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Material complementar av1 - Civil I

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ROTEIRO DE AULA – DIREITO CIVIL I 
 
AULA 1 
 
Direito: “O conjunto de normas gerais e positivadas que regula a vida social.” Relação com o 
outro. Ubi homo, ibi jus. 
 
O Direito Civil deve ser identificado como principal ramo do Direito Privado, bem como 
instrumento de realização dos direitos fundamentais no âmbito das relações privadas, 
regulando as relações entre os particulares com fundamento em na igualdade jurídica e na 
autodeterminação. O direito civil extrai seu nome do latim cives (cidadãos) e se dirige ao 
núcleo da vida em sociedade, ou seja, às relações sociais travadas de pessoa a pessoa, desde o 
nascimento até a morte, ou até mesmo antes daquel e e depois desta. 
 
O Direito Civil como ramo do Direito Privado: 
Tradicionalmente o direito objetivo positivado subdivide-se em direito público e 
privado. 
Direito público: destinado a disciplinar os interesses gerais da coletividade. Diz 
respeito à sociedade política, estruturando-lhe organização repressão dos delitos etc. 
Direito privado: conjunto de preceitos reguladores das relações dos indivíduos entre 
si. 
Critério subjetivo: Público o ramo que discipline a atuação do Estado e seus 
súditos, e privado aquele que disciplina as relações entre particulares. Crítica: 
Estado exercendo relação eminentemente privada – Locação. 
Critério finalístico/teleológico: depende do interesse jurídico tutelado. 
Interesses gerais e particulares. Crítica: normas de natureza jurídica diversa. 
 
O Direito Civil é, sem sobra de dúvida a base do que se convencionou chamar de 
Direito Privado, regendo, genericamente, todas as relações jurídicas dos indivíduos, antes de 
seu nascimento até a sua morte. 
 
O fenômeno da codificação: Processo de organização, que reduz a um único diploma 
diferentes regras jurídicas da mesma natureza, agrupadas segundo um critério sistemático. 
Código é uma lei que busca disciplinar relações jurídicas da mesma natureza (civis, 
penais, trabalhistas etc.), organizando e sistematizando o direito material. 
Não se pode confundir código com consolidação, compilação e estatuto. Sob o ponto 
de vista histórico, todo Código deve ser visto como ponto de chegada, pois, embora tente 
projetar comportamentos futuros reflete acontecimentos passados e a sociedade atual – por 
isso que a codificação deve evitar ao máximo a descrição de situações circunstanciadas e 
casuísticas, eis que o risco de se tornar obsoleta é muito maior. 
A codificação apresenta vantagens e desvantagens: 
Vantagens 
- unificação do Direito vigente em uma determinada sociedade a partir de critérios 
uniformes; 
- estudo sistematizado do Direito; 
 
 
Desvantagens 
- fossilização do Direito, impedindo o desenvolvimento e o curso natural da evolução 
jurídica. Isso ocorreu principalmente nos Códigos oitocentistas, cujo modelo foi o Código 
Napoleão, em que os valores predominantes eram a propriedade e a autonomia da vontade. 
- a legislação codificada atende às exigências da vida social apenas no instante em que 
é estabelecida; 
- o apego à letra pura da Lei torna-se mais evidente, como se inexistisse Direito fora do 
Código. 
 
"A principal desvantagem da codificação, e talvez a única, segundo a maioria dos autores, seria 
a rigidez, o que implica na dificuldade de sua alteração (...) Entretanto, em termos científicos, não nos 
convence o argumento porquanto calcado em razões de ordem estritamente psicológicas. A apontada 
'rigidez' é fruto tão somente da mentalidade do jurista que, acostumado a trabalhar com determinados 
e conhecidos textos, torna-se inconscientemente conservador e avesso a mudanças. Demais disso, a 
alteração de um código, para fins de adaptação da ordem jurídica, não se dá, exclusivamente, pela 
alteração formal dos dispositivos normativos" 
 
A codificação civil brasileira. 
Antes do Código de 1916, o direito civil brasileiro era regulamentado pelas Ordenações 
Filipinas de 1603, com algumas adaptações. Até mesmo após a independência o Brasil não 
acabou com a aplicação deste diploma português, pois a Constituição de 1824 recepcionou as 
Ordenações. 
A Constituição do Império (1824) trazia disposição expressa pela elaboração de um 
Código Civil. A primeira manifestação nesse sentido foi a Consolidação das Leis Civis (1855) 
elaborada por Teixeira de Freitas, que foi o mesmo que redigiu o primeiro esboço do Código 
Civil. Este esboço, porém, não foi aceito. Depois de várias outras tentativas de codificação, o 
projeto de Clóvis Beviláqua, de forte influência pandectista, foi aceito em 1899, aprovado em 
1915, promulgado em 1916, com vigência a partir de 1917. 
O CC de 1916 traduzia em seu corpo de normas tão tecnicamente estruturado, a 
ideologia da sociedade agrária e conservadora daquele momento histórico, preocupando-se 
muito mais com o ter (contrato, propriedade) do que com o ser (direitos da personalidade, 
dignidade da pessoa humana). 
A exposição de motivos do Código Civil (2002) vigente, demonstra os objetivos da lei 
na ocasião em que o referido Diploma fora publicado. O direito se realiza, em atenção às 
necessidades da sociedade de sua época, por isto é imprescindível que quem estuda o direito 
busque compreender sua evolução histórica, e sua incidência no espaço e no tempo 
 
Direito Civil e a Constituição da República de 1988: 
Com aspirações de um jusnaturalismo racionalista, o Código Civil de 1916 defende os 
valores do patrimonialismo e de um excessivo individualismo inerentes às codificações 
liberais. 
Desta maneira, conferia-se ao Código o papel de garantia e regulação das relações 
privadas mediante a efetivação dos valores de um iluminismo liberalista. A codificação civil 
de 1916, então, surgiu impelida pelas ideias libertárias da burguesia ascendente, que visava à 
consolidação dos valores de um patrimonialismo e individualismo nas relações privadas. 
Assim, pelo liberalismo econômico, a Constituição exerceria um papel meramente 
interpretativo, somente podendo ser aplicada diretamente em casos excepcionais de lacunas 
dos códigos, a quem realmente caberia a missão de regular e equilibrar as relações 
interpessoais. 
Neste sentido, o Código Civil se transforma numa verdadeira constituição do direito 
privado, buscando proteger o indivíduo contra as ingerências do Estado. 
O Código de 1916 permaneceu ancorado num modelo abstrato e totalmente inerte à 
realidade social e a crescente complexidade das relações humanas. Esse excessivo 
individualismo e a liberdade sem limites ocasionaram grandes desigualdades sociais. Houve 
a necessidade de o Estado interferir nas relações de direito privado para minimizar essas 
desigualdades e limitar a liberdade dos indivíduos protegendo as classes menos favorecidas, 
em busca de uma igualdade substancial. Aos poucos o Código Civil vai perdendo o seu 
papel de Constituição do direito privado. 
A ideia de código concebido como um sistema fechado foi sendo destruída, surgindo 
diversas leis especiais e, aos poucos, o Direito Civil foi se fragmentando. Assim, a 
Constituição assume um novo papel de regência das relações privadas, conferindo uma nova 
unidade do sistema jurídico. 
A posição hierárquica da Constituição e sua ingerência nas relações econômicas e 
sociais possibilitam a formação de um novo centro unificador do sistema, definindo seus 
verdadeiros pilares e pressupostos de fundamentação. 
Desta forma, a constitucionalização do Direito privado não importa em apenas conferir 
à Constituição a superioridade hierárquica conformadora do ordenamento jurídico, mas, 
acima disto, quer proporcionar uma releitura dos velhos institutos e conceitos do âmbito 
privado, visando à concretização dos valores e preceitos constitucionais. 
A Constituição passa, assim, a definir os princípios e as regras relacionados a temas 
antes reservados exclusivamente ao Código Civil e ao império da vontade, como a função 
social da propriedade, organizaçãoda família e outros. 
Assim, foi se derrubando o paradigma individualista do Estado Liberal e do cidadão 
dotado de patrimônio, e passou-se a adotar um novo paradigma. As constituições 
começaram a trazer em seu bojo regras e princípios típicos de direito civil e a valorizar a 
pessoa colocando-a acima do patrimônio. Passou-se a buscar a justiça social ou distributiva e, 
aos poucos, a liberdade foi sendo limitada, com a finalidade de se alcançar uma igualdade 
substancial. 
É importante distinguir, por fim, a Constitucionalização do Direito Civil da 
publicização do direito privado. 
Muitos doutrinadores confundem essas duas situações, mas elas são distintas. A 
primeira é a análise do direito privado com base nos fundamentos constitucionalmente 
estabelecidos. É a aplicação dos mandamentos constitucionais no direito privado. Já a 
segunda é o processo de intervenção estatal no direito privado, principalmente mediante a 
legislação infraconstitucional. 
Note-se que a Constituição, por ser um sistema de normas, é dotada de coercibilidade e 
imperatividade e, sendo assim, é perfeitamente suscetível de ser aplicada nas relações de 
direito privado. E aqui é importante exemplificar, utilizando, por exemplo, o direito de 
família. 
A Constituição de 1988, refletindo as mudanças nas relações familiares ocorridas ao 
longo do século XX deu um novo perfil aos institutos do direito de família. Assim, o novo 
CC teve que adaptar-se aos novos ditames constitucionais aprofundando-os: 
- União Estável: reconhecida como entidade familiar; 
- Maioridade Civil: aos 18 anos; 
- Regime de bens: pode ser alterado por acordo entre os cônjuges; 
- Exames de DNA para comprovação de paternidade: a recusa implica em 
reconhecimento da filiação; 
- Filhos nascidos fora do casamento: não há mais distinção entre filhos de qualquer 
origem; 
- Guarda dos filhos em caso de separação: os filhos podem ficar com o pai ou a mãe; 
- Testamento: não mais precisa ser feito à mão pelo testador; 
- Sucessão: o cônjuge passa a ser herdeiro necessário, mas se efetivamente herdará ou 
não dependerá do regime de bens do casamento. 
 
