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A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 1 ARTRITE REUMATÓIDE Definição Artrite reumatóide (AR) é uma doença sistêmica do tecido conjuntivo cujas alterações são predominantes nas articulações diartrodiais e nas estruturas periarticulares, manifestando-se principalmente pelo processo inflamatório de caráter crônico e deformante da membrana sinovial.5 Incidência A artrite reumatóide é uma doença que acomete 0,5 a 1% da população adulta, aumentando para 4,5% em pessoas na faixa dos 55 aos 75 anos. Ela afeta ambos os sexos, predominantemente o sexo feminino (em 3:1).12,13 No Brasil, foi realizado um estudo multicêntrico (1993) que constatou que a prevalência da doença variou de 0,2 em Curitiba a 1,0 em Belém.13 Etiologia A causa da artrite reumatóide ainda é desconhecida, porém, considera-se o fato de que seja uma doença multifatorial. Há uma alteração na resposta imunológica (defeitos imunorreguladores) em indivíduos geneticamente predispostos. No entanto, os fatores precipitantes ou desencadeantes dessa disfunção não foram identificados. A participação de alterações neuroendócrinas, fatores ambientais e infecciosos está sendo estudada, porém, a presença de agentes como vírus ou bactérias específicos na membrana sinovial ainda não foi comprovada.5,11 Patogênese A artrite reumatóide acomete primariamente a membrana sinovial, com características de um processo inflamatório crônico. Acredita-se que a presença de um 2 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A auto-antígeno ainda desconhecido gera uma resposta antígeno-específica, na própria sinóvia. Essa resposta seria mediada por linfócitos T que, com a liberação de interleucinas, atrairiam e ativariam macrófagos, células mononucleadas e outras células plasmáticas. Observa- se, então, hipertrofia e hiperplasia das células da membrana sinovial com uma extensa proliferação de fibroblastos e angiogênese, formando um tecido granulomatoso entre a membrana sinovial, a cartilagem e o osso, denominado pannus, que tem a capacidade de invadir a cartilagem e o osso, causando a destruição articular.11 O fator reumatóide é um grupo de anticorpos com especificidade para a fração Fc da imunoglobulina G, sendo a maior alteração imunológica da artrite reumatóide. Ele é responsável por diversas funções efetoras dentro do processo patogênico, formando imunocomplexos, com ativação do sistema complemento, contribuindo para a perpetuação da inflamação articular. Sua produção tem sido associada à maior severidade da doença e à presença de manifestações extra-articulares.11 Quadro Clínico A artrite reumatóide muitas vezes tem início insidioso, prosseguindo com poliartrite simétrica, aditiva, erosiva e deformante. No início, o indivíduo pode apresentar apenas fadiga, mialgia, febre e emagrecimento, mas normalmente as crises se apresentam com dor inflamatória e inchaço em grandes e pequenas articulações, associados à rigidez de caráter inflamatório com duração maior ou igual a uma hora. A dor e a rigidez muitas vezes são de difícil distinção. As articulações mais acometidas são punho, metacarpofalangianas e interfalangianas proximais (geralmente são poupadas as interfalangianas distais). Também são freqüentes o acometimento dos joelhos, dos tornozelos e de pequenas articulações dos pés. Sinais clínicos de sinovite, como edema, calor ou hiperemia, são observados nas fases ativas de inflamação e nas articulações mais superficiais, que possuem cápsula articular mais distensível. Em articulações como o quadril e os ombros, a sinovite é dificilmente detectada no exame físico. Os músculos tornam-se enfraquecidos devido à distensão e ao edema, prejudicando a propriocepção.6,13 As articulações ficam instáveis devido à frouxidão ligamentar decorrente da artrite persistente. Há certa deficiência na marcha, nas atividades diárias, nas atividades profissionais e até na função sexual. 