiente não vivo (abiótico) estão inseparavelmente inter-relacionados e interagem entre si. Chamamos de sistema ecológico ou ECOSSISTEMA qualquer unidade (biossistema) que abranja todos os organismos que funcionam em conjunto (a comunidade biótica) numa dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não vivas (ODUM, 1988). Podemos dizer que o ecossistema é uma unidade básica funcional na ecologia, pois tratamos desde os organismos até o ambiente abiótico, cada fator influenciando as propriedades do outro, e todos necessários para a manutenção da vida na Terra. Considerar essa organização deve ser nosso primeiro tópico se quisermos implementar soluções holísticas para problemas que temos hoje na biosfera. Como os ecossistemas são sistemas abertos, o ambiente de entrada e o ambiente de saída são considerados partes importantes do conceito. O termo ecossistema foi apresentado em 1935 pelo ecologista A. G. Tansley. Esse pesquisador considerou animais, plantas e fatores físicos ao seu entorno como sistemas ecológicos integrados, chamando isso de ecossistema, e o considerou como a unidade fundamental da organização ecológica. Tansley visualizou os componentes biológicos e físicos da natureza juntos, unificados pela dependência dos animais e das plantas em seus ambientes físicos e por suas contribuições para a manutenção das condições e composição do mundo físico (economia da natureza). Independentemente de qual era o ambiente estudado, marinho, terrestre ou dulcícola, os cientistas começaram a considerar que a natureza funciona realmente como um sistema, mas somente quando Bertalanffy (1950) e outros ecologistas desenvolveram a teoria geral de sistemas, é que se apresentou o campo definitivo e quantitativo da ecologia de ecossistemas. 7 UNIDADE Ecossistemas Na Figura 1 (Odum, 1988), podemos visualizar componentes e processos que tornam funcional um ecossistema. A interação dos componentes básicos: comunidade, fluxo de energia e ciclagem dos materiais, é mostrada no esquema simplificado. O fluxo de energia acontece e em apenas um sentido, parte da energia solar é transformada em matéria orgânica pela comunidade, mas sua maior parte é degradada, passando pelo sistema e saindo dele na forma de energia calórica. A energia pode ser armazenada e liberada posteriormente ou exportada, mas nunca reutilizada. Ao contrário da energia, os materiais como os nutrientes e a água podem ser reutilizados inúmeras vezes. Fluxo de E Sentido único Fluxo de E (funções motrizes) Entrada de materiais (nutrientes) e organismos Ciclo e depósito de materiais Exportação de materiais Sumidouro de calor Autótrofos Diagrama funcional de um sistema ecológico (Odum, 1983) Hererótrofos Depósito Exportação de E armazenada (m. o. e organismos) Circuito de controle por retroalimentação de E e depósito de E Figura 1. Componentes e processos que tornam funcional um ecossistema Fonte: Adaptado do LIVRO ECOLOGIA (ODUM, Eugene) Todos os ecossistemas são sistemas abertos, portanto há entrada e saída de energias necessárias. Os ecossistemas são abertos em diversos graus aos fluxos de materiais, emigração e imigração de organismos. Importante, então, considerar que existe um ambiente de entrada e um ambiente de saída, fundamentais para que o ecossistema funcione e se mantenha. Existem certos parâmetros que regulam o tamanho do ambiente de entrada e saída, como: o tamanho do sistema (quanto maior o sistema, menor a dependência com o exterior); a intensidade metabólica (quanto maior a taxa metabólica, maior a entrada e saída); o equilíbrio autotrófico-heterotrófico (quanto mais desequilibrado o sistema, são necessários mais elementos externos para equilibrar); o estágio de desenvolvimento (sistemas jovens e adultos são diferenciados). Podemos exemplificar dizendo que uma grande floresta tem ambientes de entradas e saídas muito menores que um pequeno riacho. 