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1 DOENÇAS PULMONARES Profª Rita de Cássia de Aquino Considerações Gerais � A Desnutrição é muito frequente e pode afetar a estrutura do parênquima e a função pulmonar; � O Suporte Nutricional é de extrema importância para o paciente pneumopata; � Ocorre mais frequentemente em idosos, com importantes alterações na composição corporal. Considerações Gerais � Os efeitos da DESNUTRIÇÃO são: • Redução do tecido pulmonar (13%); • Atrofia da musculatura respiratória (diafragma) e na capacidade de contração; • Diminuição da resposta imunológica e maior susceptibilidade à infecção; • Hipoproteinemia e Anemia. Pressão coloidosmótica Considerações Gerais Hipoproteinemia Edema Pulmonar Capacidade de transportar O2 Hemoglobina Anemia Considerações Gerais � Os Efeitos da DOENÇA PULMONAR que podem impactar sobre o ESTADO NUTRICIONAL são: GASTO ENERGÉTICO AUMENTADO X INGESTÃO REDUZIDA Considerações Gerais • GASTO ENERGÉTICO AUMENTADO -Trabalho e esforço respiratório aumentado (25 a 50%) - Fisioterapia respiratória (“exercícios”) - BRONCODILATADORES (� 20% TMB) - Frequente infecção respiratória (“hipercatabolismo”): � Aumento na resposta inflamatória local (liberação de citocinas e IL- interleucinas), que mediam aumento no gasto energético -Febre ( 13% da TMB) 2 Considerações Gerais • INGESTÃO REDUZIDA - Dispneia (“falta de ar”) - Tosse e secreção respiratória - Desconforto no TGI: náuseas e vômitos - Redução da saturação de O2 enquanto se alimenta - Fadiga (“cansaço”) - MEDICAMENTOS (broncodilatadores e antibióticos) que podem acarretar ANOREXIA, xerostomia, irritação gástrica, náuseas e vômitos. Considerações Gerais � As Doenças Pulmonares se caracterizam pela redução na oferta de O2 aos tecidos, e retenção de CO2, com manifestações AGUDAS ou CRÔNICAS, sendo que as mais frequentes são: � PNEUMONIA ou BRONCOPNEUMONIA (BCP): doença aguda, infecção pulmonar adquirida, geralmente causada por Streptococcus pneumoniae, podendo causar uma Insuficiência Respiratória Aguda (IRA), e aumentar as necessidades energéticas e proteicas. Considerações Gerais • DPOC (DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA): obstrução das vias respiratórias, geralmente secundária às evolução de outras doenças pulmonares (bronquite crônica/asma e enfisema pulmonar); • DPOC é caracterizada pela obstrução das vias aéreas, com limitação do fluxo de ar (O2) para os pulmões e retenção de CO2. Considerações Gerais � As principais causas da DPOC são: • BRONQUITE CRÔNICA/ASMA: excessiva secreção de muco, tosse e estreitamento difuso da traqueia e brônquios, de origem alérgica ou causada por micro-organismos, caracterizada por BCE (broncoespasmos). • ENFISEMA PULMONAR: fibrose do tecido pulmonar, alterações estruturais do parênquima, com dilatação anormal e destruição dos alvéolos. Considerações Gerais � Os principais sintomas da DPOC são: dispneia, tosse crônica, cianose, edema, fraqueza e DESNUTRIÇÃO; � No ENFISEMA PULMONAR o TABAGISMO é o principal fator de risco, uma vez que provoca lesões definitivas no parênquima pulmonar; � A DPOC pode acarretar também COR PULMONALE (cardiopatia caracterizada pelo aumento do ventrículo direito, devido � da pressão das artérias pulmonares). Considerações Gerais � Pacientes com DPOC podem ser dependentes de oxigenoterapia domiciliar. � Pacientes com lesão pulmonar grave podem necessitar intubação endotraqueal e ventilação mecânica. 