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pos graduaçao Prominas serviço social terceiro setor Estudando 15-02-2020-----24d6024ac89281d2d7325baba3f8985a20181112 -----

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL NA INICIATIVA 
PRIVADA E NO TERCEIRO SETOR 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 
 
0800 283 8380 
 
www.faculdadeunica .com.br 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ............................ ......................................................... 3 
UNIDADE 2 – OS IMPACTOS DO SERVIÇO SOCIAL NA ...... .................................. 5 
MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA ........................... ..................................................... 5 
UNIDADE 3 – A CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO S OCIAL 
BRASILEIRO ........................................ .................................................................... 15 
UNIDADE 4 – O SERVIÇO SOCIAL NA INICIATIVA PRIVADA .............................. 22 
UNIDADE 5 – O SERVIÇO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR ... .............................. 29 
UNIDADE 6 – AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS) E AS ORGAN IZAÇÕES DA 
SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP) ...... .................................. 42 
UNIDADE 7 – A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA EQUI PE DE SAÚDE 48 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52 
ANEXO ..................................................................................................................... 55 
 
 
 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
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3
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
 Em meio ao processo de industrialização da década de 1930 que levava o 
Brasil ao desenvolvimento econômico, social, político e cultural, é que vimos surgir o 
Serviço Social, devido principalmente à intensificação das relações sociais 
peculiares ao sistema social capitalista, contexto este que devemos pontuar o 
desenvolvimento do capitalismo e o agravamento das questões sociais. 
Para estudarmos e compreendermos as circunstâncias históricas ligadas ao 
surgimento da profissão no Brasil, voltaremos justamente à década de 1930 tendo 
como eixo central da análise a questão social em seus aspectos econômicos, 
políticos e sociais. Nesse contexto, foi promulgada uma série de medidas de 
políticas sociais, como uma forma de enfrentamento das múltiplas refrações da 
questão social, ao mesmo tempo em que o Estado conseguia a adesão dos 
trabalhadores, da classe média e dos grupos dominantes, donos do capital. O 
governo populista adotava, ao mesmo tempo, mecanismos de centralização político-
administrativa, que favoreciam o aumento da produção, dando condições para a 
expansão e a acumulação capitalista. 
Para relacionarmos Serviço Social – Questão Social – Políticas Sociais do 
Estado, será preciso um debate, mesmo que breve, em torno do Estado Liberal, 
Estado Intervencionista e as funções educativas, políticas e sociais que se 
desenvolvem no âmbito do Estado moderno. 
Os processos de institucionalização do Serviço Social, como profissão, estão 
relacionados com os efeitos políticos, sociais e populistas do governo de Vargas. A 
implantação dos órgãos centrais e regionais da previdência social e a reorganização 
dos serviços de saúde, educação, habitação e assistência ampliaram de modo 
significativo o mercado de trabalho para os profissionais da área social. O Serviço 
Social, como profissão e como ensino especializado, beneficiou-se com esses 
elementos históricos conjunturais. 
Esta breve introdução nos descortina o que vem pela frente para 
entendermos os impactos do Serviço Social frente a modernização brasileira. 
Veremos também a configuração do sistema de proteção social brasileiro; as 
possibilidades de atuação deste profissional na iniciativa privada, a parceria com a 
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e o seu cunhos educativo. 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
4
 
Em relação ao Terceiro Setor, são duas unidades para tratar dessa via muito 
em voga nas últimas décadas. Por fim, pontuaremos a inserção do Assistente Social 
na Equipe de Saúde. 
Esperamos que apreciem o material e busquem nas referências anotadas ao 
final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venha surgir ao longo 
dos estudos. 
Ressaltamos que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser 
científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às 
regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem 
de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
5
 
UNIDADE 2 – OS IMPACTOS DO SERVIÇO SOCIAL NA 
MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA 
 
Em meados da década de 30, do século XX, quando o Serviço Social surgiu 
no Brasil, registrava-se no País uma intensificação do processo de industrialização e 
um impulso significativo rumo ao desenvolvimento econômico, social, político e 
cultural (PEREIRA, 1999). Essas mudanças no contexto sociopolítico e econômico 
brasileiro iniciaram com a Revolução de 1930, considerada um evento marcante da 
história contemporânea brasileira. 
Na realidade, a referida revolução pode ser considerada como um ponto 
divisório entre dois períodos distintos da história da sociedade brasileira: a época de 
vigência do sistema agrário-comercial, amplamente vinculado ao capitalismo 
internacional, e a do sistema urbano-industrial, voltado para o mercado interno, que 
emergia paulatinamente, encontrando bases cada vez mais sólidas de expansão. 
Antes de 1930, um parque industrial ainda incipiente não permitira a 
concentração do proletariado, mas a questão social já se fazia perceber 
localizadamente. As condições de trabalho eram precárias e o estado de tensão era 
permanente por falta de uma legislação trabalhista. 
A partir de 1930, o Brasil entrou num período de maior desenvolvimento 
econômico, que se refletiu no aumento da renda per capita, dos salários reais e do 
consumo. Simultaneamente registrou-se um incremento da taxa de crescimento da 
população e de urbanização. A concentração da população nas áreas urbanas 
trouxe consigo problemas de assistência, educação, habitação, saneamento básico, 
de infraestrutura e tantos outros. Na medida em que a industrialização avançava, 
crescia a concentração da renda, ampliando-se as desigualdades sociais, 
aumentando as tensões nas relações de trabalho e agravando-se a questão social. 
O Estado, com sua concepção liberal, expressa mais manifestamente na 
Constituição Brasileira de 1891, negava-sea intervir nos conflitos entre patrões e 
empregados e se opunha a realizações sociais distributivas de caráter obrigatório 
(FISCHLOWITZ, 1964). De acordo com as concepções vigentes, não se admitia a 
intervenção direta do Estado na economia. Ele atuava como um simples “regulador 
do livre jogo das forças econômicas, administrando, cobrando impostos, fornecendo 
meios de comunicações e transportes baratos para a circulação de mercadorias” 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
6
 
(FLORES, 1986, p. 98). Ao contrário do que acontecera em governos anteriores, 
entretanto, o governo populista, que assumiu o poder logo após a Revolução de 
1930, reconheceu a existência da questão social, que passou a ser uma questão 
política, a ser enfrentada e resolvida pelo Estado. 
Com o incremento do processo de industrialização, os movimentos operários 
começaram a surgir no Pais, com frequência crescente. Apareciam sinais evidentes 
de descontentamento e frustração da classe média e dos grupos de intelectuais. 
Ocorriam também movimentos políticos contra a administração pública, considerada 
ineficiente, inábil e retrógrada, protestando-se contra o status quo e a falta de 
soluções para as crises sociais, políticas e econômicas (FISCHLOWITZ, 1964). 
Getúlio Vargas, que estava no poder, temia a ascensão e o acirramento 
desses movimentos, a exemplo do que acontecia com os movimentos operários 
europeus. Para conseguir a adesão e o consenso dos trabalhadores, ele 
estabeleceu uma série de medidas de política social de caráter preventivo, 
integradas no conceito de progresso social e institucional. Em sua grande parte, 
essas medidas também beneficiavam a classe média e atendia, de certa forma, as 
aspirações da burguesia, dando condições de aumento da produção. Ele conseguiu, 
assim, estabelecer uma política de compromissos e conciliações entre os grupos 
dominantes, as camadas médias e os trabalhadores, que sustentavam a ideologia 
da “paz social”, que deu suporte à expansão do capitalismo no Brasil. A questão 
social, que antes era encarada como uma questão de polícia, passou a ser 
considerada como uma questão de Estado, que demandava soluções mais 
abrangentes. 
O Estado adotou, a partir daí, uma política de proteção ao trabalhador, 
incentivando o trabalho e o aumento da produção. Criou o Ministério do Trabalho, 
Indústria e Comércio, em novembro de 1930, e promulgou uma legislação trabalhista 
que respondia, de certa forma, às necessidades do trabalhador e aos interesses 
mais amplos da industrialização emergente. Assim foi sendo dado um tratamento 
sistemático à questão social que, ao mesmo tempo, aliciava e atrelava as classes 
subalternas à política do governo, sem permitir maiores chances de participação. 
No mesmo ano, foi criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde 
Pública. Em 1933, as caixas de aposentadorias e pensões deixam de pertencer às 
 
