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Características das bactérias e imunidade às infecções → Estrutura bacteriana: algumas estruturas têm importante papel na patogênese das doenças infecciosas, conhecidas como fatores de virulência. Lembrando que nem todas as bactérias causam doenças. As principais estruturas das bactérias são ● Membrana celular: a síntese de outras organelas, a respiração celular e proteção; é composta por bicamada fosfolipídica e é responsável pela produção de energia ● Cromossoma bacteriano: não é organizado na bactéria, e possuem genes definidos e indefinidos. ● Ribossomos: síntese proteica e alvo de fármacos ● Plasmídios: segmentos de DNA que promovem resistência à agentes físicos e antimicrobianos ● Parede celular: protegem as membranas bacterianas e dividem a classificação das bactérias em 4 tipos, que é de importante classificação pela identificação (colorações) e ação (grupos farmacofóricos) ○ Gram positivas (G+) ○ Gram negativas (G-) ○ Bactérias Álcool-ácido resistentes (BAARs) ○ Sem parede celular ● Mesossoma: só é visualizado durante a divisão celular, formando uma segunda membrana ● Fímbrias: partem da parede e são responsáveis pela adesão no hospedeiro; apenas bactérias que possuem plasmídios possuem fímbrias sexuais, e bactérias que recebem plasmídios não possuem fímbrias sexuais ● Flagelo: locomoção bacteriana ● Cápsula: importante por realizar impedimento de fagocitose, composta por glicoproteínas, e serve como mecanismo de escape da memória imunológica → Relembrar da coloração de Grahm, realizada com cristal violeta + lugol ● Cristal violeta + lugol (solução de iodo: prende o cristal violeta no peptídeoglicano) → descoloração com álcool (retira polissacarídios) e acetona (descoloração) → aplicação de safranina ou fucsina. ● A ideia é que o iodo realiza a fixação do cristal de violeta no peptídeoglicano da parede celular, não importa o quanto realize a descoloração; esta última é feita apenas para limpeza da lâmina, e a aplicação de fucsina para visualização do cristal de violeta que não se fixou nas G- (possuem lipopolissacarídios), daí a diferença de cor ↪ A parede celular das G- são menos espessas quando comparadas com as G+ → BAAR: chamadas também de micobactérias, possuem uma parede altamente hidrofóbica, camada fina de peptidoglicano e de glicolipídeos, além de camada grossa de lipídeos especiais, exclusivos, com ácidos graxos muito longos (60-90oC) (ácidos micólicos e cêra D) ↪ A coloração de grahm as cora muito mal. Possuem paredes hidrofóbicas (então se aglomeram por interações hidrofóbicas), e resistem por bastante tempo em materiais ressecados. ↪ Se coram por coloração de Ziehl-Neelsen (também chamada de coloração de BAAR) ou corantes fluorescentes (auramina-rodamina). A coloração de BAAR só é feita sob solicitação médica (suspeita clínica), geralmente de escarro, para identificação de tuberculose ● Aquecimento com fucsina fenicada → com aquecimento, a cera laminar se dissolve → corante penetra na célula → 5 minutos → descoloração com álcool e HCl (age na parede que não é formada por ácido micólico e cera) → diferenciação da parede → bactérias não BAAR perdem toda a coloração vermelha → azul de metileno ● A coloração com fluorescência é feita somente com material de cultura, não o biológico. → Sem parede: não deve-se realizar tratamentos que visem à destruição da parede pois não há como destruir o que não existe #profundo → Reprodução bacteriana: é feito por divisão binária (fissão binária ou cissiparidade) ● Tempo de geração: é o tempo necessário para uma célula se dividir, e é importante para entender a identificação de espécies, bem como sua patogenia.É relevante a fim de identificar o tropismo dessas bactérias por tecidos com mais ou menos características nutricionais ○ Pouco exigentes: se transformam rápido, como as bactérias da mucosa bucal, que se dividem a cada 20 minutos ○ Exigentes: tempo regular ○ Muito exigentes: demoram para se transformar, como as micobactérias, que se dividem a casa 24h ■ Exigência: quanto maior de tempo, maior a exigência nutricional → Nucleoide: ausência de núcleo estruturado e de carioteca, com cromossomo único. Sua molécula de DNA é dupla hélice e o plasmídio fica circulante, conferindo resistência. O genoma é constituído por ● Um cromossomo: molécula longa de DNA de fita dupla, com alguns m de comprimento (cerca de 106 pares de bases). É circular, extremamente condensado e quando estendida, chega a 1 mm de comprimento ● Plasmídios: uma característica fenotípica que confere resistência. São pequenas moléculas circulares de DNA de fita dupla, com cerca de 5 a 100 genes. Correspondem a, no máximo, 10% do DNA celular, são auto-duplicáveis e independente do cromossomo. Podem ser recebidos, perdidos e transferidos, por isso, dentro de uma população bacteriana (mesma espécie) podemos ter células com características diferentes. ● Transposons → Morfologia bacteriana: ● Cocos: células arrendodadas únicas, com arranjos diferentes. Porém, algumas vezes podemos destruir os cachos durante a identificação, mas o principal é pela coloração. ● Bacilos: possuem forma aproximadamente cilíndrica. Podem ser células únicas ou em cadeias. ● Espiraladas: bacilos com curvaturas, apenas com microscopia eletrônica (e não a ótica) ○ Vibriões: ligeiramente curvos ○ Espirilos: forma helicoidal e corpo rígido ○ Espiroquetas: forma helicoidal e corpo flexível → Esporos ou endosporos: são extremamente importantes do ponto de vista clínico e hospitalar, são produzidos por alguns bacilos G+ (em especial, o Clostridium spp. e Bacillus spp.), que tem como função a resistência a condições adversas por longos períodos de tempo. Aumentam a sobrevivência bacteriana, suportam temperaturas extremas, falta de água e substâncias tóxicas → Imunidade às infecções bacterianas: ↪ Evolução das doenças infecciosas: ● Entrada do microorganismo ● Colonização do tecido hospedeiro ● Evasão da imunidade do hospedeiro ○ Lesão tecidual ○ Liberação de toxinas (fato de virulência) ● Alteração funcional (primeiro ativando resposta inata) ↪ Classificação das bactérias: possuem vida livre; não precisam ● Extracelular: morrem na fagocitose ○ cocos piogênicos (atraem muitos neutrófilos; formam