Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ROTEIRO DE AULA – DIREITO CIVIL I AULA 1 Direito: “O conjunto de normas gerais e positivadas que regula a vida social.” Relação com o outro. Ubi homo, ibi jus. O Direito Civil deve ser identificado como principal ramo do Direito Privado, bem como instrumento de realização dos direitos fundamentais no âmbito das relações privadas, regulando as relações entre os particulares com fundamento em na igualdade jurídica e na autodeterminação. O direito civil extrai seu nome do latim cives (cidadãos) e se dirige ao núcleo da vida em sociedade, ou seja, às relações sociais travadas de pessoa a pessoa, desde o nascimento até a morte, ou até mesmo antes daquel e e depois desta. O Direito Civil como ramo do Direito Privado: Tradicionalmente o direito objetivo positivado subdivide-se em direito público e privado. Direito público: destinado a disciplinar os interesses gerais da coletividade. Diz respeito à sociedade política, estruturando-lhe organização repressão dos delitos etc. Direito privado: conjunto de preceitos reguladores das relações dos indivíduos entre si. Critério subjetivo: Público o ramo que discipline a atuação do Estado e seus súditos, e privado aquele que disciplina as relações entre particulares. Crítica: Estado exercendo relação eminentemente privada – Locação. Critério finalístico/teleológico: depende do interesse jurídico tutelado. Interesses gerais e particulares. Crítica: normas de natureza jurídica diversa. O Direito Civil é, sem sobra de dúvida a base do que se convencionou chamar de Direito Privado, regendo, genericamente, todas as relações jurídicas dos indivíduos, antes de seu nascimento até a sua morte. O fenômeno da codificação: Processo de organização, que reduz a um único diploma diferentes regras jurídicas da mesma natureza, agrupadas segundo um critério sistemático. Código é uma lei que busca disciplinar relações jurídicas da mesma natureza (civis, penais, trabalhistas etc.), organizando e sistematizando o direito material. Não se pode confundir código com consolidação, compilação e estatuto. Sob o ponto de vista histórico, todo Código deve ser visto como ponto de chegada, pois, embora tente projetar comportamentos futuros reflete acontecimentos passados e a sociedade atual – por isso que a codificação deve evitar ao máximo a descrição de situações circunstanciadas e casuísticas, eis que o risco de se tornar obsoleta é muito maior. A codificação apresenta vantagens e desvantagens: Vantagens - unificação do Direito vigente em uma determinada sociedade a partir de critérios uniformes; - estudo sistematizado do Direito; Desvantagens - fossilização do Direito, impedindo o desenvolvimento e o curso natural da evolução jurídica. Isso ocorreu principalmente nos Códigos oitocentistas, cujo modelo foi o Código Napoleão, em que os valores predominantes eram a propriedade e a autonomia da vontade. - a legislação codificada atende às exigências da vida social apenas no instante em que é estabelecida; - o apego à letra pura da Lei torna-se mais evidente, como se inexistisse Direito fora do Código. "A principal desvantagem da codificação, e talvez a única, segundo a maioria dos autores, seria a rigidez, o que implica na dificuldade de sua alteração (...) Entretanto, em termos científicos, não nos convence o argumento porquanto calcado em razões de ordem estritamente psicológicas. A apontada 'rigidez' é fruto tão somente da mentalidade do jurista que, acostumado a trabalhar com determinados e conhecidos textos, torna-se inconscientemente conservador e avesso a mudanças. Demais disso, a alteração de um código, para fins de adaptação da ordem jurídica, não se dá, exclusivamente, pela alteração formal dos dispositivos normativos" A codificação civil brasileira. Antes do Código de 1916, o direito civil brasileiro era regulamentado pelas Ordenações Filipinas de 1603, com algumas adaptações. Até mesmo após a independência o Brasil não acabou com a aplicação deste diploma português, pois a Constituição de 1824 recepcionou as Ordenações. A Constituição do Império (1824) trazia disposição expressa pela elaboração de um Código Civil. A primeira manifestação nesse sentido foi a Consolidação das Leis Civis (1855) elaborada por Teixeira de Freitas, que foi o mesmo que redigiu o primeiro esboço do Código Civil. Este esboço, porém, não foi aceito. Depois de várias outras tentativas de codificação, o projeto de Clóvis Beviláqua, de forte influência pandectista, foi aceito em 1899, aprovado em 1915, promulgado em 1916, com vigência a partir de 1917. O CC de 1916 traduzia em seu corpo de normas tão tecnicamente estruturado, a ideologia da sociedade agrária e conservadora daquele momento histórico, preocupando-se muito mais com o ter (contrato, propriedade) do que com o ser (direitos da personalidade, dignidade da pessoa humana). A exposição de motivos do Código Civil (2002) vigente, demonstra os objetivos da lei na ocasião em que o referido Diploma fora publicado. O direito se realiza, em atenção às necessidades da sociedade de sua época, por isto é imprescindível que quem estuda o direito busque compreender sua evolução histórica, e sua incidência no espaço e no tempo Direito Civil e a Constituição da República de 1988: Com aspirações de um jusnaturalismo racionalista, o Código Civil de 1916 defende os valores do patrimonialismo e de um excessivo individualismo inerentes às codificações liberais. Desta maneira, conferia-se ao Código o papel de garantia e regulação das relações privadas mediante a efetivação dos valores de um iluminismo liberalista. A codificação civil de 1916, então, surgiu impelida pelas ideias libertárias da burguesia ascendente, que visava à consolidação dos valores de um patrimonialismo e individualismo nas relações privadas. Assim, pelo liberalismo econômico, a Constituição exerceria um papel meramente interpretativo, somente podendo ser aplicada diretamente em casos excepcionais de lacunas dos códigos, a quem realmente caberia a missão de regular e equilibrar as relações interpessoais. Neste sentido, o Código Civil se transforma numa verdadeira constituição do direito privado, buscando proteger o indivíduo contra as ingerências do Estado. O Código de 1916 permaneceu ancorado num modelo abstrato e totalmente inerte à realidade social e a crescente complexidade das relações humanas. Esse excessivo individualismo e a liberdade sem limites ocasionaram grandes desigualdades sociais. Houve a necessidade de o Estado interferir nas relações de direito privado para minimizar essas desigualdades e limitar a liberdade dos indivíduos protegendo as classes menos favorecidas, em busca de uma igualdade substancial. Aos poucos o Código Civil vai perdendo o seu papel de Constituição do direito privado. A ideia de código concebido como um sistema fechado foi sendo destruída, surgindo diversas leis especiais e, aos poucos, o Direito Civil foi se fragmentando. Assim, a Constituição assume um novo papel de regência das relações privadas, conferindo uma nova unidade do sistema jurídico. A posição hierárquica da Constituição e sua ingerência nas relações econômicas e sociais possibilitam a formação de um novo centro unificador do sistema, definindo seus verdadeiros pilares e pressupostos de fundamentação. Desta forma, a constitucionalização do Direito privado não importa em apenas conferir à Constituição a superioridade hierárquica conformadora do ordenamento jurídico, mas, acima disto, quer proporcionar uma releitura dos velhos institutos e conceitos do âmbito privado, visando à concretização dos valores e preceitos constitucionais. A Constituição passa, assim, a definir os princípios e as regras relacionados a temas antes reservados exclusivamente ao Código Civil e ao império da vontade, como a função social da propriedade, organizaçãoda família e outros. Assim, foi se derrubando o paradigma individualista do Estado Liberal e do cidadão dotado de patrimônio, e passou-se a adotar um novo paradigma. As constituições começaram a trazer em seu bojo regras e princípios típicos de direito civil e a valorizar a pessoa colocando-a acima do patrimônio. Passou-se a buscar a justiça social ou distributiva e, aos poucos, a liberdade foi sendo limitada, com a finalidade de se alcançar uma igualdade substancial. É importante distinguir, por fim, a Constitucionalização do Direito Civil da publicização do direito privado. Muitos doutrinadores confundem essas duas situações, mas elas são distintas. A primeira é a análise do direito privado com base nos fundamentos constitucionalmente estabelecidos. É a aplicação dos mandamentos constitucionais no direito privado. Já a segunda é o processo de intervenção estatal no direito privado, principalmente