3 Considerações Gerais � O metabolismo de nutrientes energéticos pode ter um importante papel na DPOC devido a relação com a produção de CO2: CHO: C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O LIPÍDIOS: 2 C51H95O6 + 145 O2 102 CO2 + 98 H2O PROTEÍNAS: AA + 5,1 O2 4,1 CO2 + 0,7 ureia + 2,8 H2O Considerações Gerais � A Produção de CO2 é medida pelo Coeficiente Respiratório (QR), avaliado pela reação entre CO2 produzida para cada O2 consumido; � Quanto menor QR, menor é a produção de CO2; � Os QR dos nutrientes são: • CHO: (QR = 6:6 = 1,0) • Lipídios: (QR = 102:145 = 0,7) • Proteínas: (QR = 4,1:5,1 = 0,8) Objetivos da Terapia Nutricional � Atender às necessidades energéticas; � Manter e/ou recuperar o estado nutricional; � Adaptar o volume e a consistência da dieta a capacidade de ingerir do paciente; � Controlar, quando necessário, a produção de CO2. ENERGIA • DPOC provoca aumento no gasto energético e desnutrição; • Necessidades energéticas: 30 a 35 kcal/kg/dia; • Em algumas situações observa-se HIPERGLICEMIA em virtude da resistência à insulina, que ocorre devido a excesso de hormônios como glucagon, epinefrina e cortisol. Características da Dieta ENERGIA • Estar atento ao excesso energético e suas principais consequências: • Intolerância à glicose (“excesso de glicose”) • Esteatose Hepática (“acúmulo de gordura”) • Diarreia (“excesso” de alimentos) • Aumento na produção de CO2 Características da Dieta ENERGIA EQUAÇÃO DE IRETON-JONES Características da Dieta Pacientes com respiração espontânea GET = 629 – 11 x (I) + 25 x (peso atual) – 609 x (O) Pacientes dependentes de ventilação GET = 1784 – 11 x (I) + 5 x (peso atual) + 244 x (S) + 239 x (T) + 804 x (Q) I = idade (anos); O = obesidade (ausente = 0; presente = 1); S = sexo (M = 1; F = 0); T= trauma (ausente = 0; presente = 1); Q = queimadura (ausente = 0; presente = 1). 4 DISTRIBUIÇÃO ENERGÉTICA • Acompanhar o PERFIL VENTILATÓRIO: GASOMETRIA ARTERIAL (VO2 e VCO2); • Verificar HIPOXIA (↓O2) e HIPERCAPNIA ou HIPERCARBIA ( � CO2) • Atualmente NÃO preconiza-se restrições de CHO e aumento de LIPÍDIOS devido QR. Características da Dieta • Na fase “compensada”, ausência de crise respiratória: - Alimentação geralmente por via oral; - Normoglicídica, evitando-se excessos (50- 60%); - Normolipídica (25 a 30%); - Normo a Hiperproteica (15 a 20%, cerca de 1,5g/kg). Características da Dieta � Na fase “descompensada”, apresentando dificuldades respiratórias, o paciente estará em ventilação mecânica: � NUTRIÇÃO ENTERAL (duodeno para evitar aspiração); � Normoglicídica, evitando-se excesso (50 a 60%); � Normolipídica (25 a 30%); � Normo ou Hiperproteica (15 a 20%, 1 a 2 g/kg/dia); Características da Dieta PRODUTOS: Nutrison Advanced Pulmo® (Pulmo Diet®); Oxepa®; Pulmocare®; NUTRIÇÃO ENTERAL PRINCIPAIS CONDUTAS DIETÉTICAS CONSISTÊNCIA E FRACIONAMENTO • Após a retirada de tubos, DIETA LÍQUIDA ESPESSADA para evitar aspiração; • Evoluir conforme limitações e aceitação; • Utiliza-se de alimentos cozidos e abrandados, de fácil mastigação e deglutição; • FRACIONADA:6-8 refeições e evitar grandes volumes. Características da Dieta PRINCIPAIS CONDUTAS DIETÉTICAS ANOREXIA e DESNUTRIÇÃO � Ingerir os alimentos de maior densidade energética; � Atender às preferências alimentares; � Utilizar SUPLEMENTOS ALIMENTARES; � Enriquecer dieta com alimentos fontes de lipídios/energia: óleo, azeite, TCM, margarina e creme de leite. Características da Dieta 5 PRINCIPAIS CONDUTAS DIETÉTICAS DISPNEIA, FADIGA e SACIEDADE PRECOCE � Descansar antes das refeições e comer devagar; � Antes das refeições: � Usar broncodilatadores � Oxigenoterapia antes das refeições � Liberar secreções � Limitar líquidos durante as refeições. Características da Dieta PRINCIPAIS CONDUTAS DIETÉTICAS CONSTIPAÇÃO INTESTINAL � Aumentar a quantidade de alimentos fontes de fibras e líquidos (intervalos); � Fazer exercícios “toleráveis”. Características da Dieta VITAMINAS E MINERAIS • Atender às recomendações nutricionais (DRI); • Importante que seja adequada em Ca, Fe, Mg, P, e K, uma vez que a depleção compromete a função respiratória; • Se