pus e destruição de bactérias) Gram-positivos: Staphylococcus sp, Streptococcus sp ○ cocos Gram-negativos: Neisseria sp ○ muitos bacilos Gram-negativos (por ex.: E. coli): enterobactérias ○ alguns bacilos Gram-positivos (particularmente anaeróbios, como os Clostridium sp) ○ Geralmente liberam toxinas ○ Proteção: anticorpos (IgA principalmente), sistema complemento, fagocitose, neutralização, peptídeos anti microbianos ● Intracelular: resistem a fagocitose (inibem o processo de morte dentro do fagolisossoma) ○ Intracitoplasmático ■ Rickettsia sp e Listeria sp ○ Intravesicular ■ Mycobacterium sp ○ Podem estar dentro de células (soltas) ou dentro de vesículas dentro dessas células ○ Proteção: células T citotóxicas, células NK, células T e células NK-dependentes, ativação por macrófagos ● Temos resposta imunológica contra ambos ↪ Estágios da patogênese bacteriana: ● Evasão das defesas primárias do hospedeiro (pele e acidez do estômago) ● Aderência as membranas-mucosas: fímbrias ● Colonização no local da aderência ● Sintomas da doença devido produção de toxinas ou pela invasão de células: inflamação ↪ Fatores de virulência das bactérias extracelulares: ● Invasão de tecidos e inflamação (Fatores de aderência e invasão) ● Cápsulas: inibe a fagocitose, impedindo à opsonização (proteínas da resposta imune que se depositam sobre o microorganismo, facilitando a fagocitose) ● Produção de toxinas ○ exotoxinas ○ endotoxinas ↪ Invasão dos tecidos e inflamação: ● Aderência: depende da ausência de microbiota normal; um impedimento são as barreiras inatas íntegras ○ Liberam IgA protease que quebram a IgA ● Colonização ● Indução de resposta inflamatória via PAMPs ○ Inflamação piogênica: neutrófilos (fagocita e morre; pus e febre alta na região) ○ Inflamação granulomatosa: macrófagose LT ↪ Toxinas bacterianas: podem causar sintomas na ausência da bactéria ● Exotoxinas: ○ Secretadas por bactérias ○ Bactérias Gram positivas e Gram negativas ○ Polipeptídeos com genes localizados em plasmídeos ○ Convertidos a toxóides (vacinas) ○ Toxoinfecção (além da aderência, colonização com lesão tecidual, liberam toxinas infecciosas) é diferente de intoxicação (a bactérias em si não faz mal, o problema é a toxina, adquire-se a bactéria com as toxinas já formadas) ● Endotoxinas: estruturas da bactérias que ficam livres com a morte bacteriana ○ Lipopolissacarídeos da parede celular ○ Bactérias Gram negativas ○ Causam febre, choque séptico ○ Neisseria sp: ‘blebs’, que é a capacidade de, enquanto vivas, liberarem LPS que causam toxoinfecção (invasão de tecido + liberação de toxina que causam manifestações) ○ Ativam o sistema complemento pela via alternativa ↪ O objetivo da resposta imune é eliminá-las e neutralizar os efeitos de suas toxinas ● Bactéria entra por lesão tecidual → morte celular: liberação de histamina, PGs e leucotrienos → vasodilatação → aumento da permeabilidade vascular → edema local → neutrófilos: inflamação piogênica → leucócitos se aderem à margem do endotélio → ativação de complemento por PAMPS → migração de leucócitos → liberam toxinas, fagocitam bactérias e podem manter a inflamação ↪ Sistema complemento: vantagens ● Bactérias Gram-positivas: peptidoglicano ● Bactérias Gram-negativas: LPS ● Bactérias que expressam manose ● Opsonização por C3b e C5b (macrófago consegue se ligar e fagocitar) ● Geração de C3a, C4a e C5a (mantém a migração por quimiotaxia e o processo inflamado; C5a estimula a produção de ROIs, então o macrófago começa a produzir mais ROIs, aumentando a explosão respiratória) ● Gram negativas são susceptíveis à ação do MAC (em G+s, esse furo não é tão significativo devido à composição da parede celular; BAARs também sofrem esse ataque) ○ Via clássica: depende anticorpo ○ Via alternativa: ativadas por LPS, peptidoglicano e cápsulas ○ Via MBL: presença de açúcar/manose. ↪ Diapedese: ● No processo de inflamação, o endotélio foi ativado, e então essas células se ligam, começam a rolar pelo vaso a fim de entrar no tecido para fagocitar a bactéria ↪ Fagocitose: realiza o reconhecimento de estruturas características dos patógenos, os PAMPs (padrões moleculares associados a patógenos), os tall-like ● Ocorre a liberação de pseudópodes quando a célula fagocítica reconhece os PAMPs, engloba no fagossoma e se funde com o lisossoma, formando então o fagolisossoma. As substâncias tóxicas presentes no lisossoma começam a agir na bactéria (extracelular), deixando-a em pedaços. Alguns desses pedaços se tornam imunógenos, que se agregam à moléculas de MHC-II, a fim de serem apresentadas ao LTCD4+. Outros pedaços que não viram imunógenos, são eliminados pelo retículo endotelial, como células mortas ↪ A grande quantidade de citocinas ou sua produção descontrolada são responsáveis por manifestações clínico-patológicas, no caso das Gram-negativas, a consequência mais severa é o choque tóxico, que possui características como ● Febre elevada ● Coagulação intravascular disseminada (CID) ● Falha renal ● Falha hepática ● Hipotensão ● Hipoglicemia ○ As endotoxinas produzidas pelo LPS realizam ativação de macrófagos, liberando citocinas em exagero. ↪ A imunidade inata é mediada pela inflamação piogênica. Já a imunidade adaptativa: ● Imunógenos como polissacarídeos (cápsula bacteriana) que são timo-independentes estimulam diretamente LB, produzindo altas concentrações de IgM específico. ● Outros isótipos de Ig resultado de “switch” devido à ação de citocinas produzidas (timo dependentes) ● Ativação de MHC-II: linfócito TH libera diferentes citocinas que estimulam o linfócito B a produzir diferentes anticorpos. Os anticorpos neutralizam as toxinas liberadas pelas bactérias e também podem se ligar a bactérias que ainda não sofreram a fagocitose; vide imagem na próxima página ● Temos a MHC-II apresentando um imunógeno (proteína) para o LTCD4+, que então ativa TH1, a fim de estimular a produção de intérferon gamma, que estimula LB a produzir IgG, que neutralizam toxinas (e bactérias), realizam opsonização e ativam o sistema complemento. Ou seja, a resposta ideal para infecções contra bactérias exracelulares é a TH1 que induz produção de IgG via intérferon gamma. ● O IFN-gamma não precisa ser específico para a bactéria que causa a doença; o caso de uma bactéria que o