3,19,23 A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 3 Com o avanço da doença, ocorrem deformidades como dedos em pescoço de cisne (hiperextensão da articulação interfalangiana proximal e flexão da interfalangiana distal), dedos em botoeira (flexão da interfalangica proximal e hiperextensão da interfalangiana distal), polegar em Z (decorrente da flexão da metacarpofalangiana e hiperextensão da articulação interfalangica), desvio ulnar dos dedos (metacarpofalangicas), desvio radial do punho, luxações e deformidades principalmente na flexão dos cotovelos, dos joelhos e do quadril.11 Os ombros tendem a manter uma posição de adução e rotação interna, gerando limitações às atividades da vida diária, como pentear os cabelos e vestir-se. Os pés podem perder os arcos e tornar-se planos com luxações, hálux valgo e calosidades no antepé (sobre os dedos e também na região plantar das cabeças metatarsais).5 Podem ocorrer síndromes compressivas, como a síndrome do túnel do carpo, pela proliferação do pannus que pode pressionar o nervo mediano. Em alguns casos, ocorre o comprometimento do esqueleto axial, principalmente o da articulação atlantoaxial, causando uma frouxidão ligamentar e, em casos mais graves, sua luxação. A articulação temporo- mandibular pode ser comprometida em 50% dos pacientes, dificultando o ato de alimentar-se, e pode ser causa de dor referida no ouvido médio e na garganta.11 Ocorrem também algumas manifestações extra-articulares da doença. A presença de nódulos reumatóides é mais freqüente; esses aparecem em superfícies extensoras de cotovelos, punhos e joelhos, podendo aparecer também nos pulmões. O acometimento dos vasos, do pulmão, do coração, dos rins, do sistema nervoso central (SNC) e dos olhos acontece mais raramente.11 Diagnóstico Exames laboratoriais Não há um exame específico para a detecção da doença. Os médicos normalmente solicitam provas de atividade inflamatória, principalmente a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a dosagem de proteína C-reativa (PCR), para avaliar a atividade clínica da doença. 4 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A O fator reumatóide (FR), presente em cerca de 80% dos pacientes, pode desenvolver uma doença mais agressiva e com mais manifestações extra-articulares. A ausência desse fator não exclui o diagnóstico, e sua presença isolada não identifica a doença.11 Radiologia As alterações radiológicas fazem parte dos critérios de classificação da doença. Observa-se no raio X aumento de partes moles, rarefação óssea periarticular nos estágios iniciais e, posteriormente, diminuição do espaço articular, além da presença de cistos subcondrais e erosões ósseas marginais, característicos da doença. Nos casos mais avançados, podem ser observadas deformidades (luxações, desalinhamentos) e até mesmo anquilose nas articulações. 11 Avaliação Fisioterapêutiea Para a classificação da doença são aplicados os critérios do American College of Rheumatology (1987). O paciente deve ter pelo menos 4 dos 7 critérios positivos, durante pelo menos 6 semanas para o diagnóstico de artrite reumatóide. Os critérios são os seguintes: presença de rigidez matinal durante mais de uma hora, artrite de três ou mais articulações, artrite das mãos, artrite simétrica, fator reumatóide positivo, presença de nódulos reumatóides e alterações típicas no raio X.1,11,12 Sendo confirmada a doença, é ideal que o paciente inicie a reabilitação. A avaliação fisioterapêutica deve conter os dados pessoais e o histórico, bem como o tempo de doença do paciente. A queixa principal deve ser valorizada, porém, não deve ser o único item a ser tratado. Deve-se ter o conhecimento sobre internações, comprometimento extra-articular (se houver), tratamentos prévios e medicação em uso pelo paciente. É importante que o fisioterapeuta saiba compreender os exames laboratoriais e de imagem para acompanhar a evolução clínica do paciente, sempre discutindo o tratamento com o médico e se informando por meio de relatórios,telefone ou pessoalmente. A dor é comumente mensurada por uma escala numérica, a qual varia de 0 a 10, permitindo avaliar a progressão do tratamento.7,12 A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 5 Deve-se avaliar a presença de edema, além de outros sinais flogísticos (calor local e vermelhidão). Os punhos estão alargados pela sinovite e apresentam atrofia de músculos interósseos das mãos, além de aumento de volume das articulações metacarpofalangianas e interfalangianas