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7
 
grandes empresas e passam a abranger categorias de profissionais, surgindo, a 
partir dessa data, os institutos de aposentadorias e pensões. Ainda em 1933, foi 
criado o Instituto de Aposentadoria dos Marítimos e, no ano seguinte, 1934, o 
Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários e dos Bancários. Em 1936, 
os trabalhadores da indústria foram beneficiados com a criação do Instituto de 
Aposentadoria e Pensões dos Industriários. Em 1938, foram fundados mais dois 
órgãos do mesmo tipo dos anteriores, o Instituto de Aposentadoria e Pensões para 
Trabalhadores do Transporte e Carga e o Instituto para a Assistência dos Servidores 
Civis. Nos anos seguintes foram sendo ampliadas as categorias beneficiadas, 
estabelecendo-se que as que não fossem cobertas pelos institutos continuariam a 
pertencer às caixas de aposentadorias e pensões existentes antes de 1930 (FEE, 
1983; FALEIROS, 1980). 
Em 1938, foi instituído o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), órgão 
ligado ao Ministério de Educação e Saúde, a quem foram atribuídas as seguintes 
funções: realizar inquéritos e pesquisas sobre as situações de desajustes sociais; 
organizar o Plano Nacional de Serviço Social, englobando os setores públicos e 
privados; sugerir políticas sociais a serem implantadas pelo governo; dar parecer 
sobre a concessão de subvenções governamentais às instituições privadas 
(IAMAMOTO; CARVALHO, 1983, p. 256). 
Segundo os mesmos autores acima, o CNSS não chegou a exercer 
plenamente as suas funções, servindo mais como distribuidor de verbas e 
subvenções, favorecendo o clientelismo político. É considerado, entretanto, como 
um marco da preocupação do Estado em relação à centralização e organização das 
obras assistenciais públicas e privadas. 
Em 1939, receberam a devida regulamentação a Justiça do Trabalho e a 
Legislação Sindical, mecanismos que já constavam da Constituição, desde 1937. 
Em 1940, foram decretados o Imposto Sindical, o Salário Mínimo e o Serviço de 
Alimentação da Previdência Social. 
Em 1942, foi criada por Decreto-lei a Legião Brasileira de Assistência (LBA), 
que serviria como órgão de colaboração junto ao Estado, para cuidar dos Serviços 
de Assistência Social. Ainda em 1942, foi instituído o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
 
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(SENAC). Em 1943, foi promulgada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em 
1946, foram fundados mais dois órgãos importantes para o atendimento dos 
trabalhadores: o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Social do Comércio 
(SESC). No mesmo ano, criou-se a Fundação Leão XIII, com o objetivo de atuar na 
educação popular dos favelados do Rio de Janeiro. Em 1951, foi criada a Fundação 
da Casa Popular, para melhorar as condições de habitação das classes 
trabalhadoras. Ainda em 1951, foi também instituído o abono familiar para as 
famílias com rendimentos inferiores ao dobro do salário mínimo e com, pelo menos, 
oito filhos menores de 18 anos. 
Foram muito importantes para a proteção ao trabalhador as instituições 
referidas acima e as medidas de Política Social assumidas pelo governo brasileiro, 
no período de 1930 a 1954. Entre essas medidas podem ser citadas a instituição do 
salário mínimo, a jornada de 8 horas de trabalho, as férias remuneradas, a 
estabilidade no emprego, a indenização por dispensa sem justa causa, a convenção 
coletiva de trabalho, a proteção ao trabalho da mulher e do menor, a assistência à 
saúde, à maternidade, à infância e uma série de outros serviços assistenciais e 
educacionais. 
Os grandes gastos do governo com a política social, nesse período, deram 
origem à concepção de Estado de Bem-Estar Social que, na realidade, nunca 
chegou a ser totalmente implantado no Brasil. O Estado se tornou cada vez mais 
importante e se transformou no principal instrumento de acumulação capitalista, 
através de mecanismos de centralização política e administrativae de controle da 
massa trabalhadora, pelas técnicas de propaganda, coesão social e assistência. 
Nesse contexto, o Estado tornou-se o centro máximo das decisões, passando 
a impor, quase que unilateralmente, as novas vantagens sociais, sem maior 
participação da sociedade brasileira. Esse Estado se arrogava a prerrogativa de 
conceder os benefícios sociais, dentro de uma política de “harmonia e de paz social” 
(BULLA, 2003). 
O operariado se via tolhido por uma legislação trabalhista e por uma política 
outorgada que, ao mesmo tempo que lhe garantia direitos e lhe concedia benefícios, 
limitava-lhe a ação política. A classe operária perdia, transitoriamente, a 
possibilidade de aprimorar os seus próprios meios de atuação, inserida que estava 
 
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num sistema político destinado a evitar ou limitar a emergência de tensões entre as 
classes. 
A partir da década de 1970, o capitalismo intensificou as suas transformações 
no processo produtivo através do avanço tecnológico sob novas formas de 
acumulação flexível e dos modelos alternativos ao modo de produção do 
Taylorismo/Fordismo destacando-se principalmente o toyotismo. 
Segundo Antunes (1999, p. 27), toyotismo apresenta a seguinte característica 
em contraposição ao taylorismo/fordismo: sua produção muito vinculada à demanda, 
ela é variada e bastante heterogênea, fundamenta-se no trabalho operário em 
equipe com multivariedade de funções, tem como principio o just in time, o melhor 
aproveitamento possível do tempo de produção e funciona segundo o sistema de 
kanban, controle de qualidade e forma de flexibilizada de acumulação do capital –
baseada na reengenharia e na empresa enxuta. 
Estes processos fizeram com que ocorressem profundas mutações 
econômicas, sociais, políticas e ideológicas com fortes repercussões no ideário da 
subjetividade e nos valores constitutivo principalmente da classe que vive do 
trabalho. 
Esta crise estrutural desencadeou o processo de liberalização e 
desregulamentação como: privatização; liberdade para o capital industrial e 
financeiro expandir mundialmente; os grandes Estados Capitalistas colocam 
“mercados” no comando em forma desigual e desproporcional. 
Toda emblemática desta transformação do mundo do trabalho caracteriza-se 
no Brasil, principalmente a partir dos anos de 1990, onde as políticas de cunho 
econômico começa a se desregulamentar financeiramente, e as privatizações 
repercutem nas indústrias nacionais. As alterações impostas no mundo do trabalho 
vêm gerando um redimensionamento do Serviço Social, ocorrendo redução de 
postos de trabalhos e consequentemente a inserções em outras formas de trabalho. 
O serviço social é uma profissão que está inserida na divisão sócio-técnico do 
trabalho, nas diferentes problemáticas do campo social. 
Os profissionais atuam com objeto na intervenção das expressões da questão 
social que se expressam nas desigualdades sociais, fruto das contradições social 
presentes na sociedade capitalista que geram o agravamento das condições de vida 
 
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10
 
da população. A questão social equacionada e entendida como objeto sob o qual 
incide ação do profissional está relacionada, segundo Iamamoto (1999, p. 27), com o 
conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura que 
tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-
se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se 
privada monopolizada por uma parte da sociedade. 
Embora o serviço social tenha surgido paralelamente ao processo de 
industrialização, as empresas tiveram influência na institucionalização da profissão, 
“embora seja conhecida a existência de experiência esparsas a partir dos anos de 
1940, é notório que a inclusão do Serviço Social na empresa se deve a conjunturas 
específicas, marcadamente a partir de 1960” (MOTTA, 1998, p.41) 
O trabalho do assistente social sofre impactos diretos dessas transformações 
operadas na esfera privada e estatal. “A flexibilização do trabalho atinge a estrutura 
produtiva e processo do trabalho do assistente social [...] gerando enxugamento do 
quadro de pessoal” (IAMAMOTO, 2003, p. 119). 
É nessa lógica que se permite entender as particularidades desse trabalho 
profissional. As alterações do processo de trabalho também atingem o Assistente 
Social não apenas, no sentido objetivo, a sua condição de emprego e salário, mas 
no sentido subjetivo, a sua consciência de classe. O profissional de Serviço social é 
um trabalhador assalariado, e experimenta como os demais trabalhadores, as 
injunções da lógica vigente, enquanto que historicamente, o profissional construiu 
um projeto-ético-político hegemônico, dissonante das diretrizes vigentes (SEIXAS, 
2007, p. 32). 
A partir do final da década de 1980 e do início da década de 1990, tornou-se 
comum no Brasil, especialmente entre os teóricos da Reforma do Estado, a 
expressão terceiro setor para designar o conjunto de entidades da sociedade civil de 
fins públicos e sem objetivo de lucro. Ele coexiste com o primeiro setor, que é o 
Estado, e com o segundo setor, que é o mercado. Difere do primeiro porque suas 
entidades são de natureza privada e do segundo porque não visa ao lucro nem ao 
proveito pessoal de seus atores, mas se dedica à consecução de fins públicos. 
 