PAMP é a cápsula, ela não se apresenta para TH1, pois a ativação só ocorre com PAMPs proteicos; então, LB só faz IgM ● Vacinas: agregação de cápsula com proteína (pode ser uma proteína carreadora ou imunógeno de outro agente), chamando-se de vacina conjugada (que estimula assim LTH1 e LB), como a vacina de toxoide tetânico. ● A principal resposta de LT consiste na resposta de LT helper contra antígenos solúveis, fagocitados e apresentados pelas APCs em associação a MHC-II ● Os anticorpos e os LT podem agir de diferentes maneiras para eliminar as bactérias extracelulares: ○ Opsonização: IgG, C3b e C5b ○ Ativação do complemento: inflamação e MAC ○ IgG, IgM e IgA neutralizam toxinas bacterianas ↪ Efeitos indesejados: inflamação aguda, choque séptico e super-antígenos, como exemplo ● enterotoxina estafilocócica (intoxicação alimentar; a bactéria vem junto mas quem causa problemas é a toxina, e, pelo fato de já existir uma microbiota residente, essa bactéria não consegue se aderir) ● TSST (enterotoxina estafilocócica): causa a síndrome do choque tóxico, associada a uso de tampões (absorventes internos) ● Toxinas estreptocócicas e toxinas de micoplasma ● Existem hipóteses de que essa ativação policlonal de LT possa levar a doenças auto-imunes pelo aumento de LT auto-reativos. ○ Os Staphylococcus sp podem produzir super antígenos, que são peptídeos que se ligam de maneira errada a MHC-II e receptor de célula T; realizam ligação errada entre APC (célula apresentadora de antígeno) e o linfócito T: com a estimulação do LT, temos a ativação policlonal ↪ Mecanismos de evasão: ● Formação de cápsula de polissacarídeos escorregadias (carga hidrofílica) e inibição do complemento por ácido siálico (self) → inibição da ativação da cascata do complemento ● Aquisição de revestimento de fibrinogênio ou fibrina “self”: Staphylococcus sp ● Secreção de substâncias que destroem os leucócitos e eritrócitos ou que inibem a quimiotaxia de leucócitos ○ Exemplo: ○ estreptolisina se liga ao colesterol das membranas celulares causando a “explosão” dos grânulos dos neutrófilos, o que resulta na liberação de grânulos tóxicos no citosol da célula e sua morte. ○ Inibem a quimiotaxia de neutrófilos e macrófagos ● Secreção de proteases que clivam a região da dobradiça de IgA1 ● Ligação à região Fc dos anticorpos IgG: Staphylococcus sp e Streptococcus sp ● Produção de anticorpos protetores ● Secreção de enzimas que clivam ou inativam o componente C5a: Streptococcus sp ↪ Bactérias intracelulares: são bactérias resistentes à fagocitose, com resposta igual a para leveduras ● Intracelulares obrigatórios ou preferencialmente intracelulares (citoplasmática) ○ Chlamydia pneumoniae: 10% em crianças ○ Legionella pneumophila: imunodeprimidos ○ Mycobaterium sp: imunodeprimidos ● Doenças sexualmente transmissíveis ○ Chlamydia trachomatis ● SNC ou outros sítios ○ Listeria monocytogenes: gestantes, crianças, imunodeprimidos ● Macrófago → IL-12 → célula NK → IFN-gamma → ativa macrófago → digestão da bactéria por fusão lisossomal → inflamação granulomatosa ↪ Imunidade adaptativa: também precisa de TH1 → IFN-gamma → macrófago ↪ Lesões: apresentam lesões granulomatosas visíveis, com febre baixa, sem apresentação de pus. O granuloma é o macrófago que fagocitou mas não conseguiu digerir, então ele está recoberto por mononucleares ↪ As diferenças entre indivíduos quanto ao tipo de resposta imune aos micro-organismos intracelulares são importantes determinantes da progressão da doença e do prognóstico clínico. ● Bactériasextracelulares: inflamação piogênica e sistema complemento → MHC II → TH1 → IgG ● Bactérias intracelulares: inflamação granulomatosa → NK, macrófagos e IFN-gamma → MHC II → TH1 → macrófagos ativados (pode ser LTCD8+ via MHC I; a fim de provocar morte celular das células infectadas) ↪ Mecanismos de evasão: ● M. tuberculosis: Impede a fusão do fagossoma com o lisossoma ● M.leprae: seu glicolipídio fenólico faz a limpeza das espécies reativas de O2 ● Listeria monocytogeneses: produz hemolisina que bloqueia a morte bacteriana nos macrófagos e impede a apresentação de antígenos. ● Legionella pneumophila: Inibe fusão do fagossoma com o lisossoma. Patogenia e diagnóstico do gênero Staphylococcus sp → Os Staphylococcus são bactérias G+, e devemos lembrar que com exceção dos membros da Ordem Enterobacteriales, as bactérias Gram-positivas, especialmente os cocos, são os micro-organismos isolados com mais frequência, a partir de amostras biológicas humanas. São amplamente distribuídas na natureza, homem, animais e isolados de ambientes, pele, mucosas e outros sítios corpóreos dos seres humanos e animais; não são da microbiota transitórias pois vencem barreiras inatas. Os cocos aureus são os mais vistos em ambientes hospitalares, sendo os mais importantes → Característica: ● Cocos Gram-positivos agrupados ● Arranjo em forma de cachos irregulares ● Anaeróbios facultativos ● Catalase positivos: identificação de gênero Staphylococcus → Importância médica das espécies ● Staphylococcus aureus (mais importante) ● Staphylococcus epidermidis ● Staphylococcus haemolyticus ● Staphylococcus saprophyticus ● Staphylococcus lugdunensis → Principais manifestações clínicas: ● Acne: Staphylococcus spp ● Hordéolo (terçol), abcessos, furúnculo, impetigo, intoxicação alimentar, síndrome do choque tóxico, síndrome da pele escaldada, amidalites, osteomelite, otite, infecções pós-cirúrgicas, infecções hospitalares: Staphylococcus aureus ● Infecções urinárias: Staphylooccus saprophyticus → Staphylococcus aureus: ● Epidemiologia: a colonização por Staphylococcus aureus (portadores) começa pela pele e mucosa nasal ○ Transmissão: contato direto ○ Grande incidência nas infecções hospitalares ○ Isolados resistentes ● Fatores de virulência: a espécie com maior potencial patogênico é o Staphylococcus aureus ● Estruturas de superfície e funções: ○ Cápsula: inibe a fagocitose (repulsão de fagócitos) ○ Proteína A: proteína de superfície (adesina), inibe a fagocitose prevenindo a opsonização. Esta proteína atua como fator de virulência ao interferir na opsonização e na ingestão das células bacterianas pelos polimorfonucleares neutrófilos. A proteína A se liga à porção Fc das moléculas de imunoglobulinas (IgG) impedindo