o paciente apresentar Cor Pulmonale e/ou edema, geralmente há necessidade de restrição de Na e líquidos, conforme prescrição. Características da Dieta TERAPIA NUTRICIONAL NA FIBROSE CÍSTICA Considerações Gerais � Doença hereditária, autossômica e recessiva (1:2500 a 1:5000), denominada também MUCOVISCIDOSE, variáveis graus de comprometimento; � Diagnóstico geralmente ao nascer e,em alguns casos, tardio (geralmente até dois anos), com possível comprometimento do crescimento e desenvolvimento do paciente; Considerações Gerais � Caracterizada por uma alteração nas proteínas de transporte dos íons cloreto através das membranas celulares (“impermeabilidade das células epiteliais”), provocando desequilíbrio no transporte eletrolítico; � Formação de secreção espessa (MUCO) em vários sistemas, principalmente pâncreas e PULMÕES, além do intestino e glândulas salivares. 6 Considerações Gerais • PERDAS EXCESSIVAS de CLORO e SÓDIO pelo suor (2 a 3 vezes, > 60 mEq/L); • DESNUTRIÇÃO: - Aumento no GET - Anorexia - Insuficiência respiratória, tosse e dispneia Considerações Gerais �Principais consequências: - DPOC: a formação de muco no pulmão bloqueia a passagem de ar, danifica o tecido pulmonar, e leva a recidivas de infecções respiratórias (BCP). - INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA: a formação de muco leva a obstrução dos ductos pancreáticos e degeneração funcional (Diabetes), além de provocar má absorção, principalmente de lipídios (esteatorreia). - CIRROSE BILIAR: obstrução dos ductos biliares. Considerações Gerais TRATAMENTO • Reposição Enzimática e TERAPIA NUTRICIONAL - 1 a 3 g de pancreatina/refeição (microesferas que resistam ao ambiente ácido do estômago) e 1 a 2 g de bicarbonato de Na. TERAPIA NUTRICIONAL OBJETIVOS • Fornecer energia e nutrientes eu promovam o crescimento e desenvolvimento da criança; • Facilitar a digestão e absorção de nutrientes; • Manter e/ou recuperar o estado nutricional do paciente. CARACTERÍSTICAS DA DIETA 1) ENERGIA - HIPERCALÓRICA - Necessidades aumentadas (120 a 150%); - Se via oral “limitada”, uso de Nutrição Enteral e/ou Parenteral; - Casos de Suporte Nutricional “noturno”. 7 CARACTERÍSTICAS DA DIETA ENERGIA - Segundo a CFF (Cystic Fibrosis Foundation); - Deve-se utilizar a estimativa de FAO/OMS da TMB, acrescida de um Fator Atividade e Fator Doença (FD) segundo a capacidade pulmonar: Necessidades Energéticas = TMB x (FA + FD) FA = 1,3 (leito) ou 1,5 (sedentário) ou 1,7 (ativo) TERAPIA NUTRICIONAL FUNCIONAMENTO PULMONAR CAPACIDADE PULMONAR FD Próxima ao normal > 80% zero Comprometimento moderado 40 a 80% 0,2 Comprometimento grave < 40% 0,3 Necessidades Energéticas = TMB x (FA + FD) FA = 1,3 (leito) ou 1,5 (sedentário) ou 1,7 (ativo) TERAPIA NUTRICIONAL PROTEÍNAS - HIPERPROTEICA: - Crianças (4,0g/kg); adolescentes (2,0g/kg) e adultos (1,5g/kg/dia). CARBOIDRATOS - NORMOGLICÍDICA, avaliando-se a tolerância à glicose e o controle da glicemia. TERAPIA NUTRICIONAL LIPÍDIOS - Normolipídica a Hiperlipídica, até 40% do VET: - No tratamento adequado com enzimas e sem esteatorreia; - Utilizar TCM (Triglicérides de Cadeia Média), se necessário; - Na esteatorreia, suplementar com AG essenciais, vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis. NECESSIDADES ENERGÉTICAS ESTIME AS NECESSIDADES ENERGÉTICAS � Paciente do sexo masculino, com 66 anos, 1,65m, peso atual de 50 kg, internado devido a DPOC descompensada. Está sob ventilação mecânica e recebendo dieta enteral (acamado). NECESSIDADES ENERGÉTICAS ESTIME AS NECESSIDADES ENERGÉTICAS � Paciente do sexo feminino, tem fibrose cística, 18 anos de idade, 1,6 m de estatura e peso habitual de 55 kg. Está descompensada, inapetente e hospitalizada há 5 dias (acamada).
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