Destaque-se ainda que o STF tem constantemente ressaltado a influência dos direitos 
fundamentais no Direito Civil, que assumiu seu papel como instrumento para assegurar o 
pleno desenvolvimento da pessoa (a exemplo de decisões emblemáticas como a ADI 4277- 
união homoafetiva, Resolução 175 do CNJ sobre a possibilidade do casamento entre pessoas 
do mesmo sexo). 
 
Conceito de Direito Civil 
‚O ramo do Direito que disciplina todas as relações jurídicas da pessoa, seja uma com as outras 
(físicas e jurídicas), envolvendo relações familiares e obrigacionais, seja com as coisas (propriedade e 
posse).‛ – Serpa Lopes. 
O Direito Civil orienta, regula e estuda a relação entre os particulares, pessoas físicas 
ou jurídicas. As relações entre os particulares é campo do Direito Privado, e divide-se em 
relações pessoais, familiares, patrimoniais e obrigacionais, estando disciplinadas no Código 
Civil, conhecido entre os estudiosos por “constituição do homem comum.” 
 
O Código Civil de 2002: 
Estrutura: Parte Geral, Direito das Obrigações, Contratos, Responsabilidade Civil, Direito de 
Empresa, Família, Sucessões. 
 
Princípios norteadores: 
Eticidade – O atual Diploma alia os valores técnicos aos valores éticos. Por isso percebe-se, 
muitas vezes a opção por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a preocupação de 
excessivo rigorismo conceitual. Boa-fé. Art. 113: “os negócios jurídicos devem ser 
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua interpretação”. O Código Civil 
visa imprimir eficácia e efetividade aos princípios constitucionais da valorização da 
dignidade humana, da cidadania, da personalidade, da confiança, da probidade, da lealdade, 
da boa-fé, da honestidade nas relações jurídicas de direito privado. 
Socialidade – Está presente no novo Código a socialidade em detrimento do caráter 
individualista do antigo Diploma civilista. Daí o predomínio do social sobre o individual. 
Um exemplo interessante neste sentido é o da função social da propriedade A Constituição 
da República deu uma fisionomia funcional social ao direito de propriedade, que no seu art. 
5º,inciso XII, ao lado de garantir o direito de propriedade, logo em seguida no inciso XXIII. 
Preservar o sentido de coletividade. Função social do contrato (art. 421) e natureza social da 
posse (art. 1.239 e ss.) 
Operabilidade – Permite que as questões cíveis sejam julgadas conforme cada caso concreto. 
Isto é possível por conta dos conceitos vagos, que para obterem a melhor aplicação diante de 
casos em que exista dúvida ou lacuna interpretativa, permite a aplicação das cláusulas 
gerais, sempre primando por manter o respeito aos princípios norteadores do Código Civil. 
Confere maiores poderes hermenêuticos ao operador do direito. Privilegiou a normatização 
por meio de cláusulas gerais que devem ser colmatadas no caso concreto. Ex.: ‚riscos aos 
direitos de outrem‛; atividade de risco, considerável número de pessoas, excesso dos limites impostos 
pelos fins econômicos do ato. 
 
Estrutura da Parte Geral: Pessoa (natural/jurídica); Bens; Fatos Jurídicos; Negócio Jurídico; 
Prova; Atos Ilícitos; Prescrição e Decadência 
 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB 
Arts. 1º e 2º Vigência das normas 
Art. 3º Obrigatoriedade das normas 
Art. 4º Integração da norma 
Art. 5º Interpretação da norma 
Art. 6º Aplicação da norma no tempo 
Art. 7º a 19 Aplicação da norma no espaço 
 
 
PESSOA NATURAL: 
Personalidade jurídica 
Conceito: aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou em, outras 
palavras, é o atributo para ser sujeito de direito. Artigo 1º, CC. 
Aquisição: art. 2º, CC. Aferido pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno. 
 
Tutela jurídica do nascituro: 
Teoria Natalista: resulta da interpretação literal do art. 2º 
Teoria Concepcionista: 
O nascituro adquiriria personalidade jurídica desde a concepção, sendo, assim, 
considerado pessoa. 
Teoria da Personalidade Condicional: 
O nascituro possui direitos sob condição suspensiva. Há nele uma personalidade 
condicional que surge, na sua plenitude, com o nascimento com vida e se extingue no caso 
de não chegar o feto a viver. A personalidade civil do nascituro é condicional, dependendo 
do evento do nascimento. Tal condição, para os adeptos desta teoria, é suspensiva e 
enquanto não ocorrer o nascimento com vida existe apenas expectativa de direito. Maria 
Helena Diniz defende que enquanto não nascer com vida há apenas personalidade formal 
(relativa aos direitos de personalidade) e, uma vez implementada a condição suspensiva 
ocorre a aquisição da personalidade material. 
 
No Brasil discute-se se o Código Civil adotou a teoria natalista ou a teoria 
concepcionista. Tanto doutrina quanto jurisprudência dividem-se quanto ao ponto. 
O STF, no julgamento da ADI 3.510 firmou o entendimento de que o Brasil adotou a 
teoria natalista, ao passo que em precedente mais recente (2014), o STJ afirmou que a teoria 
natalista foi superada em razão da evolução do reconhecimento dos direitos do nascituro: 
 
DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE 
COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA DO 
PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO 
CÓDIGO CIVIL DE 2002. EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO 
JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO 
NASCITURO. VIDA INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO 
DEVIDA. ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA. 
1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil - que condiciona a 
aquisição de personalidade jurídica ao nascimento -, o ordenamento 
jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação 
entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade 
jurídica e de titularizaçãode direitos, como pode aparentar a leitura mais 
simplificada da lei. 
2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro 
confere ao nascituro a condição de pessoa, titular de direitos: exegese 
sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do 
nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 
1.798 do Código Civil); a especial proteção conferida à gestante, 
assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e 
ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos 
gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei 
n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro - 
embora não nascida - é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de 
aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no título referente a 
"crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a 
vida" - tutela da vida humana em formação, a chamada vida intrauterina 
(MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São 
Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de 
direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 658). 
3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da 
personalidade condicional - fincam raízes na ordem jurídica superada pela 
Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no 
qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro da órbita dos 
direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se sustenta. 
Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não 
patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a honra, o nome, 
imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 
4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias 
restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade 
ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao 
nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados ao 
nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, 
o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. 
5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro 
DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da Lei n.6.194/1974. Se o preceito 
legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente 
subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa 
não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida 
intrauterina. 
6. Recurso especial provido. 
(REsp 1415727/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA 
TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014) 
 
Entretanto, o entendimento majoritário é no sentido de que o ordenamento jurídico 
adotou a Teoria Natalista. 
O início da personalidade civil ocorre a partir do momento em que a pessoa nasce com 
vida, encerrando-se quando de sua morte. Portanto, enquanto a pessoa viver terá 
personalidade. É o que o art. 2º do Código Civil diz: "A personalidade civil da pessoa começa 
do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro". 
Do próprio texto da lei temos então que são dois os requisitos para a caracterização da 
personalidade da pessoa natural: o nascimento e a vida. 
O resguardo dos direitos do nascituro leva a diversas consequências: 
- Alimentos gravídicos 
- O direito ao reconhecimento da filiação: art. 1.609, parágrafo único, CC 
- A proteção do seu direito à imagem. 
- Proteção do direito à vida 
 Exceções: 
 Art. 128, CP - gravidez resultante de estupro ou para o resguardo do direito da vida 
da própria gestante; 
 Feto anencéfalo – HC nº 29.553-8/217 
 Aborto até o 1º trimestre de gestação 
- Direito à Integridade física 
- Direito à Gestação saudável 
- Etc. 
 
Personalidade e Capacidade: 
Capacidade de direito/Personalidade Civil: Aptidão genérica para ser titular de direitos e 
deveres na ordem civil. 
Capacidade de fato: Aptidão para exercer, pessoalmente os seus direitos. falta de aptidão 
para praticar, pessoalmente atos da vida civil. Pode ser entendida como a medida da 
personalidade, ou seja, é a possibilidade de pessoalmente serem exercidos direitos e 
contraídas obrigações. Nesse aspecto, a capacidade pode ser plena (capacidade de direito + 
capacidade de fato) ou limitada - temos aí o fenômeno da incapacidade. 
 