8 9 Os processos no ecossistema Para podermos examinar os processos que ocorrem no ecossistema, é necessário que compreendamos alguns termos: Biomassa A massa de organismos por unidade de área de solo ou água, expresso geralmente por unidade de energia ou matéria orgânica seca. Estão incluídas na biomassa todas as partes vivas e não vivas vinculadas aos organismos vivos; uma árvore, por exemplo, é considerada uma biomassa, apesar da maior parte da madeira ser morta. Os organismos e partes dele deixam de ser biomassa quando morrem e se tornam matéria orgânica morta. Produtividade Primária A taxa em que a biomassa é produzida por unidade de área pelas plantas é a produtividade primária. Pode ser expressa como na biomassa, por unidade de energia ou matéria orgânica seca. Produtividade Primária Bruta A produtividade primária bruta (PPB) é a fixação total de energia pela fotossíntese, respirada pela própria planta e perdida como calorrespiratório (R). Produtividade Primária Líquida Produtividade Primária Liquida (PPL) é a diferença entre PPB e R, considerada a taxa real de produção de nova biomassa disponível para o consumo dos organismos heterotróficos (bactérias, fungos e animais). A produtividade primária é limitada por muitos fatores, como a quantidade e qualidade da radiação solar, a disponibilidade de água e nutrientes chaves, como o nitrogênio, condições físicas, principalmente a temperatura. A produtividade secundária realizada por herbívoros é menor que a produtividade primária. A cada etapa da alimentação, a energia é perdida, porque a eficiência na alimentação, consumo e produção são sempre menores que 100%. É o sistema decompositor que processa mais a energia e matéria de uma comunidade que o sistema consumidor de matéria viva. Os consumidores (decompositores e detritívoros) decompõem as moléculas ricas em energia, resultando dióxido de carbono, água e nutrientes inorgânicos. 9 UNIDADE Ecossistemas Fluxos de matéria nos ecossistemas Para os processos de vida, os elementos e compostos químicos são fundamentais. Os organismos vivos gastam energia com o objetivo de extrair substâncias químicas do ambiente, para poder se manter e usá-las por um período, até que se percam novamente. Portanto, as atividades dos organismos interferem totalmente nos modelos de fluxo de matéria química. A água é o grande componente da matéria viva em qualquer ecossistema, o restante é constituído basicamente de compostos de carbono, e é a forma em que a energia é acumulada e armazenada. O carbono é consumido e defecado, assimilado ou utilizado no metabolismo, e quando sua molécula é dissipada na forma de calor o carbono é liberado novamente para a atmosfera como dióxido de carbono. Ao ser transformada em calor, a energia não pode mais ser utilizada por organismos vivos para a síntese de biomassa ou para realizar trabalho. O calor é perdido para a atmosfera e não pode ser reutilizado; por isso, a vida na Terra só é possível porque temos a reposição de energia pelo sol todos os dias. Diferentemente da energia, o carbono do dióxido de carbono pode ser utilizado novamente na fotossíntese. O carbono e demais nutrientes, como o nitrogênio, fósforo, etc., ficam disponibilizados como moléculas orgânicas ou íons na atmosfera ou na água. Nesse processo, um elemento pode passar repetidamente de uma cadeia alimentar para outra. Os nutrientes são perdidos e recuperados pelas comunidades de várias maneiras (Figura 2). Se pudermos medir e identificar todos os processos nos lados de crédito e débito da equação, poderíamos construir um estoque de nutrientes. Figura 2. Componentes de um estoque de nutrientes de um sistema terrestre e aquático. As entradas são as setas em azul e as saídas em preto. Fonte: Livro FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA (BEGON, Michael), p. 423 10 11 Fluxos de energia nos ecossistemas Chamamos de cadeia alimentar a sequência de relações tróficas pelas quais a energia passa através do ecossistema. Uma cadeia alimentar possui muitas