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A crise do estado do bem-estar social fez com que se buscassem, na 
sociedade civil, alternativas para responder às demandas da população por bens e 
serviços cujo provimento era, num passado recente, visto como dever estatal. 
Segundo Falconer (1999), “Na década de noventa, o Terceiro setor surge 
como portador de uma nova e grande promessa: a renovação do espaço público, o 
resgate da solidariedade e da cidadania, a humanização do capitalismo e, se 
possível, a superação da pobreza”, como veremos adiante. 
No Brasil, a valorização do terceiro setor deve ser entendida no bojo do 
movimento pela Reforma do Estado e tem, no ano de 1995, um marco importante 
(LEITE, 2003). 
A partir da década dos anos 1980, o que se verifica é uma leitura da 
Assistência Social sob a ótica da cidadania e do direito enquanto espaço de resgate 
do protagonismo das classes populares situada no contexto das relações sociais e, 
como tal, espaço privilegiado da prática dos Assistentes Sociais. Isto significa o 
entendimento das políticas sociais, na perspectiva de um espaço onde se identificam 
forças contraditórias, podendo contribuir para o fortalecimento dos processos 
organizativos dos setores populares, enquanto formas de realização de direitos 
sociais e enquanto formas concretas de acesso a bens e serviços. Trata-se de um 
espaço político de luta por uma cidadania coletiva (FALEIROS, 2005). 
Neste período foram lançados os alicerces mais sólidos para as análises da 
historicidade da profissão, em suas relaçõescom o Estado e o movimento das 
classes sociais, detectando nessas relações as particularidades da 
profissionalização do Serviço Social sob diversos pontos de vista. Foi feita, ainda, 
uma ampla reconstituição histórica da sua evolução no país, sob diferentes 
angulações. A história foi tomada não apenas como reconstituição do passado, mas 
como elemento essencial para se compreender os determinantes e efeitos da prática 
profissional na sociedade brasileira atual, de modo a tornar possível o 
direcionamento dessa prática na perspectiva de reforço ao processo de construção 
da democracia e da cidadania dos trabalhadores, preservando e ampliando seus 
direitos sociais. 
Segundo Brandão (2006), a partir deste período, no qual ocorreu uma crise 
econômica recessiva, surge uma nova configuração da sociedade, com profundas 
 
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transformações culturais e nas relações de trabalho, concomitantemente, à luta dos 
setores organizados por direitos democráticos. Tais transformações ressoam nas 
práticas sociais em geral e nas profissionais. No caso do Serviço Social, esse 
quadro trouxe avanços no processo de renovação que já havia iniciado nas últimas 
duas décadas. Essa atualização ocorreu no âmbito do ensino e da produção do 
conhecimento, da organização da categoria e do próprio exercício da profissão. 
Aprofundou-se a concepção de aliança com os usuários do Serviço Social ideias de 
compromisso com os valores da liberdade, democracia, cidadania e direitos sociais. 
O mundo globalizado nos anos de 1980 e 1990 trouxe um período adverso 
para as políticas sociais, criando um campo fértil para o neoliberalismo. Eclodiram as 
bases dos sistemas de proteção social e redirecionaram as intervenções do estado 
em relação à questão social. Nestes anos, as políticas públicas foram objeto de 
reordenamento, subordinadas às políticas de estabilização da economia. A opção 
neoliberal na área social passa pelo apelo à filantropia e à solidariedade da 
sociedade civil, criando programas seletivos e focalizados de combate à pobreza, no 
âmbito do estado. 
A profissão enfrenta o desafio de decifrar algumas lógicas do sistema social 
contemporâneo relacionadas ao mundo do trabalho e aos processos 
desestruturadores dos meios de proteção social e da política social em geral. Essas 
lógicas reiteram as desigualdades e constroem formas despolitizadas de abordagem 
da questão social. No que diz respeito à formação profissional do Assistente Social, 
o debate centrou-se na revisão curricular, buscando sintonizá-la com a renovação 
profissional, tendo como temas principais: a direção social da profissão, o mercado 
de trabalho, as perspectivas teórico-metodológicas e a realidade social brasileira 
(BRANDÃO, 2006). 
A direção social que passa a orientar a profissão tem como referência a 
relação orgânica com o projeto das classes subalternas, reafirmada no código de 
ética. A prática profissional é, então, percebida no contexto das relações de classe 
da sociedade brasileira, fundamentando a formação na realidade social. 
O debate também vem permeado pelo movimento de precarização e de 
mudanças no mercado de trabalho, devido à desregulamentação dos mercados de 
trabalho de modo geral. Tal quadro altera as profissões, redefine as suas demandas, 
 
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monopólios de competências e as próprias relações de trabalho. Iniciam-se os 
processos de terceirização, contratos parciais, temporários, a redução de postos de 
trabalho com a emergência de outros possíveis postos chamado de terceiro setor. 
Instala-se a exigência de novos conhecimentos técnicos-operativos, ao lado do 
declínio da ética do trabalho e do restabelecimento exacerbado dos valores da 
competitividade e do individualismo. Brandão (2006) ressalta que a reestruturação 
dos mercados de trabalho no capitalismo contemporâneo vem se fazendo via 
rupturas, apartheid e degradação humana. 
A partir do movimento de reconceituação do Serviço Social, resgatou-se para 
a profissão a necessidade de articular a teoria e a prática através de metodologias 
próprias, de diálogos com as Ciências Sociais e de propostas de um projeto da 
categoria para a sociedade. Fatos sinalizaram sua contemporaneidade e renovação. 
Esta contemporaneidade, por sua vez, apontou para questionamentos significativos 
no processo de formação profissional vigente até aquele momento. 
A reconceituação foi um marco decisivo no desencadeamento do processo de 
revisão crítica do Serviço Social. Foi um fenômeno tipicamente latino-americano de 
contestação ao tradicionalismo profissional. 
Assim, de uma formação que visava manter os objetivos dominantes, surgiu a 
necessidade de rever o Serviço Social nesta nova realidade, agora caracterizada 
pela abertura democrática, permitindo vinculação da profissão com a classe 
considerada dominada. 
Faleiros (2005) indica ainda que deva existir uma transformação das relações 
profissionais no bojo das instituições para que uma prática reconceituada seja 
sedimentada. Segundo ele, o referido movimento se manifesta como processo que 
se dá nas instituições enquanto local privilegiado da prática do Serviço Social, 
expressando-se no âmbito acadêmico, no que diz respeito à formação profissional. 
Expressou-se, também, no âmbito da organização da categoria e na inserção nos 
movimentos sociais. Nestes movimentos, esse vínculo tem possibilitado o 
desenvolvimento de alternativas de ação diferenciadas na dinâmica das relações de 
forças. A partir dessa compreensão, explicita também que a tônica maior do 
movimento de reconceituação é o compromisso com os setores populares. 
 