Legitimidade (capacidade específica): Forma específica de capacidade para determinados 
atos da vida civil. Impedimentos circunstanciais (ex. o tutor não poderá adquirir bens do 
tutelado; art. 1.749, I, CC; dois irmão não podem se casar entre si – art. 1.521, IV, CC) 
 
Incapacidade: Incapaz é aquele que sofre restrições ao exercício pessoal de direitos e 
obrigações. A incapacidade pode ser absoluta ou relativa. 
Absolutamente incapazes (art. 3º) Menores de 16 anos, apenas. 
Os absolutamente incapazes somente podem praticar atos da vida civil mediante 
representação, sob pena de nulidade do ato. A Lei n. 13.146, de 06/07/2015 (Estatuto da 
Pessoa com Deficiência), em seu art. 114, alterou o art. 3º, CC, de modo a considerar 
absolutamente incapaz apenas o menor de 16 anos (há revogação expressa dos incisos do art. 
3o, CC, no art. 123, II, do Estatuto da Pessoa com Deficiência). Assim, as pessoas que por 
enfermidade ou deficiência mental que não tiverem necessário discernimento para a prática 
dos atos da vida civil (antigo inciso II do art. 3º, CC) e os que, mesmo por causa transitória 
não puderem exprimir a sua vontade (antigo inciso III do art. 3º, CC) não são mais 
considerados absolutamente incapazes. 
Enunciado n. 138, III Jornada de Direito Civil: “A vontade dos absolutamente 
incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3o é juridicamente relevante na 
concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que 
demonstrem discernimento bastante para tanto.” 
 
Incapacidade Relativa: art. 4º 
Os relativamente incapazes, porém, podem praticar atos da vida civil desde que assistidos, 
sob pena de anulabilidade do ato. 
Parágrafo único: Lei 6.001/73 considera o indígena, em princípio, agente absolutamente 
incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação. Ressalva a 
lei, todavia, a hipótese de o índio demonstrar discernimento, aliado à inexistência de 
prejuízo em virtude do ato praticado, pelo que, aí, como exceção, poderá ser considerado 
plenamente capaz para as atos da vida civil. 
 
Suprimento da incapacidade civil: representação e assistência. 
Os absolutamente incapazes somente poderão praticar atos da vida civil mediante 
representação, enquanto os relativamente incapazes devem ser assistidos. O Estatuto da 
Pessoa com Deficiência provocou alteração com relação ao suprimento da incapacidade: a 
nova redação do art. 1.767, CC, determina que apenas os que por causa transitória ou 
permanente não puderem exprimir a sua vontade; os ébrios habituais e viciados em tóxicos e 
os pródigos estarão sujeitos à curatela. Outro ponto importante de modificação do Estatuto 
da Pessoa com Deficiência foi a introdução da Tomada de Decisão Apoiada. 
O art. 116, Estatuto, inseriu o art. 1783-A no CC, que disciplina Tomada de Decisão 
Apoiada, consistente no "processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos duas 
pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para 
prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre os atos da vida civil, fornecendo-lhes os 
elementos e informações necessários para que possa exercer a sua capacidade". 
A Tomada de Decisão Apoiada prestigia, portanto, a autonomia da pessoa com 
deficiência. Experiências exitosas em países como a Áustria, a Alemanha (excluíram a 
curatela), Bélgica, Itália (não excluem a curatela, mas a deixam em segundo plano), França 
(convive com a curatela).O modelo sueco do ombudsperson. O modelo brasileiro assemelha-
se mais ao modelo francês. Há muitas dúvidas sobre como o Estatuto da Pessoa com 
Deficiência irá conviver com institutos bastante conhecidos e tradicionais do direito civil 
brasileiro, como a interdição e a curatela. 
Se o absolutamente incapaz, porém, praticar o ato sozinho, sem a representação legal, a 
hipótese é de nulidade (art. 166, I e 119, CC). 
Não confundir representação legal com representação convencional (art. 120). 
Em qualquer das formas de representação, é essencial a comprovação, pelo representante, da 
sua qualidade, bem como da extensão de seus poderes para atuar em nome do representado. 
A sanção para o excesso de atuação é a responsabilidade pessoal do representante pelos atos 
excedentes, conforme regra do art. 118, CC. 
Já o suprimento da incapacidade relativa dá-se por meio da assistência. Diferentemente 
dos absolutamente incapazes, o relativamente incapaz pratica o ato jurídico juntamente com 
o seu assistente (pais, tutor, ou curador), sob pena de anulabilidade. 
Possibilidade de anulação do negócio jurídico em caso de conflito de interesse entre 
representante e representado p art. 119. 
 
Cessação da incapacidade civil: art. 5º - 18 anos completos; emancipação ou cessada a causa 
da incapacidade relativa. 
 
A Emancipação poderá ser: voluntária, judicial, legal. 
 Voluntária: ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, 
mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, desde que o 
menor haja completado dezesseis anos (art. 5º, parágrafo único, I, primeira parte, CC/02). É 
um ato irrevogável e os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelo danos 
causados pelo filho que emanciparam. 
 
 Judicial: é concedida pelo juiz em dois casos: 
- Quando o menor encontra-se sob tutela (art. 5°, parágrafo único, I, segunda parte). Neste 
caso, o tutor deve requerer a emancipação ao juiz, que decidirá de modo a melhor proteger o 
interesse do menor. 
- na discordância entre os pais. 
 
 Legal: independe de concessão dos pais ou do juiz, pois opera ope legis nos seguintes 
casos 
 Casamento (1.517, CC). Observação ao artigo 1.520, CC. Consequências da Dissolução 
e Anulação ou nulidade do casamento – casamento contraído com boa-fé. 
 Exercício de emprego público efetivo. 
 Colação de grau em ensino superior 
 Estabelecimento civil ou comercial ou a existência de relação de emprego desde que, 
em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
Nome civil (art. 16, CC): Um dos direitos da personalidade (Art. 11, CC). 
Cognome: é a designação dada a alguém devido a alguma particularidade pessoal (ex. 
Tiradentes, Xuxa, Didi Mocó...) 
Agnome: sinal distintivo que se acrescente ao nome completo para diferenciá-lo de 
parentes próximos (Filho, Neto, Terceiro, etc...) 
Pseudônimo ou codinome – nome escolhido pelo próprio indivíduo para o exercício 
de uma atividade específica, como é muito comum no meio artístico e literário. O 
CC/02 outorga expressamente a tal denominação a mesma proteção ao nome real da 
pessoa. 
 
Como regra o nome não pode ser alterado, salvo em circunstâncias especiais e 
extraordinárias, previstas principalmente na Lei dos Registros Públicos. A jurisprudência e a 
legislação esparsa têm reconhecido outros casos de temperamento do princípio da 
imutabilidade do nome. 
 
Regra – marca indelével do indivíduo, como um atributo de sua personalidade. 
Possibilidades de alteração do nome: 
a) Correção de registro errado; 
b) Nomes que exponham seu portador ao ridículo (art. 55, Lei 6.015/73). Por vezes não é só o 
prenome, mas sim a composição do prenome e sobrenome que caracterizam o nome 
vexatório. 
c) Nome de registro não é o que a pessoa é reconhecida na sociedade; 
d) Inclusão de apelido público e notório; 
e) Proteção de vítimas e testemunhas (Lei 9.907/99 e art. 58 da LRP) 
f) Cônjuges; 
g) Uso prolongado; 
h) Inclusão de nome de descendente; 
i) Inclusão de sobrenome de padrasto ou madrasta; 
j) Nomes homônimos; 
k) Modificação do prenome do adotado (art, 47, ECA). 
l) União Estável: 
Enunciado n. 99, I Jornada de Direito Civil: “O Art. 1.565, § 2º, do Código Civil não 
é norma destinada apenas às pessoas casadas, mas também aos casais que vivem em 
companheirismo, nos termos do Art. 226, caput e §§ 3º e 7º, e não revogou o disposto na 
Lei nº 9.263/96‛ 
m) Tradução de nome estrangeiro (art. 43, III, EE). O Estrangeiro também pode alterar o 
nome se estiver comprovadamente errado e se tiver sentido pejorativo ou expuser o titular 
ao ridículo. 
n) Transgenitalização. 
Enunciado n. 42, I Jornada de Saúde do CNJ: ‚quando comprovado o desejo de viver e 
ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto, resultando numa incongruência entre a 
identidade determinada pela anatomia de nascimento e a identidade sentida, a cirurgia de 
transgenitalização é dispensável para a retificação de nome no registro.‛ 
o) Maioridade civil (art. 56, LRP). Nessa e na hipótese de retificação o nome pode ser 
alterado pela via administrativa. Nos demais casos apenas judicialmente. Obs: atentar para o 
prazo decadencial de 1 ano após completada a maioridade, salvo em circunstâncias especiais 
devidamente justificadas no pedido de alteração. 
 
Importante referir que as hipóteses acima são exemplificativas, constantemente a 
jurisprudên cia traz novas situações. 
 
Tutela jurídica do nome: art. 17, 18, CC/02. 
 