inter-relações entre plantas, herbívoros e carnívoros, os chamados níveis tróficos. Podemos visualizar melhor o fluxo energético no ecossistema pensando em uma pirâmide de energia (Figura 3), onde a energia é perdida em cada nível por conta do trabalho realizado pelos organismos naquele nível e pela ineficiência das transformações biológicas. Assim, as plantas assimilam uma parte da energia solar disponível, e os herbívoros assimilam uma fração menor, porque as plantas já utilizaram uma parte para se manterem; o mesmo acontece com os consumidores dos herbívoros e a cada nível superior que se segue na cadeia alimentar. Carnívoros secundários Carnívoros primários Herbívoros Plantas Figura 3. Pirâmide de Energia Após a assimilação do conceito de ecossistema pelo pensamento ecológico, um novo ramo da ecologia surgiu, chamado “Ecologia de ecossistemas”, no qual a base para a caracterização da estrutura e função daquele sistema é a reciclagem da matéria e o fluxo de energia no ecossistema. Medidas de assimilação de energia e eficiências energéticas tornaram-se ferramentas para a exploração desse novo conceito. O movimento de energia e materiais através de uma cadeia alimentar é caracterizado pela eficiência de assimilação, que é a razão entre a assimilação e a digestão, e também pela eficiência de produção líquida, que é a razão entre a produção e a assimilação. De forma geral, a transferência de energia de um nível trófico para outro fica em torno de 5% a 20%, a chamada eficiência ecológica. Ecossistemas terrestres Clima, topografia e solo são os pilares que determinam a vida animal e vegetal na superfície da Terra. Em função disso, podemos agrupar unidades biológicas em categorias baseadas nas formas vegetais dominantes, dando às comunidades sua característica geral. Chamamos essas categorias de ecossistemas ou biomas. Sendo assim, biomas proporcionam pontos de referência convenientes para comparar os processos biológicos em diversos tipos de ecossistemas. 11 UNIDADE Ecossistemas Na América do Norte, por exemplo, temos como biomas mais importantes a tundra, a floresta boreal, a floresta temperada sazonal, a floresta pluvial temperada, os arbustos, os campos e o deserto subtropical. Na América Central, os mais importantes biomas são a floresta pluvial tropical, floresta tropical decídua e a savana tropical. É importante salientar que as distribuições geográficas desses biomas correspondem às grandes zonas climáticas. Mesmo que cada ecossistema seja reconhecível por sua vegetação distinta, é importante saber que as características de um bioma normalmente interpenetram gradualmente o próximo. Esse conceito é uma ferramenta muito útil para compreender a estrutura e funcionamento dos grandes sistemas ecológicos. Podemos distinguir completamente os biomas pelo fato de que nenhum tipo de planta pode resistir a todo o intervalo de condições na superfície da Terra. A forma de crescimento e o ambiente nos possibilita fazer generalizações acerca das distribuições das formas de vida e do tamanho dos biomas. Se fosse apenas isso, o estudo da ecologia poderia focar somente nas relações biológicas de organismos como indivíduos e seu ambiente físico, mas a vida não é tão simples assim; além das condições físicas, outros dois fatores influenciam a distribuição e forma de crescimento das espécies. A distribuição das miríades de interação entre espécies (competição, mutualismo e predação) que define se uma espécie ou sua forma de crescimento pode permanecer em um determinado lugar. Outro fator é a probabilidade e a própria história. Os biomas que existem hoje se desenvolveram em longos períodos, nos quais as distribuições dos continentes, as bacias dos oceanos e zonas climáticas mudam constantemente. A grande maioria das espécies não consegue ocupar ambientes que seriam perfeitamente adequados a elas, porque não tiveram a oportunidade de alcançar essa região da Terra. Podemos confirmar esse fato