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14
 
Netto (2005) indica que o Serviço Social tradicional possuía a prática 
empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada, orientada por uma ética liberal-
burguesa claramente funcionalista, visando enfrentar as incidências psicossociais da 
“questão social” sobre indivíduos e grupos. Os Assistentes Sociais inquietos e 
dispostos a buscar a renovação indagaram-se sobre o papel da profissão em face 
de expressões concretamente situadas na “questão social”; a adequação dos 
procedimentos profissionais tradicionais em face das nossas realidades regionais e 
nacionais; a eficácia das ações profissionais; a pertinência de seus fundamentos 
pretensamente teóricos e o relacionamento da profissão com os novos protagonistas 
que surgiam na cena político-social. O autor faz uma avaliação do movimento e 
aponta conquistas que integraram-se na dinâmica profissional do nosso país: 
1. A articulação de uma nova concepção da unidade latino-americana; 
2. A explicitação da dimensão política da ação profissional e reiteração a 
dimensão política como constitutiva da intervenção profissional; 
3. A edificação de novas bases para uma nova interlocução do Serviço Social 
com as ciências sociais; 
4. A discussão de diferentesconcepções acerca da natureza, do objeto, das 
funções, dos objetivos e das práticas do Serviço Social; 
Não obstante, aponta de forma crítica que tal movimento, também, foi 
permeado por equívocos, ressaltando a mistura do ativismo político que obscureceu 
as fronteiras entre a profissão e o militantismo partidário. Todos os movimentos 
sociais ocorreram com equívocos e avanços, e não foi diferente com o movimento 
da reconceituação. Os avanços teriam prevalecido se ela tivesse contado com 
condições históricas e políticas mais favoráveis que permitissem analisar suas 
experiências através da crítica pública e franca. Mas os rumos da história latino-
americana, tal como se desenharam em meados dos anos 1970, impediram este 
desenvolvimento e ainda é um movimento inconcluso (BRANDÃO, 2006). 
 
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15
 
UNIDADE 3 – A CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE 
PROTEÇÃO SOCIAL BRASILEIRO 
 
Como vimos exaustivamente ao longo do curso, a existência de um efetivo 
sistema de proteção social no Brasil só emerge a partir das transformações políticas 
e econômicas dos anos de 1930 e se efetiva nos anos de 1970. Ou seja, somente 
após a alteração das bases produtivas da economia agrário-exportadora para 
urbano-industrial que aparecem as primeiras configurações de políticas sociais 
definidas pelo Estado, que viriam a definir o sistema de proteção social brasileiro, 
especialmente na década de 1970, quando já está consolidado a matriz econômica 
nacional de base industrial. 
Aproximando-se essas reflexões com os conceitos sistematizados por Draibe 
(1993) sobre os diferentes tipos de Welfare State, pode-se afirmar que no Brasil a 
organização do sistema de proteção social segue a orientação do modelo 
meritocrático-particularista, conservador ou corporativo, combinando processos de 
cooptação através de regulações e de controle corporativo com algumas 
particularidades tendo em vista o processo de formação político-econômica do país. 
Referente a periodização dos processos de constituição do sistema de 
proteção social brasileiro, evidencia-se sete grandes períodos que acompanham os 
processos de modernização das bases produtiva e o estabelecimento do perfil de 
regulação político social, conforme o quadro síntese abaixo apresentado. 
 
Síntese da periodização e configuração do sistema d e proteção no Brasil 
 
Fonte: adaptado de Draibe (1993) e Pereira (2000) 
 
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16
 
De maneira sintética e, utilizando-se do esquema proposto por Draibe (1993), 
pode-se destacar seis grandes áreas de constituição do sistema de proteção social 
no Brasil: 
(1) Previdência; 
(2) Assistência Social e Programas de Alimentação e Nutrição; 
(3) Saúde; 
(4) Educação; 
(5) Habitação; 
(6) Trabalho. 
Em cada uma dessas áreas, processos distintos de definição de benefícios, 
clientela, acessos e financiamentos evidenciam as características do modelo de 
proteção social brasileiro. 
Segundo Reis e Peruzzo (2003), a periodização explicitada no Quadro I e o 
detalhamento das áreas de constituição do sistema de proteção social estão 
diretamente relacionadas com o padrão de desenvolvimento econômico brasileiro, 
como bem explicado abaixo. 
Até 1930, as noções capitalistas de industrialização tardia e periférica 
estavam presentes inclusive na concepção de proteção social que ora versava 
enquanto caso de política, ora enquanto caso de polícia. O Estado não exercia a 
função ativa enquanto agente regulador da questão social, deixando ao mercado e à 
iniciativa privada não mercantil este atendimento, que pela natureza dessas 
instâncias, a escolha e a forma (que na maioria das vezes estava assentada na 
ajuda mútua) de atender estavam definidas a partir das demandas e preferências 
individuais. Embora com ações na gestão das políticas sociais de caráter residual, 
destaca-se, neste período, a constituição de regulamentações nas áreas do trabalho 
e previdência1. 
O período de 1930 a 1964 se caracteriza, no âmbito da economia, pela 
passagem do modelo agroexportador para urbano industrial e, no âmbito das 
orientações políticas, por dois grandes diferentes processos, embora com diferentes 
estilos governistas: 
 
1 Algumas regulamentações que marcaram este período: Lei dos Acidentes de Trabalho (1919); Lei 
Eloy Chaves (1923); Lei das Férias Remuneradas (1925), entre outras. 
 
 
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17
 
(1) ditadura Vargas (1930-1945), tendo como orientação para o equacionamento da 
questão social o aparelho do Estado, através de um sistema de gestão e regulação 
dos conflitos sociais, visando a produção do consenso e da coesão social, a 
chamada cidadania regulada2; 
(2) fase da redemocratização (1945-1964), cuja marca, no âmbito das políticas 
sociais, foi adotar, através de pactos com segmentos da elite dominante da 
sociedade, medidas de antecipação às demandas e pressões populares. Reforça-se 
neste período o cunho das políticas sociais reguladoras da cidadania3. 
O período de 1964 a 1985, conformou-se pela orientação ditatorial (e o 
processo para a abertura política), que conduziu o país a um novo ciclo de 
acumulação e modernização capitalista, associando parcerias com segmentos da 
burguesia nacional e com capitais internacionais, e no campo das relações com a 
classe trabalhadora, imprimindo uma política repressiva as suas reivindicações e 
manifestações. 
Esse período se caracterizou pelo rápido crescimento e acelerado processo 
de transformação da estrutura social e pautou-se pela expansão do trabalho 
assalariado e elevados graus de concentração da renda (REIS; PERUZZO, 2003). 
Os resultantes deste modelo de crescimento podem ser resumidos pelo 
paradoxo – aumento de progresso econômico e aumento da exclusão social. Foi 
neste período que a política social se integra de fato ao conjunto de políticas de 
governo, como estratégias para a legitimação do modelo de desenvolvimento (I e II 
PND). 
O sistema de proteção social neste período manteve como orientação a 
estratégia conservadora na definição e gestão das políticas sociais, cujas medidas, 
embora existindo a expansão da cobertura e oferta de bens e serviços, a redução do 
 
2 Se caracteriza pela regulação compulsória dos direitos, pelo estilo de acesso aos mesmos. Neste 
período, os direitos estavam vinculados a inserção formal no mercado de trabalho, sendo 
diferenciado pelos setores da economia e a parcela contributiva dos trabalhadores aos mesmos. 
Consultar Laurell (1995). 
 
3 Algumas políticas deste período: criação do Ministério do Trabalho (1931); seguro contra velhice, 
invalidez e acidente de trabalho (1937); instituição do salário mínimo (1940); consolidação da CLT 
(1943); criação do SESI, SESC e LBA (1945); Lei Orgânica da Previdência (1960); criação do BNH 
(1964), entre outras. 
 