a opsonização por PMN ● Principais enzimas e funções: ○ Catalase: Inativar peróxido de hidrogênio e radicais livres tóxicos formados no interior de células fagocíticas (mecanismo de evasão) ○ Fator de agregação: Fator de adesão (adesina se liga às células do hospedeiro) ○ Coagulase: Enzima que catalisa a conversão do fibrinogênio em fibrina. Bactéria pode ficar coberta de fibrina, dificultando a opsonização e fagocitose. ■ Todos cocos produzem catalases, mas nem todos produzem as coagulases ● Manifestações clínicas ○ Furúnculo por Staphylococcus aureus ○ Hordéolo ou terçol: metais em aquecimento realmente reagem com produtos do metabolismo de bactérias, levando a diminuição do terçol (aliança de ouro ou prata legítimas) ○ Carbúnculo por Staphylococcus aureus: O carbúnculo ocorre quando furúnculos coalescem e afetam o tecido subcutâneo, mais profundo. Os pacientes com carbúnculo apresentam febre e calafrios, indicando a disseminação sistêmica. ○ Enterocolite: causada por cepas de S. aureus, caracterizada por diarreia aquosa, cólicas abdominais e febre, se fazem presentes em pacientes que receberam antibioticoterapia ■ Diagnóstico: excluir outras infecções. Presença de quantidade abundante de S.aureus nas fezes, com ausência de microbiota normal Gram-negativa. Presença de leucócitos nas fezes, e ocorrem placas brancas com ulceração na mucosa do cólon. ○ Mastite ● Exotoxinas: produzem super-antígenos, que são polipeptídeos produzidos e secretados por S. aureus. ○ Exemplos: toxina da síndrome do choque tóxico (TSST-1 Toxic Shock Syndrome Toxin) e enterotoxinas que vão causar Intoxicação ● Enterotoxinas: ocorre a ausência de um processo infeccioso, a causa é a toxina solúvel que é liberada pela bactéria e se dispersa pelo organismo. Ingestão de alimentos contaminados: cremes, carnes, molhos de saladas, crustáceos, sorvetes, etc… ○ Toxina → vômitos, dor abdominal e diarreias → intoxicação alimentar ○ Toxina → expressão → síndrome do choque tóxico ↪ Ingestão de toxina pré-formada com sintomas após 6-8h: intoxicação // toxoinfecção: ingestão da bactéria e depois de 1 dia essa bactéria após colonização produzem toxinas que levam ao desequilíbrio eletrolítico ● Esfoliatinas: Produzida por algumas cepas de S. aureus. Consistem em 2 proteínas, ET-A e ET-B. Ambas com atividade proteolítica. Agem sobre uma proteína presente nas superfícies das células epiteliais da pele (proteína que promove a adesão entre células epiteliais). Promovem esfoliação da pele ● Impetigo bolhoso: Formação de vesículas cutâneas superficiais ricas em bactérias. Eritema localizado (borda da vesícula). Altamente contagiosa. Principalmente em lactentes e crianças de pouca idade. Ação localizada. Menos raro em adultos ○ Infecção superficial. Começa com mácula e evolui para vesículas, que sofrem ruptura, formando uma crosta. ○ Líquido amarelado ● Síndrome da pele escaldada ou doença de ritter: Dermatite esfoliativa bolhosa, intoxicações com ou sem infecção invasiva aparente. Essa toxina possui ação generalizada, no qual a toxina é produzida no sítio de infecção e levada pela corrente circulatória, ocorrendo o deslocamento de extensas áreas da epiderme. Mais comum em recém nascidos e crianças (mais raro em adulto) ○ Líquido transparente ● Tratamento: ○ Podem ser tratados com penicilina resistentes a beta lactamase, por exemplo, naficilina ou cloxacilina (3o geração), algumas cefalosporinas (2o geração) ○ Claritromicina / azitromicina: alternativa para Impetigo ○ Ferimento: Clindamicina e doxiciclina ○ Vancomicina ○ Fazer antibiograma para identificar cepas multirresistentes. → Staphylococcus epidermis: possui potencial de patogenicidade elevado pela capacidade de formação de biofilmes. É o principal agente da bacteremia hospitalar, encontrado principalmente em serviços de oncologia e neonatologia. São infecções associadas à implantação de próteses articulares, cardíacas e vasculares, além de cateteres intravenosos e peritoniais → Staphylococcus saprophyticus: é coagulase negativo, não formam capa de fibrina, e é um importante patógeno oportunista, provoca infecções do trato urinário em mulheres jovens, levando a cistites e pielonefrites → Isolamento e identificação de Staphylococcus spp: cocos de importância médica ● G+: Staphylococcus sp, Enterococcus sp e Streptococcus sp. ● G-: Neisseria sp e Moraxella sp ● Assim que se realiza a semeadura, colora-se por Grahm e aí sim começamos as reações enzimáticas para identificação ● Enzimas: ○ Catalase: verificar a presença da enzima catalase que decompõe H2O2 ○ Coagulase: verificar a habilidade do micro-organismo em coagular o plasma pela ação da enzima coagulase. *16-18h em temperatura ambiente, pois a fibrinolisina perde atividade, podendo se formar coágulo novamente* ○ DNAse: verificar se a bactéria possui a enzima desoxirribonuclease que degrada DNA presente no meio de cultura. ○ Teste de manitol: S.aureus fermenta manitol deixando o meio acidificado. ■ Meio com NaCl 7,5% e manitol = negativo (rosa; S. pseudintermedius) e positivo (amarelo; S. aureus) ○ Novobiocina: Se o halo medido for menor ou igual a 16mm, identifica-se como resistente, sendo identificado S. saprophyticus. Maior que 16 mm é sensível ■ S. saprophyticus: catalase positivo (todos os Staphylus), coagulasenegativo (somente S. aureus), DNAse e manitol negativo. → Fluxograma de identificação: Patogenia e diagnóstico do gênero Streptococcus spp. e Enterococcus spp. → Os estreptococos são bactérias encontradas rotineiramente no laboratório de microbiologia, são gram-positivos em cadeias. Os gêneros Streptococcus e Enterococcus são de interesse médico → Streptococcus spp.: são cocos gram positivos, geralmente em cadeias, e classificados de acordo com tipo de hemólise em meio de cultura (alfa, beta e gamma). Apresentam hemolisinas apresentam ação in vivo, e in vitro se apresentam de formas diferentes ● Beta-hemolíticas: lise total das hemácias ● Alfa-hemolíticas: in vitro mostram a hemolisina porém não possuem função hemolítica total. ● Gamma-hemolíticas: in vitro não lisam hemácias. → Beta-hemolíticos: estudada em 1933 por Rebeca Lancefield percebeu diferenças antigênicas do carboidrato C (polissacarídeo, de composição variada) de parede celular, que pode ser detectado