observando tantas espécies introduzidas por humanos que são adaptações bem sucedidas. Temos também a evolução acontecendo em linhas independentes nas diferentes partes do mundo, criando em alguns casos biomas únicos. Podemos citar como exemplo a Austrália, que está isolada dos demais continentes há milhões de anos, levando tanto a sua flora como sua fauna a não possuírem espécies comuns no hemisfério norte. Adaptações ambientais As adaptações de um organismo estão diretamente associadas ao ambiente em que ele vive. Tais adaptações ou especializações ajustam os organismos a intervalos específicos de condições ambientais. As especializações de determinada espécie podem ser amplas ou estreitas na sua abrangência. As de abrangência mais estreita de tolerância são denominadas especialistas, as que têm um intervalo amplo são as chamadas generalistas. Cada região climática tem tipos característicos de vegetação que divergem na formade crescimento, na morfologia foliar e na sazonalidade da folhagem. 12 13 Clima e biomas terrestres Uma forma de classificação climática é a chamada zona climática, que foi apresentada pelo alemão Heirich Walter. Essa classificação tem nove divisões e está baseado nos dados anuais de temperatura e precipitação. A Figura 4 apresenta o clima e as respectivas características de vegetação (a economia da natureza). NOME DO BIOMA ZONA CLIMÁTICA VEGETAÇÃO Floresta Pluvial Tropical I – Equatorial Sempre úmido e ausente de sazonalidade na temperatura Floresta pluvial tropical perene Floresta Tropical Sazonal/savana II – Tropical Estação chuvosa de verão e estação seca de inverno. Floresta sazonal, arbustos ou savana. Deserto Subtropical III - Subtropical Desertos quentes, altamente sazonal, clima árido. Vegetação desértica com grande superfície exposta. Bosque/Arbusto IV - Mediterrâneo Estação chuvosa de inverno e verão seco. Xerófica, arbustos sensíveis ao congelamento e bosques. Floresta Pluvial Temperada V - Temperado quente Ocasionalmente gelado, frequentemente com máxima de precipitação no verão. Floresta temperada perene, um tanto quanto sensível ao congelamento. Floresta Sazonal Temperada VI – Nemoral Clima moderado com congelamento no inverno. Resistente ao gelo, decídua, floresta temperada. Campo/deserto Temperados VII – Continental Desertos frios, árido, com verões mornos ou quentes e invernos frios. Campos e desertos temperados. Floresta Boreal VIII – Boreal Temperado frio com verões frios e invernos longos Floresta de folhas aciculadas, perenes, duras e resistentes ao gelo (taiga). Tundra IX – Polar Verões muito curtos e frios, invernos longos e muito frios. Vegetação perene baixa, sem árvores crescendo sobre solos permanentemente gelados. A precipitação e a temperatura interagem para determinar as condições e recursos que estarão disponíveis para o crescimento das plantas, por isso os ecossistemas seguem padrões de temperatura e precipitação através do ciclo anual. Principais ecossistemas terrestres Floresta sazonal temperada Esse ecossistema ocorre em condições moderadas com congelamento no inverno. É encontrado na América do Norte, principalmente no leste dos EUA e sul do Canadá. É distribuído também pela Europa e leste da Ásia. A precipitação normalmente excede a evaporação e a transpiração. Os solos são podzolizados, ácidos e lixiviados de forma moderada. O solo é rico em húmus orgânico, por isso tem cor marrom. As árvores decíduas é a forma de crescimento vegetal dominante. Nessa vegetação, temos uma camada de árvores menores e arbustos que ficam abaixo das árvores dominantes, e plantas herbáceas no solo, que florescem no início da primavera, antes que as árvores estejam cobertas de folhas. 