Estado civil: 
Estado é o complexo de atributos, com efeitos jurídicos, que determina a condição da 
pessoa perante a sociedade. Diz-se estado civil a posição jurídica que alguém ocupa, em 
determinado momento, dentro do ordenamento jurídico. O estado da pessoa natural indica 
sua situação jurídica nos contextos político, familiar e individual. “Estado (status), em direito 
privado, é noção técnica destinada a caracterizar a posição jurídica da pessoa no meio 
social.” Segundo o Prof. Francisco Amaral: "O estado nasce de fatos jurídicos, como o 
nascimento, a idade, a filiação, a doença; de atos jurídicos, como o casamento, a 
emancipação; de decisões judiciais, como a separação, o divórcio, a interdição. Tais 
circunstâncias levam a caracterização de três estados: o familiar, o político e o pessoal ou 
individual". 
a) Estado politico: Direito Constitucional – nacional ou estrangeiro. Posição do 
individuo em face do estado 
b) Estado familiar: Direito de Família – Cônjuge ou parente 
c) Estado individual: Condição física do indivíduo influente em seu poder de agir. 
Menor ou maior, capaz ou incapaz, homem ou mulher. 
 
Registro civil (art. 9) 
Registro Civil é a instituição administrativa que tem por objetivo imediato a 
publicidade dos fatos jurídicos de interesse das pessoas e da sociedade Sua função é dar 
autenticidade, segurança e eficácia aos fatos jurídicos de maior relevância para a vida e os 
interesses dos sujeitos de direito. 
Não apenas publicidade, mas o registo de natureza constitutiva, é condição sine qua 
non para a sua existência legal. 
Todos os fatos constitutivos, modificativos ou extintivos do estado das pessoas exigem 
reconhecimento oficial pelo sistema de registros públicos, à luz dos princípios da legalidade, 
veracidade e publicidade. 
O registro gera a presunção relativa do estado da pessoa, vez que é ele que dota de 
oponibilidade erga omnes as situações jurídicas da pessoa perante a sociedade. 
Contudo, nem sempre a realidade jurídica retrata a realidade fática e, por isso, existem 
as ações de estado, afinal, é muitas vezes necessário defender seu estado contra eventuais 
atentados aos direitos dele decorrentes. Elas têm por objetivo criar, modificar ou extinguir 
um estado, e aí, a sentença será constitutiva; ou reconhecer um estado pré-existente o 
guarnecendo de eficácia jurídica, quando a sentença será declaratória. Os atos que produzemalterações no estado das pessoas devem ser registrados ou averbados, conforme determinam 
os arts. 9º e 10, respectivamente, CC. 
 
Domicílio: “sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito e 
onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos.” 
Residência: qualquer moradia que a pessoa utilize, ainda que eventualmente. 
Portanto, o conceito de Domicílio Civil da pessoa natural é determinado pela combinação 
dos artigos 70 e 71 do NCC. Apenas encontraremos o domicílio civil se preenchermos os dois 
requisitos determinados no artigo 70 do NCC que são: 
- Residência - é o objeto do conceito, sendo este palpável. É o elemento externo e visível. Ex: 
uma casa, um prédio, um apartamento. 
- Ânimo definitivo - este é o elemento interno do domicílio civil. Sendo evidenciado por 
reflexos do indivíduo que demonstram seu interesse em permanecer em tal domicílio. Ex: 
receber correspondência, receber as contas. 
 
Domicílio Voluntário: art. 71. Escolhido livremente pela pessoa. 
Mudança de domicílio: art. 74 
Domicílio legal ou necessário (arts. 75, 76, 77): é o imposto pela lei, a partir de regras 
específicas que constam no art. 76 do Código Civil. Deve ficar claro que o domicílio 
necessário não exclui o voluntário, sendo as suas hipóteses, de imposição normativa. 
- O domicílio dos absolutamente e relativamente incapazes (art. 3º e 4º do CC) é o mesmo dos 
seus representantes; 
- O domicílio do servidor público ou funcionário público é o local em que exercer, com 
caráter permanente, as suas funções; 
- o domicílio do militar é o do quartel onde servir ou do comando a que se encontrar 
subordinado (sendo da Marinha ou da Aeronáutica); 
- o domicílio do marítimo ou marinheiro é o do local em que o navio estiver matriculado; 
- o domicílio do preso é o local em que cumpre pena. 
 
Domicílio contratual ou convencional: É aquele previsto no art. 78 do CC, pelo qual, ‚nos 
contratos escritos, poderão os contratantes especificar o domicílio onde se exercitem e cumpram os 
direitos e obrigações deles resultantes‛. A fixação desse domicílio para um negócio jurídico 
acaba repercutindo na questão do foro competente para apreciar eventual discussão do 
contrato, razão pela qual se denomina tal previsão como cláusula de eleição de foro (art. 63 
do CPC/2015) 
Domicílio aparente, ocasional ou eventual: art. 73. 
 
O fim da personalidade civil (art. 6º, CC) 
Morte real: Termina a existência da pessoa natural com a morte. Em geral, a parada do 
sistema cardiorrespiratório com a cessação das funções vitais indica o falecimento do 
indivíduo, mas, para efeito de transplante, a lei tem considerado a morte encefálica, mesmo 
que os demais órgãos estejam em pleno funcionamento, ainda que ativados por drogas. 
 
Efeitos jurídicos da morte: extinção do poder familiar, dissolução do vínculo conjugal, a 
abertura da sucessão, a extinção de contrato personalíssimo, etc... 
 
Morte presumida: O CC admite a morte presumida, quanto aos ausentes, nos casos em que a 
lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (art. 6º, CC/02). Art. 9º, IV, determina a 
inscrição da sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 
Morte presumida sem declaração de ausência: art. 7º, CC. 
–Desaparecimento do corpo da pessoa, sendo extremamente provável a morte de 
quem estava em perigo de vida. 
–Desaparecimento de pessoa envolvida em campanha militar ou feito prisioneiro, 
não sendo encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá 
ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença 
fixar a data provável do lançamento. 
 
Ausência: 
Antes de tudo um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicílio, sem 
deixar qualquer notícia. O CC/02 reconhece a ausência como uma morte presumida, em seu 
art. 6º, a partir do momento em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
Longo caminho até chegar a esse momento. 3 fases: 
1- Curadoria dos bens: Desaparecido uma pessoa, haverá uma massa 
patrimonial com titular, mas sem quem a administre. A pedido de qualquer 
interessado direto ou do MP, o Poder Judiciário reconhecerá a circunstância de fato, 
nomeando curador, que passará a gerir os negócios do ausente até o seu eventual 
retorno. Ordem preferencial de nomeação do curador. 1- cônjuge do ausente (art. 25); 
2- pais do ausente; descendentes do ausente; 3- qualquer pessoa a escolha do 
magistrado. O art. 745 do CPC/2015 estabelece em seu caput que, feita a arrecadação, o 
juiz mandará publicar editais na rede mundial de computadores, no sítio do Tribunal a 
que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde 
permanecerá por um ano. Não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da 
Comarca, o prazo de permanência é de um ano, com reproduções de dois em dois 
meses, anunciando-se a arrecadação e chamando-se o ausente a entrar na posse de seus 
bens. 
2- Sucessão provisória: decorrido um 1 da arrecadação dos bens do ausente, ou, 
se ele deixou representante ou procurador, em se passando 3 anos, poderão os 
interessados requerer que se declare, efetiva e formalmente, a ausência e se abra 
provisoriamente a sucessão. Com a posse nos bens do ausente, passam os sucessores 
provisórios a representar ativa e passivamente o ausente, o que lhes faz dirigir contra si 
todas as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. 
3- Sucessão definitiva: 10 anos após o trânsito em julgado da sentença de 
abertura de sucessão provisória, converter-se-á em definitiva. O art. 38 admite a 
possibilidade de requerimento da sucessão definitiva, provando-se que o ausente conta 
oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
 
 Retorno do ausente: Se este aparece na fase de arrecadação de bens, não há qualquer 
prejuízo ao seu patrimônio, continuando ele a gozar plenamente de todos os seus bens. Se já 
tiver sido aberta a sucessão provisória, a prova de que a ausência foi voluntária e 
injustificada faz com que o ausente perca, em favor do sucessor provisório, sua parte nos 
frutos e rendimentos. Se a sucessão, todavia, já for definitiva, terá o ausente direito aos seus 
bens, se ainda incólumes, não respondendo os sucessores havidos pela sua integridade, 
conforme se verifica no art. 39. 
 Ausência e dissolução do casamento: art. 1.571, §1º. Após a abertura da sucessão 
definitiva. 
 
Justificação do óbito: Art. 7, I e II, CC. Art. 88, LRP: ‚poderão os juízes togados admitir 
justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, 
terremoto ou qualquer catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for 
possível encontrar-se o cadáver para exame‛. Parágrafo único: “Será admitida a justificação no 
caso de desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o 
registro nos termos do art. 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito”. 
 