 
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caráter redistributivista, a regressividade dos mecanismos de financiamento e acima 
de tudo a privatização dos espaços públicos.4 
A gestão das políticas sociais, até a década de 1980, manteve orientações 
exercidas através do Estado, embora sempre tenha convivido com outras formas de 
proteção como as de orientação privadas mercantis ou não mercantis, 
especialmente vinculadas a proteção de grupos sociais específicos. Mantendo, no 
âmbito do atendimento, a orientação diferenciada, de um lado políticas sociais 
protecionistas de recorte regulado voltadas às parcelas da população inserida no 
mercado formal de trabalho e de outro, políticas focalizadas àquelas populações não 
inseridas no mercado formal de trabalho (REIS; PERUZZO, 2003). 
Na década de 1980, o Brasil viveu de um lado um processo de transição 
democrática e por outro lado, como em todos os países do mundo, os impactos da 
recessão econômica mundial, que pôs em xeque, dentre outras orientações, o 
referencial teórico keynesianista que foi o orientador dos modelos de Estados de 
bem-estar social. 
Em linhas gerais, pode-se sintetizar no âmbito do cenário mundial as 
seguintes questões: 
• reduzido crescimento da produtividade decorrente do esgotamento do 
paradigma tecnológico dominante; 
• crescente descontentamento dos trabalhadores; 
• elevação da inflação; 
• redução da capacidade de arrecadação do Estado, comprometendo as suas 
receitas e também aumentando os seus gastos, em razão do crescimento do 
desemprego e outras expressões da questão social gerando, em última 
instância, crescentes dívidas públicas; e, 
• fim do acordo de Bretton Woods e da conversibilidade do dólar, com a 
propagação da instabilidade nos mercados de câmbio, nos mercados 
financeiros e nos mercados de produtos, bem como no acirramento da 
competição internacional. 
 
4 Algumas políticas que marcaram este período: criação do INPS (1966); criação do FGTS (1967); 
reforma do ensino superior (1968); definição das Diretrizes e Bases da Educação (1971); definição do 
Estatuto do trabalhador rural (1973); criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (1974); 
criação do Sistema Nacional de saúde (1975); criação do FUNRURAL (1975); criação do SINPAS 
(1975); criação do Mobral (1985), entre outras. 
 
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Agregaram-se a estes aspectos: o aumento dos preços do petróleo – matéria-
prima essencial da matriz energética e do padrão de industrialização dos países de 
economia central – e a elevação das taxas de juros americanas, que se constituiu, 
nos anos de 1980, numa das razões da “crise da dívida externa” dos países de 
periferia. 
Novamente o que estava em confronto, nesta nova conjuntura, era a garantia 
do lucro e, como a sua base, na forma capitalista de produção, é o trabalho, tornou-
se, então, importante, de um lado, reorganizar o trabalho para retomar o movimento 
de extração do excedente visando à ampliação da acumulação de capital, cujo 
modelo de sustentação é o flexível e de outro, a defesa de um capitalismo livre de 
regras, sem obstáculos à ação do mercado, cujo receituário teórico é o paradigma 
neoliberal (ANTUNES, 1995, 1999). 
As bases de sustentação do paradigma neoliberal podem ser assim 
sintetizadas: 
• defesa do individualismo; 
• igualdade social enquanto oportunidades ou condições iniciais para todos; e, 
• força da ideologia de mercado como orientadora das políticas econômicas e 
sociais. 
No que se refere às mudanças nos processos produtivos, mudanças 
comumente chamadas de reestruturação produtiva, se assentada especialmente no 
conceito de flexibilidade, tanto no âmbito produtivo como nas reformulações do 
capital financeiro. 
No âmbito produtivo, a reestruturação é facilitada pelos processos 
microeletrônicos, que acentuam a produção vinculada à demanda (produção variada 
e heterogênea), exigindo, como decorrência, um novo perfil da força de trabalho, 
marcado pelo número cada vez menor de trabalhadores fixos e com estabilidade, 
por um número maior de trabalhadores subcontratados, sem vínculos, sem proteção 
social, mas, ao mesmo tempo, envolvidos e comprometidos com o processo 
produtivo, seja pela requerida polivalência e multifuncionalidade produtiva, seja pela 
insegurança e fácil substitucionalidade do processo de trabalho (REIS; PERUZZO, 
2003). 
 
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No âmbito financeiro, a reestruturação se dá pela desregulamentação da 
atividade produtiva estatal e pela desregulamentação dos sistemas de proteção 
social públicos, pois para a gestão da matriz produtiva flexível a liberdade do 
mercado é fundamental. Assim sendo, a ação do Estado deve ser mínima no sentido 
de garantir a ordem pública e arbitrar os conflitos que a sociedade civil não resolve 
sozinha, e ao mesmo tempo, possibilitar a despolitização do mercado, uma vez que 
a liberdade absoluta de circulação dos indivíduos e dos capitais privados é 
fundamental para que haja competitividade e autonomia desses indivíduos. 
Os preceitos neoliberais como estratégia de saída da crise estão assentados 
nas seguintes questões: 
(1) num Estado forte para legislar no sentido de garantir as ações do livre 
mercado; 
(2) num Estado mínimo para com os gastos sociais e regulamentações 
econômicas; 
(3) supremacia à estabilidade monetária; 
(4) reformas públicas para contenção de gastos sociais; 
(5) reforma fiscal, diminuindo os impostos sobre os rendimentos mais altos; 
(6) desmonte do sistema de proteção social pactuado politicamente. 
No âmbito do Brasil, os impactos do novo paradigma teórico orientador da 
reforma do Estado, no sistema de proteção social, ocorreram tendo em vista dois 
movimentos: de um lado reformas sociais advindas da transição democrática, que 
favoreceram a incorporação, na Constituição Federal, do recorte das políticas 
sociais enquanto direitos sociais de cunho redistributivista5; e de outro lado um 
movimento de ajustes voltados às adequações da modernização econômica e 
institucional do país, que em última instância retoma o caráter patrimonialista e 
populista do sistema de proteção social. 
Assim, de 1985 a 1990, período da transição democrática, prevaleceu, no 
campo de ação das políticas sociais estratégias reformistas, de cunho liberal, 
visando adequação tanto à política de crescimento sustentado, quanto à ampliação 
do atendimento das necessidades sociais da população. Este período é marcado 
 
5 Somente com as mudanças políticas requeridas no final da década de 80, que ocorre a 
incorporação da assistência social enquanto política pública, ao lado da política previdenciária e da 
política de saúde. 
 
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pelo paradoxo “orientações de mudanças progressistas” versus “orientações de 
reformas liberais”. Referente as orientações progressistas, a marca central foi o 
processo de construção e de aprovação da chamada Constituição Cidadã Brasileira, 
que introduziu teoricamente o referencial de universalização dos direitos e, no 
campo da gestão, inaugurando mecanismos de integralidade da proteção social 
pública na configuração da política de seguridade social (previdência, saúde e 
assistência social), através de um novo modelo de financiamento (fundos e 
orçamentos únicos) e um novo modelo de gestão pública (descentralização e 
criação de conselhos públicos e de direitos sociais paritários tendo em vista as 
esfera de governo federal, estaduais e municipais e a sociedade civil). E no âmbito 
das reformas liberais, evidencia-se os ajustes estabelecidos pelas programáticas de 
governo, sob orientação dos organismos internacionais, como imperativo de 
enfrentar a crise e a instabilidade macroeconômica, quais sejam substituir a 
orientação keynesianista pelo monetarismo.6 
Assim sendo, o caráter de uma sistema de proteção social público sob forma 
de políticas redistributivistas e universalistas, que vinha se inaugurando, mesmo que 
timidamente, no Brasil é solapado pelo retorno mais agudo das características da 
meritocracia e do particularismo orientados pela focalização e seletivização das 
políticas sociais. 
Evidencia-se estas características, na reforma no sistema de proteção social 
brasileiro, pela redução do gasto social no financiamento do sistema, pela ampliação 
de serviços privados, pela flexibilização nas políticas de regulação social, pela 
assistencialização das políticas sociais voltadas a segmentos populacionais. Todas 
essas reformas imprimidas num contexto de ampliação do desemprego e de 
reposicionamento das matrizes produtivas (REIS; PERUZZO, 2003). 
 
 
6 Políticas que marcaram o período de 1985 e a década de 1990: criação do seguro desemprego 
(1986); aprovação da Constituição Federal (1988); criação do Estatuto da Criança e Adolescente 
(1990); aprovação da Lei Orgânica da Seguridade Social (1991); aprovação da Lei Orgânica da 
Saúde (1991); aprovação da Lei Orgânica da Assistência Social (1993); aprovação da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação (1996); Reforma da Previdência Social (1998); entre outras. 
 