13 UNIDADE Ecossistemas Floresta sazonal temperada Floresta temperada úmida São encontradas perto da costa noroeste da América do Norte, sul do Chile, Nova Zelândia e Tasmânia. São climas temperados quentes, invernos amenos, com chuvas fortes e neblinas no verão, condições ideais para florestas perenes extremamente altas. Suas árvores têm entre 60 - 70 m de altura e podem chegar até 100 m. Estudos mostram que essas formações são muito antigas e são remanescentes de florestas da era mesozoica. As florestas úmidas temperadas têm uma diversidade muito baixa. Floresta temperada úmida Campo / deserto temperados Os campos se desenvolveram nas zonas climáticas continentais, onde as precipitações variam entre 300 a 850 mm/ano. Os verões são quentes e úmidos, e os invernos frios. Esses ecossistemas são chamados de pradarias. São encontrados também na Ásia central e lá são chamados de estepes. Com a baixa precipitação, os detritos orgânicos demoram para se decompor, e os solos são ricos em matéria orgânica. A vegetação é predominantemente de gramíneas, há também abundantemente as herbáceas não gramíneas. Nesses campos, temos o fogo como uma influência dominante quando o habitat seca durante o fim do verão. A grande maioria das espécies tem caules subterrâneos resistentes ao fogo, ou rizomas onde os brotos renascem ou suas sementes são resistentes ao fogo. Em locais com precipitação menor entre 250 e 500 mm/ano, com invernos frios e verões quentes, esses campos se tornam desertos. São encontrados no oeste dos EUA. Devido à baixa produtividade da vegetação, a pastagem quando inserida exerce uma pressão na vegetação, favorecendo a persistência de arbustos que não são bons para o pasto. É importante dizer que muitos campos secos pelo mundo foram transformados em desertos pela pastagem. Ecossistema bosque/ arbusto Caracterizados por temperaturas de inverno amenas, chuvas de inverno e verões secos, o clima mediterrâneo é encontrado no sul da Europa e sul da Califórnia no hemisfério norte, no Chile central, no Cabo (África do Sul), a sudoeste da Austrália no hemisfério sul, a norte e sul do Equador e na Europa nos lados oeste das massas continentais. Esse clima, chamado mediterrâneo, sustenta a vegetação arbustiva, espessa e perene, com raízes profundas e folhagens bem resistentes à seca. Com folhas pequenas e duráveis, a vegetação é chamada de esclerofilosa, que significa “folha dura”. Os incêndios acontecem frequentemente, e a vegetação possui sementes resistentes ao fogo. 14 15 Deserto subtropical Desertos subtropicais se desenvolvem em latitudes 20º - 30º a sul e norte do Equador, em áreas com alta pressão atmosférica. As chuvas são demasiadamente escassas; por conta disso, os solos são rasos, destituídos de matéria orgânica e de pH neutro. A maioria dos desertos subtropicais recebe chuvas de verão, período em que muitas plantas herbáceas e sementes crescem rapidamente e se reproduzem antes que o solo seque novamente. A diversidade é geralmente muito maior que nas terras áridas temperadas. Floresta boreal A floresta boreal é frequentemente chamada de taiga. Sua temperatura média anual está abaixo de 5º C, e os invernos são severos. A precipitação fica em torno de 400 – 1000 mm, e com a baixa evaporação, os solos permanecem úmidos durante a maior parte da estação de crescimento. Sua vegetação consiste em bosques densos intermináveis com árvores perenes aciculadas. A vegetação é tolerante ao congelamento, e a diversidade de espécies é muito baixa. É encontrada num amplo cinturão na América do Norte, na Europa e Ásia. Floresta boreal (taiga) Tundra Na chamada zona climática polar, encontramos a tundra ártica, uma porção sem árvores, com solos permanentemente congelados. A maior parte das plantas são arbustos lenhosos prostrados, anões, que se desenvolvem próximos ao solo. Na maior parte do tempo, a tundra é um ambiente extremamente inóspito, mas nos poucos dias de verão, que duram 24 horas, a atividade é intensa, e podemos observar a fantástica adaptação à vida. Floresta pluvial tropical As florestas pluviais tropicais possuem o clima quente e têm precipitação de pelo menos 2000 mm/ano, com pelo menos 100 mm durante cada mês do ano. A floresta tropical