proximais.11 Pode-se fazer uso do palmograma, que é a impressão, em uma folha de sulfite, da palma da mão pintada em guache para avaliação e acompanhamento dessas alterações presentes nas mãos do paciente em tratamento.4 A amplitude articular deve ser mensurada tanto de maneira ativa quanto passiva com um goniómetro, como um parâmetro a ser analisado na evolução do tratamento. A avaliação da força muscular também é importante, porém, feita manualmente é pouco sensível a pequenas mudanças. Por isso, utilizam-se dinamômetros como o Jamar (para avaliar a força de preensão), o Pinch gauge (para avaliar a força de pinça) e o Cybex (para avaliar a força de vários grupos musculares).14'17 Testes especiais, como os de gaveta e os testes para ligamentos colaterais, devem ser feitos em articulações submetidas à carga e, se necessário, utilizam-se tutores articulados para estabilização durante a marcha.12 Testes Funcionais/Qualidade de Vida O processo de agressão articular é mais intenso nos primeiros anos da doença. Mais de 50% dos indivíduos afetados pela artrite reumatóide apresentam dificuldades no desempenho das atividades profissionais após 10 anos de doença; a sobrevida nesses pacientes é 20% menor se comparada com a população normal,11 sendo a expectativa de vida reduzida em 4 anos para os homens e em 10 anos para as mulheres.12 Alguns testes foram desenvolvidos para avaliar a qualidade de vida e as funções de pacientes com artrite reumatóide. O Health Assessment Questionnaire (HAQ) tem sido o mais utilizado nos últimos anos, pela sua simplicidade e pela facilidade de realização, podendo ser auto-aplcado. Existem alguns testes validados para o português que são mais longos e mais complexos, porém, muito utilizados em pesquisas, como o Arthritis Impact Measurement Scale (AIMS), o SF-36 e o Nottigham Health Profile.12 6 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C ATratamento Medicamentoso As erosões e as deformidades geralmente aparecem nos primeiros anos da doença. Portanto, a atuação médica no controle da artrite reumatóide deve acontecer de forma rápida e agressiva, ou seja, utilizando-se drogas mais potentes e até a combinação delas na tentativa de diminuir a progressão da doença. As medicações utilizadas podem ser divididas em dois grupos: as sintomáticas, que controlam a dor e o edema, e as que têm como objetivo limitar as lesões articulares, melhorando o prognóstico da doença a longo prazo. Essas últimas também são chamadas de drogas de base ou modificadoras de doença. Dentre as medicações sintomáticas, os antiinflamatórios não-hormonais são drogas básicas no tratamento da doença, pois reduzem o processo inflamatório e colaboram com a analgesia, aliviando os sintomas. Os corticosteróides ou antiinflamatórios hormonais também são muito utilizados via oral, intramuscular, endovenosa ou intra-articular, porém, com mais cautela, pois os seus efeitos colaterais podem ser graves. Esses medicamentos podem provocar efeitos como síndrome de Cushing, hipertensão, diabetes mellitus, osteoporose, catarata ou necrose óssea avascular.11 O paciente deve ser monitorado e deve saber que o controle dessa medicação deve ser feito sempre pelo médico. As drogas utilizadas no tratamento da artrite reumatóide, na tentativa de evitar a progressão das lesões e deformidades, são os antimaláricos (hidroxicloroquina e cloroquina), sulfassalazina, sais de ouro, metotrexato e, em alguns casos mais resistentes, até mesmo drogas imunossupressoras como azatioprina, ciclofosfamida, clorambucil e ciclosporina. Recentemente, novas medicações como o leflunomide, etanercept e infliximab têm sido empregadas no tratamento da artrite reumatóide. Quando a deformidade é grave, com dor e limitação da função, são indicadas cirurgias de sinovectomia, ressecção óssea e, inclusive, a colocação de próteses metálicas para permitir o retorno das funções normais desse paciente. A fisioterapia deve ser indicada logo após o diagnóstico da artrite reumatóide, pois, precocemente, auxilia a evitar deformidades. 