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UNIDADE 4 – O SERVIÇO SOCIAL NA INICIATIVA PRIVADA 
 
Não obstante ser vasto o campo de atuação do Assistente Social e o fato de 
muitos ligarem sua atuação somente junto ao Estado, esse profissional participa e 
contribui sobremaneira junto às empresas, ou seja, junto à iniciativa privada. Sua 
participação na dinâmica institucional das organizações privadas pode acontecer de 
várias maneiras, quer seja por intermédio de projetos específicos de intervenção ou 
por meio de atendimentos sociais realizados aos colaboradores. 
O mercado de trabalho exige novos requisitos para o trabalho profissional dos 
assistentes sociais tais como: profissional multidisciplinar, com raciocínio lógico, 
aptidão para novas qualificações, conhecimento técnico geral e da lógica do 
trabalho, responsabilidade com o processo de produção, resolução rápida de 
problemas, e capacidade de decisão rápida, disposição para apreender e 
empreender, dentre outras. A exigência não é tão somente “vestir a camisa da 
empresa” é necessário que ele pense pela empresa e seja competente (SOUZA, 
PINHEIRO, GIBIM, 2010). 
Segundo Iamamoto (2003), o profissional de Serviço Social deve ser 
consistente e propositivo e capaz de atuar, criticamente, em novos espaços e ter um 
desempenho profissional adequado. Capaz de responder as demandas imediatas, 
mas transformá-las em respostas profissionais sustentáveis. 
A leitura hoje predominante da “prática profissional” é de que ela não deve ser 
considerada isoladamente em si mesma, mas em seus condicionantes sejam 
“internos” – os que dependem do desempenho profissional ou externo –
determinados pelas circunstâncias sociais nas quais se realiza a prática do 
assistente social. 
Os primeiros são geralmente referidos a competências do assistente social 
como, por exemplo, acionar estratégias técnicas, capacidade da leitura da realidade 
conjuntural, a habilidade no trato das relações humanas, a convivência numa equipe 
interdisciplinar, etc. 
Os segundos abrangem um conjunto de fatores que não dependem 
exclusivamente do sujeito profissional, desde as relações de poder institucional, os 
recursos colocados a disposição para o trabalho pela instituição ou empresas que 
contrata o assistente social, as políticas sociais específicas, os objetivos e 
 
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23
 
demandas da instituição empregadora a realidade social da população usuária dos 
serviços prestados, etc. (IAMAMOTO, 2003, p. 94). 
Um dos desafios para o assistente social na contemporaneidade é 
desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir proposta de trabalho 
criativo, ou seja, capazes de preservar e efetivar direitos a partir das demandas 
postas no cotidiano profissional, ser um profissional propositivo e não somente 
executivo, ter atitudes ousadas frente as novas demandas e ampliar o espaço 
profissional. 
Dentro de muitas empresas, o Serviço Social sofreu impactos da 
reestruturação produtiva. As empresas preocuparam em redefinir a política de 
recursos humanos, englobando no conjunto demais políticas e estratégias 
organizacionais, tais como: o desenvolvimento de programas participativos; incentivo 
a produtividade do trabalho; capacitação; treinamento; programas de qualidade total; 
ampliação do sistema de benefícios, dentre outros (SOUZA, PINHEIRO, GIBIM, 
2010). 
Em muitas empresas, o Assistente Social é requisitado como mediador de 
novas formas de controle de trabalho, ou seja, nas empresas, a prática profissional 
está relacionada com as alterações nas modalidades de consumo da força de 
trabalho, com as novas estratégias de controle persuasivos e com as políticas de 
benefícios e incentivos para os trabalhadores. 
O Serviço Social é uma profissão intrinsecamente determinada pelas 
condições sociais em que se realiza, atendendo contraditoriamente as demandas da 
empresa e do trabalho; sua particularidade, nos setores geridos pelo capital, sempre 
constituiu na busca de respostas mediadoras para a situação de conflito. E o 
exercício profissional do Assistente Social é atuar nesta contradição capital/trabalho 
no modo de produção capitalista. É um movimento contraditório, pois, ao mesmo 
tempo que permite a reprodução e a continuidade da sociedade de classe, cria as 
possibilidades de transformação (SEIXAS, 2007, p. 56). 
O Serviço Social também é requisitado na empresa para intervir e responder 
aos problemas que interferem no processo de produção tais como: acidentes, 
alcoolismo, absenteísmo, insubordinação, relacionadas à vida privada do 
trabalhador que afetam o seu desempenho no trabalho, conflitos familiares, 
 
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doenças, dificuldade financeira etc. Sendo assim, o Assistente Social executa 
serviços sociais asseguradores da manutenção da força de trabalho no espaço da 
reprodução. 
Na empresa privada, o Assistente Social é selecionado para administrar 
benefícios, atuar em programas, com a finalidade de atender o trabalhador em suas 
necessidades, para que possa produzir mais e melhor, com mais eficiência e 
produtividade, dentro da ordem vigente do capital. O Serviço Social participa tanto 
do processo de produção e reprodução dos interesses de preservação do capital, 
quanto das respostas às necessidades de sobrevivência do trabalhador (SEIXAS, 
2007, p. 58). 
É preciso criar novas estratégias para as questões que recaem sobre a ótica 
de inversão do Serviço Social, o padrão empresarial vem diversificando as 
requisições feitas ao serviço social, diminuindo as demandas dos assistentes sociais 
passando para outros profissionais, seja pelo surgimento de novas atribuições e 
papéis profissionais, surgindo uma nova modalidade de trabalho para o Assistente 
Social, o trabalho em equipes interprofissionais. 
Essas equipes têm sido chamadas a atuar em programas de qualidade de 
vida, prevenção de doenças, na promoção de motivação para o trabalho, em 
programas como saúde do trabalhador, círculos de qualidade, gerenciamento 
participativo, clima social no trabalho, entre outros (IAMAMOTO, 1999, p. 84). 
Em contrapartida, a empresa ao colocar seus serviços sociais, direciona seus 
objetivos para a redução dos custos, concentrarem riqueza, desemprego, 
desproteção social, terceirização, desmonte das políticas de incentivo a 
independência econômica e objetivando a maximização de seus lucros. As 
empresas utilizam de um código de ética onde expressam seus princípios, através 
da sua missão, visão de valores em um quadro de avisos expostos para 
conhecimento do funcionários bem como para os clientes. É importante salientar que 
não existe preocupação com valores éticos, mas com a sua legitimidade do lucro na 
lógica do capital. O assistente social participa desses princípios ativamente, na 
inclusão do funcionário, no treinamento, nas atividades cotidianas, etc. 
 