se localiza na bacia do Amazonas e Orinoco na América do Sul, com algumas áreas na América Central e ao longo da Costa Atlântica do Brasil (Mata Atlântica). Na África, na bacia do rio Congo, e na Ásia, cobrindo a parte Sudeste. Aparece também na Austrália e em ilhas entre a Ásia e a Austrália. O clima apresenta dois picos de chuva localizados ao redor dos equinócios. O solo tem pouca capacidade para reter nutrientes, portanto a vegetação das florestas pluviais é formada por um contínuo dossel de árvores perenes altas, com árvores ocasionais emergentes que se elevam acima da copa. Essa vegetação tem várias camadas abaixo da copa e contém árvores pequenas, arbustos e herbáceas, mas são bem espaçadas, pois a luz solar não consegue penetrar. Tem também muitas plantas aéreas, como as epífitas, que crescem nos ramos de 15 UNIDADE Ecossistemas outras plantas. É a diversidade mais alta que em qualquer outra parte do planeta. Porconta das temperaturas e umidade constantemente altas, a serapilheira se decompõe rapidamente, e a vegetação rapidamente assimila os nutrientes. É essa rápida reciclagem de nutrientes que sustenta a produtividade alta desse ecossistema, no entanto o torna muito vulnerável a desequilíbrios. Quando essa floresta é derrubada, os solos sofrem erosão rapidamente, degradando o ambiente e tornando a região improdutiva. Savana sazonal tropical Nas florestas sazonais dos trópicos, predominam as árvores decíduas, que perdem suas folhas durante a estação de falta de água. As estações secas longas e severas resultam em uma vegetação com estatura mais baixa e com mais espinhos. Como nos ambientes tropicais mais úmidos, os solos são pobres em nutrientes. Savanas são campos com árvores esparsas e se espalham em grandes áreas secas dos trópicos. As pastagens e os incêndios representam importantes papéis na manutenção desse ecossistema, principalmente em regiões mais úmidas, por conta das gramíneas, que podem permanecer melhor que outras sob essas influências. Sistemas aquáticos Os sistemas aquáticos não são considerados como biomas ou ecossistema, porque não possuem o equivalente à vegetação terrestre. No entanto, podemos distinguir lagos, correntes, estuários e oceanos, e cada um desses sistemas pode ainda ser subdividido com base em diversos fatores. Concluindo Chegamos ao fim da nossa unidade. Nesta unidade trabalhamos o conceito de ecossistema, os fluxos de energia e matéria no ecossistema, e vimos também os principais ecossistemas do planeta. 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Ecossistemas brasileiros. ESTRELA, Abrão de Souza et al. Trabalho dos alunos da Unianhanguera - Osasco, na disciplina de Gestão ambiental (1º semestre) – Professor Sergio Coyo. Produção de Francisco Inacio Neto, Gabriela Fernanda Canova da Silva e Amanda Caroline Machado Cunha. Edição de Francisco Inacio Neto. Duração: 9 minutos e 7 segundos. Acesso em: 15 set. 2015. ttps://www.youtube.com/watch?v=YN-HlTHIQG4 Elementos da biologia DISCOVERY CHANNEL. Discovery na escola. Ecossistemas: organismos e seu meio ambiente. Duração: 54 minutos e 36 segundos. Acesso em: 15 set. 2015. https://www.youtube.com/watch?v=5WVhItCdm-o Leitura Revista brasileira de meteorologia RODRIGUES, Hernani José Brazão et al. Variabilidade sazonal da condutância estomática em um ecossistema de manguezal amazônico e suas relações com variáveis meteorológicas. , v. 26, n. 2, 189 – 196, 2011. Acesso em: 15 set. 2015. http://www.scielo.br/pdf/rbmet/v26n2/03.pdf 17 UNIDADE Ecossistemas Referências BERGON, M.; HARPER, J. Fundamentos em ecologia. 2ª ed. São Paulo: Artmed, 2006. Odum, P. E. Ecologia. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1988. 434 p. Pinto-Coelho, R. M. Fundamentos em ecologia [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Artmed, 2007. Ricklefs, R. E. A economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. S.A. 5ª ed. 18
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