8 Tratamento Fisioterapêutico A reabilitação desses pacientes vai muito além da analgesia, que, na maioria dos casos, é momentânea (durando 1 a 2 horas) e, de maneira isolada, não contribuirá com o controle da doença. A intervenção precoce é necessária para o sucesso do tratamento. O A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 7 paciente sob efeito de analgésicos pode sobrecarregar as articulações com determinadas atividades, piorando o quadro e mantendo o processo inflamatório. OBJETIVOS DE TRATAMEMIO ■ Controlar a dor ■ Diminuir atrofia e fraqueza muscular. ■ Promover os alongamentos muscular e do tecido conectivo. ■ Prevenir a perda de amplitude de movimento, a Aumentar a resistência aeróbia. ■ Promover o condicionamento cardiopulmonar. ■ Evitar posições viciosas(deformidades). ■ Manter a função motora ■ Melhorar e manter a qualidade de vida do paciente com artrite reumatóide, levando em consideração a realização de atividades de lazer e de trabalho, bem como a higiene pessoal com independência. CONDUTA FSIOTERAPÊUTICA Repouso: Não absoluto. O uso de medidas de proteção articular durante a terapia e nas atividades diárias e profissionais provocará uma analgesia mais duradoura do que a dos aparelhos de eletroterapia. Nas crises ou na fase aguda, o tratamento é baseado em orientação para repouso relativo e prevenção de deformidades, o que pode ser feito com o uso de órteses. Órteses: podem ser usadas para auxiliar na preservação da função articular e na prevenção das deformidades. Os princípios de proteção das articulações por órteses são: • Respeito pela dor. • Equilíbrio entre atividade e repouso. • Evitar posições de deformidades. • Evitar atividades repetitivas. • Manter uma posição por muito tempo Orientações sobre como sentar e levantar da cama, como abaixar para pegar objetos no chão, como utilizar aparelhos que auxiliam na marcha reduzirão o estresse e a lesão nas articulações, permitindo o restabelecimento do quadro. Nos estágios subagudos ou crônicos devem-se estimular gradualmente os movimentos ativos Termoterapia 8 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C AAparelhos que produzem calor, como ondas curtas e ultra-som, não devem ser utilizados na fase aguda da doença. Porem existêm bibliografias que relatam que o Ultra-Som e o Ondas curtas pulsátil, reduzem a inflamação e o edema Crioterapia Nessa fase indica-se a crioterapia que produzirá analgesia (apesar de manter a rigidez articular). A crioterapia é contra-indicada em todas as fases da doença se o paciente tiver vasculite, crioglobulinemia ou fenômeno de Raynaud associados. Calor superficial Calor: seu uso não é recomendado em articulações inflamadas Pode ser usado no caso de articulações crônicas e não agudamente inflamadas (bolsa de água quente, lâmpada infravermelha, banho de parafina). Turbilhão: É o agente ideal quando se tratar de acometimento em articulações pequenas como as das mãos e dos pés. Os exercícios da fase crônica podem ser precedidos de medidas físicas como turbilhão ou bolsas de água quente (ou ainda banho quente no chuveiro), como forma de preparação para o exercício, com relaxamento muscular e diminuição da rigidez, facilitando os exercícios de força, bem como os de alongamento.5,12 Não se deve utilizar métodos de analgesia antes do exercício, pois o fisioterapeuta deve dispor de parâmetros detolerância do paciente em relação à atividade proposta ELETROTERAPIA O laser foi considerado útil no controle da dor e na melhora das funções das mãos. Tens e Corremte Interferencial: para o alívio da dor. Cinesioterapia Os exercícios terapêuticos devem ser realizados no ambulatório e orientados para que continuem sendo realizados no domicílio todos os dias. No início, os exercícios passivos são feitos para manter a amplitude de movimento articular; já na fase subaguda, os isométricos são a melhor opção por serem mais seguros, permitindo a manutenção do trofismo muscular até que a inflamação esteja controlada.8 Na fase crônica, pode-se realizar exercícios ativo-livres, progredindo com resistência leve a moderada, sempre A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 9 objetivando a função ou uma atividade específica (por exemplo, fortalecimento do músculo quadríceps até que o paciente consiga pelo menos subir os degraus de uma escada).21 Os exercícios devem ser feitos inicialmente na posição