Comoriência: art. 8º, CC 
 
3- PESSOA E DIREITOS DA PERSONALIDADE. 
Da teoria dos direitos da personalidade: 
Direitos de personalidade são direitos inerentes à condição de pessoa, com fundamento 
no princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB), servindo como meio de 
defesa do desenvolvimento pleno do homem no âmbito das relações jurídico-privadas São 
direitos cujo objeto são os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas 
projeções sociais. Compõem a esfera extrapatrimonial do indivíduo, integrada por valores 
não dedutíveis pecuniariamente, fundados na dignidade humana. São meios de defesa, no 
plano do direito privado, contra as agressões à dignidade humana. 
Acerca dos fundamentos jurídicos desses direitos dois grupos bem distintos se 
digladiam: 
a) Corrente positivista: Toma por base a ideia de que os direitosda 
personalidade deve ser somente aqueles reconhecidos pelo Estado, que lhes daria força 
jurídica. Não aceitam, portanto, a existência de direitos inatos à condição humana. 
b) Corrente Jusnaturalista: Os direitos da personalidade correspondem às 
faculdades exercitadas naturalmente pelo homem, verdadeiros atributos inerentes à 
condição humana. Por se tratar de direitos inatos, caberia ‚ao Estado apenas reconhecê-los 
e sancioná-los em outro plano do direito positivo‛. 
Não há a menor dúvida de que o ser humano é o titular por excelência da tutela dos 
direitos da personalidade. 
Todavia, vale destacar que o instituto alcança também os nascituros, que, embora não 
tenham personalidade jurídica, têm seus direitos ressalvados, pela lei, desde a concepção, o 
que inclui, obviamente, os direitos da personalidade. 
No que diz respeito à Pessoa Jurídica, frisa-se que a legislação jamais excluiu 
expressamente as pessoas jurídicas da proteção aos interesses extrapatrimoniais, entre os 
quais se incluem os direitos da personalidade. 
Além disso, o artigo 52, CC reza que ‚aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 
proteção dos direitos da personalidade.‛ 
Súmula 227/STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.” 
 
Direitos da personalidade e Constituição de 1988: 
A CRFB/88, por sua vez, ao preceituar, em seu artigo 5º, X, que ‚são invioláveis a 
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação‛, não fez qualquer acepção de pessoas, não 
podendo ser o dispositivo constitucional interpretado de forma restritiva, notadamente 
quando se trata de direitos e garantias fundamentais. 
Da mesma forma, ao assegurar ‚o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem‛ (art. 5, V), o texto constitucional não 
apresentou qualquer restrição, devendo o direito abranger a todos, indistintamente. 
Os direitos de personalidade devem ser entendidos como direitos fundamentais, sendo 
possível afirmar que todo direito de personalidade é um direito fundamental, mas nem todo 
direito fundamental é um direito de personalidade. 
Tanto a Constituição quanto o Código Civil apresentam rol meramente exemplificativo 
de direitos de personalidade (art. 5o , CRFB, e arts. 11 a 21, CC). A doutrina costuma 
classificar os direitos de personalidade da seguinte maneira: 
1. Vida e integridade física (corpo vivo, cadáver, voz); 
2. Integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade, criações intelectuais, 
privacidade, segredo); 
3. Integridade moral (honra, imagem, identidade pessoal). 
 
Importante referir que tanto doutrina quanto jurisprudência, sobretudo dos Tribunais 
Superiores, têm contribuído bastante para o desenvolvimento dos direitos de personalidade, 
reconhecendo tutela jurídica aos mais diversos aspectos da personalidade humana. 
 
Enunciado n. 274, IV Jornada de Direito Civil: Os direitos da personalidade, 
regulados de maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da 
cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º , inc. III, Da 
Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão 
entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da 
ponderação. 
 
Direitos da personalidade no Código Civil Brasileiro. 
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
a) Absolutos – oponibilidade erga omnes; 
b) Gerais – outorgados a todas as pessoas; 
c) Extrapatrimoniais – ausência de conteúdo patrimonial direto; 
d) Indisponíveis – Intransmissibilidade e irrenunciabilidade (art. 11, CC). Apenas 
excepcionalmente é que se pode admitir a transmissibilidade alguns poderes ínsitos a 
certos direitos da personalidade (imagem, direitos autorais, doação de órgãos...). 
e) Imprescritíveis – não se extinguem pelo não uso. 
f) Impenhoráveis – não passíveis de penhora, desapropriação ou confisco. 
g) Vitalícios – do nascimento à morte. 
 
Enunciado n° 4, I Jornada de Direito Civil: o exercício dos direitos de 
personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente 
nem geral. 
Enunciado n°139, III Jornada de Direito Civil: os direitos de personalidade 
podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não 
podendo ser exercidos com abuso. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
 
 Direito à Vida: 
O aborto pode ser definido como “ação humana destrutiva do produto da concepção 
humana. Em outras palavras, é a interrupção criminosa da vida em formação”. O aborto é 
considerado crime, na forma dos arts. 124 a 127 do Código Penal. Admite-se, todavia, a 
exclusão do crime nas hipóteses de aborto necessário, previstas no art. 128, I e II, da Lei 
Penal. 
a) Aborto terapêutico: realizado sob estado de necessidade, quando não houver outro 
meio de salvar a vida da gestante 
b) Aborto sentimental (ético ou humanitário) consentido pela gestante ou seu 
representante legal, quando a gravidez resultar de estupro. 
Heloísa Helena Barbosa, a respeito da manipulação de embriões in vitro entende que 
‚considerando que a lei penal pune, mas não conceitua o aborto (etimologicamente: ab = privação + 
ortus = nascimento), e que esse é definido como a interrupção da gravidez com a morte do produto da 
concepção, afirma0se inexistir crime de aborto na fertilização ‘in vitro’, visto que a gravidez só existe 
em organismo vivo, não sendo reconhecida fora dele‛ 
O art. 5º da Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105): reza que 
“É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco 
embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e 
não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: 
I – sejam embriões inviáveis; 
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação 
desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de 
completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento”. 
 
 Direito à Integridade Física 
O direito tutelado é, no final das contas, a higidez do ser humano no sentido mais 
amplo da expressão, mantendo-se, portanto, a incolumidade corpórea e intelectual, 
repelindo-se as lesões causadas ao funcionamento normal do corpo humano. 
Art. 15 – ‚Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento 
médico ou a intervenção cirúrgica.‛ 
Não havendo, entretanto, tempo hábil para a oitiva do paciente – como, por exemplo, 
em uma emergência de parada cardíaca -, o médico tem o dever de realizar o tratamento, 
independentemente de autorização, eximindo-se de responsabilidade. 
Enunciado n. 533, VI Jornada de Direito Civil: O paciente plenamente capaz 
poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento médico que 
possa lhe causar risco de vida, seja imediato, salvo as situações de emergência ou 
no curso de procedimentos médico cirúrgicos que não possam ser interrompidos. 
 
Enunciado n. 403, V Jornada de Direito Civil: O Direito à inviolabilidade de 
consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se 
também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de 
sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, 
desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o 
suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, 
consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria 
pessoa do declarante. 
 
 Direito ao corpo vivo: 
Regra: art. 13 “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio 
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons 
costumes. Parágrafo único: O ato previso neste artigo será admitido para fins de transplante, 
na formaestabelecida em lei especial”. 
A Lei 9.434 em seu artigo 9º reza que “É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor 
gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou 
para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau, inclusive, na 
forma do §4º deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, 
dispensada esta em relação à medula óssea”. 
Sendo ato de extrema responsabilidade, a autorização para o transplante, revogável até 
a intervenção cirúrgica, deverá ser dada pelo doador, por escrito e diante de testemunhas, 
especificando o tecido, o órgão ou parte do corpo a ser retirada. 
A lei, entretanto, condiciona a doação inter vivos, limitando-a a: a) órgãos duplos; b) 
partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador 
de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave 
comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não causa mutilação ou 
deformação inaceitável, além de corresponder a uma necessidade terapêutica 
comprovadamente indispensável à pessoa receptora. 
Em nenhuma hipótese será admitida a disposição onerosa de órgãos, partes ou tecidos 
do corpo humano. 
 
Enunciado n. 402, V Jornada de Direito Civil: O art. 14, parágrafo único, do 
Código Civil, fundado no consentimento informado, não dispensa o 
consentimento dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista no art. 
9º, § 6º, da Lei n. 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, § 2º (alterado 
pela Lei n. 12.010/2009), e 45, § 2º, do ECA. 
 
Enunciado n. 532, VI Jornada de Direito Civil: É permitida a disposição gratuita 
do próprio corpo com objetivos exclusivamente científicos, nos termos dos arts. 
11 e 13 do Código Civil. 
 
Enunciado n. 276, IV Jornada de Direito Civil: O art. 13 do Código Civil, ao 
permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as 
cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos 
estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do 
prenome e do sexo no Registro Civil. 
 
 Direito ao corpo morto 
Art. 14 “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do 
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo Único: o ato de 
disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.” 
A violação do cadáver deve ser admitida em duas hipóteses: 
a) Direito à prova: em caso de morte violenta, ou havendo suspeita da prática do 
crime, é dispensável a realização do exame necroscópico, na forma da legislação 
processual penal em vigor (art. 162 do CPP); 
b) Necessidade: admite-se a retirada de partes do cadáver para fins de transplante e 
em benefício da ciência, na estrita forma da legislação em vigor, e sem caráter 
lucrativo. 
 
