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Imunologia TGI

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Ana Luiza Azevedo Medicina 
Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
IMUNOLOGIA 
IMUNOPATOGÊNESE NAS INFECÇÕES DO TRATO 
GASTROINTESTINAL 
 
 
MICROBIOTA DO TGI 
 
O termo microbiota intestinal refere-se à população de micro-organismos, como 
bactérias, vírus e fungos, que habita todo o trato gastrointestinal, e tem como funções 
manter a integridade da mucosa e controlar a proliferação de bactérias patogênicas. 
As bactérias patogênicas são organismos capazes de produzirem doenças infecciosas aos 
seus hospedeiros sempre que estejam em circunstâncias favoráveis. 
 
A microbiota é um campo diverso, sendo uma barreira biológica. 
Embora o padrão da microbiota seja estabelecido nos primeiros anos de vida, pode haver 
variação por fatores externos como: 
• A dieta- indivíduos com o hábito de consumir uma quantidade elevada de 
alimentos industrializados (carboidratos refinados, açúcares simples e gorduras 
saturadas) têm maior predisposição para a disbiose, que é uma alteração na 
composição desses micro-organismos. 
• Uso exagero de antibióticos 
• Idade 
• Características socioeconômicas e culturais 
 
CATEGORIAS: 
 
A microbiota pode agir de maneira benéfica ou, em algumas situações, pode ser 
prejudicial para o indivíduo. Podem	 ser	 distinguidas	 a	 microbiota	 residente,	
constituída	 por	 organismos	 específicos, encontrados, frequentemente, em 
determinadas áreas e	 a	microbiota	 transitória,	 que	 consiste	de	micro-organismos		
provenientes	do	ambiente,	que	habitam	a	pele	e	as	superfícies	mucosas.	
	
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
2 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
A microbiota indígena exerce numerosos efeitos, tanto na defesa do hospedeiro como na 
produção de nutrientes, no processo digestivo e no desenvolvimento de tecidos e órgãos. 
Eventualmente, pode constituir importante reservatório de agentes etiológicos para 
doenças infecciosas. 
 
Defesa do hospedeiro 
 
A microbiota indígena pode atuar na proteção contra infecções através da exclusão de 
microrganismos e da estimulação do sistema imunitário. 
 
MICROBIOTA DO TGI: ORIGEM 
 
A colonização do corpo humano tem início no momento do nascimento; o indivíduo entra 
em contato, de forma fortuita, com micro-organismos presentes no canal do parto e 
ambiente e, a seguir, os microorganismos passam a ser introduzidos, também, com os 
alimentos. A microbiota iniciada no momento do nascimento faz parte da microbiota 
transitória ( alóctones ) já que faz parte da iniciação da microbiota epitelial. 
 
A primeira mamada é a primeira fonte de bactérias que vai colonizar inicialmente o trato 
gastrointestinal. 
 
• A Bifidobacterium ssp constitui mais de 90% da microflora do recém-nascido que 
possuem a dieta exclusiva com leite materno. 
• O leite humano possui fatores que contribuem para o crescimento e funcionam 
como probióticos. 
• Os probióticos são microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio 
microbiano intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo. 
 
Quando a amamentação é feita através da mamadeira, há o contato com outros tipos de 
bactérias, fazendo com que a porcentagem da Bifidobacterium na constituição da 
microflora seja reduzida. 
 
Já na complementação alimentar, quando se é utilizado o leite de vaca, às 
Bifidobacterium são substituídas por outras bactérias como Lacrobacillus ssp, 
Enteeococcus ssp, Staphylococcus ssp. 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
3 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
A colonização completa do trato gastrointestinal infantil é de extrema importância para 
a saúde da criança e, posteriormente, para o adulto. Dentre suas inúmeras funções, 
podemos destacar: 
 
• Controle da proliferação de bactérias patogênicas presentes no trato intestinal 
• Estímulo do sistema imunológico 
• Regulação da absorção de nutrientes 
• Participação na produção de vitaminas e enzimas, como vitamina K e biotina 
• Produção de componentes necessários para a renovação celular 
DIVISÃO BACTERIANA INTESTINAL 
PRINCIPAIS GRUPOS 
A microbiota pode se tornar patogênica por influências externas. Existem bactérias 
patogênicas que não fazem partes da nossa microbiota natural e que são introduzidas 
via alimentar, causando uma perturbação, como por exemplo com a redução de 
Lactobacillus, fazendo com que essas bactérias patogênicas se alojem causando uma 
patologia. 
 
Temos dois grupos principais, as gram negativas e gram positivas. 
 
As bactérias Gram-positivas retém o cristal violeta devido à presença de uma espessa 
camada de peptidoglicano (polímero constituído por açúcares e aminoácidos que 
originam uma espécie de malha na região exterior à membrana celular 
das bactérias) em suas paredes celulares, apresentando-se na cor roxa. 
 