por técnicas imunológicas. Tomando por base este polissacarídeo, os estreptococos foram divididos em 20 grupos sorológicos (Grupos de Lancefield: A, B, C, D, E, F, G, H, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U e V) → Grupo A: Streptococcus pyogenes. A virulência deste patógeno é determinada de acordo com ○ Habilidade da bactéria em evitar opsonização e fagocitose: cápsula (repulsão de fagócitos) e proteína M (grande variabilidade gênica, cerca de 80 proteínas M diferentes.) ○ Capacidade de aderir à superfície das células do hospedeiro ■ Adesinas: Ácido lipoteicóico, Proteína M e Proteína F ○ Capacidade de invadir as células do hospedeiro ■ Proteína M e Proteína F (promovem a internalização da bactéria) ○ Capacidade de produzir toxinas e enzimas ↪ Doenças supurativas: ● Faringite: S. pyogenes é responsável por muitos casos de faringite ● Escarlatina: geralmente após faringites – somente cepas produtoras de exotoxina estreptocócica. Complicação da faringite ○ Porta de entrada: Trato Respiratório ○ Ação de toxinas ○ Período de incubação de 2 a 5 dias ○ Doença infecciosa aguda com febre, calafrios, náuseas, vômitos, comprometimento da faringe e aparecimento de eritema e descamação cutânea ○ Manchas na mucosa oral e posterior comprometimento da faringe ● Piodermite: infecção limitada e purulenta que acomete a pele (por estiramento de pele ou lesões na pele). Pele colonizada → ruptura da epiderme → formação de vesículas → formação de vesículas → crosta espessa ● Erisipela: infecção aguda de pele - Lesão elevada, eritematosa e de bordas bem demarcadas ● Infecções invasivas: dependem do sorotipo do estreptococo (M 1, 3, 11, 12, 18) e de fatores do hospedeiro ○ Fascite necrosante (gangrena estreptococócica): infecção profunda do tecido conjuntivo subcutâneo, com destruição de tecido muscular e gorduroso, disseminado ao longo do plano fascial ○ Sepse ○ Síndrome do choque tóxico: cepas dos sorotipos M1 e M3, produtoras de exotoxinas estreptococócicas ↪ Doenças não supurativas: complicações que são de sequelas pós-estreptococócicas, surgem quando as doenças supurativas não são imediatamente diagnosticadas e tratadas ● Glomerulonefrite ○ Cepas nefritogênicas – 1 a 4 semanas após a faringite ou infecção cutânea (piodermite ou impetigo) ○ Ocorre deposição de complexo Ag-Ac e inflamação ● Febre reumática ○ cepas reumatogênicas – 1 a 4 semanas após faringite. ○ reação cruzada : Anticorpos contra antígenos de membrana de S.pyogenes reagem com tecido cardíaco humano. ↪ Tratamento: ● O antibiótico de escolha é a Penicilina G, pois 99% dos isolados são sensíveis. ● Para alérgicos, é recomendado a eritromicina ● Resistência às tetraciclinas são mediadas por fatores R → Grupo B: Streptococcus agalactiae. Cocos gram-positivos que podem colonizar trato intestinal, geniturinário, gerando colonização assintomática entre 5 a 35% das gestantes ● Gestantes: estado de portador transiente em 10 a 30% dos casos (contaminação retal) ○ Transmissão vertical ao recém-nascido (parto): realização de exame - verificar na 20 a 30 semana da gestante. ○ A doença neonatal pode ser de início precoce ou tardio ■ Atravessa a barreira placentária, pode causar meningite ou pneumonia. ↪ Doença neonatal causada por S. agalactiae: ● Precoce: Primeiros 5 dias de vida ○ pneumonia, meningite, sepse e choque séptico ○ associada aquisição durante a passagem pelo canal de parto colonizado ○ alta mortalidade ● Tardio: 7 dias a 3 meses após nascimento (média 3-4 semanas) ○ Aquisição da mãe ou do ambiente hospitalar ○ Bacteremia/sepse com meningite ou pneumonia ○ Mortalidade de 10-15% → Grupo D: possuem reações hemolíticas variáveis (S. bovis/S. equinus) ● S. bovis: endocardite; se multiplica mais facilmente em células malignas intestinais (ou seja, mais comum em pacientes com câncer de intestino) alta chance de óbito → Grupos C, E, F, G, H, K-U: eventualmente causam doenças humanas ● Causam quadros mais leves, dependendo do quadro imunológico do paciente → Grupo N: Streptococcus thermophilus (lactococos - encontrados em iogurte) → Alfa-hemolíticos: grupo viridans (S. mutans, S. salivarus, S. sanguis (formação de placa a partir da síntese de glucana), S. mitis, S. anginosus) e Streptococcus pneumoniae ● Grupo viridans: ○ Fazem parte da microbiota normal das vias aéreas superiores e diferentes nichos da cavidade oral ○ Associados a algumas bacteremias, endocardites, abscessos, infecção do trato geniturinário e infecção de feridas ○ As espécies S. mutans e S. sanguis tem importante papel na formação da placa dental devido sua capacidade de sintetizar glicanas a partir de carboidratos ● S. pneumoniae: ○ Conhecido também por pneumococo ○ Pertence a microbiota ○ Sua virulência pode ser atribuída à sua capacidade de: ○ Resistir à opsonização, fagocitose e morte intracelular por células fagocíticas ○ Diplococo Gram-positivo ○ Cápsula polissacarídica (cerca de 90 sorotipos) ○ Associado a infecções graves ○ Causam sinusites, otites médias, pneumonia, bacteremia, meningite. ○ Relacionados a infecções oculares ○ Isolados de fluido peritoneal, urina, secreção vaginal e exsudato de feridas ○ Encontrado no trato respiratório superior de humanos ○ Tratamento e controle: antibioticoterapia ■ Direcionada pelo perfil de susceptibilidade de cada isolado ■ Normalmente sensíveis às penicilinas ■ Tetraciclina e cloranfenicol ■ Vacinas (devido à grande variabilidade genética) → Gamma-hemolíticos: Enterococcus (+ de 30 espécies), principalmente E. faecalis e E. faecium; importante devido a sua capacidade de formação de biofilmes ↪ São cocos Gram-positivos, colonizam trato intestinal de humanos e animais e provocam infecções de trato urinário, bacteremias e feridas ● Transmissão humana: via direta e indireta ● Virulência: baixa ● Expressão de adesinas e proteases ● Geralmente não conseguem resistir à fagocitose ● Grande importância: Isolados com elevada resistência aos antimicrobianos – Infecções hospitalares ● Isolados ERV (ou VRE; enterococos resistentes à vancomicina) → Cultura de vigilância: ocorre cultura de amostras do paciente quando este vem de um hospital, por poder haver chance de colonização de outro hospital; manutenção do controle. ● Paciente vem do hospital X para o Y: o Y, por não