O artigo 4º da Lei nº 10.211/01 reza que “a retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo 
de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá de 
autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou 
colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas 
testemunhas presentes à verificação da morte.” 
Apesar de tal disposição legal, 
Enunciado n. 277, IV Jornada de Direito Civil: O art. 14 do Código Civil, ao 
afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo 
científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação 
expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, 
portanto, a aplicação do art. 4o da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de 
silêncio potencial do doador. 
 
Enunciado n. 401, V Jornada de Direito Civil: Não contraria os bons costumes a 
cessão gratuita de direitos de uso de material biológico para fins de pesquisa 
científica, desde que a manifestação de vontade tenha sido livre, esclarecida e 
puder ser revogada a qualquer tempo, conforme as normas éticas que regem a 
pesquisa científica e o respeito aos direitos fundamentais. 
 
 Direito à voz 
Art. 5º, XXVIII da CR/88 ‚são assegurados, nos termos da lei‛; a) ‚a proteção ás participações 
individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades 
desportivas.‛ 
 
 Direito à integridade psíquica 
Levam-se em conta os elementos intrínsecos do indivíduo, como atributos de sua 
inteligência ou sentimento, componentes do psiquismo humano. 
 
 Direito à liberdade 
Vários enfoques: civil, política, religiosa, sexual etc. Art. 5, IV – ‚É livre a manifestação do 
pensamento, sendo vedado o anonimato‛. 
 
 Direito à privacidade: Art. 21, CC. 
 
 Direito à integridade moral: 
 
Honra: 
a) Subjetiva: corresponde ao sentimento pessoal de estima ou à consciência da própria 
dignidade. Art. 140, CP 
b) Objetiva: correspondente à reputação da pessoa, compreendendo o seu bom nome e 
a fama de que desfruta no seio da sociedade. Art. 139, CP 
Art. 5º, X, CR/88 – ‚São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.‛ 
 
Imagem 
Imagem-retrato: que é literalmente o aspecto físico da pessoa 
Imagem-atributo: que corresponde à exteriorização da personalidade do indivíduo, ou 
seja, á forma como ele é visto socialmente. 
Art. 20, CC 
Enunciado n. 279, IV Jornada de Direito Civil: A proteção à imagem deve ser 
ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente 
em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em 
caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos 
abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua 
utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não 
restrinjam a divulgação de informações. 
 
SÚMULA 403 STJ - Independe de prova do prejuízo a indenização pela 
publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou 
comerciais. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 28/10/2009. 
 
Identidade 
Direito ao nome: art. 16 e seguintes 
 
Proteção dos Direito da Personalidade: Modos variados de reação 
Artigo 12 e 21, CC 
Diante da lesão a direito de personalidade podem ser invocadas, is olada ou 
cumulativamente, medidas relativas à cessação imediata da agressão, restabelecimento, se 
possível, do status quo ante, ou mesmo reparação do dano patrimonial ou extrapatrimonial 
(moral, biológico ou estético). 
 
Súmula n. 387, STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano 
moral. 
 
Enunciado n. 5, I Jornada de Direito Civil: Arts. 12 e 20: 1) As disposições do art. 
12 têm caráter geral e aplicam-se, inclusive, às situações previstas no art. 20, 
excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas nele 
estabelecidas; 2) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a finalidade 
específica de regrar a projeção dos bens personalíssimos nas situações nele 
enumeradas. Com exceção dos casos expressos de legitimação que se conformem 
com a tipificação preconizada nessa norma, a ela podem ser aplicadas 
subsidiariamente as regras instituídas no art. 12. 
 
Enunciado n. 140, III Jornada de Direito Civil: Art. 12: A primeira parte do art. 12 
do Código Civil refere-se às técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício, 
enunciadas no art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada 
com resultado extensivo. 
 
Enunciado n. 275, IV Jornada de Direito Civil: Arts. 12 e 20: O rol dos legitimados 
de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do Código Civil 
também compreende o companheiro. 
 
Enunciado n. 398, V Jornada de Direito Civil: Art. 12, parágrafo único: As 
medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser 
invocadaspor qualquer uma das pessoas ali mencionadas de forma concorrente e 
autônoma. 
 
Enunciado n. 399, V Jornada de Direito Civil: Arts. 12, parágrafo único e 20, 
parágrafo único: Os poderes conferidos aos legitimados para a tutela post mortem 
dos direitos da personalidade, nos termos dos arts. 12, parágrafo único, e 20, 
parágrafo único, do CC, não compreendem a faculdade de limitação voluntária. 
 
Enunciado n. 400, V Jornada de Direito Civil: Arts. 12, parágrafo único, e 20, 
parágrafo único: Os parágrafos únicos dos arts. 12 e 20 asseguram legitimidade, 
por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou companheiro para a tutela contra 
lesão perpetrada post mortem. 
 
 
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE PARA BUSCAR 
REPARAÇÃO DE PREJUÍZOS DECORRENTES DE VIOLAÇÃO DA IMAGEM E 
DA MEMÓRIA DE FALECIDO. Diferentemente do que ocorre em relação ao 
cônjuge sobrevivente, o espólio não tem legitimidade para buscar reparação por 
danos morais decorrentes de ofensa post mortem à imagem e à memória de 
pessoa. De acordo com o art. 6º do CC segundo o qual a existência da pessoa 
natural termina com a morte, os direitos da personalidade de pessoa natural se 
encerram com a sua morte. Todavia, o parágrafo único dos arts. 12 e 20 do CC 
estabeleceram duas formas de tutela póstuma dos direitos da personalidade. O 
art. 12 dispõe que, em se tratando de morto, terá legitimidade para requerer a 
cessação de ameaça ou lesão a direito da personalidade, e para reclamar perdas e 
danos, o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até 
o quarto grau. O art. 20, por sua vez, determina que, em se tratando de morto, o 
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes são partes legítimas para requerer a 
proibição de divulgação de escritos, de transmissão de palavras, ou de 
publicação, exposição ou utilização da imagem da pessoa falecida. O espólio, 
entretanto, não pode sofrer dano moral por constituir uma universalidade de 
bens e direitos, sendo representado pelo inventariante (art. 12, V, do CPC) para 
questões relativas ao patrimônio do de cujus. Dessa forma, nota - se que o 
espólio, diferentemente do cônjuge sobrevivente, não possui legitimidade para 
postular reparação por prejuízos decorrentes de ofensa, após a morte do de cujus, 
à memória e à imagem do falecido. REsp 1.209.474-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, julgado em 10/9/2013 (Informativo nº 0532). 
 
4 - PESSOA JURÍDICA. 
Conceito: 
Entes formados pela coletividade de bens ou de pessoas a quem a lei atribui 
personalidade jurídica, com o objetivo de que seja atingida uma determinada finalidade 
autorizada ou não proibida por Lei. Excepcionalmente, o ordenamento jurídico também 
confere personalidade a entidades sem coletividade, podendo ser citada como exemplo a 
Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada). 
A pessoa jurídica é um sujeito de direito personalizado, assim como as pessoas físicas, 
em contraposição aos sujeitos de direito despersonalizados, como o nascituro, a massa falida, 
o condomínio horizontal etc. Desse modo, a pessoa jurídica tem a autorização genérica para 
a prática de atos jurídicos bem como de qualquer ato, exceto o expressamente proibido. 
Feitas tais considerações, cabe conceituar pessoa jurídica como o sujeito de direito inanimado 
personalizado. 
Pessoa jurídica é, assim, a entidade ou instituição que, por força das normas jurídicas 
criadas, tem personalidade e capacidade jurídicas para adquirir direitos e contrair 
obrigações. Ela nasce do instrumento formal e escrito que a constitui (art. 45 CC), ou 
diretamente da lei que a institui. 
Pessoa Jurídica, considerada como agrupamentos que se equiparam à própria pessoa, 
preenchendo determinados requisitos legais e com capacidade para ser sujeito das relações 
jurídicas. A pessoa jurídica, embora formada por pessoas naturais, tem vida própria e 
autônoma não se confundindo com a vida de seus membros. 
 
Natureza Jurídica: sujeitos de direito com personalidade jurídica própria. 
Teoria da ficção legal: para essa teoria, a pessoa jurídica é uma mera abstração legal, isto é, 
uma criação artificial do legislador. 
 
Elementos estruturais: 
a) vontade humana criadora; 
b) coletividade de pessoas ou de bens 
c) finalidade lícita (art. 115, LRP). 
 
Personalidade Jurídica e Direitos da Personalidade: a posição doutrinária majoritária é no 
sentido de que as pessoas jurídicas possuem alguns direitos da personalidade, tais como o 
direito à imagem e à honra objetiva. Nesse sentido, o art. 52 do Código Civil determina: 
“aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. 
Súmula 227/STJ. 
 
Personalidade e capacidade 45, CC 
A pessoa jurídica adquire personalidade e capacidade plena ao mesmo tempo, a partir 
da inscrição de seus atos constitutivos no registro respectivo. 
Antes de registrada, a pessoa jurídica tem existência latente ou potencial. 
Em alguns casos, é necessária autorização do Poder Público (ex. Sociedades 
estrangeiras; companhias de seguro). 
Duas fases: elaboração do ato constitutivo e registro do ato constitutivo. O ato 
constitutivo de uma sociedade é denominado contrato social; já o de uma associação ou de 
uma fundação é chamando estatuto. 
Em caso de defeito formal ou substancial do ato constitutivo, os interessados devem 
manifestar-se pela invalidade em 3 anos. Este prazo é decadencial (art. 45, parágrafo único, 
CC). 
 