Já as bactérias Gram-negativas possuem uma parede de peptidoglicano 
mais fina que não retém o cristal violeta durante o processo de 
descoloração e recebem a cor vermelha no processo de coloração final. 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
4 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
 
 
 SISTEMA IMUNE NAS BARREIRAS EPITELIAIS 
 
A mucosa do trato gastrointestinal é uma área de intenso contato com o meio externo e 
um local onde diferentes padrões de resposta imunológica podem acontecer. Estas 
respostas são determinadas especialmente pela natureza do antígeno, pelo período da 
vida em que esse contato acontece e pela existência ou não de reação inflamatória local e 
sistêmica. 
Antígenos que penetram no organismo pelas superfícies mucosas – e, em especial, pela 
mucosa gastrointestinal – tendem a induzir respostas de tolerância, caracterizada pela 
produção de imunoglobulina (Ig) A (IgA) e pela proliferação de células Treg (células T 
regulatórias). 
Para que isso aconteça é necessário que haja interação entre todos os componentes da 
mucosa e a microbiota, que garantem um ambiente de homeostasia local e sistêmica, 
permitindo a influência positiva do sistema imunológico nos demais sistemas orgânicos 
(nervoso e endócrino). 
Se, por qualquer motivo, existe uma falha na manutenção da homeostasia ou perda da 
integridade do epitélio intestinal, o que pode ocorrer é o desenvolvimento de doenças 
como as alergias alimentares. Dessa forma, a nutrição tem importante papel na 
modulação imunológica, visto que diferentes compostos têm potencial para intervir nas 
diversas etapas das respostas imunológicas e estimular a geração e manutenção da 
tolerância oral. 
 
TECIDO IMUNE ASSOCIADO ÀS MUCOSAS (MALT) 
Tecidos linfoides organizados, não encapsulados, constituídos por células do sistema 
imunológico, são encontrados associados às superfícies mucosas dos trato respiratório, 
gastrointestinal e urogenital, e são chamados coletivamente de M.A.L.T (Tecido linfoide 
associado à mucosa). Possuem um microambiente antigênico diferente do interior do 
organismo e características imunológicas que os tornam únicos frente ao sistema imune 
sistêmico. 
 
Tem como característica proporcionar uma defesa primária ao hospedeiro na superfície 
mucosa e modular a resposta imune ao grande número de antígenos que temos contato 
através do alimento, evitando um resposta vigorosa aos alimentos. Todavia detecta e 
destrói patógenos que penetram através do intestino. 
 
 O tecido imunde associado às mucosas é formado pelo Tecido Linfóide Organizado que é 
constituído pelos folículos da mucosa (GALT e BALT). São áreas aferentes, locais de 
entrada dos antígenos e indução de resposta imune. 
Também é formado pelo Tecido Difuso que consisteem dois compartimentos (IEL e LPL): 
um localizado intraepitelialmente e outro na lâmina própria da mucosa, onde inúmeros 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
5 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
tipos celulares estão amplamente distribuídos. São áreas eferentes, onde a resposta 
imune é efetuada. 
Observação: Essas duas partes do sistema estão ligadas por um mecanismo de residência 
na mucosa, de modo que as células ativadas nos folículos circulam para as áreas linfóides 
difusas, onde interagem com seus antígenos cognatos. 
 
 
 
TECIDO LINFOIDE ASSOCIADO AO INTESTINO ( GALT ) 
 
O GALT é composto por uma monocamada epitelial externa que previne a invasão 
microbiana. Esse monocamada é formada por tecido linfoide denso, representado por 
folículos linfoides isolados no intestino grosso ou formando agregados como nas placas 
de Peyer no íleo. 
 
As placas de Peyer são estruturas semelhantes a linfonodos, 
não encapsuladas, formadas por agregados de folículos 
linfoides com centros germinativos, nas quais os linfócitos T 
e B estão segregados anatomicamente. Nas placas de Peyer, 
há indução das respostas imunes adaptativas 
(apresentação/reconhecimento de antígenos, ativação e 
diferenciação dos linfócitos) contra antígenos imunogênicos 
no intestino delgado. 
 
Os antígenos do lúmen intestinal são direcionados para o G.A.L.T a partir do epitélio e não 
através do sistema linfático ou sanguíneo, como ocorre nos outros órgãos linfoides 
secundários. Um tipo celular muito importante no transporte dos antígenos no lúmen 
para as placas de Peyer e folículos linfoides isolados compreende as células M. 
Essas são células epiteliais achatadas, localizadas em regiões do epitélio da cúpula que 
recobre a parte superior das placas de Peyer e folículos isolados são , capazes de realizar 
transporte transcelular de proteínas solúveis, partículas inertes e vários microrganismos 
(vírus, fungos, bactérias) na interface luminal, permitindo que células dendríticas e 
macrófagos teciduais capturem esses antígenos para serem transportados até os folículos 
linfoides. 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
6 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
Abaixo do epitélio de revestimento, existe a lâmina própria, um tipo de tecido conjuntivo 
frouxo, correspondendo ao estroma acima da muscular da mucosa, excluindo assim a 
submucosa. Nela são encontrados de forma dispersa células dendríticas, macrófagos e 
mastócitos, que são em grande parte responsáveis pela resposta imune inata na mucosa. 
 