mediante a legislação infraconstitucional. Note-se que a Constituição, por ser um sistema de normas, é dotada de coercibilidade e imperatividade e, sendo assim, é perfeitamente suscetível de ser aplicada nas relações de direito privado. E aqui é importante exemplificar, utilizando, por exemplo, o direito de família. A Constituição de 1988, refletindo as mudanças nas relações familiares ocorridas ao longo do século XX deu um novo perfil aos institutos do direito de família. Assim, o novo CC teve que adaptar-se aos novos ditames constitucionais aprofundando-os: - União Estável: reconhecida como entidade familiar; - Maioridade Civil: aos 18 anos; - Regime de bens: pode ser alterado por acordo entre os cônjuges; - Exames de DNA para comprovação de paternidade: a recusa implica em reconhecimento da filiação; - Filhos nascidos fora do casamento: não há mais distinção entre filhos de qualquer origem; - Guarda dos filhos em caso de separação: os filhos podem ficar com o pai ou a mãe; - Testamento: não mais precisa ser feito à mão pelo testador; - Sucessão: o cônjuge passa a ser herdeiro necessário, mas se efetivamente herdará ou não dependerá do regime de bens do casamento. Destaque-se ainda que o STF tem constantemente ressaltado a influência dos direitos fundamentais no Direito Civil, que assumiu seu papel como instrumento para assegurar o pleno desenvolvimento da pessoa (a exemplo de decisões emblemáticas como a ADI 4277- união homoafetiva, Resolução 175 do CNJ sobre a possibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo). Conceito de Direito Civil ‚O ramo do Direito que disciplina todas as relações jurídicas da pessoa, seja uma com as outras (físicas e jurídicas), envolvendo relações familiares e obrigacionais, seja com as coisas (propriedade e posse).‛ – Serpa Lopes. O Direito Civil orienta, regula e estuda a relação entre os particulares, pessoas físicas ou jurídicas. As relações entre os particulares é campo do Direito Privado, e divide-se em relações pessoais, familiares, patrimoniais e obrigacionais, estando disciplinadas no Código Civil, conhecido entre os estudiosos por “constituição do homem comum.” O Código Civil de 2002: Estrutura: Parte Geral, Direito das Obrigações, Contratos, Responsabilidade Civil, Direito de Empresa, Família, Sucessões. Princípios norteadores: Eticidade – O atual Diploma alia os valores técnicos aos valores éticos. Por isso percebe-se, muitas vezes a opção por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a preocupação de excessivo rigorismo conceitual. Boa-fé. Art. 113: “os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua interpretação”. O Código Civil visa imprimir eficácia e efetividade aos princípios constitucionais da valorização da dignidade humana, da cidadania, da personalidade, da confiança, da probidade, da lealdade, da boa-fé, da honestidade nas relações jurídicas de direito privado. Socialidade – Está presente no novo Código a socialidade em detrimento do caráter individualista do antigo Diploma civilista. Daí o predomínio do social sobre o individual. Um exemplo interessante neste sentido é o da função social da propriedade A Constituição da República deu uma fisionomia funcional social ao direito de propriedade, que no seu art. 5º,inciso XII, ao lado de garantir o direito de propriedade, logo em seguida no inciso XXIII. Preservar o sentido de coletividade. Função social do contrato (art. 421) e natureza social da posse (art. 1.239 e ss.) Operabilidade – Permite que as questões cíveis sejam julgadas conforme cada caso concreto. Isto é possível por conta dos conceitos vagos, que para obterem a melhor aplicação diante de casos em que exista dúvida ou lacuna interpretativa, permite a aplicação das cláusulas gerais, sempre primando por manter o respeito aos princípios norteadores do Código Civil. Confere maiores poderes hermenêuticos ao operador do direito. Privilegiou a normatização por meio de cláusulas gerais que devem ser colmatadas no caso concreto. Ex.: ‚riscos aos direitos de outrem‛; atividade de risco, considerável número de pessoas, excesso dos limites impostos pelos fins econômicos do ato. Estrutura da Parte Geral: Pessoa (natural/jurídica); Bens; Fatos Jurídicos; Negócio Jurídico; Prova; Atos Ilícitos; Prescrição e Decadência Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB Arts. 1º e 2º Vigência das normas Art. 3º Obrigatoriedade das normas Art. 4º Integração da norma Art. 5º Interpretação da norma Art. 6º Aplicação da norma no tempo Art. 7º a 19 Aplicação da norma no espaço PESSOA NATURAL: Personalidade jurídica Conceito: aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou em, outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito. Artigo 1º, CC. Aquisição: art. 2º, CC. Aferido pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno. Tutela jurídica do nascituro: Teoria Natalista: resulta da interpretação literal do art. 2º Teoria Concepcionista: O nascituro adquiriria personalidade jurídica desde a concepção, sendo, assim, considerado pessoa. Teoria da Personalidade Condicional: O nascituro possui direitos sob condição suspensiva. Há nele uma personalidade condicional que surge, na sua plenitude, com o nascimento com vida e se extingue no caso de não chegar o feto a viver. A personalidade civil do nascituro é condicional, dependendo do evento do nascimento. Tal condição, para os adeptos desta teoria, é suspensiva e enquanto não ocorrer o nascimento com vida existe apenas expectativa de direito. Maria Helena Diniz defende que enquanto não nascer com vida há apenas personalidade formal (relativa aos direitos de personalidade) e, uma vez implementada a condição suspensiva ocorre a aquisição da personalidade material. No Brasil discute-se se o Código Civil adotou a teoria natalista ou a teoria concepcionista. Tanto doutrina quanto jurisprudência dividem-se quanto ao ponto. O STF, no julgamento da ADI 3.510 firmou o entendimento de que o Brasil adotou a teoria natalista, ao passo que em precedente mais recente (2014), o STJ afirmou que a teoria natalista foi superada em razão da evolução do reconhecimento dos direitos do nascituro: DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA. 1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil - que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento -, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularizaçãode direitos, como pode aparentar a leitura mais simplificada da lei. 2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a condição de pessoa, titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial proteção conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro - embora não nascida - é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida" - tutela da vida humana em formação, a chamada vida intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 658). 3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da personalidade condicional - fincam raízes na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. 5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da Lei n.6.194/1974. Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina. 6. Recurso especial provido. (REsp 1415727/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014) Entretanto, o entendimento majoritário é no sentido de que o ordenamento jurídico adotou a Teoria Natalista. O início da personalidade civil ocorre a partir do momento em que a pessoa nasce com vida, encerrando-se quando de sua morte. Portanto, enquanto a pessoa viver terá personalidade. É o que o art. 2º do Código Civil diz: "A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro". Do próprio texto da lei temos então que são dois os requisitos para a caracterização da personalidade da pessoa natural: o nascimento e a vida. O resguardo dos direitos do nascituro leva a diversas consequências: - Alimentos gravídicos - O direito ao reconhecimento da filiação: art. 1.609, parágrafo único, CC - A proteção do seu direito à imagem. - Proteção do direito à vida Exceções: Art. 128, CP - gravidez resultante de estupro ou para o resguardo do direito da vida da própria gestante; Feto anencéfalo – HC nº 29.553-8/217 Aborto até o 1º trimestre de gestação - Direito à Integridade física - Direito à Gestação saudável - Etc. Personalidade e Capacidade: Capacidade de direito/Personalidade Civil: Aptidão genérica para ser titular de direitos e deveres na ordem civil. Capacidade de fato: Aptidão para exercer, pessoalmente os seus direitos. falta de aptidão para praticar, pessoalmente atos da vida civil. Pode ser entendida como a medida da personalidade, ou seja, é a possibilidade de pessoalmente serem exercidos direitos e contraídas obrigações. Nesse aspecto, a capacidade pode ser plena (capacidade de direito + capacidade de fato) ou limitada - temos aí o fenômeno da incapacidade. Legitimidade (capacidade específica): Forma específica de capacidade para determinados atos da vida civil. Impedimentos circunstanciais (ex. o tutor não poderá adquirir bens do tutelado; art. 1.749, I, CC; dois irmão não podem se casar entre si – art. 1.521, IV, CC) Incapacidade: Incapaz é aquele que sofre restrições ao exercício pessoal de direitos e obrigações. A incapacidade pode ser absoluta ou relativa. Absolutamente incapazes (art. 3º) Menores de 16 anos, apenas. Os absolutamente incapazes somente podem praticar atos da vida civil mediante representação, sob pena de nulidade do ato. A Lei n. 13.146, de 06/07/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), em seu art. 114, alterou o art. 3º, CC, de modo a considerar absolutamente incapaz apenas o menor de 16 anos (há revogação expressa dos incisos do art. 3o, CC, no art. 123, II, do Estatuto da Pessoa com Deficiência). Assim, as pessoas que por enfermidade ou deficiência mental que não tiverem necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil (antigo inciso II do art. 3º, CC) e os que, mesmo por causa transitória não puderem exprimir a sua vontade (antigo inciso III do art. 3º, CC) não são mais considerados absolutamente incapazes. Enunciado n. 138, III Jornada de Direito Civil: “A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3o é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.” Incapacidade Relativa: art. 4º Os relativamente incapazes, porém, podem praticar atos da vida civil desde que assistidos, sob pena de anulabilidade do ato. Parágrafo único: Lei 6.001/73 considera o indígena, em princípio, agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação. Ressalva a lei, todavia, a hipótese de o índio demonstrar discernimento, aliado à inexistência de prejuízo em virtude do ato praticado, pelo que, aí, como exceção, poderá ser considerado plenamente capaz para as atos da vida civil. Suprimento da incapacidade civil: representação e assistência. Os absolutamente incapazes somente poderão praticar atos da vida civil mediante representação, enquanto os relativamente incapazes devem ser assistidos. O Estatuto da Pessoa com Deficiência provocou alteração com relação ao suprimento da incapacidade: a nova redação do art. 1.767, CC, determina que apenas os que por causa transitória ou permanente não puderem exprimir a sua vontade; os ébrios habituais e viciados em tóxicos e os pródigos estarão sujeitos à curatela. Outro ponto importante de modificação do Estatuto da Pessoa com Deficiência foi a introdução da Tomada de Decisão Apoiada. O art. 116, Estatuto, inseriu o art. 1783-A no CC, que disciplina Tomada de Decisão Apoiada, consistente no "processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos duas pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre os atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer a sua capacidade". A Tomada de Decisão Apoiada prestigia, portanto, a autonomia da pessoa com deficiência. Experiências exitosas em países como a Áustria, a Alemanha (excluíram a curatela), Bélgica, Itália (não excluem a curatela, mas a deixam em segundo plano), França (convive com a curatela).O modelo sueco do ombudsperson. O modelo brasileiro assemelha- se mais ao modelo francês. Há muitas dúvidas sobre como o Estatuto da Pessoa com Deficiência irá conviver com institutos bastante conhecidos e tradicionais do direito civil brasileiro, como a interdição e a curatela. Se o absolutamente incapaz, porém, praticar o ato sozinho, sem a representação legal, a hipótese é de nulidade (art. 166, I e 119, CC). Não confundir representação legal com representação convencional (art. 120). Em qualquer das formas de representação, é essencial a comprovação, pelo representante, da sua qualidade, bem como da extensão de seus poderes para atuar em nome do representado. A sanção para o excesso de atuação é a responsabilidade pessoal do representante pelos atos excedentes, conforme regra do art. 118, CC. Já o suprimento da incapacidade relativa dá-se por meio da assistência. Diferentemente dos absolutamente incapazes, o relativamente incapaz pratica o ato jurídico juntamente com o seu assistente (pais, tutor, ou curador), sob pena de anulabilidade. Possibilidade de anulação do negócio jurídico em caso de conflito de interesse entre representante e representado p art. 119. Cessação da incapacidade civil: art. 5º - 18 anos completos; emancipação ou cessada a causa da incapacidade relativa. A Emancipação poderá ser: voluntária, judicial, legal. Voluntária: ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, desde que o menor haja completado dezesseis anos (art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte, CC/02). É um ato irrevogável e os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelo danos causados pelo filho que emanciparam. Judicial: é concedida pelo juiz em dois casos: - Quando o menor encontra-se sob tutela (art. 5°, parágrafo único, I, segunda parte). Neste caso, o tutor deve requerer a emancipação ao juiz, que decidirá de modo a melhor proteger o interesse do menor. - na discordância entre os pais. Legal: independe de concessão dos pais ou do juiz, pois opera ope legis nos seguintes casos Casamento (1.517, CC). Observação ao artigo 1.520, CC. Consequências da Dissolução e Anulação ou nulidade do casamento – casamento contraído com boa-fé. Exercício de emprego público efetivo. Colação de grau em ensino superior Estabelecimento civil ou comercial ou a existência de relação de emprego desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Nome civil (art. 16, CC): Um dos direitos da personalidade (Art. 11, CC). Cognome: é a designação dada a alguém devido a alguma particularidade pessoal (ex. Tiradentes, Xuxa, Didi Mocó...) Agnome: sinal distintivo que se acrescente ao nome completo para diferenciá-lo de parentes próximos (Filho, Neto, Terceiro, etc...) Pseudônimo ou codinome – nome escolhido pelo próprio indivíduo para o exercício de uma atividade específica, como é muito comum no meio artístico e literário. O CC/02 outorga expressamente a tal denominação a mesma proteção ao nome real da pessoa. Como regra o nome não pode ser alterado, salvo em circunstâncias especiais e extraordinárias, previstas principalmente na Lei dos Registros Públicos. A jurisprudência e a legislação esparsa têm reconhecido outros casos de temperamento do princípio da imutabilidade do nome. Regra – marca indelével do indivíduo, como um atributo de sua personalidade. Possibilidades de alteração do nome: a) Correção de registro errado; b) Nomes que exponham seu portador ao ridículo (art. 55, Lei 6.015/73). Por vezes não é só o prenome, mas sim a composição do prenome e sobrenome que caracterizam o nome vexatório. c) Nome de registro não é o que a pessoa é reconhecida na sociedade; d) Inclusão de apelido público e notório; e) Proteção de vítimas e testemunhas (Lei 9.907/99 e art. 58 da LRP) f) Cônjuges; g) Uso prolongado; h) Inclusão de nome de descendente; i) Inclusão de sobrenome de padrasto ou madrasta; j) Nomes homônimos; k) Modificação do prenome do adotado (art, 47, ECA). l) União Estável: Enunciado n. 99, I Jornada de Direito Civil: “O Art. 1.565, § 2º, do Código Civil não é norma destinada apenas às pessoas casadas, mas também aos casais que vivem em companheirismo, nos termos do Art. 226, caput e §§ 3º e 7º, e não revogou o disposto na Lei nº 9.263/96‛ m) Tradução de nome estrangeiro (art. 43, III, EE). O Estrangeiro também pode alterar o nome se estiver comprovadamente errado e se tiver sentido pejorativo ou expuser o titular ao ridículo. n) Transgenitalização. Enunciado n. 42, I Jornada de Saúde do CNJ: ‚quando comprovado o desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto, resultando numa incongruência entre a identidade determinada pela anatomia de nascimento e a identidade sentida, a cirurgia de transgenitalização é dispensável para a retificação de nome no registro.