Formalidades do registro - art. 46, CC. 
 
Início da personalidade das pessoas jurídicas de direito público: são normalmente 
constituídas por lei e, desta forma, adquirem personalidade no exato momento em que a lei 
instituidora entrar em vigor. Excepcionalmente, a lei assume papel secundário, autorizando 
que o chefe do Poder Executivo (municipal, estadual ou federal) crie uma pessoa jurídica por 
força de decreto, adquirindo personalidade a partir da vigência deste. 
 
Natureza jurídica do registro das pessoas: 
Diferentemente do que acontece com as pessoas físicas, em que o registro tem natureza 
meramente declaratória (retroagindo ao momento do nascimento/concepção – portanto, 
dotadas de eficácia ex tunc), o registro das pessoas jurídicas tem natureza constitutiva, pois a 
personalidade somente é adquirida a partir dele. Dessa forma, podemos afirmar que o 
registro das pessoas jurídicas tem eficácia ex nunc, não legitimando ou convalidando atos 
pretéritos. 
Denominam-se entes despersonalizados as sociedades de fato (inexiste o ato 
constitutivo) e as sociedades irregulares (que possuem ato constitutivo, mas este não se 
encontra devidamente registrado). 
Ambas recebem o mesmo tratamento jurídico e dentre os diversos problemas 
enfrentados por uma sociedade despersonificada podemos destacar os seguintes: 
 
• Responsabilidade pessoal, solidária e ilimitada dos sócios em face de quem contratou com 
a pessoa jurídica e de terceiros lesados. 
• Impossibilidade de obter número de inscrição no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas 
– CNPJ, perante a Receita Federal. 
• Impossibilidade de participar de uma licitação ou de obter empréstimos ou financiamentos 
bancários. 
• Impossibilidade de ingressar em juízo em face de terceiros (em regra). 
As pessoas jurídicas podem ser de direito público ou de direito privado. 
A) Direito Público 
- Direito público interno - entes federativos; - autarquias, incluindo as fundações 
públicas; - demais entidades cuja a lei atribua personalidade de direito público. 
- Direito público externo - Estados estrangeiros - pessoas regidas pelo direito 
internacional público 
 
B) Direito Privado 
- Associações; 
- Fundações; 
- Sociedades; 
- Empresas individuais de responsabilidade limitada; 
- Organizações religiosas; Partidos políticos (organizados conforme sua Lei Orgânica – 
Lei n° 9.096/95). 
Enunciado n. 144, III Jornada de Direito Civil: A relação das pessoasjurídicas de 
direito privado constate do art. 44, incs. I a V, do Código Civil, não é exaustiva. 
 
Local do Registro 
a) Junta comercial (Registro Público de Empresa): nas Juntas Comerciais Estaduais 
devem ser registradas as sociedades empresárias (antigamente denominadas de sociedades 
mercantis), conforme dispõe a Lei n. 8.934/94. 
Também são registradas na Junta Comercial: 
 Seguradoras: Necessidade de prévia autorização da Superintendência de Seguros 
Privados – SUSEP, consoante Resolução 166/2007 do Conselho Nacional de Segurados 
Privados – CNSP. 
 Operadoras de plano de saúde: Também deve ser registrada na Agência Nacional de 
Saúde – ANS, e nos Conselhos Regionais de Medicina e Odontologia, conforme o caso, 
em cumprimento ao disposto no art. 1º da Lei n. 6.839, de 30 de outubro de 1980, e 
conforme o disposto no art. 8º da Lei n. 9.656/98. 
 Instituições financeiras: prévia autorização do Banco Central, consoante 
determinação da Lei n. 4.595/64, que instituiu o Conselho Monetário Nacional. 
 
b) Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (CRCPJ): para que possam ser 
consideradas regularmente constituídas, as associações e fundações deverão ter seus 
estatutos devidamente registrados no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas 
(“Livro A”) do município onde se estabelecerem. No mesmo local também deverão ser 
levados a registro os contratos sociais das sociedades simples (conforme art. 114 da Lei de 
Registros Públicos – Lei n. 6.015/77). Além das associações, fundações e sociedades simples, 
devem ser destacadas as seguintes entidades: 
 
 Sociedades de profissionais liberais: por desenvolverem atividade intelectual. De 
acordo com o art. 966 do Código Civil de 2002, ‚não se considera empresário quem exerce 
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de 
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa‛. 
Como exemplo, podemos citar as sociedades de médicos, dentistas, engenheiros, 
contadores etc. Além do registro no CRCPJ, essas sociedades também devem ser 
registradas na respectiva entidade de classe (CRM, CRO, CREA, CRC etc.). 
 Partidos políticos: devem ter seus estatutos registrados no CRCPJ do Distrito Federal 
e, posteriormente, no Tribunal Superior Eleitoral (Constituição Federal, art. 17, § 2º; Lei 
n. 9.096/95, arts. 7º e 8º e Lei de Registros Públicos, art. 114, III). 
 Sindicatos: o registro do sindicato deve ser feito no CRPJ no “Livro A” (Constituição 
Federal, art. 8º, I e Lei de Registros Públicos, art. 114, I). Nos termos do art. 518 e 
seguintes da CLT, o sindicato também deverá ser cadastrado no Ministério do 
Trabalho. 
 Cooperativas: Controvertido. 1º Corrente - defende que as cooperativas devem ser 
registradas na Junta Comercial, de acordo com as Leis nº. 5.764/71 (Lei das 
Cooperativas) e 8.934/94 (art. 32, II) é a que tem prevalecido, apesar da 2ª - defende que 
as cooperativas devem ser registradas no CRCPJ 
 ONGs: são entidades filantrópicas que adquirem personalidade jurídica a partir do 
registro dos seus estatutos no CRCPJ. Para que possam receber o Certificado de Fins 
Filantrópicos, devem ser inscritas no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS. 
 
Nacionalidade e Domicílio da Pessoa Jurídica 
As regras sobre o domicílio das pessoas jurídicas concentraram-se num mesmo 
dispositivo legal, bordejando as pessoas jurídicas de direito público interno e as pessoas 
jurídicas de direito privado. 
Como na expressão domicílio subtende-se a ideia de residência com ânimo definitivo, 
jaz inapropriada a sua extensão às pessoas jurídicas, o que, porém e no fundo, ocorre apenas 
como mais uma criação ficcional do legislador. 
Diz-se, sem receio de equívoco, que ao legislador cabia articular e engenhar sistema 
normativo mais esmerado e expressão mais adequada para, com precisão, alcançar melhor a 
disciplina sobre o chamado domicílio das pessoas jurídicas. Na realidade, o novo texto pouco 
ou nada remoçou o instituto do domicílio das pessoas jurídicas, haja vista que foi 
reproduzido sem inovação de relevo algum. 
Com as considerações acima expendidas, retoma-se o tema, salientando que as pessoas 
jurídicas, malgrado a sua realidade incorpórea, reclamam a identificação do núcleo ou do 
centro em que fulguram as relações jurídicas a partir do qual se desenvolvem as atividades 
que lhe são próprias, em conformidade com a sua natureza. 
Sob esse influxo, o Código Civil fixou, peremptoriamente, o domicílio das pessoas 
jurídicas, quer de direito público quer privado, de caráter interno ou externo. Domicílio da 
pessoa jurídica de direito público interno 
Em relação às pessoas jurídicas de direito público interno, limitou-se o Código Civil a 
ativar a regra consagrada na legislação anterior, acrescentando, apenas, que o domicílio dos 
Territórios são as respectivas capitais, disposição inexistente anteriormente à falta, então, de 
sua personificação. 
Com efeito, diz o Código que o domicílio: 
a) da União é o Distrito Federal; 
b) dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; e 
c) dos Municípios, o lugar onde funcione a administração municipal. 
 
Releva advertir que as autarquias e as demais entidades de caráter público criadas por 
lei foram enquadradas na categoria genérica das chamadas demais pessoas jurídicas de que 
cuida o Código Civil, a cujo regime jurídico equiparam-se para efeito de domicílio. Domicílio 
das demais pessoas jurídicas. 
 
- À exceção da União, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios, as pessoas 
jurídicas, de direito público interno ou de direito privado, têm como domicílio: 
a) o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações; ou 
b) o lugar designado no estatuto ou contrato social ou ato constitutivo. 
 