saber o que tem no X, faz cultura de bactérias com resistências significativas; como o VRE, carbapenemase, MRSA, bactérias multirresistentes. ● Paciente testou positivo para alguma: isola-se todos os pacientes que possuem esta bactéria, por exemplo, a fim de se evitar contaminação cruzada. → Isolamento e identificação de Streptococcus spp. e Enterococcus spp ● Cocos Gram-positivos dispostos aos pares ou em cadeias ● Provas hemolíticas: Hemólise em AS ● Necessidades nutricionais: 35-37°C, 5-10% de CO2 (microaerofilia) ● Catalase – negativa ● Provas sorológicas: detecção de antígenos capsulares ou de parede celular ● Provas bioquímicas Coloração de Gram → Cocos gram-positivos em cadeia ou aos pares → tipo de hemólise - ágar sangue (5% sangue de carneiro): ● Beta-hemólise: hemólisetotal; lise completa dos eritrócitos em torno da colônia, halo transparente em torno da colônia ● Alfa-hemólise: hemólise parcial; lise parcial dos eritrócitos em torno da colônia, alteração da cor do meio para esverdeado ● Gamma-hemólise: sem hemólise; não ocorre alteração da cor do meio em torno da colônia, também denominados não-hemolíticos → Sensibilidade à optoquina: (alfa-hemolíticos) ● Diferenciar S. pneumoniae de outros S. viridans ● Realizado em AS - medindo halos de inibição ● Halo =14mm = S (sensível) = S. pneumoniae ● Halo for < 14mm – outras provas de identificação (resistente) ○ Bile esculina: 40% de sais de bile ■ Hidrolisou a bile: gamma-hemolítico ■ Não hidrolisou: Streptococcus sp - Grupo viridans ● Streptococcus viridans são em geral resistentes à optoquina → Prova de bile-esculina ● Capazes de crescer em meio contendo 40% de bile e hidrolisar a esculina ● Esculina → esculetina ● Esculetina reage com íons férrico (presentes no meio) formação de um precipitado escuro → Identificação de beta-hemolíticos: ● CAMP teste: denominado assim por Christie, Atkins e Munch-Petersen; identificação por cepa de S. aureus (ATCC 25923) produtora de beta-hemolisina. ○ Príncipio: S. agalactiae secretam uma proteína, denominada "fator CAMP" que interage com a β-hemolisina secretada por S. aureus, o que produz aumento de sinergia da hemólise (potencialização da hemólise) ■ “Formação de seta” ● Teste de PYR: detectar a presença da enzima L-pirrolidonil arilamidase (PYR). O teste é útil para a identificação de Streptococcus beta-hemolítico do grupo A e Enterococcus sp. ○ Positivo: mudança de cor do meio para vermelho-cereja ou roxa (S.pyogenes ou Enterococcus sp.) ○ Negativo: meio amarelo ou levemente rosa (S.agalactiae) ● Sempre que o microorganismos for sensível, ele vai formar tipo uma bolha ao redor da cultura semeada. → Identificação de gama-hemolíticos: ● Prova de tolerância ao sal (NaCl 6,5%) ○ Micro-organismo semeado em caldo NaCl 6,5% ○ Incubação por 18-24h ○ Positivo: Presença de crescimento (tolerância ao NaCl a 6,5%) ○ Espécies de Enterococcus são tolerantes ao sal ○ Estreptococos do grupo D não-enterococos: ausência de crescimento → CAMP teste: → Bile esculina: → Tolerância ao NaCl 6,5% Patogenia e Diagnóstico dos Bacilos Gram-negativos → Bacilos gram-negativos fermentadores de glicose (família Enterobacteriaceae, Morganellaceae, Yersiniaceae e Hafniaceae, da ordem Enterobacteriales) ● Família Enterobacteriaceae: ○ Escherichia ○ Citrobacter ○ Enterobacter ○ Klebsiella ○ Salmonella ○ Shigella ● Família Morganellaceae: ○ Morganella ○ Proteus ○ Providencia ● Família Yersiniaceae: ○ Serratia (perigoso) ○ Yersinia ● Família Hafniaceae: ○ Edwaedsiella ○ Hafnia → Ordem Enterobacteriales: são anaeróbios facultativos (crescimento rápido em meios comuns); sua classificação se dá por provas bioquímicas (), estruturas antigênicas, hibridação e sequenciamento de DNA. ● Habitat: solo, água, vegetação, TGIs… ubiquitários ● Cerca de 30 gêneros e centenas de espécies, mais ou menos 20 espécies causam uma variedade de doenças → Caracterização antigênica: importante para diferenciação dos patotipos de E. coli (se é patogênica ou comensal) ● Antígeno (Ag) O: parte polissacarídica do LPS ● Ag K: cápsula (polissacarídeos ou proteínas) ● Ag H: proteínas flagelares ○ Finalidade: especificidade antigênica ○ Ex: E. coli O157 H7: enterohemorrágica // O157 H12 é comensal. ○ E. coli que causam infecção urinária não precisam dessa caracterização, por serem de um tipo específico da microbiota intestinal → Principais fatores de virulência comuns à maioria das enterobactérias ● LPS (+ lipídeo A): endotoxina; indutor de resposta inflamatória ● Cápsula: antígeno K; cargas negativas se repelem, repulsão dos fagócitos, e adesão (formação de biofilme) ● Sistema de secreção tipo III: injeta proteínas dentro de células do hospedeiro. ● Resistência aos antimicrobianos: resistência múltipla, mediada por plasmídeos. ● Sistemas de captação de ferro: sideróforos → Gêneros de enterobactérias mais isolados em amostras clínicas humanas: mais numeroso de micro-organismos anaeróbios facultativos presentes no intestino humano (109 bactérias/g fezes). Microbiota normal do intestino humano e de animais, presente no ambiente ● Citrobacter ● Enterobacter ● Serratia ● Proteus/Morganella ○ Grupo CESP: diversas infecções, como infecções do trato urinário (ITU), infecções hospitalares em neonatos (meningites) e pacientes imunocomprometidos, além de pneumonias. Demonstram alta resistência a diversos antimicrobianos, levando à falha terapêutica ● Klebsiella ○ Causa de pneumonia em pessoas com funções pulmonares comprometidas (não removem secreções); Patogênese ○ Nos alvéolos (resiste à fagocitose devido à cápsula) provoca necrose alveolar – forma cavidade – escarro sanguinolento ○ Principais espécies ■ K. pneumoniae ■ K. oxytoca ○ Infecções comunitárias: pneumonias, ITU e infecções de ferimentos. ○ Infecções nosocomiais: pneumonias e ITU ○ É encontrada nas vias respiratórias (nasofaringe), com menor frequência, e nas fezes de cerca de 30% dos indivíduos normais. É uma bactéria oportunista: ataca recém nascidos, idosos, portadores de neoplasias, diabetes, pacientes cirúrgicos ○ Sua cápsula polissacarídica é importante fator de virulência, leva a adesão à mucosas, principalmente do trato respiratório e urinário ○ K. granulomatis: granuloma inguinal, uma IST que se caracteriza por ulcerações nos órgãos genitais