‛ o) Maioridade civil (art. 56, LRP). Nessa e na hipótese de retificação o nome pode ser alterado pela via administrativa. Nos demais casos apenas judicialmente. Obs: atentar para o prazo decadencial de 1 ano após completada a maioridade, salvo em circunstâncias especiais devidamente justificadas no pedido de alteração. Importante referir que as hipóteses acima são exemplificativas, constantemente a jurisprudên cia traz novas situações. Tutela jurídica do nome: art. 17, 18, CC/02. Estado civil: Estado é o complexo de atributos, com efeitos jurídicos, que determina a condição da pessoa perante a sociedade. Diz-se estado civil a posição jurídica que alguém ocupa, em determinado momento, dentro do ordenamento jurídico. O estado da pessoa natural indica sua situação jurídica nos contextos político, familiar e individual. “Estado (status), em direito privado, é noção técnica destinada a caracterizar a posição jurídica da pessoa no meio social.” Segundo o Prof. Francisco Amaral: "O estado nasce de fatos jurídicos, como o nascimento, a idade, a filiação, a doença; de atos jurídicos, como o casamento, a emancipação; de decisões judiciais, como a separação, o divórcio, a interdição. Tais circunstâncias levam a caracterização de três estados: o familiar, o político e o pessoal ou individual". a) Estado politico: Direito Constitucional – nacional ou estrangeiro. Posição do individuo em face do estado b) Estado familiar: Direito de Família – Cônjuge ou parente c) Estado individual: Condição física do indivíduo influente em seu poder de agir. Menor ou maior, capaz ou incapaz, homem ou mulher. Registro civil (art. 9) Registro Civil é a instituição administrativa que tem por objetivo imediato a publicidade dos fatos jurídicos de interesse das pessoas e da sociedade Sua função é dar autenticidade, segurança e eficácia aos fatos jurídicos de maior relevância para a vida e os interesses dos sujeitos de direito. Não apenas publicidade, mas o registo de natureza constitutiva, é condição sine qua non para a sua existência legal. Todos os fatos constitutivos, modificativos ou extintivos do estado das pessoas exigem reconhecimento oficial pelo sistema de registros públicos, à luz dos princípios da legalidade, veracidade e publicidade. O registro gera a presunção relativa do estado da pessoa, vez que é ele que dota de oponibilidade erga omnes as situações jurídicas da pessoa perante a sociedade. Contudo, nem sempre a realidade jurídica retrata a realidade fática e, por isso, existem as ações de estado, afinal, é muitas vezes necessário defender seu estado contra eventuais atentados aos direitos dele decorrentes. Elas têm por objetivo criar, modificar ou extinguir um estado, e aí, a sentença será constitutiva; ou reconhecer um estado pré-existente o guarnecendo de eficácia jurídica, quando a sentença será declaratória. Os atos que produzemalterações no estado das pessoas devem ser registrados ou averbados, conforme determinam os arts. 9º e 10, respectivamente, CC. Domicílio: “sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos.” Residência: qualquer moradia que a pessoa utilize, ainda que eventualmente. Portanto, o conceito de Domicílio Civil da pessoa natural é determinado pela combinação dos artigos 70 e 71 do NCC. Apenas encontraremos o domicílio civil se preenchermos os dois requisitos determinados no artigo 70 do NCC que são: - Residência - é o objeto do conceito, sendo este palpável. É o elemento externo e visível. Ex: uma casa, um prédio, um apartamento. - Ânimo definitivo - este é o elemento interno do domicílio civil. Sendo evidenciado por reflexos do indivíduo que demonstram seu interesse em permanecer em tal domicílio. Ex: receber correspondência, receber as contas. Domicílio Voluntário: art. 71. Escolhido livremente pela pessoa. Mudança de domicílio: art. 74 Domicílio legal ou necessário (arts. 75, 76, 77): é o imposto pela lei, a partir de regras específicas que constam no art. 76 do Código Civil. Deve ficar claro que o domicílio necessário não exclui o voluntário, sendo as suas hipóteses, de imposição normativa. - O domicílio dos absolutamente e relativamente incapazes (art. 3º e 4º do CC) é o mesmo dos seus representantes; - O domicílio do servidor público ou funcionário público é o local em que exercer, com caráter permanente, as suas funções; - o domicílio do militar é o do quartel onde servir ou do comando a que se encontrar subordinado (sendo da Marinha ou da Aeronáutica); - o domicílio do marítimo ou marinheiro é o do local em que o navio estiver matriculado; - o domicílio do preso é o local em que cumpre pena. Domicílio contratual ou convencional: É aquele previsto no art. 78 do CC, pelo qual, ‚nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar o domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes‛. A fixação desse domicílio para um negócio jurídico acaba repercutindo na questão do foro competente para apreciar eventual discussão do contrato, razão pela qual se denomina tal previsão como cláusula de eleição de foro (art. 63 do CPC/2015) Domicílio aparente, ocasional ou eventual: art. 73. O fim da personalidade civil (art. 6º, CC) Morte real: Termina a existência da pessoa natural com a morte. Em geral, a parada do sistema cardiorrespiratório com a cessação das funções vitais indica o falecimento do indivíduo, mas, para efeito de transplante, a lei tem considerado a morte encefálica, mesmo que os demais órgãos estejam em pleno funcionamento, ainda que ativados por drogas. Efeitos jurídicos da morte: extinção do poder familiar, dissolução do vínculo conjugal, a abertura da sucessão, a extinção de contrato personalíssimo, etc... Morte presumida: O CC admite a morte presumida, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (art. 6º, CC/02). Art. 9º, IV, determina a inscrição da sentença declaratória de ausência e de morte presumida. Morte presumida sem declaração de ausência: art. 7º, CC. –Desaparecimento do corpo da pessoa, sendo extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. –Desaparecimento de pessoa envolvida em campanha militar ou feito prisioneiro, não sendo encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do lançamento. Ausência: Antes de tudo um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicílio, sem deixar qualquer notícia. O CC/02 reconhece a ausência como uma morte presumida, em seu art. 6º, a partir do momento em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Longo caminho até chegar a esse momento. 3 fases: 1- Curadoria dos bens: Desaparecido uma pessoa, haverá uma massa patrimonial com titular, mas sem quem a administre. A pedido de qualquer interessado direto ou do MP, o Poder Judiciário reconhecerá a circunstância de fato, nomeando curador, que passará a gerir os negócios do ausente até o seu eventual retorno. Ordem preferencial de nomeação do curador. 1- cônjuge do ausente (art. 25); 2- pais do ausente; descendentes do ausente; 3- qualquer pessoa a escolha do magistrado. O art. 745 do CPC/2015 estabelece em seu caput que, feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial de computadores, no sítio do Tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por um ano. Não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da Comarca, o prazo de permanência é de um ano, com reproduções de dois em dois meses, anunciando-se a arrecadação e chamando-se o ausente a entrar na posse de seus bens. 2- Sucessão provisória: decorrido um 1 da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando 3 anos, poderão os interessados requerer que se declare, efetiva e formalmente, a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Com a posse nos bens do ausente, passam os sucessores provisórios a representar ativa e passivamente o ausente, o que lhes faz dirigir contra si todas as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. 3- Sucessão definitiva: 10 anos após o trânsito em julgado da sentença de abertura de sucessão provisória, converter-se-á em definitiva. O art. 38 admite a possibilidade de requerimento da sucessão definitiva, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Retorno do ausente: Se este aparece na fase de arrecadação de bens, não há qualquer prejuízo ao seu patrimônio, continuando ele a gozar plenamente de todos os seus bens. Se já tiver sido aberta a sucessão provisória, a prova de que a ausência foi voluntária e injustificada faz com que o ausente perca, em favor do sucessor provisório, sua parte nos frutos e rendimentos. Se a sucessão, todavia, já for definitiva, terá o ausente direito aos seus bens, se ainda incólumes, não respondendo os sucessores havidos pela sua integridade, conforme se verifica no art. 39. Ausência e dissolução do casamento: art. 1.571, §1º. Após a abertura da sucessão definitiva. Justificação do óbito: Art. 7, I e II, CC. Art. 88, LRP: ‚poderão os juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame‛. Parágrafo único: “Será admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do art. 