Há também linfócitos T e B efetores (linfócitos T CD4 auxiliares, linfócitos T CD8 
citotóxicos e plasmócitos secretores de IgA) previamente ativados/diferenciados nos 
G.A.L.T ou linfonodos drenantes. Os linfonodos mesentéricos recebem diversos antígenos 
provenientes do intestino grosso e delgado, transportados pela linfa. 
 
Nos linfonodos mesentéricos, ocorre a diferenciação de linfócitos virgens em células 
efetoras (linfócitos T auxiliares e citotóxicos, células T reguladoras, plasmócitos 
secretores de IgA), que por fim migram para a lâmina própria intestinal para atuarem 
diretamente contra o antígeno cognato. 
Os tecidos mucosos também contêm tecidos linfoides secundários não encapsulados, mas 
organizados sob a barreira epitelial, que incluem linfócitos B, linfócitos T, células 
dendríticas e macrófagos. 
 
Estas coleções de células imunes frequentemente denominada de tecido linfoide 
associado a mucosa (MALT) são locais nos quais respostas imunes adaptativas 
especializadas para uma determinada mucosa em particular são iniciadas. Então, O GALT 
por si só já é um tecido linfoide secundário, no qual as células dendríticas são capazes de 
apresentar antígenos e ativar linfócitos T, e os linfócitos B reconhecem os patógenos 
sozinhos e se ativam. 
 
 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
7 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
 LINFÓCITOS B E O PAPEL PROTETOR DA IGA NA 
MUCOSA INTESTINAL 
 
Os linfócitos B possuem papel central na resposta imune de mucosas por meio da 
produção de anticorpos. 
 
 Essas células são ativadas nos linfonodos mesentéricos, nos folículos linfoides isolados 
da mucosa intestinal e também nas placas de Peyer, havendo citocina TGF-β e se 
diferenciam em células produtoras de anticorpos do isotipo IgA na sua forma dimérica 
(IgA secretória/S- -IgA) ou multimérica. 
Os plasmócitos migram para a lâmina própria intestinal e secretam os anticorpos que são 
transportados através do epitélio intestinal para a face luminal por meio do receptor 
polimérico de IgA (poli-IgR). A IgA tem muitas funções importantes, atuando na proteção 
do epitélio da mucosa contra patógenos invasores, na modulação da composição da 
microbiota intestinal e na manutenção da homeostase contra antígenos comensais e 
antígenos alimentares. 
A imunolgobulina IgM também é produzida nas mucosas e transportada através do 
epitélio em concentrações menores do que a IgA dimérica. 
As S-IgAs se ligam à bactérias comensais no lúmen intestinal e permitem o transporte 
delas para a mucosa por meio da ligação do complexo S-IgA/antígeno a receptores 
específicos expressos nas células M intestinais. Em seguida, células dendríticas de 
fenótipo tolerogênico na mucosa são estimuladas a produzir IL-10 e induzir a produção 
de IgA por linfócitos B nas placas de Peyer. Esse processo de amostragem de 
microrganismos comensais às células do sistema imune em um microambiente regulador 
(anti-inflamatório) permite a manutenção da tolerância à microbiota intestinal. 
Outra função da S-IgA é atuar no controle de patógenos invasores nas mucosas do 
hospedeiro. 
 Cerca de 1/3 dos indivíduos que apresentam deficiência na produção seletiva de IgA 
(imunodeficiência primária humana mais comum) são acometidos por infecções 
recorrentes nos tratos respiratório e gastrointestinal causadas por bactérias, pro- 
tozoários, entre outros patógenos. Além disso, esses podem manisfestar doenças 
inflamatórias intestinais crônicas e doenças autoimunes, evidenciando dessa forma o 
papel crítico da IgA na manutenção da homeostasia e proteção intestinal. 
A IgA está no colostro e no leite materno maduro, conferindo proteção ao recém-nascido 
por meio da transferência de IgA materna. A concentração de IgA no colostro é elevada 
nos primeiros dias após o parto e em seguida decai rapidamente.. A amamentação se faz 
importante em virtude dessa transferência de anticorpos maternos, conferindo proteção 
ao recém-nascido até o momento que ele possa sintetizar os próprios anticorpos 
protetores. 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
8 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
 
HELICOBACTER PYLORI 
H. PYLORI 
 
H. pylori é uma bactéria dotada de cílios compridos que lhe permitem fixar-se à superfície 
da mucosa gástrica. 
Consegue viver no estômago graças à capacidade de converter a ureia presente no suco 
gástrico, em amônia e gás carbônico, processo que lhe fornece a energia necessária. 
 