e nas regiões inguinal e perianal. (É DST) ● Escherichia ○ As amostras de E. coli que apresentam significado biológico para o homem são classificadas, de acordo com critérios genéticos e clínicos, em 3 grupos principais: ■ Patógenos entéricos: causam diarreia (evacuações frequentes, fezes aquosas/liquefeitas) ou disenteria (evacuações frequentes mas menos do que na diarreia, caracterizada por dor intestinal, fezes pastosas com muco, sangue e leucócitos) ● Via de transmissão de infecções intestinais ○ Indireta: água e alimentos contaminados (via fecal-oral) ○ Direta: contato pessoal (ambiente hospitalar ou comunidade) ■ Patógenos extra-intestinais: são comensais que possuem alguns fatores de virulência que causam meningites (principamente em recém-nascidos; MNEC), infecções urinárias (80% comunidade), bacteremias, infecções intra-abdominais, pneumonias... ● Infecção urinária: na comunidade ------- ascensão via uretra ● em hospitais ------------ uso de sondas e catéteres ● E. coli – é a mais frequente causa de ITU ■ Amostras comensais: são membros da microbiota intestinal. colonizam o trato gastrointestinal logo após o nascimento e raramente causam doença no hospedeiro. ■ E. coli causadora de infecção urinária (UPEC): colonização de regiões periuretrais → oportunidade entram na uretra → bexiga: adesão no epitélio vesical (fímbrias) → invasão e multiplicação intracelular → apoptose por esfoliação (é uma infecção recorrente, pois geralmente por sobrar poucas bactérias, elas não são reconhecidas, causada por biofilme intracelular) ● Além de cistite, pode causar lesão glomerular (como uma pielonefrite, por exemplo): Bexiga → adesão (fímbrias) no epitélio renal → toxinas (alfa-hemolisina) → lesão glomerular → corrente sanguínea ● Idosos: mostram sintomas inespecíficos somente quando possuem estas bactérias na corrente sanguínea; devemos nos atentar a este tipo de paciente. ● Edwardsiella ● Providencia ● Salmonella ● Shigella ● Yersinia ↪ Infecções intestinais: geralmente localizadas com sintomas locais e gerais; as vezes podem atingir a corrente sanguínea ● diarréia ○ Vibrio cholerae ■ ETEC (E. coli enterotoxigênica) ■ EPEC (E. coli enteropatogênica) ○ Clostridium difficile (associada a antibioticoterapia) ● disenteria (enterite) ○ Salmonella ○ Shigella ○ EIEC (E. coli enteroinvasora), EHEC (E. coli enterohemorrágica) ○ Campylobacter jejuni ↪ Patogenicidade: causam infecções intestinais e extra-intestinais. Meningites, bacteremias, infecções do trato respiratório e infecçõessecundárias após traumas. ● Temos bactérias enteropatogênicas: ○ Aderentes (ETEC, EPEC, EHEC) ■ Superficiais: sem alterações na superfície epitelial ■ Íntimas: destroem microvilosidades ○ Invasoras: EIEC, Shigella, Salmonella. Invadem superfície epitelial e atingem camadas mais profundas → EPEC e sua patogenicidade: causadora de diarreia infantil (em crianças menores de um ano de idade) ● Bactérias se aderem às células → Formam grupamentos ou microcolônias na superfície da célula → Adesão localizada (AL) ou lesão A/E (attachment/effacement ou ligação/apagamento) ● Ingestão (pessoa-pessoa, água, alimentos): crianças → adesão ao intestino delgado por fímbrias, formando dímeros que vão para a membrana celular → injeção de proteínas que alteram diversos processos celulares, levando a alterações celulares dramáticas; rearranjo do citoesqueleto (formação de pedestal), levando a destruição de microvilosidades → causa perda de função da barreira intestinal via rompimento das zonas de oclusão (junções celulares das células epiteliais intestinais) → perda de água e eletrólitos → diarreia aquosa → ETEC: diarreia infantil e em adultos (principalmente em países em desenvolvimento), chamada de diarreia do viajante, pode levar a uma diarreia branca até uma grave com desidratação, com duração de geralmente 1 a 2 dias, fezes sem leucócitos, sangue ou muco. ● Adesão por fímbrias → sem destruição de microvilosidade → sinalização por enterotoxinas ● Patogenicidade: colonização da mucosa intestinal por fatores de colonização (CF) (adesina). Produção de enterotoxinas: induzem secreção de eletrólitos e diminuem a absorção de água. ○ Enterotoxinas: ST e LT ■ ST termoestável: retém atividade tóxica mesmo após incubação a 100°C por 30 min ○ LT termolábil: atividade tóxica perdida a 100°C por 30 mim ■ LT-I → isoladas de amostras clínicas ■ LT-II → isoladas de alimentos e animais ● Mecanismo de virulência: água, alimentos contaminados, contato pessoal em crianças e adultos → aderem ao intestino delgado → produção de toxinas codificadas por plasmídeo (enterotoxinas ST e LT) → desequilíbrio hidro-salino no lúmen intestinal → diarreia aquosa → EIEC: ● Mecanismo de virulência: ingestão em países em desenvolvimento por água ou alimentos contaminados em crianças maiores que 2 anos e adultos → intestino grosso: adesão e invasão por penetração nos enterócitos → escape do vacúolo (lise de vacúolos) → multiplicação no citoplasma, disseminação para outras células, destruição dos tecidos → inflamação e necrose da mucosa → diarreia aquosa; disenteria ○ Diarreia sanguinolenta ou não, presença de leucócitos e muco, dores abdominais e febre → EHEC ou STEC (E. coli produtora de toxina Shiga): causa lesão A/E como a EPEC e possui dose infectante baixa, com cerca de 100 bactérias ● Mecanismo de virulência: ingestão por água, carne contaminada por manipulação, leite não pasteurizado, vegetais e frutas crus em crianças e adultos → adesão à mucosa do intestino grosso → produção de citotoxinas (toxinas Shiga, Stx1 e Stx2) → inflamação colite ulcerativa (destruição de microvilosidades intestinais → diarreia com sangue ○ Complicação em aproximadamente 10% de crianças, levando a SHU (síndrome hemolítica urêmica; insuficiência renal): acometimento renal pela presença de receptores para toxina Stx no epitélio renal (SHU) ○ Temos plaquetopenia e anemia hemolítica além da insuficiência renal aguda. → Diagnóstico e tratamento (infecções por sorotipos patogênicos de E. coli) ● Diagnóstico laboratorial: isolamento por fezes e identificação por provas bioquímicas (gênero/espécie/sorotipo) ● Tratamento: antibioticoterapia selecionada por realização de testes de sensibilidade (antibiograma) → Shigella spp.: uma enterobactéria