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Profa. Simone Biangolino A maioria dos indivíduos hipocondríacos é hoje classificada como portadora de transtorno de sintomas somáticos; entretanto, em uma minoria de casos, o diagnóstico de transtorno de ansiedade de doença se aplica, o qual envolve uma preocupação com ter ou contrair uma doença médica grave não diagnosticada. A. Preocupação com ter ou contrair uma doença grave. B. Sintomas somáticos não estão presentes ou, se estiverem, são de intensidade apenas leve. Se uma outra condição médica está presente ou há risco elevado de desenvolver uma condição médica (p. ex., presença de forte história familiar), a preocupação é claramente excessiva ou desproporcional. Uma avaliação completa não consegue identificar uma condição médica grave que justifique as preocupações do indivíduo, as quais podem ser derivadas de um sinal ou de uma sensação física não patológica, mas seu sofrimento é oriundo não da queixa física em si, e sim de sua ansiedade a respeito do significado, da importância ou da causa da queixa (i.e., o diagnóstico médico suspeitado). Se um sinal ou sintoma físico estiver presente, trata-se, com frequência, de uma sensação fisiológica, uma disfunção benigna e autolimitada ou um desconforto corporal geralmente não considerado indicativo de doença. Se uma condição médica diagnosticável está presente, a ansiedade e a preocupação do indivíduo são nitidamente excessivas e desproporcionais à gravidade da condição. C. Há alto nível de ansiedade com relação à saúde, e o indivíduo é facilmente alarmado a respeito do estado de saúde pessoal. Ao saber que alguém ficou doente ou ao ler uma reportagem relacionada à saúde, tornam-se apavoradas ou assustadas. Suas preocupações acerca de doenças não respondem a medidas de tranquilização médica apropriadas, exames diagnósticos negativos ou um curso benigno. As tentativas do clínico de tranquilizar o indivíduo e aliviar o(s) sintoma(s) geralmente não ajudam a diminuir as preocupações e podem até aumentá- las. D. O indivíduo tem comportamentos excessivos relacionados à saúde (p. ex., verificações repetidas do corpo procurando sinais de doença) ou exibe evitação mal-adaptativa (p. ex., evita consultas médicas e hospitais) As preocupações com a saúde assumem uma posição de destaque na vida da pessoa, afetando atividades cotidianas e até mesmo resultando em invalidez. Indivíduos com o transtorno costumam examinar-se repetidamente (p. ex., examinam a própria garganta no espelho) A doença torna-se um aspecto central na identidade e na autoimagem da pessoa, um assunto frequente em conversas sociais e uma resposta característica a eventos estressantes da vida. E. Preocupação relacionada a doença presente há pelo menos seis meses, mas a doença específica que é temida pode mudar nesse período. Pesquisam a doença suspeitada de forma excessiva (p. ex., na internet) e buscam repetidamente o apoio e a tranquilização de familiares, amigos ou médicos. Essa preocupação incessante muitas vezes torna- se frustrante para os outros e pode resultar em tensão considerável na família. Em alguns casos, a ansiedade leva à evitação mal- adaptativa de situações (p. ex., visitar familiares doentes) ou atividades (p. ex., exercício) que esses indivíduos temem que poderiam comprometer sua saúde. F. A preocupação relacionada a doença não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como transtorno de sintomas somáticos, transtorno de pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno dismórfico corporal, transtorno obsessivo-compulsivo ou transtorno delirante, tipo somático. • O cuidado médico, incluindo consultas ao médico ou realização de exames e procedimentos, é utilizado com frequência. Tipo busca de cuidado: • O cuidado médico raramente é utilizado. Tipo evitação de cuidado: Aspectos Cognitivos Como acreditam estar gravemente enfermos, indivíduos com transtorno de ansiedade de doença são encontrados com muito mais frequência em contextos de saúde médica do que mental. Essas pessoas com frequência consultam múltiplos médicos em virtude do mesmo problema e obtêm repetidamente resultados negativos de testes diagnósticos. A atenção médica pode levar a exacerbação paradoxal da ansiedade ou complicações iatrogênicas dos testes e procedimentos diagnósticos. Indivíduos com transtorno de ansiedade de doença geralmente são insatisfeitos com a assistência médica que recebem e consideram-na inútil, com frequência sentindo que não estão sendo levados a sério pelos médicos. Estimativas da prevalência de transtorno de ansiedade de doença baseiam-se em estimativas do diagnóstico de hipocondria do DSM-III e do DSM-IV. Em populações médicas ambulatoriais, as taxas de prevalência em 6 meses/1 ano ficam entre 3 e 8%. A prevalência do transtorno é semelhante em ambos os sexos. O desenvolvimento e o curso do transtorno de ansiedade de doença não estão claros. Em geral, considera-se que o transtorno seja uma condição crônica e recidivante Idade de manifestação inicial no início e no meio da idade adulta. Ambientais. ◦ Pode ser precipitado por um estresse de vida importante ou uma ameaça grave, porém benigna, à saúde do indivíduo. ◦ História de abuso infantil ou uma doença grave na infância pode predispor ao desenvolvimento do transtorno na idade adulta. Modificadores do Curso. ◦ Entre aproximadamente um terço até a metade dos indivíduos com transtorno de ansiedade de doença tem a forma transitória, a qual é associada a menos comorbidade psiquiátrica, a mais comorbidade médica e ao transtorno de ansiedade de doença menos grave. Outras condições médicas Transtornos de adaptação Transtorno de sintomas somáticos Transtornos de ansiedade Transtorno obsessivo-compulsivo e Relacionados Transtorno depressivo maior Transtornos psicóticos AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5a.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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