A afinidade do H. pylori pelas células mucíparas gástricas deve-se à composição neutra do 
muco gástrico, diferente dos mucopolissacarídeos ácidos produzidos pelas células 
caliciformes da metaplasia intestinal. 
 
A morfologia do H. pylori, observada à microscopia ótica e eletrônica, é homogênea, 
apresentando-se com estrutura encurvada ou espiralada, de superfície lisa e 
extremidades arredondadas, móvel, não-esporulada e microaerófila. Mede 
aproximadamente 0,5µm a 0,1µm de largura e 3µm de comprimento, possuindo de quatro 
a seis flagelos unipolares embainhadose bulbos terminais nas extremidades lisas. 
 
✓ Possui 17 espécies 
✓ Urease positivo: ↑ produção de amônia = neutraliza pH. 
✓ Produtos bacterianos causam danos à mucosa – inflamação. 
✓ Predispõe a gastrite, úlcera e carcinomas gástricos. 
 
IMUNOPATOGÊNESE 
 
A resistência ao ácido clorídrico é de vital importância na patogênese do H. pylori, visto 
que, sem este atributo biológico, a bactéria não teria condições de colonizar a mucosa 
gástrica. A enzima urease, que é uma proteína de alto peso molecular, atua promovendo 
a hidrólise da uréia, presente em condições fisiológicas no suco gástrico, levando à 
produção de amônia. Esta atua como receptor de íons H+, gerando pH neutro no interior 
da bactéria, o que confere ao H. pylori resistência à acidez gástrica. Desta maneira, a 
bactéria fica protegida dos efeitos deletérios do pH ácido do estômago. 
A bactéria, na fase precoce de colonização, necessita atravessar a camada de muco que 
protege o epitélio gástrico. Tal camada é formada por um gel viscoelástico que confere 
proteção química e mecânica ao revestimento epitelial, inclusive contra bactérias. 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
9 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
 
No entanto lipases e proteases sintetizadas pelo H. pylori degradam a camada de muco, 
facilitando a progressão da bactéria. 
O H. pylori também possui adesinas que o permitem colonizar a mucosa gástrica, ligando-
se às células epiteliais, envolto pela camada de muco. Algumas proteínas da bactéria são 
capazes de induzir a formação de citoquinas (especialmen- te a IL-8) por células da lâmina 
própria, estimulando quimiotaxia para neutrófilos e linfócitos . A maior liberação local do 
fator de ativação plaquetária promove trombose dos vasos capilares superficiais e 
isquemia. 
Além disso, o H. pylori move-se facilmente devido à morfologia em espiral e aos flagelos 
e, assim, atravessa a camada de muco, estabelecendo íntimo contato com as células 
epiteliais de revestimento. 
 
FATORES DE VIRULÊNCIA 
 
• Gene cagA 
 
O primeiro gene cepa-específico identificado no H. pylori foi o citotoxin antigen associated 
(cagA), que está fortemente associado ao risco para desenvolvimento de câncer gástrico 
As cepas cagA+ tendem a ser mais virulentas e induzem níveis mais altos de expressão de 
citocinas, tais como IL-1b e IL-8. 
 
A proteína cagA do H. pylori atua como antígeno altamente imunogênico. A estrutura do 
gene revela uma região 5' altamente conservada, mas com uma região 3' com número 
variável de seqüências repetitivas, o que leva à variação do comprimento da proteína. 
Como a proteína CagA é fortemente imunogênica, qualquer variação em seu comprimento 
pode levar a diferentes respostas do hospedeiro, incluindo diferentes graus de resposta 
inflamatória. 
 
A ilha cag-PAI é um componente do genoma do H. pylori que contém genes homólogos 
aos de outras bactérias que codificam componentes do sistema de secreção do tipo IV, que 
atua como agulha e serve para injetar moléculas efetoras da bactéria na célula hospedeira, 
permitindo que a bactéria module vias do metabolismo celular da célula hospedeira, 
incluindo a expressão de proto-oncogenes 
 
 
• Gene vacA 
 
A colonização da mucosa gástrica pelo H. pylori requer um complexo processo adaptativo. 
O fator-chave, que permite à bactéria sobreviver à acidez gástrica e atravessar o lúmen 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
10 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
do estômago, é a enzima urease, que converte a uréia em amônia e bicarbonato. Para isso 
é necessária a produção da citotoxina vacA, que induz a formação de canais seletivos de 
ânions nas células epiteliais, levando à exsudação de uréia para a luz da mucosa gástrica. 
A vacA é considerada importante fator de virulência, visto que contribui para a produção 
de alcalóides pela urease, que podem induzir danos no DNA. 
 
O gene vacA está presente em todas as cepas do H. pylori . 
 