deitada, por permitir maior estabilidade, e depois passar para a posição ortostática. Os seguintes exercícios devem ser realizados: • Exercícios respiratórios. • Mobilização articular. • Exercícios isométricos. • Exercícios de amplitude de movimento: passivos, ativos, ativos resistidos. Exercícios com polias ativam a elevação do ombro e aumentam a amplitude de movimento dos cotovelos. Os exercícios são reconhecidos como a grande estratégia de reabilitação para pacientes com artrite reumatóide, permitindo melhora do fluxo sanguíneo e do metabolismo articular, reduzindo edema e rigidez.22 Exercício de alongamento Os alongamentos devem ser realizados de maneira ativa (com a contração do antagonista ao músculo encurtado), pois dessa forma haverá maior efetividade. As técnicas de contração e relaxamento também podem ser utilizadas. Realiza-se a contração isométrica do músculo encurtado, com resistência manual moderada, e o relaxamento, com alongamento da musculatura com espasmo, ganhando amplitude de movimento.8 EXERCÍCIOS DE FORTALECIMENTO O treinamento para obter aumento da força deve envolver a cuidadosa aplicação de resistência, para evitar danos aos ligamentos já afetados. Fortalecimento da musculatura dos cotovelos evitando apoio sobre a articulação. Nas mãos, usam-se talas de repouso, banhos com parafina seguidos de exercícios para os dedos. Os exercícios da fase crônica podem ser precedidos de medidas físicas como turbilhão ou bolsas de água quente (ou ainda banho quente no chuveiro), como forma de preparação para o exercício, com relaxamento muscular e diminuição da rigidez, facilitando os exercícios de força, bem como os de alongamento.5,12 Não se deve utilizar métodos de 1 0 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A analgesia antes do exercício, pois o fisioterapeuta deve dispor de parâmetros de tolerância do paciente em relação à atividade proposta. Exercícios com tração cervical raramente são realizados devido à possibilidade de comprometimento cervical com frouxidão ligamentar. Técnicas posturais são aplicadas com o auxílio do espelho, para que os pacientes tenham melhor consciência do movimento ou da postura realizada.8 EXERCÍCIOS DE MARCHA, EQUILÍBRIO E PROPRIOCEPÇÃO A reabilitação da marcha também é importante e varia de acordo com a gravidade do caso. Em pacientes restritos à cadeira de rodas deve- se primeiro treinar o ortostatismo, utilizar um andador e, posteriormente, treinar com uma bengala. Já em pacientes com poucas restrições, o uso de um dispositivo auxiliar da marcha proporcionará maior equilíbrio com menor sobrecarga nas articulações dos membros inferiores, permitindo sua proteção e recuperação.12 De acordo com pesquisa realizada em 1995 nos Estados Unidos,10 a bengala deverá ser utilizada no membro superior contralateral ao lado comprometido, e a altura ideal é no processo estilóide da ulna, estando o paciente com o braço relaxado e com os sapatos de uso habitual. Quando formos trabalhar marcha, equilíbrio e propriocepção, devemos ter em mente: ■ Marcha e junção: se necessário, pode-se fazer uso de dispositivos auxiliares. Reeducar a marcha dirigida principalmente aos objetivos do paciente. ■ Condicionamento cardiovascular: é muito importante, pois exerce um efeito positivo sobre a qualidade dos indivíduos com artrite reumatóide. A resistência e a capacidade aeróbica estão diminuídas nos pacientes com artrite reumatóide, por isso, pode- se também determinar que se realizem atividades aeróbicas, como bicicleta ou natação supervisionada, para evitar a reagudização do quadro articular.12,16 Nos estágios posteriores da doença é importante a atenção individual para as grandes articulações tendo em vista a profilaxia e a correção das deformidades. COLUNA Para a coluna, estimulam-se períodos em posição prona para corrigir as contraturas em flexão, exercícios para glúteos, mobilização passiva oscilatória e sobrecarga limitada de peso quando as articulações estiverem ativas. A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 1 1 J0ELHOS Para os joelhos devem ser realizados exercícios de manutenção. Fortalecimento da musculatura do quadril e uso de talas. PÉS Para os pés são muito importantes o uso de suportes em arco e sapatos adequados. Banhos farádicos do pé e contração dos músculos intrínsecos como medida preliminar para as atividades. O segredo de controlar as dores e as inflamações está em balancear corretamente o repouso nas fases mais agudas seguido de exercícios adequados, tão logo o paciente melhore. Quando há envolvimento grave dos membros inferiores (que limite o movimento), deve-se instruir o paciente a usar órteses que ajudem na sustentação do peso do indivíduo. Deve ser realizado o fortalecimento isométrico de quadríceps. Os Benefícios dos exercícios: Redução de dores articulares, inflamação e rigidez matinal. 