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25
 
Por isso é necessário fazer a com que o projeto profissional do Serviço Social 
seja efetivado e consolidado em realidades distintas como as empresas (SOUZA, 
PINHEIRO, GIBIM, 2010). 
Vale ler na íntegra o artigo redigido pelo Assistente Social Thiago Stopassolli, 
que parece bem claro e simples de entendimento: 
Esta intervenção profissional visa a uma melhor qualidade de vida apesar de 
não reordenar as relações de produção, contribui com o acesso à informação e 
encaminhamentos que buscam sistematizar o atendimento à situação-problema 
apresentada pelo cliente, bem como, propiciar uma solução eficaz. 
Segundo o autor, questões relacionadas à saúde dos trabalhadores tornam-
se, cada dia mais um fator de preocupação para as empresas, fazendo com que 
passem a adotar políticas de prevenção e controle do ambiente de trabalho interno 
e, que exercem influência direta sobre a qualidade de vida de seus colaboradores. 
Atento a esse fato, o profissional de Serviço Social procura trabalhar aspectos que 
influenciam diretamente na qualidade de vida, principalmente, na forma de 
prevenção de fatores que resultam em doenças e agravos a saúde. 
Em geral, o Assistente Social não é contratado para garantir ao trabalhador 
realizar-se profissionalmente ou que tenha as suas necessidades individuais e 
sociais satisfeitas. Mas, mediar as relações de interesse do capital (empresa) e do 
trabalho (colaborador), na busca de condições mais humanas de trabalho 
articulando o campo dos valores, dos comportamentos, do conhecimento e da 
cultura dos envolvidos. 
Através dessas mediações, que funcionam como dutos por onde fluem as 
relações entre as várias instâncias e atores da empresa, o Serviço Social apresenta-
se como a intervenção que o Assistente Social faz nas relações sociais, viabilizando 
os meios para a conscientização e conquista dos direitos. 
É atribuído, também, a esse profissional o papel de intervenção direta nas 
relações sociais na empresa, o que pressupõe mudanças tanto junto aos 
trabalhadores como à organização profissional que prevê ou colabora na solução 
das dificuldades de ordem pessoal e social de seus membros, orientando de forma a 
se tornarem integrados individualmente ou em grupo. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
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O desafio enfrentado pelo Assistente Social é o de estruturar uma prática 
profissional que redirecione o modelo capitalista das relações de trabalho que exige 
uma construção estratégica que relacione direitos, necessidades e desejos dos 
trabalhadores à produtividade e lucratividade. 
Na busca pela qualidade de vida como questão determinante da melhoria da 
relação entre empresa e colaboradores, o desafio imposto ao Serviço Social é ainda 
maior. Grande parte das organizações observa não a promoção desta saúde, mas a 
redução dos danos gerados; não sua prevenção, mas o tratamento dos efeitos, 
mesmo sabendo que eles representam custos superiores. 
Na execução de atividades de cunho educativo, o Serviço Social realiza 
parceria junto a órgãos internos da própria empresa a fim de obter melhores 
resultados, como por exemplo, em parceria da Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes (CIPA). 
Dentre os instrumentos mais usados na execução das atividades destacam-
se: 
• reuniões educativas; 
• plantões sociais; 
• palestras; 
• pesquisas de campo; 
• comunicação pessoal e grupal; 
• elaboração de materiais informativos; 
• trabalhos interprofissionais; 
• entrevistas; e outros. 
O princípio da intervenção do Serviço Social nas instituições inicia-se com o 
estudo de informações que contribuam para a criação de um diagnóstico 
institucional como forma de melhor analisar os fatores que, no ambiente de trabalho, 
exercem influência positiva ou negativa sobre os trabalhadores e que possa ser 
melhor trabalhado. 
Em relação às questões de saúde e qualidade de vida, essas se apresentam 
como desafio atual ao Serviço Social nas empresas e possuem entre si pontos 
comuns que procuram atender algumas necessidades humanas, sejam elas, 
materiais, psicossociais, educacionais e culturais. 
 
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A participação do Assistente Social procura intervir tanto no lado do capital 
como no lado do trabalhador através da medição dos seus opostos na busca pela 
“construção” de sujeitos políticos da classe trabalhadora, o quese caracteriza pela 
ruptura do conservadorismo meramente assistencial da prática profissional. 
O Serviço Social nas empresas, como os demais segmentos das áreas de 
recursos humanos, vem assumindo o papel de assessoramento de gerentes nas 
questões relacionadas à administração de pessoal, à integração dos trabalhadores 
aos novos requisitos da produção, à modernização das relações de trabalho e ao 
tratamento das questões sociais ou interpessoais que afetam o cotidiano dos 
trabalhadores. 
Hoje, a prática do Serviço Social nas empresas considera a mesma como 
uma organização social que incluem toda uma problemática do homem 
(trabalhador), para compreender, analisar e propor melhorias nas condições de 
trabalho visando, além do desenvolvimento físico, social e político dos colaboradores 
nesta realidade, a transformação do ambiente na busca de uma melhor qualidade de 
vida (STOPASSOLLI, 2008). 
Transcrevemos abaixo o resultado de uma pesquisa realizada por Souza, 
Pinheiro e Gibim (2010) no tópico que discorre sobre programas sociais 
desenvolvidos por uma empresa da iniciativa privada que pode servir de inspiração 
e/ou sugestão futuro. 
Trabalho com o idoso : são feitas palestras sócioeducativas, passeios, 
atividades físicas, dança, coral, desenvolvidas pelos assistentes sociais e pelo 
professor de educação física, sempre chamam outros profissionais para contribuírem 
com o projeto. 
Projeto de geração de renda : são oferecidos cursos para os segurados 
agregarem sua renda, como bordado em pedraria, artesanato em bisqui, manicure, 
arranjos florais, garçom e garçonete, oficinas de fuxicos, dentre outros. 
Projeto visita pós-morte : quando ocorre um falecimento são feitas 
orientações sobre as etapas do luto, para que este momento de sofrimento seja 
mais sereno apesar da dor. Dentro deste projeto surgiu a necessidade de iniciarmos 
um projeto com as mães que perderam seus filhos precocemente, para estes 
trabalho podem buscar a supervisão de uma Psicóloga. 
 
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Grupo de apoio à família enlutada : neste projeto abordar o que é o luto, as 
reações dos enlutados, nos aspecto emocional como a culpa, pesar, tristeza, 
ansiedade, desorganização mental, choro, choque, raiva, desmotivação, negação da 
realidade, desespero; no aspecto físico, tremores musculares, problemas 
gastrintestinais, dificuldade de respirar, dores no peito, dor de cabeça, elevação da 
pressão, falta de apetite; comportamento social, silêncio excessivo, dificuldades para 
dormir, isolamento, dificuldades em se relacionar; no aspecto espiritual, Raiva de 
Deus, questionamento sobre as crenças, crises com representantes da religiões. 
Diante desses aspectos como que a família faz para reagir ao luto, aceitando a 
realidade da perda, expressar a dor da perda, ajustar-se a nova vida sem o falecido, 
reorganizar emocionalmente e prosseguir a vida. 
 
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UNIDADE 5 – O SERVIÇO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR 
 
Antes de mostrarmos a trajetória percorrida pelo Terceiro Setor, vamos 
lembrar que no contexto do Serviço social, embora tenha sido recebido com 
ressalvas, cuidados, indiferenças e até críticas contundentes não há como negar a 
evidência social , econômica e política que esse “setor” tem alcançado no cenário 
internacional e nacional (COSTA, 2005). 
O Terceiro Setor tem se constituído em terreno fértil para a atuação de 
profissionais das ciências humanas e sociais, dentre os quais têm se destacado 
especialmente os administradores que, com primor profissional, têm transferido para 
as instituições não governamentais, de assistência social, educação, saúde, lazer, 
cultura, dentre outras, conhecimentos e técnicas de gestão segundo a lógica 
empresarial. E a lógica da gestão de políticas sociais, em que o assistente social 
muito pode contribuir, onde tem ficado? Perdeu-se na ênfase dada ao papel do 
assistente social na gestão de políticas públicas? Com essa indagação em mente, 
concordamos com Costa (2005), que temos como primeiro grande desafio sobre 
esse tema a compreensão sobre o que vem a ser terceiro setor, sua configuração e 
principais características e desafios. 
Diversos autores, que têm trabalhado esse conceito, partem da explicação 
inicial de que a sociedade atual está estruturada a partir de três grandes setores: o 
Estado ( primeiro setor ), o Mercado ( segundo setor ) e Organizações da Sociedade 
Civil que atuam sem finalidade de lucro com atuações de interesse público (terceiro 
setor ). Sendo assim, o Estado atua na esfera pública estatal, o Mercado na esfera 
privada e o Terceiro Setor na esfera pública não estatal. 
Embora a grande maioria dos autores, que busca uma conceituação do 
Terceiro Setor, não reforce o fato de que a Realidade Social não se configura de 
forma fragmentada, dividida em três setores, como se fossem fenômenos isolados 
entre si, enfatizamos que não podemos desconsiderar que esta Realidade precisa 
ser compreendida em sua totalidade social. Isto é, o político, o econômico e o social 
articulam-se indissociavelmente determinando a conjuntura e as demandas sociais. 
Portanto, ao pontuarmos esses três setores de forma separada é tão somente 
para fins didáticos e de explanação, pois eles na realidade são profundamente 
interligados e interdependentes, compondo uma realidade social dialética e em 
 
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constante processo de mudança; mudanças essas cada vez mais aceleradas em um 
mundo contemporâneo marcado pela complexidade, incerteza e instabilidade 
(COSTA, 2005). 
 