bacilo gram-negativo que causa doença em crianças e adultos, com transmissão direta (mãos contaminadas) e indireta (via fecal-oral), com dose infectante baixa (10 a 100 células) e possui 4 espécies principais ● S. dysenteriae: surtos epidêmicos, formas severas de disenteria, causa da maioria dos fatos fatais de shigelose ● S. flexneri ● S. sonnei ○ Essas duas são endêmicas e causam a maioria das infecções ● S. boydii ↪ Patogênese: essas bactérias não são afetadas pela acidez do estômago, possui patogênese parecida com EIEC. Proliferam no intestino delgado mas principal sítio de colonização é o intestino grosso. Neste local, se fixam na superfície das células M, as quais levam a bactéria para interior das células. Bactérias se multiplicam e rapidamente se disseminam para células vizinhas (polimerização de filamentos de actina) podendo produzir toxina de Shiga, destruindo tecidos: resultando em disenteria grave ↪Toxinas: ● Enterotoxinas de Shigella 1 e 2 (ShET1 e ShET2): são encontradas em secreção intestinal e contribuem para a fase aquosa da diarreia. ● Toxina de Shiga: produzida por S. dysenteriae e provoca lesões vasculares no cólon, rins e sistema nervoso central; complicações com risco de vida. ↪ Shigelose (disenteria bacilar): provoca severa destruição da camada epitelial da mucosa, impedimento da absorção de água, nutrientes e solutos, causando diarréia aquosa inicial, sem evidencia de invasão (bacteremia; somente toxina). Intensa reação inflamatória e disenteria → Salmonella spp.: podem causar colonização assintomática (portadores, 1 a 5% dos pacientes), gastroenterites (sendo a sua forma clínica mais comum), podendo levar a sepse (comumente causada pelos sorotipos Typhi, Paratyphi e Cholerasius). O sorotipo Typhi causa febre entérica. Temos somente duas espécies, com mais de 2 mil sorotipos (sorovars) de salmonelas reconhecidos ● Salmonella bongori (isolada de animais) ● Salmonella enterica (importância em humanos) ○ Salmonella enterica sorotipo Typhi ○ Salmonella enterica sorotipo Typhimurium ○ Salmonella enterica sorotipo Enteritidis ● Fatores de virulência: LPS, fímbrias de adesão, proteínas de invasão (invasinas), enzimas protetoras de ação ácida e enzimas protetoras da ação de fagócitos ↪ Salmoneloses: ● Salmonella Enteritidis ○ Habitat: Frequentemente encontrada no trato intestinal de animais, sendo muito comum em aves ○ Modo de transmissão: é transmitida por alimentos contaminados e ingeridos crus ou mal cozidos carne de frangos e principalmente ovos ○ Mecanismo de transmissão: através do consumo de ovos contaminados, no qual a matéria fecal eliminada pelas aves, contendo a bactéria, pode contaminar os ovos externamente. Também foi constatado que a Salmonella Enteritidis infecta os ovários de galinhas com aparência saudável, contaminando os ovos antes das cascas serem formadas (transmissão transovariana). Quando os ovos são ingeridos, insuficientemente cozidos ou crus (ex. maionese caseira) podem transmitir a infecção, ocasionando casos isolados ou surtos epidêmicos ○ Gastroenterites por Salmonella spp: entrada via oral por alimentos contaminados (de granjas e laticínios) ou por pessoa-pessoa, em crianças e adultos → aderem ao intestino delgado e grosso → invasão transepitelial, multiplicação dentro do vacúolo endocítico → alcançam lâmina própria (intensa resposta inflamatória, com transmigração de neutrófilos, com secreção de fluidos e diarreia). ■ Em recém-nascidos e debilitados ocorre proliferação na lâmina própria → atinge vasos linfáticos → sangue, levando a septicemia, meningite e outros ● S. Typhi e S. Paratyphi: causam febre tifóide e paratifóide (mais branda e rara); 105 a 108 bactérias. ○ Ingestão por água, alimentos ou pessoa-pessoa em crianças e adultos → aderência ao intestino delgado → invasão transepitelial → invasão e sobrevivência em fagócito mononuclear (macrófago) das placas de Peyer (multiplicação em linfonodos mesentéricos) → sangue (bacteremia sem sintomas) → fígado, baço, medula óssea → retorno ao sangue, segunda bacteremia com sintomas como: ■ Portador: vesícula biliar ou outros órgãos ■ Bacteremia, osteomielite, endocardite ■ Febre, anorexia, mal estar, sintomas gastrintestinais, e permanece por 10 a 14 dias ○ Um exemplo clássico de portador de febretifóide foi Mary Typhoid ■ Mary emigrou da Irlanda aos Estados Unidos. Entre 1900 e 1907 trabalhou como cozinheira em NY e durante este período infectou 22 pessoas. ■ Passou por diferentes famílias ... o que contribuiu a que a doença se estendesse ainda mais. ■ Negou-se em numerosas ocasiões a coletar amostras de fezes para demonstrar que era portadora do micro-organismo... Ficou em quarentena por 3 anos ■ Depois, foi libertada com a condição de que não trabalhasse mais com alimentos... ■ Mary Mallon mudou seu nome pelo de Mary Brown e voltou a trabalhar como cozinheira e em hospital ■ Apareceram outros 25 indivíduos infectados e 2 óbitos ■ Depois de ser localizada de novo, foi-lhe imposta uma quarentena eterna.... Morreu de pneumonia. ● Portadora de Salmonella Typhis na vesícula biliar ↪ Tratamento e prevenção: ● Tratamento: ○ Normalmente não há necessidade de antibioticoterapia, varia de acordo com perfil de sensibilidade do isolado ○ Quando temos febre entérica, os antimicrobianos mais usados são: cloranfenicol, quinolonas e cefalosporinas de 3a geração ● Prevenção: ○ cozimento adequado dos alimentos de origem animal; ○ o conservação dos alimentos a temperaturas adequadas de refrigeração; ○ o proteção dos alimentos do contato com roedores, moscas; ○ o análise periódica de amostras de fezes de manipuladores de alimentos pela saúde pública, detectar portadores; ○ o inspeção periódica de locais de processamento de alimentos pela saúde pública; ○ o lavagem de mãos antes de manipular qualquer alimento. → Bacilos gram-negativos fermentadores de glicose: princípio de testes diagnósticos **próxima aula: parou no slide 50** →→→→→→→→↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪ →→→→→→→→→→→→→→→ ↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪ ↪ →→→→→→→→→→→→→→→↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪ →→→→→→→→→→→→→→→↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪↪
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