• Gene babA 
 
Fatores de aderência da bactéria ao epitélio gástrico favorecem a colonização e 
contribuem para sua patogenicidade. O fator de aderência blood group antigen adhesin 
(babA) ligado ao grupo sangüíneo Lewisb foi descoberto recentemente. Ele pode ser um 
importante produto de patogenicidade ao permitir o contato entre a bactéria e o epitélio 
e facilitar a liberação de fatores de virulência como cagA e vacA 
. O gene babA possui dois alelos distintos: babA1 e babA2. 
Em 1999, Gerhard et al. demonstraram associação entre o alelo babA2 e a presença de 
úlcera péptica e adenocarcinoma gástrico. 
 
• Gene cagE 
 
O predomínio de neutrófilos na mucosa gástrica, observado em pacientes infectados por 
cepas cag-PAI+, é ligado ao aumento de secreção de interleucina-8 (IL-8) secretada pelas 
células epiteliais da mucosa gástrica. Entretanto cepas cagA negativas também induzem 
aumento da secreção de IL-8. Isto se deve ao fato de que a proteína cagA não atua 
diretamente sobre a IL-8. O gene ligado ao aumento da produção de IL-8 é o cagE, que é 
um dos genes da ilha cag . 
 
• Gene iceA 
 
Recentemente, outro gene do H. pylori foi descrito e denominado induced by contact with 
epithelium (iceA). Existem dois alelos deste gene: iceA1 e iceA2. 
A função de iceA1 não está clara, mas este alelo apresenta forte homologia com a 
endonuclease de restrição do tipo II da Neisseria lactamica. 
Sua expressão é regulada pelo contato do H. pylori com as células epiteliais da mucosa 
gástrica. A expressão deste alelo é associada à úlcera péptica e ao câncer gástrico. A função 
do alelo iceA2 também é desconhecida. 
 
• Gene HP-NAP 
 
A gastrite induzida pelo H. pylori é caracterizada por infiltrado inflamatório constituído 
por neutrófilos, linfócitos, plasmócitos e macrófagos. A intensidade da inflamação 
correlaciona-se com a severidade dos danos induzidos à mucosa e ao DNA. 
Em 1995, Evans Jr. et al. descreveram o gene neutrophils-activating protein (HP-NAP) do 
H. pylori e relacionaram sua expressão ao potencial de indução de inflamação, mesmo em 
cepas cagA negativas. O produto do gene HP-NAP induz aderência de neutrófilos às 
células endoteliais e estimula a produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio 
pelos neutrófilos. 
 
Os fatores de virulência atualmente mais valorizados são os genes cagA (associados à 
formação de citotoxinas), vacA (citotoxina vacuolizante), babA (aderência bacteriana) e 
OipA (outer inflamatory protein), que podem levar a uma maior agressão celular e 
desenvolvimento de doença. 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
11 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
 
RESPOSTA IMUNE 
 
A resposta imune adequada consiste em eliminar o agente agressor sem comprometer a 
integridade e a função do órgão envolvido . Durante a infecção pelo H. pylori há 
predomínio de células Th1, enquanto as Th2 estão praticamente ausentes. Isto resulta em 
resposta imune inadequada, que não consegue eliminar o microorganismo. Além disso, 
células Th1 induzem a produção de anticorpos e citocinas, que contribuem para o 
aumento do processo inflamatório, com conseqüentes danos às células do hospedeiro. 
Fox e Wang demonstraram que camundongos p53+/-, infectados por Helicobacter felis, 
apresentaram resposta Th1 mais amena e menor risco de desenvolvimento de câncer 
gástrico. 
 
SINTOMATOLOGIA 
 
 A infecção pelo Helicobacter pylori (H. pylori) induz inflamação persistente na mucosa 
gástrica com diferentes lesões orgânicas em humanos, tais como gastrite crônica, úlcera 
péptica, câncer gástrico. Os fatores determinantes desses diferentes resultados incluem a 
intensidade e a distribuição da inflamação induzida pelo H. pylorina mucosa gástrica. 
 
Sabemos que idade avançada, baixo nível socioeconômico, más condições de moradia e 
baixo grau de instrução são importantes fatores de risco para se adquirir a bactéria. 
A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, seguindo uma via oral-oral, gastro-oral ou fecal-
oral. 
A infecção pelo H. pylori está relacionada às seguintes patologias gástricas: gastrite super- 
ficial aguda (no momento em que o indivíduo é infectado), gastrite crônica ativa de antro, 
gastrite ou pangastrite atrófica ou não atrófica, adenocarcinoma gástrico, linfoma gástrico 
MALT e úlceras pépticas gástricas e duodenais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
12 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
ESCHERICHIA COLI 
 
Escherichia coli mais conhecida por E.coli A Escherichia coli 
compreende um grupo de bactérias Gram-negativas que residem 
normalmente no intestino de pessoas saudáveis, mas algumas 
cepas podem causar infecção no trato digestivo, trato urinário ou 
muitas outras partes do corpo. A Escherichia coli é uma bactéria 
na forma de bastonete, e anaeróbia facultativa. 
 