Na definição certeira do domicílio, examina-se, em primeiro diagnóstico, a disposição 
legal encartada nos atos legais da pessoa jurídica. Em havendo posição afirmativa, o 
domicílio será o lugar, por conseguinte, definido no estatuto, contrato social ou ato 
constitutivo, pacificado pela formalidade que o credencia expressamente. 
À falta de revelação expressa, o domicílio das pessoas jurídicas será, porém, o lugar 
onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações. Admite-se, em outra análise, 
que se consolide o entendimento de que, à revelia das disposições expressas e formais 
constantes no estatuto, contrato social ou ato constitutivo, o domicílio desloque-se para o 
lugar onde se exerce o verdadeiro comando da pessoa jurídica, com a presença de seu corpo 
dirigente, do qual partam as ações estratégicas e gerenciais de maior nível ou poder 
hierárquico, em decorrência das quais pulsa a vida empresarial. 
Dá-se, no caso, a descaracterização ou a desformalização do domicílio, principalmente 
quando ele se artificializa por meio de maquiagens ou traquinagens jurídicas, com o 
propósito de escapulir às exigências e obrigações legais, iludindo o Estado ou a sociedade. 
Característica que merece destaque é a de que a pessoa jurídica, se dispuser de 
estabelecimentos em lugares diferentes, será dotada de domicílio plural. Com efeito, 
conforme o perfil, as características e as necessidades intrínsecas da pessoa jurídica, pode-se, 
perfeitamente, fragmentar a sua unidade nuclear, de cujos pedaços compõem-se outros 
estabelecimentos, a fim de otimizar a atuação da entidade, ao tempo em que cada uma delas 
será considerada domicílio para os atos individualmente praticados. 
Nacionalidade: 
Nacionais: aquelas constituídas à luz do ordenamento jurídico brasileiro e que mantêm 
aqui a sede de sua administração (Código Civil, art. 1.126). 
Estrangeiras: são aquelas constituídas fora do Brasil ou que, mesmo constituídas no 
Brasil, mantêm a sua sede fora do País. Independentemente de qual seja o seu objeto (isto é, 
seu ramo de atividade), as sociedadesestrangeiras somente poderão funcionar no País com 
autorização do Poder Executivo (Código Civil, art. 1.134). 
 
Súmula 363/STF, ‚a pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio 
da agência ou estabelecimento em que se praticou o ato‛. 
Art. 75, §2º - O objetivo da norma é a proteção das pessoas que litigarem contra as 
pessoas jurídicas de direito privado estrangeiras, que não precisarão ingressar com ações em 
outros países. 
 
 
Pessoa jurídica e direitos de personalidade 
O Código Civil de 2002, em seu art. 52, inovou ao conferir às pessoas jurídicas, no que 
couber, proteção aos direitos de personalidade. 
 
Enunciado n. 286, IV Jornada de Direito Civil: Os direitos da personalidade são 
direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, 
não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. 
 
O Enunciado n. 227 da Súmula do STJ já reconhecia a possibilidade de a pessoa jurídica 
sofrer dano moral. Parte da doutrina, porém, critica a técnica do enunciado pois a pessoa 
jurídica não é ente dotado de dignidade e, por isso não tem como sofrer dano moral 
propriamente dito. Essa corrente doutrinária, porém, não exclui a possibilidade de a pessoa 
jurídica sofrer dano extrapatrimonial - a crítica consiste apenas na expressão "dano moral". 
Nessa senda, alguns autores afirmam que o dano extrapatrimonial da pessoa jurídica 
deve ser chamado de dano institucional ou abalo de credibilidade. A reparação do dano 
extrapatrimonial da pessoa jurídica, portanto, visa compensar o prejuízo econômico por ela 
suportado ou o abalo à imagem, nome ou reputação pela contrapropaganda feita. 
Parte da doutrina entende que apenas as pessoas jurídicas com finalidade não lucrativa 
podem sofrer dano extrapatrimonial, pois o abalo à reputação de uma pessoa jurídica com 
fins lucrativos reflete no volume de negócios por ela praticados e, consequentemente, resulta 
em prejuízos de ordem econômica. 
Essa corrente sustenta que a edição da Súmula n. 227, STF, se deu no "no afã de 
assegurar o ressarcimento em hipótese de danos materiais de difícil reparação". 
Esse, no entanto, não é o entendimento predominante da jurisprudência. 
 
Fim da personalidade: 
Assim como ocorre com as pessoas naturais, a extinção da pessoa jurídica determina o 
fim de sua personalidade jurídica. Deve ser lembrado que a extinção nunca é instantânea, 
pois, seja qual for a hipótese, deverá ser feita sua liquidação, com a realização do ativo 
(créditos) e o pagamento do passivo (débitos). Encerrada a liquidação, poderá ser requerido 
o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. 
 
Como hipóteses de extinção, podemos citar o decurso do prazo de sua duração; a sua 
dissolução; a deliberação dos sócios; a falta de pluralidade dos sócios; uma determinação 
legal; um ato governamental; a dissolução judicial; a morte de sócio etc. 
 
Representação da pessoa jurídica: 
A pessoa jurídica é representada pelos administradores, na forma e limites do ato 
constitutivo (art. 47, CC). A administração coletiva importa em decisão tomada por maioria 
de votos (art. 48, CC). Nos casos em que a administração da pessoa jurídica faltar, o juiz 
nomeará administrador (art. 49, CC). 
A forma pela qual será representada a pessoa jurídica deve constar do ato constitutivo 
no momento do registro. A representação é feita pelos administradores nomeados, nos 
limites dos poderes conferidos (Código Civil, art. 47). 
Se a administração da pessoa jurídica for coletiva, as decisões serão tomadas pela 
maioria dos votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. 
Podem ser anuladas no prazo decadencial de 3 (três) anos as decisões tomadas pela maioria 
em caso de violação do estatuto ou lei, erro, dolo, simulação ou fraude. 
 
Enunciado n. 145, III Jornada de Direito Civil: O art. 47 não afasta a aplicação da 
teoria da aparência. 
 
Responsabilidade da Pessoa Jurídica 
Por serem detentoras de personalidade jurídica própria, as pessoas jurídicas de direito 
privado respondem com seu próprio patrimônio pelos danos que causarem a terceiros 
(responsabilidade extracontratual) e pelas obrigações assumidas pelos seus administradores, 
nos limites estabelecidos em seus estatutos (responsabilidade contratual). 
Os atos praticados por administradores que extrapolem os poderes definidos no 
estatuto, bem como os atos praticados por falsos administradores, em regra, não geram 
responsabilidade para as pessoas jurídicas. Excepcionalmente, a pessoa jurídica poderá ser 
chamada a responder por esses atos diante da aplicação da teoria da aparência (boa-fé 
subjetiva). 
Isso não afasta a possibilidade da Desconsideração da Personalidade da Pessoa Jurídica 
para atingir o patrimônio do sócio nos casos previstos em lei; mas isto sempre será uma 
exceção. 
 
Desconsideração da Personalidade Jurídica (art. 50, CC): Excepcionalmente, admite-se 
que seja decretada a desconsideração da personalidade jurídica para que os sócios ou 
administradores de uma pessoa jurídica sejam responsabilizados pelas obrigações desta. 
A desconsideração da personalidade jurídica pode ser definida como a simples medida 
processual em que o juiz determina a inclusão dos sócios ou administradores de uma pessoa 
jurídica no polo passivo da demanda para que respondam com seu patrimônio particular 
pelas dívidas dela. 
A desconsideração da personalidade não pode ser confundida com a 
despersonalização, pois esta importa na dissolução da pessoa jurídica ou na cassação da 
autorização para o seu funcionamento. 
Alteração recente – MP 881 (MP da Liberdade Econômica). 
 
Classificação: 
a) Quanto à estrutura interna: 
 Corporações: são pessoas jurídicas formadas pela reunião de pessoas, podendo 
assumir a forma de sociedade ou de associação. 
 Fundações: são pessoas jurídicas formadas pela coletividade de bens. 
 
b) Quanto à Função (art. 40 a 44) 
 Direito Público: reguladas por normas de direito público e estudadas pelo Direito 
Administrativo 
Externo: art. 42 ex. OTI, FMC, ONU... 
Interno: art. 41. União, Estados, DF, Territórios Federais, Municípios. 
 
 Direito Privado (art. 44, CC). Rol exemplificativo. 
 
 
Sociedades: 
São pessoas jurídicas de direito privado formadas pela união de pessoas, que se 
organizam para desenvolver uma atividade econômica com intuito lucrativo. 
As sociedades simples são aquelas sem fins comerciais que visam ao lucro mediante 
prestação de serviços relativos a determinada profissão ou serviços técnicos. 
As sociedades empresárias são aquelas com fins comerciais. Visam ao lucro mediante o 
exercício de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou 
serviços. 
 
EIRELI 
Suas regras estão estabelecidas no art. 980-A. A empresa individual de 
responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do 
capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior 
salário mínimo vigente no País. 
 
Associações (art. 53) 
As associações são pessoas jurídicas de direito privado formadas pela união de pessoas 
que se organizam para desenvolver uma atividade lícita que não seja econômica, isto é, que 
não tenha intuito lucrativo. 
Atividade educacional, pia (isto é, filantrópica), religiosa, esportiva, científica, literária, 
recreativa, política etc. (exemplos: sindicatos, grêmios estudantis, escolas de samba, clubes 
esportivos). 
Para a sua constituição não depende de prévia autorização do Poder Executivo por ser 
um direito fundamental da pessoa humana (princípio da liberdade de associação – 
Constituição Federal, art. 5º, XVII). 
A análise da estrutura interna de uma associação revela a existência de três órgãos em 
sua composição: a assembleia geral, os órgãos deliberativos e os associados. 
Associados: (art. 55, CC). Art. 53, parágrafo único, CC. Princípio da Liberdade de

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