0 Aumento da densidade óssea. Retardo da progressão da destruição articular, por melhora na nutrição da cartilagem, tornando-a mais espessa. Fortalecimento dos ligamentos e tendões. Aumento da capacidade de desempenhar as atividades da vida diária. Bem-estar físico e mental e sentir-se motivado a participar mais ativamente do programa de reabilitação.A seguir, é possível se verificar alguns exemplos de exercícios que podem ser trabalhados na reabilitação de indivíduos com artrite reumatóide de mão e pé. É importante não esquecer que quando falamos em reabilitação da mão, também temos um cotovelo, um ombro e uma mão que necessitam ser trabalhados. A motricidade fina também pode ser trabalhada com massa de modelar, jogos de varetas, jogos resta um, catar grãos de feijão e milho, e com todo e qualquer jogo de encaixe. Assim como com diferentes texturas para dar estímulo e sensibilidade. 1 2 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 1 3 1 4 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 1 5 1 6 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 1 7 54 l iq. 4 11. Iransferência de peso. / « / . 4-12. Hxercício de motricidade fina. 1 8 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A / ig 4 14 I ximcIí lo1. H« ' mnl i l i n i ,h If A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 1 9 55 2 0 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A 56 Hg. 4-16. Equilíbrio, propriocepção e transferência de peso. Fig. 4-17. Equilíbrio e propriocepção. A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 2 1 Fig, 4 18. Iirino (le m<ii< li.i (iI«m n hum Minp.i), 57 2 2 | F I S I O T E R A P I A R E U M A T O L Ó G I C A A R T R I T E R E U M A T Ó I D E | 2 3 A hidroterapia é muito útil, principalmente em pacientes com restrição à deambulação. A temperatura da águarelaxa e a turbulência pode ser adotada a favor do exercício, no sentido de resisti-lo ou facilitá-lo.12 HIDROCINESIOTERAPIA É útil pois a flutuação ajuda muito o paciente reumático, que tem dificuldade de movimentar-se, pois o peso precisa ser apoiado em articulações dolorosas e instáveis. A temperatura da água normalmente ao redor dos 36°C ajuda a relaxar os espasmos musculares superficiais e alivia a dor. Deve ser usada nos estágios crônicos para estimular a marcha com sobrecarga limitada de peso e para aumentar os movimentos articulares, principalmente se há contraturas. O programa de exercícios deve ser estabelecido de forma gradual, usando a flutuação e a turbulência para fazer o fortalecimento muscular, sem na realidade proporcionar impacto sobre as articulações. Importante!!! Que se observe se a coluna cervical está estável como precaução (mas de forma alguma deve ser considerada uma contra-indicação para o tratamento na hidro). Objetivos Objetivos Objetivos Objetivos dededede tratamento - Diminuir a dor e o espasmo muscular. ■ Restaurar a força muscular. - Prevenir e reduzir deformidades, ■ Aumento da amplitude de movimento articular. ■ Relaxamento. ■ Reeducar os padrões de marcha. E xercícios ■ Padrões de bad ragaz: baseado em técnicas de fortalecimento. ■ Watsu: baseado em técnicas de relaxamento. ■ Técnicas segure/relaxe. - E x com resistência graduada aos poucos tanto para membro inferior quanto para superior. - Aquecimento: caminhada em volta da piscina, caminhar em círculo, subir e descer escadas. m - Alongamento geral: tronco, membro superior e coluna vertebral. - Fortalecimentogeral: tronco, membro superior e coluna vertebral. ■ Relaxamento: com auxílio de pranchas e espaguetes.
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