✓ Habitat: TGI humano e outros animais. 
✓ Importante causa de meningite neonatal e infecções 
do trato urinário. 
✓Mais de 1000 tipos antigênicos (sorotipos O55 e 
O111 – diarreia neonatal). 
✓ Linhagens êntero-hemorrágicas (O157): diarreia 
sanguinolenta – toxina Shiga. 
 
MUNOPATOGÊNESE: 
 
A capacidade de E. coli de causar uma variedade de síndromes clínicas por meio de uma 
pletora de mecanismos depende de atributos de virulência exclusivos que são codificados 
por conjuntos distintos de genes determinantes de virulência. Cada grupo de E. coli que 
causa uma determinada síndrome clínica em particular por meio de um mecanismo 
patogênico reconhecido pode ser referido como sendo um patotipo 
 
• A Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC) é uma causa comum de diarreia 
aquosa entre crianças que vivem em países em desenvolvimento, bem como entre 
pessoas de todas as faixas etárias que visitam esses países. A ETEC produz uma 
toxina sensível ao calor. 
• As cepas enteropatogênicas de Escherichia coli (EPEC) são caracterizadas por sua 
capacidade de se ligarem intimamente à superfície apical dos enterócitos, onde 
destroem os microvilos e induzem a formação de pedestais celulares que, por sua 
vez, envolvem as bactérias. As cepas de EPEC são distinguidas das cepas êntero-
hemorrágicas de Escherichia coli (EHEC) por sua incapacidade de produzir a 
toxina Shiga. Embora raros surtos envolvendo alimentos ou água contaminados 
possam afetar indivíduos de todas as idades, a maioria das infecções por EPEC 
ocorre em bebês que vivem em países em desenvolvimento. 
• As cepas de E. coli produtoras de toxina Shiga constituem um grupo heterogêneo 
de organismos, que tem como um de seus subgrupos a EHEC. Assim como os 
organismos EPEC, os EHEC induzem o efeito de fixação e ofuscamento nas células 
epiteliais. O reservatório para EHEC é o gado infectado, porém o organismo pode 
ser encontrado em uma variedade de outros ruminantes. A doença 
frequentemente aparece em surtos associados ao consumo de alimentos 
contaminados. 
As toxinas Shiga são codificadas por bacteriófagos relacionados ao clássico fago 
lambda. Estes bacteriófagos promovem a infecção estável da bactéria. As toxinas 
Shiga catalisam a despurinação do RNA ribossômico, levando à cessação da 
síntese proteica e à morte celular. As células endoteliais microvasculares, como 
aquelas do rim, são particularmente sensíveis à toxina. 
A apresentação clássica da infecção por EHEC começa como uma diarreia aquosa 
e cólicas severas, que progridem para uma diarreia sanguinolenta. 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
13 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
Atenção: A terapia antibiótica também pode representar um fator de risco para o 
desenvolvimento de SHU. A SHU caracteriza-se por uma anemia hemolítica 
microangiopática, que resulta do dano induzido pela toxina Shiga às células 
endoteliais, com consequente ativação da coagulação na microvasculatura. O rim 
é particularmente suscetível, contudo pode haver uma necrose isquêmica que 
afeta intestino, cérebro, olhos ou virtualmente qualquer órgão. 
 
• A Escherichia coli enteroagregadora (EAEC) e a Escherichia coli difusa-aderente 
(DAEC) são distinguidas por padrões característicos de aderência às células de 
cultura tecidual, em ensaios in vitro. É provável que estes patotipos contenham 
uma mistura heterogênea de cepas que não compartilham totalmente seus 
aspectos patogênicos ou clínicos. Organismos EAEC estão associados à ocorrência 
de diarreias aguda e crônica em crianças que vivem tanto em países em 
desenvolvimento como em países desenvolvidos. EAEC	é	uma	causa	frequente	
de	 diarreia	 do	 viajante. A diarreia causada por EAEC pode conter muco ou 
sangue, bem como ser acompanhada de cólicas. 
 
Tratamento : 
» Reidratação ou antibioticoterapia em casos grave. 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
14 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
 SAMONELLA SSP 
 
O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriacea (Gram-negativos entéricos ou 
enterobactérias). São bastonetes Gram-negativos, anaeróbios facultativos, que não 
produzem esporos, movimentando-se através de flagelos peritríquios (distribuídos por 
toda superfície bacteriana). 
 
Por ser um Gram-negativo, apresenta na 
superfície de sua parede celular o 
lipopolissacarídeo (endotoxina), que contém o 
antígeno O, um dos principais determinantes 
antigênicos da bactéria. O outro é o antígeno H, 
que está presente nos flagelos. Esses dois 
antígenos irão determinar qual o sorogrupo da 
salmonela – A, B, C ou D. Ainda existe um terceiro 
antígeno variante – o antígeno Vi, presente 
apenas na S. typhi e na S. paratyphi C. 
 