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito”. Comoriência: art. 8º, CC 3- PESSOA E DIREITOS DA PERSONALIDADE. Da teoria dos direitos da personalidade: Direitos de personalidade são direitos inerentes à condição de pessoa, com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB), servindo como meio de defesa do desenvolvimento pleno do homem no âmbito das relações jurídico-privadas São direitos cujo objeto são os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais. Compõem a esfera extrapatrimonial do indivíduo, integrada por valores não dedutíveis pecuniariamente, fundados na dignidade humana. São meios de defesa, no plano do direito privado, contra as agressões à dignidade humana. Acerca dos fundamentos jurídicos desses direitos dois grupos bem distintos se digladiam: a) Corrente positivista: Toma por base a ideia de que os direitosda personalidade deve ser somente aqueles reconhecidos pelo Estado, que lhes daria força jurídica. Não aceitam, portanto, a existência de direitos inatos à condição humana. b) Corrente Jusnaturalista: Os direitos da personalidade correspondem às faculdades exercitadas naturalmente pelo homem, verdadeiros atributos inerentes à condição humana. Por se tratar de direitos inatos, caberia ‚ao Estado apenas reconhecê-los e sancioná-los em outro plano do direito positivo‛. Não há a menor dúvida de que o ser humano é o titular por excelência da tutela dos direitos da personalidade. Todavia, vale destacar que o instituto alcança também os nascituros, que, embora não tenham personalidade jurídica, têm seus direitos ressalvados, pela lei, desde a concepção, o que inclui, obviamente, os direitos da personalidade. No que diz respeito à Pessoa Jurídica, frisa-se que a legislação jamais excluiu expressamente as pessoas jurídicas da proteção aos interesses extrapatrimoniais, entre os quais se incluem os direitos da personalidade. Além disso, o artigo 52, CC reza que ‚aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.‛ Súmula 227/STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.” Direitos da personalidade e Constituição de 1988: A CRFB/88, por sua vez, ao preceituar, em seu artigo 5º, X, que ‚são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação‛, não fez qualquer acepção de pessoas, não podendo ser o dispositivo constitucional interpretado de forma restritiva, notadamente quando se trata de direitos e garantias fundamentais. Da mesma forma, ao assegurar ‚o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem‛ (art. 5, V), o texto constitucional não apresentou qualquer restrição, devendo o direito abranger a todos, indistintamente. Os direitos de personalidade devem ser entendidos como direitos fundamentais, sendo possível afirmar que todo direito de personalidade é um direito fundamental, mas nem todo direito fundamental é um direito de personalidade. Tanto a Constituição quanto o Código Civil apresentam rol meramente exemplificativo de direitos de personalidade (art. 5o , CRFB, e arts. 11 a 21, CC). A doutrina costuma classificar os direitos de personalidade da seguinte maneira: 1. Vida e integridade física (corpo vivo, cadáver, voz); 2. Integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade, criações intelectuais, privacidade, segredo); 3. Integridade moral (honra, imagem, identidade pessoal). Importante referir que tanto doutrina quanto jurisprudência, sobretudo dos Tribunais Superiores, têm contribuído bastante para o desenvolvimento dos direitos de personalidade, reconhecendo tutela jurídica aos mais diversos aspectos da personalidade humana. Enunciado n. 274, IV Jornada de Direito Civil: Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º , inc. III, Da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. Direitos da personalidade no Código Civil Brasileiro. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE a) Absolutos – oponibilidade erga omnes; b) Gerais – outorgados a todas as pessoas; c) Extrapatrimoniais – ausência de conteúdo patrimonial direto; d) Indisponíveis – Intransmissibilidade e irrenunciabilidade (art. 11, CC). Apenas excepcionalmente é que se pode admitir a transmissibilidade alguns poderes ínsitos a certos direitos da personalidade (imagem, direitos autorais, doação de órgãos...). e) Imprescritíveis – não se extinguem pelo não uso. f) Impenhoráveis – não passíveis de penhora, desapropriação ou confisco. g) Vitalícios – do nascimento à morte. Enunciado n° 4, I Jornada de Direito Civil: o exercício dos direitos de personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral. Enunciado n°139, III Jornada de Direito Civil: os direitos de personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Direito à Vida: O aborto pode ser definido como “ação humana destrutiva do produto da concepção humana. Em outras palavras, é a interrupção criminosa da vida em formação”. O aborto é considerado crime, na forma dos arts. 124 a 127 do Código Penal. Admite-se, todavia, a exclusão do crime nas hipóteses de aborto necessário, previstas no art. 128, I e II, da Lei Penal. a) Aborto terapêutico: realizado sob estado de necessidade, quando não houver outro meio de salvar a vida da gestante b) Aborto sentimental (ético ou humanitário) consentido pela gestante ou seu representante legal, quando a gravidez resultar de estupro. Heloísa Helena Barbosa, a respeito da manipulação de embriões in vitro entende que ‚considerando que a lei penal pune, mas não conceitua o aborto (etimologicamente: ab = privação + ortus = nascimento), e que esse é definido como a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção, afirma0se inexistir crime de aborto na fertilização ‘in vitro’, visto que a gravidez só existe em organismo vivo, não sendo reconhecida fora dele‛ O art. 5º da Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105): reza que “É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis; II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento”. Direito à Integridade Física O direito tutelado é, no final das contas, a higidez do ser humano no sentido mais amplo da expressão, mantendo-se, portanto, a incolumidade corpórea e intelectual, repelindo-se as lesões causadas ao funcionamento normal do corpo humano. Art. 15 – ‚Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.‛ Não havendo, entretanto, tempo hábil para a oitiva do paciente – como, por exemplo, em uma emergência de parada cardíaca -, o médico tem o dever de realizar o tratamento, independentemente de autorização, eximindo-se de responsabilidade. Enunciado n. 533, VI Jornada de Direito Civil: O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos médico cirúrgicos que não possam ser interrompidos. Enunciado n. 403, V Jornada de Direito Civil: O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante. Direito ao corpo vivo: Regra: art. 13 “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único: O ato previso neste artigo será admitido para fins de transplante, na formaestabelecida em lei especial”. A Lei 9.434 em seu artigo 9º reza que “É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do §4º deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea”. Sendo ato de extrema responsabilidade, a autorização para o transplante, revogável até a intervenção cirúrgica, deverá ser dada pelo doador, por escrito e diante de testemunhas, especificando o tecido, o órgão ou parte do corpo a ser retirada. A lei, entretanto, condiciona a doação inter vivos, limitando-a a: a) órgãos duplos; b) partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não causa mutilação ou deformação inaceitável, além de corresponder a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora. Em nenhuma hipótese será admitida a disposição onerosa de órgãos, partes ou tecidos do corpo humano. Enunciado n. 402, V Jornada de Direito Civil: O art. 14, parágrafo único, do Código Civil, fundado no consentimento informado, não dispensa o consentimento dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista no art. 9º, § 6º, da Lei n. 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, § 2º (alterado pela Lei n. 12.010/2009), e 45, § 2º, do ECA. Enunciado n. 532, VI Jornada de Direito Civil: É permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos exclusivamente científicos, nos termos dos arts. 11 e 13 do Código Civil. Enunciado n. 276, IV Jornada de Direito Civil: O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil. Direito ao corpo morto Art. 14 “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo Único: o ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.” A violação do cadáver deve ser admitida em duas hipóteses: a) Direito à prova: em caso de morte violenta, ou havendo suspeita da prática do crime, é dispensável a realização do exame necroscópico, na forma da legislação processual penal em vigor (art. 162 do CPP); b) Necessidade: admite-se a retirada de partes do cadáver para fins de transplante e em benefício da ciência, na estrita forma da legislação em vigor, e sem caráter lucrativo. O artigo 4º da Lei nº 10.211/01 reza que “a retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá de autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.” Apesar de tal disposição legal, Enunciado n. 277, IV Jornada de Direito Civil: O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4o da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio potencial do doador. Enunciado n. 401, V Jornada de Direito Civil: Não contraria os bons costumes a cessão gratuita de direitos de uso de material biológico para fins de pesquisa científica, desde que a manifestação de vontade tenha sido livre, esclarecida e puder ser revogada a qualquer tempo, conforme as normas éticas que regem a pesquisa científica e o respeito aos direitos fundamentais. Direito à voz Art. 5º, XXVIII da CR/88 ‚são assegurados, nos termos da lei‛; a) ‚a proteção ás participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas.‛ Direito à integridade psíquica Levam-se em conta os elementos intrínsecos do indivíduo, como atributos de sua inteligência ou sentimento, componentes do psiquismo humano. Direito à liberdade Vários enfoques: civil, política, religiosa, sexual etc. Art. 5, IV – ‚É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato‛. Direito à privacidade: Art. 21, CC. Direito à integridade moral: Honra: a) Subjetiva: corresponde ao sentimento pessoal de estima ou à consciência da própria dignidade. Art. 140, CP b) Objetiva: correspondente à reputação da pessoa, compreendendo o seu bom nome e a fama de que desfruta no seio da sociedade. Art. 139, CP Art. 5º, X, CR/88 – ‚São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.‛ Imagem Imagem-retrato: que é literalmente o aspecto físico da pessoa Imagem-atributo: que corresponde à exteriorização da personalidade do indivíduo, ou seja, á forma como ele é visto socialmente. Art. 20, CC Enunciado n. 279, IV Jornada de Direito Civil: A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações. SÚMULA 403 STJ - Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 28/10/2009. Identidade Direito ao nome: art. 16 e seguintes Proteção dos Direito da Personalidade: Modos variados de reação Artigo 12 e 21, CC Diante da lesão a direito de personalidade podem ser invocadas, is olada ou cumulativamente, medidas relativas à cessação imediata da agressão, restabelecimento, se possível, do status quo ante, ou mesmo reparação do dano patrimonial ou extrapatrimonial (moral, biológico ou estético). Súmula n. 387, STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. Enunciado n. 5, I Jornada de Direito Civil: Arts. 12 e 20: 1) As disposições do art. 12 têm caráter geral e aplicam-se, inclusive, às situações previstas no art. 20, excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas nele estabelecidas; 2) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a finalidade específica de regrar a projeção dos bens personalíssimos nas situações nele enumeradas. Com exceção dos casos expressos de legitimação que se conformem com a tipificação preconizada nessa norma, a ela podem ser aplicadas subsidiariamente as regras instituídas no art. 12. Enunciado n. 140, III Jornada de Direito Civil: Art. 12: A primeira parte do art. 12 do Código Civil refere-se às técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício, enunciadas no art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo. Enunciado n. 275, IV Jornada de Direito Civil: Arts. 12 e 20: O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do Código Civil também compreende o companheiro. Enunciado n. 398, V Jornada de Direito Civil: Art. 12, parágrafo único: As medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser invocadaspor qualquer uma das pessoas ali mencionadas de forma concorrente e autônoma. Enunciado n. 399, V Jornada de Direito Civil: Arts. 12, parágrafo único e 20, parágrafo único: Os poderes conferidos aos legitimados para a tutela post mortem dos direitos da personalidade, nos termos dos arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do CC, não compreendem a faculdade de limitação voluntária. Enunciado n. 400, V Jornada de Direito Civil: Arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único: Os parágrafos únicos dos arts. 12 e 20 asseguram legitimidade, por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou companheiro para a tutela contra lesão perpetrada post mortem. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE PARA BUSCAR REPARAÇÃO DE PREJUÍZOS DECORRENTES DE VIOLAÇÃO DA IMAGEM E DA MEMÓRIA DE FALECIDO. Diferentemente do que ocorre em relação ao cônjuge sobrevivente, o espólio não tem legitimidade para buscar reparação por danos morais decorrentes de ofensa post mortem à imagem e à memória de pessoa. De acordo com o art. 6º do CC segundo o qual a existência da pessoa natural termina com a morte, os direitos da personalidade de pessoa natural se encerram com a sua morte. Todavia, o parágrafo único dos arts. 12 e 20 do CC estabeleceram duas formas de tutela póstuma dos direitos da personalidade. O art. 12 dispõe que, em se tratando de morto, terá legitimidade para requerer a cessação de ameaça ou lesão a direito da personalidade, e para reclamar perdas e danos, o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. O art. 20, por sua vez, determina que, em se tratando de morto, o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes são partes legítimas para requerer a proibição de divulgação de escritos, de transmissão de palavras, ou de publicação, exposição ou utilização da imagem da pessoa falecida. O espólio, entretanto, não pode sofrer dano moral por constituir uma universalidade de bens e direitos, sendo representado pelo inventariante (art. 12, V, do CPC) para questões relativas ao patrimônio do de cujus. Dessa forma, nota - se que o espólio, diferentemente do cônjuge sobrevivente, não possui legitimidade para postular reparação por prejuízos decorrentes de ofensa, após a morte do de cujus, à memória e à imagem do falecido. REsp 1.209.474-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 10/9/2013 (Informativo nº 0532). 4 - PESSOA JURÍDICA. Conceito: Entes formados pela coletividade de bens ou de pessoas a quem a lei atribui personalidade jurídica, com o objetivo de que seja atingida uma determinada finalidade autorizada ou não proibida por Lei. Excepcionalmente, o ordenamento jurídico também confere personalidade a entidades sem coletividade, podendo ser citada como exemplo a Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada). A pessoa jurídica é um sujeito de direito personalizado, assim como as pessoas físicas, em contraposição aos sujeitos de direito despersonalizados, como o nascituro, a massa falida, o condomínio horizontal etc. Desse modo, a pessoa jurídica tem a autorização genérica para a prática de atos jurídicos bem como de qualquer ato, exceto o expressamente proibido. Feitas tais considerações, cabe conceituar pessoa jurídica como o sujeito de direito inanimado personalizado. Pessoa jurídica é, assim, a entidade ou instituição que, por força das normas jurídicas criadas, tem personalidade e capacidade jurídicas para adquirir direitos e contrair obrigações. Ela nasce do instrumento formal e escrito que a constitui (art. 45 CC), ou diretamente da lei que a institui. Pessoa Jurídica, considerada como agrupamentos que se equiparam à própria pessoa, preenchendo determinados requisitos legais e com capacidade para ser sujeito das relações jurídicas. A pessoa jurídica, embora formada por pessoas naturais, tem vida própria e autônoma não se confundindo com a vida de seus membros. Natureza Jurídica: sujeitos de direito com personalidade jurídica própria. Teoria da ficção legal: para essa teoria, a pessoa jurídica é uma mera abstração legal, isto é, uma criação artificial do legislador. Elementos estruturais: a) vontade humana criadora; b) coletividade de pessoas ou de bens c) finalidade lícita (art. 115, LRP). Personalidade Jurídica e Direitos da Personalidade: a posição doutrinária majoritária é no sentido de que as pessoas jurídicas possuem alguns direitos da personalidade, tais como o direito à imagem e à honra objetiva. Nesse sentido, o art. 52 do Código Civil determina: “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. Súmula 227/STJ. Personalidade e capacidade 45, CC A pessoa jurídica adquire personalidade e capacidade plena ao mesmo tempo, a partir da inscrição de seus atos constitutivos no registro respectivo. Antes de registrada, a pessoa jurídica tem existência latente ou potencial. Em alguns casos, é necessária autorização do Poder Público (ex. Sociedades estrangeiras; companhias de seguro). Duas fases: elaboração do ato constitutivo e registro do ato constitutivo. O ato constitutivo de uma sociedade é denominado contrato social; já o de uma associação ou de uma fundação é chamando estatuto. Em caso de defeito formal ou substancial do ato constitutivo, os interessados devem manifestar-se pela invalidade em 3 anos. Este prazo