5.1 Surgimento do Terceiro Setor 
Desde meados do século XX, temos visto que o Estado, sozinho, não 
consegue prestar os serviços sociais a contento. Nesse diapasão, levou-se a 
repensar numa forma de solucionar o problema que estava instalado; passou-se a 
discutir num novo modelo de Estado para deixá-lo um ente mais enxuto e eficiente e 
para tanto precisava contar com o auxílio dos cidadãos. 
Eis que vimos o surgimento do Terceiro Setor, formado por organizações 
privadas, sem fins lucrativos, desempenhando ações de caráter público. Alguns 
conceitos de Terceiro Setor são trabalhados por diferentes autores que têm se 
destacado enquanto estudiosos do assunto: 
[...] por Terceiro Setor entenda-se (...) a sociedade civil que se organiza e 
busca soluções próprias para suas necessidades e problemas, fora da lógica do 
Estado e do mercado (RODRIGUES, 1998 p. 31). 
[...] o Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas 
e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não governamental, 
dando continuidade a práticas tradicionais de caridade, da filantropia e do mecenato 
e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação 
do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil. 
(FERNANDES, 1997 p. 27). 
Essas organizações não fazemparte do Estado, nem a ele estão vinculadas, 
mas se revestem de caráter público na medida em que se dedicam a causas e 
problemas sociais e em que, apesar de serem sociedades civis privadas, não têm 
como objetivo o lucro, e sim o atendimento das necessidades da sociedade 
(SALAMON, 1998, p. 07). 
Portanto, o Terceiro Setor é formado por instituições (associações ou 
fundações privadas) não governamentais, que expressam a sociedade civil 
organizada, com participação de voluntários para atendimentos de interesse público 
em diferentes áreas e segmentos. Avança da perspectiva filantrópica e caritativa 
 
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para uma atuação profissional e técnica, na qual os usuários são sujeitos de direitos, 
tendo em vista o alcance de um trabalho qualitativamente diferenciado daquele que 
sempre marcou a história dessas organizações: o assistencialismo e a filantropia 
(COSTA, 2005). 
Geralmente o termo terceiro setor é utilizado para identificar que o espaço 
dessas organizações na vida econômica não se confunde nem com o Estado nem 
com o mercado, trata-se de um setor que identifica-se com uma terceira forma de 
redistribuição de riqueza, diferente da do Estado e da do mercado (SEBRAE-MG, 
2011). 
A redistribuição conduzida pelo Estado é feita através do monopólio do poder 
de coerção, da existência de um modelo institucional e da normatização jurídica. O 
Estado objetiva a redistribuição da produção da sociedade a todos os seus membros 
e tenta sanar as desigualdades produzidas pelo mercado. A realocação do Estado é 
movida pela lógica de justiça social. 
A redistribuição conduzida pelo mercado, diferente da redistribuição pela via 
política, necessita de que todos os indivíduos sejam livres para que haja 
possibilidade de se estabelecer contatos, os quais sempre são feitos baseados em 
alguma noção de utilidade (Colozzi, 1985 apud SEBRAE-MG). A redistribuição de 
mercado coordena a organização da sociedade capitalista. O mercado move-se pela 
lógica do aumento da riqueza. 
O terceiro setor é uma mistura de princípios públicos e privados e, portanto, 
constitui um outro mecanismo redistribuidor de riqueza. As ações do terceiro setor 
partem da sociedade civil e obedecem à lógica do altruísmo, da filantropia, da 
reciprocidade, dos costumes e tradições, das concepções morais e religiosas, etc. 
Fernandes (1994) considera o terceiro setor como uma das possibilidades 
lógicas do universo de quatro combinações possíveis da conjunção público e 
privado: 
 
AGENTES 
 
FINS 
 
SETOR 
Privados 
PARA 
Privados 
IGUAL A: 
Mercado 
Públicos Públicos Estado 
Privados Públicos Terceiro Setor 
Públicos Privados (corrupção) 
 
 
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O terceiro setor agrega organizações como Fundações, Associações, 
institutos, entidades que atuam atendendo demandas sociais, que o Estado em crise 
de legitimidade e incapacidade de financiar não consegue atender, utilizando 
recursos privados ou parcerias com o próprio Estado (SEBRAE-MG, 2011). 
A grosso modo, Costa (2005) apresenta três principais razões que explicam a 
emergência do Terceiro Setor : 
1. A substituição gradativa e intencional das funções do Estado de Bem Estar 
Social pelo chamado Estado Mínimo, resultante da implantação também 
gradativa da política neoliberal, levando ao sucateamento das políticas sociais 
públicas. Embora o Estado de Bem Estar Social nunca tenha sido implantado 
efetiva e amplamente no Brasil, não podemos desconsiderar ações sociais de 
iniciativa pública, de importante presença no atendimento à questão social 
brasileira, reforçada, a partir de 1988, pela Constituição Federal seguida de 
diferentes leis orgânicas relacionadas ao atendimento a diferentes áreas e 
segmentos, que as promulgaram como dever do Estado e direito de 
cidadania; 
2. A legislação social trazida pela Constituição Federal de 1988 e decorrentes 
Leis Orgânicas que, garantidoras dos direitos sociais e de cidadania, com 
ênfase na participação popular, implicou na necessidade do reordenamento 
técnico e administrativo das instituições estatais e da rede privada. Além 
disso, houve o surgimento cada vez mais atuante e participativo de grupos 
sociais organizados, buscando fazer valer os direitos e conquistas trazidas 
por essa legislação. 
3. O acirramento da questão social: profundas desigualdades sociais, pobreza 
acentuada, fome, aumento da violência, etc. 
Nessa nova conjuntura política, social e econômica que vem se desenhando 
principalmente ao longo das duas últimas décadas, no contexto brasileiro, as 
organizações e instituições que atuam no chamado Terceiro Setor, principalmente 
na esfera da assistência social, educação e saúde, buscam não apenas sobreviver, 
mas atuar com qualidade social. 
 
 
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5.2 A Constituição Federal e o Terceiro Setor 
A CF/88, de modelo Social e Democrático de Direito, abraça o Terceiro Setor 
na medida em que convoca os cidadãos, a coletividade, a sociedade a se unirem em 
busca da justiça social, auxiliando o Estado na consecução dos direitos sociais, sem, 
contudo, abrir mão do seu “dever” de realizar os direitos sociais fundamentais do 
homem. 
Os objetivos traçados no art. 3º do texto constitucional são de 
responsabilidade da República , ou seja, não se trata de responsabilidade apenas 
do Estado, mas deste e da sociedade, pois caso fosse só do Estado, o constituinte 
teria expressamente dito. 
A prestação dos serviços de cunho social pelo Estado e pelo Terceiro Setor 
pode ser harmonizada. O Estado quando presta os serviços sociais o faz na 
qualidade de serviços públicos entendidos como: 
Toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material fruível 
pelos administrados, prestados pelo Estado ou por quem lhe faça as vezes, debaixo 
de regras de direito público. O Terceiro Setor se insere dentro do contexto de novas 
prestações de serviços por particulares sem, contudo, afastar a atuação do Estado, 
pois a atuação da iniciativa privada não retira do Estado seu dever constitucional. 
Aqui se deve abrir um parêntese para se distinguir serviço público de serviço 
de interesse social ou de utilidade pública na tentativa de se obter uma melhor 
compreensão da natureza dos serviços prestados pelo Terceiro Setor em 
cooperação com o Estado. 
O serviço público é intransferível, sendo prestado apenas pelo Estado ou 
quem lhe faça as vezes, por meio de concessão ou permissão, mas sempre debaixo 
de regras de direito público. Em sentido lato, o serviço público é transferível porque 
existem outras entidades que prestam serviços públicos que não o Estado ou quem 
lhe faça as vezes como, por exemplo, as Organizações Sociais e as Organizações 
da Sociedade Civil de Interesse Público. Por isso, quando são prestados pela 
iniciativa privada, melhor se enquadram na definição de serviços de interesse social 
ou de utilidade pública, vez

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