✓ Possui 3 espécies: S. typhi, S. choleraesuis, S. enteritidis (~1500 sotoripos). 
✓ Classificação clínica: espécies tifoides (febre tifoide), não tifoides (enterocolite). 
 
• Enterocolite 
 
A Enterocolite é uma inflamação do trato digestivo, envolvendo enterite do intestino 
delgado e colite do cólon. 
✓ Manifesta-se após 12 – 48 h de incubação. 
✓ Vômito, náusea, dor abdominal e diarreia 
sanguinolenta ou não. 
 
• Febre tifoide 
 
A Febre Tifoide é uma doença bacteriana aguda e está diretamente associada a baixos 
níveis socioeconômicos, principalmente em regiões com precárias condições de 
saneamento básico, higiene pessoal e ambiental. 
 ✓ Inicia-se no intestino delgado. 
✓ Após incubação de 7 – 14 dias: anorexia, letargia, S. 
diarreia e febre. 
✓ De 15 – 20 dias: podem surgir lesões maculopapulares. 
✓ Disseminação: peritonite, necrose hepática, meningite, osteomielite, endocardite e 
 pielonefrite. 
 
Os pacientes com Febre Tifoide continuam eliminando o bacilo nas fezes e na urina, 
tornando-se importantes fontes de infecção. Ao serem eliminados por enfermos ou 
portadores assintomáticos, os bacilos podem eventualmente contaminar a água utilizada 
para abastecimento doméstico e os alimentos, sendo então ingeridos por outro indivíduo. 
Uma outra forma de transmissão é o contágio interpessoal – as mãos do paciente podem 
conter bacilos que podem alcançar a mão e a boca do contato próximo, a partir daí sendo 
deglutidos. Além disso, foi descrita a transmissão sexual da doença entre parceiros do 
sexo masculino e ocupacional entre profissionais da saúde expostos à pacientes 
infectados ou durante a manipulação de amostras clínicas. 
 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
15 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do tratogastrointestinal 
 
IMUNOPATOGÊNESE: 
 
A porta de entrada do agente infeccioso é 
a via digestiva. Os bacilos precisam passar 
pelo estômago, resistindo ao pH ácido. 
Nesta passagem, muitas bactérias acabam 
morrendo, e somente algumas sobrevive. 
Ao chegar no íleo, a bactéria adere às 
células M (Microfold cell) das placas de 
Peyer e as penetram através da 
Endocitose Mediada por Bactérias (EMB) 
e alcançando o tecido linfoide local, onde 
são logo fagocitadas pelos macrófagos e 
linfócitos locais. Nos fagócitos das placas 
de Peyer o bacilo começa a se proliferar. 
Atinge os linfonodos mesentéricos 
satélites e logo depois a circulação 
linfática e sanguínea, caminhando no 
interior de monócitos, determinando o 
início da bacteremia. Nesse momento a S. 
typhi se dissemina pelos órgãos e 
sistemas, indo assestar-se no tecido reticuloendotelial presente no fígado, no baço e na 
medula óssea (rico em macrófagos). 
Enquanto o bacilo vai se multiplicando nos macrófagos do sistema reticuloendotelial, a 
bacteremia persiste e mais leucócitos mono- nucleares (monócitos e linfócitos) são 
atraídos para o local, desencadeando uma reação inflamatória. 
 
Tópicos : 
 
1. Penetração pelas placas de Peyer invadindo células 
M. 
2. Células M liberam antígenos luminais a fagócitos e 
há recrutamento de linfócitos T e B. 
3. DCs e macrófagos disseminam pelos vasos 
linfáticos e pela corrente sanguínea até os linfonodos 
mesentéricos (MLNs) → fígado, vesícula biliar e baço. 
4. Persistência nos MLNs, na medula óssea e na 
vesícula biliar por toda a vida. 
 5. Nova propagação periódica da superfície da 
mucosa via ductos biliares e/ou MLNs do intestino 
delgado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Luiza Azevedo Medicina 
 
16 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
VIBRIO CHOLERAE 
CÓLERA 
 
O Vibrio cholerae, é uma bactéria Gram-negativa do Grupo O1 
ou O139 em forma de bastonete encurvado, móvel por 
flagelação polar. Somente cepas toxigênicas de ambos os 
grupos causam epidemias. 
✓ Possui 139 sorotipos (O1 e O139 = cólera clássica). 
✓ Produz protease que degrada muco e pili para aderência. 
✓ Colerágeno: exotoxina que estimula perda de água e 
eletrólitos 
 ✓ Coloniza intestino delgado. 
✓ DI50 elevado: patógeno sensível a pH baixo. 
 
Cólera 
 A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, transmitida por 
contaminação fecal-oral direta ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. 
Frequentemente, a infecção é assintomática ou causa diarreia leve. Pode também se 
apresentar de forma grave, com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor 
abdominal e cãibras. Quando não tratada prontamente, pode ocorrer desidratação 
intensa, levando a graves complicações e até mesmo ao óbito. A doença está ligada 
diretamente ao saneamento básico e à higiene. 
 