é decadencial (art. 45, parágrafo único, CC). Formalidades do registro - art. 46, CC. Início da personalidade das pessoas jurídicas de direito público: são normalmente constituídas por lei e, desta forma, adquirem personalidade no exato momento em que a lei instituidora entrar em vigor. Excepcionalmente, a lei assume papel secundário, autorizando que o chefe do Poder Executivo (municipal, estadual ou federal) crie uma pessoa jurídica por força de decreto, adquirindo personalidade a partir da vigência deste. Natureza jurídica do registro das pessoas: Diferentemente do que acontece com as pessoas físicas, em que o registro tem natureza meramente declaratória (retroagindo ao momento do nascimento/concepção – portanto, dotadas de eficácia ex tunc), o registro das pessoas jurídicas tem natureza constitutiva, pois a personalidade somente é adquirida a partir dele. Dessa forma, podemos afirmar que o registro das pessoas jurídicas tem eficácia ex nunc, não legitimando ou convalidando atos pretéritos. Denominam-se entes despersonalizados as sociedades de fato (inexiste o ato constitutivo) e as sociedades irregulares (que possuem ato constitutivo, mas este não se encontra devidamente registrado). Ambas recebem o mesmo tratamento jurídico e dentre os diversos problemas enfrentados por uma sociedade despersonificada podemos destacar os seguintes: • Responsabilidade pessoal, solidária e ilimitada dos sócios em face de quem contratou com a pessoa jurídica e de terceiros lesados. • Impossibilidade de obter número de inscrição no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas – CNPJ, perante a Receita Federal. • Impossibilidade de participar de uma licitação ou de obter empréstimos ou financiamentos bancários. • Impossibilidade de ingressar em juízo em face de terceiros (em regra). As pessoas jurídicas podem ser de direito público ou de direito privado. A) Direito Público - Direito público interno - entes federativos; - autarquias, incluindo as fundações públicas; - demais entidades cuja a lei atribua personalidade de direito público. - Direito público externo - Estados estrangeiros - pessoas regidas pelo direito internacional público B) Direito Privado - Associações; - Fundações; - Sociedades; - Empresas individuais de responsabilidade limitada; - Organizações religiosas; Partidos políticos (organizados conforme sua Lei Orgânica – Lei n° 9.096/95). Enunciado n. 144, III Jornada de Direito Civil: A relação das pessoasjurídicas de direito privado constate do art. 44, incs. I a V, do Código Civil, não é exaustiva. Local do Registro a) Junta comercial (Registro Público de Empresa): nas Juntas Comerciais Estaduais devem ser registradas as sociedades empresárias (antigamente denominadas de sociedades mercantis), conforme dispõe a Lei n. 8.934/94. Também são registradas na Junta Comercial: Seguradoras: Necessidade de prévia autorização da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, consoante Resolução 166/2007 do Conselho Nacional de Segurados Privados – CNSP. Operadoras de plano de saúde: Também deve ser registrada na Agência Nacional de Saúde – ANS, e nos Conselhos Regionais de Medicina e Odontologia, conforme o caso, em cumprimento ao disposto no art. 1º da Lei n. 6.839, de 30 de outubro de 1980, e conforme o disposto no art. 8º da Lei n. 9.656/98. Instituições financeiras: prévia autorização do Banco Central, consoante determinação da Lei n. 4.595/64, que instituiu o Conselho Monetário Nacional. b) Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (CRCPJ): para que possam ser consideradas regularmente constituídas, as associações e fundações deverão ter seus estatutos devidamente registrados no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (“Livro A”) do município onde se estabelecerem. No mesmo local também deverão ser levados a registro os contratos sociais das sociedades simples (conforme art. 114 da Lei de Registros Públicos – Lei n. 6.015/77). Além das associações, fundações e sociedades simples, devem ser destacadas as seguintes entidades: Sociedades de profissionais liberais: por desenvolverem atividade intelectual. De acordo com o art. 966 do Código Civil de 2002, ‚não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa‛. Como exemplo, podemos citar as sociedades de médicos, dentistas, engenheiros, contadores etc. Além do registro no CRCPJ, essas sociedades também devem ser registradas na respectiva entidade de classe (CRM, CRO, CREA, CRC etc.). Partidos políticos: devem ter seus estatutos registrados no CRCPJ do Distrito Federal e, posteriormente, no Tribunal Superior Eleitoral (Constituição Federal, art. 17, § 2º; Lei n. 9.096/95, arts. 7º e 8º e Lei de Registros Públicos, art. 114, III). Sindicatos: o registro do sindicato deve ser feito no CRPJ no “Livro A” (Constituição Federal, art. 8º, I e Lei de Registros Públicos, art. 114, I). Nos termos do art. 518 e seguintes da CLT, o sindicato também deverá ser cadastrado no Ministério do Trabalho. Cooperativas: Controvertido. 1º Corrente - defende que as cooperativas devem ser registradas na Junta Comercial, de acordo com as Leis nº. 5.764/71 (Lei das Cooperativas) e 8.934/94 (art. 32, II) é a que tem prevalecido, apesar da 2ª - defende que as cooperativas devem ser registradas no CRCPJ ONGs: são entidades filantrópicas que adquirem personalidade jurídica a partir do registro dos seus estatutos no CRCPJ. Para que possam receber o Certificado de Fins Filantrópicos, devem ser inscritas no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS. Nacionalidade e Domicílio da Pessoa Jurídica As regras sobre o domicílio das pessoas jurídicas concentraram-se num mesmo dispositivo legal, bordejando as pessoas jurídicas de direito público interno e as pessoas jurídicas de direito privado. Como na expressão domicílio subtende-se a ideia de residência com ânimo definitivo, jaz inapropriada a sua extensão às pessoas jurídicas, o que, porém e no fundo, ocorre apenas como mais uma criação ficcional do legislador. Diz-se, sem receio de equívoco, que ao legislador cabia articular e engenhar sistema normativo mais esmerado e expressão mais adequada para, com precisão, alcançar melhor a disciplina sobre o chamado domicílio das pessoas jurídicas. Na realidade, o novo texto pouco ou nada remoçou o instituto do domicílio das pessoas jurídicas, haja vista que foi reproduzido sem inovação de relevo algum. Com as considerações acima expendidas, retoma-se o tema, salientando que as pessoas jurídicas, malgrado a sua realidade incorpórea, reclamam a identificação do núcleo ou do centro em que fulguram as relações jurídicas a partir do qual se desenvolvem as atividades que lhe são próprias, em conformidade com a sua natureza. Sob esse influxo, o Código Civil fixou, peremptoriamente, o domicílio das pessoas jurídicas, quer de direito público quer privado, de caráter interno ou externo. Domicílio da pessoa jurídica de direito público interno Em relação às pessoas jurídicas de direito público interno, limitou-se o Código Civil a ativar a regra consagrada na legislação anterior, acrescentando, apenas, que o domicílio dos Territórios são as respectivas capitais, disposição inexistente anteriormente à falta, então, de sua personificação. Com efeito, diz o Código que o domicílio: a) da União é o Distrito Federal; b) dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; e c) dos Municípios, o lugar onde funcione a administração municipal. Releva advertir que as autarquias e as demais entidades de caráter público criadas por lei foram enquadradas na categoria genérica das chamadas demais pessoas jurídicas de que cuida o Código Civil, a cujo regime jurídico equiparam-se para efeito de domicílio. Domicílio das demais pessoas jurídicas. - À exceção da União, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios, as pessoas jurídicas, de direito público interno ou de direito privado, têm como domicílio: a) o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações; ou b) o lugar designado no estatuto ou contrato social ou ato constitutivo. Na definição certeira do domicílio, examina-se, em primeiro diagnóstico, a disposição legal encartada nos atos legais da pessoa jurídica. Em havendo posição afirmativa, o domicílio será o lugar, por conseguinte, definido no estatuto, contrato social ou ato constitutivo, pacificado pela formalidade que o credencia expressamente. À falta de revelação expressa, o domicílio das pessoas jurídicas será, porém, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações. Admite-se, em outra análise, que se consolide o entendimento de que, à revelia das disposições expressas e formais constantes no estatuto, contrato social ou ato constitutivo, o domicílio desloque-se para o lugar onde se exerce o verdadeiro