✓ Transmissão oral-fecal. 
✓ Água, crustáceos e moluscos 
contaminados. 
✓ Patógeno toxogênico. 
 
Clínica: 
✓ Surge 48 – 72 h pós ingestão dos bacilos. 
✓ Diarreia aquosa volumosa (sem hemácias ou 
leucócitos) → intensa 
desidratação. 
✓ Sem cólica abdominal. 
✓ Reposição hidroeletrolítica imediata. Antibióticos não são necessários, mas 
reduzem sintomas. 
 
 
IMUNOPATOGÊNESE: 
 
A toxina presente na bactéria se liga às paredes intestinais, 
alterando o fluxo normal de sódio e cloreto do organismo. Essa 
alteração faz com que o corpo secrete grandes quantidades de água, 
o que provoca diarreia aquosa, desitradação e perda de fluidos e 
sais minerais importantes para o corpo. 
A proteína externa de membrana (OmpU) medeia a produção de IL-
8 pela célula hospedeira e induz mecanismos inatos imunes. 
Porém, a resposta humoral dependente de IgA é mais efetiva para 
suprimir a infecção por V. cholerae. 
 
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17 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
SHIGELLA SPP 
 
O gênero Shigella identifica bactérias gram-negativas, anaeróbias facultativas, imóveis, 
não-esporuladas e em forma de bastão intimamente relacionadas com a Escherichia coli 
e Salmonella. 
 
✓ Possuem antígeno O (LPS): determina 4 grupos = A, B, C e D 
✓ Sorotipo A (S. dysenteriae) – produz toxina Shiga que mata 
enterócitos 
e células endoteliais→shigelose/ disenteria. 
✓ Enterobactérias patogênicas mais efetivas: DI50 baixos = 
100 indivíduos 
causam a doença (baixa dose infecciosa). 
 
Shigelose 
Shigelose é uma doença infecciosa causada por um grupo de bactérias chamadas Shigella. 
Caracteriza-se por dor abdominal e cólica, diarréia com sangue, pus ou muco; febre, 
vômitos e tenesmo, em geral, iniciam-se, um ou dois dias após a exposição às bactérias. 
Shigella geralmente é transmitida através de alimentos crus, como alface e produtos não 
processados. Água contaminada por fezes e manipuladores com falta de higiene são a 
causa mais comum de contaminação alimentar e surtos por essa bactéria. 
 
 
✓ Ocorre principalmente em crianças. 
 ✓ Transmissão oral-fecal. 
✓ Incubação: 1 – 4 dias. 
✓ Patogênese: inflamatória. 
 
Clínica: 
✓ Febre, cólicas abdominais, diarreia (aquosa→sanguinolenta e mucosa). ✓ Doença 
branda ou grave (depende da espécie e idade do paciente). ✓Imunoglobulinas séricas 
após recuperação não conferem proteção – 
microrganismo não atinge a corrente sanguínea. 
Tratamento: 
✓ Reposição hidroeletrolítica e antibióticos (casos graves). 
 
 
 
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18 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal 
 
 
CAMPYLOBACTER JEJUNI 
 
 
Campylobacter jejuni é uma espécie de bactéria espiralado 
gram-negativo, com dois flagelos em extremidades opostas, 
microaerófilo e que causa diarreia em mamíferos e aves. São 
transmitidos a outros animais pelo consumo de carne mal 
cozida e laticínios não pasteurizados ou em água infectada 
com fezes de animais. 
 
 
✓ Possue ~15 espécies. 
 ✓ Transmissão: 
✓ oral-fecal/ ingestão de aves, carnes e leite não pasteurizado. 
✓ reservatório canino → transmissão para crianças. 
✓ Causa principal de enterocolite em crianças. 
 
Clinicamente, o gênero Campylobacter tem sido reconhecido como agente de enterocolite 
humana transmitida por alimentos em diversas partes do mundo. Duas espécies deste 
gênero C. jejuni e C. coli, são isoladas na maioria dos casos de infecções por Campylobacter 
com proporções diversas em cada país. 
 
A colite ocorre quando há inflamação do intestino grosso (cólon). A doença pode ser tanto 
aguda quanto crônica, dependendo de sua gravidade. A Enterocolite é um tipo de colite 
que pode ser provocado tanto por infecção bacteriana ou viral quanto por medicamentos 
e intoxicação alimentar. Nesse caso é uma infecção bacteriana causada Campylobacter 
jejunj 
 
Clínica: 
✓ diarreia aquosa fétida, sanguinolenta, seguida de febre e cólica abdominal grave. ✓ 
infecção gastrointestinal associada à síndrome de Guillain-Barré (SGB). 
Tratamento: 
✓ antibioticoterapia. 
 
IMONUPATOGÊNESE: 
 
 
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19 Imunologia – Imonupatogênese nas infecções do trato gastrointestinal

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