comando da pessoa jurídica, com a presença de seu corpo dirigente, do qual partam as ações estratégicas e gerenciais de maior nível ou poder hierárquico, em decorrência das quais pulsa a vida empresarial. Dá-se, no caso, a descaracterização ou a desformalização do domicílio, principalmente quando ele se artificializa por meio de maquiagens ou traquinagens jurídicas, com o propósito de escapulir às exigências e obrigações legais, iludindo o Estado ou a sociedade. Característica que merece destaque é a de que a pessoa jurídica, se dispuser de estabelecimentos em lugares diferentes, será dotada de domicílio plural. Com efeito, conforme o perfil, as características e as necessidades intrínsecas da pessoa jurídica, pode-se, perfeitamente, fragmentar a sua unidade nuclear, de cujos pedaços compõem-se outros estabelecimentos, a fim de otimizar a atuação da entidade, ao tempo em que cada uma delas será considerada domicílio para os atos individualmente praticados. Nacionalidade: Nacionais: aquelas constituídas à luz do ordenamento jurídico brasileiro e que mantêm aqui a sede de sua administração (Código Civil, art. 1.126). Estrangeiras: são aquelas constituídas fora do Brasil ou que, mesmo constituídas no Brasil, mantêm a sua sede fora do País. Independentemente de qual seja o seu objeto (isto é, seu ramo de atividade), as sociedadesestrangeiras somente poderão funcionar no País com autorização do Poder Executivo (Código Civil, art. 1.134). Súmula 363/STF, ‚a pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência ou estabelecimento em que se praticou o ato‛. Art. 75, §2º - O objetivo da norma é a proteção das pessoas que litigarem contra as pessoas jurídicas de direito privado estrangeiras, que não precisarão ingressar com ações em outros países. Pessoa jurídica e direitos de personalidade O Código Civil de 2002, em seu art. 52, inovou ao conferir às pessoas jurídicas, no que couber, proteção aos direitos de personalidade. Enunciado n. 286, IV Jornada de Direito Civil: Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. O Enunciado n. 227 da Súmula do STJ já reconhecia a possibilidade de a pessoa jurídica sofrer dano moral. Parte da doutrina, porém, critica a técnica do enunciado pois a pessoa jurídica não é ente dotado de dignidade e, por isso não tem como sofrer dano moral propriamente dito. Essa corrente doutrinária, porém, não exclui a possibilidade de a pessoa jurídica sofrer dano extrapatrimonial - a crítica consiste apenas na expressão "dano moral". Nessa senda, alguns autores afirmam que o dano extrapatrimonial da pessoa jurídica deve ser chamado de dano institucional ou abalo de credibilidade. A reparação do dano extrapatrimonial da pessoa jurídica, portanto, visa compensar o prejuízo econômico por ela suportado ou o abalo à imagem, nome ou reputação pela contrapropaganda feita. Parte da doutrina entende que apenas as pessoas jurídicas com finalidade não lucrativa podem sofrer dano extrapatrimonial, pois o abalo à reputação de uma pessoa jurídica com fins lucrativos reflete no volume de negócios por ela praticados e, consequentemente, resulta em prejuízos de ordem econômica. Essa corrente sustenta que a edição da Súmula n. 227, STF, se deu no "no afã de assegurar o ressarcimento em hipótese de danos materiais de difícil reparação". Esse, no entanto, não é o entendimento predominante da jurisprudência. Fim da personalidade: Assim como ocorre com as pessoas naturais, a extinção da pessoa jurídica determina o fim de sua personalidade jurídica. Deve ser lembrado que a extinção nunca é instantânea, pois, seja qual for a hipótese, deverá ser feita sua liquidação, com a realização do ativo (créditos) e o pagamento do passivo (débitos). Encerrada a liquidação, poderá ser requerido o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Como hipóteses de extinção, podemos citar o decurso do prazo de sua duração; a sua dissolução; a deliberação dos sócios; a falta de pluralidade dos sócios; uma determinação legal; um ato governamental; a dissolução judicial; a morte de sócio etc. Representação da pessoa jurídica: A pessoa jurídica é representada pelos administradores, na forma e limites do ato constitutivo (art. 47, CC). A administração coletiva importa em decisão tomada por maioria de votos (art. 48, CC). Nos casos em que a administração da pessoa jurídica faltar, o juiz nomeará administrador (art. 49, CC). A forma pela qual será representada a pessoa jurídica deve constar do ato constitutivo no momento do registro. A representação é feita pelos administradores nomeados, nos limites dos poderes conferidos (Código Civil, art. 47). Se a administração da pessoa jurídica for coletiva, as decisões serão tomadas pela maioria dos votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Podem ser anuladas no prazo decadencial de 3 (três) anos as decisões tomadas pela maioria em caso de violação do estatuto ou lei, erro, dolo, simulação ou fraude. Enunciado n. 145, III Jornada de Direito Civil: O art. 47 não afasta a aplicação da teoria da aparência. Responsabilidade da Pessoa Jurídica Por serem detentoras de personalidade jurídica própria, as pessoas jurídicas de direito privado respondem com seu próprio patrimônio pelos danos que causarem a terceiros (responsabilidade extracontratual) e pelas obrigações assumidas pelos seus administradores, nos limites estabelecidos em seus estatutos (responsabilidade contratual). Os atos praticados por administradores que extrapolem os poderes definidos no estatuto, bem como os atos praticados por falsos administradores, em regra, não geram responsabilidade para as pessoas jurídicas. Excepcionalmente, a pessoa jurídica poderá ser chamada a responder por esses atos diante da aplicação da teoria da aparência (boa-fé subjetiva). Isso não afasta a possibilidade da Desconsideração da Personalidade da Pessoa Jurídica para atingir o patrimônio do sócio nos casos previstos em lei; mas isto sempre será uma exceção. Desconsideração da Personalidade Jurídica (art. 50, CC): Excepcionalmente, admite-se que seja decretada a desconsideração da personalidade jurídica para que os sócios ou administradores de uma pessoa jurídica sejam responsabilizados pelas obrigações desta. A desconsideração da personalidade jurídica pode ser definida como a simples medida processual em que o juiz determina a inclusão dos sócios ou administradores de uma pessoa jurídica no polo passivo da demanda para que respondam com seu patrimônio particular pelas dívidas dela. A desconsideração da personalidade não pode ser confundida com a despersonalização, pois esta importa na dissolução da pessoa jurídica ou na cassação da autorização para o seu funcionamento. Alteração recente – MP 881 (MP da Liberdade Econômica). Classificação: a) Quanto à estrutura interna: Corporações: são pessoas jurídicas formadas pela reunião de pessoas, podendo assumir a forma de sociedade ou de associação. Fundações: são pessoas jurídicas formadas pela coletividade de bens. b) Quanto à Função (art. 40 a 44) Direito Público: reguladas por normas de direito público e estudadas pelo Direito Administrativo Externo: art. 42 ex. OTI, FMC, ONU... Interno: art. 41. União, Estados, DF, Territórios Federais, Municípios. Direito Privado (art. 44, CC). Rol exemplificativo. Sociedades: São pessoas jurídicas de direito privado formadas pela união de pessoas, que se organizam para desenvolver uma atividade econômica com intuito lucrativo. As sociedades simples são aquelas sem fins comerciais que visam ao lucro mediante prestação de serviços relativos a determinada profissão ou serviços técnicos. As sociedades empresárias são aquelas com fins comerciais. Visam ao lucro mediante o exercício de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. EIRELI Suas regras estão estabelecidas no art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País. Associações (art. 53) As associações são pessoas jurídicas de direito privado formadas pela união de pessoas que se organizam para desenvolver uma atividade lícita que não seja econômica, isto é, que não tenha intuito lucrativo. Atividade educacional, pia (isto é, filantrópica), religiosa, esportiva, científica, literária, recreativa, política etc. (exemplos: sindicatos, grêmios estudantis, escolas de samba, clubes esportivos). Para a sua constituição não depende de prévia autorização do Poder Executivo por ser um direito fundamental da pessoa humana (princípio da liberdade de associação – Constituição Federal, art. 5º, XVII). A análise da estrutura interna de uma associação revela a existência de três órgãos em sua composição: a assembleia geral, os órgãos deliberativos e os associados. Associados: (art. 55, CC). Art. 53, parágrafo único, CC. Princípio da Liberdade de
Compartilhar